Lei Da Mediação e Conciliação

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Se~"1a-feira, 12 de Agosto de 2016 I Série - N.

" 137

I I

DIARI DA REP BLI A


ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz : 220,00
To da a cor respo ndência, quer o ficial, quer ASSINAT URA o preço de cada linha p ublicada no s Diár io s
relativa a an úncio e assinat uras do " Diário Ano da República L' e 2.' sér ie é de Kz: 75.00 e para
da Rep ública », deve ser d irigida à Impren sa
As três séries Kz: 6 11 799.50 a 3.' série Kz: 95.00, acrescido do respectivo
Nacio nal - E.P., em Luanda, Rua Henrique de
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« Imp rensa ». A 3.' série Kz: 150 111.00 da Impren sa Nacion al - E. P.

SUMÁRIO n." 173/1 5, de 15 de Setembro, cidadãos co ndenados em


pe na não sup er ior a 12 anos de pri são que tive ssem cum -
pr ido m etade da pe na e n ão só;
Assembleia Nadonal
No inte re sse de que este facto comemorativo se reflicta
Lei 11.° 11/16:
na ordem social estabelecida, de um m odo geral, sem que se
Lei de Amn istia
excl ua m os cidadãos privados de liberdade, concedendo-lhes
Lei 11.° 12116:
novas opo rtu nidades políticas, sociais e de reintegração pe s-
Lei da Mediação de Confli tos e Conciliação, que estabelece as normas
sobre a constituição, organização e do procedimento de mediação e con- soa l e fami liar;
ciliação, enquanto mecani smos de resolução alternativos de confli tos. A A ssembleia Naciona l aprova , por mandato do P ovo,
Re solu ção 11.° 38116 : nos te rmo s das alíneas b) e g) do artigo 161.° e alínea d) do
Aprova para adesão, a Conven ção sobre o Reconhec imento e a Execuç ão artigo 166.°, ambos da Con stituiç ão da República de Ang ola,
de Sentenças Arbitrais Estrang eiras. a seguinte :
Ministério da Juventude e Desportos
Decreto Execu tivo II. ° 349/16 : LEI DE AMNISTIA
Aprova o Re gulamento Interno do Conselh o Superior do De sport o.
- Re voga toda a legislaç ão qu e contrari e o di spost o no pre sente ARTIGO 1.0
(Âmb ito)
Decret o Executivo .

Decreto Execu tivo II. ° 350/16 : 1. São amni stiados todo s os crimes comun s pun ívei s com
Aprova o Regul amento Intern o do Conselho de Dir ecção. - Revoga toda pena de pri são até 12 ano s, cometidos por cidad ãos nacionai s
a legislação que contrarie o disposto n o present e Decreto Executivo, ou estrangeiros até 11 de Novembro de 2015.
2. São ainda amnistiados todos os crimes mi litares, salvo
os crimes do loso s cometidos com violên cia de que re su l-
tou a mort e, previ sto s n o n." 3 do artigo 18.° e no n ." 3 do
ASSEMBLEIA NACIONAL
artigo 19.°, am bo s da L ei n." 4/94 , de 28 de Jane iro - Lei
dos Crime s M ilita re s.
Lei n ." 11/16 ARTIG O 2.°
dr 12 dr Ago sto
(Perdão)
A independência da Repúb lica de Angola é um marco his- 1. Os agentes dos crimes n ão abrangidos pe la presen te
tórico memorável para todos os angolano s, que ao long o de amni stia terão as su as penas perdoadas em 1/4 .
décadas de luta se entregaram ao comba te para o seu alcance, 2. O disposto no número anterior é ap licável aos processos
bem como para manutenção da integridade territorial e da paz; pendentes por facto s ocorridos até 11 de Novemb ro de 20 15.
A 11 de Novembro de 2015 celebrou-se o quadragé simo 3. N ão beneficiam do perd ão pre visto no n.° 1 deste art igo,
aniver sário da Proclamação da Independência Naciona l; os agente s que tenha m beneficiado de comutaç ão da pena do
O Presidente da República , por oca sião dessa celebra- indu lto previsto no Decreto Presidencia l n .? 173/15, de 15
ção , perdoou atrav és de indu lto , pe lo Decreto Presidencial de Setembro.
3498 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

ARTIGO 3.° ARTIGO 8.°


(Excepções) (Entrada em vigor)

A amnistia prevista na presente Lei não abrange : A presente Lei entra em vigor ii data da sua publicação.
a) Os crimes dolosos cometidos com violência ou Vista e aprovada pela As sembleia Nacional, em Luanda ,
ameaça a pessoas de que resultou a morte ou aos 20 de Julho de 2016 .
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
quando esta, não tendo ocorrido, tenha havido o
Piedade Dias dos Santos.
emprego de arma de fogo;
Promulgada aos 5 de Ago sto de 2016 .
b) Os crimes de tráfico de estupefacientes e substân-
cias psicotrópicas, punidos com pena sup er ior ii Publique-se.
prevista na alínea a) do artigo 8.° da Lei n ." 3/99, O President e da República, J OSE E DUARDO DOS S ANTOS.
de 6 deAgosto - Lei sobre o Tráfico e Consumo
de Estupefacientes, Sub stâncias Psicotr ópicas e Lei n." 12116
Precursores; de 12 de Agosto

c) Os crimes de tráfico de pessoas e órgãos de seres A Constitu ição da República de Angola (CRA) prevê, no
humanos; n." 4 do artigo 174.°, a necessidade de criação e implementa-
d) Os crimes previstos no s artigos 392.° a 395.° do ção legal de meio s e forma s de composição extrajudicial de
Código Penal, designadamente o estupro, a vio- conflito s, nomeadamente, mediante a arbitragem , mediação,
lação, a violação de menor de 12 anos e o rapto conciliação e a negociação;
violento ou fraudulento; O quadro legislati vo vig ente em matéria de meios extra-
e) Os crimes de promoção e auxílio ii imigração ilegal. judiciais de re solução de litígios padece de insuficiências
ARTIGO 4.°
visívei s, não respondendo, por completo, as necessidades do
(Condiç ão re solutíva ) contexto jurisdicional actual;
1. O perdão a que se refere a presente Lei é concedido sob A compo sição de litígios de forma segura, rápida e eficaz,
condição resolutiva de o benefíci ário não reincidir nem praticar bem como o descongestionamento dos tribunais, afigura- se
infracção dolo sa a que corresponda pena de prisão superior a imperioso que , paralelamente ao sistema formal da adminis-
um ano, no s três anos subsequentes ii data da entrada em vigor tração de justiça vigente, se implementem os procedimentos
da pre sente Lei ou ii data em que vier a terminar o cumpri- de mediação e conciliação, enquanto mecanismo s de resolu-
mento da pena ou durante o cumprimento desta. ção altemativa de conflitos.
2. Tratando-se de crime patrimonial em que haja conde- A Assembleia Nacional aprova , por mandato do Po vo ,
nação por indemnização, o benefício da amnistia ou perdão no s termos do n." 2 do artigo 165.° e da alínea d) do n ." 2 do
é concedido mediante reparaç ão ao lesado pelo período de artigo 166.°, ambos da Constituição da República de Ang ola,
até tun ano. a seguinte :
ARTIGO 5.°
(Responsabilidade civil e di sciplinar)
LEI DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
A amni stia prevista na presente Lei não extingue a res- E CONCILIAÇÃO
ponsabilidade civil , nem a disciplinar emergente de factos
amni stiados e o prazo da propositura da acção de indemni- CAPÍTUL O I
zação no tribunal competente por perdas e danos conta-se a Disposições Gerais
partir da sua entrada em vigor; ARTIGO \.0
(Objecto)
ARTIGO 6.°
(Obj ect os apreendidos) A presente Lei estabelece as norma s sobre a consti-
São declarados perdidos a favor do Estado os objectos de tuição, organização e do procedimento de mediação e
crime que tiverem sido apreendidos, quando pela sua natu- conciliaç ão , enquanto mecanismos de re solução alterna-
reza ou pela s circunstâncias do caso, oferecerem sér io risco tivos de conflitos.
de serem utilizados no cometimento de novas infracções, ARTIGO 2.°
bem como os fiutos produzidos pela prática de tai s crime s. (Defini ções)

