Lei Da Mediação e Conciliação
Lei Da Mediação e Conciliação
Lei Da Mediação e Conciliação
" 137
I I
Decreto Execu tivo II. ° 350/16 : 1. São amni stiados todo s os crimes comun s pun ívei s com
Aprova o Regul amento Intern o do Conselho de Dir ecção. - Revoga toda pena de pri são até 12 ano s, cometidos por cidad ãos nacionai s
a legislação que contrarie o disposto n o present e Decreto Executivo, ou estrangeiros até 11 de Novembro de 2015.
2. São ainda amnistiados todos os crimes mi litares, salvo
os crimes do loso s cometidos com violên cia de que re su l-
tou a mort e, previ sto s n o n." 3 do artigo 18.° e no n ." 3 do
ASSEMBLEIA NACIONAL
artigo 19.°, am bo s da L ei n." 4/94 , de 28 de Jane iro - Lei
dos Crime s M ilita re s.
Lei n ." 11/16 ARTIG O 2.°
dr 12 dr Ago sto
(Perdão)
A independência da Repúb lica de Angola é um marco his- 1. Os agentes dos crimes n ão abrangidos pe la presen te
tórico memorável para todos os angolano s, que ao long o de amni stia terão as su as penas perdoadas em 1/4 .
décadas de luta se entregaram ao comba te para o seu alcance, 2. O disposto no número anterior é ap licável aos processos
bem como para manutenção da integridade territorial e da paz; pendentes por facto s ocorridos até 11 de Novemb ro de 20 15.
A 11 de Novembro de 2015 celebrou-se o quadragé simo 3. N ão beneficiam do perd ão pre visto no n.° 1 deste art igo,
aniver sário da Proclamação da Independência Naciona l; os agente s que tenha m beneficiado de comutaç ão da pena do
O Presidente da República , por oca sião dessa celebra- indu lto previsto no Decreto Presidencia l n .? 173/15, de 15
ção , perdoou atrav és de indu lto , pe lo Decreto Presidencial de Setembro.
3498 DIÁRIO DA REPÚBLI CA
A amnistia prevista na presente Lei não abrange : A presente Lei entra em vigor ii data da sua publicação.
a) Os crimes dolosos cometidos com violência ou Vista e aprovada pela As sembleia Nacional, em Luanda ,
ameaça a pessoas de que resultou a morte ou aos 20 de Julho de 2016 .
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
quando esta, não tendo ocorrido, tenha havido o
Piedade Dias dos Santos.
emprego de arma de fogo;
Promulgada aos 5 de Ago sto de 2016 .
b) Os crimes de tráfico de estupefacientes e substân-
cias psicotrópicas, punidos com pena sup er ior ii Publique-se.
prevista na alínea a) do artigo 8.° da Lei n ." 3/99, O President e da República, J OSE E DUARDO DOS S ANTOS.
de 6 deAgosto - Lei sobre o Tráfico e Consumo
de Estupefacientes, Sub stâncias Psicotr ópicas e Lei n." 12116
Precursores; de 12 de Agosto
c) Os crimes de tráfico de pessoas e órgãos de seres A Constitu ição da República de Angola (CRA) prevê, no
humanos; n." 4 do artigo 174.°, a necessidade de criação e implementa-
d) Os crimes previstos no s artigos 392.° a 395.° do ção legal de meio s e forma s de composição extrajudicial de
Código Penal, designadamente o estupro, a vio- conflito s, nomeadamente, mediante a arbitragem , mediação,
lação, a violação de menor de 12 anos e o rapto conciliação e a negociação;
violento ou fraudulento; O quadro legislati vo vig ente em matéria de meios extra-
e) Os crimes de promoção e auxílio ii imigração ilegal. judiciais de re solução de litígios padece de insuficiências
ARTIGO 4.°
visívei s, não respondendo, por completo, as necessidades do
(Condiç ão re solutíva ) contexto jurisdicional actual;
1. O perdão a que se refere a presente Lei é concedido sob A compo sição de litígios de forma segura, rápida e eficaz,
condição resolutiva de o benefíci ário não reincidir nem praticar bem como o descongestionamento dos tribunais, afigura- se
infracção dolo sa a que corresponda pena de prisão superior a imperioso que , paralelamente ao sistema formal da adminis-
um ano, no s três anos subsequentes ii data da entrada em vigor tração de justiça vigente, se implementem os procedimentos
da pre sente Lei ou ii data em que vier a terminar o cumpri- de mediação e conciliação, enquanto mecanismo s de resolu-
mento da pena ou durante o cumprimento desta. ção altemativa de conflitos.
