Otite Média Crônica

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OTITE MÉDIA CRÔNICA Normalmente o quadro regride só com o uso de

versão 2008 gotas locais. Cuidados de higiene local são


recomendados, principalmente a não permissão de
José Jarjura Jorge Jr entrada de água nos ouvidos.
Revisão e fotos: Décio Gomes de Souza O tratamento definitivo da otite
média crônica simples é cirúrgico. Faz-se a
timpanoplastia, onde a membrana timpânica é
reconstruída por um enxerto, em geral de material
CONSIDERAÇÕES GERAIS autógeno (a fáscia do músculo temporal), podendo
ser utilizados outros tipos de materiais orgânicos.
A otite média crônica por definição é o Também a cadeia ossicular, se lesada, pode ser
processo inflamatório/infeccioso crônico da orelha reconstruída usando restos dos próprios ossículos ,
média cursando geralmente com perfurações da material homólogo conservado e material
membrana timpânica, mas pode existir sem inorgânico inerte, como próteses de teflon. proplast
perfuração (otte média secretora). O nome é ou cerâmica.
inapropriado em certas circunstâncias, como na
otite média crônica simples, que pode cursar com
crises periódicas de agudização devido à perfuração OTITE MÉDIA CRÔNICA
da MT sem haver realmente uma inflamação COLESTEATOMATOSA
crônica da mucosa da orelha média, mas é de uso
rotineiro e consagrado. CLASSIFICAÇÃO:
OMCC CONGÊNITA
OTITE MÉDIA CRÔNICA OMCC PRIMÁRIA
OMCC SECUNDÁRIA
CLASSIFICAÇÃO:
OMC SIMPLES Caracteriza-se clinicamente por
OMC COLESTEATOMATOSA otorréia purulenta fétida, abundante, sem períodos
OMC SECRETORA de remissão, que tem como agentes etiológicos
bactérias Gram negativas e anaeróbios e que é
OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES resistente ao tratamento clínico, isto é o uso de
gotas locais e antibióticos sistêmicos não eliminam
A queixa dos pacientes a secreção. O paciente apresenta deficiência
portadores dessa afecção é de deficiência auditiva e auditiva, pela grande destruição dos elementos do
otorréia , em geral , intermitente, com longos ouvido médio causada pelo colesteatoma. À
períodos de remissão. É otopatia indolor. Esta otoscopia, revela a otorréia e, após aspiração, uma
afecção se inicia, via de regra, na infância e é área total ou parcialmente destruída e retraída,
consequência de uma otite media aguda com tecido epidérmico saindo da caixa timpânica,
necrosante, onde houve destruição da membrana em geral do quadrante póstero-superior do anel
timpânica e, frequentemente também, da cadeia timpânico.
ossicular. Portanto à otoscopia, encontra-se O substrato desta patologia é o
sempre uma perfuração de membrana timpânica de colesteatoma, que é um tumor benigno formado
tamanho variável, uma mucosa da caixa do por um tecido epidérmico que se enovela de forma
tímpano que, visualizada através da perfuração, laminar, como camadas de uma cebola. Tende a
pode apresentar-se hiperemiada, edemaciada e aumentar o seu volume destruindo as estruturas ao
secretora. Na fase de remissão, quando não há seu redor, causando complicações locais, como
infecção na caixa, vê-se apenas a perfuração e a mastoidites, labirintites e paralisia facial, ou
mucosa timpânica normal. endocranianas, como meningites, abscessos
As reinfecções destes tímpanos cerebrais e cerebelares, entre outros.
comprometidos são causadas por rinofaringites ou Este tumor pode ser congênito
por contaminação externa ( em geral banhos de onde evidentemente o paciente já nasce com ele;
piscina ou de mar). Têm como agentes etiológicos primário - quando, por conseqüência de
as bactérias gram-negativas. disfunção grave e crônica da tuba auditiva na
A deficiência auditiva varia de primeira infância, há invaginação da pars flácida da
acordo com o grau de destruição da membrana e da membrana timpânica, facilitando o
cadeia ossicular e pode ser medida através da desenvolvimento do colesteatoma; contudo, a
audiometria. forma mais comum é a do colesteatoma
Na fase de supuração o secundário, que é consequência de uma otite
tratamento é clínico, e deve ser realizado com o uso média aguda necrosante com destruição de toda a
de gotas auriculares que contenham associação de membrana timpânica. A pele do conduto auditivo
antibióticos e corticóides e, também, externo, então, invagina-se, invadindo o antro
descongestionantes. Só nos casos mais resitentes é mastóideo, formando o tumor que lentamente
aconselhado o uso da antibioticoterapia sistêmica. aumenta de volume e vai destruindo,
paulatinamente, toda a mastóide e os componentes descongestionantes e também antibióticos. Nas
da caixa do tímpano. formas persistentes, a abordagem é cirúrgica,
A otite colesteatomatosa pode fazendo-se aspiração e drenagem timpânica,
evoluir, praticamente, sem sintomas durante um através de uma timpanotomia, implantando na
largo período. Entretanto, repentinamente, pode membrana um microtubo que aí permacerá alguns
determinar graves complicações como mastoidites meses assim restabelecendo a aeração do ouvido
agudas, meningites e abscessos cerebrais. médio.
O clínico e o especialista A otite média crônica secretora
precisam estar atentos a esta patologia, uma vez tem caráter insidioso e pode ser recidivante, apesar
que, diagnosticada, deve ser tratada de imediato e do tratamento cirúrgico.
cirurgicamente, para evitar as complicações
descritas. Muitas vezes o paciente já apresenta a
complicação e precisa, então, ser prontamente OTITE MÉDIA CRÔNICA TUBERCULOSA
internado para o tratamento adequado.
A cirurgia é a mastoidectomia É uma otite média crônica
radical, onde é realizada a limpeza cirúrgica específica que deve ser lembrada em casos de
rigorosa da caixa timpânica e mastóide. Esta perfuração de MT. Bastante rara, apresenta início
patologia é de caráter recidivante e se faz insidioso, sendo quase sempre secundária a um
necessário acompanhamento do paciente por longo foco tuberculoso conhecido. Identifica-se pela
período de tempo. Há variações na técnica cirúrgica presença de bacilos de Koch na secreção. À
desta patologia , que não serão discutidas neste otoscopia são características as perfurações
artigo. múltiplas da membrana timpânica.

