Bibliologia Aula 1 Parte 1 Revisado 280522

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Copyright © - 2022 por F.

Maia

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qualquer outro meio de reprodução, e sem permissão expressa
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de Direitos Autorais, Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Cópia
não autorizada é crime regulamentado pelo arigo 184 do Código
Penal Brasileiro.

Editor - Fernando Maia Conselho Editoral

Revisão - Caio Fábio de Melo Fernando Maia

Preparação do texto - Equipe Dialogus Dr. Caio Fábio de Melo

Capa - Uyara Maura Drª Gláucia Yoshida

Diagramação - Equipe Dialogus Dr. Vinícius Seabra

Os pontos de vista desta obra são de total responsabilidade de seu autor, não refletindo
necessariamente a posição da Dialogus Editora ou de sua equipe editorial.
Intodução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Sumário

Noções iniciais 04
Significado do termo "Bíblia"
Estrutura da Bíblia
Inspiração, Revelação e Iluminação
Línguas e materiais da Bíblia

Características da canonicidade 27
Princípios da canonicidade
Procedimentos da canonicidade
Autoridade e propósito da Escritura
A transmissão da Escritura

Desenvolvimento e extensão do Canon


do Antigo e Novo Testamentos 52
Livros aceitos, rejeitados e questionados
Os quatrocentos anos de silêncio
A Inerrância da Escritura
A suficiência da Escritura

A importância das Traduções 78


Deus fala na língua dos homens
A tradução não diminui a autoridade da Escritura
O lugar das edições e Bíblias de estudo
Recepção humana da Escritura

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Aula 1

Noções Iniciais

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Aula 1

Noções iniciais

Primeiras impressões

Milhares de pessoas ao redor Mas também não podemos


do mundo são, de certa forma, negar serem poucos que
motivadas e animadas pelo compreendem sua fala, sua
texto que encontram na Bíblia. mensagem! Nessa breve
Muitas ficam maravilhadas e introdução ao assunto,
tocadas por passagens que as aprenderemos como iniciou a
emocionam e lhes dão forças formação do texto bíblico e
para continuar vivendo diante que categoria de “fonte” foi
das circunstâncias que as usada para os primeiros
afligem. No entanto, grande escritos da Bíblia. Abordaremos
parcela dessas pessoas não igualmente, quem foram seus
compreende de fato o que autores e, porque
leem e como a totalidade do materializaram o conteúdo
texto da Bíblia transmite uma que, em um primeiro
mensagem singular que diz momento foi recebido pela
respeito à toda humanidade. tradição oral; quais foram os
Não podemos negar, a Bíblia idiomas utilizados; qual
fala! mensagem desejavam
transmitir e por fim, quem
preservou o texto a ponto de
nos alcançar em pleno século
XXI.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

META
· Aprender os conceitos iniciais no estudo da Bibliologia;
OBJETIVOS
· Compreender por que utilizamos o termo “Bíblia” para nos referir aos textos sagrados;
· Entender como a Bíblia foi estruturada, tanto pelos judeus, como também, pelos
cristãos;
· Conhecer a diferenciação entre Revelação, Inspiração e Iluminação;
· Identificar os tipos de materiais utilizados na escrita da Bíblia, bem como, em que
idiomas foi escrita;
CONTEÚDO DA AULA
· Nesta primeira aula, você será apresentado ao ambiente de reflexão sobre como a
Bíblia foi formada. Aprenderá sobre o significado do termo, sua estrutura sob a tutela
do judaísmo e do cristianismo. Compreenderá importantes conceitos sobre como o
texto foi produzido.

É um fato bem conhecido Evidentemente, essa


também que, mesmo lendo a “mentalidade” tem sido
Bíblia, se emocionando com o formada há várias décadas por
texto, e até mesmo, dizendo uma cultura assustadoramente
possuir fé em Deus, muitas secular, em outras palavras,
pessoas ao redor do mundo uma forma de pensar que
não compreendem que esse considera como “bem
“Deus” quem dizem crer, é um supremo” o prazer e a
Deus pessoal, isto é, um Deus felicidade.
que se importa e está bem
perto de nós! Como diz o O resultado disso é evidente:
salmista, “O Senhor está perto “formamos” um “deus” de
de todos que o invocam, sim, acordo com nossas
de todos que o invocam com necessidades, segundo nossos
sinceridade”.[1] desejos, conforme nossas
demandas. Ao contrário de
Assim, essa “busca” muitas outras perspectivas, como a
vezes é impulsionada por uma exemplo daquela que declara a
necessidade de “resolução de “morte de deus”, uma cultura
problemas”, e não como deve que “forma” para si um “deus”,
ser, através da fé estimulada busca uma “espiritualidade”
por uma consciência de sim, mas, em um sentido que
finitude e carência em conecta o mundo material com
conhecê-lo melhor, que resulta seus desejos hedonistas.
em uma busca mais profunda
de Seus propósitos e planos.

