Diagnóstico de Alteração Emocional e Desbloqueio de Acúmulo de Qi Pelo Ponto Zhong Du F6

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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA


RAMÓN FONSECA GUIMARÃES

Diagnóstico de Alteração Emocional e Desbloqueio de


Acúmulo de Qi pelo Ponto Zhong du (F6)

São Paulo

2012
ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA
RAMÓN FONSECA GUIMARÃES

Diagnóstico de Alteração Emocional e Desbloqueio de


Acúmulo de Qi pelo Ponto Zhong du (F6)

Trabalho apresentado a EBRAMEC –


Escola Brasileira de Medicina Chinesa,
como requisito parcial para obtenção
do certificado de Acupuntura, sob
orientação dos Prof. Eduardo V. Jofre e
Prof. Dr. Reginaldo de Carvalho Silva
Filho.

São Paulo

2012
ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE ACUPUNTURA

Diagnóstico de Alteração Emocional e Desbloqueio de


Acúmulo de Qi pelo Ponto Zhong du (F6)

BANCA EXAMINADORA

______________________________

______________________________

______________________________

Eduardo V. Jofre

ORIENTADOR

Ramón Fonseca Guimarães

São Paulo, ____ de _____________de ___


RESUMO

Pesquisa realizada com 10 pacientes estressados, com idade variante entre 24 e 50 anos,
de ambos os sexos, selecionados por apresentarem stress e labilidade emocional. Foram
realizadas 10 sessões, sendo elas 2 vezes por semana. A média final foi de 80% e
mesmo os pacientes que não apresentaram melhora de 100%. O objetivo desse trabalho
foi a verificação da eficácia do ponto F6 (Zhong Du) no diagnóstico de alteração
emocional ligada a raiva, frustração e conseqüente desbloqueio de acúmulo de Qi.
Assim pode-se verificar a eficácia de tal postulado.

PALAVRAS CHAVE: Acupuntura, emoções, diagnóstico.


ABSTRACT

Research conducted with 10 patients stressed, variant aged between 24 and 50


years for both sexes, selected for their stressand emotional lability. 10 sessions were
carried out, which were two times per week. The final average was 80% and even
patients who showed no improvement of 100%. The aim of this study was to verify
the effectiveness of the F6 (Zhong Du )point in the diagnosis of emotional
disorder linked to anger, frustration and consequent release of accumulated Qi. Thus we
could verify the effectiveness of such premises.

KEY WORDS: Acupuncture, emotion, diagnosis.


2

Sumário

Introdução – Acupuntura 03

Emoção 11

Raiva 20

Estresse 24

Sentimentos e Emoções 30

Dor 39

Pontos Xi 47

Palpação 48

O Ponto F6 50

Ilustração do Ponto F6 51

Pacientes 52

Questionário 54

Resultados 55

Termo de consentimento livre e esclarecido 56

Referências bibliográficas 58

Glossário 59
3

1 – INTRODUÇÃO

1.1 ACUPUNTURA

A acupuntura ou acupunctura (do latim acus - agulha e punctura) é um ramo


da Medicina Tradicional Chinesa e um método de tratamento considerado complementar de
acordo com a nova terminologia da OMS - Organização Mundial da Saúde.

A acupuntura consiste na aplicação de agulhas, em pontos definidos do corpo,


chamados de "Pontos de Acupuntura" ou "Acupontos", para obter efeito terapêutico em
diversas condições.

Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da China, no


século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as palavras latinas "Acum"
(agulha) e "Punctum" (picada ou punção), como visto.

A tradução literal do termo chinês, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen
(agulha) e Jiu moxa, ou seja, "longo tempo de aplicação do fogo".

A tradução causa a impressão de que o terapeuta só trabalha com agulhas. Os pontos


e meridianos também podem ser estimulados por outros tipos de técnicas. Na verdade, os
pontos de Acupuntura podem ser estimulados por: agulhas, dedos (acupressão) caracterizando
distintas variantes da técnica de massagem chinesa (tui na, shiatsu (japonês), do-in; stiper (do
inglês Stimulation and Permanency - Estimulação Permanente); ventosa (embora seja uma
aplicação em diversos pontos simultâneos) ou pelo aquecimento promovido por moxa ou seja,
longo tempo de aplicação do fogo", - um bastão de artemísia em brasa, que é aproximado da
pele para aquecer o ponto de acupuntura. Há, também, o método de estimulação por laser,
ainda em estudos.
4

Pontos de acupuntura (Dinastia Ming)

1.2 Microssistemas de Acupuntura

Além das referidas técnicas de estimulação acima descritas, aonde pode ser incluída a
acupuntura com a eletroestimulação, ou eletroacupuntura, explorada com diversas
perspectivas teórica - clínicas, a exemplo o sistema japonês Ryodoraku (ryo=boa, do=electro
condução, raku=linha) desenvolvida pelo Dr. Yoshio Manaka, explorando a relação entre a
eletro condutividade da pele e os pontos dos diversos meridianos.

No âmbito da medicina chinesa moderna, com inspiração em sua medicina tradicional,


vem se desenvolvendo técnicas explorando as possibilidades terapêuticas de regiões
específicas do corpo como o pavilhão auricular (orelha), as mãos e o crânio.

Dentre essas a mais antiga e difundida é a Auriculopuntura ou auriculoterapia já


registrado no Neijing (500-300 a,C.) Nessa técnica, talvez por sua antiguidade, já se
distinguem diversas escolas: a chinesa clássica, a escola francesa inaugurada pelo
neurocirurgião francês Paul Nogier em 1957 e uma recente escola brasileira (IBRAHO). O
microssistema de acupuntura dos pontos das mãos – Koryo Sooji Chim (Acupuntura na Mão,
Coreana) foi desenvolvida por Tae Woo Yoo, com início em 1971 e finalizada em 1975,
explora uma região ricamente inervada, com pontos de conexão da maioria
dos meridianos com resultados publicados como positivos para o controle da dor. A
5

Craniopuntura ou acupuntura craniana tem escolas japonesas e chinesas, e exploram as


concepções chinesas sobre o cérebro (o mar de medula) os pontos da acupuntura tradicional e
as modernas concepções neurofisiológica da atividade cerebral, possuindo especial indicação
para patologias conhecidas no ocidente como doenças neurológicas.

1.3 História da Acupuntura

A história da acupuntura confunde-se com a história da medicina na China. Seus


primórdios remontam à pré-história chinesa. A linguagem escrita milenar permitiu a
continuidade do conhecimento. Posteriormente, outros países orientais contribuíram para o
desenvolvimento das técnicas de acupuntura. As notícias sobre acupuntura no ocidente
chegaram com os primeiros exploradores europeus que visitaram o império Chinês, ainda
na idade média.

Ciclo de geração dos cinco elementos: Fogo gera Terra, Terra gera Metal, Metal gera Água,
Água gera Madeira, Madeira gera Fogo

1.4 Visão tradicional chinesa

A visão tradicional da medicina chinesa está profundamente ligada a teorias baseadas


no Taoísmo, sobre a dualidade Yin/Yang, sobre meridianos e outros conceitos bastante
"exóticos" para a ciência médica ocidental. Contudo, contribuições da Antropologia, mais
especificamente da Antropologia Médica, vem facilitando o entendimento destes conceitos à
luz da interpretação lógica das explicações mítico-religiosas compreendidas como sistemas
6

etnomédicos capazes de dar respostas às demandas por cuidados de saúde de uma


determinada população.

O Yin e o Yang são aspectos opostos de todo movimento no universo. É um conceito


hoje considerado quântico que os médicos chineses antigos conseguiram adaptar para a
medicina. No corpo do homem existe um equilíbrio que pode ser alterado por diversos tipos
de influências, como alimentar, comportamental e muitas outras.

Existem muitas formas de diagnóstico na medicina tradicional chinesa. Algumas delas


são a pulsação, a observação e aspectos da língua, a cor e aspectos da pele. Um médico chinês
costuma dizer que não se deve olhar apenas o paciente, mas escutá-lo, tocá-lo, cheirá-lo,
provar sua urina e conhecer as suas fezes.

Uma consulta baseada no modelo tradicional chinês pode levar de vários minutos a
algumas horas. O terapeuta questiona vários aspectos da vida incluindo a infância, expressão
das emoções, a alimentação, hábitos e costumes.

A natureza das explicações tradicionais da Medicina Chinesa não tornam essa prática
essencialmente distinta de outros sistemas etno - médicos, exceto, porém por sua notável
semelhança com a medicina hipocrática - a quem se atribui a origem da moderna medicina
cosmopolita. O estudo de sua história revela seu rompimento com algumas tradições
"mágicas" e incorporação do conhecimento empírico proveniente de cuidadosas observações,
consolidado no que vem sendo chamado do paradigma do Yin - Yang e dos 5
movimentos descrito nos livros clássicos para os orientais ou documentos etnológicos brutos
para a antropologia estrutural. Entre os livros clássicos o mais conhecido é, sem dúvida o
"Livro do Imperador Amarelo" cujo exemplar mais antigo foi encontrado em um túmulo da
dinastia Han (Fu Weikang).
7

1.5 Mecanismos de ação da Acupuntura

Aplicação de agulhas de Acupuntura.

Dentro do conhecimento atual de fisiologia, a Acupuntura é um método de


estimulação neurológica em receptores específicos, com efeitos de modulação da atividade
neurológica em três níveis – local, espinhal ou segmentar, e supra-espinhal ou
suprasegmentar.

Já em 1921, Goulden concluiu sobre a participação do Sistema nervoso autônomo na


Acupuntura, através dos nervos simpáticos, observando também que os pontos de Acupuntura
possuem impedância menor entre si que os pontos próximos ou circunjacentes.

Chiang e Cols, em 1973, demonstraram que o efeito da Acupuntura é conduzido


através dos nervos, ao constatarem que o estímulo acupuntural não surtia efeito quando
aplicado em área bloqueada por anestésico local.

Chan, 1984, concluiu que muitos dos pontos de Acupuntura correspondem a locais de
penetração das fibras nervosas na fáscia muscular, 309 pontos estão localizados sobre
terminações nervosas e 286 pontos localizados sobre os principais vasos sanguíneos, rodeados
pelos Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos. Alguns pontos de
Acupuntura correspondem aos pontos gatilhos (Trigger points, em inglês), que são pontos
8

localizados na musculatura, sensíveis ao toque e que condicionam o surgimento de sintomas à


distância, como dores de cabeça, por exemplo.

Em 1985, foi descoberto que a aplicação de agulhas de Acupuntura estimulava fibras


nervosas específicas e que as sensações produzidas pelo estímulo por acupuntura
correspondem àquelas experimentadas pelo estímulo das fibras nervosas do tipo A delta (A δ),
como choque, sensação de peso ou parestesia.

A Acupuntura aplicada em áreas de pele acometidas por Neuralgia pós-herpética não


se mostrou eficaz (embora o efeito analgésico possa ser obtido puncionando-se outras
áreas). E foi demonstrado que, na Neuralgia pós-herpética, a sensação típica da estimulação
de fibras A δ está ausente. [16]

Esquema mostrando as conexões neurais da Ação Segmentar da Acupuntura.

