Criaçao de Galinhas em Pequena Escala
Criaçao de Galinhas em Pequena Escala
Criaçao de Galinhas em Pequena Escala
Criação de galinhas
em pequena escala
N. van Eekeren
A. Maas
H.W. Saatkamp
M. Verschuur
Esta publicação foi patrocinada por: WPSA
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida qual-
quer que seja a forma, impressa, fotográfica ou em microfilme, ou por quaisquer outros
meios, sem autorização prévia e escrita do editor.
Esta edição foi revista por Ineke Puls, Gert Wouter Bouwman e Gert
de Lange do PTC+, sob a orientação de Farzin Wafadar Aqhdam. A
Agromisa agradece gentilmente a sua contribuição e comentários crí-
ticos. Também agradecemos o apoio financeiro proporcionado pelo
WPSA que possibilitou a publicação deste Agrodok em várias línguas.
Jeroen Boland
Agromisa
Prefácio 3
Índice
1 Introdução 6
2 Raças de galinhas 8
2.1 Raças comerciais e híbridas 9
2.2 Raças locais 10
2.3 Escolha da raça 11
3 Habitação 13
3.1 Galinhas em liberdade 14
3.2 Habitação em pequena escala 18
3.3 Algumas opções de habitação 20
4 Equipamento do galinheiro 25
4.1 Comedouros 25
4.2 Bebedouros 28
4.3 Poleiros 29
4.4 Ninhos de postura 30
4.5 Iluminação 34
5 Nutrição 36
5.1 Água 37
5.2 Necessidades energéticas 38
5.3 Necessidades em proteínas 39
5.4 Necessidades em vitaminas 40
5.5 Necessidades em minerais 41
5.6 Outros ingredientes na dieta das galinhas 42
6 Métodos de alimentação 43
6.1 Alimentação em distintos sistemas de habitação 43
6.2 Ingestão de alimentos 45
6.3 Restrição da ingestão de energia 48
6.4 Composição das rações 49
11 Administração do aviário 76
11.1 Dados importantes 76
11.2 Preço de custo 78
Leitura recomendada 96
Internet 97
Endereços úteis 98
Índice 5
1 Introdução
A criação de galinhas nos sistemas de produção extensivos e semi-
intensivos de aves de capoeira representa mais de 75% de toda a cria-
ção de aves de capoeira no Sul. A nível mundial estas aves são criadas
por pequenos produtores familiares nas áreas rurais, fornecendo segu-
rança alimentar e rendimentos familiares e desempenhando um papel
importante em eventos socioculturais. As galinhas são uma importante
espécie da exploração agrícola em muitas áreas de quase todos os paí-
ses no mundo.
Introdução 7
2 Raças de galinhas
Existem mundialmente mais de 300 raças de espécies de galinhas do-
mésticas (Gallus domesticus). Podem distinguir-se três categorias
principais de raças de galinhas: raças puras para fins comerciais, raças
híbridas que resultam de cruzamentos e raças locais ou nacionais.
Raças de galinhas 9
Estas são criadas tanto para produção de carne como dos ovos, poden-
do, portanto, ser categorizadas como raças de objectivo duplo. As ra-
ças de objectivo duplo mais pesadas são muito apropriadas para uma
criação de galinhas de pequena escala nas regiões tropicais. Normal-
mente são mais robustas do que as raças claras.
Estas aves mais pesadas têm mais músculo. Crescem mais depressa e
podem atingir um elevado peso de abate. Para tal é necessário ração
de alta qualidade e pode ser difícil manter um bom aprovisionamento
de rações de alta qualidade. É por isso que a criação de galinhas para o
consumo de carne requer um trabalho especializado.
Raças de galinhas 11
O preço determinará a escolha. As raças híbridas modernas são mais
caras e exigem cuidados especiais, rações de elevada qualidade e bem
balanceadas para que produzam bem e eficientemente. As raças locais
são mais baratas e estão melhor adaptadas às condições locais. Caso
sejam bem cuidadas a sua produção é razoável. Porém se quiser criar
galinhas a uma escala maior e decidir comprar rações balanceadas é
melhor escolher raças híbridas, mais caras. A avicultura em maior es-
cala é cara porque obriga à compra de raças híbridas e de rações equi-
libradas.
