Apostila Nutrição Nos Ciclos de Vida - Adolescente, Adulto e Geriatria Completa
Apostila Nutrição Nos Ciclos de Vida - Adolescente, Adulto e Geriatria Completa
Apostila Nutrição Nos Ciclos de Vida - Adolescente, Adulto e Geriatria Completa
A adolescência é marcada por intensas modificações físicas, Entre as alterações biológicas, destaca-se o estirão de
psíquicas, comportamentais e sociais. crescimento, maturação sexual e modificações na
composição corporal.
Após o nascimento, é o único momento em que o ser
humano apresenta aceleração na velocidade de crescimento Os adolescentes ganham cerca de 20% da altura e 50%
estatural e no ganho de peso, nos demais casos, mesmo do peso corpóreo e massa óssea de um indivíduo, no
com crescimento intenso, há desaceleração dessa início de sua vida adulta.
velocidade.
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E MATURAÇÃO
OMS adolescência – intervalo entre os 10 aos 19 anos. SEXUAL
Durante a puberdade, o crescimento estatural médio anual MEDIDA DO ESTATURA ESTIMADA (cm) DP (cm)
dos meninos é de 9 a 10 cm e o ganho ponderal é de 8kg. SEGMENTO
CSB E = (4,35 X CSB) + 21,8 +1,7
O crescimento estatural médio anual das meninas é de CT E = (3,26 X CT) + 30,8 +1,4
8cm/ano e o ganho ponderal é de 6 a 8kg. CJ E = (2,69 X CJ) + 24,2 +1,1
Tabela 2: Estimativa de altura em crianças e
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO adolescentes com limitações físicas
No caso de adolescentes, a justificativa para preconização Para estimativa das necessidades de energia (EER ou VCT)
do IMC/I baseia-se em: deve-se levar em consideração o gasto energético total e a
- inadequação do uso do P/I, isolado na avaliação de energia de deposição.
adolescentes (a fase de intenso crescimento necessita de
avaliação de altura); Estima-se que 9% da ingestão calórica total em
- possibilidade do ajuste do IMC pela idade (levando em adolescentes do sexo masculino e 8% do consumo de
consideração as modificações ao longo do tempo); adolescentes do sexo feminino, sejam atribuídos ao
- utilização do mesmo critério de avaliação desde os dois consumo de refrigerantes.
anos de idade até a fase adulta/idosa;
- estudos mostram que crianças e adolescentes com alto O cálculo energético pode ser realizado das seguintes
IMC/I tendem a manter essa condição na vida adulta. formas:
Desvantagem: não diferencia os componentes do peso Tabela 3: Cálculo da estimativa das necessidades de
corporal. energia para adolescentes (CHEMIN & MURA 2011).
14 – 18
Meninos 1,6 16
Meninas 1,1 11
Minerais e vitaminas
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
A OMS recomendou o uso do ponto médio entre o último
A primeira etapa do atendimento nutricional de um adulto rebordo costal e a crista ilíaca.
consiste na avaliação do estado nutricional.
A RCQ está mais relacionada à resistência à insulina.
A prescrição da dieta deve atender ao objetivo dietoterápico,
caso exista alguma enfermidade associada, considerando Tabela 1: Pontos de corte de RCQ segundo sexo.
ainda o uso de medicamentos e suplementos.
Sexo RCQ
Para avaliação nutricional de adultos, são utilizados como Risco Aumentado de DCV
parâmetros essenciais o peso e a altura, os perímetros da >1,00
cintura e do quadril e as dobras cutâneas do tríceps, ♂
>0,85
bicipital, subescapular e supra-ilíaca. ♀
PESO Tabela 2: Pontos de corte de perímetro de cintura
segundo sexo.
O peso corporal é constituído por massa óssea, tecido
adiposo, tecido muscular e água. Variações no curto espaço Sexo Perímetro de cintura (cm)
de tempo estão mais relacionadas a perda ou retenção Risco Aumentado de Risco Muito
hídrica do que modificações no tecido adiposo ou muscular. DCV aumentado de DCV
≥94 ≥102
O peso sofre variação normal de 1,0 a 1,5kg entre o período ♂
da manhã e o período da noite, sem significar que é ≥80 ≥88
aumento de gordura.
♀
IMC DIÂMETRO ABDOMINAL SAGITAL
Por recomendação da OMS tem-se utilizado para avaliação Tem se mostrado bom indicador do risco cardiovascular,
do peso corporal de adultos o IMC. especialmente porque prediz risco de resistência insulínica,
aumento de ApoB, hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia e
Desnutrição Grave = IMC< 16; elevação de proteína C reativa.
Desnutrição Moderada = IMC entre 16|– 16,99; Limitação de uso: ausência de pontos de corte para risco,
Desnutrição Leve = IMC entre 17|– 18,49. internacionalmente recomendados.
Adequado (Eutrofia) = IMC entre 18,5 |– 24,99;
Sobrepeso (Pré-obesidade) = IMC entre 25,0 |– 29,99; COMPOSIÇÃO CORPORAL
Obesidade leve = IMC entre 30,0 |– 34,99;
Obesidade moderada = IMC entre 35,0 |– 39,99; A avaliação da composição corporal pode ser definida como
Obesidade grave = IMC ≥40,0. a mensuração e a interpretação dos valores obtidos acerca
dos compartimentos corporais, sendo os mais avaliados:
As principais limitações do IMC apontadas por alguns gordura corporal, massa livre de gordura, água corporal e
autores referem-se ao fato do IMC estabelecer correlação, conteúdo mineral ósseo total.
com a altura, embora baixa, com a massa magra,
principalmente nos homens, e com proporcionalidade Obesidade excesso de gordura corporal total e não de
corporal (relação do tamanho das pernas / tronco), o que peso corporal.
compromete sua utilização como indicador de gordura
corporal. As medidas de dobras cutâneas predizem a quantidade de
gordura corporal localizada ou total, por meio da avaliação
Para auxiliar na avaliação dos componentes do IMC, subcutânea.
Vanitallie et al. propuseram a separação do IMC com base
no peso de gordura corporal e de massa livre de gordura, Seu emprego na avaliação da gordura total se deve ao fato
onde: de apresentar boa correlação (r) com métodos mais precisos
de avaliação de composição corporal (r entre 0,6 a 0,9,
estando em alguns estudos em torno de 0,85).
IMCG (índice de massa corporal de gordura) = peso
de gordura (kg) / altura em m2 Em relação à composição corporal, avaliam-se os
compartimentos corporais e, em especial, sua associação
IMCLG (índice de massa corporal livre de gordura) = com o risco de adoecer (tanto por distúrbios associados à
peso de massa magra (kg) / altura em m2 desnutrição, quantos aqueles associados à obesidade).
Idade W3 W6
NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
19– 50
Homens 1,6 17
a) Energia (EER) considerando peso e altura de Mulheres 1,1 12
referência, a EER para indivíduos ativos de 19 anos é
calculada em 3.067kcal/dia para homens e 2.403kcal/dia ≥ 51
para mulheres. Homens 1,6 14
Mulheres 1,1 11
Tabela 4: Estimativa de necessidades de energia para
indivíduos com idade igual ou superior a 19 anos
(CHEMIN & MURA). FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO ACEITÁVEL DE
MACRONUTRIENTES
Proteínas 10 – 35%;
Carboidratos 45 – 65%.
d) Fibras
e) Lipídeos
GERIATRIA Prof. José Aroldo Filho
[email protected]
O processo de envelhecimento humano é considerado um Alterações de cavidade oral podem explicar a preferência
processo irreversível, natural, progressivo e dinâmico, alimentar por alimentos macios, de fácil mastigação e muitas
promovendo alterações morfológicas, bioquímicas, vezes pobres em nutrientes (fibras, vitaminas e minerais).
fisiológicas, comportamentais e psicossociais.
5. Alterações esofágicas
ALTERAÇÕES ORGÂNICAS, FISIOLÓGICAS E
METABÓLICAS DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO Idosos apresentam fraqueza na musculatura faríngea e
relaxamento anormal do músculo cricofaríngeo, deficiência
1. Alteração da composição corporal do relaxamento do EES e na peristalse primária,
prejudicando a deglutição.
Com o envelhecimento ocorre aumento progressivo da
massa gordurosa e diminuição da massa magra (água, A disfagia, comum em idosos, pode ser definida como
tecido ósseo e muscular). Há concentração de gordura no desordem na deglutição e/ou potencial desabilidade em
tronco, com aumento de gordura abdominal e diminuição da deglutir, com prejuízos na segurança, na eficiência e na
gordura periférica. qualidade de comer e beber. A presença de disfagia implica
em risco de aspiração. Outras afecções comuns em idosos
Fatores que podem explicar a diminuição da massa magra incluem hérnia de hiato e ulcerações de esôfago.
em idosos: diminuição da atividade física, alimentação
inadequada, diminuição da ACT e perda generalizada da 6. Alterações gástricas
massa celular.
Ocorre declínio da secreção ácida gástrica, que se relaciona
Há redução da água corporal total em cerca de 15 a 20% e com o grau de atrofia de mucosa gástrica.
redução de massa muscular em 11kg nos homens e 4kg nas
mulheres, deste modo, tais alterações influenciam no A diminuição do suco gástrico implica diretamente na
desenvolvimento de atividades físicas e na necessidade redução da secreção de fator intrínseco, responsável pela
calórica desses pacientes, que tende a diminuir. absorção da vitamina B12 pelo TGI, o que pode acarretar
em anemia megaloblástica.
2. Diminuição do Metabolismo Basal
Outro ponto é que a gastrite atrófica e acloridria são causas
Ocorre diminuição do metabolismo basal (de 10 a 20% com de anemia em idosos (diminuição da eficiência de absorção
o decorrer da idade, entre 30 e 75 anos). de ferro).
3. Diminuição da acuidade dos órgãos dos sentidos Além disso, o esvaziamento gástrico lentificado pode
prejudicar a digestão, retardar a biodisponibilidade de
A redução da sensibilidade por gostos primários (doce, algumas drogas, além de aumentar a saciedade precoce,
amargo, ácido e salgado) é considerada um dos fatores mais podendo contribuir para a anorexia do idoso.
relevantes na redução da ingestão alimentar de idosos.
7. Alterações intestinais
A perda da sensação de paladar pode estar relacionada a
redução do número de papilas gustativas, logo, o idoso Com o envelhecimento tem-se diminuição da capacidade
necessita concentrar mais sabor das preparações para absortiva de micronutrientes e há aumento da incidência de
ajustar ao paladar alterado. obstipação intestinal.
4. Alterações na cavidade oral Nos rins, pode-se ter capacidade diminuída para eliminação
de metabólitos e toxinas.
A ausência total ou parcial de dentes e/ou o uso inadequado
de próteses (parciais ou totais), a presença de cáries e 9. Alterações na atividade física
doenças periodontais ou a presença de xerostomia
acarretam prejuízos no processo de mastigação. Isso faz A prática de atividade física está diminuída (decorrente de
com que esses indivíduos reduzam a ingestão de alguns doença neurológica, alterações orgânicas ou por alterações
alimentos, como carnes, frutas, verduras e legumes crus. fisiológicas).
Tab. 2: Fórmula para estimar a altura a partir da altura do No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
joelho pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado.
Homem Mulher Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral.
64,19 - (0,04 x idade) + 84,88 - (0,24 x idade) +
(2,02 x altura do joelho) (1,83 x altura do joelho) PERÍMETRO DA CINTURA
O valor estimado da altura pode ser usado para cálculo do No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
IMC e das necessidades energéticas. pé, esta medida não se aplica. Os valores descritos em
literatura para classificar os indivíduos com ou sem risco
PESO, que pode ser estimado segundo a fórmula de cardiovascular foram validados para adultos (20 – 59 anos) e
Chumlea, com a combinação das medidas de panturrilha, não para idosos!
joelho e braço, onde:
PERÍMETRO DO QUADRIL
HOMEM = (0,98 x perímetro de panturrilha) + (1,16 x altura
do joelho) + (1,73 x circunferência do braço) + (0,37 x dobra No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
cutânea subescapular) – 81,69 pé, esta medida não se aplica. O valor isolado não deve ser
utilizado!
PERÍMETRO DA PANTURRILHA
CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO
Em idosos é a medida mais sensível de massa muscular.
Indica mudanças de massa magra que ocorrem com o ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO
envelhecimento e diminuição da atividade.
ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA com
Atenção, recomenda-se o uso do ponto de corte ajuste da área óssea à equação de Gurney e Jellife de área
CP≥31cm como adequação nutricional! muscular do braço.
Idade: _______
Nome: ______________________________________________________________________
Data: ___/___/_____
QUESTÒES RESPOSTAS AFIRMATIVAS
(pontos)
Você tem alguma doença que o fez mudar o tipo/quantidade de alimentos que consome? 2
Você consome menos que duas refeições por dia? 3
Você bebe três ou mais doses de cerveja, licor ou vinho quase todos os dias? 2
Você consome poucas frutas, legumes, verduras ou produtos lácteos? 2
Você tem problemas bucais que dificultam sua alimentação? 2
Você nem sempre tem dinheiro suficiente para comprar os alimentos que necessita? 4
Você come sozinho nas maiorias das vezes? 1
Você usa três ou mais medicamentos diferentes prescritos ou por conta própria ao dia? 1
Você ganhou ou perdeu cerca de 4,5kg nos últimos 6 meses, involuntariamente? 2
Você nem sempre tem condições físicas para fazer compras, cozinhar e/ou alimentar-se sozinho? 2
PONTUAÇÀO
0 – 2 – BOM! - Revisar em 6 meses.
3 – 5 – RISCO NUTRICIONAL MODERADO! – Verifique o que você pode fazer para melhorar seus hábitos alimentares e seu
estilo de vida.
6 ou mais - RISCO NUTRICIONAL ALTO! – Procure ajude de um médico ou nutricionista.
MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN)
Os dados de NHANES sugerem que os adultos mais velhos
O rastreamento da DEP em idosos pode ser feita com a estão em risco de desnutrição pela presença de doenças,
MAN, em pacientes ambulatoriais, hospitalizados ou em incapacidade física, polifármacos, saúde dental e oral
clínicas geriátricas. prejudicadas, isolamento social, limitações financeiras ou
saúde mental prejudicada.
A triagem é feita na primeira parte da MAN, onde serão
considerados de risco aqueles que pontuam com 11 pontos Uma boa ferramenta para diagnóstico nutricional é a Mini
ou menos, devendo continuar a avaliação. Avaliação Nutricional que consiste de questões e medidas
O melhor instrumento validado para a avaliação é a segunda antropométricas para determinar um escore indicador de
parte da MAN. desnutrição.
Energia
CHEMIN & MURA recomenda no mínimo 1500mL/dia ou 1,0 Os adultos mais velhos com freqüência possuem menores
a 1,5mL/kcal. Isso se traduz por 30 a 35mL/kg. níveis séricos de vitamina C.