1.5 Ação segmentar da Acupuntura

Ação segmentar da Acupuntura é o conjunto de mecanismos fisiológicos que ocorrem


do local do estímulo com agulha até a medula espinhal. O estímulo de fibras nervosas "A δ"
9

por agulhas de Acupuntura ativa o interneurônio inibitório, ou célula pedunculada, na lâmina


II do corno posterior da medula espinhal. A célula pedunculada, com a liberação
de metencefalina, bloqueia, na área conhecida como Substância Gelatinosa, a transmissão do
sinal da dor conduzido pelas fibras tipo "C" para os tratos ascendentes da medula. Por outra
via ascendente, o trato espinotalâmico, o estímulo da fibra "A δ" é conduzido ao Córtex
cerebral, onde são interpretadas, ou "percebidas" as sensações de peso, distensão, calor ou
parestesia que ocorrem durante o estímulo por acupuntura.

1.6 Ação supra-segmentar da Acupuntura

O estímulo das fibras A δ prossegue através do trato espinotalâmico até o córtex


cerebral, onde é percebido conscientemente e à medida que segue neste trajeto, há colaterais
para os diversos níveis da medula espinhal, com liberação de Beta-endorfina, um dos tipos
de Morfina do próprio organismo, e afetando vias neurológicas descendentes que terminam
por reforçar a estimulação da célula pedunculada, com efeito analgésico sobre o estímulo das
fibras tipo C, e que usam o neurotransmissor Serotonina, o chamado "Hormônio do bem-
estar", o que explica bem os efeitos da Acupuntura não só no tratamento da dor, como
também da depressão e dos estados de ansiedade.

1.7 Ação Central da Acupuntura

O estímulo da agulha de Acupuntura atinge áreas do encéfalo mais elevadas, como


o Hipotálamo e a Hipófise, promovendo o equilíbrio do funcionamento destes centros. Como
a Hipófise é uma Glândula, ocasionalmente chamada de Glândula Mãe, que coordena a
função de diversas outras glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre este órgão afeta o
funcionamento das Glândulas supra-renais, da Tireóide, dos ovários, dos testículos, e assim
tem ação terapêutica sobre a Hipertensão arterial, Dismenorréia, Tensão pré-menstrual,
disfunções da libido, e outras patologias.

1.8 Neurotransmissores na Acupuntura

Até o presente momento, sabe-se que a Acupuntura afeta a expressão e ou liberação


de serotonina, e dos peptídeos opióides beta-endorfina, meta-encefalina, e dinorfina.
A colecistocinina, peptídeo envolvido no processo digestivo, é antagonista da acupuntura.
10

Considerando que a colecistocinina é estimulante da secreção ácida do estômago, temos daí a


compreensão do efeito benéfico da acupuntura sobre as gastrites, úlceras e na Doença de
refluxo gastresofágico. A Naloxona, inibidor da ação de opióides, muito utilizada
em Medicina antagoniza os efeitos da Acupuntura. Em dado momento, postulou-se que a ação
da Acupuntura seria fruto apenas da liberação de endorfinas, entretanto, a rápida instalação da
analgesia e sua duração maior que o tempo de aumento da quantidade de opióides liberados
pela Acupuntura, demonstra que outros mecanismos estão envolvidos.
11

2 - EMOÇÃO

Emoção é uma experiência subjetiva, associada


ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra em inglês 'emotion' deriva do
francês émouvoir. Que é baseada do latim emovere, onde o 'e- (variante de ex-) significa 'fora'
e movere significa 'movimento'. O termo relacionadomotivação é assim derivado de movere.

Não existe uma taxionomia ou teoria para as emoções que seja, geral ou aceite de forma
universal. Várias têm sido propostas, entre elas:

 'Cognitiva' versus 'não cognitiva';

 "Emoções intuitivas" (vindas da amígdala) versus "emoções cognitivas" (vindas


do cortex pré-frontal);

 "Básicas" versus "complexas": Onde emoções básicas em conjunto constituem as mais


complexas;

 Categorias baseadas na duração: Algumas emoções ocorrem em segundos (ex.


surpresa) e outras levam anos (ex. amor).

Existe uma distinção entre a emoção e os resultados da emoção, principalmente os


comportamentos gerados e as expressões emocionais. As pessoas freqüentemente se
comportam de certo modo como um resultado direto de seus estados emocionais, como
chorando, lutando ou fugindo. Ainda assim, se podem ter a emoção sem o correspondente
comportamento, então nós podemos considerar que a emoção não é apenas o seu
comportamento e muito menos que o comportamento não é a parte essencial da emoção.
A Teoria de James-Lange propõe que as experiências emocionais são conseqüência de
alterações corporais. A abordagem 'funcionalista das emoções (ex. Nico Frijda) sustenta que
as emoções se envolvem com uma particular função, como a de fugir de uma pessoa ou objeto
para obter segurança.

Classificação
12

Básicas e complexas categorias, onde algumas são modificadas de algum modo para
as emoções complexas (ex. Paul Ekman). Neste modelo, as emoções complexas constróem-se
sobre condições culturais ou associações combinadas com as emoções básicas. De outro
modo, análogo ao modo como as cores primárias são combinadas, as emoções
primárias podem ser combinadas gerando um espectro das emoções humanas. Como, por
exemplo, raiva e desgosto podem ser combinadas em desprezo. Robert Plutchik propôs a
tridimensional modelo "circumplex model" para descrever a relação entre as emoções. Este
modelo é similar a roda de cor. A dimensão vertical representa a intensidade, o círculo
representa a similaridade entre as emoções. Ele determina oito emoções primárias dispostas
em quatro pares de opostos.

Outro importante significado sobre classificação das emoções refere-se a sua


ocorrência no tempo. Algumas emoções ocorrem sobre o período de segundos (ex. surpresa) e
outros demoram anos (ex. amor). O último poderia ser considerado como uma tendência de
longo tempo para ter uma emoção em relação a certo objeto ao invés de ter uma emoção
característica (entretanto, isto pode ser contestado). Uma distinção é então feita entre
episódios emocionais e disposições emocionais. Disposições são comparáveis a
peculiaridades do indivíduo (ou características da personalidade), onde quando alguma coisa
ocorre, serve de gatilho para a experiência de certas emoções, mesmo sobre diferentes
objetos. Por exemplo, uma pessoa irritável é geralmente disposta a sentir irritação mais
facilmente que outras. Alguns estudiosos (ex. Armindo Freitas-Magalhães, 2009 e Klaus
Scherer, 2005) colocam a emoção como uma categoria mais geral de 'estados afetivos'. Onde
estados afetivos podem também incluir fenômenos relacionados, como o prazer e a dor,
estados motivacionais (ex. fome e curiosidade), temperamentos, disposições e peculiaridades
do indivíduo.

Há ainda a relação entre processos neurais Já é possível investigar a emoção 'ódio' e


sua manifestação neural. Neste experimento, a pessoa teve seu cérebro 'escaneado'
(examinado) enquanto via imagens de pessoas que ela odiava. Os resultados mostraram
incremento da atividade no médio giro frontal, putâmen direito, bilateralmente no córtex pré-
motor, no pólo frontal, e bilateralmente no médio insula. Os pesquisadores concluíram que
existe um padrão distinto da atividade cerebral quando a pessoa experimenta o ódio.
13

Teorias sobre emoção vêm desde a Grécia antiga (Estoicismo), assim


como Platão e Aristóteles. Nós podemos ver teorias sofisticadas nos trabalhos de filósofos
como René Descartes, Baruch Spinoza, e David Hume. Posteriormente as teorias das emoções
ganharam força com os avanços da pesquisa empírica. Freqüentemente, as teorias não são
exclusivas e vários pesquisadores incorporam múltiplas perspectivas nos seus trabalhos.

2.1 Teorias Somáticas

Teorias somáticas da emoção clamam que as respostas corporais são mais importantes
que julgamentos no fenômeno da emoção. A primeira moderna versão destas teorias é de
Willian James em 1880. A teoria perdeu valor no século XX, mas ganhou popularidade mais
recentemente devido as teorias de John Cacioppo, António Damásio, Joseph E.
LeDoux e Robert Zajonc que foram capazes de obter evidências neurológicas.

2.2 Teoria de James-Lange

William James, no artigo What is an Emotion? Argumenta que as experiências


emocionais são devidas principalmente a experiência de alterações corporais. O
psicólogo dinamarquês Carl Lange também propõe uma teoria similar no mesmo período
da história. Assim esta perspectiva é conhecida como a Teoria de James-Lange. Esta
teoria e as suas derivações consideram que uma nova situação conduz a uma alteração do
estado corporal. Como James diz ' a percepção das alterações corporais assim como elas
ocorrem é a emoção. ' James ainda argumenta que 'nos sentimos mal porque choramos,
ficamos, com raiva porque agredimos, ficamos com medo porque trememos. Entretanto
nós não choramos, agredimos nem trememos porque estamos sentidos, com raiva ou
amedrontados, como era de ser esperar.

Esta teoria é sustentada por experiências em que quando manipulamos um estado


corpóreo, uma emoção esperada é induzida. Assim estas experiências possuem
implicações terapêuticas. A teoria James-Lange é freqüentemente mal compreendida
porque aparenta ir contra a intuição ou senso-comum. A maioria das pessoas acredita que
as emoções atuam sobre ações especificas: Como por exemplo: "Eu estou chorando
porque estou me sentindo mal" ou "Eu fugi porque estava com medo". Esta teoria,
inversamente, assegura que primeiro nós reagimos a uma situação (fugir e chorar
14

acontecem antes da emoção) e depois nós interpretamos nossas ações através de uma
resposta emocional. Deste modo, as emoções servem para explicar e organizar as ações
para o nosso sistema mental.

2.3 Teorias Neurobiológicas

Estas teorias são baseadas nas descobertas feitas sobre o mapeamento neural
do sistema límbico, a explicação neurobiológica para a emoção humana é que a emoção
é um 'agradável' (prazeroso) ou 'desagradável' (doloroso) estado mental organizado no
sistema límbico do cérebro dos mamíferos. Isto se distingue das respostas reativas
dos répteis, emoções poderiam então ser elaborações dos mamíferos da avaliação de
padrões (nos vertebrados), onde substâncias neuro-químicas
(ex. dopamina, noradrenalina e serotonina regulam o nível de atividade cerebral, com
movimentos corporais visíveis, gestos e posturas. Nos mamíferos, primatas e seres
humanos, sentimentos são demonstrados por manifestações emocionais.

Por exemplo, a emoção humana do amor é apresentada envolvendo os circuitos de


Paleo (paleocircuits) do cérebro mamífero (especificadamente, os módulos do 'giros
cíngulo' (cingulate gyrus)) com capacidade de cuidar, alimentar e ordenar a prole. Os
circuitos de Paleo são plataformas neurais para expressão corporal configurados em
forma de redes de neurônio no prosencéfalo, tronco cerebral e coluna espinhal. Eles se
desenvolveram principalmente nos mamíferos mais recentes (earliest mammalian
ancestors), tal como feito pelo peixe, para controlar seu sistema motor. Presumivelmente,
antes do cérebro mamífero, a vida no mundo não verbal era automática, pré-consciente e
previsível. O controle motor dos répteis reage às indicações dos sentidos de visão,
audição, tato, cheiro, gravidade e movimentação com um pré-conjunto de padrões de
movimentação e posturas programadas. Com o surgimento dos mamíferos noturnos,
cerca de 180 milhões de anos depois, o cheiro substitui a visão como o sentido
dominante, e o modo diferente de obter respostas do sentido olfativo, assim como é
proposto nisto ter se desenvolvido nos mamíferos a emoção e a memória emocional.
No período jurássico, o cérebro dos mamíferos investiu pesadamente na função olfativa
para sobreviver durante a noite, enquanto os répteis dormiam. Este padrão de
comportamento orientado ao cheiro, gradualmente formou os alicerces do que seria o
atual sistema límbico humano.
15

Emoções são conhecidas por serem relacionadas com atividade cerebral em áreas
relacionadas com a atenção, motivação do comportamento, e determina o que é relevante
para os seres humanos. Trabalhos pioneiros de Broca (1878), Papez (1937) e MacLean
(1952) sugerem que a emoção é relacionada com um grupo de estruturas no centro do
cérebro chamado sistema límbico, tais como o hipotálamo, o córtex
cingulado, hipocampo e outras estruturas. Pesquisas mais recente vem mostrando que
alguma destas estruturas do sistema límbico são não tão diretamente relacionadas com a
emoção, enquanto estruturas não límbicas tem se mostrado mais relevantes no processo
emocional.

