Qualidades de Pambu Njila
Qualidades de Pambu Njila
Qualidades de Pambu Njila
Aluvaiá
Aluvaiá em Quicongo fonetiza-se “Alu-Vuya”.
Algumas nações, como os Tio e os Shona fonetizam
Alu, ou Lalu. É uma divindade do Congo. Nas casas
Angola/Congo, normalmente as cantigas referentes
à Aluvaiá são entoadas em português. É o Inquisse
da herança espiritual, da continuidade dos valores. É
a divindade que faz os acordos com o inimigo, se
fazendo passar por ele, sendo um senhor da
infiltração. É quem fecha os acordos e os
favorecimentos no terreno da magia.
Mavambo, Mavangu, Marambo, Marabu,
Malagô, Navango, Igo Mavan, Marabô,
Jiramavambo
O Senhor do Barro, o Conquistador! Nascido dos
sonhos de Nkoce. Quando em suas andanças,
Nkoce parava para dormir nascia um montículo de
barro onde Nkoce colocava sua cabeça. Pela
manhã, nesse monte, a cada dia nascia um
Mavambo, para vigiar os caminhos dominados pelo
vencedor dos Leões. Em várias regiões da África, os
muçulmanos eram chamados de Marabu, em alusão
ao fato de terem sido conquistadores em várias
partes do continente. Há ainda, o termo Barabô,
numa clara fusão do Jeje e do Cabinda nos terreiros
do sul do país.
Sinzamuzila
O Inquisse que recebe o poder das bebidas que são
colocadas na casa de fundamento e nas tronqueiras.
Aquele que é sempre seco e que recebe a “Marafa”
na cuia de cabaça no ritual propiciatório das escolas
Congo/Angola, quando se envia o Sinzamuzilla para
a porta. Do quikongo “Sanzala”, bêbado, trôpego.
Malungo
O Inquisse que acompanha as pessoas durante toda
a vida. Aquele que envia seus “fantasmas de
proteção” (Zumbikukulu) para acobertar quem entra
e sai do terreiro, quem nos protege da morte; Aquele
que livra do sofrimento. Entre os Lundakioko, “Ma-
lunga” homem, amigo etc. Do Kikongo “Lungo” (Ma-
lungo, plural), morte, dificuldade.
Jujuku
Aquele que faz magia de morte. Ainda que a palavra
“Jujuku” seja uma palavra provavelmente Yorubá
(“Juju” = magia com objetos; + “Iku” = morte) que
deve ter sido aprendida pelos descendentes
Bakongo, este Inquisse é utilizado para feitiços e
para tormentos onde são usadas coisas pessoais
daquele que se pretende agredir magisticamente.
Kijanjá, Kujanjo
Inquisse da matança e da Lua. É aquele que recebe
as oferendas de todos os outros Inquisse e faz a
transmissão do poder das oferendas a todos do
terreiro. Por isso as matanças são feitas com os
animais em ciclos que obedecem às fases lunares.
Do Proto-Bantu “Kijan”, Lua, usado ainda hoje pelos
jongueiros do Brasil como “Quijama”.
Mavilutango
O Inquisse da dança e do movimento, dizem as
lendas que ele é que dá ao ser humano, através da
dança, a capacidade de se relacionar com o mundo,
com os vivos e os mortos. Por isso é ele quem se
encarrega de levar o “Padê”. A palavra “Tango” vem
do quibundo “Tangu”, significando pernada. A dança
argentina de mesmo nome provém dessa mesma
raiz Bantu, cujas origens foram praticamente
esquecidas por lá.
Burungangi
Inquisse dos Bakongos, conhecido como “Mbulu” ou
“Mbulunganga”. Há uma expressão em Bakongo que
significa “Grande força” (Mbulu-nguzu, embora esta
palavra se relacione mais com o Inquisse
Burugunzo). É aquele que acompanha Biolê e é
assentado nos trilhos e nas ferrovias. Nesse caso,
este Jila descreve-se como “Mbulu-Nganga”, “Poder
do Ferro”. A palavra “Nganga” aponta para termos
Bantu relacionados a “derreter”, tais como o
quicongo “Kanga” ou o Quioco “Nganga” (metal
fundido), e finalmente ao Bantu genérico “Ngangula”
(ferreiro). Associa-se ainda, ao Bantu multilingüistico
“Nganga”, significando feiticeiro.
