Exercicios. Teoria Da Medida

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA PURA E APLICADA

Juan Carlos Oyola Ballesteros

Primeira Avaliação Medida e Integração

Professor. Fabio Silva Botelho

Florianópolis
2021
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 2

1 Primeira Avaliação Medida e Integração


Exercı́cio 1: Seja (X, M, µ) um espaço de medida. Seja {En } ⊆ M uma sequência.
Prove que:

 ∞
µ ∪∞
n=1 En ≤ ∑ µ(En).
n=1

Solução. Seja {An } ⊆ M, tal que:

An = ∪nk=1 Ek .

Defina também Â1 = A1 , Â2 = E2 |A1 e indutivamente Ân = En |An−1 , assim, {Ân } ⊆ M é uma
sequência disjunta, tal que:

∪nk=1 Ân = En e ∪∞ ∞
k=1 Âk = ∪k=1 Ek .

Logo:

  ∞
µ ∪∞
k=1 Âk = ∑ µ(Âk ).
k=1

Já que Ân ⊆ En , temos que, µ(Ân ) ≤ µ(En ); concluindo que:

   ∞
µ ∪∞
k=1 Ek

= µ ∪k=1 Âk ≤ ∑ µ(Ek ).
k=1

A prova está feita.

Exercı́cio 2: Seja (X, M, µ) um espaço de medida e seja { fn : X −→ [−∞, ∞]} uma


sequência de funções mensuráveis. Seja N ∈ M e seja f : X −→ [−∞, ∞], onde


 lim sup fn (x), se x ∈ X/N


f (x) = n−→∞

5, se x ∈ N


Mostre que f é mensurável.


solução: Para resolver o problema vamos lembrar do Lema 2.9 do livro de R.Bartle
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 3

(The Elements of Integration and Lebesgue Measure) [?].

Lema 1. seja (X, M) um espaço mensurável e seja { fn : X −→ [−∞, ∞]} uma sequência de
funções mensuráveis. Defina:

f (x) = inf fn (x), F(x) = sup fn (x),


n∈N n∈N

f ∗ (x) = lim inf fn (x), F ∗ (x) = lim sup fn (x).


n∈N n∈N

Sob tais hipóteses f,F,f* e F* são mensuráveis.

Voltando para o exercı́cio e usando o lema anterior; Seja α ≤ 5, assim

Aα = {x ∈ X : f (x) > α} = {x ∈ X : F ∗ (x) > α}/N.

Já que F* é uma função mensurável e N ∈ M, temos que Aα é mensurável.


Se α < 5,

Aα = {x ∈ X : f (x) > α} = {x ∈ X : F ∗ (x) > α} ∪ N.

Assim Aα é mensurável. Pelo acima, concluı́mos que f é uma função mensurável.

Exercı́cio 3: Seja (X, M, µ) um espaço de medida e seja { fn : X −→ [−∞, ∞]} uma


sequência de funções integráveis, tal que:

fn+1 (x) ≤ fn (x), ∀x ∈ X, ∀n ∈ N, e


Z Z
−∞ < lim inf fn dµ ≤ lim sup fn dµ < ∞.
n−→∞ X n−→∞ X

Assuma que g : X −→ [0, ∞] é tal que:

Z
gdµ < ∞
X

e fn (x) ≤ g(x), em quase todo X, ∀n ∈ N. Defina f : X −→ [−∞, ∞] por:

f (x) = lim fn (x), ∀x ∈ X.


n−→∞
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 4

Mostre que:
Z Z
lim fn (x) = f (x).
n−→∞ X X

solução: já que

fn+1 (x) ≤ fn (x), ∀x ∈ X, ∀n ∈ N, e

f (x) = lim fn (x), ∀x ∈ X,


n−→∞

temos que

f (x) = inf { fn (x)}, ∀x ∈ X,


n≥1

assim f (x) ≤ fn (x) ≤ g(x), em quase todo X. Seja N ∈ M tal que µ(N) = 0 e ∀x ∈ N não temos
que

fn (x) ≤ g(x).