[1] Salmos 145.18

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Isso significa dizer que esse “deus” que as pessoas proclamam


amar, é um deus construído por eles mesmos. O referencial
desse “deus” é o próprio ser humano! Isso possui inúmeras
implicações, como, por exemplo, as inúmeras “faces” de um
“deus” aos moldes humanos. Por isso, há tanta condescendência
à forma de outras pessoas “pensarem” sobre esse “deus”. Deixe-
me explicar melhor; se “deus” para mim, é “tal e tal coisa” e para
outra pessoa não é bem desse jeito, não tem problema! Em
nosso mundo, um mundo “criado” por esse “deus” que “criamos”,
há tolerância e não preconceito! Todos podem ser o que bem
entenderem e servir ao seu próprio “deus”! Por isso, um
referencial além de nós mesmos é fundamental! As Escrituras
Sagradas são esse referencial!

NOÇÕES INICIAIS

Muitos refutam a validade das Escrituras como autoridade


sobre o ser humano. Essa validade e autoridade é questionada,
pois, dizem que o texto foi alterado no decorrer dos séculos e
não temos como saber exatamente o que é Palavra de Deus ou
palavra de “homens”. Evidentemente, os que declaram tais
inverdades não compreendem o processo de formação do
texto bíblico. Não sabem ainda que, há uma área científica que
se debruça sobre os textos antigos e busca verificar as possíveis
modificações ou mudanças sofridas nos manuscritos,
chamadas também de “variantes textuais”, e se elas são
relevantes ou não para a formação da fé ou do conhecimento
bíblico.
Vale lembrar também, que essa ciência, chamada
manuscritologia, não somente se dedica aos textos sagrados,
mas também aos outros textos antigos legados à humanidade
desde tempos remotos. Esse estudo é importante para o
cristão, já que, por meio dele compara-se o cuidado que os
manuscritos das Escrituras foram submetidos no decorrer dos
séculos, com o tratamento que os textos antigos seculares
receberam. Isso diz respeito especificamente à quantidade de
cópias e as variações que sofreram no decorrer das eras;
assunto este que será aprofundado nas próximas aulas.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

O SIGNIFICADO DO TERMO “BÍBLIA”

A palavra utilizada no português para o conjunto de livros


reconhecidos como inspirados por Deus de “Gênesis a
Apocalipse” é Bíblia. O termo tem sua origem no grego “biblos”,
e do latim “biblia”. O significado inicial da palavra era referente
ao uso da casca do papiro, assim, em grego essa “casca” era
chamada “biblos”.[2] Esse uso inicial da palavra remonta ao
século XI a.C., mas já no segundo século da Era Cristã, os
cristãos a utilizavam para se referir ao conjunto de textos
sagrados de sua fé.[3]
Podemos entender então o motivo do texto sagrado dos
cristãos se chamar "Bíblia”, pois os rolos de papiros que os
gregos utilizavam eram chamados Bíblia, especificamente
devido ao porto marítimo da cidade de Biblos na Fenícia que
era o maior exportador de papiros da época. Assim, com o
passar do tempo, o vocábulo firmou seu significado como a
“Bíblia” no sentido cristão.[4]

ESTRUTURA DA BÍBLIA

O texto sagrado para os cristãos, em nosso caso, a Bíblia


Sagrada em português, segue uma estrutura própria do
Cristianismo. Em outras palavras, o texto que encontramos no
Antigo Testamento é o mesmo encontrado na chamada “Bíblia
Hebraica”; entretanto, a organização não é a mesma.
Devemos nos lembrar que foi o povo judeu que recebeu em
primeira mão a autorrevelação (Revelação Especial) de Deus a
partir de sua libertação do poderio egípcio. Assim, é correto
dizer que o Antigo Testamento é o conjunto de escritos
formados pela comunidade de judeus, cuja responsabilidade foi
preservar seu conteúdo por mais de mil anos antes da vinda do
Messias.[5]

[2]https://www.lexilogos.com/latin/gaffiot.php?
q=biblia
[3] GEISLER, 2006, p. 5
[4] A BÍBLIA E SUA HISTÓRIA, 2006, p. 21.
[5] GEISLER, 2006, p. 5

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Portanto, o que podemos perceber sobre o conteúdo do texto


legado aos judeus, é que ele se desenvolve a partir das alianças
que Deus estabelece com indivíduos. Esses “acordos ou
tratados”, dão o “tom” da relação estabelecida pelo Criador com
seus súditos. Por isso, normalmente se observa semelhanças
entre os antigos tratados de suseranias dos povos antigos com
os elementos apresentados no texto bíblico, isto é, dos pactos
entre Deus e Israel. O próprio texto se apresenta como uma
aliança com direitos e deveres, por isso o termo “Antiga Aliança”.
O Antigo Testamento na Bíblia protestante, segue o esquema
apresentado abaixo:

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Já a “Bíblia Hebraica”, que contempla apenas o Antigo


Testamento, é organizada da seguinte forma:

Algumas considerações sobre o Antigo Testamento antes de


apresentarmos a estrutura do Novo Testamento. Observe que
inúmeras religiões possuem seus “escritos sagrados”, associados
diretamente aos termos da tradição de cada uma delas e,
normalmente, esses livros apresentam uma “forma” de viver a
religião.

