TCC Erika

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 31

FACULDADE UNYLEYA

ÉRIKA

O PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO TRATAMENTO DA


SÍFILIS NA GESTAÇÃO DURANTE O PRÉ NATAL

Rio de Janeiro
Junho/ 2020
FACULDADE UNYLEYA

ÉRIKA

O PAPEL DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO TRATAMENTO DA


SÍFILIS NA GESTAÇÃO DURANTE O PRÉ NATAL

Trabalho apresentado à Faculdade


Unyleya, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Especialista em
Saúde Pública com Foco em Estratégia de
Saúde da Família (ESF).

Orientador(a): Prof. Dr. Chennyfer Dobbins Abi


Rached

Rio de Janeiro
Junho/ 2020
DEDICATÓRIA
(opcional)
AGRADECIMENTOS
(opcional)
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 01

1.1 Problema de
Pesquisa .....................................................................................03

1.2 Justificativa ....................................................................................................05

1.3 Objetivos........................................................................................................06

1.4 Metodologia...................................................................................................07

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................10

2.1. CAPÍTULO 1 .............................................................................................12

2.2. CAPÍTULO 2 .............................................................................................13

2.3. CAPÍTULO 3 .............................................................................................14

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS......................................................17

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi marcado por importantes


mudanças com a Constituição de 1988 que proporcionou a reversão do modelo
assistencial centrado na doença, dando destaque a atenção primária à saúde,
amparado nos princípios da universalidade, equidade, integralidade,
regionalização, participação e controle social e descentralização. O SUS
disponibiliza assistência à saúde dos brasileiros em três níveis de atenção, sendo
eles: Primário, Secundário e Terciário (BRASIL, 2010).

Segundo Medeiros e Peres (2011), a rede básica é a principal porta de


entrada aos usuários do SUS, nesta são desenvolvidas ações centradas na
promoção à saúde, prevenção e recuperação de doenças. Na década de 90, foi
criado o Programa de Saúde da Família (PSF), que passou em 1994 do status de
programa para Estratégia Saúde da Família (ESF), precedido pelo Programa de
Agentes Comunitários da Saúde (PACS), como forma de contemplar os
princípios do SUS por meio do fortalecimento e consolidação da Atenção Básica
(BRASIL, 2006).

Dias, Cunha e Amorin (2015) reforçam que na ESF são desenvolvidas


estratégias prioritárias para organização da Atenção Básica, caracterizada por
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, considerando o sujeito
em sua singularidade, complexidade e o contexto em que vive.

A implantação do PSF em todo o território nacional vem contribuindo


positivamente para o avanço em todos os indicadores de saúde, tendo destaque
as regiões cuja as condições socioeconômicas e ambientais são mais precárias,
como as regiões norte e nordeste nos quais se identificam os maiores índices de
mortalidade materna e infantil no Brasil (BRASIL, 2006).

De acordo com as pesquisas a mortalidade materna no Brasil, a incidência


é 53 vezes maior que a observada em países desenvolvidos, sendo a relevância
e o impacto desse problema agravado pelo alto índice de gravidez na
adolescência, participação reduzida ou falta de adesão das gestantes ao
programa de pré-natal, baixa escolaridade e contaminação pelo vírus da AIDS
(DOTTO; MOULIN; MAMEDE, 2006).

No intuito de melhorar os indicadores de saúde, são utilizados planos


estratégicos os quais são executados por meio de programas desenvolvidos na
atenção básica, voltados à Saúde da Criança, e do adolescente, Programa
Nacional de Imunização, Saúde do Adulto e Saúde do Idoso, Programa de
Hipertensão e Diabetes, Programas voltados a Saúde da Mulher, que promovem
desde a participação no planejamento familiar, rastreio de câncer de colo do
útero e câncer de mama até o Programa de humanização no pré-natal e
nascimento (BRASIL, 2006).

O Ministério da Saúde caracteriza a gestação como um período de


mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do
acompanhamento pré-natal seja o acolhimento à gestante, o oferecimento de
respostas e oferta de apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias,
fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com as
mudanças de seu corpo. (SOUZA, 2012).

O pré-natal destina-se ao acompanhamento da mulher durante o ciclo


gravídico e visa manter a integridade das condições de saúde materna e fetal.
Durante a gestação são realizados exames laboratoriais, exames de imagem e
avaliações complementares objetivando identificar e tratar precocemente as
complicações que podem impactar na saúde materna e ou fetal (VIERA et al.,
2011).

O profissional enfermeiro é capacitado a realizar o acompanhamento das


gestantes cadastradas no pré-natal de baixo risco e residentes em seu território
adscrito, com o objetivo de monitorar o ciclo gravídico, prevenir riscos e identificar
complicações maternas e fetais, assim como, promover atividades educativas
acerca da gravidez, parto e puerpério. (DOTTO; MOULIN; MAMEDE, 2006).

A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, de evolução crônica


cujo agente etiológico é o espiroqueta Treponema pallidum. É uma infecção
sexualmente transmissível curável, a qual se tem descrições de sua existência
desde o século XV. Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar
de ter tratamento eficaz e de baixo custo, vem-se mantendo como problema de
saúde pública até os dias atuais. (VIERA et al., 2011).

Na edição do Boletim Epidemiológico de Sífilis em gestantes, publicado


em 2019 pelo Ministério da Saúde (MS), aponta que no período de 2005 a Junho
de 2019, foram notificados no Sinan 324.321 casos de sífilis em gestantes e no
ano de 2018 no Brasil, a taxa de detecção foi de 21,4 casos de sífilis em
gestantes/1.000 nascidos vivos (25,7% superior à taxa observada no ano
anterior) (BRASIL, 2019).

Portanto, é considerada um grave problema de saúde pública, podendo


acometer todo o núcleo familiar, tendo em vista sua transmissão por via vertical.
(SOUZA, 2012).