Habitação 13
mas semi-intensivos de criação de aves domésticas, adaptados à escala
adequada.
Habitação 15
Em áreas em que cães ou predadores constituem um problema, acon-
selha-se construir este abrigo acima do nível do chão (por exemplo, a
uma altura de 1,20 m). Em volta das estacas de suporte (pernas) po-
dem colocar-se golas de metal para manter afastados os ratos e outros
animais de pequeno porte (figura 7 e figura 10). Este dispositivo deve
ajustar-se perfeitamente em torno das estacas de suporte, de modo a
impedir que mesmos os ratinhos mais pequenos subam entre esta
“gola” e a estaca.
Habitação 17
Inconvenientes do sistema de criação em liberdade
? As galinhas soltas são difíceis de controlar.
? As galinhas e especialmente os pintos, constituem presas fáceis para
os predadores.
? Quando procuram comida, as galinhas também comem os grãos
semeados.
? Pode-se perder uma grande quantidade de ovos se as poedeiras não
estiverem habituadas aos ninhos de postura.
? As taxas de mortalidade normalmente são altas.
Habitação 19
Se o galinheiro se destina a abrigar um grande número de galinhas é
necessário prever um espaço separado de trabalho, em frente do gali-
nheiro. Aí se pode armazenar as rações e guardar, temporariamente, os
ovos. Para prevenir que os ovos se estraguem, não devem ser guarda-
dos durante mais de uma semana. O melhor é guardar os ovos num
lugar fresco a uma temperatura de cerca de 20°C. Este armazém deve
ter um número mínimo de janelas e será arejado apenas à noite quando
a temperatura for mais fresca.
Habitação 21
Vantagens de um espaço livre limitado
? As galinhas podem mover-se ao ar livre.
? Há mais controlo do que quando as galinhas são criadas em liberda-
de total.
? Existe uma melhor protecção contra os predadores que sem a exis-
tência de uma vedação.
? O risco de infecção é menor que quando estão em galinheiros fe-
chados.
? A densidade da população de galinhas pode ser um pouco mais ele-
vada do que num galinheiro fechado.
Para se manter a cama seca, utilize material que absorve humidade nas
suas partículas. O melhor é usar aparas de madeira (serradura) e se
não as poder obter, palha cortada, folhas secas e outros materiais orgâ-
nicos também são adequados. Evite entornar água no piso. É melhor
colocar os bebedouros numa pequena plataforma cobertos com ripas
de madeira ou com rede de capoeira. A cama deve ser virada regular-
mente e substituída uma vez por semana. A ventilação do galinheiro é
muito importante.
Habitação 23
Vantagens dos galinheiros com chão de rede ou de ripas:
? As galinhas têm menos contacto com os seus excrementos, o que
diminui a possibilidade de infecções parasitárias.
? A densidade da população da habitação (aves por metro quadrado)
pode ser aumentada.
? As despesas com as camas são menores.
4.1 Comedouros
Quando se criam galinhas em liberdade/à solta, em teoria não é neces-
sário dispor de comedouros, visto que as aves encontram elas próprias
a sua comida. Contudo, poderá ser útil dar alimentação suplementar
em comedouros, de forma a aumentar a produção, principalmente em
períodos em que é escassa a comida que as aves podem encontrar. A
existência de comedouros é essencial para todos os outros sistemas de
criação de galinhas.
Equipamento do galinheiro 25
Há algumas considerações importantes sobre os comedouros:
Categoria da galinha
Tipo do comedouro ou
Frango de carne Frangas poedeiras Poedeiras adultas
do prato
- comedouro rectangular 5 cm 9 cm 12 cm
- comedouro circular 2 cm 4 cm 5 cm
Equipamento do galinheiro 27
4.2 Bebedouros
Nas regiões tropicais é muito importante
dar bastante água fria, limpa e fresca às
galinhas. Para tal, pode-se proceder de
várias maneiras. Se as galinhas forem
em pequeno número pode-se utilizar um
método simples e barato: basta inverter
uma garrafa (figura 16). A garrafa pode-
rá fixar-se a uma parede ou numa tábua
por meio de uma tira de couro ou de
metal.
Uma outra possibilidade é comprar-se
tigelas simples de metal ou de plástico.