Assim, 0 ≤ g(x) − f (x) ≤ g(x) − f (x), ∀x ∈ X/N. Então,

Z Z Z Z
g − fn dµ = g − fn dµ ≤ g − f dµ = g − f dµ
X X/N X/N X
Z Z Z Z
⇒ g dµ − fn dµ ≤ g dµ − f dµ
X/N X/N X/N X/N
Z Z Z Z
⇒ f dµ = f dµ ≤ fn dµ = fn dµ ∀n ∈ N.
X X/N X/N X

Resumindo

Z Z
f dµ ≤ fn dµ ∀n ∈ N.
X X

Concluindo que:

Z Z
f dµ ≤ lim inf fn dµ . (1.1)
X n−→∞ X
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 5

Por outro lado, já que g(x) − fn (x) ≥ 0, ∀ ∈ X/N e ∀ ∈ N, logo:

Z Z Z Z
g dµ − f dµ = g − f dµ = lim (g − fn ) dµ
X/N X/N X/N X/N n−→∞
Z
= lim inf(g − fn ) dµ.
X/N n−→∞

Pelo teorema de Fatou, temos que:

Z Z
lim inf(g − fn ) dµ ≤ lim inf (g − fn ) dµ
X/N n−→∞ n−→∞ X/N
Z Z Z Z
= g dµ + lim inf (− fn ) dµ = g dµ − lim sup fn dµ.
X/N n−→∞ X/N X/N n−→∞ X/N

Resumindo
Z Z
− f dµ ≤ − lim sup fn dµ
X/N n−→∞ X/N
Z Z
⇒ lim sup fn dµ ≤ f dµ. (1.2)
n−→∞ X/N X/N

Por (1.1) e (1.2) temos que:

Z Z Z
lim sup fn dµ ≤ f dµ ≤ lim inf fn dµ.
n−→∞ X/N X/N n−→∞ X/N

Sob as hipóteses e pelo acima, chegamos ao seguinte:

Z Z
lim fn (x) = f (x).
n−→∞ X/N X/N

Já que µ(N) = 0, obtemos:


Z Z
lim fn (x) = f (x).
n−→∞ X X

Exercı́cio 4: Seja (X, M, µ) um espaço de medida e seja { f : X −→ [−∞, ∞]} uma função
integrável. Mostre que para cada ε > 0 exite δ (ε) > 0 tal que E ∈ M e µ(E) < δ (E), então

Z
| f |dµ < ε.
E

solução: Seja n ∈ N e o conjunto mensurável

En = {x ∈ X : | f (x)| ≥ n}.
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 6

Já que f é integrável temos que | f | é integrável , assim temos:

Z Z
β= | f |dµ ≥ | f |dµ ≥ nµ(En ),
X En

tendo que µ(En ) ≤ β /n, ∀n ∈ N , concluindo que µ(En ) −→ 0 quando n −→ ∞. Já que


\
N = {x ∈ X : | f (x)| = +∞} = En ,
n=1

obtemos que µ(N) = 0.


Se x ∈ X/N e já que χE T En (x) ≤ χEn (x), temos que,

| f (x)|χE T En (x) ≤ | f (x)|χEn (x) ∀x ∈ X/N.


\
Dado que N = En , temos que quando n −→ ∞, então, En −→ N e χEn −→ χN , assim
n=1

| f (x)|χEn (x) −→ | f (x)|χn (x) = 0 ∀x ∈ X/N. (1.3)

Visto que | f (x)|χE T En (x) ≤ | f (x)|χEn (x) ∀x ∈ X/N e (1.3), pelo teorema de Lebesgue da con-
vergência monótona, temos que:

Z
lim | f |χEn |dµ = 0. (1.4)
n−→∞ X

Deste modo , seja n0 ∈ N tal que se n > n0 , então


Z Z

| f |χE dµ = | f |χE dµ < ε/2,
X n n
X

observe que

Z Z Z
| f |dµ = | f |χEn0 T
E dµ + | f |χEnc T
E dµ
0
Z E X Z X

≤ | f |χEn0 dµ + n0 · µ(E) ≤ | f |χEn dµ + n0 · µ(E)


X X

≤ ε/2 + n0 µ(E),
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 7

para finalizar, seja δ (ε) = ε/2, então, se µ(E) < δ (E), temos que:

Z
ε ε
| f |dµ < + n0 < ε.
E 2 2n0

A prova está feita.