No entanto, o texto do Antigo Testamento é singular em vários


aspectos. Ele não se apresenta como um conjunto de “preceitos”
ou “sabedoria” a ser seguido – ainda que contenha sabedoria e
provérbios – mas, em um primeiro momento, ele se apresenta
como “A história da humanidade”, narrando ao seu leitor os
registros do começo da criação; por isso, sua mensagem inicia-
se com as célebres palavras de Moisés: “No princípio Deus criou
os céus e a terra” (Gn. 1.1).

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Como podemos observar no quadro 2, os judeus estruturam


seu texto sagrado de forma diferente dos cristãos. Assim, a
Bíblia Hebraica possui três divisões: Lei, Profetas e Escritos, ou,
Torá, Neviim e Ketuvim; também chamada TeNaKh (um
acrônimo formado pelas letras iniciais das palavras em
hebraico).[6]

É interessante compreender também o posicionamento dos


muçulmanos em relação aos textos, tanto do Antigo
Testamento, como do Novo Testamento. Eles reconhecem a
Bíblia Hebraica, bem como, o Novo Testamento como
revelações divinas anteriores ao Corão – livro sagrado dos
muçulmanos – assim, eles aceitam a leitura deles, mas sempre
considerando que a completa revelação é encontrada apenas
em seu livro sagrado.[7]

SUGESTÃO DE AUDIÊNCIA
Já que pontuamos sobre a religião muçulmana, assista o vídeo indicado
pelo QRcode abaixo e aprenda um pouco mais sobre como um líder
muçulmano buscou conhecer mais sobre Jesus Cristo:

Direcione a câmera de seu celular para o QRCode e assista o vídeo


ou clique em https://www.youtube.com/watch?v=XKDZ3vNM8-s
Obs. As ideias defendidas pelo entrevistado são de sua própria
responsabilidade e não representam as perspectivas de nossa
instituição. Isso significa que, a intenção ao mencionar o vídeo em
nosso conteúdo é apenas curricular no que tange as afirmações
doutrinárias do entrevistado.

[6] BRUCE, 2011, p. 18.


[7] Ibid.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

O Novo Testamento segue a estrutura descrita abaixo; observe:

Para finalizarmos nossa reflexão sobre a “estrutura da Bíblia”,


consideremos também a abordagem “cristocêntrica” utilizada
por Geisler.[9] Para o autor, uma excelente proposta para uma
estruturação bíblica mais coerente com o todo da revelação
divina é aproximar-se dela, na perspectiva da obra de Cristo.
Assim, ao olharmos para ambos os testamentos, perceberemos
a seguinte "estrutura cristocêntrica":

[8] GEISLER, 2006, p. 8-9.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

O quadro acima, suscita uma questão importante para a


reflexão teológica. Tanto no Antigo Testamento, como no Novo
Testamento - apesar de que todos os livros encontrados na
Bíblia possuem um autor específico, em um tempo específico e
contexto específico - o todo de seu ensino apontará sempre
para a Obra de Cristo; entendamos também que a Obra de
Cristo é de fato a Obra da Trindade e, nesse sentido, todo
estudo, ensino e mensagem bíblica deverá apontar para o que
Jesus fez na cruz! Isso será mais bem compreendido quando
estivermos estudando sobre como “expor” a mensagem da
Bíblia (na matéria chamada Homilética) e como é fundamental
ter em mente que tudo que é ensinado diz respeito ao que a
Trindade está fazendo desde a eternidade e como a igreja é
chamada a participar do que o Pai, o Filho e o Santo Espírito
estão realizando para restaurar a ordem da criação!

REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO

Na reflexão sobre como as Escrituras foram formadas no


decorrer dos séculos, um dos pontos mais importantes sem
dúvida alguma, é a relação entre “Revelação, Inspiração e
Iluminação”. Qual a importância de dedicar tempo sobre esses
temas? O valor e relevância está no fato de que, atualmente, ao
que parece, muito se perdeu de seus significados e padrões
para a prática cristã. Por exemplo, ouvimos muitas pessoas
dizerem que “receberam uma revelação da parte de Deus”;
ouvimos também, de irmãos que “buscam” essas “revelações”
em pseudos “profetas” – pessoas que dizem ter “esse ministério”
– indo em suas casas ou ainda, em “suas próprias igrejas”. É fato
haver muita discrepância no que se ouve nessas “revelações”
com o que as Escrituras nos ensinam sobre como Deus fala ao
homem! Dito isto, vamos compreender melhor esses três
conceitos, para então, avaliarmos até que ponto essas ditas
“revelações” são realmente coerentes! No início de nossa
reflexão começamos com uma afirmação – A Bíblia fala! – o
segundo ponto é – Deus fala através de sua Palavra (A Bíblia) – o
que vem logo a seguir é um questionamento: então, Deus não
falava antes? Antes de existir a Bíblia? A resposta mais honesta
é: Deus sempre falou! Assim, o termo “Revelação” se desdobra
em dois: Revelação Geral e Revelação Especial.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO


“Essa, auto exposição de Deus é geralmente denominada
revelação. A Escritura usa vários verbos para isso, como aparecer,
falar, ordenar, trabalhar, tornar conhecido, dentre outros. Eles
indicam que a revelação nem sempre acontece da mesma
maneira, mas ela vem em várias formas. Na verdade, todas as
obras de Deus, sejam por palavra ou ação, são elementos
constituintes da única, imensa, abrangente e contínua revelação
de Deus. A criação, a manutenção e o governo de todas as
coisas, o chamado e a liderança de Israel, o envio de Cristo, o
derramamento do Espírito Santo, a escrita da Palavra de Deus, a
sustentação e a propagação da igreja, dentre outros, são todas,
maneiras e formas pelas quais a revelação de Deus vem até nós.
Cada um deles nos diz algo de Deus. Nesse sentido, tudo que
existe e acontece pode e deve nos levar ao conhecimento dele,
aquele cujo conhecer é a vida eterna”. (Herman Bavinck na obra
“As maravilhas de Deus”, Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2021, p.
63)

A Revelação Geral é o que temos diante de nossos olhos, isto


é, tudo que foi criado. Ela também é chamada “Revelação
Natural” quando pensada apenas em termos de natureza, e
quando desdobrada em outro tipo de “Revelação”, isto é, na
“revelação” que temos em nossa própria consciência de que
existe um Deus! Por esse motivo, o apóstolo Paulo diz aos
irmãos da cidade de Roma que “desde a criação do mundo os
atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza
divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por
meio das coisas criadas”.

Assim, mesmo que existam pessoas que digam não acreditar


na existência de Deus, pois nunca o viram, é a Revelação Geral
que demonstra que o ser humano não pode usar esse tipo de
desculpa. O apóstolo continua sua reflexão sobre esse assunto
dizendo que “Os homens são indesculpáveis; porque, tendo
conhecido a Deus (por meio da criação e de sua consciência),
não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas
seus pensamentos se tornaram fúteis”.[9]

[9]Cf. Romanos 1. 18-32

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

SUGESTÃO DE AUDIÊNCIA
Nesse pequeno vídeo, o pastor Augustus Nicodemos discorre
sobre a relação entre sola scriptura e a Revelação Geral:

Direcione a câmera de seu celular para o QRCode e assista o


vídeo ou pelo link https://www.youtube.com/watch?
v=kv0iBlecDSo
Obs. Quaisquer ideias defendidas pelo autor do vídeo que não
estão de acordo com as Santas Escrituras são de sua própria
responsabilidade e não representam as perspectivas de nossa
instituição. A intenção ao mencionar o vídeo em nosso
conteúdo é apenas curricular.

Conforme as palavras de Paulo, podemos afirmar que a


humanidade pode ter conhecimento de Deus, mas esse
conhecimento não é devido à “capacidade” humana de
reconhecer ou encontrar Deus, pelo contrário, é devido o fato de
Deus querer se fazer conhecido que podemos “vislumbrar” seu
amor e graça, como também, sua justiça e propósito. Assim, é
verdadeira a afirmação que não foi nossa própria mente que
“descobriu” que existe um criador, mas por seu “ato de favor livre
e desobrigado”. Não haveria nenhuma possibilidade de
conhecer o criador por nossos próprios esforços intelectuais.[10]

[10] BAVINCK, 2021, p. 61.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Assim, podemos conceituar o termo “Revelação Geral” da


seguinte forma:

“A Revelação Geral é aquela disponível para todas as


pessoas, de todas as etnias, culturas, línguas e épocas; ela é
acessível por meio do universo físico criado, pela história da
humanidade, e inclusive, pela consciência humana”

O que podemos dizer então da “Revelação Especial”? Antes


de pontuarmos especificamente suas características,
consideremos o “ambiente” de transição entre a “Revelação
Geral” e a “Revelação Especial”. Não somente os religiosos
afirmam que o ser humano é um “ser em busca”, e que a
religião está intrinsecamente ligada a todo labor debaixo do sol.
Mircéa Eliade, historiador das religiões, aponta para a realidade
que o “sagrado” é de fato, um elemento na estrutura da
consciência humana, e não apenas como dizem alguns, uma
“fase na história dessa consciência”. Para ele, o próprio ato de
viver como um ser humano, é em si, uma ação religiosa! Por isso,
podemos afirmar que, o ser humano é um homo religiosus.[11]