A vantagem dum bebedouro com um
reservatório é que a água está disponível
Figura 16: Garrafa com
durante um período de tempo mais lon-
água, invertida num reci-
go e há menos probabilidades de ficar
piente aberto
suja.
Categoria da galinha
4.3 Poleiros
Equipamento do galinheiro 29
rado regularmente, de preferência uma vez por semana. Este estrado é
colocado normalmente a cerca de 75 a 80 cm do chão, e os poleiros a
uma altura de 1 metro acima do chão. Para impedir que as galinhas
entrem em contacto com os seus excrementos, feche o espaço que se
encontra em frente, entre o estrado e o poleiro.
Equipamento do galinheiro 31
Figura 21: Ninhos individuais de postura, agrupados
Equipamento do galinheiro 33
Na figura 23 mostra-se um ninho com piso inclinado para fazer desli-
zar os ovos para fora (roll-away). Trata-se de um método muito con-
veniente para recolher rapidamente os ovos. No entanto não constitui
um ninho apropriado para um sistema semi-intensivo de criação de
galinhas visto que não é conveniente para as galinhas aí ficarem du-
rante a noite.
4.5 Iluminação
Existem duas maneiras de tentar aumentar a produção das galinhas
utilizando iluminação artificial.
? Iluminando o galinheiro durante as horas mais frescas antes do nas-
cer e depois do pôr do sol. As galinhas comerão mais.
? Prolongando a duração do dia, utilizando iluminação artificial. As
galinhas poedeiras são estimuladas a pôr mais ovos.
Equipamento do galinheiro 35
5 Nutrição
Este capítulo descreve as necessidades nutricionais, os métodos de
alimentação e a composição da alimentação/rações. A água também é
tratada como um nutriente visto que é necessária à vida. No quadro 4 e
na figura 24 são apresentadas as necessidades nutricionais das gali-
nhas.
5.1 Água
O corpo de uma ave é constituído por 70% de água e os ovos são
compostos aproximadamente de 65% de água. Os galináceos devem
ter um abastecimento constante de água fresca e limpa, de modo a que
os nutrientes possam ser absorvidos e os materiais tóxicos eliminados
do corpo. Tal é especialmente importante no caso dos pintainhos. Uma
falta de água reduzirá a ingestão/consumo alimentar, provocando um
grave retardamento do crescimento e comprometendo a produção de
ovos. Tal se aplica principalmente aos climas quentes em que a sua
privação pode conduzir rapidamente à morte.
Nutrição 37
5.2 Necessidades energéticas
O consumo ou ingestão de energia é as calorias que são ingeridas pela
galinha com a sua comida. Ver figura 25. A quantidade de energia con-
tida nos alimentos é normalmente expressa em unidades de energia
metabolizável (ME) por unidade de peso. A energia metabolizável re-
fere-se à energia dos alimentos que se encontra disponível na ave vi-
sando a manutenção das funções vitais e a produção de carne e de
ovos. Encontra-se expressa em calorias por gramas (cal/g) ou quiloca-
lorias por kg (kcal/kg). 1 kcal equivale a 4,2 kJ. As necessidades de
energia das galinhas pode ser expressa em termos de energia metabo-
lizável por dia (kcal/d).
Nutrição 39
Quadro 5: Classificação dos aminoácidos
Cálcio e fósforo
A função tanto do cálcio como do fósforo é melhorar a estrutura e ma-
nutenção dos ossos das galinhas. O esqueleto conta com cerca de 99%
de cálcio e 80% de fósforo no corpo. Estes dois minerais interagem
um sobre o outro, tanto antes como depois da sua absorção pelo tracto
digestivo. Um fornecimento em excesso dum destes minerais pode
interferir com a utilização do outro.
Nutrição 41
As necessidades em minerais das galinhas são definidas em termos
dos elementos minerais separados, embora os minerais sejam adicio-
nados às dietas alimentares sempre na forma de compostos. É útil co-
nhecer a proporção de cada elemento nestes compostos, para que se
possa acrescentar a quantidade correcta deste elemento à dieta. Ver
quadro 6.
Galinhas em galinheiros
Os criadores que criam galinhas em galinheiros têm que lhes fornecer
toda a alimentação que elas necessitam. No caso das galinhas dispo-
rem de um espaço livre pequeno, podem encontrar, por elas próprias,
Métodos de alimentação 43
uma parte dos minerais e das vitaminas de que necessitam, no caso da
vegetação existente nesses espaços ser suficiente. Também têm que
mudar de espaço regularmente, por exemplo cada duas semanas, de
forma a se reduzir o risco de infecções parasitárias.
