Monografia Tecnologia Educacional
Monografia Tecnologia Educacional
Monografia Tecnologia Educacional
MARILEY MAKUFKA
Cascavel – PR
2010
MARILEY MAKUFKA
Cascavel – PR
2010
MAKUFKA, Mariley. Rádio Escolar: espaço de compreensão crítica da mídia, de
aprendizagem colaborativa e de uso de gêneros textuais escritos e orais como objeto
de ensino / Mariley Makufka – 2010. 56p.
__________________________________________
Prof. Dr. Isaías Régis
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Leandro da Silveira, Msc.
Orientador
__________________________________________
Prof.
___________________________________________
Prof.
Dedico esse trabalho ao meu marido “Julian Silva”
ao qual agradeço o incentivo, a compreensão, o amor
e o carinho sempre recebido.
AGRADECIMENTOS
Aborda-se nesta pesquisa, o tema rádio escolar, delimitando para compreendê-la como
espaço de compreensão crítica da mídia, de aprendizagem colaborativa e de uso de
gêneros textuais escritos e orais como objeto de ensino. Tem-se como objetivo
explicitar as aprendizagens que podem ser desenvolvidas em ambientes de trabalho
educativo com rádio escolar. Para tanto, usou-se de metodologia científica com métodos
adequados, sendo de abordagem dedutiva com método de investigação qualitativa do
tipo monográfico, de finalidade pura e nível descritivo, no qual utilizou-se de
procedimentos de pesquisa bibliográfica e webgráfica. Justifica-se a pesquisa deste
tema por instigar a formação de educandos capazes de refetir sobre os conteúdos
midiáticos e sobre a ampla varidade de textos que circulam na vida social, assim como,
favorecer aprendizagens colaborativas na produção de textos e programas radiofônicos
em diferentes gêneros, sejam escritos e/ou orais. Por fim, teve-se como resultados mais
expressivos a consideração de que propostas pedagógicas de uso de rádio escolar
favorece o desenvolvimento de aprendizagens colaborativas e ainda auxilia a criação de
ambientes propícios para o letramento dos educandos, ao utilizar-se como instrumento
de ensino os gêneros textuais escritos e orais na criação de programas radiofônicos.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 09
1.1 Justificativa do tema ........................................................................................ 10
1.2 Problema de pesquisa ...................................................................................... 11
1.2.1 Problema genérico...................................................................................... 11
1.2.2 Perguntas de investigação.......................................................................... 12
1.3 Objetivos ........................................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo geral............................................................................................ 12
1.3.2 Objetivos específicos................................................................................. 12
1.4 Metodologia científica da pesquisa................................................................. 13
1.5 Estrutura do trabalho ..................................................................................... 14
2 DESENVOLVIMENTO.......................................................................................... 17
2.1 Função social da mídia na sociedade e na educação..................................... 17
2.1.1 Mídia radiofônica no contexto escolar...................................................... 25
2.2 Pressupostos da aprendizagem colaborativa................................................. 31
2.2.1 A rádio escolar como proposta pedagógica de subsídio a aprendizagens
colaborativas....................................................................................................... 38
2.3 A importância dos diferentes gêneros textuais e orais para subsidiar
práticas de letramento............................................................................................ 39
2.3.1 Gêneros textuais escritos e orais a serem explorados em programas de
rádio escolar........................................................................................................ 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54
9
1 INTRODUÇÃO
produzidas e divulgadas por ela nos permite agir sobre o mundo. A escola não é a única
espaço escolar contribui para uma educação mais criativa e motivadora, pois cria
condições para que os alunos interajam com situações mais próximas do seu cotidiano.
tecnológica. Ao desenvolver habilidades para o uso crítico da mídia, faz-se com que os
educandos tenham acesso e compreendam outras linguagens, fazendo com que a escola
como uma mediação cotidiana das relações sociais, que define comportamentos, que
Cada vez mais a compreensão do mundo é influenciada pela mídia, pois informa
conduta e valores culturais. A escola deve contribuir para que os sujeitos percebam os
sujeitos autônomos.
realizar mediações sobre os discursos veiculados pela mídia, também possibilita aos
mesmo tempo não permitir que o conhecimento se torne fragmentado, supérfluo e vazio.