ARTIGO 7.° Para efeitos do estabelecido na presente Lei , entende-se por:


(D úvida s e omi ssões) a) «Centros Privados de Mediação», instituições criadas
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplica- por entidades privadas, autorizadas por lei, com
ção da pre sente Lei são resolvidas pela Assembleia Nacional. o objectivo de exercer a mediação e conciliação;
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b) «Centros Públicos de Mediação», instituições púb li- ARTIGO 3,·


(Âmbito de aplicação)
cas que têm com o objectivo promover e exercer a
Podem ser objecto de mediação, os litíg ios em matéria
reso lução extrajudicial e pacífica de litíg ios, bem
cíve l, comercial, laboral, fami liar e penal, desde que os me s-
como assegurar e coordenar o apoio administra-
mo s ver sem sobre direitos dispon íveis.
tivo necessário ao norma l desenvolvimento do
ARTIGO 4,·
processo de mediação e conciliaç ão ; (Lilígios no seio da s comunidad es}
c) «Clausula de Mediação», convenção segundo a qual Sem prejuízo do previsto na pre sente Lei, a mediação e a
as partes se obrigam a resolver os conflitos que conci liação dos litígios devem ter em conta os uso s e costume
v enh am a decorrer de uma determinada re lação das comunidades, desde que não sejam contrários à Constituição,
contratual ou extracontratual, através da mediação; nem atentem contra a dignidade da pe ssoa humana .
d) «Comp romisso de Mediação», convenção segund o
CAPÍTULo n
a qual as partes s e obrigam a resolver, atra v és da
Princípios
mediação, um conflito actual , quer ele se encontre
A RTIGO 5,·
afecto, quer não , a um Tribunal Judicial; (princípios da mediação de conflitos)
e) «Concilioçãa» , m étodo de re solução alternati va
1. Os princ ípios consagrados no presente capítulo regem
de litígios, rea lizado por entidades púb licas ou
toda s as medi ações realizada s em Ang ola, independentemente
privadas, atra vés do qua l dua s ou mais pessoa s
da natureza do conflito que sej a objecto da mediação.
em controvérsia procuram v oluntar iam ente obter
2. O dispo sto no s artigos seguin tes re lativamente ao pr o-
uma soluçã o, com auxílio de um conci liador de cedimento de mediaç ão é ap licá vel à concilia ção, com as
conflitos, que prop õe acordos às me sma s; necessárias adaptaçõe s,
j} «Convenç ão de Mediação», acordo através do qua l 3. Os pri ncípios e procedimentos da mediação no âm bito
as partes em conflito con vencionam subm eter à judicial seguem, em regra , o disposto na Legi slação Processual,
mediação os conflito s emergentes de uma determi- conforme a natureza do ca so,
nad a relação jurídica contratu al ou extracontratual; A RTIGO 6,·
g) «Mediaç ão», método de re so lução alternativa de (Príncíp io da volunt arte dade ]

litíg ios, rea lizado por entidades púb lica s ou pri- 1. O recurso ao procedimento de mediação é voluntário
v adas , através do qua l dua s ou mai s pessoa s em e imp lica a obtenção prévia do consentimento esclarecido e
controvérsia procuram voluntari am ente alcançar informado da s partes litigantes, para a rea lizaç ão da re spec -
um acordo com auxílio de um mediador de con- tiva mediação .
flito s, sem que este , contudo, proponha um acordo 2. As pa rtes em litígio sã o responsá vei s pelas deci sões
às me smas; tomadas no decurso do procedimento.

II) «Mediador e Conciliador», terceiros imparciais e 3. As partes litig antes podem, em qua lquer momento do
procedimento, re vogar o consentimento pre stado para a sua
independentes, com experiencia profi ssional ou
participação.
forma ção específica e certificada em técnicas de
4. A recusa de iniciar ou prosseguir o procedimento de
mediação e conc iliação, sem poder de imposição
mediação pelas partes em litígio não configura violação do dever
sobre as pa rte s em conflito;
de cooperação no s termos previ sto s no Có dig o de Processo
i) «Mediaç ão Penal» , processo informal e flexí ve l,
Civil e demais Legislaç ão Processua l Civil.
conduzido por um mediador que promove a apro-
ARTIGO 7.·
x im ação entre o arguido e o ofe ndido e os apoia (princípios da igua ldade e imparcialidade)
na tentativa de encontrar activamente um acord o
1. Durante todo o procedimento de mediação as pa rtes
que permita a reparaç ão dos dan os cau sados pelo em litíg io de vem ser tratadas de forma igual competindo
facto ilícito e contribua para a restauração da paz ao mediador de conflitos gerir o procedimento de modo a
social entre ambos; garantir o equilíbrio de poderes e a po ssibi lidade de ambas
j ) «Organismo da Administraçõo Pública responsável as partes pa rticiparem do me smo em paridade e igua ldade
pela Resoluç ão Extrajudicial de Litigios», serviço de circunst âncias.
do DepartamentoMinisterial encarregue pe lo Sec- 2. O mediador de conflitos não é parte interessada no lití-
tor da Justiça , no âmbito dos poderes de legados g io, devendo agir com as partes em conflito de forma imparcial
pelo Presidente da Repúb lica . durante todo o procedimento de mediação .
3500 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

ARTIGO 8.0 ARTIG O 11.0


(Principio da legalidade) (Principios da compet ência e da responsabilidade)

1. Todo O acordo alcançado no processo de mediação deve 1. O mediador de conflitos deve ter experiência, habilidade
respeitar a lei, a ordem pública e os bons costumes. ou frequentado acções de formação que lhe po ssam confe-
2. O acordo final alcançado não deve contrariar normas rir aptidões específicas, teóricas e práticas, máxime cur so de
legais imperativas, incluir disposições menos favoráveis para técnicas de mediação de conflitos realizado por entidade for-
qualquer uma das partes do que o consagrado na lei. madora certificada pelo Organismo da Administração Pública
ARTIGO 9. 0
responsável pela Re solução Extrajudicial de Litígios, a fim
(Principio da confidencialidade)
de adquirir as competências adequada s ao exercício da su a
1. O procedimento de mediação é confidencial, devendo actividade.
o mediador de conflitos manter sob sigilo absoluto todas as 2. O mediador de conflito s que viole os deveres de exercí-
informaç ões de que tenha ou venha a ter conhecimento no cio da respectiva actividade, nomeadamente os con stantes no
âmbito do referido procedimento, e dela s não pode fazer uso presente Diploma, seus regulamentos e dos acto s constituti vos
em proveito próprio ou de outrem. e reguladores do centro de mediação, é civilmente responsável
2. A s informaç ões prestada s a título confidencial ao media- pelos danos cau sados, no s termos g erais de direito.
dor de conflitos por uma das partes litigantes não podem ser ART IGO 12.0
comunicadas ou partilhadas, sem o seu consentimento, às (Principio da executorterlade}