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO


“É difícil imaginar de que modo o espírito humano poderia
funcionar sem a convicção de que existe no mundo alguma
coisa de irredutivelmente real; e é impossível imaginar como a
consciência poderia aparecer sem conferir significado aos
impulsos e às experiências do homem. A consciência de um
mundo real e significativo está intimamente ligada à descoberta
do sagrado. Por meio da experiência do sagrado, o espírito
humano captou a diferença entre o que se revela como real,
poderoso, rico e significativo e o que é desprovido dessas
qualidades, isto é, o fluxo caótico e perigoso das coisas, seus
aparecimentos fortuitos e vazios de sentido”. [...] Viver como ser
humano é em si um ato religioso, pois a alimentação, a vida
sexual e o trabalho têm um valor sacramental. Em outras
palavras, ser – ou, antes, tornar-se – um homem significa ser
‘religioso’”. (Mircea Eliade na obra “História das crenças e das
ideias religiosas”, vol. 1, Rio de Janeiro: Zahar, 2010, p. 13).

[11] ELIADE, 2010, p. 13.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Dito isto, consideremos também que, a partir da proposição


de que “Deus se faz conhecido a todas as pessoas através de sua
criação”, parece viável considerar que esse “dispositivo” inserido
no ser humano – sua consciência e capacidade de compreensão
lógica – consegue dar resposta ao motivo de existirem tantas
expressões religiosas. Por isso, a afirmação de que o ser humano
é um “ser em busca”. No entanto, pontuamos também que ele,
apesar de estar em busca, não possui capacidade nem
habilidade de, por si só, encontrar e compreender os propósitos
divinos! Essa é a exclusividade da proclamação cristã, e está
muito bem fundamentada no fato de que Deus fala e fala de
forma especial, com Suas Próprias Palavras através das
Escrituras Sagradas! A fala divina por meio da fala humana
através dos séculos; mais de quarenta autores humanos, em
quase dois mil anos, inspirando-os com o “Sopro de Seu
Espírito”! Esta é sua Revelação Especial à humanidade! Agindo
através dos séculos, se autorrevelando, momento à momento
segundo Seu Eterno Propósito![12]

Assim, podemos conceituar “Revelação Especial” da


seguinte forma:

“É a autorrevelação de Deus. Uma manifestação sobre Sua


Pessoa através dos tempos humanos, em lugares, culturas e
momentos particulares, primeiramente, por eventos
sobrenaturais, como a exemplo do Dilúvio e do Êxodo do
povo de Israel e, finalmente, materializado nas Escrituras
Sagradas, a Bíblia”

Toda a manifestação divina foi copilada através de sua ordem


direta e da consciência do povo que recebeu sua “Revelação
Especial”. Não somente materializada em forma escrita, mas
principalmente, preservada por aqueles que compreenderam
que se tratava da própria Palavra de Deus!

Nosso propósito aqui, não é estender o assunto além do


necessário, já que ele será tema central quando estivermos
estudando sobre a Teologia Sistemática, mais especificamente
sobre, a Doutrina da Palavra de Deus. Assim, após termos
refletido sobre “Revelação Geral” e “Revelação Especial”, o
próximo conceito que deve ser descrito é o da “Inspiração”.
[12] BAVINCK, 2021, p.301.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Quando falamos que as Escrituras Sagradas foram “inspiradas”,


o que estamos afirmando é que o Espírito Santo agiu
diretamente nos escritores para que eles, ao escreverem seus
textos – munidos de/em suas consciências sobre a necessidade
do povo de Deus conhecer a vontade de Senhor – escrevessem
de fato as próprias Palavras de Deus!

Ao pensarmos sobre esse tema tão importante, o que salta em


nossas mentes são as palavras de Paulo ao escrever ao seu
amigo e cooperador Timóteo. O apóstolo diz em sua segunda
carta à Timóteo no capítulo três e versos dezesseis e dezessete,

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,


para a repreensão, para a correção e para a instrução na
justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente
preparado para toda boa obra”

Claro que no decorrer da história da igreja, várias foram as


teorias desenvolvidas sobre como, de fato, essa “inspiração”
ocorreu. No entanto, nesse primeiro momento, resta-nos afirmar
que, ainda que muitos tenham rejeitado a fala das Escrituras,
em grande parte da história da igreja cristã, a perspectiva
ortodoxa prevaleceu nas mentes de nossos irmãos do passado.