Bionatan
Inquisse patrono da alegria. Recebe doces e flores.
Algumas traduções do Quimbundo indicam essa
palavra como “risada”, bem ao estilo dos Njila. Mas
há ainda, traduções do Quicongo: “Mbyantunda”;
“Ntunda” – Monte, colina; “Mbya” – coquinho de
palmeira, talvez uma aproximação deste Inquisse
com o Exu yorubano nas questões dos métodos
divinatórios.
Sigatana, Singangara, Siganga, Gangaiô
“Singa” – nome que se dá à vara do canoeiro. No
quicongo “Sinda”, se traduz como ir ao fundo d’água;
no umbundo “Sinda” refere-se ao ato de empurrar
associado ao multi-Bantu “Nganga” – feiticeiro,
traduz-se aproximadamente como o feiticeiro que
habita o fundo das águas. De fato esse Njila
associa-se a Zumbarandá e Kissimbi nos
assentamentos destes outros MiInquisse. É
invocado simbolizada pelo egan (gorrinho em forma
de cone), e pela pena vermelha do papagaio.
Tibiriri, Tonã
Encontra-se menção a este Inquisse nos rituais
Angola, embora seja óbvia a sua relação com o Tiriri
dos Yorubá: “Ti” – Grande Força; “Riri” – Valor,
traduz-se como “Valoroso”. Igualmente Tonã parece
relacionar-se com o Lonã (Caminho) Yorubá. Resta
descobrir se houve uma aculturação do Nagô sobre
os rituais Congo/Angola, ou se na própria África
essa divindade se espalhou por várias regiões. Há
ainda a o termo Tupi Tiriri (nome de uma ilha),
originado de su-y-ry-ry, que significa "pássaro que
faz barulho”. Interessante é que em alguns totens
deste Inquisse há um pássaro esculpido e ainda, na
Umbanda, Tiriri é o guardião de Yori/Ibeji/Oxum
(yabá dona de um pássaro), cujo sinal cabalístico de
pemba representa hieraticamente, um pássaro. E,
finalmente, encontramos na Cabala hebraica o
termo “Tirirel” como o demônio guardião de mercúrio
(planeta de Yori). Vai saber...
Ngambe, Ingambeiro, Engambeiro
O termo engambeiro ou engambelo é comumente
usado pelo Povo-de-Santo como verbo, na flexão
engambelar, o que aproxima este Inquisse da
representação de Trickster do Exu yorubano. No
Umbundo diz-se “Uyambelo” como o presente que
se dá ao curandeiro, o que originou, possivelmente a
palavra engambelar - de uso nos terreiros quando se
dá uma oferenda de paliativo ao “santo” até que se
possa dar outra melhor. O povo Ganguela diz
“ndambelo” como aquela porção que se dá a mais
do que se promete como “agrado” em troca de um
favor. Os Soto dizem “Kabelo” com o sentido de
contribuição. Ngambe é o nome de um Inquisse
onde em sua barriga colocam-se moedas, notas (na
antiga África usava-se búzios, marfim e cobre) e
outros objetos de valor.
Etajelungi
Mais um Njila que nos parece uma somatória
brasileira do fundamento das qualidades de Exu
com o de algum Inquisse Congo. “Etá” em quicongo
traduz-se como pênis ou como qualquer objeto que
lembre o falo. É acrescido, talvez da palavra
yorubana “Ijélu” – “I” – (Aquele que); “jê” (é); “Elú”
(Índigo, a planta que produz a tinta chamada “Arô”
para fazer o “Wáji”, que representa o preto nas
pinturas rituais. Entre os Bakongo a representação
do falo de alguns Njila é pintada com a cor azul,
assim como dissemos na abertura, sobre os Pambu
Njila e a influência ritual Yorubá.