2. Tratando-se de crime patrimonial em que haja conde- A Assembleia Nacional aprova , por mandato do Po vo ,
nação por indemnização, o benefício da amnistia ou perdão no s termos do n." 2 do artigo 165.° e da alínea d) do n ." 2 do
é concedido mediante reparaç ão ao lesado pelo período de artigo 166.°, ambos da Constituição da República de Ang ola,
até tun ano. a seguinte :
ARTIGO 5.°
(Responsabilidade civil e di sciplinar)
LEI DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
A amni stia prevista na presente Lei não extingue a res- E CONCILIAÇÃO
ponsabilidade civil , nem a disciplinar emergente de factos
amni stiados e o prazo da propositura da acção de indemni- CAPÍTUL O I
zação no tribunal competente por perdas e danos conta-se a Disposições Gerais
partir da sua entrada em vigor; ARTIGO \.0
(Objecto)
ARTIGO 6.°
(Obj ect os apreendidos) A presente Lei estabelece as norma s sobre a consti-
São declarados perdidos a favor do Estado os objectos de tuição, organização e do procedimento de mediação e
crime que tiverem sido apreendidos, quando pela sua natu- conciliaç ão , enquanto mecanismos de re solução alterna-
reza ou pela s circunstâncias do caso, oferecerem sér io risco tivos de conflitos.
de serem utilizados no cometimento de novas infracções, ARTIGO 2.°
bem como os fiutos produzidos pela prática de tai s crime s. (Defini ções)
litíg ios, rea lizado por entidades púb lica s ou pri- 1. O recurso ao procedimento de mediação é voluntário
v adas , através do qua l dua s ou mai s pessoa s em e imp lica a obtenção prévia do consentimento esclarecido e
controvérsia procuram voluntari am ente alcançar informado da s partes litigantes, para a rea lizaç ão da re spec -
um acordo com auxílio de um mediador de con- tiva mediação .
flito s, sem que este , contudo, proponha um acordo 2. As pa rtes em litígio sã o responsá vei s pelas deci sões
às me smas; tomadas no decurso do procedimento.
II) «Mediador e Conciliador», terceiros imparciais e 3. As partes litig antes podem, em qua lquer momento do
procedimento, re vogar o consentimento pre stado para a sua
independentes, com experiencia profi ssional ou
participação.
forma ção específica e certificada em técnicas de
4. A recusa de iniciar ou prosseguir o procedimento de
mediação e conc iliação, sem poder de imposição
mediação pelas partes em litígio não configura violação do dever
sobre as pa rte s em conflito;
de cooperação no s termos previ sto s no Có dig o de Processo
i) «Mediaç ão Penal» , processo informal e flexí ve l,
Civil e demais Legislaç ão Processua l Civil.
conduzido por um mediador que promove a apro-
ARTIGO 7.·
x im ação entre o arguido e o ofe ndido e os apoia (princípios da igua ldade e imparcialidade)
na tentativa de encontrar activamente um acord o
1. Durante todo o procedimento de mediação as pa rtes
que permita a reparaç ão dos dan os cau sados pelo em litíg io de vem ser tratadas de forma igual competindo
facto ilícito e contribua para a restauração da paz ao mediador de conflitos gerir o procedimento de modo a
social entre ambos; garantir o equilíbrio de poderes e a po ssibi lidade de ambas
j ) «Organismo da Administraçõo Pública responsável as partes pa rticiparem do me smo em paridade e igua ldade
pela Resoluç ão Extrajudicial de Litigios», serviço de circunst âncias.
do DepartamentoMinisterial encarregue pe lo Sec- 2. O mediador de conflitos não é parte interessada no lití-
tor da Justiça , no âmbito dos poderes de legados g io, devendo agir com as partes em conflito de forma imparcial
pelo Presidente da Repúb lica . durante todo o procedimento de mediação .