Nesse sentido, projetos de Rádio Escolar poderão romper com os limites que
produzirem conteúdos significativos de sua realidade, com atenção aos problemas atuais
limitações de modo a estimular uma visão crítica dos conteúdos midiáticos que
potencial pedagógico de propostas de uso da Rádio Escolar como uma importante ação
pedagógica que visa contribuir para a formação de educandos capazes de refletir sobre a
ampla variedade de textos que circulam na vida social, de produzir textos em diferentes
radiofônicos educativos.
• Que gêneros textuais escritos e orais podem ser utilizados como objetos
características?
1.3 Objetivos
escolar.
Escolar.
através do tema geral “Rádio Escolar”, divide-se e analisa-se o tema em três partes.
porque apresenta idéias iniciais de que se parte para formar um estudo. De acordo com
aspectos.
pesquisadora, que possuiu como meta o saber. De acordo com Gil (2009, p. 26):
estudo. De acordo com Gil (2009, p. 28): “As pesquisas deste tipo têm como objetivo
significados ocultos da mídia e ainda favorer aos educandos uma leitura crítica dos
para possiblitar uma visão crítica da mídia aos educandos e docentes, explicitando-a
15
orais para subsidiar práticas de letramento”, realiza-se uma discussão teórica sobre a
reflexões sobre da autora em resposta a pesquisa elaborada no tema rádio escolar, onde
que pode ser utilizado pelos professores para a orientação à pesquisa e a condução da
2 DESENVOLVIMENTO
Faz-se nesta seção, uma abordagem sobre a importância dos estudos sobre a
mídia, de modo que se que faça uma leitura crítica sobre ela para compreender sua
enfoca como tema principal a rádio escolar, a qual é analisada sob três aspectos, entre
eles: a rádio escolar enquanto espaço de compreensão crítica da mídia; a rádio escolar
eletrônicos e a internet fazem parte da vida dos estudantes. Seus conteúdos exercem
poder de influência cultural nos modos de agir e nos valores defendidos. Tornar o
escola permite que os sujeitos reflitam sobre o que acontece no mundo, assim
18
com a invenção da escrita passou a registrar a sua história eternizando suas idéias. A
invenção da prensa por Gutenberg permitiu que as mensagens fossem reproduzidas com
grande rapidez, dando início a produção em série. Assim, a mídia foi se modificando
fronteiras, tudo está ligado a uma rede planetária. Com a criação da internet alteram-se
Tanto Silva (2004), quanto Melo e Tosta (2008), registram que a história dos
comunicação foi mediada por sons, gestos e escritos que resultou no nascimento da
linguagem. Posteriormente, com advento das tecnologias e sua inserção na vida social e
produtiva dá inicio a segunda fase. Para Melo e Tosta (2008, p.15), “nesta idade a
técnica passou a ser o novo modo pelo qual os homens dialogam à distância”. Considera
Silva (2004, p. 135) que “no segundo momento, configura-se uma civilização diferente,
através dessa técnica, que desafia o tempo e o espaço, a humanidade passa a registrar e
consultar o andamento de sua história sem que para tanto necessite da figura do sujeito
fotografia e do jornal.
comunicação de massa.
transmitir idéias. Seu uso faz parte de nosso cotidiano e por isso não pode ser negada
difusão da informação nos ajuda a fugir da alienação a qual a mídia pode nos submeter.
é necessário devido à sua larga utilização, pois, “boa parcela dos jovens passam mais
tempo na frente de uma tela do que conversando ou convivendo com outros, ou seja, a
formação de sua personalidade está sendo muito fortemente influenciada pela mídia”.
sem uma reflexão crítica impede o nosso papel de agir sobre o mundo. Para Sancho
(1998, p. 33) “a tecnologia constitui um novo tipo de sistema cultural que reestrutura
como o rádio, a televisão e o cinema; a mídia impressa por veículos como revistas,
popular que atingem todas as classes sociais. Tem-se em vista que a escola não é a
desenvolver intervenções no sentido da leitura crítica e educativa. Por sua vez, Melo e
escola como instituição de socialização não pode abrir mão de seu papel de mediação,
deve propiciar reflexões a seu respeito e sobre conteúdos que veicula. Pressumi-se que
compromisso político com uma ação transformadora da vida social, tendo em vista a
compreensão crítica das condições sociais, bem como dos aspectos ideológicos
presentes na mídia, torna-se possível à medida que a escola interage com outros atores
aos diferentes níveis de consciência, os quais originam ações que podem ser voltadas
tempo, são fundamentais para o processo de reconstrução social. Somente uma ação
transformadora permitirá aos sujeitos desenvolver sua consciência diante das relações
de poder que tentam conservar a situação atual. É nessário trabalhar com os alunos na
interagem. Esta relação possui momentos diferenciados, que variam de acordo com as
divulga informações que visam aos interesses de classe e/ou de mercado, baseadas no
senso comum, sem análise reflexiva sobre os conteúdos e/ou fatos. Segundo Silverstone
(2005, p. 20): “é no mundo mundano que a mídia opera de maneira mais significativa.