OTITE MÉDIA CRÔNICA SECRETORA


GALERIA DE FOTOS
Ocorre frequentemente na
infância, devido a anatomia característica da Otite média secretora com retração da MT
rinofaringe e da trompa de tuba auditiva nessa
faixa etária. Também pode acontecer no adulto, por
causas secundárias a processos alérgicos, tumores
da rinofaringe ou de seqüelas de patologias locais,
na infância. Torna-se de grande importância nas
idades pré-escolar e escolar, pois a hipoacusia
conseqüente leva a criança à atitudes de
indiferença, dificuldade de aprender e, mesmo, a
outras alterações no comportamento que, muitas
vezes, levam a criança à psicoterapia
desnecessariamente.
A disfunção tubária mais ou
menos intensa leva a formação de vácuo no ouvido
médio, ocorrendo na primeira face do processo
retração da membrana timpânica . Persistindo a
causa, manifesta-se um transudato na caixa Otite média secretora com grande retração
timpânica, que com o correr do tempo espessa-se
formando exsudato viscoso, que costumamos
chamar de “glue ear” (cola).
O paciente queixa-se de
hipoacusia, autofonia e sensação de ouvido cheio.
Eventualmente esta secreção pode infectar-se e
supurar. Na infância estas infecções podem ter
caráter recidivante. À otoscopia vê-se o tímpano
retraído e opacificado, às vezes hiperemiado.
Dependendo da fase, pode-se ver nível líquido atrás
da membrana timpânica.
O diagnóstico é firmado com a
audiometria, onde o gráfico é de surdez de
condução, e principalmente à impedanciometria,
que se apresenta com uma curva timpanométrica
característica - uma curva aplanada, sem pico- e
ausência de reflexo estapediano.
O tratamento, nas formas mais
brandas, é feito com antiinflamatórios hormonais,
Secreção do ouvido médio Otite média crônica (colesteatoma
secundário)

Drenagem da secreção e microtubo de


aeração
Mastoidite aguda (complicação da otite)

Otite média crônica simples com vários


graus de perfuração da membrana
timpânica

Otite média crônica (colesteatoma


primário)

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