Métodos de alimentação 45
Peso do corpo
As aves pesadas consomem mais alimentos que as aves leves. Para
manter o corpo e todas as suas funções básicas, as necessidades bási-
cas de alimento são de 70 gramas por dia para um peso de 2 kg. Para
cada 50 gramas acima dos 2 kg, é necessária uma grama extra, e para
cada 50 gramas abaixo dos 2 kg, é necessária uma gramas a menos.
Taxa de crescimento
As aves que estão a crescer necessitam de mais comida. Para cada
grama de peso ganha, necessitam, aproximadamente, de 1,5 gramas de
alimentação, além do que necessitam para a sua manutenção. Um cre-
scimento mais rápido significa uma melhor conversão alimentar, espe-
cialmente no caso dos frangos de carne visto que faz que uma maior
parte da ração esteja disponível para a produção. Com um determina-
do peso, as aves não adultas das variedades de frangos para carne pos-
suem uma capacidade de ingestão alimentar muito mais elevada que
as aves de variedades de galinhas poedeiras.
Produção de ovos
A ingestão/consumo da energia dietética das galinhas poedeiras está
relacionada com a taxa da sua produção de ovos. Se a produção de
ovos aumenta é necessário mais alimentação. De uma maneira geral
para cada grama de produção de ovos é necessária uma grama adicio-
nal de ração/alimentação, acima do nível de manutenção da ingestão.
Para se efectuar este cálculo, multiplica-se a percentagem de postura
pelo peso médio do ovo.
Situação ambiental
A questão principal é de como as aves são mantidas. Numa gaiola, as
aves movimentam-se menos e, por isso, necessitam de menos energia
e isso poupa umas 5 gramas de ração diária, por ave.
Métodos de alimentação 47
6.3 Restrição da ingestão de energia
A restrição da ingestão de alimentos tem um efeito distinto consoante
se trate de variedades de galinhas poedeiras ou de frangos de carne.
Quadrado de Pearson
As dietas das galinhas podem ser calculadas através do chamado qua-
drado de Pearson (figura 26). O quadro 7 mostra o cálculo da dieta
para uma galinha poedeira, utilizando 4 alimentos diferentes para criar
uma mistura contendo 16,5% de proteína.
Métodos de alimentação 49
Os vários alimentos são classificados em dois grupos: ricos em proteí-
na e pobres em proteína. Dentro de cada grupo eles podem substituir-
se um ao outro de modo que o preço decidirá qual o que será mais uti-
lizado. Desta maneira poderá calcular-se as médias para cada grupo de
acordo com as quantidades de cada ingrediente usado.
Métodos de alimentação 51
A ração de cereais é composta por milho e mapira (sorgo) na propor-
ção de 1 : 2
81%
= 27% de mapira (sorgo) (1/3), e 54% de milho (2/3).
3
Para a mistura de proteína, usa-se a mesma fórmula para dividir a per-
centagem de 19 % na razão de 1: 3
19%
= 5% de farinha de peixe (1/4), e 14% de farinha de soja (3/4).
4
Parte desta
Energia Proteína Fibra bruta Cálcio
Alimentos mistura ali-
(kcal/kg) (%) (%) (%)
mentar (%)
Milho 54 1.804 4,8 1,1 0,02
Mapira (sorgo) 27 886 2,7 0,5 0,01
Farinha de soja 14 350 6,2 0,9 0,04
Farinha de
5 165 3,2 0,0 0,25
peixe
Total 100 3.205 16,9 2,5 0,32
Cuidados sanitários 53
mida. As aves que estão doen-
tes são menos activas, têm
olhos baços e penas enriçadas.
Por vezes é possível notar difi-
culdades respiratórias (tosse,
olhos inchados), uma digestão
anormal (diarreia aquosa ou
sanguinolenta, penas sujas) ou
anomalias de locomoção (para-
lisia/coxeamento).