3500 DIÁRIO DA REPÚBLI CA
1. Todo O acordo alcançado no processo de mediação deve 1. O mediador de conflitos deve ter experiência, habilidade
respeitar a lei, a ordem pública e os bons costumes. ou frequentado acções de formação que lhe po ssam confe-
2. O acordo final alcançado não deve contrariar normas rir aptidões específicas, teóricas e práticas, máxime cur so de
legais imperativas, incluir disposições menos favoráveis para técnicas de mediação de conflitos realizado por entidade for-
qualquer uma das partes do que o consagrado na lei. madora certificada pelo Organismo da Administração Pública
ARTIGO 9. 0
responsável pela Re solução Extrajudicial de Litígios, a fim
(Principio da confidencialidade)
de adquirir as competências adequada s ao exercício da su a
1. O procedimento de mediação é confidencial, devendo actividade.
o mediador de conflitos manter sob sigilo absoluto todas as 2. O mediador de conflito s que viole os deveres de exercí-
informaç ões de que tenha ou venha a ter conhecimento no cio da respectiva actividade, nomeadamente os con stantes no
âmbito do referido procedimento, e dela s não pode fazer uso presente Diploma, seus regulamentos e dos acto s constituti vos
em proveito próprio ou de outrem. e reguladores do centro de mediação, é civilmente responsável
2. A s informaç ões prestada s a título confidencial ao media- pelos danos cau sados, no s termos g erais de direito.
dor de conflitos por uma das partes litigantes não podem ser ART IGO 12.0
comunicadas ou partilhadas, sem o seu consentimento, às (Principio da executorterlade}
restantes partes envol vida s no procedimento. 1. Tem força executiva , sem necessidade de homologaç ão
3. Todo s os intervenientes no procedimento de mediação judicial, o acordo final de mediação que observe os segu in -
ficam suj eitos ao princípio da confidencialidade. tes requisito s:
4. Não é permitido ao mediador intervir, por qualquer forma, a) Cujo objecto sej a mediável, no s termo s do artigo 3.0
nomeadamente como testemunha, em quaisquer procedimentos da presente Lei ;
sub sequentes à mediação, como sejam o processo judicial ou b) Obtido através de mediação realizada no s termos
o acompanhamento psicoterapêutico, quer se tenha aí obtido legalmente previstos;
ou não um acordo, ainda que tais procedimentos estejam ape- c) Em que as partes tenham capacidade e legitimidade
na s indirectamente relacionados com a mediação realizada. para a su a celebração;
5. O dever de confidencialidade sobre a informação res- d) Cujo conteúdo não viole a lei, a ordem pública e os
peitante ao conteúdo da mediação só pode cessar por raz ões bon s costumes;
de ordem pública, na estrita medida do que , em concreto, se e) Em que tenha participado mediador inscrito na lista
revelar necessário para: de mediadores de confl itos organizada pelo Orga-
a) Assegurar a protecção de um interesse público nismo da A dm inistr ação Pública respon sável pela
superior, quando esteja em causa a protecção da Re solução Extrajudicial de Litígio s.
integridade fisica ou psíquica de qualquer pe ssoa; 2. O disposto na alínea e) do número anterior n ão é aplicá-
b) Efeitos de aplicação ou execução do acordo obtido vel às mediaç ões realizadas nos centro s públicos de mediação
por via da mediação. no âmbito do Organismo da A dministr ação Pública re spon-
6. Exceptuando as situaçõ es previstas no número anterior, sável pela Re solução Extrajudicial de Litígios.
ou no que diz respeito ao acordo obtido, o conteúdo das ses- 3. A s qualificações e demais requisito s de inscrição na
sõ es de mediação não pode ser v alorado em tribunal ou em lista referida na alínea e) do n.o 1, bem como o Organismo da
sede de arbitragem. Administração Pública responsável pela Resolução Extrajudicial
ARTIG O 10.0 de Litígios e com competência para a organização da lista e
(Principio da independência)
a forma de ace sso e divulgação da me sma, são definidos por
1. O mediador de conflito s é independente e livre de qual-
regulamento.