A sífilis congênita, apesar de ser uma doença passível de prevenção


durante o pré-natal, vem apresentando um número crescente de novos casos e
ocupando um lugar de destaque no mundo todo, principalmente em países em
desenvolvimento. A falta de acesso à assistência pré-natal está associado como
um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos elevados números
de sífilis congênita. (VIERA et al., 2011).

O enfermeiro durante o pré-natal deve garantir em todo o período


gestacional o rastreio de riscos durante as consultas. Quanto mais precoce for
iniciado o pré-natal, maiores são as chances de um desfecho favorável. Nesse
período as ações educativas em saúde são de suma importância e devem ser
realizadas em todas as consultas.

A sífilis na gestação representa um grande desafio na saúde pública


devido à gravidade das sequelas que podem ocasionar no concepto, quando não
tratada adequadamente. Por tanto, considera-se de suma importância que o
enfermeiro seja dotado de conhecimento técnico e científico, empenhado na
colaboração na reversão de indicadores de saúde caóticos e assim promover um
pré-natal de qualidade.

Portanto, a tríade vigilância-assistência-prevenção, como base da maioria


dos programas de Saúde Pública, enfatiza a tese de que a vigilância da sífilis na
gravidez é um importante recurso para minimizar a incidência. As intervenções
(triagem laboratorial e tratamento) permitem a prevenção do caso de sífilis
congênita e encontram-se inseridas na assistência pré-natal. Diante disso, a
assistência pré-natal de qualidade estendida a todas as gestantes seria
fundamental para eliminar a sífilis materna e suas consequências. (SOUZA,
2012).

A assistência pré-natal visa assegurar uma evolução normal do ciclo


gravídico; preparar a gestante para o parto, puerpério e lactação; identificar o
mais rápido possível as situações de risco, para que seja possível prevenir as
complicações mais frequentes da gravidez e do ciclo puerperal.

Com isso formando a seguintes questões norteadoras: Qual é a


importância da assistência pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita? Como se
consolida o cuidado de enfermagem na atenção básica de saúde junto à mulher
ao tratamento da sífilis na gestação durante o pré-natal?

1.1 Problema de Pesquisa

O problema de pesquisa aborda o seguinte tema: a assistência pré-natal


na prevenção da Sífilis Congênita.

1.2 Justificativa

Este trabalho se justifica mostrando que a captação precoce das gestantes


é uma estratégia importante e que deve ser constantemente incentivada, pois é
de opinião dos autores que quanto mais precocemente se estabelece o vínculo
entre a gestante e a equipe de saúde, maiores serão as chances de diagnóstico
precoce, adesão ao tratamento, tratamento do parceiro e consequentemente
controle da Sífilis Congênita. Destaca-se que a assistência pré-natal não pode
ser avaliada apenas pelo número de consultas realizadas, mas também pela
qualidade do atendimento. E que a falta de acesso à assistência pré-natal é
considerada como um dos principais fatores responsáveis pela persistência dos
elevados índices de sífilis congênita. Por isso, diante dos fatos expostos, torna-se
necessário analisar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção
da Sífilis Congênita, pois é um dos componentes mais importantes da assistência
à saúde da gestante, além de permitir uma redução da transmissão vertical da
doença. Portanto, uma inadequação dessa atenção pré-natal representa um fator
de risco materno-fetal. Diante disso, melhorar a qualidade da assistência pré-
natal para que se tenha um diagnóstico precoce da infecção materna ainda é a
melhor maneira de prevenir a Sífilis Congênita, além de diminuir a
morbimortalidade perinatal. Mediante a realização desta pesquisa, pretende-se
contribuir de forma considerada a comunidade acadêmica trazendo alerta a
importância do papel do enfermeiro da ESF frente a sífilis gestacional.

1.3 Objetivos
Os objetivos são: Identificar o papel do profissional enfermeiro no pré-
natal no que se refere ao tratamento da sífilis na gestação e elaborar meios de
visibilidade as gestantes durante o pré-natal na identificação e no tratamento da
sífilis na gestação.

1.4 Metodologia

1.1 Tipo

Esta pesquisa foi do tipo descritiva, através de revisão bibliográficas. O


estudo descritivo tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre
variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e
uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de coletas de dados como questionários e a observação
sistemática (GIL, 2002).

1.2. Abordagem

Quanto aos procedimentos, obteve em utilizar uma abordagem qualitativa,


pois conforme explica Triviños (1987, p. 111) este tipo de abordagem quando
relacionados aos estudos de casos, os resultados são válidos:

(...) não só para o caso que se estuda. Não se pode generalizar o


resultado atingido no estudo de um hospital, por exemplo, a outros
hospitais. Mais aqui está o grande valor do estudo de caso: fornecer
conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os
resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o
encaminhamento de outras pesquisas.

1.3. Método

Foi realizado uma pesquisa bibliográfica onde utilizou-se as bases de


dados disponíveis online. O estudo bibliográfico tem como foco principal a
produção bibliográfica sobre o objeto de estudo, ressaltando sua importância por
ser uma das fontes principais de informações. (LAKATOS, 2002).
1.4. Técnicas de Coleta de Dados

A pesquisa exploratória foi realizada por meio de revisão sistematizada em


manuais do Ministério da Saúde e bases eletrônicas LILACS, BVS e Scielo,
utilizando os descritores: Sífilis, Sífilis Congênita Pré-Natal, Enfermeiro e ESF.

Quanto aos critérios inclusão serão: apenas artigos que contemplassem a


temática; que se encontrem na íntegra disponível em suporte eletrônico; em
idioma português; publicados a partir de 2010. Como critério de exclusão
indicará: a ausência do artigo completo disponível online.

1.5. Tratamento dos Dados

Como forma de interpretação obteve pela análise de conteúdo, que se


aplica de forma satisfatória a esta pesquisa.

Segundo LAKATOS (2002, p. 129), é uma técnica que visa aos produtos
da ação humana, estando voltada para o estudo das ideias e não das palavras
em si.