restantes partes envol vida s no procedimento. 1. Tem força executiva , sem necessidade de homologaç ão
3. Todo s os intervenientes no procedimento de mediação judicial, o acordo final de mediação que observe os segu in -
ficam suj eitos ao princípio da confidencialidade. tes requisito s:
4. Não é permitido ao mediador intervir, por qualquer forma, a) Cujo objecto sej a mediável, no s termo s do artigo 3.0
nomeadamente como testemunha, em quaisquer procedimentos da presente Lei ;
sub sequentes à mediação, como sejam o processo judicial ou b) Obtido através de mediação realizada no s termos
o acompanhamento psicoterapêutico, quer se tenha aí obtido legalmente previstos;
ou não um acordo, ainda que tais procedimentos estejam ape- c) Em que as partes tenham capacidade e legitimidade
na s indirectamente relacionados com a mediação realizada. para a su a celebração;
5. O dever de confidencialidade sobre a informação res- d) Cujo conteúdo não viole a lei, a ordem pública e os
peitante ao conteúdo da mediação só pode cessar por raz ões bon s costumes;
de ordem pública, na estrita medida do que , em concreto, se e) Em que tenha participado mediador inscrito na lista
revelar necessário para: de mediadores de confl itos organizada pelo Orga-
a) Assegurar a protecção de um interesse público nismo da A dm inistr ação Pública respon sável pela
superior, quando esteja em causa a protecção da Re solução Extrajudicial de Litígio s.
integridade fisica ou psíquica de qualquer pe ssoa; 2. O disposto na alínea e) do número anterior n ão é aplicá-
b) Efeitos de aplicação ou execução do acordo obtido vel às mediaç ões realizadas nos centro s públicos de mediação
por via da mediação. no âmbito do Organismo da A dministr ação Pública re spon-
6. Exceptuando as situaçõ es previstas no número anterior, sável pela Re solução Extrajudicial de Litígios.
ou no que diz respeito ao acordo obtido, o conteúdo das ses- 3. A s qualificações e demais requisito s de inscrição na
sõ es de mediação não pode ser v alorado em tribunal ou em lista referida na alínea e) do n.o 1, bem como o Organismo da
sede de arbitragem. Administração Pública responsável pela Resolução Extrajudicial
ARTIG O 10.0 de Litígios e com competência para a organização da lista e
(Principio da independência)
a forma de ace sso e divulgação da me sma, são definidos por
1. O mediador de conflito s é independente e livre de qual-
regulamento.
quer pres são , seja em razão dos s eus próprios interesses ,
ARTIGO 13.0
valores pessoai s ou de influências externas, (Outros prínc ípíos)
2. O mediador de conflitos é responsável pelos seus acto s A mediaç ão rege-se também pelos princípios do respeito, da
e não está suj eito à subordinação técnica ou deontológica de equidade, da boa-fé, da cooperação, da autonomia da vontade,
profi ssionais de outra s área s, sem prejuízo das competências da celeridade, da informalidade, oralidade e da auto-composi-
da entidade ge stora do centro de mediaç ão. ção, no sentido comum que lhes é dado pelo direito.
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CAPÍTULO III b) N ão sej a possível obter- se um acordo entre as partes;


Procedimento de Mediação c) O acordo não for obtido dentro dos prazos definidos.
SE CÇÃO I
2. Sal vo estipulação em contrário, a convenç ão de media-
Conven çã o d e Mediação Civil e C om er cia l ção não caduca e o procedimento da mediação não se extingue
com a morte de qualquer da s partes ou , sendo uma pessoa
ARTIGO 14.0
(Esp êcles de conven çã o de media çã o) colectiva, com a su a extinção.

1. A convenção de mediação pod e ser de dua s espécies SECÇÃO II


Procedimento de M ediaçã o
seguintes :
a) Cláus ula de mediação; ARTI GO 18.0
(Inicio do processo da media ção)
b) Com prom isso de mediação.
2. As partes podem, na convenção de mediaç ão , esten- 1. O início do processo de mediação ocorre quando a parte
der o respectivo obj ecto a outras que stões relacionadas com ou as partes interessadas so licitam o agendamento da sessã o
o litígio, conferindo ao mediador de conflitos os poderes de de pré-mediação , com carácter informativo , n ão onerosa e
precisar, completar, actualizar e rever os contratos ou as rela- sem compromisso, em sede da qual o mediador de conflitos
ções jurídicas que determinaram a convenção de mediação . explica o funcionamento da mediação e as regras do proce-
ARTIG O 15.0 dimento, sem prejuízo do re speito do princípio da autonomia
(Requi sitos da convenção de mediação )
da vontade.
1. A con ven ção de mediação reve ste a forma escrita, sem 2. O início do procedimento da mediaç ão pode ainda ser
prejuízo de lei especial exigir outra forma .
solicitado pela Inspecção Geral de Trabalho, pelo Tribunal,
2. Cons ider a-se satisfeita a exigência do número anterior
pelo Ministério Público ou pela Cons ervatória do Registo
quando a convenção con ste de documento escrito assinado
Civil e outras In stituiçõe s E ssen ciais à Justi ça no s termos da
pelas partes ou em qualquer exemplar de correspond ência
Cons titu içã o.
trocada entre ela s de que reste prova por escrito, nomeada-
mente troca de carta, telegrama, telefax, correio electrónico ou 3. O procedimento prossegue se o Centro da Mediação
outros meios de telecomunicaç ão de que fique prova escrita. decidir considerar útil e apropriado o ca so e se as partes acor-
3. Sempre que as partes vão à mediação sem uma conven- darem mediante uma convenç ão de mediação assinada pelas
ção de mediação celebrada no s termo s dos números anteriores, partes e pelo mediador.
pode o mediador orientar as partes, se esta s con sentirem, a 4 . Nos ca sos em que o mediador perceba que a matéria
elaborar de uma conforme a presente Lei. de conflito é insanável, pode registar o acto e recomendar
ARTIGO 16.0 que as partes recorram ao procedimento da arbitragem ou a
(Nuli da d e da conven ção de mediação) acç ão judicial.
1. A convenção de mediação é nula quando : 5. Havendo con senso de se prosseguir o procedimento da
a) N ão revestir a forma previ sta nos n .o. 1 e 2 do mediação, da redacção das conclusõe s finai s da convenção
artigo 15.0 ; de mediação deve constar o segu in te :
b) For celebrada em violação do disp osto no n." 1 do a ) A identificação da s partes;
artigo 46.0 ou no n." 2 do artigo 53. 0 ; b) A identificação e domicílio profissional do mediador
c) For celebrada em violação às normas legais imperativas; e, se for o ca so, da entidade ges tora do Cen tro de
d) A cláusula de mediação não especificar os factos
Mediação ;
jurídico s de que deva emergir a relação litigiosa;
c) A declaração da s partes e do mediador, em re speito
e) O compromi sso de mediação não determinar o
ao princípio da confidencialidade;
objecto do litígio e não for po ssível proceder, de
d ) A de scriç ão sum ária do litígio e do seu re spectivo
outro modo, a sua determina ção.
objecto;
2. A acç ão de nulidade da convenç ão de mediação deve
e) A s regra s do procedimento da mediação acordada s
ser intentada junto do tribunal competente.
entre as partes e o mediador;
ARTIGO 17.0
(Caducidade da conven ção de media ção ) j) O calendário do procedimento de mediação e a defi-
1. No que respeita ao litígio subm etido à mediação e con- niç ão do prazo máximo de duração, ainda que
ciliação, o compromisso e a cláusula de mediação deixam de passívei s de alteraç ões futuras;
produzir efeito, quando: g) A definição do s honorários do mediador ou taxa
a) O mediador falecer, se escu sar , ficar permanente- aplicável , no caso da s mediaçõe s realizadas no s
mente impossibilitado ou a sua designação ficar centros públicos;
sem efeito e, em qualquer deste s caso s, n ão for II) A declaração de con sentimento da s partes;
substituído; i) A data .
3502 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