quer pres são , seja em razão dos s eus próprios interesses ,
ARTIGO 13.0
valores pessoai s ou de influências externas, (Outros prínc ípíos)
2. O mediador de conflitos é responsável pelos seus acto s A mediaç ão rege-se também pelos princípios do respeito, da
e não está suj eito à subordinação técnica ou deontológica de equidade, da boa-fé, da cooperação, da autonomia da vontade,
profi ssionais de outra s área s, sem prejuízo das competências da celeridade, da informalidade, oralidade e da auto-composi-
da entidade ge stora do centro de mediaç ão. ção, no sentido comum que lhes é dado pelo direito.
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3501
na falta desta fixaç ão, no pra zo de 15 dias contados da data e) Estar habi litado profi ssiona lmente ou com um cur so
O Acordo em Mediação pode ser anu lado mediante acção de mediação de conflitos;
intentada junto do tribunal compe tente, por algum dos seguin- c) Nomear a direcção dos Centros de Media ção Público s;
te s motivos: d) Certificar as entidades formadoras da mediação de
a) N ão ser o litígio sus ceptí v el de reso lução por conflitos;
mediação; e) Criar e actua lizar periodicamente o cada stro naciona l
b) Ter -se verificado a caducidade da convenção de e a lista de mediadores dos Cen tros de Mediação
mediação; junto dos Tribunais e Conserva t óri as de Re gi sto;
c) Ter -se vio lado os princípios con sagrado s no Capí- j) Regulamentar e fisca lizar o exercício da acti vidade
tulo II da presente Lei e tal facto tenha influenciado de mediaç ão de conflito, bem como san cion ar
deci sivamente no A cordo; eventuais práticas incorrectas;
d) Ter o A cordo por objecto, no âmbito das relaç ões g ) Criar a ba se de dados dos mediadores e conci liado-
familiares , matérias não previ stas no n ." 1 do res de confl itos;
artigo 46.0 ; II) Promover e acompanhar a execução da Lei de Media-
e) Ter o Acordo violado o disposto no n." 2 do artigo 53.0 ;
ção e o respeito das normas éticas e deontológica s;
fi Ter o A cordo violado as norma s leg ais imperativa s
i) Di vu lgar as obra s e estudos em matéria de proce-
e os bons costumes,
dimentos de mediação, sem prejuízo do respeito
CAPÍTUL O IV pelo dever de confidencialidade;
Me dia dores e Co nc ilia dores de Con flitos j ) De stacar, periodicamente, os centros de excelência
ARTIGO 29. 0
e as me lhores práticas de mediaç ão e conci liaç ão
(Mediadore s e conciliadore s privado s)
de conflito s;
1. Os mediadores e conci liadores privados que exerçam k) Dar tratamento as reclamações, petiçõe s e sug estões
actividade em território nacional em regime de livre prestação
dos mediados e mediadores e outra s pessoas inte -
de serviço gozam dos direitos e estão suj eitos às proibições,
res sada s em mat éria de conflitos extrajudiciais;
obrigações, condições e lim ites inerentes ao exercício da
mediação con stantes da presente Lei .
