As Crônicas de Nárnia

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 2

As Crônicas de Nárnia 

foram originalmente escritas para crianças – por isso


a linguagem simples e personagens cativantes, entre crianças e seres
fantásticos. Mas, acho que se pretende mais que tudo ser lida por adultos, em
função da quantidade de referências que são feitas. Lewis era grande amigo de
Tolkien – que também escreveu para crianças. E foi por influência de Tolkien
que Lewis abraçou o cristianismo – daí a quantidade de analogias encontradas.

Um fator interessante que encontramos no livro é a reafirmação de que tudo


tem seu tempo. As crianças vêm e vão, e em algum momento terão de aceitar
que seu tempo findou. Mas, mais que isso, entender que em algum momento
poderão “experimentar” Aslam, acima de tudo – olha aí uma referência à
espera do paraíso. Essa é uma ideia reconfortante, e é o que dá força para os
garotos seguirem a vida.

Outras mensagens que vamos descobrindo ao longo das estórias é de ter


esperança, de se superar, de perseguir seus objetivos, do perdão – eu fiquei
bem condoída pelo Edmundo, que carregou uma culpa muito grande, mas não
foi o único que errou. Mas, que o perdão, dos outros e de nós mesmos, é o
tônus do personagem, não podemos negar.

Achei o Eustáquio bem irritante, só me diverti quando ele estava transformado


em dragão – muito interessante a transformação dele enquanto pessoa, mas
não me convenceu, já que não consigo acreditar muito nessa coisa de
arrependimento rápido. Enfim, fica a semente da redenção…Eu tenho minhas
ressalvas quanto as As Crônicas de Nárnia… achei muitas descrições
morosas demais, o que tornou a leitura maçante em alguns momentos. Mesmo
tendo estórias pequenas, um excesso descritivo cansou – acima de tudo nos
dois penúltimos livros. Mesmo Aslam sendo claramente uma figura
emblemática, achei que era muito ausente em alguns momentos, e em outros,
pouquíssimo questionado – afinal, muitas vezes nos vemos debatendo os
caminhos que Deus nos aponta, ou não? E, por conta das descrições, sugiro ler
em intervalos, não um seguido do outro, como fiz.

Quanto ao final… ele é bastante controverso. Já vi comentários enaltecendo, e


outros que não gostaram nada. Quando eu li, estava no segundo grupo. Pensei
que passei por tantas dificuldades ao longo de As Crônicas de Nárnia , pra
terminar desse jeito? Hoje, refletindo a proposta do autor, entendo que faça
mais sentido. É uma fantasia, mas é uma alegoria à bíblia… então temos o
apocalipse. Por isso é válido ter em mente que é uma estória com um final
feliz, mas muito diferente de qualquer final feliz que tenha lido até então…
E, para finalizar, temos um ponto também controverso: o racismo – referentes
à Calormânia e seus habitantes. Os calormanos são descritos como pessoas de
pele morena e com bastante barba, e a descrição do reino possui muitas
semelhanças com os países árabes islâmicos, que cultuam Tash, apontado
como um falso deus.

Muitos estereótipos na descrição desse povo estão presentes, como crueldade,


cobiça, covardia, traição, preguiça, tendência à “indulgência bruta”, e
escravocracia Entendo que, quando o livro foi escrito, essas questões
poderiam ser corriqueiras mas, hoje, acho que vale a reflexão ao ler e
interpretar tais pontos – ou seja, devemos entender o contexto de quando foi
escrita, mas não podemos ignorar ou ser indiferentes à questão.

As Crônicas de Nárnia já foram adaptadas em peças teatrais e filmes, sendo O


Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa (2005), Príncipe Caspian (2008) e A
Viagem do Peregrino da Alvorada (2010) as mais conhecidas.

Título: As Crônicas de Nárnia


Autor: C. S Lewis
Ano: WMF Martins Fontes
Páginas: 752 páginas
Editora: Martins Fontes
Gênero: Ficção Científica Fantasia

Você também pode gostar