Nas próximas aulas iremos discorrer mais a fundo nesse tema


tão importante e controverso. Por enquanto, observe o quadro
referencial abaixo que descreve sucintamente alguns
posicionamentos.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

CONCEITOS DA TEOLOGIA (Sobre Inspiração)


1. Inspiração Convergente – é o processo em que Deus
revelou sua verdade simultaneamente enquanto o autor bíblico
escrevia seus textos.
2. Inspiração Plenária – é a posição que afirma que toda
Escritura é inspirada e não apenas certas partes ou livros das
Escrituras.
3. Inspiração (Teoria da Iluminação) – diz que o Espírito
Santo apenas “elevou os poderes normais dos escritores e não
lhes deu nenhuma orientação específica em relação ao que
escreveram.
4. Inspiração (Teoria da Intuição) – diz que a “ideia” de
inspiração envolve apenas um alto grau de insight religioso.
5. Inspiração (Teoria Dinâmica) – é a perspectiva de que Deus
guiou os autores aos conceitos que deveriam ser registrados,
mas não necessariamente na escolha de palavra por palavra.
6. Inspiração (Teoria Verbal) – afirma que o Espírito Santo
guiou o autor bíblico de tal forma que até mesmo as palavras e
detalhes foram o que Deus desejava que fossem escritos.
(Millard Erickson na obra “Dicionário Popular de Teologia”, São
Paulo, Editora Mundo Cristão, 2011, p. 104)

O último tópico dessa sessão é sobre a “Iluminação”. Observe


que, primeiramente há a necessidade de “Revelação”; essa
revelação é Deus falando aos homens, seja pela natureza ou por
meio de Sua Palavra escrita; essa Palavra foi “Inspirada” pelo
próprio Espírito de Deus; entretanto, ainda que os homens
compreendam que há uma fala divina e a entendam, isto é, o
que significa as “proposições de Deus”, para entendê-las a ponto
de querer obedecê-las é necessário “ser iluminado”! Assim,
podemos conceituar “Iluminação” da seguinte forma:

“Iluminação é a ação especial do Espírito Santo de Deus na


vida do ser humano, de tal forma que, quando o texto
sagrado é lido, há um entendimento profundo de que o
texto é o próprio Deus falando ao homem”

18
Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO


“A iluminação ocupa-se da posterior apreensão e compreensão
da verdade revelada. A inspiração que traz a revelação escrita
aos homens não traz em si mesma garantia alguma de que os
homens a entendam. É necessário que haja iluminação do
coração e da mente. A revelação é uma abertura objetiva; a
iluminação é a compreensão subjetiva da revelação; a
inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma
exposição aberta e objetiva. A revelação é o fato da
comunicação divina; a inspiração é o meio; a iluminação, o dom
de compreender essa comunicação” (Norman Geisler na obra
“Introdução bíblica”, São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 12)

SUGESTÃO DE AUDIÊNCIA
Neste pequeno vídeo, o Pr. Antônio Carlos Costa discorre um
pouco sobre a Revelação, Inspiração e Iluminação. Assista e faça
suas reflexões sobre como ele apresenta esses temas tão
importantes para nossos estudos iniciais sobre as Escrituras!

Direcione a câmera de seu celular para o QRCode e assista o


vídeo ou pelo link https://www.youtube.com/watch?
v=ILrDJERaIgo
Obs. Quais quer ideias defendidas pelo autor do vídeo que não
estão de acordo com as Santas Escrituras são de sua própria
responsabilidade e não representam as perspectivas de nossa
instituição. A intenção ao mencionar o vídeo em nosso
conteúdo é apenas curricular.

19
Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

LÍNGUAS E MATERIAIS DA BÍBLIA

Nossa última reflexão nesta primeira aula é sobre que tipo de


material foi usado para escrever os textos sagrados e em que
idiomas eles foram escritos. O objetivo de conhecer esses
assuntos está no fato de necessitarmos de subsídios para
construir uma defesa mais apropriada de nossa fé quando
questionados sobre se possuímos ou não os “originais” da Bíblia,
e, porquê podemos confiar nos textos que chegaram às nossas
mãos.

Comecemos então com os materiais usados para escrever o


texto e preservá-lo – claro que na medida do possível – até que
nos alcançasse em pleno século XXI. O primeiro deles é o
papiro. Provavelmente, você esteja lendo esse texto em um PDF,
ou uma folha impressa, ou ainda, você tenha em mãos o livro
dessa matéria; o que você possivelmente não imagina, é que
nossa palavra em português “papel” tem sua origem na palavra
“papiro”. Nesse sentido, você também jamais havia pensado
antes sobre a importância do papiro para o desenvolvimento da
humanidade. O historiador romano, Plínio, o velho,
compreendeu essa importância e disse ainda no segundo
século da era cristã que “a civilização, ou pelo menos a história
da humanidade dependiam do uso do papiro”.[13]

[13] Miller & Huber in A Bíblia e sua


história, 2006, p. 20; grifo do autor.
20
Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

SUGESTÃO DE AUDIÊNCIA
Nesse vídeo, aprenderemos um pouco mais sobre o papiro e
como ele é feito.

Direcione a câmera de seu celular para o QRCode e assista o


vídeo ou pelo link https://www.youtube.com/watch?
v=QJXeYBmjrZ4
Obs. Quaisquer ideias defendidas pelo autor do vídeo que não
estão de acordo com as Santas Escrituras são de sua própria
responsabilidade e não representam as perspectivas de nossa
instituição. A intenção ao mencionar o vídeo em nosso
conteúdo é apenas curricular.