l) Criar condições com vi sta a tomar gradualmente a
2. No exercício das su as fun ções os mediadores de con- mediação e conci liaç ão de conflitos obrigat órias;
flito s obedecem às regra s de ética e deontologia constantes 111) Contribu ir para a dignificação das acti vidades de
de regulamento. mediação e conciliaç ão de conflitos;
3504 DIÁRIO DA REPÚBLI CA
11) Promover o intercâmbio local, regional e intern acio- c) Promover o diálogo entre as partes, como instrumento
na l em matéria de mediação de conflitos ; decisivo da mediação;
o) Promover fo rmas de auto -regulação do exercício d) Ab ster -se de impor qua lquer acordo entre as paJtes,
profissional da mediação e conciliação de conflitos. bem como fazer promessas ou dai' garantias acer ca
ARTIGO 32. 0 dos resultado s do procedimento, devendo adoptar
(Compet êncía do Or gani smo da Administra ção Pública re spon s ável um comportamento isento, respon sável e de franca
pela Re solu ção Extraj u dícíal de Lit ígios)
colaboração com as partes;
Compete ao Organismo da Administração Púb lica res - e) As segurar-se de que as partes têm leg itimidade e
ponsável pe la Reso lução Extrajudicial de Litígios aprovar a
possibi lidade de intervir no procedimento de
lista de mediadores, os Centr os de Mediação e as entidades
mediação, obter o consentimento esclarecido
fo rmadoras, bem como exercer a autoridade em matéria de
daqueles para intervir neste procedimento e, caso
disciplina, ordem , funcionamento e organização da mediação
necessário, contactar separadamente com cada um;
e conciliação de conflitos, no s termos legais,
j) Aceitar conduzir apena s procedimentos de media-
ARTIGO 33.0
(Direitos do med iador de conflito s) ção para os quai s se sinta capacitado pe ssoa l e
tecnicamente;
O mediador de conflitos tem o direito de :
g) Revelar aos intervenientes no procedimento de media-
q) A ceitar livremente a de signação de mediador de
ção , qua lquer impedimento ou factor de conexão
conflito;
b) Exercer com autonomia a mediação, em especia l no
que po ssa pôr em cau sa a sua imparcialidade ou
que conceme à metodologia e aos procedimentos independ ência e n ão conduzir o procedimento
a adoptar nas sess ões de mediação, no respeito nestas circunstâncias;
pe la lei e pelas normas ética s e deontológ icas; II) Emitir declaração de impo ssibi lidade de obtenção
c) Ter uma identificação profissional de mediador; de acordo ou documel1to assinado com os termos
d) Uti lizar o seu título profissio na l, promover a sua da mediação;
actividade, sem prej uízo do respeito pe lo dever i} Agir com urb anidade para com as parte s, com os
de confidencialidade; demai s mediadores de conflito s, com o Orga -
e) Ser remunerado pe lo serv iço prestado, nos termos ni smo da Administração Púb lica responsá ve l
do n.? 2 do artigo 20,0 da presente L ei; pela Re solução Extrajudicial de L itígios e demai s
fi Recusar tarefa ou funç ão que considere incompatí- interveniente s no processo de mediação;
v el com a actividade de mediação, com os seus j ) Sugerir às partes a intervenç ão ou a consu lta de
direitos e deveres; técnicos especializados em determinada matéria ,
g ) Re gisto no Cadastro Nacional, no Trib una l ou na quando tal se reve le necessário ou útil ao escla -
Cons ervat ória de Regi sto competente da sua área recimento dos me smo s;
de actuação; k) Garantir o car ácter confidencial das informaç ões
II) Ser tratado com respeito e urbanidade, particular- que recebei' no decurso da mediação;
mente pe los mediados; l) Forma lizar por escrito a adesão das parte s ao proce-
i) Ser ouvido contra eventuais quei xas a sua pe ssoa; dimento de mediação;
j ) Inscrever -se em um ou mai s Centros de Mediação 111) N ão intervir em procedimentos de mediação que
Púb licos ou Pri vados; estejam a Sei' acompanhados por outro media -
k) Participar na s acç ões de formaç ão de continuidade dor de conflitos a n ão ser a seu pedido, nos
e actualização s obre processos de mediação e casos de co-mediaç ão ou em casos devidamente
coneiliação; fundamentados;
I) Ser membro de organizações associa tiva s de media- 11) Actuar no respe ito pe las norma s éticas e deontoló-
ção sem fins lu crativos, gica s prevista s na pre sente Lei e em dispo sições
ARTIGO 34.0 regu lamentares;
(Devere s do med ia dor de conflito s)
o) Cumprir as obrigações fiscai s no s termos da Lei.