Causas
As infecções são causadas por
germes. Estes micróbios actu- Figura 28: Algumas doenças re-
am como agentes patogénicos, sultam em altas taxas de mortali-
quer dizer que causam doen- dade
ças:
? vírus, que causam, p.ex. a doença de Newcastle, a gripe das gali-
nhas ou gripe aviária, a varíola avária e a doença de Gumboro.
? bactérias, que causam, p. ex., a cólera aviária, o tifo aviário e o tifo
aviário e a pulorose (Salmonella pullorum)
? fungos, que causam, p.ex. a Aspergilose ou pneumonia.
Os parasitas também causam doenças ou atraso do crescimento: inter-
namente (ascarídeos, ténias e coccidiose) ou externamente (pulgas,
carraças, piolhos).
Diagnose
O objectivo deste capítulo não é descrever as doenças. Na realidade
cabe ao veterinário estabelecer a diagnose correcta. Portanto mantenha
sempre contacto com um veterinário, se possível por intermédio de
um assistente do veterinário ou um trabalhador do sector da saúde
animal na sua aldeia ou na comunidade.
Cuidados sanitários 55
fatais para o seu bando de aves. Por esta razão, mantenha os animais
recém comprados num local separado, em quarentena (ver figura 30)
durante vários dias e observe o seu comportamento e possíveis sinais
de doença.
Cuidados sanitários 57
caso das galinhas serem tratadas com medicamentos, pode ser que,
durante algum tempo, possam ser encontrados resíduos destes medi-
camentos na carne e/ou nos ovos. Não consuma estes produtos.
Quantas mais aves possuir, tanto mais atenção deverá prestar à higiene
e biosegurança, visto que as perdas por doenças infecciosas podem ser
muito elevadas. De notar que, embora a maioria dos micróbios possa
ser morta/eliminada com desinfectantes, como sejam pintura de cal ou
virkon, estas substâncias não se destinam a ser utilizadas em animais,
quer externa, quer internamente.
Ver figura 31: higiene, observação dos animais, informação sobre as
doenças e manter-se em contacto com o veterinário são os elementos
principais de uma biosegurança prudente na sua exploração avícola!
Tenha cuidado com os cartões velhos de ovos. Por vezes não se sabe
de onde vêm. Venda as galinhas, ovos ou as camas velhas fora da sua
exploração agrícola ou à entrada da mesma.
Cuidados sanitários 59
Medidas de higiene nos galinheiros
Mantenhas os galinheiros ou alpendres/galpões das galinhas secos e
limpos; também mantenha limpa a área em redor dos galinheiros, pois
a sujidade atrai os ratos/ratazanas, pássaros selvagens e os germes que
eles são portadores. Limpe regularmente os bebedouros e comedouros
e controle-os para que não transbordem. Bebedouros com água a mais
devem ser colocados em cima de ripas ou de tijolos. Forneça água po-
tável que não provenha dum lago/lagoa, para prevenir erupções de
doenças com sua origem na água, como seja a cólera aviária.
Cuidados sanitários 61
Figura 34: Várias maneiras de se administrar medicamentos numa
galinha
Parasitas externos
Os parasitas externos como as Figura 35: Pulgas, piolhos, carra-
pulgas, os piolhos, as carraças ças e ácaros e sintomas típicos
e os ácaros (figura 35) podem (fonte: Poultry Network)
causar muito desconforto às
galinhas pois estes parasitas
sugam-lhes o sangue e provocam danos na sua pele e nas penas. Pode-
se tratar as galinhas com pesticidas e pode-se juntar cinza ou enxofre
ao banho de areia. Folhas de tabaco colocadas nos ninhos também ac-
tuam como repelente de insectos. As pernas escamosas (crostas nas
pernas causadas pelos ácaros) podem ser tratadas mergulhando-as em
querosene ou esfregando-as com gordura, óleo ou manteiga de karité.
Cuidados sanitários 63
aprendem das suas mães
que têm que esgaravatar o
solo à procura de comida e
não picar-se umas às outras.
Contudo, as aves que são
criadas em confinamento
podem começar a dar bica-
das umas nas outras devido
a aborrecimento e frustação, Figura 36: Bicada de penas (fonte:
devido a: Poultry Network)
? elevada densidade do
bando
? espaço para comer e beber demasiado pequeno
? insuficiência de ninhos de postura
? falta de camas ou de grãos espalhado no solo
? falta de poleiros onde descansar
? falta de areia para tomar um banho.