21
Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Mas, antes ainda do “papiro”, lá na antiga Suméria, havia um


objeto feito de barro e era muito utilizado para escrever visando
a administração dos insumos excedentes. Eram as chamadas
“tábuas de barro” em uso já em 3500 a.C.; no texto bíblico, mais
especificamente no Antigo Testamento, temos a fala profética
de Ezequiel em 4.1 quando diz: “Agora, filho do homem, apanhe
um tijolo, coloque-o à sua frente e nele desenhe a cidade de
Jerusalém”; demonstrando que a utilização desses materiais era
comum. Não somente as tábuas de barro eram utilizadas; os
achados arqueológicos demonstram que grandes monólitos
eram utilizados como “suporte”[14], isto é, uma base para a
escrita.

Um dos grandes achados arqueológicos que utilizaram como


base de escrita uma rocha, foi a Pedra de Roseta. Um pedaço de
um bloco maior de granodiorito – uma rocha parecida com o
granito – possivelmente do II séc. a.C. e que contém inscrições
em três idiomas diferentes – hieroglifos egípcios, egípcio
demótico e grego antigo – esse achado arqueológico foi vital
para a tradução e compreensão dos hieroglifos egípcios a partir
do grego antigo.

COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO


“O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito por volta
de 2100 a.C. Eram folhas de uma planta, que se prensavam e
colavam para formar um rolo. Foi o material que o apóstolo
João usou para escrever o Apocalipse (5.1) e suas cartas (2Jo 12).
Velino, pergaminho e couro são palavras que designam os vários
estágios de produção de um material de escrita feito de pele de
animais. O velino era desconhecido até 200 a.C., pelo que
Jeremias teria tido (36.23) em mente o couro. Paulo se refere a
pergaminhos em 2Timóteo 4.13. outros matéria para escrita
eram o metal (Ex 28.36; Jó 19.24; Mt 22.19,20), a cera (Is 8.1; 30.8;
Hb 2.2; Lc 1.63), as pedras precisoas (Ex 39. 6-14) e os cacos de
louça (óstracos), como mostra Jó 2.8. O linho era usado no Egito,
na Grécia e na Itália, embora não tenhamos indícios de que
tenha sido usado no registro da Bíblia” (Norman Geisler na obra

“Introdução bíblica”, São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 128-129)


[14] Suporte é o nome dado ao objeto utilizado como base de escrita. Na atualidade esse “suporte”

pode ser físico ou virtual. Entretanto, na antiguidade, esses “suportes” eram papiro, couro, barro e
pedra.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

Uma última questão abordada, antes de pensamos um pouco


sobre os idiomas utilizados para a escrita da Bíblia, diz respeito
aos ditos “manuscritos originais”, ou como são normalmente
chamados, os “autógrafos”. Nominamos dessa forma aqueles
textos escritos originalmente pelos profetas ou apóstolos, ou
ainda, escritos por “amanuenses”, isto é, secretários que ouviam
os autores – e ainda possuíam “certa” liberdade de melhorar o
texto, por assim dizer – e escreviam nos materiais disponíveis.

Bem, esses “autógrafos” não existem mais. Isso fica evidente no


vídeo que assistimos sobre como os papiros eram produzidos;
por serem muito frágeis, preservá-los no decorrer do uso
comum seria quase impossível. O que possuímos são cópias das
cópias produzidas à medida que era necessário substituir os
manuscritos usados nas sinagogas e também, os que eram de
uso particular. À medida que o tempo foi passando, vários
grupos de manuscritos foram preservados. Assim, usamos os
mais antigos, ou ainda, o grupo que apresenta mais semelhança
(assunto que iremos desenvolver adiante) para verificar a
autenticidade da escrita, melhor dizendo, se o texto preserva de
fato a mensagem originalmente legada, e desse modo, ser
copiado em um novo material.

Atualmente, para verificarmos a data de publicação de algum


material, basta lermos a ficha catalográfica do livro. Lá constam
o autor, o título da obra, a editora que publicou o material e o
ano de publicação. Entretanto, essa “facilidade” não é
encontrada – evidentemente – nas publicações antigas, como
no caso de manuscritos e dos códices. O processo utilizado para
verificar as datas de determinados textos inicia-se na avaliação
do tipo de material usado, o alfabeto empregado, estilo de
linguagem, melhor dizendo, palavras que em determinado
tempo eram ou não utilizadas – isso diz respeito à diacronia e
sincronia na linguística – o tamanho da letra, sinais e pontuação,
e até mesmo, como o texto está estruturado.[15]

[15] GEISLER, 2006, p. 130-131

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

SUGESTÃO DE AUDIÊNCIA
Neste vídeo, o arqueólogo brasileiro Rodrigo Silva, discorre
como se dá a análise dos manuscritos antigos. Mais
especificamente, ele traz três elementos que são utilizados para
determinar a confiabilidade dos textos antigos.