2.4 Córtex pré-frontal

Existem grandes evidências que o córtex préfrontal esquerdo é ativado devido a um


estímulo que cause uma avaliação positiva. Se o estímulo atrativo pode seletivamente
ativar uma região do cérebro, então é logicamente conveniente postularmos que a
ativação seletiva de região do cérebro deveria causar que um estímulo seja julgado mais
positivamente. Isto pode ser demonstrado através de um moderado estímulo visual e
replicado e estendido para incluir estímulos negativos.

Dois modelos neurobiológicos da emoção no córtex pré-frontal se opõe. O modelo de


valência propõe que a raiva, uma emoção negativa, poderia ativar pelo lado direito do
córtex pré-frontal. Já o modelo de direção propõe que a raiva, uma abordagem
emocional, poderia ativar o lado esquerdo do córtex pré-frontal.

Isto deixa aberto a questão de se a abordagem oposta no córtex pré-frontal é melhor


descrita como uma "fuga de movimento" (modelo de direção), como um não
movimentado mas com força e resistência (Modelo de movimento) ou como um não
movimentado mas com ativação passiva (Modelo de ativação por tendência). Este último
modelo é baseado nas pesquisas sobre timidez e pesquisas sobre a inibição
comportamental. Pesquisas que testam a competência da hipótese generalizar todos os
quatro modelos estão embasados na teoria de ativação por tendência.
16

2.5 Emoção Homeostática

Outra abordagem neurológica, descrita em Bud Craig em 2003, distingue entre duas
classes de emoção: "Emoções clássicas", incluem luxúria, raiva e medo, e eles são
sentimentos evocados por um estímulo ambiental, cada um motivado por nós (como, por
exemplo, respectivamente, sexo/luta/fuga). " Emoções homoestáticas humanas são
sentimentos evocados por estados internos corporais, cada modulando nosso
comportamento. Sede, fome, sentido de calor ou frio, sentimento de sono, desejo de sal e
ar, são exemplos de emoções homeostáticas; Cada uma é um sinal do corpo dizendo
"Coisas não estão certas em mim. Bebida/comida/movimento para obter
sombra/calor/dormir/comer sal/respirar". Nós começamos a sentir uma emoção
homeostática quando um desses sistemas sai do balanço, e o sentimento nos apresenta
para fazer o que é necessário para tornar o sistema balanceado novamente. Dor é uma
emoção homeostática que nos diz "Alguma coisa não está certa aqui. Recolha-se e
proteja-se."

2.6 Outras Definições

Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que move


um organismo para a ação. A emoção se diferencia do sentimento, porque, conforme
observado, é um estado neuropsicofisiológico (Freitas-Magalhães, 2007).

O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos
do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em
acréscimo à mudança psico-fisiológica. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência
Emocional, discute esta diferenciação por extenso.

Etimologia

Etimologicamente, a palavra emoção provém do Latim emotione, "movimento,


comoção, acto de mover". É derivado tardio duma forma composta de duas palavras
latinas: ex, "fora, para fora", e motio, "movimento, ação", "comoção" e "gesto". Esta
formação latina será tomada como empréstimo por todas as línguas modernas européias.
A primeira documentação do francês émotion é de 1538. A do inglês motion é de 1579.
17

O italiano emozione, o português emoção datam do começo do século XVII. Nas duas
primeiras línguas, a acepção mais antiga é a de "agitação popular, desordem".
Posteriormente, é documentada no sentido de "agitação da mente ou do espírito".

A palavra aparece normalmente denotando a natureza imediata dessa agitação nos


humanos e a forma em que é experimentada por eles, ainda que em algumas culturas e
em certos modos de pensamento é atribuída a todos os seres vivos. A comunidade
científica aplica-a na linguagem da psicologia, desde o século XIX, a toda criatura que
mostra respostas complexas similares às que os humanos se referem geralmente como
emoção.

Emoção cognitiva

Cognição diz respeito ao conhecimento, então, emoção cognitiva é aquela que


sentimos e sabemos definir o porque de senti-la. Um bom exemplo é quando vemos
alguém atirar com uma arma em nossa direção e sabemos que são tiros de festim.
Provavelmente nossa emoção é menor do que se não soubéssemos a respeito do festim.
A avaliação cognitiva é importante pois através dela podemos aprender a controlar uma
determinada emoção.

Abordagens disciplinares

Muitas disciplinas diferentes produziram trabalhos sobre as emoções. As ciências


humanas estudam o papel das emoções nos processos mentais, distúrbios e os
mecanismos nervosos. Em psiquiatria, as emoções são analisadas no âmbito do estudo da
disciplina e no tratamento de transtornos mentais em seres humanos.
A psicologia examina as emoções de uma perspectiva científica, tratando-as como
processos mentais e de comportamento e explora os processos subjacentes fisiológicos e
neurológicos. Nos subcampos da neurociência, tais como neurociência
social e neurociência afetiva, os cientistas estudam os mecanismos nervosos da emoção
através da combinação da neurociência com o estudo psicológico da personalidade,
emoção e humor. Em lingüística, a expressão da emoção pode alterar o significado dos
sons. Na educação, o papel das emoções em relação à aprendizagem é objeto de estudo.
18

As ciências sociais freqüentemente examinam a emoção pelo papel que desempenha


na cultura humana e nas interações sociais. Em sociologia, as emoções são examinados
de acordo com o papel que desempenham na sociedade humana, os padrões e interações
sociais e a cultura. Em antropologia, o estudo da humanidade, os estudiosos utilizam a
etnografia para realizar análises contextuais e comparações culturais de uma gama de
atividades humanas; alguns estudos de antropologia examinam o papel das emoções nas
atividades humanas. No campo da ciências da comunicação, especialistas em críticas
organizacionais têm examinado o papel das emoções nas organizações, a partir das
perspectivas de gestores, trabalhadores e até mesmo clientes. Um foco sobre as emoções
nas organizações pode ser creditado ao conceito de Arlie Russell
Hochschild sobre trabalho emocional.

2.7 Ciência da Computação

Na década dos anos 2000, pesquisas em ciência da computação, engenharia, psicologia e


neurociência estão pesquisando sobre o reconhecimento da [Afeição|Afetividade]] humana
através de modelos da emoção humana. Na ciência da computação, Computação Afetiva é um
ramo de estudo e desenvolvimento da Inteligência Artificial que investiga:

 Como desenvolver sistemas e dispositivos que podem reconhecer, interpretar e


processar emoções humanas;

 Como causar comportamento verossímil emocional artificialmente (Bates).

 Como usar modelos de emoção para desenvolver algoritmos para tomada de


decisão em agentes artificiais.

Teóricos notáveis

No final do século 19, a teoria mais influente era a Teoria James-Lange (1834-
1900). James era um psicólogo americano e filósofo que escreveu sobre psicologia
da educação, psicologia da religião/misticismo e a filosofia do pragmatismo. Lange
era um médico e psicólogo dinamarquês. Eles trabalharam independentemente, e
desenvolveram a tal teoria, que hipotetiza a origem e natureza das emoções. Ela
19

propõe que seres humanos possuem certas respostas a experiência do mundo, o


sistema nervoso autônomo cria fisiológicos eventos como tensão muscular,
alteração do batimento cardíaco, transpiração, secura da boca. Sendo a emoção
então sentimentos sobre estas alterações fisiológicas, sendo estas alterações a causa
das emoções. (E não o contrário).

Alguns das mais influentes teorias da emoção do século 20 foram realizadas


em sua última década. Entre os teóricos estão Magda B. Arnold (1903-2002), um
psicólogo americano que desenvolveu a Teoria da Avaliação das emoções. Richard
Lazarus (1922-2002), outro psicólogo americano que especificou a emoção e o
estresse em relação a cognição. Herbet Simon (1918-2001), propôs o papel da
emoção na Tomada de Decisão e seu estudo na Inteligência Artificial. Robert
Plutchik (1928-2006), um psicólogo americano, desenvolveu uma teoria psico-
evolucionária da emoção. Em adição, um filósofo americano, Robert C.
Solomon (1942-2007), contribuiu para as teorias sobre a filosofia das emoções com
o livro What Is An Emotion?: Classic and Contemporary Readings (Oxford, 2003).
20

3 - RAIVA

Raiva é um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém


ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego sente-se ferido ou ameaçado. A intensidade
da raiva, ou a sua ausência, difere entre as pessoas. Joanna de Ângelis aponta o
desenvolvimento moral e psicológico do indivíduo como determinante na maneira como a
raiva é exteriorizada.

A raiva também pode ser um sentimento passageiro ou prolongado (rancor) e a


expressão da irritabilidade e agressão humana. Outros nomes
como fúria, ira,cólera, ódio, crueldade, etc. aplicam-se à distintas formas ou modulações desse
sentimento que enquanto expressão do instinto de agressão é extensível aos
demais vertebrados.

Diferentes origens

A raiva pode ter diversas origens, tais como:

 O desejo de vingança: Quando alguém foi de alguma forma insultado, ou prejudicado


por outra pessoa, e sente o desejo que ela sinta o mesmo que está sentindo.

 A inveja: Uma pessoa pode sentir raiva de outra pelo fato desta ter algo que aquela
gostaria para si, no entanto, como não possui recursos próprios para adquirir estes objetos
de desejos, e pela sua imaturidade moral, passa a sentir raiva de quem os têm.

 O ego: Uma pessoa pode sentir raiva de uma outra pelo fato desta ter afrontado ou
ridicularizado o seu ego. A raiva, neste caso, é uma tentativa de proteção ao impor-se uma
postura agressiva diante da afronta.

 O instinto de superioridade: Uma pessoa que no seu íntimo tem a falsa percepção de
superioridade em relação aos demais, quando se vê em uma situação em que não é
compreendida ou aceita como gostaria que o fosse, utiliza-se da raiva como mecanismo de
evasão dos seus instintos violentos, afligindo a todos que encontram-se ao seu lado.
21

 A família: Pode ocorrer quando os pais não dão a devida atenção aos filhos,
desinteressando-se pelos problemas que venham a afligir a prole. Inconscientemente o
indivíduo começa a ressentir-se, o que ao longo dos anos pode gerar raiva acumulada.

 O trânsito: Segundo Joanna de Ângelis (2005), é bem comum acidentes


automobilísticos devido a "raiva mal contida" de motoristas que não se conformam em
serem ultrapassados por outros carros, e ao invés de facilitar a ultrapassagem terminam
expondo o outro automóvel a perigos que podem resultar em um acidente.