A atual análise de conteúdo foi acrescida de mais uma característica,


ou seja, o desenvolvimento de técnicas quantitativas, que permitem
maior precisão. Embora o processo da quantificação seja mais preciso
do que a descrição qualitativa, ambos os dados devem ser empregados
nas ciências sociais. (LAKATOS, 2002, P.130).

2. REVISÃO DE LITERATURA

CAPÍTULO 1: SÍFILIS

A sífilis não só é considerada um problema de saúde pública no Brasil,


como também continua a ser um problema mundial. É uma doença
infectocontagiosa, sistêmica, de evolução crônica cujo agente etiológico é o
espiroqueta Treponema pallidum, a qual se tem descrições de sua existência
desde o século XV. Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar
de ter tratamento eficaz e de baixo custo, cada vez mais aumenta o número de
pessoas infectadas todos os anos, apesar de existirem medidas de prevenção
(VIERA et al., 2011).

Na edição do Boletim Epidemiológico de Sífilis em gestantes, publicado


em 2019 pelo Ministério da Saúde (MS), aponta que no período de 2005 a Junho
de 2019, foram notificados no Sinan 324.321 casos de sífilis em gestantes e no
ano de 2018 no Brasil, a taxa de detecção foi de 21,4 casos de sífilis em
gestantes/1.000 nascidos vivos (25,7% superior à taxa observada no ano
anterior) (BRASIL, 2019).

E o cenário é preocupante mesmo. Estamos falando de uma infecção


causada pela bactéria Treponema pallidium, transmitida principalmente por via
sexual. “90% dos pacientes que têm sífilis adquirem a doença por meio da
relação desprotegida. E, pelo visto, o risco da exposição a doenças sexualmente
transmissíveis não é muito temido por aqui. De acordo com a Pesquisa de
Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP), divulgada
em janeiro de 2015, 45% dos brasileiros sexualmente ativos declaram dispensar
o preservativo na hora do sexo, ou seja, há alta vulnerabilidade para outros
agentes infecciosos, a exemplo do vírus da aids.

A sífilis congênita, derivada da transmissão vertical do Treponema


pallidium é uma doença evitável. Pode ser transmitida ao concepto em qualquer
fase gestacional, tendo um aumento percentual de 70 a 100% nas fases primária
e secundária da doença, pois há uma proliferação do número de espiroquetas no
sangue. Existe também a chance de contaminação direta do concepto, durante a
passagem pelo canal vaginal durante o parto, quando houver lesões genitais na
gestante. Ocorrendo a transmissão da sífilis congênita, cerca de 40% dos casos
podem evoluir para aborto espontâneo, natimorto e óbito perinatal. (DOMINGUES
ET AL, 2013).

As manifestações clínicas da sífilis são: Primária: cancro duro associado


ou não com adenopatia satélite, Secundária: lesões cutâneo - mucosas
(roséolas) generalizadas e poliadenopatias e Terciária: alterações neurológicas,
cardiovasculares e ósteo-articulares (BRASIL, 2006).

Para o diagnóstico da Sífilis, a testagem é preconizada na 1ª consulta de


pré-natal, idealmente no 1º trimestre, no início do 3º trimestre (a partir da 28ª
semana), no momento do parto ou em caso de aborto, exposição de risco e
violência sexual. Para todas as gestantes, o tratamento deve ser iniciado com
apenas um teste reagente, treponênico ou não treponêmico, sem aguardar o
resultado do segundo teste. Quando o teste rápido treponêmico for utilizado
como o primeiro teste, nos casos reagentes, uma amostra de sangue venoso
deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico
laboratorial e definição do tratamento (BRASIL, 2019).

O tratamento da sífilis é realizado com benzilpenicilina benzatina de


acordo com a classificação clínica da doença. A sífilis recente: sífilis primária,
secundária e latente recente (com até um ano de evolução): receberá 2,4 milhões
UI intramuscular, sendo 1,2 milhões UI aplicados em cada glúteo, dose única e
Sífilis tardia: sífilis latente tardia (com mais de um ano de evolução) ou latente
com duração ignorada e sífilis terciária receberá 2,4 milhões UI com intervalo de
1 semana entre as doses, num total de 3 semanas, totalizando 7,2 milhões UI
(BRASIL, 2020).

A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o


tratamento da gestante, seu tratamento consiste em 3 doses de Benzilpenicilina
benzatina, ou seja, 2,4 milhões UI (sendo 1,2 milhões UI aplicados em cada
glúteo) com intervalo de 1 semana num total de 7,2 milhões UI devido à
dificuldade em se estabelecer o momento de contágio e seu estágio (BRASIL,
2009).

Para prevenir à sífilis congênita, o tratamento adequado da gestante com


benzilpenicilina benzatina após um teste reagente é de suma importância. Cada
semana que uma gestante com diagnóstico passa sem iniciar o tratamento, maior
é a exposição e risco de transmissão vertical ao concepto. Garantir o tratamento
adequado da gestante, além de identifica-lo na caderneta de pré-natal, permite
que o recém-nascido não seja submetido a intervenções biomédicas
desnecessárias que podem colocá-lo em risco, além de comprometer a relação
do binômio mãe-bebê (BRASIL, 2020).

O tratamento com benzilpenicilina benzatina pode ser realizado com


segurança na Atenção Básica. Gestantes alérgicas a medicação, as quais
apresentarem reação de Jarisch-Herxheimer, podem ter risco de trabalho de
parto prematuro, pela liberação de prostaglandinas em altas doses. Entretanto,
caso a gestante não seja tratada adequadamente para sífilis, o risco de
abortamento ou morte fetal é maior que os riscos potenciais da reação
medicamentosa (BRASIL, 2017).

A sífilis congênita pode ser classificada em precoce, diagnosticada até 2


anos de vida, e tardia, após esse período:

A síndrome clínica de sífilis congênita precoce, além de prematuridade e


baixo peso ao nascer, apresenta as seguintes características clínicas:
hepatomegalia, esplenomegalia, lesões cutâneas (pênfigo palmo-plantar,
condiloma plano), periostite e osteocondrite (ex. pseudo-paralisia de Parrot),
lesões do aparelho respiratório (pneumonia alba), convulsões, meningite e rinite
serossanguinolenta (SONDA ET AL, 2013).