O mediador de conflitos tem o dever de : ARTIGO 35.0
a) Inform ar às partes sobre a natureza, finalidade , prin- (Impedimentos e escu sa do mediador de con flitos)
cípio s fundamentais e fases do procedimento de 1. Previamente à aceitação da su a esco lha ou nomeação
mediação, bem como as regra s a observar; num procedimento de mediação, o mediador de conflito deve
b) Respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, revelar toda s as circunstância s que possam vir a suscitar dúvi-
assegurando que cheguem a um acordo voluntário; das sobre a sua independência, isenç ão ou imparcialidade.
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3505
3. Os dado s obtido s nos procedimentos de mediaç ão podem c) P romover a cobrança da s taxas de in scrição, do s
ser uti lizados para fins de tratam ento estatístico, invest ig ação hon orários dos mediadores, do s encargo s admi-
científica , sem prej uízo do disposto no artigo 9.° da presente nistr ativos e da s demais de spesa s re su ltantes da
L ei e da protecção de dados pessoais. mediação, devidos e não pagos por qua lquer da s
4 . O s acto s consti tu tivos ou regulat órios do s Ce ntros partes;
Púb licos de Mediação podem determinar a obrigação das d) O Coordenador pode ser rec rutado para exercer a
pa rtes comparecerem pessoa lmen te nas sessões de me diação, ge stão do Centro a tempo integral, em regime de
não sendo possível a su a representação. destacamento, req uisição ou contrato.
ARTIGO 40.° 2. O Coorden ador deve zelar para que os mediadores que
(Pub lici dade)
colaboram com o Centro cumpram as normas ética s definidas
A informação respeitante ao funcionamento dos Centros na pre sente Lei, e em legislação regulamentar.
de Mediação e aos procedimentos é pre stada pre sencia lmen te, 3. O Coorden ador pode assistir como ob servador a tun a
por contacto telefónico, correio electrónico ou do sítio elec- ou mai s sess ões de mediação.
tr ón ico da entidade gestora. ARTIGO 43 .°
ARTIG O 41.° (Parcer ias e intercâmbios)
(Re gra s de funcion am ent o) Os Centros de Mediação podem efectuar parcerias ou pro -
1. Os Centros de Mediação devem possuir um regu lamento toco los com os órg ãos da A dm inistr ação Loca l do Estado ou
intemo de funcionamento que disponha , dentre outros, sobre : outra s entidades, bem como trocar experiências com entida-
a) A natureza e âmb ito dos conflitos que podem ser des nacionais e estrangeira s.
subm etidos à sua apreciação; ARTIGO 44 .°
b) As regras do funcionamento , inclui ndo as di ligên- (Autorização para abertura de Centr os de Mediação Privados)
cia s pre limi nares, bem como outra s disposiçõe s 1. Os Centros de Mediação Pri vados carecem de autori-
procedimentais, e aos id ioma s uti lizados; zaç ão pa ra realizarem mediaç ão e conc iliaç ão de conflitos,
c) Os princípios e as regras ap licáveis à me diação, não podendo dar início a sua actividade ante s de ser em au to-
bem como aos mediadores, tais como as norm as rizados por D esp ach o pub licado no Diário da República
sancionat órias, o Có digo de Cond uta ou N orm as pe lo Organismo da Admini stração Púb lica re sponsáve l pe la
Deontológicas ; Resolução Extr ajudicial de Litígios.
d) Os encargos com a mediação , desig nadamente, os 2. O Organi smo da A dm in istr ação Púb lica re sponsá vel
honorários dos mediadores e respectiva s despe- pela Resolução Extrajudicial de Litígios manda pub licar perio-
sas administrativa s, de harmonia com a tabela de dicamente a lista da s entidades privadas credenciadas como
custa s em vigor, bem como a forma e tempo da
Centr o de Mediação e Conciliação de Conflitos.
su a liqu idação;
ART IGO 45 .°
e) Os órg ãos de direcção do Centro, bem como a lista (Supervi são )
dos seus mediadores. 1. C abe ao Organismo da A dm in istr açã o Púb lica re s-
2. Os encargos do pessoa l administrativo e auxi liar, bem po nsável pela Reso lução Extrajudicial de Litígios ap licar as
como os custo s da sua manutenção são suport ados autono- seg uintes medidas, em função da grav idade da actuação do
mamente pelo Cen tr o de Mediação com ba se nas receitas
mediador de con flito s:
provenientes do exercício das su as actividades na ba se do s
a ) Rep reensão ;
rendim entos co lhidos depois de ded uzidas o cumprimento
b) Suspen são das listas; ou
da s obrigações fisca is e outros encargos.
c) Exclusão da lista da s entidades credenciadas.