Conseqüências

A raiva é como uma doença que vai corroendo de dentro para fora, e que causa
diversos prejuízos físicos, mentais e espirituais para o próprio enfermo e para as pessoas que a
este acompanham.

Como conseqüências da raiva podem ter:

 A violência verbal.

 A violência física.

 O Ódio, que consiste numa ênfase de raiva, que geralmente dura mais tempo e
acompanha um desejo contínuo de mal a alguém.

 O comportamento agressivo, que se dá quando o indivíduo assume uma postura


contínua de mau humor e raiva, pode ter sua origem em pequenas frustrações que no
decorrer da vida se acumulam, e que não foram superadas através de diálogos
compreensivos e do perdão ao próximo e a si mesmo.

O perdão consiste em desistir de qualquer ressentimento quando se é, de alguma forma,


prejudicado. Por isso existe quem considera o ato de perdoar como uma possível "cura" para a
Raiva.

No corpo humano a raiva gera problemas no sistema nervoso central, disfunção das
glândulas de secreção endócrina, distúrbios no aparelho digestivo e desequilíbrio psicológico.
22

3.1 Ira é um intenso sentimento de raiva, ódio, rancor, um conjunto de fortes emoções e
vontade de agressão geralmente derivada de causas acumuladas ou traumas. Pode ser visto
como uma cólera e um sentimento de vingança, ou seja, uma vontade frequentemente tida
como incontrolável dirigida a uma ou mais pessoas por qualquer tipo de ofensa ou insulto.

Ira

Ira é um sentimento mental e emotivo de conflito com o mundo externo ou consigo


mesmo, que controlamos pouco e manejamos pior ainda, deixando-nos fora de nossas ações.
Essa explicação quer dizer que a ira é uma emoção que surge em nossa mente devido a um
acontecimento especial ocorrido, seja no meio em que a pessoa está ou com ela mesma, diante
de alguma situação qualquer. Ou seja, a ira pode refletir-se tanto contra os outros quanto
contra si próprio, dependendo de como se desenha o ocorrido. Quando surge a ira, somos
tomados pelas emoções de tal forma que perdemos a racionalidade, deixando-nos fora de
nosso juízo normal, podendo nos levar a cometer erros da qual nos arrependeremos
posteriormente.

Por ter componentes irracionais, a ira não deve ser confundida com o ódio, que pode
atingir seus objetivos destrutivos somente pela racionalidade. A ira é uma explosão forte de
um sentimento ruim, proveniente de uma contrariedade, de uma desilusão, de um
acontecimento inesperado e ruim, de uma inconformidade ou de uma culpa. Essa explosão,
quando ocorre, faz o indivíduo perder a noção de seus atos, fazendo-o agir irracionalmente.
Quando muito forte, a ira pode converter-se em ódio, o que faz a pessoa querer, pelo uso da
razão, se vingar e compensar o que sente de ruim, sentindo prazer ao obter êxito. A ira é um
sentimento rápido e breve, enquanto o ódio pode durar até uma vida inteira. Apesar disso,
num ataque de ira, pode-se cometer erros até mais graves que as vinganças movidas pelo ódio,
tamanho seu poder de estimular os ímpetos maléficos de uma pessoa.

A linguagem popular pode apoderar-se do fato de que a raiva é algo diferente de nós,
não inerente ao ser humano normal, fazendo-nos perder a capacidade de controle e uso da
razão, com o objetivo de criar expressões e ditos muitas vezes jocosos. Quando uma pessoa
23

está irada, é comum que se diga que ela virou um bicho, está com o diabo no corpo, possuída
ou muitas outras expressões que mudam conforme a região e o país em que se vive.

3.2 Frustração é uma emoção que ocorre nas situações onde algo obstrui o alcance dum
almejo pessoal. Quanto mais importante for o objetivo, maior será a frustração. É comparável
à raiva.

As fontes da frustração podem ser internas ou externas. As fontes internas da


frustração envolvem deficiências pessoais como falta de confiança ou medo de situações
sociais que impedem uma pessoa de alcançar uma meta; causas externas da frustração, por
outro lado, envolvem condições fora do controle da pessoa, tais como uma estrada bloqueada
ou falta de dinheiro, por exemplo.

Em termos de psicologia, o comportamento passivo-agressivo é um método de lidar


com a frustração. Quando esta não funciona, outra "solução" comumente adotada é uma
"regressão" (inconsciente, consciente ou simulacra) a um comportamento infantil e mimado,
geralmente visando comover ou sensibilizar terceiros através de algum tipo de apelação
emocional.
24

4 - ESTRESSE

Estresse (português brasileiro) ou stresse (português europeu) pode ser definido


como a soma de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos
(estressores) e que permitem ao indivíduo (humano ou animal) superar determinadas
exigências do meio-ambiente e o desgaste físico e mental causado por esse processo.

O termo estresse foi tomado emprestado da física, onde designa a tensão e o desgaste a
que estão expostos os materiais, e usado pela primeira vez no sentido moderno em 1936 pelo
médico Hans Selye na revista científica Nature.

O stress pode ser causado pela ansiedade e pela depressão devido à mudança brusca no
estilo de vida e a exposição a um determinado ambiente, que leva a pessoa a sentir um
determinado tipo de angústia. Quando os sintomas de estresse persistem por um longo
intervalo de tempo, podem ocorrer sentimentos de evasão (ligados à ansiedade e depressão).
Os nossos mecanismos de defesa passam a não responder de uma forma eficaz, aumentando
assim a possibilidade de vir a ocorrer doenças, especialmente cardiovasculares.

O termo estresse, ou consumição, foi usado por SELYE (1976) com um sentido neutro
- nem positivo nem negativo. Ele o definiu como "reação não-específica do corpo a qualquer
tipo de exigência". A partir dessa definição SELYE diferencia dois tipos de estresse: o
eustresse (eustress) ou agaste, que indica a situação em que o indivíduo possui meios (físicos,
psíquicos...) de lidar com a situação, e o distresse (distress) ou esgotamento, que indica a
situação em que a exigência é maior do que os meios para enfrentá-la. Apesar de ainda ser
usado em inglês, o termo "distresse" caiu quase em desuso, sendo substituído pelo próprio
termo estresse, que passou a ter o sentido (atual) negativo de desgaste físico e emocional.

Outro termo importante no estudo do estresse é o termo estressor ou esgotador, que


indica um evento ou acontecimento que exige do indivíduo uma reação adaptativa à nova
situação; a essa reação se dá o nome de coping (ing. lidar). Tais reações de coping ou
adaptação podem ser funcionais ou disfuncionais, conforme cumpram ou não sua função na
superação da situação na adaptação a ela.
25

Os estressores, dependendo do grau de sua nocividade e do tempo necessário para o processo


de adaptação, dividem-se em:

1. Acontecimentos biográficos críticos (ing. life events): são acontecimentos (a) localizáveis
no tempo e no espaço, (b) que exigem uma reestruturação profunda da situação de vida e (c)
provocam reações afetivo-emocionais de longa duração. Esses acontecimentos podem ser
positivos e negativos e ter diferentes graus de normatividade, ou seja, de exigência social.
Exemplos são casamento, nascimento de um filho, morte súbita de uma pessoa, acidente, etc.

2. Estressores traumáticos: são um tipo especial de acontecimentos biográficos críticos que


possuem uma intensidade muito grande e que ultrapassam a capacidade adaptativa do
indivíduo (ver trauma).

3. Estressores quotidianos (ing. daily hassels): são acontecimentos desgastantes do dia-a-


dia, que interferem no bem-estar do indivíduo e que se experiência como ameaçadores,
magoantes, frustrantes ou como perdas. Exemplos são problemas com o peso ou com a
aparência, problemas de saúde de parentes próximos que exigem cuidados, aborrecimentos
com acontecimentos diários (cuidados com a casa, aumento de preços, preocupações
financeiras, etc.)

4. Estressores crônicos (ing. chronic strain): são (a) situações ou condições que se extendem
por um período relativamente longo e trazem consigo experiências repetidas e crônicas de
estresse (exemplos: excesso de trabalho, desemprego, etc.) e (b) situações pontuais (ou seja
com começo e fim definidos) que trazem consigo consequências duradouras (Exemplo:
estresse causado por problemas decorrentes do divórcio).

Exemplos de estressores:

 Desprezo amoroso;

 Dor e mágoa;

 Luz forte;

 Níveis altos de som;


26

 Eventos: nascimentos, morte, guerras, reuniões, casamentos, divórcios, mudanças,


doenças crônicas, desemprego e amnésia;

 Responsabilidades: Dívidas não pagas e falta de dinheiro;

 Trabalho/estudo: provas, tráfego lento e prazos pequenos para projetos;

 Relacionamento pessoal: conflito e decepção;

 Estilo de vida: comidas não-saudáveis, fumo, alcoolismo e insônia;

 Exposição de stress permanente na infância (abuso sexual infantil);

 Idade;

 Calor.

4 -1 Teorias do estresse

As várias teorias do estresse, antes de serem teorias concorrentes, são teorias


complementares, que se baseiam umas nas outras.

4.2 Reação de emergência

Uma das primeiras teorias do estresse, apresentada pelo fisiologista Walter Cannon em
1914, ainda antes de a palavra ser utilizada com o sentido atual, foi a chamada "teoria da luta
ou fuga" (fight-or-flight). Segundo essa teoria em situações de emergência o organismo se
prepara para "o que der e vier", ou seja, para lutar ou fugir, segundo o caso. Esse tipo de
reação foi observado em animais e em humanos. Estudos empíricos puderam observar um
outro tipo de reação, chamado "busca de apoio" (tend-and-befriend), observado pela primeira
vez em mulheres. Essa outra reação ao estresse caracteriza-se pela busca de apoio, proteção e
amizade em grupos.

4.2 Síndrome geral de adaptação


27

Essa teoria, chamada general adaption syndrome em inglês, é a teoria original de Seyle
(1936), segundo a qual o organismo reage à percepção de um estressor com uma reação de
adaptação (ou seja, o organismo se adapta à nova situação para enfrentá-la), que gera uma
momentânea elevação da resistência do organismo. Depois de toda tensão deve seguir um
estado de relaxamento, pois apenas com descanso suficiente o organismo é capaz de manter o
equilíbrio entre relaxamento e excitação necessário para a manutenção da saúde. Assim se o
organismo continuar sendo exposto a mais estressores, não poderá retornar ao estágio de
relaxamento inicial, o que, a longo prazo, pode gerar problemas de saúde (exemplo:
problemas circulatórios). Esse processo atravessa três fases:

 Reação de alarme: a glândula hipófise secreta maior quantidade do hormônio


adrenocorticotrófico que age sobre as glândulas supra-renais. Estas passam a secretar
mais hormônios glicocorticóides, como o cortisol. Este por sua vez inibe a síntese
proteica e aumenta a quebra de proteínas nos músculos, ossos e nos tecidos linfáticos.
Todo esse processo provoca um aumento do nível de aminoácidos no sangue, que
servem ao Fígado para a produção de glicose, aumentando assim o nível de açúcar no
sangue - a excessiva produção de açúcar poder levar a um choque corporal. Outra
consequência da inibição da síntese de proteínas é a inibição do sistema imunológico.

