R - T - Sonia Regina Martins de Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SÔNIA REGINA MARTINS DE OLIVEIRA

JURISTAS AO FINAL DO IMPÉRIO BRASILEIRO (1873-1889): PERFIS,


DISCURSOS E MODELOS A PARTIR DO ESTUDO DA REVISTA O DIREITO

CURITIBA
2015
SÔNIA REGINA MARTINS DE OLIVEIRA

JURISTAS AO FINAL DO IMPÉRIO BRASILEIRO (1873-1889): PERFIS,


DISCURSOS E MODELOS A PARTIR DO ESTUDO DA REVISTA O DIREITO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Direito, Setor de Ciências Jurídicas, Universidade
Federal do Paraná, como parte das exigências para a
obtenção do título de Doutor em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca

CURITIBA
2015
Ao meu amado Thiago.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à minha família. Família são aqueles que te acolhem em


casa ou que constroem uma casa ao seu redor;
Aos meus amigos, minha família estendida, que se dispuseram a ouvir as queixas, a
respeitar as ausências e a segurar as pontas sempre que necessário;
Em especial, agradeço aos colegas de pesquisa em História do Direito, que ajudam
na tarefa de explicar qual é afinal a liga entre a História e o Direito;
Ao meu orientador de uma década, Ricardo Marcelo Fonseca, pois, sem seu incentivo
esse projeto não se concretizaria;
Aos membros da banca de qualificação Luís Fernando Lopes Pereira, Samuel
Rodrigues Barbosa e Walter Guandalini Júnior, pelas observações que contribuíram
para a elaboração final desta tese;
Aos professores da Faculdade de Direito que contribuíram, mais do que imaginam,
para minha formação;
E, finalmente, aos professores António Manuel Hespanha e Carlos Petit, não apenas
pela contribuição intelectual, mas pela gentileza e atenção que tiveram comigo
sempre.
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
(Paulo Leminski)
RESUMO

Por meio da identificação do significado e da dimensão do termo jurista na cultura


jurídica brasileira no período de 1873 a 1889, busca-se compor um panorama dos
juristas nas últimas décadas do Império brasileiro, acompanhando a publicação da
Revista O Direito e estendendo a pesquisa até o fim da monarquia.
A utilização da Revista O Direito como fonte primária na presente pesquisa em razão
de sua periodicidade, continuidade e variedade tanto em temas como em autoria, além
de seu destaque dentre os periódicos jurídicos à época, possibilitou, a partir da análise
dos artigos de doutrina publicados na revista, a delimitação de um grupo de juristas
que ativamente integraram o debate doutrinário no Brasil pré-republicano.
A investigação das características comuns desses juristas deu ensejo à configuração
de um perfil tripartido dos juristas brasileiros na segunda metade do século XIX: o
jurista como um homem letrado, plural em suas atividades profissionais, mas também
em seus estudos, e, cujo traço distintivo dos outros atores do mesmo contexto jurídico
era, justamente, o reconhecimento por seus pares como tal.
No segundo momento do trabalho, foi dada ênfase ao Direito Privado, em especial, à
civilística, por ter um caráter “universal” ao regular as relações humanas mais íntimas,
capaz de oferecer um olhar sobre a sociedade distinto daquele do Direito Público.
O discurso jurídico desse período foi investigado a partir do levantamento das fontes
doutrinárias nos artigos publicados na revista fazendo uso da metodologia de análise
de conteúdo esboçada por António Manuel Hespanha para a História do Direito. Ainda
que o discurso seja um elemento inapreensível em sua totalidade, os textos
doutrinários foram analisados em seu estilo e conteúdo, tomando-se como estudo de
caso, o discurso dos civilistas acerca do instituto da escravidão.
Por fim, propõe-se a superação da tradicional explicação do bacharelismo no Brasil e
se apresenta um modelo híbrido como vetor de interpretação do papel dos juristas na
cultura jurídica brasileira oitocentista, aproveitando-se de modelos propostos para a
Europa oitocentista, principalmente na Espanha e Itália, articulados por Carlos Petit e
Pasqualde Beneduce.

Palavras-chave: jurista – modelos – análise de conteúdo – Revista O Direito


RESUMEN

Al identificar el significado y la dimensión del término jurista en la cultura jurídica


brasileña en el período 1873-1889, la presente thesis trata de componer un panorama
de los juristas en las últimas décadas del Imperio del Brasil, a partir del inicio de la
publicación de la Revista O Direito y extendiéndose hasta el final de la monarquía.
En vista de su representatividad entre las revistas jurídicas de la época, la Revista O
Direito fue utilizada como fuente primaria en este estudio debido a su periodicidad,
continuidad y variedad tanto en temas como en autores. Esto permitió, a partir del
análisis de los artículos doctrinales publicados en la revista, la definición de un grupo
de juristas que integra activamente el debate doctrinal pre-republicano en Brasil.
La investigación de las características comunes de estos juristas dio lugar a la
creación de un perfil tripartito de juristas brasileños en la segunda mitad del siglo XIX:
el jurista como un hombre culto, plural en sus actividades profesionales, pero también
en sus estudios y cuyo rasgo distintivo de otros actores del mismo contexto jurídico
era, precisamente, el reconocimiento por sus pares como tal.
En la segunda fase del trabajo, se puso énfasis en el Derecho Privado, en particular
en la civilística, por su carácter "universal" en regular las relaciones humanas más
íntimas, capaz de ofrecer una mirada de la sociedad distinta de la del Derecho Público.
El discurso jurídico de ese período fue investigado a partir de la encuesta de las
fuentes doctrinales en los artículos publicados en la revista, haciéndose uso de la
metodología de análisis de contenido esbozada por António Manuel Hespanha para
la Historia del Derecho. Aunque el discurso sea un elemento difícil de alcanzar en su
totalidad, se analizaron los textos doctrinales en su estilo y contenido, tomando como
caso de estudio, el discurso de los civilistas sobre la esclavitud.
Por último, se propone superar la explicación tradicional del bacharelismo en Brasil y
si presenta un modelo híbrido como vector de interpretación de los juristas en la cultura
jurídica brasileña del siglo XIX, tomando ventaja de los modelos propuestos para la
Europa del siglo XIX, sobre todo en España e Italia, articulados por Carlos Petit y
Pasqualde Beneduce.

Palabras clave: juristas – modelos – análisis de contenido – Revista O Direito


ABSTRACT

Throughout the identification of the meaning and the dimension of the term jurist in
Brazilian legal culture in the period from 1873 to 1889, the thesis aims to compose an
overview of jurists in late years of the Brazilian Empire, following the publication of the
legal journal O Direito and extending the research up to the end of the monarchy.
The use of the Journal O Direito as a primary source in this study because of its
frequency, continuity and variety both in themes and in authorship, considering also its
representativeness among other legal journals at the time, allowed, based on the
analysis of academic articles published in the journal, the definition of a group of jurists
who actively integrated the doctrinal debate in the pre-Republican Brazil.
The research of their common features enabled the definition of a tripartite profile of
Brazilian jurists in the second half of the nineteenth century: the jurists as literate men,
polyvalent in their professional activities, but also in their studies, and whose distinctive
feature of other actors in the same legal context was the recognition by his peers as
such.
In the second phase of the work, emphasis was given to private law, in particular, civil
law, due to its "universal" character to regulate the most intimate human relationships,
able to offer a distinct glimpse into the society than the public law.
The legal discourse from this period was investigated from the survey of the doctrinal
quotations in the articles published in the magazine using of content analysis
methodology outlined by António Manuel Hespanha for the History of Law. Although
the speech is an elusive element in its entirety, the doctrinal texts were analyzed in
their style and content, using as a case study, the speech of civilists about slavery.
Finally, it is proposed to overcome the traditional bacharelismo explanation in Brazil
and a hybrid model for the interpretation of the role of juristis in the Brazilian legal
culture nineteenth century is presented, taking advantage of proposed models for
nineteenth-century Europe, especially in Spain and Italy, articulated by Carlos Petit
and Pasqualde Beneduce.

Keywords: lawyer - models - content analysis – O Direito Journal


LISTA DE IMAGENS

Figura 1: Temas dos artigos de doutrina da Revista O Direito (volume 1 a 50). ....... 79
Figura 2: Ensaio d’um Quadro Estatístico da Província de São Paulo. São Paulo:
Tipografia de Costa Silveira, 1838. ........................................................................... 89
Figura 3: Divisão de temas dos artigos de Direito Civil. .......................................... 145
Figura 4: Augusto de Souza Leão, bacharel em 1851. ........................................... 203
Figura 5: Francisco Xavier Paes Barreto, ministro do império e bacharel em 1842.
................................................................................................................................ 204
Figura 6: João Augusto de Souza Leão, bacharel em 1844. ................................... 205
Figura 7: José Antonio de Pinho Borges, bacharel em 1865. ................................. 206
Figura 8: Paulo Martins de Almeida, bacharel em 1860 e magistrado. ................... 207
Figura 9: Vitoriano de Sá e Albuquerque, bacharel em 1842. ................................. 208
Figura 10: Abdias de Oliveira, bacharel em 1882 e desembargador....................... 210
Figura 11: Feliciano dos Santos Pontual, advogado, bacharel em 1868................. 211
Figura 12: Gaspar de Menezes Vasconcelos Drumond Filho, bacharel em 1875. .. 212
Figura 13: Gonçalo Paes de Azevedo Faro, bacharel em 1870 e magistrado. ....... 213
Figura 14: Henrique Afonso de Miranda Leal, bacharel em 1871. .......................... 214
Figura 15: Lourenço Augusto de Sá e Albuquerque, bacharel em 1874. ................ 215
Figura 16: Retrato de Clemente Falcão de Souza Filho, 1888. ............................... 216
Figura 17: Retrato do Dr. Prudente de Morais, 1890............................................... 217
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Autores mais citados nos artigos selecionados de doutrina (Direito Civil). 88
Tabela 2: Autores que mais publicaram na Revista O Direito entre 1873 e 1889. .... 92
Tabela 3: Citações a Savigny. ................................................................................. 129
Tabela 4: Artigos sobre a escravidão no Direito Civil brasileiro............................... 149
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 JURISTAS, PERIÓDICOS JURÍDICOS E A REVISTA O DIREITO ..................... 34

2.1 AS DIFICULDADES NA DELIMITAÇÃO DO PERFIL DOS JURISTAS .............. 34

2.2 A REVISTA JURÍDICA COMO INSTRUMENTO DE INTERPRETAÇÃO DA


CULTURA JURÍDICA ................................................................................................ 60

2.3 A CENTRALIDADE DA REVISTA O DIREITO NO PERIODISMO JURÍDICO


BRASILEIRO ............................................................................................................. 69

2.3.1 Inflexões metodológicas: dos procedimentos de pesquisa na Revista O


Direito ....................................................................................................................... 76

3 PERFIL E DISCURSO DOS JURISTAS A PARTIR DOS ARTIGOS DA REVISTA


O DIREITO ................................................................................................................ 90

3.1 CONTORNOS DO PERFIL DO JURISTA........................................................... 90

3.1.1 Os Articulistas de O Direito ......................................................................... 93

3.2 VOZES NO DISCURSO JURÍDICO .................................................................. 106

3.2.1 As citações de fontes da doutrina portuguesa ........................................ 119

3.2.2 As citações de fontes de doutrina estrangeira ........................................ 125

3.2.3 As citações fontes da doutrina brasileira ................................................. 131

3.3 ANÁLISE DO DISCURSO JURÍDICO NO DIREITO PRIVADO ........................ 138

3.3.1 O tratamento da escravidão como instituto do Direito Civil ................... 147

3.3.2 Tipos não ideais dos discursos sobre a escravidão ............................... 161

4 ENTRE MODELOS POSSÍVEIS E O MODELO HÍBRIDO DE JURISTA


BRASILEIRO .......................................................................................................... 169

4.1 A SUPERAÇÃO DO BACHARELISMO ACADÊMICO ...................................... 169

4.2 OS MODELOS DE JURISTAS NA ESPANHA.................................................. 177

4.3 A TRANSIÇÃO IMPERFEITA ENTRE MODELOS NO CASO ITALIANO......... 190


4.4 UMA PROPOSTA HÍBRIDA COMO MODELO PARA O JURISTA BRASILEIRO ..
.......................................................................................................................... 196

4.4.1 Novos interlocutores .................................................................................. 196

4.4.2 A “boa” imagem dos juristas ..................................................................... 201

4.4.3 O jurista por excelência ............................................................................. 218

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 224

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 232

APÊNDICES ........................................................................................................... 243


13

1 INTRODUÇÃO

O que distingue a tese dos demais trabalhos acadêmicos é sua contribuição


original à ciência. Ainda nesta fase de construção das hipóteses que levarão à tese,
no presente caso, surge o questionamento: o quão original uma tese em história do
direito é capaz de ser? O objeto em si é passado, inalterável. O método de
aproximação ao objeto também – a mediação do historiador por suas fontes será
sempre necessária.
O estudo dos juristas do século XIX como formadores da cultura jurídica
contemporânea não é um objeto particularmente original. É possível àqueles
minimamente familiarizados com o Direito listar quem foram os grandes nomes da
ciência jurídica no Brasil. Ainda no início do século XXI há uma persistência nas teses
por eles formuladas, seja na forma de enfrentamento ou de concordância. Exemplo
primário é a própria codificação civil. Os processos sob a égide do Código Civil de
1916 elaborado por Clóvis Beviláqua ainda tramitam no judiciário brasileiro atual.
Código este que foi em si a conclusão de um processo nada harmônico no qual uma
das etapas foi a Consolidação da Leis Civis elaborada por Teixeira de Freitas. Por sua
vez, o Código Civil de 2002 cuidou para extirpar aquilo que tornava o código de
Beviláqua obsoleto e assim dele se distanciar, mas, inegavelmente, manteve-se a
mesma tradição jurídica. Se não por nenhum outro motivo, apenas a manutenção da
forma código já basta para inseri-lo nessa mesma cultura jurídica brasileira, latina e
de raízes europeias.
Brasileira sobretudo a partir do século XIX, quando as vicissitudes locais
tornaram-se por demais evidentes para serem ofuscadas pela cultura jurídica
portuguesa. Todavia, identificar este limiar entre uma colônia cuja independência foi
muito mais formal que material e uma nação independente que vivia simultaneamente
os reflexos da Revolução Industrial e o sistema escravocrata, é, por certo, um dos
desafios do presente trabalho. Espera-se contribuir para identificar, talvez limiar não
seja o melhor termo, mas sim as linhas tangenciais entre a colônia, a nação
independente e além, uma nação no mundo que com outras nações se relacionava.
A presente pesquisa busca compor um panorama dos juristas nos últimos
anos do Império brasileiro, de 1873 a 1889, esboçando seu perfil, função e discurso.
Para tanto, a pesquisa foi conduzida a partir dos resultados obtidos com a utilização
14

como fonte primária de uma das principais publicações jurídicas da época – a Revista
O Direito. O caminho percorrido é, em certa medida, o inverso daquele tomado na
pesquisa tradicional que estuda um tema, desenvolvendo-o a partir da pesquisa
bibliográfica e, ao final, investigando sua aplicação em um estudo de caso. Parte-se
aqui do “estudo de caso”.
Por estudo de caso, entende-se a manipulação de fontes primárias, no caso
a publicação jurídica, entendida como um conjunto de textos capazes de representar
uma parte da cultura jurídica do final do século XIX, os artigos doutrinários ali
publicados apresentam uma variedade significativa de autores e temas, além da
regularidade e periodicidade da publicação – um tanto raras para a época. O “caso”
tratado na presente tese, portanto, é o corpo textual formado pelos artigos
doutrinários, restritos ao direito civil, publicados entre 1873 e 1889.
Além da pesquisa bibliográfica, uma das principais ferramentas de pesquisa
utilizadas foi a análise de conteúdo. O método permitiu sintetizar os dados obtidos por
uma pesquisa de cunho inicialmente quantitativo (quantos e quem eram os articulistas
da revista, que autores citavam, quantas vezes, em que temas) em uma análise do
discurso. A interpretação dos dados recolhidos d’O Direito permitiram conhecer quais
eram os juristas e as doutrinas que efetivamente circulavam no meio jurídico dos
oitocentos, quem participava do debate em torno da doutrina brasileira e, por meio
desses, quais outras fontes e outras correntes doutrinárias eram incluídas.
Dentre outros objetivos, a pesquisa busca identificar – obviamente não a
gênese – mas o fomento de uma cultura jurídica com autonomia suficiente para se
denominar brasileira na segunda metade do século XIX.
A aproximação de um objeto tão vasto como é o estudo dos juristas que
compuseram o debate jurídico na segunda metade do século XIX teve partida na
percepção das mudanças que a ideia de jurista teve ao longo dos séculos. Sem a
intenção de criar uma linha temporal, mas apenas pontuar alguns indícios da estreita
relação entre dos juristas e a formação, consolidação ou organização do poder estatal.
Conforme explica António Manuel Hespanha 1, no Antigo Regime os juristas
compunham um corpo social com função específica na sociedade, destacado dos
demais. Possuíam uma autoimagem de sacerdotes, pontífices entre o direito e a
sociedade. Essa visão se relaciona à própria noção de justo e injusto desse período.