ARTIGO 42 .° 2. A s m edidas prev istas no número anterior podem ser
(Coordena ção dos Cen tr os Públicos)
cumu lada s com a ap licaç ão da sanção de multa administra -
1. Os C entr os Púb licos de Mediaç ão de vem ter um tiva , n os termos a definir por regulamento .
Coorden ador que , pertence à lista dos mediadores oficiais 3. Os Centros de Mediação Público s e Privados devem enviar
do Organismo da Admini stração Públ ica responsável pe la um relatório e conta s anuai s da sua actividade ao Organismo da
Reso lução Extr ajudicial de L itíg ios, a quem compete : Administração Pública responsável pela Resolução Extrajudicial
a) Coordenar e sup erinten der todos os serviços respei- de L itíg ios.
tantes à mediaç ão; 4. No s casos em que o mediador viole o dever de confiden-
b) Designar os mediadores incumbidos de auxi liar as cialidade em termo s que se subsumam ao clime de prevarica ção,
parte s na resolução dos conflito s, quando estes não no s termos do disposto n o Código Penal, o Organismo da
aprovam a esco lha ou não alcancem consen so em Admin istr ação Pública responsável pela Resolução Extraju dicial
re lação à nomeação do mediador; de Litígios deve participar a infracção às entidad es competentes.
I SÉRIE -N.o 137 - DE 12 DE A GOSTO DE 2016 3507
2. Quando se revista de uti lidade para a boa resolução do 3. Quando haj a reno vaç ão de queixa no s termos do n.° 4
conflito, podem ser chamados a intervir na m ediação pe nal do artigo 52.°, o Ministér io Púb lico ver ifica o incumprimento
outros interessados , nomeadamente eventuais responsáveis do acordo, podendo, para esse fim , recorrer aos serviços de
civis e lesados. assistência social, aos Órgãos de P olícia Crimina l e a outra s
3. O disposto no n ." 1 é ap licável, com as necessárias entidades administrativas.
adaptações , à participação na mediação penal de eventuais ARTIGO 54.0
(Presen ça de advogado uas sessões de mediação penal)
responsáveis civi s e lesados.
Nas sess ões de mediação penal o arguido e o ofendido
4. O teor das sessões de mediação pena l é confidencial,
podem comparecer pe ssoalmente ou fazer-se representar por
não podendo ser valorado como prova em processo judicial.
advogado, advogado estagiário, bem como fazer-se acompa -
ARTIGO 52.0
nhar de pe ssoa da sua confiança.
(Tramíta ção subs eq u en te)
1. Não resultando da mediação pena l acordo entre arguido CAP ÍT ULO VIII
e ofendido ou não estando o processo de mediação penal Mediação e o Processo Judicial
d) N o caso de mediação realizad a nos Centros Púb licos Tendo em conta que a República de Angola reconhece
de Mediação, data em que as parte s concordaram a import ância de ta l instrumento jurídico extrajudicial, com
com a rea lizaç ão da mediação; vista a garantir os interesses do s operadores do comércio
e) Modo de conclusão do procedimento, quando já internacional que pretendam ver a soluçã o dos seus litígios
tenha ocorrido; por via da arbitragem;
fi Data de conclu são do procedimento, quando j á tenha Considerando que a Conven ção de Nova Iorqu e sobre
ocorrido. o Reconhecimento e a Execuç ão de Sentenças Arbitrais
Estra ngei ras foi ce lebrada a 10 de Junho de 1958 em Nova
5. A remessa do processo para mediação penal determina
Iorque e entrou em vigor em 1959, no 90.° dia a seguir data à