Fernando Hernández
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SAPEM1A
Fernando Hernández
Para Hernandez a organização do currículo deve ser feita por projetos de trabalho, com atuação conjunta
de alunos e professores. As diferentes fases e atividades que compõem um projeto ajudam os estudantes a
desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem.
Ele alerta que todo projeto precisa estar relacionado com os conteúdos, para não perder o foco. Além
disso, é fundamental estabelecer limites e metas para a conclusão do trabalho.
Baseia seu estudo nas idéias de John Dewey (1859-1952). Hernández põe em xeque a forma atual de
ensinar. “Comecei a me questionar em 1982, quando uma colega me apresentou a um grupo de docentes”.
“Eles não sabiam se os alunos estavam de fato aprendendo.
Ele conta que... “trabalhei durante cinco anos com colegas, e para responder a essa inquietação,
descobrimos que o melhor jeito é organizar o currículo por projetos didáticos.”
O modelo propõe que a pesquisa seja valorizada, que o docente abandone o papel de “transmissor de
conteúdos” para se transformar num pesquisador, transformando o aluno de receptor passivo a sujeito do
processo.
É importante entender que não há um método a seguir, mas uma série de condições a respeitar. O
primeiro passo é determinar um assunto – a escolha pode ser feita partindo de uma sugestão do mestre ou
da garotada. “Todas as coisas podem ser ensinadas por meio de projetos, basta que se tenha uma dúvida
inicial e que se comece a pesquisar e buscar evidências sobre o assunto”, diz Hernández.
Cabe ao educador saber aonde quer chegar. “Estabelecer um objetivo e exigir que as metas sejam
cumpridas, esse é o nosso papel”, afirma Josca Ailine Baroukh, assistente de coordenação da assessoria
pedagógica da Escola Vera Cruz, em São Paulo. Por isso, Hernández alerta que não basta o tema ser “do
gosto” dos alunos. Se não despertar a curiosidade por novos conhecimentos, nada feito. “Se fosse esse o
caso, ligaríamos a televisão num canal de desenhos animados”, explica. Por isso, uma etapa importante é a
de levantamento de dúvidas e definição de objetivos de aprendizagem.
O projeto avança à medida que as perguntas são respondidas e o ideal é fazer anotações para comparar
erros e acertos – isso vale para alunos e professores porque facilita a tomada de decisões. Todo o trabalho
deve estar alicerçado nos conteúdos pré-definidos pela escola e pode (ou não) ser interdisciplinar. Antes,
defina os problemas a resolver. Depois, escolha a(s) disciplina(s). Nunca o inverso. A conclusão pode ser
uma exposição, um relatório ou qualquer outra forma de expressão. Para Cristina Cabral, supervisora
escolar da rede pública, a proposta é excelente, mas é preciso tomar cuidado porque nada acontece por
acaso. “O tratamento didático é essencial ao longo do processo”, destaca.
É importante ainda frisar que há muitas maneiras de garantir a aprendizagem. Os projetos são apenas uma
delas. “É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários,
trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações”, explica Hernández.
Vera Grellet, psicóloga e coordenadora de projetos da Redeensinar, concorda. “O currículo tradicional
afasta as crianças do mundo real. A proposta dele promove essa aproximação, com excelentes
resultados.”
Fernando Hernández enaltece os professores com sua fala: “o professor, no Brasil, tem desejo de aprender
e vontade de se comprometer com sua aprendizagem. O Brasil é um dos países do mundo que eu conheço
em que os educadores vibram mais. Eles são apaixonados, preocupados, comprometidos. Esse é um
capital que o país tem e não pode ser desperdiçado. Eu conheço poucos em outros países, que não tem
dinheiro e mesmo assim se reúnem em grupo para comprar um livro e aprender conjuntamente. Isso é
maravilhoso”.
a) A escolha dos temas – O ponto de partida são as experiências anteriores dos alunos. Os fatores que
integram esse processo são a necessidade, relevância, interesse ou oportunidade de trabalhar um novo
tema. De acordo com a demanda, é feita uma organização curricular mediada por tais interesses. Todos os
temas podem ser trabalhados com Projetos.
b) A atividade do docente após a escolha do Projeto – Especificar o fio condutor; buscar materiais; estudar
e preparar o tema; envolver componentes do grupo; destacar o sentido funcional do Projeto; manter uma
atitude de avaliação; recapitular o processo seguido.
c) A atividade dos alunos após a escolha do Projeto – Os alunos fazem um índice com os aspectos a serem
trabalhados no Projeto; relacionam os pontos comuns dos índices da classe; buscam de informações para
complementar as fontes iniciais.
d) A busca das fontes de informação – A aprendizagem também acontece fora do contexto da escola, ou
seja, o aprender é um ato comunicativo.
e) O índice como uma estratégia de aprendizagem – O índice é usado como o início da organização da
aprendizagem e como procedimento aplicável a outras situações.
f) Realizar um dossiê de síntese dos aspectos tratados no Projeto – Ordena os diferentes aspectos da
informação trabalhada e dos procedimentos utilizados. O dossiê “constitui o primeiro componente da
avaliação formativa do Projeto” (HERNANDEZ;VENTURA, 1998, p. 80).
g) Os Projetos: um modelo didático para trabalhar as ‘Ciências’? Para os autores, as Ciências Naturais e
Sociais favorecem a busca e o tratamento das informações.
A avaliação no Projeto de trabalho tem o objetivo de ser um processo em que se acompanha e explica e,
por isso, não visa medir ‘os processos de ensino e aprendizagem que se desenvolvem no marco da sala de
aula’ (HERNANDEZ; VENTURA, 1998, p. 86). A avaliação faz com que haja uma ligação entre
intenções iniciais do Projeto e a aprendizagem do aluno.
Referências
http://www.educador.brasilescola.com/gestao-educacional/fernando-hernandez.htm
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296380.shtml
http://www.fae.ufmg.br/teoriaspedagogicas/teoriashernandez4htm.htm