1 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:


Fundação Boiteux, 2006.
15

A ordem das coisas estava em diferentes níveis e a justiça plena era divina, os juristas
então deveriam traduzir o divino para o humano, mundano. Apenas no século XVII o
advogado passa a ser necessariamente um técnico formado nas escolas 2.
As expectativas e o próprio imaginário do jurista no Antigo Regime
extrapolavam o aspecto intelectual, o caráter de predestinação, de vocação do jurista
prescrevia inclusive sua aparência física 3. Ainda de acordo com Hespanha, Antonio
de Souza Macedo, na obra Doctor in jure perfectus de 1643 retrata o jurista com dedos
longos, testa larga, olhos negros, brancos mas levemente rosados. O autor do século
XVII descrevia, em verdade, os lombardos da região onde surgiram as primeiras
faculdades de direito italianas. Além disso, ele deveria ser bom, ser capaz de entender
a ordem do mundo e estar de olhos abertos.
O caráter sacerdotal foi se transformando com a paulatina valorização da
formação acadêmica e com a crescente profissionalização. O momento pós-
pombalino em Portugal teve movimentos antagônicos na composição de uma nova
ordem. Houve uma forte reação aos pontos centrais das reformas de Pombal, quais
sejam, o antijesuitismo, a reforma do ensino e o mercantilismo econômico. Entretanto,
algumas das mudanças derivadas da administração pombalina já estavam a tal ponto
consolidadas que “continuava impondo-se a necessidade de reformas e, por
decorrência, do assessoramento do Estado por homens competentes, tecnicamente
preparados e politicamente comprometidos com os interesses da Monarquia

2 HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:
Almedina, 1982. p. 377.
3 Descrição também encontrada por Petit: “Al menos, el abogado combina mejor que nadie ciertas dotes

naturales (un pecho robusto, una fisonomía digna, una hermosa voz: Sainz de Andino, pp. 10 y
siguientes; genio, buena memoria, buena figura, voz sonora y agradable: Joaquín María López I, pp.
30 ss. utilísimas para lograr eficaz presencia pública mediante la palabra, con la práctica continuada de
aquellos deberes y facultades Morales (probidad, veracidad, desinterés, firmeza de carácter, amor a la
justicia: Sainz de Andino, pp. 13 y siguientes; honradez, laboriosidad, virtud, independencia y firmeza
de carácter, valentía, prudencia, memoria, desprendimiento, sobre todo veracidad y `calma fría':
Joaquín María López, I, pp. 229 ss.) de los que pende la conservación de la república: en la convicción
de quien se sabe al servicio de una causa justa se resume la distancia que distingue al buen orador del
puro sofista (ibd. I, pp. 18-19). (PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la
cultura jurídica da la España liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio
de publicaciones Universidad de Huelva, 2000. p. 61-62). Como comparação, o estatuto do Colégio De
Advogados de Madrid, já no século XVII, que se aplicava também no México, trazia as seguintes
disposições: “estatuímos y mandamos que para ser recibidos cualesquiera abogados en nuestro
colegio, haya de ser de buena vida, y costumbres, hijos legítimos, o naturales de padres conocidos, y
no bastardos, o espurios; que así los pretendientes como sus padres, y abuelos paternos, y maternos,
sean y hayan sido cristianos viejos, limpios de toda mala raza, y infección, y sin nota alguna de moros,
judíos, ni recién convertidos a nuestra Santa Fe Católica” (SALVADOR, Rodolfo Aguirre. El Mérito y la
Estrategia: clérigos, juristas y médicos en Nueva España. México, D.F.: UNAM, 2003. p. 428).
16

Absolutista, capazes de promover a retomada da prosperidade econômica do Reino”4.


Ana Rosa Cloclet da Silva segue explicando que, em seu conjunto, essas reformas
pretendiam formar homens verdadeiramente comprometidos com o poder estatal que
aliando conhecimentos técnicos e científicos a qualidades morais – “honesto, grave e
nobre” – tendência esta que interessava sumamente a administração mariana.
Ainda segundo a autora, o Estado absolutista português, portanto,
“demandava o alargamento do corpo burocrático dotado de ‘autoridade técnica’ […]
influentes no próprio sentido atribuído aos qualificativos exigidos aos homens públicos
recrutados pelo Estado, por vezes associados à nobreza ou a virtudes pessoais e,
mais frequentemente, à condição de letrado” 5. A autora prossegue, com base em
Hespanha, afirmando que o direito era tido como uma formação essencial dentre os
requisitos funcionais para o desempenho do cargo burocrático, não apenas pelos
conhecimentos técnicos mas, sobretudo, pelo prestígio social adquirido pelos juristas,
o que tornava “praticamente indissociável associação do burocrata com o letrado”6.
Na América espanhola, antes das independências locais, a figura do “letrado”
se fazia presente, a acepção de letrado era, desde o século XVI o experto em direito
civil ou canônico com grau universitário 7. Rodolfo Aguirre Salvador explica que a
máxima aspiração de um jurista de finais do século XVII na Nova Espanha era ocupar
“una silla en la audiencia”, entretanto, muitos juristas, quando necessário e em razão
da política imperial de preferir peninsulares para integrar as audiências americanas,
dedicavam-se a outras carreiras jurídicas como a de ouvidores, advogados, juízes,
fiscais ou promotores. “Muitos juristas utilizavam a prática do direito como acesso para
a carreira eclesiástica. Outro letrados, sem vocação para a Igreja, persistiam em
acender pela burocracia real competindo com tenacidade entre eles pelos cargos
disponíveis” 8.

4 SILVA, Ana Rosa Cloclet. Inventando a Nação: Intelectuais Ilustrados e Estadistas Luso-Brasileiros
na Crise do Antigo Regime Português (1750-1822). 1. ed. São Paulo: HUCITEC, 2006. p. 103.
5 SILVA, Ana Rosa Cloclet. Inventando a Nação: Intelectuais Ilustrados e Estadistas Luso-Brasileiros

na Crise do Antigo Regime Português (1750-1822). 1. ed. São Paulo: HUCITEC, 2006. p. 115.
6 SILVA, Ana Rosa Cloclet. Inventando a Nação: Intelectuais Ilustrados e Estadistas Luso-Brasileiros

na Crise do Antigo Regime Português (1750-1822). 1. ed. São Paulo: HUCITEC, 2006. p. 115.
7 SALVADOR, Rodolfo Aguirre. El Mérito y la Estrategia: clérigos, juristas y médicos en Nueva

España. México, D.F.: UNAM, 2003.


8 “Muchos juristas utilizaban la práctica del derecho como escalón hacia la carrera eclesiástica. Otros

letrados, sin vocación por la Iglesia, persistían en ascender por la burocracia real compitiendo con
tenacidad entre ellos por los cargos disponibles” (SALVADOR, Rodolfo Aguirre. El Mérito y la
Estrategia: clérigos, juristas y médicos en Nueva España. México, D.F.: UNAM, 2003. p. 396).
(tradução nossa).
17

Com o início do processo de independência da América espanhola os juristas


estavam entre os líderes civis mais importantes, formavam a maioria dos congressos
de constituintes e eram eles próprios os redatores das constituições. A monarquia
espanhola, em comparação com outros sistemas de governo contemporâneos a ela,
possuía um forte caráter teocrático, ao menos ideologicamente, no qual a legitimidade
do poder advinha da ordem divina, devido à proximidade da Igreja católica ao centro
do poder, seja como aparato ideológico ou como aparato repressivo. A independência,
portanto significou não apenas a separação da Espanha mas também a busca de um
novo tipo de legitimidade jurídico-democrática. Daí, afirma Perdomo, a enorme
importância da instrumentalização jurídica da independência na forma dos
congressos, das constituições e das leis que acompanharam o processo, concluindo
que foram os juristas os grandes ideólogos do novo regime e também os
organizadores dos novos estados9.
No século XIX na França os juristas já dividiam sua vida entre a academia e
as funções de governo ou a advocacia. A formação tampouco era uma, os juristas
formavam-se “em família” ou “no Palácio”, em casa ou na prática. As escolas
transformadas em faculdades em 1808 seguiam o método exegético e “tinham
funções bastante restritas se pensarmos em uma cultura jurídica de caráter
acadêmico ou científico, ou mesmo de erudição” 10. A profissionalização da advocacia
sofreu quando a Ordre des Avocats foi abolida pela revolução e, embora restabelecida
por Napoleão em 1810, somente voltou a ter seus originais poderes autorregulatórios
na Terceira República 11.
Por sua vez, os juristas alemães eram juristas do Estado e sua percepção era
de uma ocupação de prestígio e poder na sociedade. A intervenção estatal não era
percebida como tal pelos burocratas alemães que perpetuaram seus estreitos laços
com o Estado mesmo no processo de liberalização da profissão mais de um século
mais tarde 12.

9 PERDOMO, Rogelio Pérez. Los juristas como intelectuales y el nacimiento de los estados naciones

en América Latina. In: ALTAMIRANO, Carlos (org.). Historia de los intelectuales en América Latina:
La ciudad letrada, de la conquista al modernismo. Buenos Aires: Katz Editores, 2008. p. 168-183. p.
173.
10 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São

Paulo: Saraiva, 2010. p. 102.


11 COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio de

Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 40-41.


12 COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio de

Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 44.


18

Enquanto o liberalismo se disseminava na Europa, a talvez a mais célebre das


profissões ditas liberais – a advocacia – ajustava seu espaço nas nações europeias.
Na Espanha liberal oitocentista, Carlos Petit 13 observa a transição de um jurista
romântico, para um jurista eloquente e para um jurista de caráter cientificista. O
primeiro, dedicado em igual medida às letras jurídicas e à poesia e literatura, converte-
se em um orador, propriamente eloquente, cujo espaço por excelência é a tribuna e a
principal ferramenta é a argumentação, dedicando-se aos discursos e aos periódicos.
Com a introdução das teorias positivistas, evolucionistas e naturalistas, emerge outro
modelo de jurista, o cientificista. Não se trata, absolutamente, de uma mudança
voluntária ou que parta do interno dos juristas, mas a cultura se modifica no sentido
de uma gradual valorização maior da escrita em detrimento da oralidade e também da
prevalência da argumentação científica sobre a retórica.
Processo semelhante ao identificado por Pasquale Beneduce na Itália, em
meio ao processo de unificação também na segunda metade do século XIX. No caso
italiano, o jurista condensa em si, de forma ambivalente e contraditória, atribuições do
prático e do estudioso, o que o autor denomina de “enigma da unidade divisa do
jurista”.
Reconhecendo o mérito da síntese da definição dada por Silvio Romero, esse
“bando de ideias novas” chegava ao Brasil com um influxo maior a partir da década
de 1870. Alfredo Bosi relativiza a expressão no sentido de que “a defasagem relação
à Europa não seria tão ampla e profunda, como a pintava Silvio Romero” 14, pontuando
que o atraso na difusão de ideias de vinte ou mais anos, a medida em que se avança
no século XIX diminui a ponto de tornar-se sincrônico graças à imprensa, ao telégrafo,
às viagens dos intelectuais mais engajados. Todavia, nas palavras de Roque Spencer
Maciel de Barros: “Poder-se-ia dizer mesmo que o Império terminara em 1870: desde
então as novas ideias exigiam uma forma de governo mais consentânea com as
aspirações de liberdade, mais ‘moderna’ em relação ao espírito ‘científico’” 15.
No Brasil, as relações entre Estado e as profissões jurídicas foram ingênitas.
Desde a independência de Portugal, há debate acerca da via de dependência: se era

13 PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España
liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad
de Huelva, 2000.
14 BOSI, Alfredo. Cultura. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional (1830-1889). Rio

de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 258.


15 BARROS, Roque Spencer Maciel de. A ilustração brasileira e a ideia de universidade. São Paulo:

Editora Convívio, 1986. p. 7.


19

o Estado que dependia do corpo de burocratas incluindo-se nestes os magistrados,


os promotores e os conselheiros ou eram estes que dependiam do Estado em toda
sua carreira profissional. A pesquisa apresentada aponta para uma simbiose com
predominância maior da dependência do Estado aos bacharéis, pelo menos até a
consolidação do modelo estatal imperial e com uma inversão nessa relação de
dependência a partir da segunda metade – podendo ser, esta inversão apontada como
causa e efeito do declínio do Império – exacerbando-se no último quarto de século.
De todo modo, o jurídico sempre esteve imbrincado com o Estado brasileiro
independentemente do regime de governo. Aponta José Murilo de Carvalho 16 que os
juristas exerceram papel de larga importância na política e na administração
portuguesa e posteriormente na brasileira.
No Brasil independente os cursos jurídicos foram criados pela lei de 11 de
Agosto de 1827 sobre o molde do ensino da antiga metrópole:

Os cursos de direito foram criados à imagem do predecessor coimbrão. Os


primeiros professores eram ex-alunos de Coimbra e alguns dos primeiros
alunos vieram de lá transferidos. Mas houve importante adaptação no que se
refere ao conteúdo das disciplinas. O direito romano foi abandonado em
benefício de matérias mais diretamente relacionadas com as necessidades
no novo país, tais como os direitos mercantil e marítimo e a economia política.
A ideia dos legisladores brasileiros era a de formar não apenas juristas mas
também advogados, deputados, senadores, diplomatas e os mais altos
empregados do Estado, como está expresso nos Estatutos feitos pelo
visconde de Cachoeira adotados no início dos cursos. 17

Assim, ato contínuo, foi essa geração de Coimbra que redigiu os códigos
legais do período imperial: Código Criminal e Comercial, Constituição de 1824 e
subsequentes reformas, a Lei de Terras de 1850, evidenciando a interdependência do
Estado brasileiro e dos juristas.