Korobo
O Pambu da folha, espécie de “Aroni” angolano,
portador da enxada, foi quem ensinou os homens a
plantar. É o guardião da “Kisaba Kiasambuka” do
Inquisse Katendê. Em quicongo encontramos a
palavra “Kulumba”, como “homem rude do mato”,
que vaga pelas estradas e “Kuluba” como “enxada
velha”.
Niquerô
Inquisse que recebe as oferendas dos Minquisse
caçadores. O guardião da fartura e da distribuição
de força vital para o terreiro. Em quicongo, “Ndiiki”,
aquele que alimenta.
Dundo Salunga, Dundo Calunga
Inquisse do mistério, Pambu do silêncio, o grande
peixe que leva as pessoas para o infinito. Sua
representação é a de um peixe de madeira onde se
colocam mensagens e objetos para os que se foram.
Dundo em quicongo é “Ndundu” e refere-se ao peixe
Seese. Calunga vem do termo multilingüístico Bantu
“Kalunga” que traduz a idéia de grandeza,
eternidade, vastidão. Pode ser tanto identificado
com o céu e o espaço infinito como com o mar.
Kukiakalunga é o Inquisse pensador dos Angolanos
(do verbo “Oku-Lunga” – ser esperto), o patrono do
jogo Ngombo. No Brasil o termo se ligou ao
cemitério e à morte, pois muitos escravos morriam
no mar antes de aqui chegarem, embora a idéia de
eternidade ainda assim, tenha relação com o local
onde habitam os mortos
Naban, Nabondo
Inquisse guardião das árvores. Representado por
um pássaro (!). Conforme o quikongo “Na-mbondo”,
uma árvore, o embondeiro. Divide seus poderes com
Nkondi – Inquisse da família de Nkoce - esta árvore
é cultuada principalmente para o feitiço. O
embondeiro tem forma de garrafão, e é chamado de
“Nkondo Ikuta Mvumbi” (Embondeiro do morto
gordo), por que a pessoa contra quem se faça o
feitiço, contra quem se prega o prego, morrerá
gordo, inchado como o embondeiro. Conforme o
prego usado, o efeito, segundo o povo de Cabinda,
será mais ou menos imediato, se for de ferro, de
cobre ou de alumínio.
Ingué, Izangué, Yanga
Entre os Tchokwe encontramos a divindade Yanga,
fonetizada como Yangue em outras tribos do norte
de Angola. A lembrança da relação do nome com o
Exu Yangi dos Yorubanos é inevitável. No Brasil e
em Angola Ingué e Yanga compactuam do fato de
não beberem cachaça nem dendê. Veste-se de
branco. Na África, como no Brasil, quando está
possuindo alguém, não come nada vermelho.
Malusibango
Encontra-se referências rituais de um Inquisse da
fortuna em Angola, chamado “Luo-Mbangu”. E
encontramos a palavra “Mbangu” em quicongo
significando “benesses” ou “ganho”.
Apavenã
É o senhor das oferendas, o portador e o
mensageiro. É sempre o primeiro a ser invocado. É
o dono do dendê, por isso o carrega na peneira,
segundo dizem...
Imbeberiquiti, Imbeperequeté
Inquisse guardião das portas das casas. Seu nome
refere-se a alguém sentado, ou baixinho,
provavelmente em alusão a postura que assumem
as pessoas que o incorporam na África. Do
Umbundo “Velekete”, pessoa de estatura baixa, ou
alguém de cócoras/sentado.
Manawelé, Mawe, Mavilê
Maville é um dos nomes associados a todos os Njila.
Mavile vem do Umbundo “Omavele” ou do Quicongo
“Mavele”, plurais de “Avele” que significa leite,
provavelmente alusão ao poder de ligação destas
divindades guardiãs com o poder criador do
esperma.