Exercı́cio 5: Seja (X, M, µ) um espaço de medida e seja { f : X −→ [−∞, ∞]} uma
função integrável. Mostre que existe uma sequência {φn : X −→ [−∞, ∞]} de funcões men-
suráveis e simples tal que:

• lim φn (x) = f (x), em quase todo X.


n−→∞
Z
• lim |φn − f |dµ = 0
n−→∞ X

• para cada n ∈ N existe En ∈ M tal que µ(En ) < +∞ e φn (x) = 0, ∀x ∈ X/N.

solução: Seja n ∈ N. Defina α(n) = (2n)2n , ynj = −n + j2n , ∀ j ∈ {0, ..., α(n)} e

• E nj = {x ∈ X : ynj ≤ f (x) ≤ ynj+1 }

• EnA = {x ∈ X : f (x) ≥ n}

• EnB = {x ∈ X : f (x) < −n}

Defina {φn : X −→ [−∞, ∞]} e ξ jn por:



ynj , se f (x) ≥ 0 e x ∈ E nj para algum j ∈ {0, ..., α(n) − 1}








ynj+1 , se f (x) < 0 e x ∈ E nj para algum j ∈ {0, ..., α(n) − 1}



φn (x) =
n, se x ∈ EnA








−n, se x ∈ EnB



ynj , se 0 ≤ ynj < n



ξ jn =
ynj+1 , se − n ≤ ynj < 0


Logo, temos que:


α(n)−1
φn (x) = ∑ ξ jn χE nj (x) + nχEnA (x) − nχEnB (x).
j=0
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 8

Assim {φn : X −→ [−∞, ∞]} é simples e mensurável.


Defina N = {x ∈ X : f (x) = +∞ ou f (x) = −∞}, como f é integrável, | f | tambem o é, de modo
que µ(N) = 0. Seja x ∈ X/N, assim existe n0 ∈ N tal que se n > n0 então | f (x)| < n; fixamos
n > n0 , existe j ∈ {0, ..., α(n) − 1}, tal que x ∈ E nj , assim

|ynj − f (x)|, se f (x) ≥ 0



|φn (x) − f (x)| =
|ynj+1 − f (x)|, se f (x) < 0


em qualquer caso |φn (x) − f (x)| < 2n , ∀n > n0 . Logo obtemos,

lim φn (x) = f (x), ∀x ∈ X/N (1.5)


n−→∞

.
Já que |φn (x)| ≤ | f (x)|, ∀x ∈ X e ∀n ∈ N, temos que:

|φn (x) − f (x)| ≤ |φn (x)| + | f (x)| ≤ | f (x)| + | f (x)| = |2 f (x)| (1.6)

∀x ∈ X. Como f é integrável, de (1.5), (1.6) e pelo Teorema de Lebesgue da convergência


dominada obtemos:
Z
lim |φn − f |dµ = 0. (1.7)
n−→∞ X

1
Para o último item do exercı́cio, seja En = {x ∈ X : | f (x)| ≥ }, já que | f | é in-
2n
tegrável, temos que:
1
Z Z
β= | f |dµ ≥ | f |dµ ≥ µ(En ),
X En 2n
tendo que µ(En ) ≤ β · 2n < ∞.
Seja n ∈ N, então, existe jˆ ∈ {0, .., α(n) − 1} tal que

E njˆ−1 = {x ∈ X : y jˆ−1 ≤ f (x) < 0} e E njˆ = {x ∈ X : 0 ≤ f (x) < y jˆ},

assim deduzimos que:

1
X/En = {x ∈ X : | f (x)| < } ⊆ E njˆ−1 ∪ E njˆ ,
2n
1 PRIMEIRA AVALIAÇÃO MEDIDA E INTEGRAÇÃO 9

concluindo pela definição de φn , que φn (x) = 0 para x ∈ X/En .


A prova está feita.

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