Já a sífilis congênita tardia apresenta como principais características:


fronte olímpica, tíbia em lâmina de sabre, nariz em sela, surdez, retardo mental,
hidrocefalia, articulações de Clutton, dentes de Hutchinson, arco palatino
elevado, mandíbula curta, molares em “amora” e ceratite intersticial. (SONDA ET
AL, 2013).

Desde 1986 a sífilis congênita é considerada uma doença de notificação


compulsória no Brasil. A partir do ano de 2005, o Ministério da Saúde incluiu
sífilis em gestantes na lista de agravos de notificação compulsória, na tentativa
de controlar a transmissão vertical e acompanhar adequadamente o processo de
infecção, podendo assim determinar o planejamento de intervenções (BRASIL,
2005).

Rodrigues et al realizaram um estudo em 2004 com 2.857 gestantes e


verificou que 51% não realizaram nenhum exame para sífilis (FIGUEIRO ET AL,
2012).

O tratamento da gestante será considerado adequado quando, parceiro


tratado concomitantemente e realização do esquema com benzilpenicilina
benzatina finalizado até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo necessário para
que o recém-nascido seja considerado tratado intra-útero. (FIGUEIRO ET AL,
2012).
O controle de cura da gestante deverá ser mensal através do VDRL,
considerando resposta adequada ao tratamento a redução de duas titulações.
Entretanto se ocorrer elevação de títulos em quatro ou mais vezes (exemplo: de
1:2 para 1:8) acima do último VDRL realizado, justifica um novo tratamento,
mesmo na ausência de sinais ou sintomas específicos de sífilis (BRASIL,2006).

A ausência ou baixa qualidade da atenção pré-natal impacta diretamente


nos casos de sífilis congênita, seja devido a não testagem para sífilis durante o
pré-natal, não tratamento do parceiro ou porque recebeu tratamento não
adequado para sífilis antes ou durante a gestação. Portanto, para o seu controle
no pré-natal, o enfermeiro inserido neste cenário deve desenvolver ações
voltadas para prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional.

A prevenção da sífilis deve ser através de promoção em saúde por meio


de ações educativas para as questões relacionadas às infecções sexualmente
transmissíveis, além de conscientizar a população quanto a necessidade da
prática de sexo seguro. (BRASIL, 2006).

PRE NATAL

Historicamente, os homens viviam seus “instintos naturais” e as mulheres


isolavam-se durante o trabalho de parto, muitas vezes sem auxílio de outras
pessoas, apenas seguindo seu instinto biológico. O parto era considerado um
evento fisiológico (SANTOS, 2002).

Mesmo com o avanço de tecnologias e estudos científicos baseados em


evidências na área materna e perinatal, ainda são altos os números de mortes
perinatais evitáveis por inadequado controle na gestação, parto e cuidado ao
recém-nascido.

A partir da década de 80 foi criado pelo Ministério da Saúde o PAISM


(Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher), este programa foi criado
para que as mulheres pudessem ter uma assistência integral e humanizada.
Segundo Ministério da Saúde (2006), as unidades de saúde devem garantir
atenção integral pré-natal e puerperal.

Dados do Ministério da Saúde revelam que os números de mortes


maternas não têm sofrido grandes impactos nos últimos anos. Em 2015, por
exemplo, foram registradas 1.738 mortes, contra 1.463 mortes em 2016.
Redução essa inexpressiva de 16% frente ao avanço em áreas como a expansão
e qualificação da atenção obstétrica (BRASIL, 2016).

Segundo o Ministério da Saúde, a assistência de qualidades as gestantes


deve objetivar a reduzir as taxas de morbimortalidade materna e infantil,
adotando-se medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da
qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério e
assistência neonatal.

A atenção dispensada pelo enfermeiro à mulher grávida no pré-natal é


uma das ações recomendadas no Programa Saúde da Mulher, garantido por
meio de políticas públicas de saúde. Em locais onde o Programa Saúde da
Família está implantado, o acompanhamento é realizado pela equipe
multiprofissional (BRASIL, 2002).

Inicialmente, a assistência às gestantes era realizada por parteiras,


mulheres experientes, de baixa escolaridade e muito respeitadas pela sociedade,
posteriormente denominada enfermeira obstétrica ou obstetra, denominação
mais recente e consolida na formação técnica de enfermeira obstetra.

O enfermeiro da ESF elabora o plano de assistência de enfermagem na


consulta de enfermagem pré-natal e, de acordo com as necessidades
identificadas e priorizadas, estabelece as intervenções, orientações e
encaminhamentos a outros serviços quando necessário, promovendo a
interdisciplinaridade das ações, principalmente com a odontologia, medicina,
nutrição e psicologia (GARCIA, 2010).

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL

A Resolução do COFEN- 272/2002 considera que a Sistematização da


Assistência de Enfermagem SAE, sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza
método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de
saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam
contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do
indivíduo, família e comunidade.

Segundo Vieira e Parizotto (2013) o período gravídico é composto de


significativas mudanças na vida da mulher, entre elas físicas, psicológicas e
sociais. Durante a gestação a mulher apresenta um misto de sentimentos e
precisa receber orientações eficientes para tornar esse momento único tranquilo
para si e para a família.

O enfermeiro como integrante da ESF é responsável por realizar atenção à


saúde aos indivíduos e famílias cadastradas na equipe de referência. Este deve
desenvolver ações de saúde dede a infância à terceira idade, ou seja, por todo
ciclo de vida humano. O pré-natal, importante componente para assegurar uma
gestação saudável e segura, é realizado pelo enfermeiro na ESF.

Lima e Moura (2005) defendem a necessidade de inserção do enfermeiro


obstetra, com habilitação legal para realizar a atenção pré-natal de baixo risco
nas UBS e PSF, pois são enfermeiros treinados para tratar pessoas saudáveis e
acompanhá-las no processo de evolução da gravidez.

O enfermeiro mesmo de formação generalista, sendo dotado de


conhecimento técnico e científico das modificações gravídicas é apto a
diferenciar o fisiológico do patológico durante a assistência pré-natal de baixo
risco na rede básica de saúde, tedo amparo legal e ético por seu conselho.

Na ESF, as intervenções de Enfermagem realizadas no pré-natal, podem


favorecer o bem-estar geral do binômio e entende-se a seus familiares
envolvidos, a utilização da Sistematização da Assistência é de fundamental
importância para que se possa traçar um plano de cuidado. Identificar
Diagnósticos de Enfermagem permite a determinação do grau de risco
gestacional, detecção precoce de complicações e individualização da assistência
de enfermagem (PEREIRA e BACHION, 2005).

Muitas são as dimensões individuais ou coletivas, de forma integral e


holística que enfermeiro está inserido na ESF, é formado para atuar nos
diferentes espaços sociais, cuja essência no cuidado é promover, prevenir, tratar
e recuperar a saúde. Muitos são os desafios quando se assume a
responsabilidade de lidar com o ser humano, ficando evidente que tão importante
quanto os resultados alcançados é todo o processo que envolve o cuidado.

Pereira e Bachion (2005) consideram que as diretrizes dos programas de


saúde na assistência pré-natal precisam ser repensadas e reestruturadas para
que possam ser realmente condizentes com as reais necessidades dos usuários
dos serviços de saúde. Apesar de uma cobertura ampla há necessidade de se
repensar a estratégia e capacitar os envolvidos nas ações a fim de identificar a
demanda local.

Numa proposta com vistas à melhoria e à humanização da assistência no


período gravídico-puerperal, o Ministério da Saúde (MS) responsabiliza os
serviços de saúde, que devem oferecer o adequado acompanhamento do parto e
puerpério, a receber com dignidade a mulher e o recém-nascido e a adotar
práticas humanizadas e seguras. Isso implica na organização das rotinas, dos
procedimentos e da estrutura física, bem como a incorporação de condutas
acolhedoras e não intervencionistas.

A assistência pré-natal deve ser organizada para atender às reais


necessidades da população de gestantes, utilizando conhecimentos técnico
científicos, com meios e recursos adequados e disponíveis. As ações de saúde
devem estar voltadas à cobertura de toda a população-alvo da área de
abrangência da unidade de saúde, assegurando a longitudinalidade no
atendimento, acompanhamento e avaliação das ações sobre a saúde materno-
perinatal (SANTOS, 2002).

Segundo o MS, Estados e Municípios, por meio das unidades integrantes


de seu sistema de saúde, devem garantir atenção pré-natal puerperal, realizada
de acordo com os parâmetros estabelecidos a seguir:

1- Captação precoce das gestantes com realização da primeira


consulta de pré-natal até 120 dias da gestação.
2- Realização de, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo,
preferencialmente, uma no 1ºtrimestre, duas no 2ºtrimestre e três no
3ºtrimestre da gestação.
3- Desenvolvimento das seguintes atividades ou procedimentos
durante a atenção pré-natal:
a) escuta da mulher e de seus acompanhantes, esclarecendo dúvidas
e informando sobre o que vai ser feito durante a consulta e as
condutas que serão adotadas;
b) atividades educativas a serem realizadas em grupo ou
individualmente, com linguagem clara e compreensível,
proporcionando respostas às indagações da mulher, ou da família e as
informações necessárias;
c) anamnese e exame clínico-obstétrico da gestante;
d) exames laboratoriais: ABO-Rh, Hemoglobina/Hematócrito, na
primeira consulta; glicemia de jejum, um exame na 1ª consulta e outro
próximo à 30ª semana de gestação; VDRL, um exame na 1ª consulta e
outro próxima à 30ª semana de gestação; urina tipo 1, um exame na 1ª
consulta e outro próximo da 30 semana de gestação; testagem anti-
HIV, com um exame na 1ªconsulta, desde que a gestante consinta;
sorologia hepatite B (HBsAg), com um exame, de preferência, próximo
à 30 semana de gestação; sorologia para toxoplasmose (IgM), na
primeira consulta se disponível;
e) imunização antitetânica: aplicação de vacina dupla tipo adulto até a
dose imunizante do esquema recomendado, ou dose de reforço em
mulheres já imunizadas;
f) avaliação do estado nutricional da gestante e monitoramento por
meio do SISVAN (Serviço de Informação do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional);
g) prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais;
h) prevenção ou diagnóstico precoce do câncer de colo uterino e de
mama;
i) tratamento das intercorrências da gestação;
j) classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira
consulta e nas subsequentes;
k) atendimento às gestantes classificadas como de risco, garantindo
vínculo e acesso à unidade de referência para atendimento
ambulatorial e/ou hospitalar especializado;
l) registro em prontuário e cartão da gestante, inclusive registro de
intercorrências/urgências que requeiram avaliação hospitalar em
situações que não necessitem de internação.
Para operacionalização da consulta de enfermagem é necessário
estabelecer protocolos, objetivando eficiência e eficácia no
atendimento como: números de consultas realizadas por
enfermeira(o), padronização e prescrição de medicamentos,
solicitação de exames e encaminhamentos e critérios de risco
obstétrico.

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Cunha (2008) considera o enfermeiro, como um potencial educador que


visa à promoção à saúde, discutiu a importância de um cuidado pré-natal bem
assistido, bem como de uma consulta de Enfermagem em obstetrícia bem
direcionada para detecção de fatores de risco, além de poder ser uma excelente
oportunidade para educar a mulher quanto à prevenção.

Se todas as mulheres tivessem condições de vida e recebessem atenção


de modo mais equânime a começar pelo acesso aos serviços de saúde, seria
evitada grande parte dos agravos e mortes. No Brasil, o Sistema Único de Saúde
(SUS) constitui o arcabouço das políticas de saúde do país, regulamentado pela
Constituição da República Federativa do Brasil de 19881. A efetivação do SUS
proporcionou a reversão do modelo assistencial centrado na doença, dando
ênfase para atenção primária à saúde (DUARTE et.al., 2006).

Consulta de enfermagem é o ato de consultar ou pedir conselho, opinião,


parecer. A consulta de enfermagem é uma relação de ajuda e uma situação de
aprendizagem entre cliente e enfermeiro, buscando-se a solução de problemas
identificados do bem-estar. A atuação do enfermeiro, realizando consultas de
pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, tem amparo legal e ético, com
real benefício à clientela.

É necessária uma mobilização de profissionais e gestores envolvidos na


assistência pré-natal para que ocorra melhora nos indicadores de saúde. Há a
necessidade de reorganização da assistência ao pré-natal a ao parto para a
redução da mortalidade materna e neonatal e da incidência de parto cesáreo
desnecessário (CAGNIN, 2008).

O modelo de assistência é centrado em um profissional não privilegiando a


equipe multiprofissional e a qualificação para o trabalho. É necessário que cada
vez mais sejam reforçadas ações de educação em saúde afim, de tornar o
profissional cada vez mais competente na assistência a mulher (BUSSADORI,
2009).

Apesar do bom desempenho dos enfermeiros, há a necessidade de


investir na formação profissional para este modelo de assistência. O acúmulo de
funções do enfermeiro é um entrave para a plena realização do cuidado pré-
natal. É importante valorizar aspectos como o trabalho em equipe e aspectos
socioculturais para um cuidado cada vez mais digno e humano além da
necessidade de reorganização da assistência pré-natal, inserindo efetivamente o
enfermeiro (VALENÇA E GERMANO, 2010).

Uma atenção humanizada durante o pré-natal e puerpério é fundamental


para a saúde materna e neonatal e, para sua humanização e qualificação, é
muito importante que os profissionais da área da saúde compreendam a pessoa
como um todo, não só corpo e mente, mas sim como o ambiente social,
econômico, cultural e físico no qual vive permitindo que esses profissionais
estabeleçam novas formas para o relacionamento dos diversos sujeitos
envolvidas na produção de saúde (LIMA, 2010).
Nessa direção, é importante ressaltar que o PHPN (Programa de
Humanização de Pré-natal) necessita de ampla articulação interna, nos três
níveis, notadamente com o Programa de Saúde da Família, uma vez que a
presença de uma equipe desse programa já garantiria a realização do pré-natal.
Essa articulação permitiria fortalecer ambas as iniciativas e eliminar etapas
burocráticas, além de outros passos realizados em cada município para a
implantação de cada um dos programas (SIQUEIRA, 2011).

Existe um número bastante considerável de mulheres que ainda não


realizam o número mínimo de consultas, durante o pré-natal, preconizado pelo
Ministério da Saúde, contribuindo para que número de mortes, causado por
complicações durante a gravidez, o parto e o puerpério aumente.

A sistematização da assistência de Enfermagem no período gestacional,


principalmente através da realização da Consulta de Enfermagem no pré-natal de
baixo risco e das ações educativas, é um caminho a ser seguido. A
sistematização da assistência ao pré-natal de baixo risco irá implementar a
cobertura e o acesso ao pré-natal, envolvendo e valorizando a (o) profissional
Enfermeira (o) com vistas à assistência mais integral e humanizada, dentro das
instituições de saúde (LIMA E MOURA, 2005).

O desafio não é somente dos profissionais de enfermagem, mas de toda


equipe multiprofissional e também dos gestores nos âmbitos: federal, estadual e
municipal.

O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de


descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a
integralidade e a eqüidade da atenção, num período em que, paralelamente, no
âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que
embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS). Incluía ações
educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a
assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no
climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama,
além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das
mulheres.

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA


A enfermagem antiga se respaldava na solidariedade humana, no
misticismo, no senso comum e em crendices no seio da comunidade tribal
primitiva, expressa através do ato instintivo de cuidar, o que era garantia da
conservação da própria espécie. Atualmente, essa profissão procura aprofundar
seus aspectos científicos, tecnológicos e humanísticos, tendo como centro de
suas atividades o ato de cuidar da saúde do ser humano (GARCIA e LIPPI,
2010).

Com o advento do Programa Saúde da Família (PSF), o enfermeiro como


membro da equipe, ganhou um amplo espaço de atuação na assistência pré-
natal. Silva e Ricci (2010) afirmam que a atuação do enfermeiro no cuidado às
gestantes vem ganhando destaque desde a implantação do Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) em 1985, apesar de ainda não
ter sido possível elucidar alguns obstáculos como a caracterização do papel do
enfermeiro tendo em vista uma melhor especificação de suas funções, e de
definições mais concretas quanto á prática da consulta e da execução do parto.

O exercício legal, que determina responsabilidades e limites jurídicos e


éticos de profissões reconhecidas, deve ser regulamentado por textos legais.
Desta forma, o conhecimento destes textos é de fundamental importância. Estas
leis são explicitadas a seguir:

A - Lei no 8.967/94, Dec. no 94.406/87 (Regulamentação), em seu Art.


9º, define o que são parteiras;
B - Lei no 7.498, de 25 de junho de 1986, atualiza a regulamentação da
profissão de parteiras com diplomas concedidos por escolas
estrangeiras;
C - Portaria nº 2.815, de 29 de maio de 1998. Inclui, na Tabela do
Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, o
parto normal sem distócia realizado por enfermeiro obstetra;
D - Resolução Normativa nº 167, de 9 de janeiro de 2007, atualiza o Rol
de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência
básica para cobertura assistencial nos planos privados de assistência à
saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999, fixa as diretrizes de
Atenção à Saúde e dá outras providências: 16
“Parágrafo Único: Para fins de cobertura do parto normal listado no
Anexo I, este procedimento poderá ser realizado por enfermeiro
obstétrico, habilitado de acordo com as atribuições definidas pela Lei nº
7.498, de 25 de junho de 1986, que rege o exercício profissional do
Enfermeiro, regulamentado pelo Decreto nº 94.406, de 08 de junho de
1987, conforme disposto no artigo 5º desta Resolução Normativa.”
O Ministério da Saúde preconiza atribuições para cada um dos membros
dessa Equipe Saúde da Família, sendo a do enfermeiro realizar cuidados diretos
de enfermagem, fazendo a indicação para a continuidade da assistência
prestada; consulta de enfermagem, solicitação de exames complementares,
prescrição /transcrição de medicações; planejamento, gerenciamento,
coordenação, execução e avaliação da USF; supervisão e coordenação das
ações dos Agentes Comunitários de Saúde e de auxiliares de enfermagem.

Como está descrito na Lei número 7.498 de 25 de julho de 1986, que


dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem, compete ao (à)
enfermeiro (a) a realização de consulta de enfermagem e a prescrição da
assistência de enfermagem, como integrante da equipe de saúde. Entre as ações
está a de prescrever medicamentos, desde que estabelecidos em Programas de
Saúde Pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; oferecer
assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera e realizar
atividades de educação em saúde.

O número total de consultas, preconizadas pela Organização Mundial de


Saúde, não deve ser inferior a seis. Qualquer número abaixo dessa cifra já é
considerado como atendimento deficiente. Atualmente, a Consulta de
Enfermagem na rede básica de saúde é realizada de acordo com o roteiro
estabelecido pelo Ministério de Saúde (2000), garantida pela Lei do Exercício
Profissional e o Decreto no 94.406/87, o pré-natal de baixo risco pode ser
inteiramente acompanhado pelo enfermeiro.

A gravidez, bem como o parto, são eventos fisiológicos, no entanto,


promovem alterações físicas e emocionais nas mulheres, requerendo cuidados
por par te da família e dos profissionais de saúde, justificando a atenção para
além de um útero gravídico. O pré-natal não deve ser somente um momento
técnico centrado em um fenômeno biológico, visto que tal conduta não
estabelece vínculo de acolhimento, confiança e segurança, dificultando a relação
enfermeiro/gestante. O enfermeiro deve considerar que o conteúdo emocional é
fundamental para a relação profissional/cliente (BRASIL, 2002).

O estabelecimento de um vínculo estimula o profissional de saúde a


utilizar sua sensibilidade para “olhar” a cliente como um ser biopsicossocial,
alguém que possui uma história particular antes da história clínica; desse modo, o
enfermeiro exercita os princípios que norteiam os profissionais da saúde da
família e não centra a atenção somente em atos prescritivos (SABINO, 2007).

A OMS publicou normas de atenção ao pré-natal com finalidade de


oferecer referências para organização da rede assistencial, capacitando
profissional e normatizando as práticas de saúde visando a melhoria da
qualidade do pré-natal em todo país. É dever dos serviços e profissionais de
saúde acolher com dignidade a mulher e o recém-nascido enfocando-os como
sujeitos de direitos. Considerar o outro como sujeito não como objeto passivo da
nossa atenção é a base que sustenta o processo de humanização.

Brasil (2002) considera que os Manuais do Ministério da Saúde propõem


um conjunto de ações e procedimentos técnicos que compõem a assistência que
se oferece a todas as usuárias do SUS nos estados ao longo da gestação e
puerpério.

As publicações têm a finalidade de oferecer orientações técnicas para a


atuação dos profissionais da Atenção Básica na atenção à saúde sexual e à
saúde reprodutiva, tendo como um dos princípios a abordagem integral e a
promoção dos direitos humanos, entre os quais se incluem os direitos sexuais e
reprodutivos.

O objetivo primordial é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da


qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, às
gestantes e ao recém-nascido. Estabelecer os princípios da atenção que deve
ser prestada por estados e municípios através dos serviços de saúde a
cumprirem seu papel, propiciando a cada mulher o direito a cidadania, dar a luz
recebendo uma assistência humanizada e de boa qualidade (BRASIL, 2010).

Lima e Moura (2005) reconhecem alguns fatores impedem ou dificultam


significativamente a realização da Consulta de Enfermagem. Entre outros,
merecem relêvo às precárias condições de ambiente da unidade básica de
saúde; infra-estrutura e outros recursos; além do acúmulo de funções
(administrativa e assistencial) pela enfermeira; falta de conhecimento dos
aspectos legais, que resultam em omissão e descuido quanto à prioridade da
Consulta de Enfermagem como atividade específica da enfermeira e atenção
básica de saúde da mulher na fase reprodutiva ou ginecológica.

Os profissionais da Atenção Básica, convivendo com a comunidade em


que atuam, podem desencadear mudanças significativas na sua área de
abrangência, se observarem o cotidiano dessas pessoas com base nas teorias e
conceitos do SUS. Sob esse aspecto, as atribuições fundamentais desses
profissionais da Atenção Básica são o planejamento de ações de saúde,
promoção e vigilância; trabalho interdisciplinar em equipe e abordagem integral
da Família (BRASIL, 2002).

Dentre as competências dos enfermeiros na atenção básica, descritas na


literatura, estão em destaque o fato dos enfermeiros responsabilizarem-se pela
atenção à saúde e contribuírem para a organização desta atenção, bem como
promoverem comprometimento e compromisso com a saúde como direito
individual e coletivo.

Duarte (2006) acrescenta que as reformas curriculares têm sido discutidas


em todos os níveis de formação, para garantir melhor qualificação aos
profissionais comprometidos para além das técnicas, conferindo um caráter mais
humanizado efetivamente, havendo destaque especial para a formação de
enfermeiros com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da
atenção e a qualidade e humanização do atendimento prestado aos indivíduos,
famílias e comunidades - ética, cidadania e solidariedade.

A IMPLANTAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E OS INDICADORES


DE MORTALIDADE

Como cita Lourenção (2004) a Saúde da Família surge como uma


estratégia prioritária no tocante à reestruturação do setor. E neste sentido a
consulta de pré-natal realizada na (ESF) é um grande desafio no que se refere à
qualidade da assistência prestada.

Como já dito, uma assistência pré-natal efetiva depende também de quem


a pratica, tomando proporções diferentes de acordo com o tipo de assistência
praticada, de qualidade ou inadequada. E isso reflete diretamente na capacitação
técnica e continuada das Equipes de Saúde que integram a ESF.
Segundo os indicadores do SUS, o pré-natal tem impactado diretamente
os indicadores de saúde, especialmente a mortalidade materna e perinatal
(MORAIS et al, 2008).

Indicadores de Mortalidade Materna

Sabe-se que o pré-natal tem como objetivo realizar uma assistência


integralizada a fim de prevenir intercorrências obstétricas potencialmente
evitáveis. Segundo ALVIM (2007, p. 259):

Anualmente, cerca de 600 mil mulheres morrem no mundo por


complicações da gravidez, parto e puerpério [...] Sendo assim, as
causas obstétricas diretas, bem como suas complicações são
perfeitamente preveníveis com uma assistência pré-natal adequada,
quantitativa e qualitativamente, bem como uma assistência adequada ao
parto.

O (MS) prevê que toda a população-alvo? gestantes - possa ter acesso


aos serviços de saúde e as consultas de pré-natal com o intuito de prevenir a
morbidade e a mortalidade materna e fetal.

Já Dotto et al (2006), cita que a OMS estima que na América Latina o risco
de mortalidade materna por causas ligada à gravidez e ao parto é de 1/160
gestações.

Segundo o Ministério da Saúde, os dados indicam que no período logo após a


criação do (PSF), de 1997 a 2001, já foi observado que houve um crescimento
em mulheres que realizaram sete ou mais consultas: um aumento de 41,6% para
45,6% no período.

No ano de 2000, as mortes maternas durante a gravidez, parto ou aborto


foram de 529 e as mortes maternas durante o puerpério - até 42 dias pós-parto -
foram de 381, com um total de 1.677 mortes de causas diretas ou indiretas
(DATASUS, 2000).

Segundo os dados nacionais da SESAP MG (2006), ainda no ano de 2000


"para cada 100.000 nascidos vivos, 42,5 mulheres morreram durante a gravidez,
parto e puerpério, também por causas consideradas evitáveis: hipertensão,
hemorragias, infecções".
Os dados do SISPRENATAL, citado por Serruya et al (2004), revelam que
no ano de 2002, 555.979 gestantes foram cadastradas e cerca de 90% destas
com até 120 dias de gestação. Já a vacina dT (antitetânica) cresceu 100% em
relação aos anos anteriores a 2002.

No período de 2007, os casos de morte materna durante a gravidez, parto


ou aborto foram de 663 e durante o puerpério houveram 656 casos, com um total
de 1.590 mortes maternas tanto de causas diretas quanto indiretas (DATASUS,
2007).

Em números, o (MS) relata que em 2003 houve 8,6 milhões de consultas


de pré-natal e em 2009 totalizou 19,4 milhões de atendimentos, um crescimento
total de 125%. E a cada ano, o número de consultas é cada vez mais crescente.

Indicadores de mortalidade fetal e neonatal

Em relação aos indicadores de mortalidade fetal/neonatal, no ano de 1993,


um ano antes da criação e implementação do Programa Saúde da Família?
assim denominado na época -, as mortes fetais/neonatais somavam um total de
37.578. (DATASUS, 1993).

Em 2003 houveram 28.295 casos de óbitos fetais/neonatais antes do parto, 1.126


durante o parto, 397 após o parto e 7.285 de fatores ignorados, com um total de
37.103 óbitos (DATASUS, 2003).

Já em 2007 houve 26.801 casos de óbitos fetais antes do parto, 1.175


durante o parto, 51 após o parto e 4.138 de fatores ignorados, com um total de
32.165 mortes fetais/neonatais (DATASUS, 2007).

3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As publicações selecionadas somaram um total de 8 artigos, abrangendo o


tema proposto e atendendo aos critérios selecionados, que correspondem nas
publicações de 2010 até 2020 , no idioma: português, foram incluídos artigos que
abordavam os cuidados de enfermagem aplicados gestantes em tratamento de
sifilis, por se encaixarem no tema proposto.
Durante a fase de coleta de dados da pesquisa foram encontrados
inúmeros artigos que exploravam as questões físio-patológicas da doença, porém
como o enfoque deste trabalho são as questões de enfrentamento e adaptação
psicológica, e tratamento, além de tais questões anatomopatológicas serem
muito complexas o que exigiria outro estudo próprio para abordar
adequadamente o tema, portanto nesta pesquisa optou-se por excluir as
publicações que abordavam tais assuntos.
A seguir no Quadro 2 serão apresentados os materiais selecionados para
responder a pergunta de pesquisa.

N AUTOR TÍTULO PUBLICAÇÕES ANO


º
CIENTÍFICAS

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
10

REFERÊNCIAS

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, SÍFILIS 2019, OUTUBRO 2019.


https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2019/11/boletim_sifilis_2019_internet.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa


Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita.
Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: saúde das mulheres. Instituto
Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Brasília: MS, 2016.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.
(Série A. Normas e manuais técnicos); (Cadernos de atenção básica; n° 32).
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf

ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE


TRANSMISSÍVEIS (IST) 2020
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-
atencao-integral-pessoas-com-infeccoes

PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA PREVENÇÃO DA


TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV, SÍFILIS E HEPATITES VIRAIS 2019

Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita Série Manuais nº 62 2005


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sifilis_congenita_preliminar.pdf

VIEIRA, B. D.; PARIZOTTO, A. P. A. V. Alterações psicológicas decorrentes do período


gravídico, Unoesc & Ciência - ACBS, Joaçaba, v. 4, n. 1, p. 79-90, jan./jun. 2013.

Você também pode gostar