ARTIGO 19.· 2. Salvo estipulação em contrário das partes, o proce-


(Escolha do mediador de conDitos)
dimento de mediaç ão pode ser realizado em dez sessões ,
1. Compete às partes acordarem, consensualmente, na podendo ser seis conjuntas e quatro privadas, sendo duas para
escolha de um ou mais mediadores de conflitos disponíveis, cada uma das partes.
podendo ainda , para esse fim , adoptar as regras de uma enti- 3. A duração do procedimento de mediaç ão é fixada na con-
dade especializada. venção de mediação, podendo a me sma ser alterada durante
2. Na falta de consen so, o Coordenador do Centro nomeia o procedimento por acordo das partes.
o mediador;
4 . Salvo estipulação em contrário das partes, o proce-
3. Antes de aceitar a sua escolha , nomeação ou durante dimento de mediação deve ter uma duração máxima de
o decurso do procedimento, o mediador de conflitos deve 4 (quatro) meses, contados a partir da data da assinatura da
proceder à revelação de todas as circunstâncias que possam
convenção de mediação, sem prejuízo do dispo sto no n." 1
sus citar fundada s dúvidas sobre a sua imparcialidade e inde-
do artigo 52.° da presente Lei .
pendência, no s termo s previstos no artigo 34.° da presente Lei.
ARTIGO 24.·
ARTIGO 20.· (Suspensão do procedimento da mediação)
(Despe sas do procedunento)
1. O procedimento da mediação pode ser susp ens o, em
1. As despesas do procedimento da mediação são pagas
situaçõ es excepcionais e devidamente fundamentadas, desig-
solidariam ente pelas partes, salvo con venção em contrário.
nadamente para experimentação de acordos provisório s.
2. A remuneração é acordada entre as partes e o media-
2. A suspensão do procedimento de mediação, acordada
dor, e fixada na convenção de mediação celebrada no início
por escrito pelas partes, não prejudica a susp ensão dos pra-
de cada procedimento.
3. Os Centros Públicos de Mediação ou Mediadore s Privados zo s de caducidade e pre scriç ão.

podem fixar as taxas ou honorários re spectivamente, que ARTIGO 25.·


(Fim do procedimento de media ção)
devem con star na convenção de mediação, nos termos pre-
vi stos no s respectivo s actos constitutivos ou regulatórios, os O procedimento de mediação termina quando:
quai s prevêem iguahnente as eventuais isenç ões e reduções a ) Se obtenha acordo entre as partes;

dessas taxa s ou honorários. b) Se verifique a desistência de qualquer das partes;


ARTIGO 21.· c) Se verifique a impossibilidade de obtenç ão de acordo;
(Pre sença e repre senta ção da s partes)
d) Se atinja o prazo má ximo de duração do procedi-
1. As partes podem comparecer pessoalmente ou fazer-se mento, incluindo eventuais prorr ogações do mesmo.
representar no procedimento da mediação e na s sessões de ARTIGO 26.·
mediação, podendo ser acompanhadas por advogados, defen- (Elementos do acordo fínal no procedimento de media ção)
sores públicos ou advogados estagiários ou ainda por pe ssoa 1. O acordo final é fixado livremente pela s partes, devendo
qualificada da sua confiança . ser reduzido a escrito, assinado pelos mediados e pela enti-
2. As partes podem ainda fazer-se acompanhar de outros dade mediadora e dele con sta :
técnicos cuja presença con siderem necessária ao bom desen- a ) A identificação das partes;
volvim ento do procedimento de mediação, desde que a outra
b) A referência à Conv ençã o de Mediação;
parte não s e oponha a tal facto.
c) A descrição sumária do litígio e do respectivo objecto;
3. Quando a parte sej a pessoa com deficiência visual, audi-
d ) O conteúdo do acordo propriamente dito , contendo
tiva , muda, iletrada ou fale língua estrangeira deve fazer-se
as obrigações assumidas pela s partes;
acompanhar de um interprete-tradutor;
e) A identificação do mediador;
ARTIGO 22.·
(Língua utilizada na s sessões do proce sso de mediação) fi O Prazo de cumprimento voluntário pelos mediados;
g) A Data e lugar em que foi elaborado.
Na s sessõ es do processo de mediação é utilizada a língua
2. O acordo final deve ser lavrado em triplicado, sen do
portuguesa ou as línguas nacionais, desde que o mediador
um para cada uma das partes e outro depo sitado e registado
domine a língua nacional falada pela s partes.
no arquivo do Centro de Mediação.
ARTIGO 23.·
(Dura ção do procedimento da mediação) 3. O termo de acordo final previsto no número anterior
1. O procedimento de media ção deve ser célere e eficiente tem força executiva, no s termos do n ." 1 do artigo 12.° da
e concentrar-se no menor número de sessõ es po ssíveis. presente Lei .
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3503

4. N ão havendo acordo fina l, a parte que ten ha so licitad o ARTIGO 30.0


(Requisitos para o exercício da mediação de conflito s)
a media çã o p ode livremente intentar acçã o judieial, devendo,
para o efeito, juntar a declaração de impo ssibi lidade de obten- 1. Sa lvo dispo sição legal em contr ário, os mediadores de
ção de acordo ou acta da reunião onde conste os ten n os da conflitos devem reunir cumulativamente os seguintes requisitos:
a ) Ter mai s de 26 ano s de idade;
mediação.
b) Po ssuir a licen ciatura adequada ou e"..peri ência pro -
ARTIGO 27.0
(Execu ção do Acordo M ediad o) fissional re levante;
1. O A cordo Mediado deve ser executado pelas parte s c) Ser pe ssoa idónea;
dentro do prazo fixado para o cumprimento vo lunt ário ou, d) Estar no pleno gozo dos direitos civis e políticos;

na falta desta fixaç ão, no pra zo de 15 dias contados da data e) Estar habi litado profi ssiona lmente ou com um cur so

em que o me smo foi elaborado. de mediação reconhecido pelo Org an ism o da


2. Findo o prazo de cumprimento volunt ário s em que o A dm in istr açã o Púb lica responsável pela Re so lu-
A cordo Mediado tenha sido cumprido , pode a parte interessada ção Extrajudicia l de Litígio s.
requerer a su a execuç ão forçada perante o tribunal compe- ART IGO 31.0
(Atribuições gera is do Organismo da Administ r açã o Públi ca
tente, n os term os da Lei Processual Civi l. respons ável pela Re solução Extr aj udicial de Litígio s)
3. O requerimento para execução forçada deve ser acom-
1. São atribuições ger ais do Organism o da Adm in istração
p anhado de cópias autenticadas do A cordo Mediado e o
Púb lica respon sável pela Reso lução Extrajudicial de Lit ígio s,
procedimento da sua tramitação na instância judicia l segu e
no s termos da pre sente Lei , as seguintes:
os termos do pro cesso sum ári o de execução, independe nte-
a) Promover a cria ção e funcionamento dos mec anismos
mente do valor da cau sa.
extraiudiciais de re solução consensual de conflitos;
ARTIGO 28.0
(Ca sos de anula ção do acordo) b) Autorizar a criação dos Centros Públicos e Pri vados

O Acordo em Mediação pode ser anu lado mediante acção de mediação de conflitos;
intentada junto do tribunal compe tente, por algum dos seguin- c) Nomear a direcção dos Centros de Media ção Público s;
te s motivos: d) Certificar as entidades formadoras da mediação de
a) N ão ser o litígio sus ceptí v el de reso lução por conflitos;
mediação; e) Criar e actua lizar periodicamente o cada stro naciona l
b) Ter -se verificado a caducidade da convenção de e a lista de mediadores dos Cen tros de Mediação
mediação; junto dos Tribunais e Conserva t óri as de Re gi sto;
c) Ter -se vio lado os princípios con sagrado s no Capí- j) Regulamentar e fisca lizar o exercício da acti vidade
tulo II da presente Lei e tal facto tenha influenciado de mediaç ão de conflito, bem como san cion ar
deci sivamente no A cordo; eventuais práticas incorrectas;
d) Ter o A cordo por objecto, no âmbito das relaç ões g ) Criar a ba se de dados dos mediadores e conci liado-
familiares , matérias não previ stas no n ." 1 do res de confl itos;
artigo 46.0 ; II) Promover e acompanhar a execução da Lei de Media-
e) Ter o Acordo violado o disposto no n." 2 do artigo 53.0 ;
ção e o respeito das normas éticas e deontológica s;
fi Ter o A cordo violado as norma s leg ais imperativa s
i) Di vu lgar as obra s e estudos em matéria de proce-
e os bons costumes,
dimentos de mediação, sem prejuízo do respeito
CAPÍTUL O IV pelo dever de confidencialidade;
Me dia dores e Co nc ilia dores de Con flitos j ) De stacar, periodicamente, os centros de excelência
ARTIGO 29. 0
e as me lhores práticas de mediaç ão e conci liaç ão
(Mediadore s e conciliadore s privado s)
de conflito s;
1. Os mediadores e conci liadores privados que exerçam k) Dar tratamento as reclamações, petiçõe s e sug estões
actividade em território nacional em regime de livre prestação
dos mediados e mediadores e outra s pessoas inte -
de serviço gozam dos direitos e estão suj eitos às proibições,
res sada s em mat éria de conflitos extrajudiciais;
obrigações, condições e lim ites inerentes ao exercício da
mediação con stantes da presente Lei .
l) Criar condições com vi sta a tomar gradualmente a
2. No exercício das su as fun ções os mediadores de con- mediação e conci liaç ão de conflitos obrigat órias;
flito s obedecem às regra s de ética e deontologia constantes 111) Contribu ir para a dignificação das acti vidades de
de regulamento. mediação e conciliaç ão de conflitos;
3504 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