Direcione a câmera de seu celular para o QRCode e assista o


vídeo ou pelo link https://www.youtube.com/watch?
v=xI8qSlEJ3P4
Obs. Quaisquer ideias defendidas pelo autor do vídeo que não
estão de acordo com as Santas Escrituras são de sua própria
responsabilidade e não representam as perspectivas de nossa
instituição. A intenção ao mencionar o vídeo em nosso
conteúdo é apenas curricular.

Nossa última consideração nessa aula é sobre quais idiomas


foram utilizados para escrever a Bíblia. A maior parte do Antigo
Testamento foi escrito em hebraico. Algumas partes da chamada
“Bíblia Hebraica” – como aprendemos, nosso Antigo Testamento –
foram escritas em aramaico. A utilização do aramaico – língua
dos sírios – se deu ao fato de que, por ser usada em todo o
período veterotestamentário, em cerca de VI a.C. se tornou a
língua mais falada no Antigo Oriente Próximo. Esse amplo uso da
língua influenciou, tanto os nomes de certas regiões geográficas,
como também, a própria utilização da língua no texto bíblico,
como a exemplo de Esdras 4.7 a 6.18; 7.12-26 e em Daniel 2.4 a
7.28.[16]

[16] GEISLER, 2006, p. 125.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

No caso do Novo Testamento, pelo motivo de Jesus e seus


discípulos falarem o aramaico – era normal naquele tempo, a
maioria das pessoas falarem mais de um idioma – há a
possibilidade de as línguas semíticas serem utilizadas, em um
primeiro momento, na materialização dos ensinos de Jesus por
seus discípulos, isto é, em suas primeiras "anotações" e
rascunhos".[17]

No entanto, foi o grego koiné que se estabeleceu como língua


principal para a produção dos diversos textos do Novo
Testamento. Isso se deu pelo fato de que o grego koiné era a
língua mais utilizada no primeiro século da era cristã.[18]

DICA
Faça a releitura dessa aula, se possível, assista novamente todos
os vídeos indicados no decorrer do texto. Além disso, assista
novamente as vídeo aulas. Tente resumir tudo que você
aprendeu nesta aula em um pequeno texto sobre o assunto.
Isso lhe auxiliará no processo de aprendizagem, fixando e
internalizando os principais conceitos apresentados nessa aula!

SUGESTÃO DE LEITURA
Para aprender mais sobre esses temas iniciais, um excelente
material é o livro “Origem, confiabilidade e significado da Bíblia”
organizado por Wayne Grudem. As informações da publicação
estão abaixo:

GRUDEM, Wayne (org.) Origem, confiabilidade e significado da


Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2013.

[17] GEISLER, 2006, p. 126.


[18] Ibid.

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Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

SÍNTESE DA AULA
Nesta aula você aprendeu os conceitos iniciais de nossa matéria.
Por exemplo, porquê chamamos o texto sagrado de Bíblia, qual
sua estrutura, tanto da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento),
como também a Bíblia cristã (Antigo e Novo Testamentos).
Compreendemos a importância de diferenciar os conceitos
“Revelação, Inspiração e Iluminação”. E ainda, descobrimos que
a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO DO CONTEÚDO


Após estudo dessa aula, tente responder as questões propostas
abaixo:

1- O que você aprendeu sobre Revelação, Inspiração e


Iluminação?

2- Após o estudo sobre os materiais utilizados na escrita da


Bíblia, como podemos responder à questão sobre o motivo de
não possuirmos mais os chamados “autógrafos”?

26
Introdução aos Estudos Bíblicos F. Maia

REFERÊNCIAS

A BÍBLIA E SUA HISTÓRIA – O surgimento e o impacto da Bíblia.


Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
BAVINCK, Herman. As maravilhas de Deus: instrução na religião
cristã de acordo com a confissão reformada. São Paulo: Pilgrim
Serviços e Aplicações; Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil,
2021.
BAVINCK, Herman. Dogmática reformada. São Paulo: Cultura
Cristã, 2012.
BRUCE, F. F. O cânon das escrituras. São Paulo: Hagnos, 2011.
ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas,
volume 1: da Idade da Pedra aos mistérios de Elêusis. Rio de
Janeiro: Zahar, 2010.
ERICKSON, Millard. Dicionário popular de teologia. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011.
FRAME, John M. A doutrina da Palavra de Deus. São Paulo:
Cultura Cristã, 2013.
GEISLER, Norman. Introdução bíblica. São Paulo: Editora Vida,
2006.
GRUDEM, Wayne (org.) Origem, confiabilidade e significado da
Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2013.
PACKER, J. I. O conhecimento de Deus. São Paulo: Cultura
Cristã, 2014.
SCOTT JR, Julius. Origens judaicas do Novo Testamento: um
estudo do judaísmo intertestamentário. São Paulo: Shedd
Publicações, 2017.
WALTON, John H. O pensamento do antigo Oriente próximo e o
Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2021.
WON, Paulo. E Deus falou na língua dos homens: uma
introdução à Bíblia. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020.

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