Elemento poderoso de unificação ideológica da elite imperial foi a educação


superior. E isto por três razões. Em primeiro lugar, porque quase toda a elite
possuía estudos superiores, o que acontecia era uma ilha de letrados num
mar de analfabetos. Em segundo lugar, porque a educação superior se
concentrava na formação jurídica e fornecia, em consequência, um número
homogêneo de conhecimentos e habilidades. Em terceiro lugar, porque se
concentrava, até a Independência, na Universidade de Coimbra e, após a
Independência, em quatro capitais provinciais, ou duas, se considerarmos
apenas a formação jurídica. A concentração temática e geográfica promovia
contatos pessoais entre estudantes das várias capitanias e províncias e

16 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras:
a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
17 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 76.


20

incutia neles uma ideologia homogênea dentro do estrito controle a que as


escolas superiores eram submetidas pelos governos tanto de Portugal como
do Brasil. 18

Portanto, a formação acadêmica está no cerne da própria noção de jurista no


século XIX brasileiro. Havia outros partícipes do mundo jurídico desse período que
prescindiam do ensino superior, os rábulas ou os advogados provisionados, ou
mesmo conselheiros e membros da alta burocracia estatal que não possuíam a
formação jurídica, entretanto, algumas carreiras eram a eles praticamente
inacessíveis, como a magistratura, por exemplo 19.
Ademais, no século XIX brasileiro impera a visão centrada no jurista
acadêmico, da qual o bacharel é parte, ainda que seja como um lugar-comum ou posto
intermediário. Nem todos os bacharéis são juristas, mas o contrário é verdadeiro –
frise-se, ao menos conforme o apurado no desenvolvimento desta pesquisa e
localizado neste período da história nacional.
Assim, um dos objetivos da presente tese é demonstrar que o jurista
acadêmico, de tons bacharelescos, não era o modo de ser do jurista brasileiro do

18 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 65.
19 A configuração dos profissionais que movimentavam a justiça oitocentista no Brasil, resumidamente,

era composta por magistrados, juízes de paz, promotores públicos, advogados, solicitadores,
advogados provisionados e rábulas. A partir de 1841 o poder judiciário se organizava,
esquematicamente, da seguinte forma: cada termo contava com um juiz municipal, júri, promotor
público, escrivão e oficiais de justiça. Cada distrito com um juiz de paz eleito, oficiais de justiça e
inspetores. Promotores e juízes de direito eram nomeados pelo Imperador, que, na prática, acolhia a
indicação do Ministro da Justiça. Os desembargadores compunham os Tribunais da Relação (quatro
até 1873 quando foram criados mais sete) e dentre os mais antigos eram nomeados os ministros do
Supremo Tribunal de Justiça. “Os cargos de promotor, de juiz municipal, de juiz de direito e dos tribunais
superiores eram ocupados exclusivamente por bacharéis em direito, os únicos remunerados pelo
governo central” (KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da República brasileira
(1841-1920). Curitiba: Juruá, 2010. p. 37). Quanto aos advogados, o diploma de bacharel era suficiente
para exercer a advocacia em qualquer dos Tribunais. Os advogados provisionados eram aqueles que
não tinham o grau mas submetiam-se a exames teóricos e práticos de jurisprudência aplicados pela
presidência dos tribunais da Relação. Podiam apenas advogar perante os juízos de primeira instância
e nos lugares onde não houvesse advogado formado em número suficiente. Os solicitadores tampouco
detinham o grau de bacharel e prestavam exame apenas sobre a prática do processo perante os juízes
de direito. Mas havia bastante incerteza sobre quem poderia ou não se manifestar no foro, pois alguns
atos poderiam ser exercidos pela própria parte ou por qualquer procurador ou rábulas, como ficaram
conhecidos (COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia
no Rio de Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 167 e seguintes). Por fim, quanto à
jurisdição civil na qual se foca a segunda parte desse trabalho, a reforma de 1871 criou comarcas gerais
e especiais, estas eram as sedes das Relações. Em ambas os juízes de paz julgavam causas de até
100$000. Nas comarcas gerais, as causas de 100$000 até 500$000 ficam a cargo dos juízes municipais
e aos juízes de direito cabia o julgamento de causas de mais de 500$000 e dos recursos dos juízes
inferiores. Nas comarcas especiais, todas essas incumbências cabiam aos juízes de direito
(KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da República brasileira (1841-1920).
Curitiba: Juruá, 2010. p. 95-96).
21

século XIX. Propõe-se interpretá-lo como parte do modelo possível e de tal modo
aglutinado à cultura jurídica de quase todo o século que domina o imaginário da época
e a historiografia posterior.
Todavia, ainda que se efetivamente o trabalho perpasse por conceitos como
elite, inteligência, intelectuais, além de fazer menção aos já conhecidos “grandes
jurisconsultos” da história, propõe-se superar a dualidade de uma historiografia
tradicional – mas, felizmente, já não mais unânime – entre uma baixa e uma alta
cultura.

Certamente, no caso brasileiro – marcadamente inculto e que recebeu as


primeiras faculdades de direito a partir de 1828 – a fronteira entre o direito
“erudito” e “popular” é bastante móvel e indefinida. Mas, além disso, há
também a relação (no marco do assim chamado “direito erudito”, no qual se
busca produzir uma “cultura jurídica”) entre a assim chamada “alta cultura
jurídica” (composta pelos famosos juristas imperiais) e uma “baixa cultura
jurídica” (composta por uma série de autores “menores” e hoje menos
lembrados). [...] Por essa razão, “cultura jurídica brasileira”, aqui, não pode
ser contrastada consoante critérios de “melhor” ou “pior”, de “mais” ou
“menos” refinamento intelectual, mas como um conjunto de padrões e
significados que circulavam e prevaleciam nas instituições jurídicas do
Império brasileiro (faculdades, institutos profissionais de advogados e juízes,
o fórum, o Conselho de Estado e, em alguns casos, o parlamento). Este
procedimento poderia eventualmente indicar que aquilo que consideramos
um refinado e notável “jurisconsulto” pode, eventualmente, impactar e circular
menos (e, portanto, gravar com menos força o ambiente da cultura jurídica)
do que um eventual superficial "praxista" que seja muito procurado pela
eficácia “didática” das suas anotações. 20

Desse modo, ao fim e ao cabo, pretende-se demonstrar que, embora


fundamental, a esfera acadêmica não era a única.

20 “Ciertamente que en el caso brasileño – marcadamente inculto y que recibió las primeras facultades
de derecho solamente a partir de 1828 – la frontera entre el derecho “erudito” y “popular” es bastante
móvil e indefinida. Pero además de eso hay también la relación (en el marco del así llamado “derecho
erudito”, donde se busca producir una “cultura jurídica”) entre una así llamada “alta cultura jurídica”
(compuesta por los famosos juristas imperiales) y una “baja cultura jurídica” (compuesta por una serie
de autores “menores” y hoy menos recordados). […] Por esa razón, “cultura jurídica brasileña”, aquí,
no puede ser contrastada consonante criterios de “mejor” o “peor”, de “más” o “menos” refinamiento
intelectual, pero sí como un conjunto de patrones y significados que circulaban y prevalecían en las
instituciones jurídicas brasileras del imperio (facultades, institutos profesionales de abogados y
magistrados, el foro, Consejo de Estado y en algunos casos, en el parlamento). Ese procedimiento
podría eventualmente indicar que aquello que consideramos un refinado y notable “jurisconsulto” puede
eventualmente impactar y circular menos (y por tanto, grabar con menor fuerza el ambiente de la cultura
jurídica) de lo que un eventual superficial “praxista” que sea muy buscado por la eficacia “didáctica” de
sus anotaciones” (FONSECA, Ricardo Marcelo. La cultura jurídica brasileña del siglo XIX entre
hibridismos y tensiones en la tutela de los derechos: algunas hipótesis de trabajo. Forum Historiae
Iuris. (18 de agosto 2014). Disponível em: <http://www.forhistiur.de/2014-08-fonseca/>. Acesso em: 16
de janeiro de 2015).
22

O que se intenta desvendar, portanto, é o modo de ser do jurista nesse


período. Tal pesquisa comportaria idealmente dois principais e necessários enfoques,
como propõe Ricardo Marcelo Fonseca:

O primeiro (…) buscará identificar alguns dos traços intelectuais marcantes


do jurista brasileiro deste período, com a intenção, sobretudo, de perceber
neste período uma mudança nas suas matrizes teóricas e na sua visão do
direito. Trata-se, obviamente, de um procedimento precário e introdutório, a
ser complementado com pesquisas de maior envergadura, mas que podem,
a nosso ver, dar algumas chaves de leitura interessantes sobre o modo de
pensar dos artífices da cultura jurídica imperial. O segundo procedimento (…),
embora em vários momentos se mostre um modo de análise que se
entrecruza com a anterior, ou, ao menos, mostra-se a ela paralela, constitui
uma outra forma de identificar os traços da cultura jurídica brasileira: trata-se
de identificar o perfil do jurista no que diz respeito à sua postura diante dos
saberes e da academia, na sua relação com a vida pública e com os saberes
das chamadas “humanidades”, pois a partir daí, segundo se crê, pode-se
aproximar do modo como o jurista se vê diante da tarefa da construção de
uma cultura jurídica, do modo de ser do jurista enquanto intelectual. A atitude
do jurista diante do conhecimento, da academia e de seu próprio papel na
sociedade (seu modo de ser), em boa medida é que vai explicar como e por
que este mesmo jurista produz esta ou aquela forma de conhecimento (seu
modo de pensar), sendo frutífera, portanto, a sua análise paralela. 21

Portanto, a pesquisa desde logo se desvencilha da tradicional interpretação


do bacharelismo oitocentista para desenvolver ou identificar os modelos de jurista
possíveis. Esses modelos devem ser construídos com base na pesquisa focada em
fontes primárias e reconstituição dos perfis e discursos dos juristas.
A permanência de um mesmo círculo na elite que perdurou até a metade de
século foi necessária para a construção e articulação do Estado independente
naquelas circunstâncias. A mudança foi muito mais uma transição do que uma ruptura
e foi resultado de um conjunto de fatores. O recorte temporal levou em consideração
essa mudança na cultura letrada a partir da década de 1870. Como explica João Cruz
Costa:

Por volta de 1870 um novo período vai se abrir na história do pensamento


brasileiro. É então que novos matizes de ideias, originados na filosofia dos
séculos XVII e XVIII, começam a impregnar a vida intelectual brasileira. O
positivismo, o naturalismo, o evolucionismo, enfim, todas as modalidades do
pensamento europeu do século XIX – vão se exprimir agora no pensamento
nacional e determinar um notável progresso de espírito crítico. 22

21 FONSECA. Ricardo Marcelo. Os juristas e a cultura jurídica brasileira na segunda metade do

século XIX. Disponível em: <http://goo.gl/MZeJDk>. Acesso em: 15 de novembro de 2009.


22 COSTA, João Cruz. Contribuição à História das Ideias no Brasil. Livraria José Olimpio Editora:

Rio de Janeiro, 1956. p. 129.


23

Esse “progresso” está relacionado ao desenvolvimento econômico e


comercial a partir da década de 1860 representado pelas estradas de ferro, pelas
primeiras manufaturas, pelo crescimento da lavoura cafeeira e pela intensificação do
comércio com os ingleses. O intercâmbio não se restringiu a área comercial, tendo,
os acontecimentos da história política europeia influenciado a vida intelectual no
Brasil 23.
A nova conjuntura econômico-cultural acarreta no fomento da discussão de
temas antes reprimidos, principalmente, a escravidão e a república. Os vetores desses
debates são, à essa época, os juristas.

Começa a surgir a propósito um grande número de escritos de toda ordem:


livros, folhetos, artigos de imprensa e outras publicações. A questão é
analisada e debatida a fundo; seus diferentes aspectos, econômico, social e
político são esmiuçados. São grupos de intelectuais que tomam primeiro
posição: bacharéis em direito, advogados, juristas, que formam
cronologicamente a primeira classe pensante do país. 24

Como também explica Roque Spencer Maciel de Barros, a década de 1870


reúne condições para se destacar do restante do Império brasileiro, é o ano que
encerra a guerra do Paraguai, a fundação do partido republicano. Nas relações
internacionais do Brasil é o ano do advento da terceira república francesa e da guerra
franco-alemã.

Além disso, os próprios intelectuais tomam a data por marco: se bem que
deitando raízes em um passado pouco mais longínquo, é a partir desse
momento que ganham corpo as novas ideias do século – positivismo,
darwinismo, materialismo, etc. –, a “reação científica”, enfim, para usar de
uma expressão empregada por Clóvis Beviláqua. 25

Assim, o recorte temporal foi realizado considerando, além dos fatores acima
delineados, a data de início da publicação do periódico jurídico O Direito: Revista
Mensal de Legislação, Doutrina e Jurisprudência em 1873. A publicação manteve-se
regular durante todo o período investigado. Ademais, tratava-se de uma publicação

23 Em 1871 a França fora derrotada pelos prussianos e proclamara a sua terceira República. No Brasil,
as consequências desses acontecimentos terão imediata repercussão. O Manifesto Republicano e o
germanismo da escola do Recife – que nos revelaria as novas tendências da filosofia alemã – estão,
em parte, ligados a essas transformações que se passaram na Europa (COSTA, João Cruz.
Contribuição à História das Ideias no Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpio Editora, 1956. p. 130).
24 COSTA, João Cruz. Contribuição à História das Ideias no Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpio

Editora, 1956. p. 133-134.


25 BARROS, Roque Spencer Maciel de. A ilustração brasileira e a ideia de universidade. São Paulo:

Editora Convívio, 1986. p. 8.


24

de propriedade particular, ao menos em tese, portanto, desvinculada


institucionalmente.
O marco temporal final, portanto, 1889, poderia vir antes ou depois. O recorte
se fundamenta em uma mudança de regime político que formalmente ocorreu em
novembro daquele ano, como consequência de um processo que tomou força a partir
de 1870. Mas que, em contrapartida, não foi capaz de alterar o paradigma social de
estratificação. Em suma, as últimas décadas do Império são representativas e
singulares de uma ilustração – como coloca Roque Spencer, que se distanciava da
geração anterior, ao mesmo tempo em que buscava se afirmar no cenário político e
intelectual da época.
O início da pesquisa na década de 1870 engloba também os antecedentes e
as mudanças ocorridas com a reforma do Ensino Livre, que realizou a separação do
curso de ciências jurídicas do curso de ciências sociais.
Em que pese o trabalho se proponha unicamente a analisar o aspecto técnico-
jurídico dos juristas e não sua atuação política – embora as fronteiras entre essas
esferas sejam bastante sutis ou por vezes inexistentes 26, os juristas dessa etapa do
século XIX atuam no cenário político bem resumido por Carvalho no seguinte excerto:

Passado o período de estabilização do Império, cresceram as queixas contra


o Poder Moderador e as acusações de ser um poder pessoal despótico. Mas
os partidos políticos aprenderam a fazer um uso oportunista desse poder.
Criticavam-no quando na oposição, apoiavam-no quando chamados ao
governo. No governo manipulavam as eleições em benefício próprio, impondo
ao imperador a necessidade de usar seu poder para alternar os partidos no
poder. O Poder Moderador de início deu estabilidade política ao país. Mas,
na ausência de um eleitorado amplo e independente, ele foi minando a
legitimidade do imperador. Liberais e republicanos passaram a exigir o
governo do país por si mesmo, significando com isso não propriamente a
democracia, mas a eleição do chefe de Estado e do governo. Quando o Poder
Moderador, como representante da nação ao lado do Legislativo, tomou
medidas abolicionistas que contrariaram os interesses poderosos, os partidos
monárquicos não o defenderam. Implantou-se o presidencialismo
republicano, em que os presidentes detinham poder pessoal ainda maior que

26 “[…] uma das principais características da elite política imperial, à semelhança de outras elites de
países de capitalismo retardatário ou frustrado, era seu estreito relacionamento com a burocracia
estatal. Embora houvesse distinção formal e institucional entre as tarefas judiciárias, executivas e
legislativas, elas muitas vezes se confundiam na pessoa dos executantes, e a carreira judiciária se
tornava parte integrante do itinerário que levava ao Congresso e aos conselhos de governo
(CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 145).
25

o do imperador, com a diferença de que eram substituídos de quatro em


quatro anos. 27

Desta feita, o ano de 1889 encerra formalmente o período imperial e com isso
algumas discussões pertinentes ao regime político, como as teorizações sobre Poder
Moderador e Conselho de Estado 28 deixam de ter razão de existir. Mas ainda que
pouco mude a essência das problematizações abordadas, o início do período
republicano implica em mudança de perspectiva e de direcionamento das discussões
jurídicas no nível técnico. Dentre outras razões pela nova carta constitucional, pela
criação do Supremo Tribunal Federal e pelo fim formal da escravidão.
A publicação O Direito foi o eixo de desenvolvimento do trabalho, dada sua
periodicidade, continuidade e variedade de autores e temáticas abordadas. Não era
uma publicação de nicho, ademais, é claro, do jurídico. A partir do levantamento de
dados feitos nos primeiros cinquenta volumes da revista e na centena de artigos
selecionados, primeiramente foi formado um universo de autores, artigos, frequência
de publicação, intervalo de publicação, dados que certamente darão ensejo à
continuidade da pesquisa. E, ademais, foi realizado o levantamento das fontes dos
juristas, de suas influências estrangeiras ou nacionais, com o objetivo de investigar o
impacto, a repercussão, enfim, a dispersão dos discursos. Sejam eles reproduções de
discursos recepcionados de doutrinadores estrangeiros ou reproduções com um quê
de criatividade e adaptação. A pesquisa em fonte primária é instrumental para a
composição do discurso jurídico, é o que permitirá enfrentar o principal problema da
pesquisa, qual seja, a aproximação aos modelos de juristas no período.

27 CARVALHO, José Murilo de. As Marcas do Período. In: ___. A Construção Nacional: 1830-1889

(História do Brasil Nação: 1808-2010). v. 2. Rio de Janeiro: Editora Objetiva/Fundação Mapfre, 2011.
p. 28.
28 Ao menos até a proposta de um “poder coordenador” de Alberto de Seixas Martins Torres em 1914,

que pretendia uma modernização por meio de reformar, inclusive constitucional, capaz de encerrar a
permissividade do federalismo implantado em 1891 e centralizar o poder no governo federal. “Esse
novo arcabouço institucional seria encimado por um quarto poder – poder coordenador – que teria
como órgão principal um conselho de estadistas, não apenas encarregado do planejamento, em longo
prazo, das diretrizes dessa nova ordem, como o de decidir acerca de uma série de questões
fundamentais da vida política nacional, como a autorização da intervenção federal, o controle
concentrado de constitucionalidade, a elaboração da legislação trabalhista e a verificação da lisura das
eleições. […] No fim das contas, Torres propunha conceder a um conselho de estado as atribuições
interventoras de um poder moderador ativo, sujeitando a esse conselho uma gigantesca burocracia que
o permitisse exercer suas atividades modernizadoras nos menores vilarejos do país. De ‘moderador’,
o poder coordenador era na verdade um poder interventor” (LYNCH, Christian. Entre a jurisdição
constitucional e o estado de sítio: o fantasma do poder moderador no debate político-constitucional da
Primeira República. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, v. 23, p. 601-653, 2012.
Disponível em: <https://goo.gl/RkPdGx>. Acesso em: 15 de julho de 2015).
26

A análise de conteúdo realizada no periódico O Direito contabilizou e


categorizou as citações de todos os artigos cujo tema central era o direito civil 29. Tal
pesquisa permitiu confirmar ou refutar hipóteses há muito e por muitos levantadas, a
exemplo do apontado por Miguel Reale em prefácio da obra de Machado Neto, havia
todo um conjunto de influências diretas sobre o legislativo e a jurisprudência brasileira
que falta captar.

Ainda nos resta examinar, com o devido apuro, a posição de Teixeira de


Freitas no quadro da Escola Histórica, e a influência que sobre a sua
estupenda produção científica exerceu o alto espírito de Savigny, que ele
denominava, pura e simplesmente, “o jurisconsulto”. O mesmo se diga, a
mero título de exemplo, quanto à situação de Paula Baptista, ou de Pimenta
Bueno, cuja formação tradicional recebe o enxerto fecundo das novas
correntes do pensamento europeu, como também é o caso do Conselheiro
Ribas, talvez o primeiro de nossos juristas a sofrer o influxo dos pandectistas
alemães. Podemos dizer, em suma, que ora de maneira surpreendentemente
atual, ora com certo atraso, o que havia de essencial no pensamento europeu
ou norte-americano acabou repercutindo na cultura nacional, condicionando
tanto a formulação dos “modelos jurídicos” quanto o desenvolvimento dos
“modelos dogmáticos”. 30

A figura do jurista será trabalhada em três aspectos, a saber, perfil, discurso


e modelos, a serem construídos a partir da investigação realizada nos artigos de
doutrina da Revista O Direito. Por perfil se busca identificar quem era o jurista das
décadas finais do Império no Brasil. Pretende-se verificar se os principais juristas do
século XIX são aqueles que ainda hoje ocupam o imaginário jurídico 31 e de que forma

29 A opção inicial de analisar todos os volumes da revista publicados até 1889 revelou-se hercúlea.
Assim, foram elencados de forma inédita nos apêndices da tese todos os artigos escritos, respectivos
autores e temática principal, além de localizar volume e ano de cada texto. Entretanto, para a segunda
parte da análise foi imprescindível a seleção de um universo um pouco mais reduzido. A escolha do
direito civil deu-se por entender que “[...] a tradição privatista no Brasil é mais clara e contundente do
que a prática no direito público: seus conceitos e categorias ainda estiveram implicados, ao menos na
primeira metade do século XIX, com as ordenações portuguesas, ao passo que a cultura jurídica de
direito público no Brasil partiu da negação às tradições até então consolidadas” (SOUZA, André Peixoto
de. Direito público e modernização jurídica: elementos para compreensão da formação da cultura
jurídica brasileira no séc. XX. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências
Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2010. p. 1). Feito o recorte, dentre os
ramos do direito privado o direito civil aparecia com maior variedade de temas e maior quantidade de
artigos, tendo sido utilizada uma abordagem “inclusiva”, abarcando todos os assuntos que não
pertencessem ao direito comercial ou ao processo civil. Aquele pela diferença entre as condições
legislativas, a existência do Código Comercial de 1850 muda o cenário doutrinário brasileiro com
relação ao direito comercial, e, este, por serem tanto o processo civil como o processo penal
considerados temas de direito público, confundindo-se, por vezes, com as consultas acerca da estrutura
organizacional do poder judiciário.
30 REALE, Miguel. Prefácio. In: MACHADO NETO, Antônio Luiz. História das Ideias Jurídicas no

Brasil. São Paulo: Grujalbo, 1969.


31 Para uso do termo imaginário jurídico neste trabalho limitaremos a acepção do termo à

representação, não se traduzindo em uma mera percepção da realidade, mas também em uma
dimensão criativa (FONSECA, Ricardo Marcelo. A noção de imaginário jurídico e a história do direito.
27

participavam do debate entre seus pares. Ao traçar um perfil dos juristas oitocentistas
pretende-se elucidar qual era sua postura diante do Direito: profissional, engajada,
uma escolha de carreira, vocação ou uma forma de ascensão social ou alavanca
política. A análise dos artigos de doutrina permitiu a delimitação de um grupo de
juristas que ativamente integraram o debate doutrinário no Brasil pré-republicano e
suas características em comum, resultando em um perfil tripartido: o jurista como um
homem letrado, plural em suas atividades profissionais, mas também em seus
estudos, e, cujo traço distintivo dos outros atores do mesmo contexto jurídico era,
justamente, o reconhecimento por seus pares como tal.
Diante das conclusões acerca do perfil 32, foi dado um passo subsequente para
a localização desse jurista na sociedade, trabalhando com o jogo entre expectativa e
realidade, incluindo em expectativa não apenas a expectativa social ao redor do
jurista, mas a sua própria. O perfil relaciona-se fortemente com a aludida transição de
gerações. O que se esperava do jurista no século XIX? Era a função que o jurista
desempenhava no espaço social que impunha sobre sua fala uma posição de
autoridade e legitimidade. Trata-se de investigar portanto a forma como o jurista
exercia seu papel na sociedade e, principalmente, na cultura jurídica. Foram os
juristas brasileiros também 33 os protagonistas do processo de mudança de regime
político ou foram somente os organizadores e articuladores jurídicos do Estado?
A Revista O Direito como fonte primária revelou um grupo de juristas muito
mais amplo que se poderia prever. Além disso, seu estudo como fonte principal
também se deu por ser um meio de divulgação mensal de artigos de doutrina além da
publicação de jurisprudência e legislação corrente. Logo, em um primeiro momento,
ainda que não se possa automaticamente concluir que a doutrina brasileira era o foco
da vida jurídica do país ou que a publicação de textos doutrinários no periódico
convertia todos os articulistas em expoentes doutrinadores, os cinquenta volumes
analisados entre os anos de 1873 a 1889, trouxeram à lume mais de duas centenas

In: ___. Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá, 2012. p. 19-30).
Imaginário não apenas como percepção de uma realidade um tanto afastada temporalmente – e
portanto incompleta – e logo sobreposta à expectativa dessa mesma realidade.
32 Dadas na primeira parte do capítulo 3.
33 Sobre os juristas na América espanhola: “De allí la enorme importancia de la instrumentalización

jurídica de la independencia, de los congresos, las constituciones y las leyes que acompañaron el
proceso. Esto es lo que confiere importancia a los juristas en el proceso de la independencia. Fueron
los grandes ideólogos del nuevo régimen y también los organizadores de los nuevos estados”.
PERDOMO, Rogelio Pérez. Los juristas como intelectuales y el nacimiento de los estados naciones en
América Latina. In: ALTAMIRANO, Carlos (org.). Historia de los intelectuales en América Latina: La
ciudad letrada, de la conquista al modernismo. Buenos Aires: Katz Editores, 2008. p. 168-183. p. 172.
28

de nomes de diferentes juristas que, em momentos pontuais ou por períodos mais


extensos, preocuparam-se em participar do debate técnico-jurídico do século XIX.
O foco dado à doutrina foi balizado na evidência de que enquanto a legislação
emana de um poder central, a doutrina e, em especial essas parcelas de doutrina
publicadas na forma de artigos, apresenta uma pluralidade de fontes mais
interessante. A doutrina representa um aspecto “novo” do saber jurídico que:

[…] nem sempre obteve uma fiel e automática aplicação prática, antes
sofrendo mais ou menos significativas adaptações aquando do seu confronto
com a realidade da vida. Por outro lado, os próprios juristas não construíam
"no ar'': eles construíram tendo em conta as normas jurídicas positivas
(consuetudinárias ou legislativas) e a partir da leitura que faziam da realidade
social e da sensibilidade que tinham acerca da forma mais ajustada de regular
as tensões sociais; ora estas leitura e sensibilidade, longe de radicarem
apenas ou sobretudo em características ou capacidades puramente
individuais, decorriam antes de condições objetivas; nomeadamente, da
forma como estava institucionalmente organizada a profissão jurídica e a
atividade dos juristas, dos contatos com a realidade social e política que este
arranjo ilhes facultava ou impedia, etc. 34

Ademais, sob orientação de Hespanha, em comparação com o estudo da


jurisprudência ou de autos processuais, a doutrina não é uma fonte “menos idônea”
ou menos realista do período histórico por estar ideologicamente comprometida.
Admite-se hoje que não existam discursos genuinamente não deformados ou não
distorcidos, que deem conta da realidade de maneira absolutamente neutra 35.

E, assim, entre um texto explicitamente normativo e um texto aparentemente


denotativo, a diferença que existe é apenas a de duas gramáticas diferentes
de construção dos objetos. Porque, afinal, a realidade dá-se sempre como
representação. Com a desvantagem de que, nos discursos não
explicitamente normativos, esta gramática se encontra escondida,
encapsulada em atos discursivos aparentemente neutros, ou fragmentada
em manifestações parciais, pelo que as suas explicitação e reconstrução
global constituem um trabalho suplementar. Até por razoes de economia da
pesquisa, vale mais a pena ler o que os teólogos e juristas ensinavam, longa
e explicitamente, sobre, por exemplo, a morte, do que procurar, através da
leitura de milhares de testamentos, perscrutar a sensibilidade comum sobre
ela. 36

Nesse sentido, novamente se destaca a importância do periódico jurídico para


a análise da circulação de ideias, pois comparativamente a livros e aos discursos

34 “Novo” pois sua configuração se dá a partir do fim da Idade Média. HESPANHA, António Manuel.
História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra: Almedina, 1982. p. 440.
35 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 43.


36 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 43.


29

proferidos nos púlpitos dos grandes institutos, esse veículo era acessível e colocava
em igualdade de “tribuna” o advogado praxista com um pequeno despacho em sua
cidade natal e os nomes de maior impacto na época, como Teixeira de Freitas, João
Viera de Araújo, Ruy Barbosa. Foi possível verificar que a Revista cumpria sua
promessa de ser um espaço aberto que contava com “o conselho dos eruditos, a
benevolencia do publico e o concurso de todas as intelligencias que, adherindo ao
nosso proposito, quizerem honraI-a com seus escriptos” (grifo nosso), conforme texto
inaugural.
Ainda assim, quantitativamente, o grupo que se pretende delimitar é uma
pequena parcela dentre os juristas, letrados, homens, cuja atuação profissional
transcendia a cotidiana prática do direito, capazes de influenciar ainda que
indiretamente as decisões de governança do Estado. Em agrupamentos concêntricos
do maior para o menor, o jurista que se pretende desvelar é o letrado, bacharel em
ciências jurídicas, que ademais da profissão jurídica exercida ocupava outros espaços
de comunicação e debate na doutrina jurídica brasileira dessas duas décadas do final
do Império.
Em um segundo momento, analisa-se um objeto de pesquisa um tanto quanto
inapreensível: o discurso. Justamente, para os fins aqui propostos, discurso será toda
forma de reflexão exarada pelos próprios juristas, enquanto prática discursiva que se
relaciona com as práticas não discursivas, com a existência material de institutos
como a escravidão, conflitos pelo domínio da propriedade, em outros termos, discurso
na intersecção formadora do próprio Direito, que é prática, fato, vida e também norma,
legislação e ciência. Como afirma contundentemente Hespanha, a história se faz de
atos e não de palavras, entretanto “esses homens que agem também pensam e
também falam” 37. Ao argumento de que os discursos não falam por si, mas que sua
autonomia e criatividade são absorvidas pelos interesses sociais relacionados, que os
discursos são portanto apropriados socialmente, Hespanha afirma que, ainda que
evidentemente haja uma sobredeterminação de sentido local sobre o sentido geral,
essa redefiniçao não deixa de ser mediada por representações particulares. Assim,
perde sentido e importância afirmar que o direito deve ser interpretado unicamente
através de suas práticas, posto que práticas são em última instância coisas, e, se

37 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 15.