Kunkurunguanje
Inquisse da palavra e da invocação, das poesias e
dos Jamberessu. O que fala pelas outras
divindades. Do quicongo “Nkunga”, canto, poema,
palavra, associado ao Umbundo “Ulungundju”, ronco
ou urro. Traduz-se como “aquele de voz rouca”,
característica bem típica da manifestação destas
divindades.
Kamungo, Camunga
Inquisse que se esconde, que mora embaixo da
terra. Seus fetiches são enterrados e as oferendas
colocadas por cima, o que o relaciona aos mortos e
aos ancestrais. Em linguagem cifrada os jongueiros
chamam “Kamungo” de tambor, em alusão ao
orifício do instrumento, onde algo pode se esconder.
Há o Nhungue “Kabungu”, o Iaca “Nungo”, o
Umbundo “Ochimunga” e Quibundo “Kibunga”, todos
significando objetos como chapéus, panelas, baldes,
etc, utensílios que identificam algo que cobre. Há
ainda a concepção totêmica do rato, animal
relacionado, na África aos Njila, assim como o
marimbondo e outros, pequenos animais com
grande poder de penetração nos lugares. A
linguagem cifrada dos velhos feiticeiros velou o
significado sagrado deste Inquisse, assim, no
Umbundo encontramos a forma diminutiva “Oka-
mpuku”, ou “Okamundongo”, rato, camundongo, e
ainda, “Mundongo”, como escravo, identificando a
função exterior de divindades guardiãs africanas
como Exu, Bara e Pambu-Njila.
Jembelu
Classe de Njilas que recebe a menga do sacrifício:
são os Yembêle. Do quicongo “Mbe”, som
onomatopaico de pancada, associado à raiz “Ele”,
líquido, leite, ou algo que escorre, no caso, a menga.
Embarujo
O Inquisse guardião da cura, é quem acompanha
Kavungu. Do Umbundo “Uemba”, significando
feitiço, veneno e remédio.
Kariapemba
Talvez por influência católica já em terras africanas,
ou talvez mesmo em Portugal, essa divindade –
assim como outras, tais como Nkoce, conforme
veremos – é tida como extremamente maléfica entre
os angolanos, havendo a necessidade de benzer-se
o ambiente onde se acredite que ele esteja. Seu
nome, em Quicongo “Nkadi-a-pemba” e em
Quibundo “Kádia-Pemba” não assimila outra
tradução que não “demônio”.
Manakó, Manacuco, Mancuco, Mancuce
Invocado no pade, é quem providencia a comida e a
bebida de todos. Benéfico, não gosta de bebida
alcoólica, gosta de branco. É quem dá a fortuna. Há
a relação oculta da fortuna e da bem aventurança
com o fato de seu nome bantu ser, no Quicongo,
“Nkusi”, no plural “Bakusi”, traduzindo “o pescador”.
Há ainda “Munkusi” – “Vento que vem do estômago
(flatulência)”, traduzindo o estado de saciedade
quando se está farto de comida.
Toroni Batola, Bute
Do Ronga “Mbuti”, bode, animal geralmente usado
em sacrifício a estes Njila.
Quitungueiro
Inquisse ou espírito da morte, que se apresenta de
todas as formas possíveis, pois não é possível
desvencilhar-se dela. Do Quicongo “Kintungu”, tudo
que aparece por inteiro, que se desenvolve e que se
mostra de várias formas. Associa-se o conceito ao
Quibundo “Kitungu”, casebre, mausoléu, ou seja, o
lugar onde habitam os que se transformaram:
cemitério.
Caracoci
Do Quicongo “Ekala” homem (quando se refere a
alguém que não se conhece), associado ao
Quibundo “Kutxi, Kuxi”, orelha, de onde vem o
português “cochichar”. “Homem que murmura, fala
baixo”. Muitas das manifestações mediúnicas e
possessões africanas e no Brasil, estes espíritos se
comunicam dessa forma.
Para ouvir a faixa 03, "Meximaville", clique abaixo: