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A APRENDIZAGEM NO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE:
UM ESTUDO DE CASO
Josiane Albanás de Moura (Instituto Catarinense de Terapias Cognitivas – ICTC,
Florianópolis, SC). O que é um Transtorno de Personalidade, se não a manifestação de um padrão de aprendizagens disfuncionais e arraigadas ao longo da vida de uma pessoa? Ao partir da idéia de que “crenças disfuncionais são aprendidas”, o foco do trabalho psicoterapêutico pode estar, justamente, na mediação da aprendizagem de crenças adaptativas e alternativas às disfuncionais, gerando assim, mais alternativas ao indivíduo para “olhar o mundo” e a “si mesmo”. Nesse sentido, o presente estudo de caso teve por objetivo apresentar um caso de Transtorno de Personalidade Borderline e refletir seu processo de aprendizagem, por meio da Terapia Cognitivo-Comportamental. No início do processo psicoterapêutico foram aplicados os Inventários Beck, para os quais a paciente apresentou depressão em nível grave, ansiedade em nível moderado, desesperança em nível grave e Ideação Suicida moderada. Os objetivos centrais da terapia foram de prevenção de suicídio, re-estabelecer ciclo circadiano, diminuir comportamentos compulsivos, modificar padrão de envolvimento com homens, diminuir a ansiedade social, diminuir sintomas depressivos, desenvolver comportamento controlado e não impulsivo, por meio da mediação da aprendizagem na reestruturação de suas crenças aprendidas. O tratamento até o presente momento pode ser dividido em 2 fases principais: 1- Formação de vínculo e Prevenção do suicídio e 2 - Aprendizagens significativas: Identificação de crenças disfuncionais aprendidas, reestruturação cognitiva e simultâneo planejamento de estabelecimento de cuidados gerais com a saúde e bem estar. As principais técnicas utilizadas foram diário de terapia, a lista de combinações, psicoeducação sobre os afetos que causam estresse, técnica comportamental de relaxamento rápido, reestruturação cognitiva, levantamento de hipóteses, pensamento dicotômico, deslocamento do self, exercícios de imaginação guiada, identificação de modos de esquema de Young, role play, revivência de experiências da infância e treinamento de habilidades sociais. Os principais resultados alcançados até a 35ª sessão são ideação suicida próximo a zero há 4 meses e uma média de ansiedade de 65% a 75%, sendo inicialmente, entre 90 e 100%. Seus comportamentos de ingestão compulsiva de bebida praticamente extintos, diminuição significativa do consumo de cigarros e dos atos compulsivos de cortar o cabelo e de fazer compras. Além disso, a paciente conseguiu assumir em seu emprego, uma função muito desafiadora para seus esquemas, na qual precisa orientar pessoas diante de grupos e também, já fez viagens à trabalho acompanhada de colegas. Durante seu processo terapêutico, teve dois afastamentos do trabalho, sendo que o último terminou há 4 meses. Diminuiu a busca impulsiva por homens. Tem manifestado esperança para viver, sonho de ter um relacionamento feliz. Consegue identificar quando está no modo de esquema de criança vulnerável/abandonada ou impulsiva. Tem apresentado maior flexibilidade dos pensamentos dicotômicos, passando a acreditar progressivamente em idéias alternativas às já arraigadas.
Fonte financeira: particular
Palavras-chave: transtorno de personalidade borderline, aprendizagem, crenças.