30

essas coisas possuírem em seu interior uma intenção, uma palavra, um significado,
elas já se tornam representação 38. Em complemento, pode-se dizer que:

Se é assim, um método estritamente ‘realista’ não será suficiente para a


compreensão do jurídico em toda a sua complexidade. A pesquisa
historiográfica deverá recuperar também o caráter primordialmente simbólico
do Direito, para o que deverá utilizar uma perspectiva teórica específica, que
consiga captar os significados imersos no discurso jurídico do passado. 39

Em parte como um desvio, em parte como uma pedra no meio do caminho,


tomou relevância para a pesquisa a temática da escravidão. Pensando
retrospectivamente nos textos analisados para responder, afinal, quais eram as
preocupações do jurista oitocentista, o que o incomodava e o que o motivava a
escrever, a integrar o debate doutrinário, deparou-se com a problemática da
propriedade. Entretanto, o coeficiente moral – que não é um anacronismo da
pesquisa, pois já aparecia nos textos formulado dessa mesma maneira – tornou a
investigação de como o direito civil tratava o instituto da propriedade escrava e de que
forma incidiram sobre ele as interdições inerentes às práticas discursivas em um
período que indelevelmente se dirigia à escravidão.
O último capítulo integra perfil e discurso para delinear os modelos de juristas
possíveis no século XIX brasileiro. Para isso, são tomados como base os modelos
oferecidos por Carlos Petit para a Espanha liberal e de Pasquale Beneduce para a
Itália, com a necessária mediação.
Sobretudo, esse capítulo se destina a transpor a interpretação focada apenas
no bacharelismo e na academia, buscando ultrapassar o tipo único que domina as
visões principalmente de Sérgio Adorno e Alberto Venâncio Filho, respectivamente
nas obras Os Aprendizes do Poder e Das Arcadas ao Bacharelismo.
O objetivo é identificar quais os pontos de intersecção e de que forma se
relacionam os juristas entre seus pares e com as diversas esferas de comunicação –
expressão utilizada por António Manuel Hespanha. Os juristas ocupam espaços
diferentes simultaneamente, compõem a maioria do parlamento, a burocracia estatal
e, ainda que, pelo regime de governo, não ascendam ao cargo de chefe de estado

38 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades


de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 16.
39 GUANDALINI JR, Walter. O Direito Etéreo: trilhas para um explorador do intangível. In: FONSECA,

Ricardo Marcelo (org.). Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá,
2012. p. 81-98. p. 93.
31

como se passará algumas décadas depois na República, não se despem de sua


condição de jurista. Alteram apenas o modo como exercem sua função, atuando em
outra esfera de comunicação e fazendo outro uso da palavra. O domínio do “poder
encantatório da palavra”, também dos termos de Hespanha, era uma das artes a ser
dominada antes mesmo do ingresso nos cursos jurídicos e era usado para vencer o
debate teórico na forma de doutrina e também, moduladamente, para convencer o
restante do parlamento fazendo o uso eloquente da retórica.
Juristas advogados e magistrados por outro lado se encontravam na atuação
profissional da esfera comunicativa da prática forense, no qual se encontra um
discurso autopoiético, opaco em relação à lei e muito opaco em relação à doutrina. É
como se o jurista devesse dominar idiomas diferentes: aquele do foro, aquele da
doutrina além da retórica parlamentária.
Se há modelos europeus, em quais aspectos o modelo de juristas brasileiros
se distinguia deles? Quais ponderações são necessárias ao transportar o modo de
ser do jurista que longe de ser universal era marcado pelas vicissitudes locais. Ao que
se sugere um modelo híbrido, o qual se assemelha à transição imperfeita sugerida pro
Beneduce mas dentro dos conjuntos observados por Petit.
Com a presente pesquisa se pretende sanar uma aparente contradição entre
uma subvalorização 40 e uma sobrevalorização dos juristas. Se, por vezes, aos juristas,
encerrados na figura do bacharel são atribuídas a relevância e a predominância no
exercício do político no Brasil Império e primeiros anos da República, a esse domínio
são inferidas características de atraso, de aridez intelectual, de mimetismo da cultura
estrangeira e falta de originalidade.

Estudiosos contemporâneos, como Alberto Venâncio Filho (1982) e Sérgio


Adorno (1988), dão conta da debilidade, se quisermos, da produção jurídico-
intelectual do Brasil independente, especialmente do Brasil pré-1870.
Reconhecem, porém, como não poderia deixar de ser, que os bacharéis
desempenharam papel fundamental da política brasileira, ou, se quisermos,
na construção de um Estado nacional. Nesses termos, sugerem que a
produção brasileira foi essencialmente política, não propriamente dogmática
ou técnico-jurídica. Os dois autores parecem indicar uma espécie de

40 “O século XIX marca, a meu ver, pontos de ruptura em duas ordens de questões. […] A segunda
relaciona-se ao papel mais restrito do doutrinador jurista especialmente na aplicação do direito. Em
oposição ao doutor em leis dos séculos anteriores, o jurista do século XIX gozaria de menos autonomia
e liberdade e se confundiria mais intimamente com a máquina do Estado. Pelo menos, esta era uma
real possibilidade e um desejo que vinha da parte dos soberanos desde a monarquia ilustrada até os
novos poderes constitucionais” (LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do Conselho
de Estado (1842-1889). A formação da cultura jurídica brasileira. Almanack Braziliense, n. 5, p. 4-36.
São Paulo: 2007. p. 7).
32

contradição: de um lado, dizem, a produção intelectual dos juristas brasileiros


seria pequena, de menor relevância; de outro lado, o Estado imperial foi
constituído essencialmente por bacharéis. Em outras palavras, os operadores
da cultura jurídica tiveram uma importância prática muito grande, mas sua
cultura teria sido menor. 41

Por fim, se as pretensões acima não dominarem por completo o trabalho,


como última ambição, pretende-se conduzir a tese sem, focalmente, tomar dois
possíveis caminhos, duas possíveis leituras já muito bem realizadas por outros
historiadores: o estudo que se desenvolve nas seguintes páginas não seguirá a
divisão por correntes do pensamento jurídico, ou seja, não será delineada a
progressão do jusnaturalismo, ao positivismo, ao evolucionismo, posto que esses
aspectos já foram abordados em outros trabalhos 42.
O segundo caminho que não se pretendeu traçar mas que foi inevitavelmente
atravessado – para manter a coerência da metáfora – é a divisão por juristas ideais,
exemplares. Ainda que o exemplo seja um instrumento importante para a
compreensão, não deve ser considerado a síntese ou a encarnação de todas
expectativas de uma determinada postura de jurista. Em parte porque a análise do
periódico forneceu um conjunto bastante extenso de nomes e essa variedade seria
desperdiçada se fossem selecionados os mais recorrentes apenas. Considerou-se
que ao mesmo tempo em que é sintomática o domínio absoluto das citações a Manuel
de Almeida e Sousa de Lobão e Pascoal José de Mello Freire, também o é as poucas
mas significativas citações a William Blackstone. Da mesma forma, não foram
atribuídos pesos diferentes à importância do debate escancarados nas páginas da
Revista O Direito entre Antonio Joaquim Ribas e Augusto Teixeira de Freitas que à
participação discreta de Ruy Barbosa, Pimenta Bueno e Lafayette Rodrigues Pereira.
Ademais, considere-se esta opção metodológica, uma tentativa talvez ingênua, de
superar o que Sérgio Buarque de Holanda chama de “vício no bacharelismo”, que
define como a tendência a exaltar a personalidade individual acima das contingências,
um “apego quase exclusivo aos valores da personalidade”43.
Ainda que imprescindível também a breve análise das biografias dos juristas,
a intenção não foi, sobremaneira, de conduzir um trabalho biográfico. Justamente pela

41 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. 100.
42 Por exemplo as obras História das Ideias Jurídicas no Brasil de Antonio Luiz Machado Neto e

Discurso Jurídico e Ordem Burguesa no Brasil de Gizlene Neder.


43 HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
33

recusa em separar os juristas entre “grandes” e “menores”, Hespanha aponta que a


“grande biografia” se interessa por “grandes biografados”, capazes de modelar a
história. A raridade destes personagens entretanto faz com que a biografia se
transforme, nos termos do próprio autor, em um “ato de cruel assassinato de um
personagem, sempre confrontado com o personagem ideal que nunca foi, que nas
condições não poderia ter sido e que porventura nem sequer quis ser” 44. Portanto,
quando necessário, foi dada preferência ao método prosopográfico 45 para organizar
os dados biográficos relevantes.
Finalmente, espera-se contribuir com a ampliação dos estudos histórico-
jurídicos no Brasil, principalmente pela divulgação dos dados empiricamente
coletados acerca dos artigos publicados na Revista O Direito. O material e as
ferramentas de pesquisa fornecidos dão ensejo à ampliação da pesquisa acerca dos
juristas mas também fomentam pesquisas focadas no discurso ou na recepção de
determinado autor ou mesmo de um instituto ou ramo específico. Ali estão dados
valiosos para que os argumentos acerca da cultura jurídica no Brasil sejam menos
presunções e mais conclusões. Ao menos, foi com esse ensejo que o trabalho foi
realizado.

44 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 33.


45 A prosopografia é um método importante no estudo de biografias coletivas, quando interessa

identificar, principalmente, as esferas de comunicação e redes de sociabilidade das quais os


personagens estudados participam. A prosopografia trabalha com dados biográficos para a
reconstituição de trajetórias individuais num lapso cronológico definido. Esses dados biográficos, no
entanto, não tem a mesma “natureza” do conteúdo de biografias, são mais, numa expressão talvez
inadequada, “objetivos”. Esses dados objetivos coletados, como ano e local de nascimento, faculdade
do bacharelado, título da tese de doutoramento, cargo ocupado na administração pública, jornais para
os quais escreveu, com quem se correspondeu etc., permitem, com os recursos de hoje (planilhas,
base de dados) aproximar aqueles que de outra forma não nos pareceriam conexos. Em resumo, como
conceito de prosopografia adotou-se a definição de Christophe Charle, para quem a análise de
biografias coletivas consiste em “definir uma população a partir de um ou vários critérios e estabelecer,
a partir dela, um questionário biográfico, cujos diferentes critérios e variáveis servirão à descrição de
sua dinâmica social, privada, pública, ou mesmo cultural, ideológica ou política, segundo a população
e o questionário em análise”. CHARLE, Christophe. A prosopografia ou biografia coletiva: balanço
e perspectivas. In: HEINZ, Flávio. Para uma nova história das elites. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
p. 41-53. p. 41.
34

2 JURISTAS, PERIÓDICOS JURÍDICOS E A REVISTA O DIREITO

2.1 AS DIFICULDADES NA DELIMITAÇÃO DO PERFIL DOS JURISTAS

Em mais de uma ocasião, Paolo Grossi46 defendeu o reposicionamento e a


valorização do jurista como protagonista na história do pensamento jurídico. Nesse
esteio, ao se investigar o século XIX no Brasil, é possível perceber a insuficiência da
tradicional visão do bacharelismo como explicação e expiação oferecidas pela história
tradicional47. Compreender o papel dos juristas nesse período pode contribuir com a
história do pensamento jurídico brasileiro de forma a suprir essa lacuna.
O protagonismo do presente trabalho é ocupado pelo jurista. Como ponto de
partida pode-se observar como os dicionários 48 da época definiam o termo – ainda
que de forma exageradamente concisa. O Diccionario da lingua portugueza composto
pelo padre D. Rafael Bluteau, define jurista 49 como sinônimo tanto de jurisconsulto
como de jurisperito. Jurisconsulto, para o dicionário é: “Doutor em leis Civis, ou
Canônicas”, enquanto jurisperito é “Doutor em Direito. Doutor em matérias de Direito.
É necessária ao jurisperito a notícia universal das histórias”. Em outra edição do

46 “Che sia tale lo prova l’attuale contesto storico con le sue vocazioni universalistiche, con giuristi
protagonisti nella elaborazione e fissazione di principii, con giuristi protagonisti del fenomeno
globalizzatorio. Oggi, questo stregone tenuto con i suoi alambicchi in una segreta del castello a servile
disposizione del potente, si mostra con un suo ruolo ingigantito. Non è più il tecnico che gestice modesti
apparecchi ortopedici per sopperire alle claudicanze dell’omnipotente legislatore, mas è, lui, ultimo
anello di una catena bimillenaria di tradizioni culturali, quale percettore di valori universali e altresì
capace di tradurli in regole, il personaggio cui può essere confidato l’ufficio impegnativissimo di tessere
quella rete di cui abbiamo bisogno. Il nuovo protagonismo dei giuristi non risponde a superbia di ceto,
ma a una richiesta del nostro tempo storico” (GROSSI, Paolo. La formazione del giurista e l'esigenza di
un odierno ripensamento metodologico. Quaderni Fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno. Milão: Giuffrè, XXXII (2003). p. 53-54).
47 “A presença do chamado bacharelismo tem sido objeto de crítica acerca dos estudiosos da vida

pública brasileira, minada pela retórica e contraminada por um permanente elitismo” (grifo do autor)
(BOSI, Alfredo. Cultura. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional (1830-1889). Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 260).
48 Pasquale Beneduce também traz as definições do Nouveau Dictionaire de August Wahlen, que faz

uso indiviso de jurista e jurisconsulto, definido como um homem de uma sagacidade pouco comum,
apaixonado pela meditação e pelo estudo. Nesse mesmo dicionário, o termo jurista aparece como uma
expressão mais nova, derivada do alemão e, jurisconsulto como a palavra “antiga”. Nesta obra, destaca
Beneduce, a expressão jurista indica em síntese “toda pessoa que se ocupa do direito, sobretudo em
teoria”, portanto, há um caráter prático no ofício do jurista também (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo
eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 11).
49 BLUTEAU, Rafael. Diccionario da lingua portuguesa. Disponível em: <http://www.ieb.usp.br/>.

Acesso em: 2 de março de 2015.