11) Promover o intercâmbio local, regional e intern acio- c) Promover o diálogo entre as partes, como instrumento
na l em matéria de mediação de conflitos ; decisivo da mediação;
o) Promover fo rmas de auto -regulação do exercício d) Ab ster -se de impor qua lquer acordo entre as paJtes,
profissional da mediação e conciliação de conflitos. bem como fazer promessas ou dai' garantias acer ca
ARTIGO 32. 0 dos resultado s do procedimento, devendo adoptar
(Compet êncía do Or gani smo da Administra ção Pública re spon s ável um comportamento isento, respon sável e de franca
pela Re solu ção Extraj u dícíal de Lit ígios)
colaboração com as partes;
Compete ao Organismo da Administração Púb lica res - e) As segurar-se de que as partes têm leg itimidade e
ponsável pe la Reso lução Extrajudicial de Litígios aprovar a
possibi lidade de intervir no procedimento de
lista de mediadores, os Centr os de Mediação e as entidades
mediação, obter o consentimento esclarecido
fo rmadoras, bem como exercer a autoridade em matéria de
daqueles para intervir neste procedimento e, caso
disciplina, ordem , funcionamento e organização da mediação
necessário, contactar separadamente com cada um;
e conciliação de conflitos, no s termos legais,
j) Aceitar conduzir apena s procedimentos de media-
ARTIGO 33.0
(Direitos do med iador de conflito s) ção para os quai s se sinta capacitado pe ssoa l e
tecnicamente;
O mediador de conflitos tem o direito de :
g) Revelar aos intervenientes no procedimento de media-
q) A ceitar livremente a de signação de mediador de
ção , qua lquer impedimento ou factor de conexão
conflito;
b) Exercer com autonomia a mediação, em especia l no
que po ssa pôr em cau sa a sua imparcialidade ou
que conceme à metodologia e aos procedimentos independ ência e n ão conduzir o procedimento
a adoptar nas sess ões de mediação, no respeito nestas circunstâncias;
pe la lei e pelas normas ética s e deontológ icas; II) Emitir declaração de impo ssibi lidade de obtenção
c) Ter uma identificação profissional de mediador; de acordo ou documel1to assinado com os termos
d) Uti lizar o seu título profissio na l, promover a sua da mediação;
actividade, sem prej uízo do respeito pe lo dever i} Agir com urb anidade para com as parte s, com os
de confidencialidade; demai s mediadores de conflito s, com o Orga -
e) Ser remunerado pe lo serv iço prestado, nos termos ni smo da Administração Púb lica responsá ve l
do n.? 2 do artigo 20,0 da presente L ei; pela Re solução Extrajudicial de L itígios e demai s
fi Recusar tarefa ou funç ão que considere incompatí- interveniente s no processo de mediação;
v el com a actividade de mediação, com os seus j ) Sugerir às partes a intervenç ão ou a consu lta de
direitos e deveres; técnicos especializados em determinada matéria ,
g ) Re gisto no Cadastro Nacional, no Trib una l ou na quando tal se reve le necessário ou útil ao escla -
Cons ervat ória de Regi sto competente da sua área recimento dos me smo s;
de actuação; k) Garantir o car ácter confidencial das informaç ões
II) Ser tratado com respeito e urbanidade, particular- que recebei' no decurso da mediação;
mente pe los mediados; l) Forma lizar por escrito a adesão das parte s ao proce-
i) Ser ouvido contra eventuais quei xas a sua pe ssoa; dimento de mediação;
j ) Inscrever -se em um ou mai s Centros de Mediação 111) N ão intervir em procedimentos de mediação que
Púb licos ou Pri vados; estejam a Sei' acompanhados por outro media -
k) Participar na s acç ões de formaç ão de continuidade dor de conflitos a n ão ser a seu pedido, nos
e actualização s obre processos de mediação e casos de co-mediaç ão ou em casos devidamente
coneiliação; fundamentados;
I) Ser membro de organizações associa tiva s de media- 11) Actuar no respe ito pe las norma s éticas e deontoló-
ção sem fins lu crativos, gica s prevista s na pre sente Lei e em dispo sições
ARTIGO 34.0 regu lamentares;
(Devere s do med ia dor de conflito s)
o) Cumprir as obrigações fiscai s no s termos da Lei.
O mediador de conflitos tem o dever de : ARTIGO 35.0
a) Inform ar às partes sobre a natureza, finalidade , prin- (Impedimentos e escu sa do mediador de con flitos)
cípio s fundamentais e fases do procedimento de 1. Previamente à aceitação da su a esco lha ou nomeação
mediação, bem como as regra s a observar; num procedimento de mediação, o mediador de conflito deve
b) Respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, revelar toda s as circunstância s que possam vir a suscitar dúvi-
assegurando que cheguem a um acordo voluntário; das sobre a sua independência, isenç ão ou imparcialidade.
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3505