Cuidados sanitários 65
8 Incubação e criação dos pintos
Quando se criam galinhas principalmente para auto-consumo, a incu-
bação dos ovos far-se-á quase sempre utilizando galinhas chocas. Nas
explorações com objectivos mais comerciais faz-se a incubação artifi-
cial, fazendo-se uso, o mais possível, de incubadoras. Tal dependerá,
principalmente, de quantos ovos se pretende chocar ao mesmo tempo,
pois para se estar seguro que um empreendimento com muitos galiná-
ceos será bem sucedido é importante que todos os pintainhos tenham a
mesma idade. Tal é muito difícil com a incubação natural pois não é
possível ter um grande número de galinhas chocas, simultaneamente.
Será uma boa ideia comprar uma pequena incubadora. Talvez seja
possível comprá-la juntamente com outros criadores de galinhas.
9.2 Selecção
A selecção é usada para eliminar de imediato as galinhas improdutivas
e doentes da população de galináceos durante o período de produção.
Desta maneira aumenta-se a eficiência da produção porque não se
desperdiça alimentação em galinhas não saudáveis ou improdutivas. A
selecção poderá ser realizada logo durante o período de crescimento.
Várias semanas antes das galinhas começarem a pôr, poderá fazer-se
uma primeira selecção, removendo as galinhas que são muito leves, de
crista pálida ou raquíticas. Pode desfazer-se, de imediato, destas aves,
mas muitas das vezes é melhor separar estas aves que não crescem
muito rápido e pô-las num lugar separado, dando-lhes a oportunidade
de recuperarem o seu crescimento. Então poderá continuar com o pro-
cesso de selecção durante o período de produção. A diferença entre
boas poedeiras e más poedeiras pode ser estabelecida à luz das carac-
terísticas que a seguir mencionamos (quadro 10).
Caso a venda dos ovos seja um dos fins da sua criação de galinhas,
conserve-os num lugar apropriado. Guarde apenas os ovos frescos,
limpos e com cascas inteiras. O lugar de armazenagem dos ovos deve
ser limpo e o mais fresco possível, especialmente se os ovos se devem
guardar durante mais de uma semana. Por isso, um lugar escuro é o
mais apropriado. Caso os ovos tenham sido fecundados, ainda é mais
importante que o lugar de armazenagem seja fresco. A temperaturas
elevadas (p. ex. acima de 25°C), inicia-se o desenvolvimento do em-
brião.
Carne
De um modo geral as galinhas que pararam de pôr ovos servem para
alimento da família. No caso de querer vender a carne, geralmente é
melhor vender as galinhas vivas. Existe um bom mercado para a carne
das galinhas de raças locais. A carne da galinha é um alimento de alta
qualidade e saudável com um teor proteico médio de cerca de 20% e
relativamente pouca gordura (cerca de 7%), especialmente por debai-
xo da pele.
Excrementos
Os excrementos/estrume das galinhas é muito rico em azoto (nitrogé-
nio) e outros minerais, em especial fósforo, cálcio e potássio (ver a
quadro 11). Por isso é um muito bom fertilizante. O estrume armaze-
nado durante muito tempo perde parte do seu valor como fertilizante.
Mantenha o estrume o mais seco possível. Tal minimiza a perda de
Existem muitos outros usos para o estrume de galinha. Pode ser apli-
cado em tanques de piscicultura, servindo, em parte, de alimento para
os peixes, embora na sua maior parte seja utilizado pelas plantas, que
depois são comidas pelos peixes. Em muitos países, os excrementos
secos das galinhas são misturados com cereais e melaço e são dados
como alimentos ao gado bovino e caprino. Para este fim, o estrume
não deve ser muito velho e deve ser seco rapidamente para que pre-
serve a maior parte dos seus nutrientes. Também se pode fazer gás a
partir do estrume, utilizando uma instalação (digestor) de biogás. A
lama que fica como resíduo também é um fertilizante muito bom para
ser utilizado na agricultura e nos tanques de piscicultura.
Administração do aviário 77
até ao final do período de postura. O peso dos ovos depende, parcial-
mente, da raça da ave. Também pode ser influenciado pela alimenta-
ção e pelo ambiente, em especial a temperatura. Os ovos devem ser
pesados de tempos a tempos, para controlo.