Ela filtra e molda realidades cotidianas por meio de suas representações singulares e
que faz com que o sujeito atinja apenas a compreensão da aparência das coisas. Um
recursos metodológicos.
23
intencionalidade. Por sua vez, contribui para superar a visão parcial dos fenômenos
sociais, pois produz um conhecimento mais amplo, caracterizado pela compreensão dos
consciente. Mas afinal, o que a mídia representa em nossa sociedade? Como podemos
que por sua vez, resultam em ações e maneiras diferenciadas de interpretar o mundo.
comunicação de massa percebe-se que a atual função do professor não é mais informar
24
através do rádio, da TV, das revistas, dos jornais, da internet e outros meios midiáticos.
ser mais bem desempenhada por aquelas pessoas ou instituições que vierem a dispor das
novas tecnologias de informação e comunicação. Contudo, alerta que se não for flexível
ao espaço e tempo do qual faz parte, pouco contribuirá com os estudantes no sentido de
se compreenderem como seres históricos e sociais, cidadãos com deveres, mas também
Por não conhecer o novo espaço e tempo que está sendo desafiada a
Atualmente cobrada por alunos que procuram respostas aos seus anseios que estão
Nota-se que é necessário trabalhar na qualificação dos alunos, por outro lado
essa preocupação não é suficiente para caracterizar a escola como instituição educativa.
Evidentemente, a escola que atender apenas os apelos imediatos do mercado não estará
desafiada a envolver-se com a educação permanente. “Por isso, uma das principais
221).
seja mantido ao longo da vida profissional, que evidentemente, estará cada vez mais
mediação na difusão de valores culturais e formas de conduta que visam adequar a vida
social dos indivíduos aos interesses das classes dominantes. Como afirma Goidanich
de todo o seu poder para garantir a manutenção do status quo, enquanto para a educação
sobra a função de crítica e filtro, porém sem dispor dos mesmos recursos e poderes”.
Logo, a função social da mídia na educação deve ser de crítica aos valores divulgados
comunitárias que visem atender aos interesses de um coletivo, usando suas tradições
possibilidade de dar voz à população para que exteriorizem suas angústias, seus
problemas cotidianos e sua tradição cultural, ou seja, um bom caminho para substituir
vigente.
tecnologias e trazem para a sala de aula uma bagagem educativa e cultural advindas das
Não há escola que conviva sem a presença de alguma influência da cultura das
diversas e a escola deve-se preparar para utilizá-lo e entender criticamente o que elas
nos oferecem. Depara-se então, com uma questão a qual Citelli (2004, p. 135) nos
chama a atenção:
Como exigir que o jovem que, no seu cotidiano, tem seus sentidos todos
estimulados e interage com as mais diversas linguagens (quadrinhos, CDs,
vídeo-games, TV, videocassete, rádio, microcomputador, etc), canalize sua
atenção para aulas exclusivamente expositivas?
cores. Exerce um fascínio sobre crianças, jovens e adultos. É uma cultura da satisfação,
expressão dos novos tempos. Para Orofino (2003), se a mídia também é responsável
pela formação do indivíduo, a escola deve integrá-la no seu currículo escolar de forma
integradora, transversal e transdisciplinar, para que se faça uma análise crítica do seu
de forma crítica, o educando poderá tornar-se um sujeito ativo e crítico dessas mídias”.