2. O mediador de conflitos deve ainda reve lar às pa rtes, as ARTIGO 37.0


(Entidades formadora s certiflcadas)
circunstância s referidas no número anterior que sej am super-
v en ientes ou de que só tenha conhecimento depoi s de aceitar 1. O exerc ício da mediação de conflitos deve ser prece-
a esco lha ou nomeação . dido da frequência obrigatória e com apro veitamento positivo
3. São circunstâncias re levantes, para efeito dos núm e- em curso s reconhecidos ou ministrados pelo organismo da
ro s anteriores: Administração Púb lica re sponsáve l pela re solução extrajudi -
a) Uma act ual ou prévia re lação pessoa l ou fami liar cial de litígios ou por entidades formadoras por si certificadas.
com uma das partes; 2. A s entidades fo rmadoras certificadas devem informar
b) Um interesse financeiro, directo ou indirecto, no
ao Organismo da A dmin istr ação Pública re sponsáve l pela
resultado da media ção ;
Re so lução Extrajudicial de Lit ígios, o segu in te:
c) Uma actual ou prévia relaç ão profi ssional com uma
a ) As acç ões de formação para mediadores, antes da
das partes,
sua rea lizaç ão ;
4. Sem prejuízo do disposto no artigo 9.0 da presente Lei ,
b) A lista dos formandos que obtenham apro veitamento
o mediador de conflito n ão pode ser testemunha, perito ou
mandatário em qualquer causa re laci onada , me smo indirec- positivo nessas acç õe s de formaç ão , no prazo
tamente, com o objecto do procedimento de mediaç ão. máximo de 30 dia s ap ós a sua conclusão .
5. O me dia dor de conflitos que, por razões legais, éticas ou 3. O regime de certificação da s entidades formadoras é
deontológicas, considere ter a sua independ ência, imparciali- aprovado por regu lamento.
dade ou isenção comprometidas deve recusar a sua designaç ão
CAP ÍTULO V
como mediador de conflitos e, s e j á tiver iniciado o procedi-
Regime dos Centros d e Mediação
mento, deve interromper o pro cedimento e pedir a sua escusa.
6. Não constitui im pedim ento a inte rvenção do m esm o ARTIGO 38.0
(Centro dr Media ção)
mediador na sessã o de pré-mediação e de mediação .
7. A s recusas referidas no s números anteriores não deter- 1. Podem ser criados Centros de Mediação para facultar
minam a perda ou prej uízo de quai squer direitos do medi ador aos cidadão s métodos informais, c éleres, eficientes e efica-
de conflito s, nomeadamente no âmbito dos cen tro s púb lico s zes de resolução alternativa de litíg ios, atravé s de serviços de
de mediação. mediação criados e geridos por entidades púb licas ou privadas.
8. Ap licam -se ainda, subs idiari am ente, ao m ediador de 2. São atribuiçõe s do s centros de mediação:
conflitos os regimes de impedimento, escu sa e sus peição do s a ) Mediar quaisquer litígios que se enquadrem no âmbito
magistrados judiciais. das su as competências, em razão da matéria , tal
ARTIG O 36. 0 como definidas nos respectivos acto s constituti-
(Díreltos r devere s da s partes) vo s e regulat órios, independentemente do local
As partes em conflito têm , no âmbito do procedimento da de domicílio ou resid ência da s partes;
mediação , designadamente, o direito e o dever de : b) Assegurar a coordenação e o apoio administrativo
a) Contr ibuir para o processo de auto -composição do do procedimento de mediaç ão;
conflito; c) Coord enar a acti vidade do mediador de conflitos;
b) Facilitar a acção do mediador com vista a chegar a d) Reter na fonte o pagamento da s obrigaçõe s fiscais;
um acordo entre as partes; e) Prestar servi ços de informação e consu lta juridica;
c) Di sponibilizar todas as informaç ões relevantes sobre ./) Realizar sessões de pr é-mediação, com car ácter
a que stão ou direito controvertido; informativo, não onerosa e sem compromisso, na
d) Comparecer nas sessõ es e audi ências notificadas pelo qua l é exp licada o funcionamento da mediação e
mediador ou conciliador, conforme cron og ram a as regras do procedimento;
aprovado pe las pa rte s; g ) Outras a determinar por regulamento,
e) Pagar os honorário s e outros enc argos conforme o 3. O recurso ao servi ço de mediação é remunerado, no s
acordo fina l e a tabela de custa s ap licável; tennos previ sto s no n .? 3 do artigo 20.0 da pre sente Lei.
.fi Constitu ir mandatários; ARTIGO 39.0
g ) Respeitar e tratar com urbanidade a figura do media - (Entidade gest or a do s Centr os Públicos dr Media ção)
dor e qua lquer outro interveniente na mediação 1. Cada Centro Púb lico de Media ção é gerido por uma enti-
e conciliaç ão; dade púb lica , autorizada pe lo Organismo da A dm inistração
II) M anifestar antecipada e expressamente o seu desinte - Púb lica respon sáve l pe la Resolução Extrajudicial de Litígios
resse na comp osiç ão consensua l do procedimento e ide ntificada no re spectivo acto constitutivo ou regulador.
da mediação; 2. Cabe à entidade ges tora manter em funcionamento e
i) Sub screver a acta das s essõ es de mediação. monitorizar o respectivo Centr o.
3506 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

3. Os dado s obtido s nos procedimentos de mediaç ão podem c) P romover a cobrança da s taxas de in scrição, do s
ser uti lizados para fins de tratam ento estatístico, invest ig ação hon orários dos mediadores, do s encargo s admi-
científica , sem prej uízo do disposto no artigo 9.° da presente nistr ativos e da s demais de spesa s re su ltantes da
L ei e da protecção de dados pessoais. mediação, devidos e não pagos por qua lquer da s
4 . O s acto s consti tu tivos ou regulat órios do s Ce ntros partes;
Púb licos de Mediação podem determinar a obrigação das d) O Coordenador pode ser rec rutado para exercer a
pa rtes comparecerem pessoa lmen te nas sessões de me diação, ge stão do Centro a tempo integral, em regime de
não sendo possível a su a representação. destacamento, req uisição ou contrato.
ARTIGO 40.° 2. O Coorden ador deve zelar para que os mediadores que
(Pub lici dade)
colaboram com o Centro cumpram as normas ética s definidas
A informação respeitante ao funcionamento dos Centros na pre sente Lei, e em legislação regulamentar.
de Mediação e aos procedimentos é pre stada pre sencia lmen te, 3. O Coorden ador pode assistir como ob servador a tun a
por contacto telefónico, correio electrónico ou do sítio elec- ou mai s sess ões de mediação.
tr ón ico da entidade gestora. ARTIGO 43 .°
ARTIG O 41.° (Parcer ias e intercâmbios)
(Re gra s de funcion am ent o) Os Centros de Mediação podem efectuar parcerias ou pro -
1. Os Centros de Mediação devem possuir um regu lamento toco los com os órg ãos da A dm inistr ação Loca l do Estado ou
intemo de funcionamento que disponha , dentre outros, sobre : outra s entidades, bem como trocar experiências com entida-
a) A natureza e âmb ito dos conflitos que podem ser des nacionais e estrangeira s.
subm etidos à sua apreciação; ARTIGO 44 .°
b) As regras do funcionamento , inclui ndo as di ligên- (Autorização para abertura de Centr os de Mediação Privados)

cia s pre limi nares, bem como outra s disposiçõe s 1. Os Centros de Mediação Pri vados carecem de autori-
procedimentais, e aos id ioma s uti lizados; zaç ão pa ra realizarem mediaç ão e conc iliaç ão de conflitos,
c) Os princípios e as regras ap licáveis à me diação, não podendo dar início a sua actividade ante s de ser em au to-
bem como aos mediadores, tais como as norm as rizados por D esp ach o pub licado no Diário da República
sancionat órias, o Có digo de Cond uta ou N orm as pe lo Organismo da Admini stração Púb lica re sponsáve l pe la
Deontológicas ; Resolução Extr ajudicial de Litígios.
d) Os encargos com a mediação , desig nadamente, os 2. O Organi smo da A dm in istr ação Púb lica re sponsá vel
honorários dos mediadores e respectiva s despe- pela Resolução Extrajudicial de Litígios manda pub licar perio-
sas administrativa s, de harmonia com a tabela de dicamente a lista da s entidades privadas credenciadas como
custa s em vigor, bem como a forma e tempo da
Centr o de Mediação e Conciliação de Conflitos.
su a liqu idação;
ART IGO 45 .°
e) Os órg ãos de direcção do Centro, bem como a lista (Supervi são )
dos seus mediadores. 1. C abe ao Organismo da A dm in istr açã o Púb lica re s-
2. Os encargos do pessoa l administrativo e auxi liar, bem po nsável pela Reso lução Extrajudicial de Litígios ap licar as
como os custo s da sua manutenção são suport ados autono- seg uintes medidas, em função da grav idade da actuação do
mamente pelo Cen tr o de Mediação com ba se nas receitas
mediador de con flito s:
provenientes do exercício das su as actividades na ba se do s
a ) Rep reensão ;
rendim entos co lhidos depois de ded uzidas o cumprimento
b) Suspen são das listas; ou
da s obrigações fisca is e outros encargos.
c) Exclusão da lista da s entidades credenciadas.
ARTIGO 42 .° 2. A s m edidas prev istas no número anterior podem ser
(Coordena ção dos Cen tr os Públicos)
cumu lada s com a ap licaç ão da sanção de multa administra -
1. Os C entr os Púb licos de Mediaç ão de vem ter um tiva , n os termos a definir por regulamento .
Coorden ador que , pertence à lista dos mediadores oficiais 3. Os Centros de Mediação Público s e Privados devem enviar
do Organismo da Admini stração Públ ica responsável pe la um relatório e conta s anuai s da sua actividade ao Organismo da
Reso lução Extr ajudicial de L itíg ios, a quem compete : Administração Pública responsável pela Resolução Extrajudicial
a) Coordenar e sup erinten der todos os serviços respei- de L itíg ios.
tantes à mediaç ão; 4. No s casos em que o mediador viole o dever de confiden-
b) Designar os mediadores incumbidos de auxi liar as cialidade em termo s que se subsumam ao clime de prevarica ção,
parte s na resolução dos conflito s, quando estes não no s termos do disposto n o Código Penal, o Organismo da
aprovam a esco lha ou não alcancem consen so em Admin istr ação Pública responsável pela Resolução Extraju dicial
re lação à nomeação do mediador; de Litígios deve participar a infracção às entidad es competentes.
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3507