Consumo de rações
O custo das rações constitui, de um modo geral, a despesa mais eleva-
da de uma exploração avícola. Deste modo, é importante ter uma ideia
sobre a quantidade de comida que é consumida, especialmente a quan-
tidade necessária por ovo ou por kg de ovos ou de carne. Este cálculo
é chamado “conversão alimentar”.
Mortalidade
Durante o período de postura há sempre alguns animais que morrem.
Uma exploração avícola próspera tem perdas de cerca de 6-8% ao ano,
o que corresponde a uma perda mensal da ordem dos 0,5%. Se a per-
centagem for mais elevada, é importante investigar rapidamente a pos-
sível causa dessa situação.
A. Custos directos
- Frangos ----
- Rações ----
- Iluminação (candeeiros a óleo/petróleo ou electricidade) ----
- Água ----
- Cuidados sanitários (medicamentos, desinfectantes, vacinas) ----
- Camas ----
- Juros sobre as aves [ juro % * ½ (frango+custo da ração) ] ----
- Diversos ---- +
Subtotal -----
C. Produtos secundários
- Vendas de estrume ----
- Venda de galinhas ---- _
Total dos custos líquidos -----
Cálculo do preço dos custos:
total dos custos líquidos = ( A + B ) – C
Administração do aviário 79
Também é possível fazer os cálculos sem incluir os custos de mão-de-
obra. Nesse caso se subtrair o total dos custos líquidos (à excepção
dos custos de mão de obra) das receitas proporcionadas pelos ovos,
terá que calcular a quantia que ganhou com o seu trabalho (receita
proveniente do trabalho).
Importante: as galinhas infectadas com estes vírus não podem ser cu-
radas! Não existe nenhum medicamento para o efeito, daí que a pre-
vençâo e a biosegurança sejam essenciais.
**) Doença de Marek: vírus nas aves comerciais; infecção nos primeiros dias de vida
Mandioca
Não se recomenda usar mandioca fresca para alimentar as aves de ca-
poeira devido ao seu baixo teor de material seco e à presença de glico-
sídeos cianogenéticos. Os tubérculos intactos de mandioca contém
pouco cianido livre mas qualquer corte ou pisadura desprende cianido
livre. Caso se corte os tubérculos em fatias finas e se as puser ao sol
para secar até que o seu teor de humidade seja inferior a 14%, o teor
de cianido reduz-se (de 65%) para um nível aceitável. A mandioca
seca pode ser moída e dada como alimento às galinhas.
Melaços finais
São o resíduo que fica quando o açúcar em bruto foi extraído do sumo
clarificado da cana de açúcar. Contém açúcares e 10-12% de matéria
mineral solúvel. Não se apropria muito para alimentar as aves de ca-
poeira pois pode provocar diarreia e excrementos molhados e também
se pega às penas das galinhas. Contudo, se se juntar uma pequena por-
ção na ração (2-5%) faz com que esta tenha melhor sabor e reduz a
poeira.
Semente de girassol
A semente de girassol contém cerca de 25 % de óleo, de maneira que
o seu uso como alimentação para aves de capoeira é limitado. O teor
de óleo é responsável pelo seu valor de energia metabolizável ser ex-
cepcionalmente elevado.
www.fao.org/ag/againfo/subjects/en/infpd/home.html
Rede de trabalho internacional para o Desenvolvimento da Avicultura
Familiar: manuais e boletins informativos. Anglófono, francófono e
hispanófono.
www.aciar.gov.au.
Nesta website (australian; anglophone) podem baixar-se manuais de
instruções sobre doenças das galinhas. Também se podem obter vaci-
nas contra a doença de Newcastle. Seguir os links: > our publications
> ACIAR books online > animal health.
www.avespt.com
É um site particular sem fins lucrativos, criado em 2001. Tem como
objectivo divulgar e contribuir para o desenvolvimento da Ornitologia
em Portugal. Pretende dar a conhecer os diversos assuntos relaciona-
dos com aves e mostrar os variados aspectos da criação e reprodução
do reino animal da CLASSE AVES, abrangendo todas as ordens, su-
bordens, famílias, géneros, espécies, subespécies e grupos.
AVESPT.COM
Apartado 2138
4700 Braga – PORTUGAL
Fax: (+351) 253 251 167
Internet 97
Endereços úteis
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