Essa centralidade da mídia merecia uma atenção maior na escola, que deveria
incluir os meios de comunicação em seu conteúdo, deixando de tratá-los
apenas como metodologia. Essa lógica vale para dos os meios e também para
todos os gêneros, seja o informativo – como se deu a seleção de determinado
assunto em detrimento de outro? todos os lados envolvidos puderam se
expressar?; o entretenimento – por que determinadas músicas são veiculadas
várias vezes ao dia?; ou o publicitário – qual o valor de uso e o valor
simbólico de determinado produto? Por que a exploração do corpo feminino
na venda de determinados produtos?
discussões para que percebam suas finalidades. Entretanto, várias problemáticas podem
ser exploradas em sala de aula com os alunos, tais como: Quais são os diferentes tipos
de rádios existentes? Para que serve uma rádio escolar? O que diferencia uma rádio
escolar de uma rádio comercial? Qual o tipo de rádio que a escola deseja? Que
escolares a partir do estudo crítico dos discursos da mídia convencional. A partir disso,
Entretanto, enfatiza:
é possível construir seu próprio modelo de rádio escolar de modo diferente dos vários
algo comum, compartilhar, o que pode ser feito através de diferentes canais".
interativa , porque possibilita aos sujeitos a agir e a interferir nos programas. Entretanto,
interesse deles. Nesse sentido, Zeneida (2008, p. 15) destaca a importância do trabalho
pedagógico com a rádio escola pode trazer relevantes contribuições, como destaca
escolar:
14) ressalta:
O aluno que atua numa rádio escola conhece a linguagem radiofônica e pode
(ZENEIDA, 2008).
uso do quadro e do giz não é a única maneira possível de se fazer educação. Facilmente
sobre outras formas de se fazer educação. Cabe ressaltar, que a mera presença de uma
rádio escolar não significa por si mesma, nenhuma mudança pedagógica se não forem
introduzidas ao mesmo tempo às idéias sobre como explorar esse recurso, quais os
conteúdos e gêneros textuais orais e escritos que podem ser explorados e quais sãos os
Nesse sentido, é desejável que se reflita sobre como as rádios escolas podem contribuir
aprendizagem.
ausência de tecnologia e por uma fraca diferenciação social. A consciência coletiva era
22):
[...] é importante que a escola pare com um tipo de ensino que reproduz
relações de hierarquia e subordinação, substituindo-o por modos de ensino
que concebam aos indivíduos a capacidade de agirem colectiva e
democraticamente. No fundo, trata-se de substituir uma escola criada à
imagem da fábrica por uma outra, capaz de promover e desenvolver
indivíduos-cidadãos, ao invés de simples produtores-consumidores. Nessa
medida, a aprendizagem cooperativa poderá contribuir para uma resposta
pós-moderna à forma de ensino-aprendizagem própria da modernidade,
actualmente em crise.
alternativas de ensino-aprendizagem.
De acordo com Bessa e Fontaine (2002), entre essas alternativas conta-se com a
participantes. Assim os autores exemplificam: “Há sempre um aluno a quem, dado o seu
conhecimentos.
p.44):
No livro que leva o título “A cultura da educação”, Bruner (2001) tem como tese
que a cultura molda a mente, que ela nos dá um conjunto de ferramentas com as quais
construímos não apenas nossos mundos, mas nossas próprias concepções de nós
mesmos e de nossas capacidades. Para o autor, aquilo que se resolve fazer na escola só
faz sentido quando é considerada em um contexto mais amplo daquilo que a sociedade
pretende conseguir por meio de seu investimento educacional nas crianças. A esse
respeito questiona:
Mas afinal, qual seria a melhor forma de aprender com os outros sujeitos? Para
Uma resposta óbvia seria que se trata de um lugar onde, entre outras coisas,
os indivíduos que estão aprendendo se ajudam a aprender, cada qual de
acordo suas habilidades. E isto, obviamente, não precisa excluir a presença
de alguém que desempenhe o papel do professor. Isto simplesmente implica
que o professor não exerça tal papel de forma monopolizada, que os
indivíduos que estão aprendendo constroem “andaimes” uns para os outros.
35
autoconfiantes e que sejam capazes de trabalharem bem uns com os outros e que se
ajudem mutuamente.
crescimento das pessoas e das instituições e/ou organizações. Mas afinal, qual é a
que:
aprender a utilizar mecanismos que permitam que todos os alunos sejam capazes de
GISBERT 2005).