 Estágio de resistência: caracterizado pela secreção de somatotrofina e de corticóides.


Gera, com o tempo, um aumento das reações infecciosas.

 Estágio de esgotamento: não cessando a fonte de estresse, as glândulas supra-renais se


deformam. Doenças de adaptação podem aparecer.

4.3 O modelo de Henry

Este modelo diferencia as reações corporais de acordo com a situação estressora: fuga
gera um aumento de adrenalina, luta de noradrenalina e testosterona, depressão (perda de
controle, submissão) um aumento de cortisol e uma diminuição de testosterona.

4.4 O modelo transacional de Lazarus

Esse modelo, também chamado de modelo cognitivo, sublinha a importância de


processos mentais de juízo para o estresse: segundo ele, as reações de estresse resultam da
28

relação entre exigência e meios disponíveis. Essa relação é, no entanto, mediada por
processos cognitivos (juízos de valor e outros). Assim, não apenas fatores externos podem
agir como estressores, mas também fatores internos, como valores, objetivos, etc. O modelo
prevê dois processos de julgamento:

1. Juízo primário (primary appraisal): modificações, que exigem uma adaptação do


organismo para a manutenção do bem-estar, são julgadas quanto a três aspectos - se a situação
é (a) irrelevante, (b) positiva ou (c) negativa para os objetivos do indivíduo. Se os
acontecimentos são considerados irrelevantes ou positivos, não ocorre nenhuma reação de
estresse; reações de adaptação são típicas de situações julgadas negativas, nocivas ou
ameaçadoras.

2. Juízo secundário (secondary appraisal): Após a decisão sobre a necessidade de adaptação,


ocorre um julgamento dos meios disponíveis (recursos para essa adaptação, para a solução do
problema. Se a relação entre exigências e meios for equilibrada, então a situação é tomada por
um desafio - o que corresponde ao conceito de estresse (estresse positivo, ver acima
"Definições"); se os estressores forem tomados por um dano ou perda o indivíduo experiência
emoções de tristeza e de diminuição da auto-estima ou de raiva; se os estressores forem
considerados uma ameaça a emoção é medo - ambos os casos correspondem ao distresse de
Seyle

4.5 Teoria da manutenção de recursos de Hobfoll

A teoria do grupo de pesquisa de Hobfoll apresenta uma compreensão mais ampla e


mais ligada ao contexto social do estresse. Ela parte do princípio que o ser humano têm por
objetivo manter os recursos pessoais (ing. ressources) que têm e buscam gerar novos. Estresse
define-se aqui como uma reação ao meio-ambiente em que ou (1) há uma ameaça de perda de
meios, ou (2) há uma real perda de meios, ou ainda (3) o aumento de meios esperado fracassa
depois de uma investição com o objetivo de aumentá-los.

4.6 O modelo estresse-vulnerabilidade

De acordo com o modelo estresse-vulnerabilidade o irromper de um transtorno


mental ou de uma doença física está ligado, de um lado, à presença de uma predisposição
29

genética ou adquirida no decorrer da vida (vulnerabilidade) e, de outro, à exposição a


estressores. Quanto maior a predisposição, menor precisa ser o nível de estresse para que um
distúrbio qualquer irrompa. A relação entre vulnerabilidade e estresse, no entanto, é mediada
pela resiliência, ou seja, a capacidade do indivíduo de resistir ao estresse.
30

5 - SENTIMENTOS E EMOÇÕES

Cada fator emocional se acha em relação com um Zang, do qual depende. Mas é
importante notar que os fatores emocionais, assim como são resultado das atividades
funcionais e dos movimentos do Qi, também tem ações específicas neste movimento. Ou seja,
cada fator emocional se acha em relação com um Zang, ao qual também pode perturbar
prioritariamente.

A relação entre as emoções e os órgãos tem dupla direção: as patologias orgânicas


podem provocar perturbações emocionais, assim como as emoções descontroladas alteram o
movimento harmônico do Qi. Isso explica o motivo pelo qual indivíduos submetidos a um
stress psíquico prolongado, ou seja, expostos a uma energia que sobrecarrega o sistema
energético, tenham maior tendência a desenvolver doenças.

Existem três fatores de doença que são levados em conta na tradição oriental: os
fatores externos, os internos e os mistos. Os fatores externos se referem às seis influências
climáticas perniciosas (Vento, Frio, Calor, Umidade, Secura e Fogo). Os fatores mistos se
referem ao estilo de vida (nutrição, ocupação, atividade física, relacionamentos, trauma,
parasitas, etc.).

Mas os fatores internos são os que mais nos interessam neste estudo.

Os fatores internos que desencadeiam as patologias são os Sete Sentimentos ou as


Cinco Emoções, que afetam as funções harmoniosas dos Zang-Fu, a formação de Substâncias
Puras e o transporte delas através dos Jing Luo para todas as partes do corpo, podendo assim,
desestabilizar o equilíbrio Yin-Yang do homem.

Os Sete Sentimentos são: Alegria, Raiva, Preocupações, Pensamento, Tristeza, Medo,


Pavor, e representam as modificações do Espírito em reação à percepção de mensagens
emocionais transmitidas pelo ambiente. Eles não são patogênicos em si ou quando o quadro
energético não dá condições ao desequilíbrio, mas em seguida a stress brutais, extremos,
violentos ou muito prolongados, podem desencadear uma desordem funcional no Qi ou no
Sangue dos Zang-Fu. A ação patogênica dos Sete Sentimentos é considerada uma das
principais fontes dos desequilíbrios de origem interna, já que afetam aos Zang-Fu
31

diretamente. Esses Sentimentos, segundo a sua natureza, atuam de maneira oposta sobre a
energia, obstruem, produzem excesso ou deficiência.

Aplicados à teoria dos Cinco Movimentos, os Sete Sentimentos são associados aos
cinco elementos e são denominados Cinco Emoções. São elas: Alegria, Raiva, Preocupação,
Tristeza e Medo. As Cinco Emoções são elaboradas normalmente pelos cinco Zang, mas seu
excesso pode vir a ferir o órgão ao qual corresponde.

Tabela 5 elementos / emoções

Elemento Órgão Sentimento

Madeira Fígado Raiva

Fogo Coração Alegria

Terra Baço Pensamento ou preocupação

Metal Pulmão Tristeza

Água Rim Medo


32

Auteroche explica: com a Raiva o Qi sobe, produzindo um distúrbio na função de


manutenção do fluxo suave de Qi, executado pelo Fígado. Com a Alegria o Qi se dissolve,
dispersando muitas vezes o Qi do Coração. Com a Tristeza o Qi é diminuído, atrapalhando a
função do Pulmão de difusão do Qi. Com a preocupação o Qi fica bloqueado, prejudicando o
Baço na tarefa de transformação e transporte. Com o Medo o Qi desce, diminuindo a solidez e
o controle da Água efetuado pelo Rim.

"O estado mental tem ação imediata na atividade funcional do Qi e do Xue dos
Órgãos, e por aí uma ação sobre a força ou fraqueza do Correto. No homem de mente sólida,
`bem em sua pele', a atividade dos órgãos é regular, o Qi e o sangue circulam bem, o Correto
é abundante e rechaça facilmente o Perverso. No homem de mente desorganizada, `mal em
sua pele', os órgãos não funcionam em harmonia, o Qi e o sangue são freados, o Correto é
enfraquecido e o perverso penetra facilmente no corpo, provocando doenças"

Por outro lado a manifestação de uma Emoção revela um distúrbio que afeta o órgão.
Por exemplo, segundo AUTEROCHE, O Qi do Baço em estado de vazio manifesta-se por
depressão e astenia mental, o Qi do Baço em estado de plenitude manifesta-se por obsessão e
idéia fixa.

O Qi do Rim quando vazio por indecisão, apreensão e em plenitude por autoritarismo,


extravagância. O Qi do Pulmão quando vazio por angústia e em plenitude por superexcitação.
O Qi do Fígado quando vazio há medo e em plenitude há raiva. O Qi do Coração quando
vazio há choros e em plenitude há risos ininterruptos.

É uma via de mão dupla. As relações das Cinco Emoções com os órgãos podem assim
ser resumidas: em excesso elas prejudicam a circulação do Qi; e por outro lado o mau
funcionamento do Qi do Órgão pode ser revelado por um distúrbio do sentimento
correspondente.

Assim há dois aspectos principais a se notar nas emoções:

a) Como fatores que originam desarmonias dos Zang-Fu.

b) Como sintomas das desarmonias dos Zang-Fu.


33

E seguindo a lei de geração e restrição dos Cinco Movimentos, as emoções também


podem se engendrar e se combater mutuamente: seguindo o ciclo de geração cada emoção
pode aumentar a próxima (por exemplo: o medo gera a raiva), seguindo o ciclo de dominação
uma é restringida pela outra (por exemplo: o medo controla a alegria).

Concluindo, "os minuciosos observadores do Extremo Oriente estimam que não existe
enfermidade lesional (com exceção, por assim dizer, dos traumatismos) que não seja
precedida por transtornos físicos funcionais; e estes, por sua vez, estão enunciados por
alterações morais ou mentais. Na realidade, estas primeiras mudanças da personalidade
constituem o começo da enfermidade". Assim, voltamos ao ponto de partida, onde toda a
sintomatologia vai ter como pano de fundo um desequilíbrio Yin-Yang.

5.1 DIFERENCIAÇÃO DE SINDROMES

Identificar a causa de desarmonia do paciente é uma das partes mais importantes da


prática médica chinesa. É importante não considerar o desequilíbrio em questão como causa
da patologia. Saber se um sintoma é realmente só um sintoma ou é a causa de uma patologia,
diferenciar os tipos de síndromes faz parte do diagnóstico chinês. Por exemplo, um paciente
que apresenta diarréia, cansaço e anorexia, a deficiência de Qi do Baço não será a causa da
patologia, mas simplesmente uma expressão da desarmonia presente, que pode estar
localizada nos hábitos dietéticos, no estilo de vida, prática de exercícios, etc.

Qualquer desarmonia contínua pode se tornar uma causa patológica, por exemplo, um
estado de medo e ansiedade prolongado, pode causar a deficiência do Rim, por outro lado se o
Rim se tornar deficiente poderá provocar sentimentos de medo e ansiedade.

A Maioria das emoções pode, por um longo período, originar fogo, isso porque a
maioria das emoções pode causar estagnação do Qi e quando o Qi está comprimido por um
longo período, pode gerar fogo.

A raiva, ou fúria, pode afetar o Fígado e se persistir, causar estagnação do Qi do


Fígado ou sangue, aumentando o Yang do Fígado ou atiçando o fogo do Fígado. Isso causa
geralmente cefaléia, zumbido, tontura, sede, língua vermelha e gosto amargo na boca. Alguém
34

que esteja furioso nem sempre demonstra este sintoma, a pessoa pode apresentar submissão,
depressão e palidez. O estado que poderia ser associado a uma pessoa deprimida, julgando a
aparência, seria tristeza, mas na verdade nem sempre isso acontece. Quando o problema é a
fúria e não a tristeza, a língua fica vermelha e seca e o pulso em corda, e essa depressão é
mais provável que seja decorrente de um ressentimento duradouro.

A preocupação é uma causa patológica muito comum em nossos dias, é muito comum
o excesso de trabalho mental induzir à deficiência das funções do Baço, principalmente para
pessoas que não tem uma dieta correta, a preocupação também freia o Qi do Pulmão
provocando ansiedade, dispnéia e rigidez nos ombros e pescoço.

Com isso podemos perceber a importância e ao mesmo tempo a dificuldade em se fazer esse
diagnóstico diferencial. Para exemplificar melhor escolhi a depressão para fazer essa
diferenciação de síndromes.

Na visão oriental a depressão é considerada uma síndrome Dian, originada pela


inconformidade de ânimo e paixão, e também pelo estancamento do mecanismo do Qi.
Manifesta-se principalmente por depressão anímica, ansiedade, distensão e dor no
hipocôndrio, tristeza e vontade de chorar, assim como a sensação de obstrução na garganta. A
origem da enfermidade pode estar relacionada em sua totalidade a feridas da paixão e
vontade, excessos de raiva, preocupação, ansiedade, angústia, tristeza, que conduzem a falta
de canalização do Fígado, disfunção do Baço, má nutrição do Coração, pode ser provocada
por mucosidade perturbando a cavidade cardíaca, e o fogo gerado pela mucosidade atacando o
Coração, e desequilíbrio entre o yin e o yang de órgãos e vísceras. A depressão está
intimamente ligada a distúrbios do Fígado com relação ao temperamento pela MTC. Mas
pode afetar outros Zang Fu, essa sintomatologia geralmente é relatada pelo enfermo.

Também pela MTC, existem 6 formas de classificar e tratar à Depressão, conforme os


sintomas referidos pelo enfermo:

· 1- Estagnação de Qi no Fígado;

· 2 - Estagnação de Qi que se converte em fogo;

· 3 -Acumulo de mucosidade;
35

· 4 - Ansiedade que prejudica a mente;

· 5 -Deficiência de Coração e Baço

· 6 - Deficiência de Yin e excesso de fogo.

1- Estagnação de Qi no Fígado

· Sintomatologia: Depressão anímica, com instabilidade, pressão torácica, tendência a


suspiros, plenitude, distensão e dor no peito e hipocôndrio, dor fixa, distensão abdominal,
anorexia, acumulo de gases no estômago, vômitos, fezes anormais, língua pálida, saburra fina
e pegajosa, pulso em corda.

· Estratégia: equilibrar a função do Fígado assim eliminando a estagnação, regular o Qi e


recuperar a função do estômago.

· Pontos que podem ser utilizados:

Taichong (F.3) Qimen (F.14) Neiguan (PC.6) Shanzhong (VC.17) Sanyinjiao (BA.6) Zusanli
(E.36).

*Receitas e estratégias indicadas por: Dr. Ye Chenggu, médico em Beijing, em seu livro
"TRATAMENTO DAS ENFERMIDADES MENTAIS POR MEIO DA ACUPUNTURA E
DA MOXABUSTÃO".

2 - Estagnação do Qi que se converte em fogo:

Sintomatologia: Irritabilidade, distensão e dor no peito e hipocôndrios, regurgitação ácida,


boca amarga e secura na garganta, prisão de ventre, pouca micção e escura, cefaléia, olhos
roxos, língua com borda roxa, saburra amarela e áspera, pulso tenso e rápido.

Estratégia: Limpar o Fígado e eliminar o fogo pode-se escolher pontos dos canais jueyin do
pé (F) e shaoyang do pé (VB), em dispersão.

Pontos que podem ser utilizados:


36

Taichong (F.3) Xingjian (F.2) Yanglingquan (VB.34) Zusanli (E.36) Tianshu (E.25) Qimen
(F.14).

3 - Acumulo de mucosidade:

· Sintomatologia: sensação de obstrução na garganta que não pode ser eliminada a não ser
através de cuspi-la, pois não pode ser engolida, sufoco no peito distensão abdominal,
anorexia, saburra branca e pegajosa pulso tenso e escorregadio, os sintomas se agravam
quando existe mudanças emocionais.

· Estratégia: Canalizar e drenar o Fígado, eliminar a estagnação, fortalecer o Baço e diluir a


mucosidade. Pode se escolher o ponto Shu (costas) do Fígado os pontos do canal VC e os
pontos do canal Jueyin do pé (F), em dispersão, também se pode coordenar com a moxa.

· Pontos que podem ser utilizados:

Ganshu (B.18) Qimen (F.14) Shanzhong (VC.17) moxa Tiantu (VC.22) Neiguan (PC.6)
Fenglong (E.40) moxa Zusanli (E.36) Sanyinjiao (BA.6)

4 - Ansiedade que prejudica a mente

· Sintomatologia: Inquietação, angustia, tristeza, vontade de chorar, sufocação no peito,


suspiros e bocejos freqüentes, preguiça constante, língua pálida saburra branca e fina, pulso
fino e tenso (quadro encontrado mais em mulheres).

· Estratégia: Confortar o peito e fazer fluir o Qi, nutrir o Coração e tranqüilizar a mente.
Pode-se escolher o ponto Shu do Coração, pontos do meridiano RM e do meridiano Shaoyin
da mão (C) como principais, tonificando coordenado com moxa.

· Pontos que podem ser utilizados:

Xinshu (B.15) Juque (VC.14) Shanzhong (VC.17) moxa Gaohuangshu (B.43) moxa Shenmen
(C.7) Neiguan (PC.6)
37

5 - Deficiência no Coração e no Baço:

· Sintomatologia: Excessiva meditação e preocupação, palpitação, insônia, amnésia, face


sem brilho, distensão abdominal, anorexia, tontura e vertigens, língua pálida, pulso filiforme
e débil.

· Estratégia: Fortalecer o Baço e nutrir o Qi, fortalecer o sangue, acalmar o animo, podendo-
se escolher pontos Shu (costas) e os canais do Baço e o estomago, método de tonificação
coordenado com moxa.

· Pontos que podem ser utilizados:

Xinshu (B.15) moxa Pishu (B.20) moxa Zhongwan (VC.12) Zusanli (E.36) moxa Sanyinjiao
(BA.6) Shenmen (C.7) Baihui (VG.20) moxa.

6 - Deficiência de Yin e excesso de fogo:

Sintomatologia: Angustia, irritabilidade, tontura e vertigem, palpitação, insônia, sudorese


noturna, rubor nas faces, calor nas palmas das mãos e planta dos pés, agulhada nos rins e
joelhos, espermatorréia, irregularidade na menstruação, língua roxa com pouca saburra, pulso
fino e rápido.

Estratégia: Tonificar Yin eliminando o calor, acalmar o Coração e tranqüilizar o animo.


Podem-se escolher os pontos Shu (costas) e pontos do canal Shaoyin do pé (R) e da mão (C)
como principais aplicando-se o método de tonificação.

Pontos que podem ser utilizados:

Xinshu (B.15) Ganshu (B.18) Shenshu (B.23) Pishu (B.20) Taichong (F.3) Ligou (F.5) Fuliu
(R.7) Yinxi (C.6).

Além disso, todos os pontos que conte no nome a palavra SHEN, são muito indicados, como
por exemplo o C7 (shenmen); B23 (Shenshu); B44 (Shentang); B62 (Shenmai); R23
(Shenfeng); R25 (Shencang); VC8 (Shenque); VG11 (Shendao); VG12 (Shenzhudu); VG24
(Shenting); além claro dos pontos do meridiano do Coração, Pericárdio e Vaso Governador.
38

Além desses pontos existem alguns pontos chamados "PONTOS DEMÔNIO", são
treze moradas ou domicílios que correspondem aos Kouei-Tsue (Os treze pontos do
demônio), indicados nos textos antigos da MTC para o tratamento de distúrbios mentais e
neurológicos.

São eles: VG26 ("Palácio do demônio"); P1 ("a crença do demônio"); BA 1 ("Fortaleza do


Demônio"); PC 7 ("Coração do Demônio"); B62 ("Estrada do Demônio"); VG 16 ("Almofada
do Demônio"); E8 ("A cama do Demônio"); VC 24 ("cidade do Demônio"); PC 8 ("Caverna
do Demônio"); VG 23 ("Caverna do Demônio"); VG 1 (“Cova do Demônio"); IG 11 ("Perna
do Demônio").
39

6 - DOR

Dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante,
associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de
uma reação orgânica e/ou emocional.

A dor é mais que uma resposta resultante da integração central de impulsos dos nervos
periféricos, ativados por estímulos locais. De fato a dor é uma experiência sensorial e
emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, ou descrita em termos de tal
(definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor - IASP).

Distinguem-se basicamente duas categorias: A dor nociceptiva e a dor neuropática.

Na dor nociceptiva há três tipos de estímulos que podem levar à geração dos potenciais de
ação nos axônios desses nervos.

1. Variações mecânicas ou térmicas que ativam diretamente as terminações nervosas ou


receptores.

2. Fatores químicos libertados na área da terminação nervosa. Estes incluem compostos


presentes apenas em células íntegras, e que são libertados para o meio extra-
celular quando de lesões como os íons Potássio, ácidos.

3. Fatores libertados pelas células inflamatórias como a bradicinina, a serotonina,


a histamina e as enzimas proteolíticas.

Vias da dor

Vias Nervosas Periféricas da Dor

Há duas vias neuronais ascendentes para a dor: a lenta e a rápida.


40

A via rápida ou do trato neoespinotalâmico é a mais recente evolutivamente. É


iniciada por estímulos mecânicos ou térmicos principalmente. Ela utiliza neurônios de
axônios rápidos (isto é de grande diâmetro), as fibras A-delta (12-30 metros por segundo).
Esta é a via que produz a sensação da dor aguda e bem localizada. O seu neurônio ocupa
a lâmina I da Medula Espinhal e cruza imediatamente para o lado contrário. Aí ascende
na substância branca na região antero-lateral até fazer sinapse principalmente
no Tálamo (núcleos póstero-lateral-ventrais), mas também na formação reticular.

A via lenta ou do tracto paleoespinotalâmico é a mais primitiva em termos evolutivos.


É iniciada pelos fatores químicos. Ela utiliza axônios lentos de diâmetro reduzido e
velocidades de condução de apenas 0,5 a 2 m/s. Esta via produz dor mal localizada pelo
indivíduo e contínua. O seu neurônio ocupa a lâmina V da Medula Espinhal e ascende depois
de cruzar para o lado oposto no tracto antero-lateral, as vezes não cruzando. Fazem sinapse na
formação reticular, no colículo superior e na substância cinzenta periaqueductal.

Se por exemplo um indivíduo sofrer um golpe, a sensação de dor imediata é a rápida,


devido às forças mecânicas que estiram o tecido conjuntivo onde se localizam receptores de
dor. Esta dor dura apenas um tempo muito limitado. Mas à medida que o tecido morre e
extravasa o conteúdo celular com diversas substâncias, e chegam à região danificada as
células inflamatórias, a dor que permanece é a dor lenta. O feto começa a sentir dor a partir da
28° semana.