35

mesmo dicionário, reformado e ampliado por Antonio de Moraes Silva 50 (impresso em


1789), encontram-se as seguintes definições: jurisconsulto é “o que sabe das leis,
interpreta, e aplica o direito aos casos, e responde o que há em direito a respeito das
espécies a que suas leis são aplicáveis. § que defende os litigantes &c”. O verbete
jurisperito é mais sucinto, descrito apenas como “o que sabe direito”, enquanto jurista,
por sua vez, tem definição semelhante: “o que sabe direito, e Jurisprudência”.
No Diccionario da lingua brasileira organizado por Luiz Maria da Silva Pinto
(impresso em 1832) vê-se que as definições tornaram-se mais genéricas e mais
similares entre si: jurisconsulto aparece definido como “Doutor em Direito, em
Jurisprudência” e jurisperito como “Doutor em Direito, em Leis”.
Por último, o dicionário Caldas Aulete, editado pela primeira vez em 1881, traz
jurisconsulto 51 como “homem versado na ciência do direito e das leis; jurisperito,
jurista. Advogado, a quem se pedem pareceres sobre questões jurídicas”.
Jurisconsulto 52, para o dicionário, é “homem perito nas leis, no direito; jurisconsulto. E
jurista 53 é colocado como sinônimo tanto de jurisconsulto como de jurisperito.
Note-se que os verbos utilizados têm um sentido mais próximo ao possuir, ao
deter conhecimento jurídico. É o que “sabe”, “responde”, é aquele a quem é
necessário “ter notícia” de determinados conhecimentos e que é “versado” em
determinadas matérias. É, sem dúvida, o letrado, o estudioso no direito, nas leis e na
jurisprudência.
Os três termos mais comuns, jurista, jurisconsulto e jurisperito, vão se
aproximando em definição e em uso, portanto, convém tratá-los sem distinção.
Ademais, essa convergência de significado resolve com simplicidade o que se
considera um falso problema de pesquisa, qual seja, a necessidade de definir, de
conceituar previamente os juristas em termos de dedicação exclusiva ou não ao

50 SILVA, Antônio de Morais. Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael
Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro
(Volume 1: A-K). 1755-1824. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/. Acesso em: 2 de março de
2015.
51 Diccionario contemporaneo da língua Portuguesa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1881,

dirigido por Santos valente e precedido de Plano da autoria de Caldas Aulete. Disponível em:
http://www.aulete.com.br/. Acesso em: 2 de março de 2015.
52 Diccionario contemporaneo da língua Portuguesa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1881,

dirigido por Santos valente e precedido de Plano da autoria de Caldas Aulete. Disponível em:
http://www.aulete.com.br/. Acesso em: 2 de março de 2015.
53 Diccionario contemporaneo da língua Portuguesa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1881,

dirigido por Santos valente e precedido de Plano da autoria de Caldas Aulete. Disponível em:
http://www.aulete.com.br/. Acesso em: 2 de março de 2015.
36

estudo do direito, com necessária formação jurídica ou dela independente e que


exerciam ou não profissões relacionadas ao Direito. O sentido denotativo para o termo
jurista ainda no século XIX não exclui a priori os praxistas ou os burocratas, mas deixa
implícito a condição de estudo. Essas definições correntes tampouco restringem o
termo jurista àqueles que desenvolvem profissões essencialmente jurídicas como
advogados ou magistrados. Juristas então serão considerados aqueles de vocação
jurídica para o estudo e saber das leis e jurisprudência, sem outras inflexões artificiais.
Portanto, a tensão linguística que se desdobra sobre o próprio termo jurista
demonstra as dificuldades de localizá-lo na sociedade se o léxico da época não traz
condições de distinção entre quem pertence e quem não pertence ao conjunto de
juristas ou jurisconsultos, cabe buscar mais elementos na cultura jurídica em si.
André de Souza Peixoto ao investigar a vocação política dos juristas do
Segundo Reinado oferece uma definição mais completa que também contém o
elemento da formação:

O jurista é, antes de tudo, um bacharel em direito, um profissional que cursou,


nos bancos acadêmicos, uma faculdade de direito, um sujeito efetivamente
atuante nos quadros que as profissões jurídicas disponibilizam. É aquele que
estuda e professa a ciência do direito, seus assuntos, institutos, princípios e
questões; conhece e interpreta o direito. É o sabedor do direito. 54

Além do grau de bacharel, outra característica do jurista do século XIX, é o


caráter de autoridade que lhe era atribuído tanto no meio jurídico quanto na
sociedade 55. Essa autoridade se convertia em notoriedade quando acrescida de
participação na vida política do país. O bacharelado, em que pese ser o principal meio
de acesso à elite política, era posto como uma condição ao jurista, mas não a única.
Prossegue Peixoto: “A palavra (ou o título) ‘jurista’ não designa, na linguagem
coloquial, uma profissão propriamente dita. Para além disso, impõe um ônus ao seu
usuário: o da notoriedade, o da respeitabilidade, o do destaque, o do brilhantismo e
erudição”56.

54 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do


sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP, Programa de Pós-Graduação
em Educação. Campinas, 2011. p. 32.
55 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do

sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP, Programa de Pós-Graduação


em Educação. Campinas, 2011. p. 32.
56 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do

sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP, Programa de Pós-Graduação


em Educação. Campinas, 2011. p. 33.
37

José Murilo de Carvalho explica que uma carreira típica para o político,
iniciava na magistratura – isso quando a família não dispunha de influência suficiente
para alçá-lo diretamente à Câmara. Uma vez nomeado como promotor ou juiz
municipal pelo Ministro da Justiça, o “candidato” aguardava a oportunidade de
conseguir uma boa localização. Havia então, após a eleição a possibilidade de
abandonar a magistratura ou, “como muitos o faziam, se eleito, continuar como
magistrado como garantia de futuras eleições ou simplesmente como fonte alternativa
e segura de rendimento” 57.

Historicamente, como atestam os estudos, para o caso brasileiro, de


Venâncio Filho (1977) e Adorno (1988, e em outras dinâmicas, para a França,
Charle (1987, 1989), e para a Hungria, Karady (1991); há uma forte
associação entre a origem social, o capital de relações sociais detido, a posse
do título de bacharel e as chances de ascensão no mundo jurídico. O acesso
a carreiras jurídicas de Estado, no período imperial e no início do período
republicano (principalmente até a década de 30), dependia de indicações e
relações estabelecidas com os chefes políticos provinciais, fato que perdura
como regra até a introdução de mecanismos institucionais de recrutamento,
como o concurso público para as carreiras de Estado. 58

Portanto, mais do que designar uma posição de pertencimento ou não a uma


elite jurídica, é importante também localizar as redes de sociabilidade, os espaços de
comunicação internos e externos a um núcleo de juristas59.
Quantitativamente, os juristas enquanto grupo foram praticamente
onipresentes nas instituições do Estado brasileiro ao longo do século XIX. De 1822 a
1889, do total de 220 ministros do Conselho de Estado, 147, equivalente a 67%, eram
bacharéis em Direito. Dentre os senadores, do total de 233, 153, 66% portanto, eram
bacharéis 60. Evidentemente, uma das razões mais superficiais para essa presença

57 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 122.
58 ENGELMANN, Fabiano. Sociologia do campo jurídico: juristas e usos do direito. Porto Alegre: S.A.

Fabris, 2006. p. 28.


59 Como exemplo, pode-se citar o caso de Francisco de Paula Rodrigues Alves. O grande patrocinador

de sua carreira política foi o Visconde de Guaratinguetá, com quem Rodrigues Alves possuía relações
de parentesco. Após o bacharelado em letras no Colégio Pedro II, ingressa na Faculdade de Direito de
São Paulo, obtendo o grau em 1870. “Por influência de seu tio, o visconde de Guaratinguetá, ascendeu
no mesmo ano à condição de promotor interino de sua cidade natal, vindo a tornar-se efetivo poucos
meses depois. Em 1872, patrocinado pelo tio visconde, foi eleito deputado provincial por São Paulo.
Em fins de 1873, já no término da legislatura provincial, o bacharel paulista foi nomeado juiz de direito
de Guaratinguetá, cargo que exerceria até 1874” (AZEVEDO, André Nunes de. Rodrigues Alves: a
legitimação política pelo progresso material. In: PRADO, Maria Emília. (org.) Intelectuais e ação
política. Rio de Janeiro: Revan, 2011. p. 123-140. p. 126).
60 BARMAN, Roderick, BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial

Brazil. Journal of Interamerican Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976.
Disponível em: <http://www.jstor.org/>. Acesso em: 3 de julho de 2014. p. 424.
38

massiva era a existência, no período após a independência, apenas de Faculdades


de Direito, que se configuraram praticamente como as únicas opções de formação
superior por várias décadas (com exceção de incipientes Escolas de Medicina no Rio
de Janeiro e na Bahia e escolas técnicas a partir da década de 1850).
Qualitativamente, a formação comum e a composição ideologicamente
homogênea da burocracia estatal foram apontadas como razões para a longa
sobrevida do Império no Brasil – uma forma de autopreservação do sistema 61.

O Brasil dispunha, ao tornar-se independente, de uma elite ideologicamente


homogênea devido a sua formação jurídica em Portugal, a seu treinamento
no funcionalismo público e ao isolamento ideológico em relação a doutrinas
revolucionárias. Essa elite se reproduziu em condições muito semelhantes
após a Independência, ao concentrar a formação de seus futuros membros
em duas escolas de direito, ao fazê-los passar pela magistratura, ao circulá-
los por vários cargos políticos e por várias províncias. 62

Mas, como alerta Carvalho, no Brasil “nem a elite era tão homogênea nem o
Estado tão forte” 63, não havia uma perfeita integração entre elite política e burocracia,
havendo maior divisão entre a representação dos interesses do Estado e a
representação dos interesses de classes. Ou ainda, os interesses pessoais se
sobrepunham aos interesses de classes quando equacionada também a dependência
financeira do emprego público.

Daí não terem sido raros os casos de traição ao que se poderia definir como
o interesse de sua classe de origem. O próprio Joaquim Nabuco é um
exemplo dessa traição ao tornar-se, sob a influência de ideias e ideais
bebidos em fontes francesas e inglesas, campeão do abolicionismo. A
dependência financeira era em parte responsável pelo fato de que os

61 Ainda assim, não se pode considerar o caso brasileiro como excepcional. “Poucas terras, por
exemplo, parecem ter sido tão infestadas pela ‘praga do bacharelismo’ quanto o foram os Estados
Unidos, durante os anos que se seguiram à guerra da independência: é notória a importância que
tiveram os graduates na Nova Inglaterra, apesar de todas as prevenções do puritanismo contra os
legistas […]. E aos que nos censuram por sermos uma terra de advogados, onde apenas os cidadãos
formados em direito ascendem em regra às mais altas posições e cargos públicos, poder-se-ia observar
que, ainda nesse ponto, não constituímos uma singularidade: advogados de profissão foram em sua
maioria membros da Convenção da Filadélfia […]; advogados têm sido todos os presidentes da
República norte-americana que não foram generais, com as únicas exceções de Harding e de Hoover.
Exatamente como entre nós” (HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 156-157).
62 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 39.


63 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 140.


39

parlamentares magistrados frequentemente votassem a favor dos projetos do


governo, mesmo quando prejudiciais aos interesses rurais. 64

Porém, em que pese a vinculação massiva de juristas às instituições do


Império, o trabalho não pretende construir uma história institucional, mas contribuir
para a história do pensamento jurídico. O fenômeno jurídico não pode ser reduzido à
legislação do Império ou aos julgados proferidos pelos magistrados da corte superior,
pois, nas palavras de Paolo Grossi,

[…] o jurídico não pode ser somente objeto de conhecimento técnico e


científico, mas daquele mais alto grau de compreensão que os filósofos
chamam de pensamento; o ‘jurídico’ pode se tornar esse mesmo pensamento
com um vulto que traz em si uma intensa tipicidade. 65

Dentro dessa ótica, o direito não pode ser “institucionalizado” em um sistema


fechado, nem a ciência do direito pode ser mera expectadora da lógica interior desse
sistema, mas como mediadora entre o social e o cultural e a cultura jurídica 66. Ainda
segundo Grossi, tratar de pensamento jurídico é reconhecer que o direito extrapola a
execução passiva de forças externas ao direito, como o poder político, mas também
supera o nível simplesmente técnico.

Falar de “pensamento jurídico” significa de fato acreditar que o nível do direito


não é nem aquele da mera execução passiva das forças inerentes a outras
dimensões, nem aquele do discurso simplesmente técnico; testemunha a
convicção que, ao contrário, o direito, na sua essência, fisiologicamente, é
expressão fiel de uma civilização. 67

64 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 113.
65 GROSSI, Paolo. História da propriedade e outros ensaios. Tradução Luiz Ernani Fritoli, Ricardo

Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 140.


66 Por cultura jurídica entende-se aquilo que circula, é reproduzida e gera efeitos no contexto social.

Trabalhar-se-á com essa conceituação ampla, mas há trabalhos de maior fôlego que discorrem sobre
o tema com imensa superioridade. Vide: GROSSI, Paolo. La cultura del civilista italiano. Milão:
Giuffrè Editore, 2002; SOUZA, André Peixoto de. Direito público e modernização jurídica: elementos
para compreensão da formação da cultura jurídica brasileira no séc. XX. Tese (doutorado) –
Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito.
Curitiba, 2010; STAUT JÚNIOR, Sérgio Said. A posse no direito brasileiro da segunda metade do
século XIX ao Código Civil de 1916. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2009; e FONSECA, Ricardo
Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil: uma análise preliminar
(1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre la Universidad. v. 8.
n. 1. Madrid, 2005.
67 GROSSI, Paolo. História da propriedade e outros ensaios. Tradução: Luiz Ernani Fritoli, Ricardo

Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 140-141.


40

E, neste sentido, buscando compreender a produção jurídica como algo que


extrapola a tecnicidade positivista – positivismo ainda em termos, ainda incipiente, do
século XIX – a doutrina, dentre as outras formas de expressão jurídica, destaca-se
como fonte para a pesquisa. Conforme Peixoto:

A “doutrina” é o produto científico do jurista, a obra que reflete o entendimento


apurado de quem se debruçou arduamente sobre determinado tema de
direito. O resultado do estudo e da percepção do jurista acerca das matérias
relacionadas à aplicação das condutas humanas no campo jurídico. 68

A doutrina portanto, nos limites propostos para o presente trabalho, se


apresenta como uma opção adequada, pois, conforme Hespanha, a partir dela,
comparativamente à jurisprudência, é mais fácil estabelecer um corpo textual de
análise. Pois, “haverá, desde logo, que distinguir vários níveis, setores jurisdicionais,
tipos de ações e temas de litígio. Pois o direito aplicado não tinha, seguramente, uma
estrutura uniforma para todas estas categorias” 69.
Enquanto no mundo medieval e pós-medieval o jurista exercia a função de
elaborar os projetos, ocupando o centro da cidade e sendo considerado interlocutor
privilegiado dentre os doutos, o absolutismo jurídico – entendido como reação ao
pluralismo medieval – da era liberal deforma o papel do direito e do jurista, relegando-
o a mero repetidor da voz do legislador, confinando-o na dimensão passiva da
exegese 70.

A partir dos fins da Idade Média, a história do sistema jurídico vai sofrer um
deslocamento. Vai lidar, por um lado, sobretudo com normas jurídicas criadas
não espontaneamente pela comunidade, não autoritariamente pelo Estado,
mas, progressivamente, pela atividade "científica" (ou, melhor, dogmática,
doutrinal) dos juristas eruditos, nas universidades, nos conselhos palatinos,
nos tribunais. O direito (no sentido de sistema de normas jurídicas) identifica-
se, então, com a doutrina dos juristas e a sua história afasta-se da história
sócio-política e aproxima-se da história cultural, nela ecoando os grandes
temas da história filosófico-cultural e da história das formas de pensar e
discorrer. 71

68 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do

sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP: Programa de Pós-Graduação


em Educação. 2011. p. 34.
69 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 112.
70 GROSSI, Paolo. História da propriedade e outros ensaios. Tradução: Luiz Ernani Fritoli, Ricardo

Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 142.


71 HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:

Almedina, 1982. p. 439-440.


41

O que abre espaço para a percepção da doutrina como a interlocução entre a


legislação estatal ou de outro poder central e o direito consuetudinário. Ao menos é
esse o cenário nos países de direito codificado no século XIX, fazendo-se questionar
as fontes quanto ao cenário brasileiro pré-codificação 72, no que há evidências
suficientes para verificar que houve um estreitamento do diálogo quando da redução
do papel de intérprete do jurista e “o notável crescimento de sua importância como
legislador” 73.
Em complemento, Hespanha explica que:

A autoridade dos textos jurídicos fundadores não era, no entanto, do mesmo


tipo da autoridade dos atuais textos legais. É certo que, num caso e noutro, o
intérprete não está autorizado a afastar o texto, a substituí-lo ou a submetê-
lo a um “livre exame”. Mas, nos atuais textos legislativos, há alguém – o
legislador – que o pode fazer, pois os textos legislativos não reproduzem uma
ordem (racional ou natural) necessária ou indisponível, mas a vontade de
pessoas ou de órgãos coletivos. 74

O autor verifica ainda que, mesmo diante do legalismo encarnado na Escola


da Exegese, o absolutismo da lei como critério de decisão jurídica não teve
correspondência com a realidade. Nesse contexto, a doutrina deveria assumir um
papel subordinado – anotativo, apenas – face à primazia da lei. No entanto, conforme
afirma o professor:

Entre os juristas – especialmente na sua elite acadêmica dos “jurisconsultos”


(iurisprudentes), a doutrina jurídica manteve, durante os séculos XVIII e XIX,
um enorme prestígio e autoconfiança, a que correspondeu um
reconhecimento generalizado de que esta prudência do direito mantinha um
amplo poder de avaliar a justeza da lei e de a adaptar às razoes do direito.
esta autossuficiência da doutrina (e dos jurisconsultos) decorria de ideias que
vinham de épocas muito antigas, a que aqui aludimos apenas muito
brevemente. 75

72 Referindo-se apenas a codificação civil neste caso no sentido etimológico, mas também e
principalmente no sentido de ideia de Código, no sentido originário, proposto pelo exemplo francês
(GROSSI, Paolo. Mitologias jurídicas da modernidade. 2. ed. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007.
p. 99).
73 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do

sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP: Programa de Pós-Graduação


em Educação. 2011. p. 41.
74 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2006. p. 113-114


75 HESPANHA, António Manuel. Tomando a história a sério - os exegetas segundo eles mesmos. In:

FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão (experiências
jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013. p. 212-213.
42

Ainda assim, o século XIX brasileiro não é ainda uma era legislativa, em
especial no âmbito do direito privado. Trata-se de um período de articulação e
coexistência entre um direito do antigo regime manifestamente aplicado através das
Ordenações, por exemplo, um direito forçosamente influenciado pelas doutrinas
europeias principalmente as francesas e inglesas em razão das relações comerciais.
Essas duas forças, modernizadora e tradicional, acabavam por moldar o direito
imperial.

Eis, assim, a chave para compreender a peculiar cultura jurídica brasileira em


seu nascimento e desenvolvimento entre meados do século XVIII e início do
século XX: trata-se de um ambiente histórico em que existem renitentes
permanências do direito comum na ordem jurídica privada (como foi
argutamente observado por Ascarelli) mas, de outro lado, que sofre
importantes descontinuidades no tempo. Todavia, tais importantes
descontinuidades, que se mostram tão relevantes a ponto de dar à cultura
jurídica brasileira uma marca própria e distintiva (ordenações, ‘Lei da Boa
Razão’, intervenções legislativas do Império, ‘Consolidação das Leis Civis’ de
Teixeira de Freitas), não podem, por sua vez, ser compreendidas unicamente
à luz da recepção do direito oficial e de modo isolado da rica realidade
histórica que lhe era subjacente. A compreensão das peculiaridades da
formação cultural do direito privado brasileiro não deve ser destacada das
profundas marcas deixadas por uma sociedade agrária, escravocrata e
conservadora que, com engenhosidade ímpar, foi caminhando lentamente na
direção de uma ‘modernização’ jurídica na qual eram equivalentemente
importantes alguns modelos estrangeiros a serem seguidos e a necessidade
de sua conformação com as injustas estruturas sociais e políticas
brasileiras. 76

Portanto, desde logo, a figura do jurista ao mesmo tempo que se problematiza,


também fica mais clara. O jurista não é apenas o bacharel e, ainda que possa vir a
ocupar qualquer cargo jurídico dentro da burocracia estatal, ou que possa vir a exercer
a advocacia liberal, deve, em algum nível, envolver-se no debate e fomento da cultura
jurídica, produzindo ou comentando em síntese: doutrina.
Como explica Fonseca 77, no conhecido trabalho Os aprendizes do poder: o
bacharelismo liberal na política brasileira, Sergio Adorno conclui, a partir da
constatação de que a estrutura curricular coadunava ideias jurídicas e orientações
filosóficas contrastantes entre si, que as academias do Império produziram
jurisconsultos em número inexpressivo frente ao contingente de advogados,

76 FONSECA, Ricardo Marcelo. A cultura jurídica brasileira e a questão da codificação civil no século
XIX. Quaderni Fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno. Milão: Giuffrè, XXXIII/XXXIV
(2004/2005).
77 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:

uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005. p. 106.
43

administradores, parlamentares, oradores, jornalistas e artistas que saiu de seus


quadros. Todavia, a análise de Adorno se vale de parâmetros anacrônicos ao período
analisado, como a quantidade de professores dedicados exclusivamente ao
magistério ou à escassa produção acadêmica, para concluir que o ensino jurídico no
Império poderia ser considerado inexistente.
Além disso, a crítica de Adorno ao identificar entre os bacharéis dos cursos
de direito do Império mais jornalistas e artistas do que jurisconsultos carece de
profundidade. Primeiramente no aspecto quantitativo essa discrepância entre o
número de formados e o número daqueles que compunham a elite jurídica do país em
nada surpreende.

Não impressionam os dados que mostram que as faculdades de direito do


Império formavam mais advogados, administradores e políticos do que
jurisconsultos. Afinal, os estudiosos que acabam, no futuro, por contribuir na
construção da cultura (no nosso caso, a cultura jurídica) são sempre uma
minoria absoluta entre os egressos das instituições de ensino - máxime num
curso como o de direito, que atribuía tantas outras possibilidades profissionais
aos jovens bacharéis. 78

Outrossim, o que hoje chamamos de jornalista, orador ou literato, era parte


constitutiva do modo de ser e da constituição do próprio jurista do XIX. Assim, a
atuação em outros círculos como imprensa e literatura não deve necessariamente ser
interpretada como um desvio da função jurídica profissional original, mas como um
indício do próprio modo de ser do jurista brasileiro oitocentista. O que hoje se
denomina jornalismo, à época, poderia se dividir em três sentidos completamente
distintos. No primeiro pode-se atribuir uma finalidade política, até mesmo de cunho
panfletário ao jornalismo. Este veio tomou grande fôlego com os jornais
republicanos 79, e foi, em certa medida, reconhecido por Adorno 80, ainda que

78 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:
uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005. p. 109.
79 “De 1870 a 1872, surgiram pelo país mais de vinte jornais republicanos, tais como o Opinião Liberal,

de Lafayette Rodrigues Pereira e Limpo de Abreu, também no Rio de Janeiro; O Argos, no Amazonas;
O Futuro, no Pará; O Amigo do Povo, no Piauí; O Voluntário da Pátria, na Paraíba; A República
Federativa, O Seis de Março e O Americano, em Pernambuco; A República, em Alagoas; O Horizonte,
na Bahia; o Correio Paulistano, a Gazeta de Campinas, no qual colaborava Campos Sales, O Paulista,
O Comércio de Santos, O Ipanema e O Sorocabano, em São Paulo; O Jequitinhonha e O Farol, em
Minas Gerais; O Antonina, no Paraná; Democracia e O tempo, no Rio Grande do Sul” (RAMOS,
Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política no final
do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de Pós-
Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009).
80 “[…] o jornalismo foi tanto o espaço que possibilitou a inserção do acadêmico/bacharel em loci

diversos daqueles exclusivamente ditados pela ciência do Direito, quanto o espaço destinado à criação
44

interpretado de modo diverso. Um exemplo desta distinção no uso da imprensa foi


levado a cabo por Joaquim Saldanha Marinho 81, um dos redatores da Revista O
Direito, quando a maçonaria no Brasil, da qual era membro, incitou expressamente
seus membros a se manifestaram em periódicos da época acerca da discussão em
torno da separação entre Igreja e Estado:

Tal reação pela imprensa, reclamada tanto pelos membros do Partido


Republicano, quanto pelos maçons, que poderiam ser republicanos, liberais,
conservadores ou monarquistas, foi arquitetada magistralmente por Saldanha
Marinho, que ocupava uma função central em ambos os centros privilegiados
de poder em vias de radicalização. Ainda mais sentado como estava na
cadeira de presidente do IAB, sob a égide da suposta neutralidade do
discurso jurídico, onde era conhecido como jurista invulgar e Conselheiro do
Império. Quando quis ser o político debochado e intransigente nas suas
convicções, era o Ganganelli, pseudônimo com que assinava os artigos
publicados no Jornal do Comércio dirigidos contra a Igreja, e nos livros A
Igreja e o Estado e A Monarquia ou a Política do Rei. Este é um bom exemplo
de como as elites intelectuais, uns mais, outros menos, criam na cientificidade
do discurso jurídico, de modo a estabelecer uma diferença de linguagem
técnica, neutra e objetiva do discurso jurídico, e uma mais solta e ousada
empregada na imprensa política comum. No nosso caso, o líder republicano
sabia manejar muito bem esta diferença em seu favor, isto é, compreendia
que, no fundo, tratava-se apenas de um detalhe, um artifício, um fetiche. 82

Este aspecto crítico de um jornalismo político, por assim dizer, diferia de uma
atividade jornalística doutrinária cuja intenção era divulgar artigos científicos, que são,
em evidência, as revistas especializadas fundadas nesse período e que serviram de
fontes primárias para a presente pesquisa, inclusive algumas como a Revista Jurídica,
fundada e editada por estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo. E, por sua
vez, também distinto do que pode se considerar uma atividade jornalística literária,
que pode parecer mais acessória ou supérflua, na qual juristas, publicavam crônicas,
contos e poesias, justamente porque esse exceder às fronteiras do direito compunha
o que se esperava de um jurista culto no período, alguém que além de se dedicar às
letras jurídicas deveria ser letrado também em conhecimentos acessórios.

de uma intelligentzia, da qual se recrutaram os intelectuais da sociedade brasileira oitocentista –


administradores públicos, parlamentares, magistrados, burocratas, professores, homens de letras.
Originalmente concebida como porta-voz do acadêmico, essa imprensa, pouco a pouco, transformou-
se em guardiã da ordem pública e em tribuna livre para a defesa de direitos civis e políticos” (ADORNO,
Sérgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1998. p. 163).
81 Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895), natural e bacharel por Olinda. Dentre outros cargos foi

senador e advogado do Conselho de Estado, signatário do Manifesto Republicano de 1870.


82 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e

Política no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais.


Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009.
p. 89.
45

Para a finalidade atual convém destacar que o estudo acadêmico das letras
e a assídua leitura de poesia por parte dos advogados nunca funcionou como
modo de adorno erudito nem como mera manifestação de status. Pelo
contrário, a fruição literária supunha o cumprimento de um dever
profissional, arraigado na tradição eloquente […]. 83 (grifo nosso).

A confluência das atividades jurídicas práticas e das atividades literárias no


modo de ser do jurista do século XIX pode explicar a longa lista de poetas ou literatos
bacharéis na história brasileira, José de Alencar, Bernardo Guimarães e boa parte dos
membros da Academia Brasileira de Letras, inclusive seu segundo presidente, Ruy
Barbosa 84.
Logo, em uma primeira análise, a crítica ao bacharelismo no Brasil do século
XIX parte de premissas erradas por projetar expectativas e presunções atuais a uma
realidade bem distinta. Como explica Fonseca: “Adorno parece buscar no século XIX
algo que lá não existe: um cientista do direito, imerso numa academia com padrões
germânicos, perdendo de vista que a cultura jurídica no século XIX tinha outro
matiz” 85.
Assim, ainda segundo Fonseca, no contexto do Império, São Paulo e Recife
eram as únicas faculdades de direito formadoras de bacharéis e, “para o bem e para
o mal, a catalisadora da cultura jurídica do período” 86. Apontar uma série de
deficiências ou colecionar fatos pitorescos que ocorreram dentro das academias não
pode levar a uma conclusão direta de que houve uma precariedade absoluta de
formação jurídica o que levaria consequentemente a uma pobreza na própria cultura
jurídica brasileira.
Portanto, cabe reconhecer que nos estudos atuais ainda há uma lacuna
quanto à análise dos juristas como grupo ou categoria autônoma – com uma vocação
própria 87. Tal estudo se posiciona então como uma contraposição ao que existe hoje

83 “A nuestros fines actuales conviene destacar que el estudio académico de las letras y la asidua
lectura de poesía por parte de los abogados nunca funcionó a modo de adorno erudito ni como una
mera manifestación de status. Por el contrario, la fruición literaria suponía el cumplimiento de un deber
profesional, arraigado en la tradición elocuente […]”. PETIT, Carlos. Discurso sobre el Discurso:
oralidad y escritura en la cultura jurídica de la España liberal. Huelva: Universidad de Huelva, 2000. p.
66.
84 Entre Ruy e Rui optou-se pela grafia que aparece no artigo por ele escrito para a Revista O Direito.
85 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis

dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 291.
86 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:

uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005. p. 110.
87 Esse ponto será detalhado especialmente no capítulo cinco.
46

na História do Direito do Brasil, na qual os juristas são reconhecidos por seus méritos
individuais.

Quando se fala do Brasil oitocentista é bastante comum voltar aos mesmos e


óbvios nomes de juristas, ignorando as obras desses importantes
jurisconsultos que tinham assento no Conselho de Estado e foram
responsáveis pela montagem do arcabouço legal da monarquia, arcabouço
que se transmitiu a República em não poucas áreas 88.

Grossi defende que é no campo do saber técnico, na ciência do direito, que


se encontra a expressão máxima da cultura e ideologia dos juristas. O jurista é
idealmente jurista enquanto cientista – ainda que o conceito de ciência 89 referido ainda
estivesse em construção no período e lugar aqui analisados. O professor italiano ainda
explica que um perfil histórico destina-se a guiar um caminho melhor do que uma
análise fragmentada 90.

Em outras palavras, a instrumentalização técnica – se lida corretamente -


revela com incrível precisão tudo o que está atrás do jurista e as suas
ferramentas. A imersão da ciência jurídica em seu próprio tempo, a sua
especularidade a respeito do próprio tempo, serão reveladas unicamente pela
decodificação dos dados técnicos, à unica condição de que o historiador
esteja disponível a fazer-se intérprete e seja sobretudo capaz de fazer-se
intérprete. 91

Tendo Paolo Grossi sedimentado o entendimento que o direito é um universo


mais que privilegiado para a compreensão da história e que cabe aos juristas uma
posição de protagonismo neste estudo, resta desenvolver a ferramenta de pesquisa
capaz de proporcionar o modo como identificar esses juristas. Portanto, é preciso
identificar os traços intelectuais marcantes dos juristas, com quem dialogavam
teoricamente, para delinear o perfil destes juristas, seus discursos e o lugar da fala.