36
relação do grupo:
indicados:
Heterogeneidade Homogeneidade
conhecimento.
que:
trabalho colaborativo, por sua vez, evidencia a necessidade de repensar valores bem
199):
social dos homens, porque permite a interação por meio de atividades coletivas,
2.3 A importância dos diferentes gêneros textuais escritos e orais para subsidiar
práticas de letramento
com os textos deve ser feito com base nos gêneros, sejam eles orais ou escritos. É
língua nos seus diversos usos do cotidiano. Também é importante, pois se desenvolvem
40
definir a programação que se deseja e o conteúdo a ser transmitido. Além disso, oferece
causando problemas de interação tanto orais como escrita. Segundo Pinto (2007, p. 50):
À medida que passam a conhecer e fazer uso dos vários gêneros discursivos,
os alunos aprendem a controlar a linguagem, o propósito da escrita, o
conteúdo e o contexto. É necessário que se conscientizem de como a
linguagem funciona para transmitir o conteúdo oralmente ou por escrito.
Devem, portanto, aprender a organizar os diferentes tipos de conhecimento e
de informação de acordo com a situação comunicativa específica.
Ajudar o aluno a dominar melhor um gênero textual, permite que este possa
desenvolver habilidades para escrever ou falar de uma maneira mais adequada, numa
textuais.
língua é uma atividade social, histórica e cognitiva. Cada gênero textual pode
Uma nova relação com os usos da linguagem se instaura como aponta Marcuschi
(2007), devido à emergência de novos gêneros, tais como telefonema, sermão, carta
funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto para a produção como para a
que por isso a escrita social propicia leituras diversas. (MARCUSHI, 2007).
sociais de leitura e de escrita. A esse respeito, Soares observa (2001, p. 58) “só nos
tivemos mais pessoas sabendo ler e escrever, passando a aspirar um pouco mais que
Lingüísticas e que atualmente ainda não está dicionarizada, visto que foi introduzida
recentemente em nossa língua. A autora considera que esse termo foi construído porque
um novo fenômeno apareceu, um fato novo para o qual precisávamos de um nome. Para
de uma nova realidade social, na qual não basta apenas saber ler e escrever, mas é
preciso também saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz
apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”.
al.(2009, p. 18):
de que os alunos saibam ler e escrever e que utilizem esse conhecimento de forma
envolvidas no letramento.
que haja condições para o letramento aconteça, como aponta Soares (2001, p. 58):
A esse respeito, Batista et al. (2007), consideram que a leitura abrange desde
à participação ativa nas práticas sociais letradas, ou seja, aquelas que contribuem para o
seu letramento.
texto e as intenções comunicativas do autor. O ensino da leitura deve ser associado aos
seus usos sociais, fazendo com que os alunos fiquem atentos para as coisas escritas na
pode ocorrer desde a educação infantil, tomando como objeto contos infantis, notícias,
poemas e outros gêneros textuais cujo tema interesse às crianças. BATISTA et al.
(2007).
planejar, revisar e reelaborar os próprios textos, ou seja, aquele que procura reler seus
textos, que avalia se está bom ou não e os reescreve. Conforme Batista et al.(2007, p.
escritos começa com a orientação dada pelo professor ou pela professora e depois vai,
Entretanto, considera-se que um sujeito que sabe ler e escrever, mas que não faz
uso da leitura e da escrita é alfabetizada, mas não é letrada, pois não vive na condição
de quem pratica a leitura e a escrita. Por outro lado, uma criança pode ainda não ser
alfabetizada, mas ser letrada, porque pode viver num contexto de letramento, conviver
com livros, ouvir histórias lidas por adultos e observar adultos lendo e escrevendo. O
ideal é alfabetizar letrando, ou seja: “ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas
Pode-se dizer então, que à medida que a sociedade vai se tornando mais
45
complexa, mais exigências vão sendo feitas com relação às habilidades e práticas de
leitura e escrita e com isso, maiores níveis de escolarização vão se tornando necessários.
formar indivíduos não apenas alfabetizados, mas também letrados, apresentando uma
ampla variedade de textos que circulam na vida social. No entanto isso não é suficiente,
pois somos capazes de contribuir na formação de leitores críticos porque podemos fazer
com que os alunos compreendam como e por que são produzidos diferentes gêneros
textuais para possibilitar o seu uso e para que eles sejam capazes de escrevê-los.