As sensações corporais, táteis, térmicas e dolorosas convergem para o tálamo, que


funciona como uma rede de interpretação sensitiva, em alguns de seus núcleos, alguns dos
quais emitem projeções ao córtex cerebral, a partir do qual é possível a consciência da
sensação dolorosa ou seja, este é o momento neural após o qual a dor pode ser percebida. A
dor mais significativa do ponto de vista terapêutico é quase sempre aquela que é produzida
pela via lenta. A via rápida produz apenas sensações de dor localizada e de duração
relativamente curta que permitem ao organismo afastar-se do agente nociceptivo, mas
geralmente não é causa de síndromes em que a dor seja a principal preocupação terapêutica.
A dor crônica tem origem quando os impulsos recebidos pela via lenta são integrados
na Formação Reticular do tronco cerebral e no Tálamo. Já a este nível há percepção
consciente vaga da dor, como demonstrado em animais a quem foi retirado o córtex.
41

O Tálamo envia os impulsos para o Córtex somatosensor e para o Giro Cingulado. No


córtex cingulado é processada a qualidade emocional ou afetiva da dor (sistema límbico),
enviando impulsos de volta para o córtex somatosensor. É aí que se originam qualidades mais
precisas, como tipo de dor, localização e ansiedade emocional.

A dor tem um efeito de estimulação da maioria dos circuitos neuronais. Estes efeitos
são devidos à ativação de circuitos no nível dos núcleos intralaminares do Tálamo e das
formações reticulares pelos axônios de tipo C (lentos) que aí terminam. A ativação por estas
fibras das formações reticulares leva à ativação em spray do córtex cerebral, e principalmente
do lobo pré-central, já que a formação reticular também é responsável pela regulação do
estado de vigília. Esta estimulação traduz-se num maior estado de alerta e excitabilidade do
doente que sofre de dor, principalmente se esta é aguda.

Sistemas Analgésicos

A intensidade com que pessoas diferentes sentem e reagem a situações semelhantes


causadoras de dor é bastante variada. Esta variação deve-se não tanto a uma ativação diferente
das vias da dor mas a uma facilidade diferente nos indivíduos na ativação das vias analgésicas
naturais. A via analgésica principal tem 4 componentes principais de modulação para a
percepção da dor, no ser humano:

1. As áreas cinzentas periaquedutais e periventriculares do Mesencéfalo e Ponte superior,


em volta do aqueduto de Sylvius enviam axônios que secretam encefalinas, que
são opióides naturais (atuam no receptor dos opióides).

2. Núcleos Magno da Rafe e Reticular Gigantocelular, localizados na ponte inferior e


medula superior, recebem os axônios das áreas periaquedutais, e enviam os seus para
as colunas dorsolaterais da medula espinhal, onde liberam serotonina.

3. Núcleos de interneurônios na medula espinhal dorsal, localizados na substância


gelatinosa, inibem a criação de potenciais de ação ao liberar encefalinas
e endorfinas na sinapse local com os neurônios aferentes da dor.
42

A analgesia produzida por esta via, que é total, dura de alguns minutos a horas. A inibição
do sinal dá-se principalmente a nível do segmento da medula espinhal correspondente à
origem da dor, mas também a outros níveis como nos próprios núcleos reticulares e talâmicos.

Julga-se que este sistema permite uma regulação em feedback do nível da dor. A
excitação excessiva da via da dor induz um aumento dos sinais analgésicos a nível talâmico
reduzindo a intensidade percebida da dor. Outras áreas do cérebro, como as do sistema
límbico, que faz o controle emocional, também estão envolvidas em estimular ou inibir as
vias analgésicas naturais. Os núcleos paraventriculares do hipotálamo estimulam as áreas
periaquedutais através da liberação de β-endorfinas (opióides naturais). Assim uma mesma
lesão tecidual pode causar muito mais dor se for de causa desconhecida ou considerada pelo
indivíduo como significativa, do que se for de causa conhecida ou tida por pouco perigosa.

Além desta via específica para determinados segmentos espinhais, a hipófise produz
também beta-endorfinas, que são liberadas para o sangue e para todo o cérebro, e podem ter
importância na diminuição das sensações dolorosas em indivíduos com síndromes sistêmicas.

Sistema da Teoria das Comportas

É outro mecanismo analgésico, proposto por Melzack & Wall (1965), de importância
local. A estimulação de grande numero de fibras aferentes Aβ após estímulos táteis no mesmo
segmento ativa interneurônios produtores de encefalinas, que inibem as fibras C da dor.

Virtualmente todas as pessoas conhecem e fazem uso do mecanismo contemplado pela


teoria das comportas, mesmo que de maneira inconsciente. Quem nunca instintivamente
massageou um local onde, em virtude de uma pancada, estava sentindo dor? A massagem
estimula as fibras aferentes Aβ, que por sua vez levam a uma analgesia no local dolorido.

Subjetividade da Dor

A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo apreende a aplicação da palavra através de


experiências relacionadas com lesões nos primeiros anos de vida. Os biologistas sabem que os
estímulos causadores de dor são capazes de lesão tecidual. Assim, a dor é aquela experiência
que associamos com lesão tecidual real ou potencial.
43

Sem dúvida é uma sensação em uma ou mais partes do organismo mas sempre é
desagradável, e portanto representa uma experiência emocional. Experiências que se
assemelham com a dor, por exemplo: picadas de insetos, mas que não são desagradáveis, não
devem ser rotuladas de dor. Experiências anormais desagradáveis (diestesias) também podem
ser dolorosas, porém não o são necessariamente porque subjetivamente podem não apresentar
as qualidades sensitivas usuais da dor.

Muitas pessoas relatam dor na ausência de lesão tecidual ou de qualquer outra causa
fisiopatológica provável: geralmente isto acontece por motivos psicológicos. É impossível
distinguir a sua experiência da que é devido à lesão tecidual se aceitarmos o relato subjetivo.

Caso encarem sua experiência como dor e a relatem da mesma forma que a dor
causada por lesão tecidual, ela deve ser aceita como dor. Esta definição evita ligar a dor
ao estímulo. A atividade provocada no nociceptor e nas vias nociceptivas por um estímulo não
é dor. Esta sempre representa um estado psicológico, muito embora saibamos que a dor na
maioria das vezes apresenta uma causa física imediata.

A abordagem que se faz da dor, atualmente, é que ela é um fenômeno


‘biopsicossocial’ que resulta de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos,
comportamentais, sociais e culturais e não uma entidade dicotômica.

Tipos de Dor

A respeito da terminologia referente à dor, pode-se esclarecer os seguintes aspectos:

O limiar de dor fisiológico, estável de um indivíduo para o outro, pode ser definido
como o ponto ou momento em que um dado estímulo é reconhecido como doloroso. Quando
se usa calor como fator de estimulação, o limiar doloroso situa-se em torno dos 44°, não só
para o homem como também para diferentes mamíferos (símios, ratos). Limiar de tolerância é
o ponto em que o estímulo alcança tal intensidade que não mais pode ser aceitavelmente
tolerado e, na mesma experiência, alcança os 48°. Difere do fisiológico porque varia
conforme o indivíduo, em diferentes ocasiões, e é influenciado por fatores culturais e
psicológicos.
44

Resistência à dor seria a diferença entre os dois liminares. Expressa a amplitude de


uma estimulação dolorosa à qual o indivíduo pode aceitavelmente resistir. É também
modificada por traços culturais e emocionais, e ao sistema límbico cabe a modulação da
resposta comportamental à dor.

Para efeito de classificação médica a dor é dividida em duas categorias: as agudas, que
têm durações limitadas e causas geralmente conhecidas, e as crônicas, que duram mais de três
meses e têm causa desconhecida ou mal definida. Esta última categoria de dor aparece quando
o mecanismo de dor não funciona adequadamente ou doenças associadas a ele tornam-se
crônicas.

Significado Evolutivo

A dor é uma qualidade sensorial fundamental que alerta os indivíduos para a


ocorrência de lesões teciduais, permitindo que mecanismos de defesa ou fuga sejam adotados.
Embora possa parecer estranho, a dor é um efeito extremamente necessário. É o sinal de
alarme de que algum dano ou lesão está ocorrendo.

Por exemplo, em certas doenças como a hanseníase podem ocorrer lesões nas
terminações nervosas, tais, que a dor deixa de ser percebida. Isto faz com que com o passar do
tempo ocorram lesões que podem vir a desfigurar o portador. Como o doente não sente dor,
acontece, por exemplo, de cortar um dedo com a faca sem o perceber. Ou, em lugares onde as
condições de vida são muito precárias (como nos tempos antigos eram os lugares onde os
doentes eram confinados) ter-se uma parte do corpo comida por ratos.

É no fundo um estado de consciência com um tom afetivo de desagrado, às vezes


muito elevado, acompanhado de reações que tendem a remover ou evadir as causas que a
provocam. Ela é produzida por alterações na normalidade estrutural e funcional de alguma
parte do organismo
45

6.1 História

As civilizações antigas escreveram em placas de pedra os primeiros relatos de dor e o


tratamento utilizado: pressão, água, calor e sol. O homem primitivo relacionava dor ao
mal, magia e demônios. O alívio da dor era responsabilidade de feiticeiros, shamans e
sacerdotes, que utilizavam ervas, rituais e cerimônias no manejo.

Os gregos e romanos foram os primeiros a teorizar sensação e a idéia de que


o cérebro e o sistema nervoso tivessem um papel na produção e percepção da
dor. Aristóteles foi quem estabeleceu sua ligação com o sistema nervoso central.

Apenas durante o Renascimento, entre 1400 e 1500 que foram encontradas evidências
para esta teoria. Leonardo Da Vinci e seus contemporâneos acreditavam que o cérebro era o
órgão responsável pela sensação. Da Vinci também acreditava que era a medula espinhal que
transmitia sensações ao cérebro.

Nos séculos 17 e 18, o estudo do corpo e das sensações continuou a ser uma fonte de
descobrimento para os filósofos. Em 1664 o filósofo francês René Descartes descreveu o que
hoje é conhecido como a via da dor. Descartes ilustrou como estímulos como fogo, em
contato com o pé, viajam até o cérebro e comparou a sensação de dor com o soar de um sino.

No século 19 iniciaram-se os avanços científicos para terapia da dor. Médicos


descobriram que ópio, morfina, codeína e cocaína poderiam ser utilizadas no tratamento do
quadro. Essas drogas levaram ao desenvolvimento da aspirina, até hoje o analgésico mais
comumente utilizado. No mesmo século, com o desenvolvimento da seringa
hipodérmica a anestesia geral e local foram aperfeiçoadas e aplicadas durante cirurgias.

6.2 Avaliação da Dor

A dor deve ser quantificada para um melhor tratamento, para tal existem vários
instrumentos de avaliação sendo que os mais usuais são:

1. Escala Visual Analógica (EVA) varia de 1 a 10

2. Escala Numérica
46

3. Escala Qualitativa

4. Escala de Faces

Estes instrumentos de avaliação são unidimensionais, permitindo quantificar apenas a


intensidade da dor. Os mecanismos ideais de avaliação são multidimensionais, levando em
conta a intensidade, localização e o sofrimento ocasionado pela experiência dolorosa. Um
exemplo de método multidimensional para avaliação da dor é o questionário McGill, proposto
por Melzack. Hoje em dia e cada vez mais nos locais onde se prestam cuidados de saúde se
pretende quantificar a dor de modo a sua eliminação tornando assim maior a qualidade de
vida dos utentes.
47

7 - PONTOS XI

Ponto Xi é o local de acúmulo profundo Qi do Jing Luo, pode-se usar na doença aguda
de Zang Fu e Jing Luo. Xi dos Canais Yin são freqüentemente utilizados para tratar doença de
Xue (Sangue). Xi dos Canais Yang são usados para tratar dor aguda. Exemplo: hemoptise usa
Kongzui (P6). Dor de estômago usa Liangqiu (E34).