CAPÍTUL O VI do direito de quei xa ou tenha falecido sem ter renunciado à


Mediação e Conciliação Familiar queixa, a media ção pode ter lugar com intervenç ão do ter-
ARTIGO 46.° ceiro queixoso em lugar do ofendido.
(Mat êrfas familiare s suj eitas ii mediação) 5. Nos ca sos referidos no número anterior, as referência s
1. Os Centr os Públicos ou Pri vados de Mediaç ão têm efectuadas no presente capítulo ao ofendido devem ter-se por
competência para mediar conflitos, no âmbito de relações efectuadas ao terceiro queixoso.
familiares, nomeadamente, nas segu in tes matéria s: 6. A mediação penal é reservada aos Centr os Públicos
a) Regulação, alteração e incumprimento do regime de Mediação.
de exercício da autoridade paternal; 7. Sub sidiariamente é aplicável ao pre sente capítulo o dis-
b) Di vórcio; po sto no Capítu lo III.
c) Reconciliação do s cônjuges ou da s pessoa s que ART IGO 50,°
(Reme ssa do processo para media ção p enal )
vivam em união de facto;
1. Para os efeito s previstos no artigo anterior, o Ministério
d) Atr ibu ição e alteraç ão de alimentos, provis órios ou
Público, em qualquer momento da instrução preparatória ,
definiti vo s;
obtido o consentimento das palies, remete a um centro públic o
e) Autorização do uso da resid ência familiar.
de mediação a informa ção que cons idere essencial sobre o
2. Sub sidiariamente ao direito da família é aplicável ao
arguido e o ofendido e urna descrição sumária do objecto do
presente capítulo o dispo sto no Capítulo III .
processo , se estiverem preenchidos os segu intes requisito s
ARTIG O 47 .°
(Interven ção na mediação famili ar) cumulativo s:
a) Forem recolhidos indícios de se ter verificado crime
A interven ção do Centr o de Mediação pode ter lugar em
e de que o arguido foi o seu agente;
fa se extrajudicial, a pedido das partes, ou durante a suspensão
b) Entender que desse modo se pode re sponder ade-
do processo, mediante determinação da Autoridade Judi ciária
quadamente às exigências de prevenção que no
competente, obtido o con sentimento daquelas.
caso se façam sentir.
ARTIGO 48.°
(Obrt gatoriedade de informa ção da mediação familiar) 2. Se o ofendido e o arguido requererem a mediação, no s
casos em que esta é admitida ao abrigo dos n .os 1 e 2 do artigo
Antes do início de qualquer processo em matéria de famí-
anterior, o Ministério Público remete a um centro público de
lia, a Conservat ória do Registo Civil ou o Tribunal devem
mediaç ão, nos termos do número anterior, independentemente
infonuar os cônjuges sobre a existência e os objectivos dos
da verificação dos requ isito s previstos nas alínea s a) e b) do
serviços de mediação e conciliação familiar.
número anterior.
CAPÍT UL O VII 3. Nos casos previstos nos números antetiores, o arguido e
Mediação Penal o ofendido são notificados de que o processo foi remetido par a
ARTIGO 49 .° mediação, de acordo com modelo apro vado por regulamento.
(Requi sitos da mediação penal)
4 . Quando razõe s ex cep cionais o justifiquem, nomea-
1. A mediação penal pode ter lugar em processo por crime damente em função da inserção comunitária ou ambiente
cuj o procedimento dependa de queixa ou de acusação particular, cultural do arguido e ofendido, o mediador pode tran sferir
2. A mediaç ão em processo penal só pode ter lugar em pro- o processo para outro mediador que se repute mai s indicado
cesso por crim e que dependa apenas de queixa, quando se trate para a condução da mediação, dando conhecimento sobre tal
de crim e contra as pessoa s ou de crime contra o património. facto por escrito, fundamentadamente ao Ministério Público
3. Independentemente da natureza do crime, a mediação e à coordenaç ão do centro públi co de mediação, que infonua
em processo penal n ão pode ter lugar nos segu intes casos : o Organismo da Admini str aç ão Pública re sponsável pela
a) O tipo legal de cri me preveja pena de prisão de limite Re solução Extrajudicial de Litígios.
má ximo sup erior a 5 anos; 5. Caso não obtenha con sentimento ou verifique que o
b) Se trate de processo por crime contra a liberdade ou arguido ou o ofendido não reúne condições para a participa-
autodeterminação sexua l; ção na mediação, o mediador infonua tal facto ao Ministério
c) Se trate de pro cesso por crime de peculato, corrupç ão Público, prosseguindo o processo penal.
ou tráfico de influência; ARTIGO 5 1.°
d) O ofendido sej a menor de 16 anos; (Procedimento de mediação penal)
e) Seja aplicável processo sum ário. 1. O arguido e o ofendido podem, em qualquer momento
4. Nos caso s em que o ofendido não po ssua o discerni- do processo penal, revo gar o seu con sentimento para a parti-
mento para entender o alcance e o s ignificado do exercício cipação na mediaç ão penal.
3508 DIÁRIO DA REPÚBLI CA

2. Quando se revista de uti lidade para a boa resolução do 3. Quando haj a reno vaç ão de queixa no s termos do n.° 4
conflito, podem ser chamados a intervir na m ediação pe nal do artigo 52.°, o Ministér io Púb lico ver ifica o incumprimento
outros interessados , nomeadamente eventuais responsáveis do acordo, podendo, para esse fim , recorrer aos serviços de
civis e lesados. assistência social, aos Órgãos de P olícia Crimina l e a outra s
3. O disposto no n ." 1 é ap licável, com as necessárias entidades administrativas.
adaptações , à participação na mediação penal de eventuais ARTIGO 54.0
(Presen ça de advogado uas sessões de mediação penal)
responsáveis civi s e lesados.
Nas sess ões de mediação penal o arguido e o ofendido
4. O teor das sessões de mediação pena l é confidencial,
podem comparecer pe ssoalmente ou fazer-se representar por
não podendo ser valorado como prova em processo judicial.
advogado, advogado estagiário, bem como fazer-se acompa -
ARTIGO 52.0
nhar de pe ssoa da sua confiança.
(Tramíta ção subs eq u en te)

1. Não resultando da mediação pena l acordo entre arguido CAP ÍT ULO VIII
e ofendido ou não estando o processo de mediação penal Mediação e o Processo Judicial