mecanismos para que os alunos sintam vontade de divulgar suas produções textuais a
crianças e para os jovens porque os alunos poderão perceber que podem produzir
rádio escolar.
são realizados como uma prestação de serviços. As notícias são socialmente úteis à
comerciais, visto que as notícias devem transmitir a informação com maior rapidez do
que qualquer outro meio, divulgando os fatos no momento em que eles ocorrem.
projetos de rádio escolar para estimular a leitura e a produção textual dos alunos. Logo
de propaganda no rádio. Os recursos mais usados neste gênero são os spots, vinhetas e
jingles. Segundo Consani (2007), os spots são anúncios comerciais utilizados para
compra. Já a vinheta é entendida como uma criação sonora de duração curta e caráter
marcante, que serve para identificar a própria rádio ou um programa a ser iniciado. Os
sala de aula para estimular uma leitura crítica da mídia, entendendo os mecanismos
sujeitos.
gênero possibilita um diálogo com a cultura local e uma atitude mais flexível, abrindo
considera que trabalho pedagógico com este gênero radiofônico serve como fator de
programas aos próprios discentes. Nesse gênero Consani (2007) destaca que se pode
podem ser divulgados na rádio escolar, tais como campeonatos estaduais, olimpíadas,
aprofundada para que não corra o risco de tornar-se mero recurso didático para ensinar
determinados conteúdos. Entretanto, é necessário que haja uma reflexão sobre suas
finalidades e características.
pesquisa e sugere-se outras questões que merecem ser pesquisadas para facilitar a
utilizada apenas pelas classes dominantes, mas atualmente é utilizada por todas as
Atualmente a mídia faz parte de nosso cotidiano e não pode ser negada pela
escola, visto que seus conteúdos exercem poder de influência cultural nos modos de agir
e nos valores defendidos pelos sujeitos. Assim, cabe aos educadores compreender os
49
aprender. Conhecer melhor a forma como ela produz as informações nos ajuda a fugir
da alienação a qual ela pode nos submeter. Assim, cabe ainda a escola estar atenta a
para desvendar os significados ocultos, os quais não são explicitados a fim de garantir
adequar a vida social dos indivíduos aos interesses das classes dominantes. Por outro
lado, a função social da mídia na educação deve ser de crítica aos valores divulgados
nos meios de comunicação de massas, expressando uma luta social para constituir
mídias comunitárias que visem atender aos interesses do coletivo. Portanto, a escola
alunos e promover competências sociais, para que os educandos sejam capazes de atuar
seja, espera-se que os educandos deixem de ser subordinados e submissos e que passem
colaborativas, as quais podem ser criadas mediantes diferentes estratégias. De tal modo,
com relação a sua própria aprendizagem e a do grupo como um todo. Por favorecer a
Portanto, a rádio escolar, é uma proposta pedagógica que privilegia o convívio social
Fica, pois, claro que propostas de rádio escolar oportunizam aos estudantes
programas com temáticas que abordem questões da realidade dos estudantes, o que
dos conteúdos e dos gêneros textuais, desenvolve a autonomia dos educandos e oferece
textuais e orais são utilizados como objetos de ensino, entretanto a pesquisa destacou os
que incorpora conteúdos musicais, humorísticos e lúdicos. Por fim, o gênero cultural e
3.2 Sugestões
existentes;
• Uma pesquisa sobre softwares que podem ser utilizados para a gravação
REFERÊNCIAS
BALTAR, Marcos. et al. Rádio escolar: letramentos e gêneros textuais. Caxias do Sul:
Educs, 2009.
CONSANI, Marcial. Como usar o rádio na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007.
54
FRADE, Isabel Cristina da silva Frade. Alfabetização hoje: onde estão os métodos.
Presença Pedagógica. Editora Dimensão. V. 9, n. 50. mar./abr. 2003.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º ed. São Paulo: Atlas,
2009.
MELO, José Marques de; TOSTA, Sandra Pereira. Mídia & Educação. Belo
Horizonte: Autêntica, 2008.
SILVA, Ynaray Joana da. Meios de comunicação – o rádio, um poderoso aliado. IN:
CITELLI, Adilson.(Coord). Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV,
rádio, jogos, informática. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004. V. 6.
SILVERTONE, Roger. Por que estudar a mídia? 2° ed. São Paulo: Loyola, 2005.