Estes pontos são locais onde o QI dos Canais é profundamente convergente. XI


significa “espaço”.

Quando os Canais estão com distúrbios energéticos, apresentando problemas agudos


nos órgãos, é neste local (“espaço” – Ponto XI - Alarme) que há acumulo do QI. Assim estes
pontos são indicados para tratar as alterações dos seus sistemas internos relacionado, assim
como as áreas supridas pelos Canais. Logo, no tratamento de doenças graves, principalmente
as de natureza infecciosa.

Apresentam também a função de aliviar a dor aguda dos órgãos internos e para tratar a
torção aguda, visto que estes pontos selecionados dos meridianos atravessam a área
envolvida.

A combinação dos pontos de alarme com os oito Pontos Influentes (F13, VC12, VC17,
B17, VB34, P9, B11 e VB39) aumenta o efeito terapêutico. Os doze Canais Ordinários e os
quatro Extraordinários possuem cada um o seu próprio Ponto XI/Fissura. Estes pontos
localizam-se abaixo dos cotovelos e joelhos, exceto o E34 que se encontra na parte superior
do joelho.

Eles constituem um grupo de pontos importantes além dos Cinco Pontos SHU. A
observação dos locais desses Pontos auxilia nos diagnósticos de doenças agudas, pois nestes
casos tornam-se sensíveis. Puncionar estes pontos pode regularizar a circulação do QI e do
Xue nas áreas afetadas.

Os Pontos de Alarme (Xi) geralmente não se localizam sobre o mesmo meridiano,


tornando-se sensíveis em caso de afecção do órgão. Têm ação geral de tonificação
48

8 - PALPAÇÃO

A prática de palpação é muito importante, não só a palpação de pulso mas também o


grupo de pontos que permite ao acupunturista uma interpretação da situação do paciente, tanto
no que diz respeito aos canais e colaterais (Jing Luo), como dos órgãos e vísceras (Zang Fu).

O método de palpação pode utilizar os Canais e os pontos de acupuntura para que


possamos obter resposta cutânea positiva. Existem alguns grupos que são mais indicados para
o método de palpação, entre eles: Mu, Shu Xi, Yuan, Ho, Ashi.

8.1 Métodos de Palpação

Para realizar o método de palpação, utilizam-se os dedos polegar e indicador para


palpar os meridianos e pontos, geralmente realiza-se a pressão perpendicular até o momento
em que o paciente relate a dor, ou apresente alguma reação de desconforto. Mas podemos
realizar outros procedimentos:

- Deslizar suavemente;

- Massagear;

- Mexer;

- Empurrar;

- Dolorímetro.

A postura do paciente é importante e deve ser a mesma em todas as avaliações que


forem realizadas na mesma sessão, para que os dados possam ser fiéis. O paciente deve estar
em postura confortável e relaxada. O acupunturista deve aplicar pressão de forma uniforme.
49

8.2 Respostas Cutâneas Positivas

As respostas cutâneas positivas evidenciadas pela palpação possuem aspectos,


volumes e consistência diferentes. Os mais comuns são:

- nódulos;

-cordas;

-nódulo esponjoso.
50

9 - O PONTO F6

ZHONG DU (Capital do meio).

Localização: 7 cun acima do maléolo medial, na borda póstero-medial da tíbia.

Aplicação: Agulhar perpendicularmente 05, a 1 cun.

Natureza: Ponto de Acúmulo.

Ação: Remover obstruções do Canal, promove o fluxo suave do Qi do Fígado, interrompe a


dor.

Comentários:

Este ponto também apresenta uma afinidade com as áreas genital e urinária, e tem uma
ação similar ao Zhongfeng F4 e Ligou F5, sendo que a única diferença é o ponto de acúmulo.
Sendo, portanto útil nos padrões de excesso e nos casos agudos para interromper a dor. Por
exemplo, este ponto é muito útil para a dor aguda no sistema urinário (tal como cistite)
decorrente da Umidade-Calor e da estagnação do Qi do Fígado.
51

Fonte: WWW.tcmadvisory.com
52

10 - PACIENTES

Paciente 1.

Paciente do sexo masculino, com 42 anos, casado, micro empresário.

Paciente 2.

Paciente do sexo feminino, com 24 anos, solteira, estudante.

Paciente 3.

Paciente do sexo masculino, com 35 anos, casado, securitário.

Paciente 4.

Paciente do sexo feminino, com 38 anos, casada, dentista.

Paciente 5.

Paciente do sexo masculino, com 50 anos, divorciado, advogado.

Paciente 6.

Paciente do sexo feminino, com 28 anos, casada, dona-de-casa

Paciente 7.

Paciente do sexo masculino, com 44 anos, casado, bancário.

Paciente 8.

Paciente do sexo feminino, com 32 anos, solteira, comerciante


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Paciente 9.

Paciente do sexo masculino, com 40 anos, casado, vendedor.

Paciente 10.

Paciente do sexo feminino, com 31 anos, casada, diarista


54

11 - QUESTIONÁRIO

Nome:

Nascimento:

Estado Civil:

Atividade profissional:

Tempo que vem sentindo sintomas de stress:

Indique no quadro abaixo como está atualmente sua escala de intensidade de stress
55

12 - RESULTADOS

Analisando os dados, podemos perceber que 100% dos pacientes apresentaram


melhora e diminuição da dor, sendo que essa porcentagem gira em torno de 80% a 100%.
Pudemos perceber que independente de idade, sexo ou tempo que estiveram estressados,
esses pacientes que apresentavam dor no ponto F6 (Zhong Du), tiveram a sensibilidade à
dor sensivelmente diminuída em comparação ao início e término da pesquisa.
56

13 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

13.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado a participar da pesquisa para a Tese de Conclusão de


Curso em Acupuntura.

Você foi selecionado por ter um perfil adequado e sua participação não é obrigatória.
A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição.

O objetivo desse estudo é diagnosticar alterações de um ponto específico de


acupuntura em relação ao nível de stress apresentado pelo participante. Sua participação
nessa pesquisa consistirá em fazer o tratamento uma vez por semana, além de não fazer
uso de nenhum medicamento para stress...

Não há risco nenhum em sua participação e todo material utilizado é descartável. O


benefício é o tratamento ou a diminuição dos sintomas, ajudando na melhora da qualidade
de vida.

As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o


sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua
identificação, sendo utilizada apenas a inicial do seu nome ( Ex: Carlos Pacheco = C.P.).
Você receberá uma cópia desse termo onde consta o telefone e o endereço institucional do
pesquisador principal e do CEP, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento.

_______________________________________
Ramón Fonseca Guimarães
Rua do Manifesto, 2277 – CEP... Ipiranga
Fone 2068 5907
57

Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquiisa e


aceito responder a essas questões, cujas informações técnicas serão utilizadas e publicadas
em um trabalho de conclusão de curso.

____________________
Participante

__________________
Responsável (menor de 18 anos)

__________________
RG do responsável
58

14 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, L.B. Modelo Fisiológico de Emoções. Editora Universidade Federal do Rio


Grande do Sul, 1995

BANKS, ANTONY – The Pain, and the treatment -: American Psychiatric Press, 2001

BEAU, GEORGES. A Medicina Chinesa. RJ, Ed. Interciencia 1982

CRAIG A.D. "Interoception: The sense of the physiological condition of the - Oxford
University Press (2003)

FREITAS, MAGALHÃES A. Psicologia das Emoções. Porto: Edições Universidade


Fernando Pessoa. (2ª Ed., 2009).

LIEBCHEN, K – Atlas Colorido de Acupuntura, Editora Koogan, 2003

LIPP, MARILDA - . Estresse emocional: a contribuicao de estressores internos e externos.


Rev. psiquiatr. clín. (Säo Paulo); 2001

LIPP, Marilda E. N. Como enfrentar o stress.: Editora Ícone, (3ª ed.) São Paulo 1994

LIPP, Marilda E. N. Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de


risco. Editora Papirus São Paulo:, 1996

MACIOCIA, GIOVANNI – Fundamentos da Medicina Chinesa, Editora Roca, 1996

ROSS, JEREMY – Combinações dos Pontos de Acupuntura, Editora Roca, 2002

SELYE, HANS . Estresse: a tensão da vida (F. Branco. Trad.) São Paulo: Ibrasa, 2000

WEN, T.S, Acupuntura Clássica Chinesa, Editora Cultrix, São Paulo, 1985
59

Glossário

Fáscia - Camada ou faixa de tecido fibroso, que cobre o corpo sob a pele e envolve músculos
e certos órgãos

Parestesia - Desordem nervosa caracterizada por sensações anormais e alucinações


sensoriais.

Giro frontal - É um giro do lobo frontal do cérebro humano. Sua margem superior é o sulco
frontal interior, sua margem inferior é a fissura lateral.

Putâmen - Uma estrutura localizada no meio do cérebro. Funciona em conjunto com o núcleo
caudado no controle de movimentos intencionais grosseiros.

Insula - Lobo profundo, situado no fundo do sulco lateral, no encéfalo.

Estoicismo - Foi uma doutrina que sobreviveu todo o período da Grécia Antiga, até ao
Império Romano, incluindo a época do imperado Marco Aurélio

Empirismo - Movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais)
formadoras das idéias

Giro cíngulo - Superfície medial do hemisfério cerebral esquerdo. O giro do cíngulo é


um giro na porção medial do cérebro

Sistema límbico - Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a


unidade responsável pelas emoções.

Hipotálamo - É uma região do encéfalo dos mamíferos (tamanho aproximado ao de uma


amêndoa) localizado sob o tálamo, formando uma importante área na região central
do diencéfalo, tendo como função regular determinado processos metabólicos e
outras atividades autônomas.

Hipocampo - é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano,


considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema límbico. Além
disso é relacionado com a navegação espacial.

Somatotrofina - ou GH ( "growth hormone" ) é uma proteína e um hormônio sintetizado e


secretado pela glândula hipófise anterior

Resiliencia - É um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de


o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações
adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico.

Moxabustão - A Moxabustão - é a técnica de aquecimento dos pontos de Acupuntura.

Filiforme – Tão semelhante ou delgado quanto um fio.


60

Bradicinina - Um mensageiro não peptídico que é produzido enzimaticamente a partir da


kalidina no sangue, onde é um agente dilatador de arteríolas, potente, mas com meia-vida
curta, e aumenta a permeabilidade capilar

Serotonina - A Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor existe


naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula
nervosa (neurônio) para outra.

Histamina – Formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema


imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de
pequenos vasos sangüíneos [É a substância responsável pelos sintomas de inchaço e irritação
presentes em alergias.]

Enzimas proteolíticas - Ou proteases catalisam a quebra das ligações peptídicas em


proteínas.

Axônio – É uma parte do neurônio responsável pela condução dos impulsos elétricos que
partem do corpo celular, até outro local mais distante

Encefalina - São neurotransmissores narcóticos secretados pelo encéfalo

Disestesia - É um distúrbio neurológico que é caracterizado pelo enfraquecimento ou


alteração na sensibilidade dos sentidos, sobretudo do tato.

Metencefalina – São peptídeos opióides derivados de molécula proopiomelanocortina.

Dinorfina - É um peptídeo opióide endógeno (secretado fisiológicamente pelo


organismo) derivado de uma das três famílias de proteínas precursoras que constituem a
superfamília de peptídeos opióides.

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