concluído no prazo de cinco me se s s obre a remessa do pro- ARTIGO 55.0


(Mediação pré -judicial)
ce sso para mediação, o mediador penal informa ta l facto ao
Ministério Público, prosseguindo o processo pena l. A s partes podem, pre viamente à apresentaç ão de qua l-
2. O mediador penal pode solicitar ao Ministério Púb lico quer litíg io em tribunal, reCOITeJ' à mediação para a reso lução
dos litíg ios.
um a prorrogação, até um máximo de trê s mese s, do prazo
ARTIGO 56.0
pre visto no número anterior, desde que se verifique uma forte
(Mediação na fase judicial)
probabilidade de se alcançar um acordo.
O réu pode requerer, durante a fa se dos articulados, a sus-
3. Re sultando da mediação pena l acordo, o seu teor é redu -
pe nsão da instância e a remessa do processo para mediação,
zido a escrito, em documento assinado pelo arguido e pe lo
quando seja proposta acção relativa a tuna que stão abrangida
ofendido e tran smitido pelo mediador ao Ministério Púb lico. por convenção de mediação.
4. No ca so previsto no número anterior, a assi natura do
ARTIGO 57.0
acordo equivale a desistência da queixa por palie do ofendido (Suspensão de prazos)
e a não opo sição por palie do arguido, podendo o ofendido, 1. O recurso à mediação susp ende os prazos de caduci-
ca so o acordo não sej a cumprido no prazo fixado , renovar dade e de prescrição a partir da data em que for assinada a
a queixa no prazo de trê s me se s, sendo reaberta a instrução convenção de mediação ou, no caso de mediação realizada
preparatória . no s centros púb lico s de mediação, eJn que todas as partes
5. Para os efeitos previstos no número anterior, o Ministério concordem com a rea lização da mediação.
Público ver ifica se o acordo re speita o disposto no n.? 2 do 2. Os prazos de caducidade e de prescrição retomam-se
artigo 53.° e, em caso afirmativo, homologa a desistência de com a conclusão do procedimento de mediação motivada
pe las seguintes situ ações:
quei xa no prazo de cinco dias útei s, devendo ser notificados
a) Recu sa de uma da s partes em continuar com o
imediatamente a homologação ao mediador, ao arguido e ao
procedimento;
ofendido.
b) Esgotamento do prazo máximo de duração deste;
6. Quando haj a indicação de endereço electr ónico ou de
c) Quando o mediador determinar o fim do procedimento .
número de fax ou te lefone, a notificação referida no número
3. Os acto s que determinam a retoma do prazo de cadu-
anterior pode ser efectuada por uma dessa s via s.
cidade e de pre scrição pre visto s no n ." 2 são comprovados
7. Quando o Ministério Púb lico veri fique que o acordo não pelo mediador ou, no caso de mediação rea lizada no s Centros
respei ta o dispo sto no n." 2 do artigo 53.°, devo lve o processo Púb licos de Mediação, pela entidade gestora do centro púb lico
ao mediador, para que este , no prazo de 60 dias, ju ntamente onde decorreu a mediação.
com o ofendido e o arguido, san e a ilega lidade. 4 . Para os efeitos pre visto s no pre sente artigo, o media-
ARTI GO 53.0 dor ou, no ca so de mediação realizada no s Centros Púb lico s
(Acordo de med ia ção) de Mediação, as respectiva s entidades gestoras devem emitir,
1. O conteúdo do acordo fina l de mediação é livr em ente sempre que solicitado, comprovativo da suspensã o dos prazos,
fixado pelos suj eitos processuai s participantes, s em prej uízo do qua l con stam obrigatoriamente os seguintes elementos:
do di sposto no número seg uinte. a) Identifica ção da parte que efectuou o pedido de
2. No acordo não podem incl uir-se sançõ es privativas da mediação e da contraparte;
lib er dade ou deveres que ofendam a dignidade do arguido b) Identificação do objecto da mediação;
ou cujo cumprimento se deva pro longar por mai s de um ano . c) Data de assinatura da convenç ão de mediação;
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3509

d) N o caso de mediação realizad a nos Centros Púb licos Tendo em conta que a República de Angola reconhece
de Mediação, data em que as parte s concordaram a import ância de ta l instrumento jurídico extrajudicial, com
com a rea lizaç ão da mediação; vista a garantir os interesses do s operadores do comércio
e) Modo de conclusão do procedimento, quando já internacional que pretendam ver a soluçã o dos seus litígios
tenha ocorrido; por via da arbitragem;
fi Data de conclu são do procedimento, quando j á tenha Considerando que a Conven ção de Nova Iorqu e sobre
ocorrido. o Reconhecimento e a Execuç ão de Sentenças Arbitrais
Estra ngei ras foi ce lebrada a 10 de Junho de 1958 em Nova
5. A remessa do processo para mediação penal determina
Iorque e entrou em vigor em 1959, no 90.° dia a seguir data à

a sus pensão dos prazos de duração máxima da instrução pre-


de dep ósito do terceiro instrumento de ratificação ou ade são
paratória previ sto s na legislação processual penal.
junto do Secretário Gera l da Organização das N ações Unidas;
6. Os pra zos de prescriç ão do procedimento criminal sus-
Consideran do que a Convenção sobre o Reconhecimento
pendem-se desde a remessa do processo para mediação penal
e Execução de Sentenças A rb itra is Estrangeiras é um in s-
até à su a devolução pelo mediador ao Minist ério Púb lico ou,
trumento internaciona l estruturante e essencia l do Direito
tendo resultado da mediação acordo, até à data fixada para o Intern acional da Arb itrag em e em grande medida responsá-
seu cumprimento, vel pelo êxito que a arbitragem vem conhecendo, como mei o
CAPÍT UL O IX eficaz e expedito de Re so luç ão de Litígios emergentes do
Disposições Fina is e Transitórias com ércio interna cio na l;
Tendo em conta que 156 dos 193 Estados-Membros das
ARTIGO 58.·
orma tr an sit ória)
Naç ões Unidas ratificaram ou aderiram a Conv enção de N ova
Iorque sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentença s
Os Centr os Pri vados de Media ção exi ste nte s ã data da
Arbitrais Estrangeira s, muitos dos quais parceiros comer-
entrada em vigor da presente Lei devem efectuar a sua inscri-
ciais de Angola;
ção junto do Organi smo da Administração Púb lica respon sável
C ons iderando que um do s principais objectivo s de sta
pela R esolução Extrajudicial de Litígio s no prazo de 18 me ses.
conve nção é os E stados-P art e reconhecerem a autoridade da
ARTIGO 59.·
(Re gulamenta ção)
sentença arbitra l independentemente da nacionalidade das par-
tes , residência, govemo, indivíduo ou natureza da sociedade,
A presente Lei deve ser regulamentada no prazo de 180 dias,
aceitando por conseguinte os efeito s jurídicos daí decorrentes
contado s da data da sua entrada em vigor.
na s condições estabelecidas pe la pr ópria Conv ençã o;
ARTI GO 60.·
(D úvida s e omi ssões)
Cons iderando que o método de resolução extrajudicial de
litíg ios g aran te maior seguran ça e certeza jurídica, ne utra li-
As dúvida s e as omissões resultantes da interpretação e
dade , confidencia lidade e ce leridade das deci sões;
da aplicação da presente Lei são reso lvida s pela Ass embleia
AAssembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos
Nacional.
tennos da alínea k) do artigo 161.° e da alínea f) do artigo 166.°,
ARTIGO 61.·
ambos da Cons titu ição da Repúb lica de Ang ola, a seguin te
(Entrada em vigor)
Re so lução :
A presente Lei entra em vig or no prazo de 30 (tri nta) dias
I , É aprovada para ade são , a C onven çã o Sobre o
ap ós a su a pub licação.
Reconhecimento e a Execuç ão de Sentenças A rb itr ais
Vista e aprovada pe la Ass emb leia Naciona l, em Luanda,
Estrangeiras, celebrada a IOde Junho de 1958, em N ova Iorque .
aos 16 de Junho de 201 6.
2. Nos tetlllOSdo n.? 3 do artigo 1.0 da Convenção, anexa à

O President e da Assem bleia Nacional, Fernando da


presente Re solução, a República de Angola formu la a seguinte
Piedade Dias dos Santos.
reserva: «no âmbito do princípio da reciprocidade, a República
Promulgada aos 5 de Agosto de 20 16. de Ango la só deve aplicar a Convenção no caso de as sen ten-
Pub lique -se. ças arbitrais terem sido proferida s no territ ório de E stados a
O Presidente da República, Joss EDUARDODOS SANTOS. ela vi ncu lado s e reconhecidos pelo E stado Angolano» .
3. A presente Reso lução entra em vig or data da sua
à

pub licaç ão.


R esoluçã o n ." 38/16
de 12 de Agost o Vista e aprovada pela A ssembleia Nacional, em Luanda,
aos 16 de Junho de 2016.
Cons ideran do que a arbitragem interna e internacional
tem sido utilizada no mundo contemporâneo, como um dos Pub lique-se .
mecanismo s de resolução de litíg ios no domínio contratua l O Presidente da. Ass emb leia Nacional, Fernando da
do comércio internacional; Piedade Dias dos Santos,

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