88 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. XV.
89 “Substantivos como ciencia, técnica o investigación, adjetivos como lo técnico o lo científico

permanecieron totalmente ajenos al lenguaje de las normas educativas: ni siquiera la elaboración de


una tesis de doctorado – más exactamente ‘un discurso doctoral’ sobre argumento prederminado,
según establecen los planes de estudio – encierra compromisos científicos” (PETIT, Carlos. Revistas
españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per la Storia
del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006), 255-338. p. 266).
90 GROSSI, Paolo. Scienza giuridica italiana: un profilo storico: 1860-1950. Milão: Giuffre, 2000.
91 “In altre parole, la strumentazione tecnica – se saputa leggere – rivela con incredibile puntualità tutto

ciò che sta dietro il giurista e i suoi attrezzi. L’immersione della scienza giuridica nel proprio tempo, la
sua specularità rispetto al proprio tempo, sarà rivelata unicamente da una decrittazione della cifra
tecnica, alle sole elementari condizione che lo storico sia disponibile a fársene interprete e sia sopratutto
capace di fársene interprete” (GROSSI, Paolo. Scienza giuridica italiana: un profilo storico: 1860-
1950. Milão: Giuffre, 2000. p. XVI). (tradução nossa).
47

O meio intelectual não é um simples camaleão que toma espontaneamente


as cores ideológicas de seu tempo. Concorre, pelo contrário, para colorir o
seu ambiente. Os letrados raciocinam de maneira endógena, mas o ruído dos
seus pensamentos ressoa no exterior. É afinal o que dá a sua especificidade
à “alta intelligentsia”: dela participam os que possuem, a um ou outro título,
poder de ressonância. Faculdade de eco de que decorrem imediatamente
duas questões. Por um lado, como avaliar a amplitude deste eco e o seu
impacto na esfera política? Por outro, no domínio mais preciso das culturas
políticas e da sua constituição, qual a parte das grandes ideologias forjadas
ou veiculadas pelos letrados? 92

Necessário então pavimentar o caminho de identificação dos juristas.


Primeiramente, expõe-se a análise prosopográfica realizada por Roderick e Jean
Barman 93. Para os brasilianistas o grau de bacharel em direito foi utilizado como motor
da projeção social. O cenário jurídico fora forjado e moldado pelos próprios juristas,
não apenas pela presença massiva nos cargos de administração estatal ou burocracia
judiciária, mas também por representar o principal caminho para a ascensão social e
profissional.
Os autores identificam o grupo de juristas diretamente envolvidos com a
burocracia estatal como uma elite, o pertencimento a esta implicava no pertencimento
à determinadas instituições.
No caso brasileiro, os citados autores apontam haver três círculos
concêntricos: o primeiro, mais central, é o core da elite imperial no Brasil – membros
da família imperial, Conselho de Estado, Senado e Conselho de Ministros.

Enquanto dificuldades teóricas consideráveis rodeiam qualquer definição


abstrata de elite, as contenções práticas da pesquisa resolvem a maioria dos
problemas, tornando a associação a qualquer corpo institucional o
equivalente à associação à elite. No caso do Brasil Imperial, nossa própria
pesquisa e nosso próprio conhecimento quantitativo do período sugerem a
adoção de um modelo de trabalho composto de três círculos concêntricos. O
mais ao centro é o núcleo do Império brasileiro – membros da família imperial,
do Conselho de Estado, do Senado e do Conselho de Ministros. O segundo
círculo, a elite intermediaria, é composto de membros da Câmara de
Deputados, do Alto Comando do Exército e Marinha, do Supremo Tribunal de
Justiça, dos presidentes das províncias mais importantes e daqueles eleitos
para a lista tríplice de vacância no Senado. Membros dessas instituições
normalmente, mas não invariavelmente, pertenciam à elite. O círculo mais

92 SIRINELLI, Jean-François. As Elites Culturais. In: RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François.


Para uma história Cultural. Lisboa: Estampa, 1998. p. 265.
93 BARMAN, Roderick, BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial

Brazil. Journal of Interamerican Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976.
Disponível em: <http://www.jstor.org/>. Acesso em: 3 de julho de 2014.
48

externo contém a elite periférica, como os juízes das Cortes de Apelação,


presidentes das províncias menores e deputados substitutos. 94

Em resumo, portanto, os autores dividem a elite brasileira em um esquema


gráfico, no qual o núcleo composto por membros da família imperial, do Conselho de
Estado, do Senado e do Conselho de Ministros está mais próximo do Imperador, ou,
consequentemente, geograficamente mais próximo também da corte. O segundo
círculo seria composto por membros da Câmara dos Deputados, do alto comando do
Exército e da Marinha, do Supremo Tribunal de Justiça, dos presidentes das
Províncias mais importantes e por aqueles eleitos em lista tríplice para o caso de
vacância no Senado. O terceiro e último círculo seria composto pelos juízes das cortes
de apelação, pelos presidentes das províncias periféricas e por deputados substitutos.
Essa análise apresenta prima facie dois problemas: o primeiro é a fragilidade
do argumento que implica mútuo pertencimento a essas instituições e à elite. Replicar
a delimitação do objeto utilizada nessa análise coloca a institucionalização como filtro
na seleção dos juristas – o que, promoveria resultados relacionados à história do
pensamento institucional da época, não necessariamente do pensamento jurídico
brasileiro em geral.
O segundo problema, reconhecido pelos próprios autores, é que a seleção
dos membros dessa elite em um mesmo grupo social somada a formação similar em
uma das duas faculdades de direito do Império, destinadas a promover a
homogeneidade 95 do discurso e a singularidade perante outros grupos sociais não foi
suficiente. Não existiu uma única elite brasileira.

94 “While considerable theoretical difficulties surround any abstract definition of an elite, the practical
restraints of research resolve most of the problems by making membership in certain institutional bodies
the equivalent of membership in the elite. In the case of Imperial Brazil, our own research and our own
qualitative knowledge of the period suggests the adoption of a working model composed of three
concentric circles. The innermost circle is the core of the Brazilian Empire-members of the Imperial
Family, the Council of State, the Senate, and the Council of Ministers. The second circle, the middle
elite, is composed of the members of the Chamber of Deputies, of the High Command of the Army and
Navy, of the Supreme Tribunal of Justice, of the presidents of the most important provinces, and of
those elected to the ‘triple list’ for a Senate vacancy. Members of these institutions usually but not
invariably belonged to the elite. The outermost circle contains the peripheral elite, such as the judges of
the Courts of Appeal, the presidents of the minor provinces, and the substitute deputies” (BARMAN,
Roderick, BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil. Journal
of Interamerican Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976. Disponível em:
<http://www.jstor.org/>. Acesso em: 3 de julho de 2014. p. 424). (tradução nossa).
95 A homogeneidade da formação de uma elite intelectual brasileira, para Lúcia Maria Bastos Pereira

Neves, iniciava-se ainda no Imperial Colégio Pedro II, fundado em 1837, “única instituição oficial capaz
de habilitar aqueles que aspiravam aos estudos superiores, passava a constituir um instrumento de
homogeneização para as futuras elites intelectuais, cujo futuro dependeria em grande parte dos lugares
que encontrariam na burocracia” (NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira. Intelectuais brasileiros nos
oitocentos: a constituição de uma família sob a proteção do poder imperial (1821-1828). In: PRADO,
49

Em segundo lugar, nunca existiu uma única elite brasileira. Uma elite
nacional, baseada geograficamente no Rio de Janeiro, se conectou e
dominou as elites locais de importâncias variadas. O sucesso na elite
nacional foi socorrido por um forte posicionamento na elite local. Levar
membros das importantes elites locais – essas da província do Rio de
Janeiro, Bahia, Pernambuco e Sul de Minas Gerais – poderia normalmente
garantir a entrada na elite nacional, se assim desejado e se houvesse para
tanto a inciativa. Uma importante limitação decorria de que a associação
efetiva a elite nacional normalmente envolvia residência no ou perto do Rio
de Janeiro. Membros das elites locais das províncias menores e mais fracas,
em particular do Mato Grosso, Espírito Santo e Amazonas tinham pouca
probabilidade de obter uma associação a elite nacional, salvo se
excepcionalmente talentosos. 96

Entretanto, o estudo quantitativo de Barman e Barman evidencia que a


estabilidade do Império brasileiro teve base na geração de bacharéis oriundos de
Coimbra na década de 1820. Essa geração dominou o judiciário e a política até a
década de 1870.

A superioridade numérica dos bacharéis em direito e a sua preeminência na


tradição administrativa portuguesa ajudou a estabelecer sua dominância nas
instituições políticas chave do Império, [...] a dominância dos bacharéis em
direito gradualmente aumentou de forma que na metade do Império, sete de
cada dez ministros e senadores eram bacharéis. 97

Maria Emília (org.). O Estado como vocação. Rio de Janeiro: Access, 1999. p. 9-32. p. 26). José
Murilo de Carvalho compartilha essa visão acerca do papel formador do da instituição, afirmando que
o colégio tornara-se uma escola-modelo que preparava os filhos de uma elite abastada
economicamente para a formação universitária. Pela instituição teria passado boa parte da elite cultural
do país, estudando ou ensinando (CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite
política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011).
96 “Second, a single Brazilian elite never existed. A national elite, based geographically on Rio de

Janeiro, was linked to and dominated local elites of varying importance. Success in the national elite
was aided by a strong position in a local elite. Leading members of the important local elites – those of
Rio de Janeiro province, Bahia, Pernambuco, and Southern Minas Gerais – could usually secure entry
into the national elite if they so desired and took initiative. An important constraint was that effective
membership in the national elite normally entailed residence in or near Rio de Janeiro. Members of local
elites of the smaller and weaker provinces, in particular Mato Grosso, Espírito Santo, and Amazonas,
were unlikely to obtain national elite membership unless unusually talented” (BARMAN, Roderick,
BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil. Journal of
Interamerican Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976. Disponível em:
<http://www.jstor.org/>. Acesso em: 3 de julho de 2014. p. 425). (tradução nossa).
97 “The numerical superiority of the law graduates and the preeminence held by them in the Portuguese

administrative tradition helped to establish their dominance of the key political institutions of the Empire,
[…] the dominance of the law graduates gradually increased so that in the middle years of the Empire
fully seven out of every ten ministers and senators were law school graduates” (BARMAN, Roderick,
BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil. Journal of
Interamerican Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976. Disponível em:
<http://www.jstor.org/>. Acesso em: 3 de julho de 2014. p. 426). (tradução livre).
50

Da mesma posição, José Murilo de Carvalho 98 defende que a existência no


Brasil 99 de uma elite que compartilhava da mesma formação, do mesmo padrão de
carreira com a mesma orientação estadista.
Essa formação uniforme já se manifestava no ensino em Coimbra,
universidade na qual a maioria da elite jurídica e política também havia se formado na
primeira metade do século XIX 100. O conservadorismo coimbrão mantinha os
bacharéis o mais longe possível dos aspectos perigosos do iluminismo francês101,
como explica Carvalho:

98 CARVALHO, José Murilo de. Political Elites and State Building: The Case of Nineteenth-Century
Brazil. Comparative Studies in Society and History, v. 24, n. 3. Julho de 1982. Cambridge University
Press. p. 378-399. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/178507>. Acesso em 3 de janeiro de
2015.
99 Nos demais países da América Latina, um estudo conduzido por Rogelio Perdomo retrata um cenário

não muito distinto do que se apresentava também no Brasil. O direito era estudado nas faculdades –
com a diferença de terem sido fundadas universidades na América espanhol desde séculos antes que
no Brasil – mas os graduados não eram vistos apenas como profissionais, como técnicos do direito,
eram os letrados por excelência. E, entre eles, a categoria de intelectual se reservaria ao “jurista
acadêmico”, aqueles “que piensan sobre el derecho y escriben sobre él, que generalmente se
desempeñan como profesores universitarios y que frecuentemente también escriben ensayos o
artículos de opinión sobre temas considerablemente generales” (PERDOMO, Rogelio Pérez. Los
juristas como intelectuales y el nacimiento de los estados naciones en América Latina. In:
ALTAMIRANO, Carlos (org.). Historia de los intelectuales en América Latina: La ciudad letrada, de
la conquista al modernismo. Buenos Aires: Katz Editores, 2008. p. 168-183. p. 169). O processo de
ingresso nas faculdades fazia uma seleção social dos ingressos, revelando um caráter elitista: “El
origen social de estos hombres (las mujeres estaban excluidas de los estudios jurídicos y tenían
prohibido el ejercicio de la abogacía) era muy elevado: por lo general, se trataba de familias criollas
acomodadas. Para ingresar a la universidad se requería un certificado de pureza de sangre y ser
cristiano viejo, con lo cual se excluía a las personas de origen indígena, africano, moro o judío. (…) Los
estudios universitarios y el título de abogado podían elevar la posición social, lo que le permitía al
graduado posicionarse mejor para un buen matrimonio que incrementaría su fortuna personal.” Ainda
segundo o autor, a independência latino-americana, portanto significou não apenas a separação da
Espanha mas também a busca de um novo tipo de legitimidade jurídico-democrática. Daí, afirma o
autor, a enorme importância da instrumentalização jurídica da independência na forma dos congressos,
das constituições e das leis que acompanharam o processo, conclui que foram os juristas os grandes
ideólogos do novo regime e também os organizadores dos novos estados (PERDOMO, Rogelio Pérez.
Los juristas como intelectuales y el nacimiento de los estados naciones en América Latina. In:
ALTAMIRANO, Carlos (org.). Historia de los intelectuales en América Latina: La ciudad letrada, de
la conquista al modernismo. Buenos Aires: Katz Editores, 2008. p. 168-183. p. 172-173).
100 E antes da independência também. Coimbra fora o grande centro de formação de juristas do Império

português, o prestígio da universidade e a valorização do grau de bacharel enraizado na cultura luso-


brasileira não emergiram com o Estado Moderno ou podem ser datados no Brasil como iniciados
apenas no período imperial, como se vê em Sérgio Buarque de Holanda: “apenas, no Brasil, se fatores
de ordem econômica e social – comuns a todos os países americanos – devem ter contribuído
largamente para o prestígio das profissões liberais, convém não esquecer que o mesmo prestígio já as
cercava tradicionalmente na mãe pátria. Em quase todas as épocas da história portuguesa uma carta
de bacharel valeu quase tanto como uma carta de recomendação nas pretensões a altos cargos
públicos. No século XVII, a crer no que afiança a Arte de furtar, mais de cem estudantes conseguiam
colar grau na Universidade de Coimbra todos os anos, a fim de obterem empregos públicos, sem nunca
terem estado em Coimbra” (HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 157). O recorte temporal é apenas uma condição de viabilização da
pesquisa.
101 “It is noteworthy that several Brazilian students who went to France or England, and even some

priests trained in the colony, were more influenced by the subversive ideas of the time and more willing
51

Coimbra foi particularmente eficaz em evitar contato mais intenso de seus


estudantes com o Iluminismo francês, politicamente perigoso. Além do fato já
apontado de que o Iluminismo português foi do tipo não libertário, é preciso
acrescentar que após a Viradeira 102 o isolacionismo da Universidade em
relação ao resto da Europa foi retomado. 103

E, tendo sido os cursos jurídicos no Brasil criados à imagem e semelhança do


curso de Coimbra – compartilhando de início inclusive o mesmo estatuto – a
centralização do ensino em pouquíssimos núcleos e o conservadorismo dessas
instituições foram um dos elementos básicos para a manutenção e continuidade de
uma monarquia centralizada, com origens ainda no período colonial. Para o autor, a
principal característica dessa elite é a homogeneidade. Não apenas a homogeneidade
social, obtida pelo recrutamento em uma classe ou grupo social específico, tampouco
a homogeneidade ideológica, incentivada, dentre outras formas, pela formação
acadêmica direcionada ou pela carreira comum, mas, no caso brasileiro, o autor
aponta como fator decisivo a capacidade burocrática como elemento homogêneo à
elite de juristas brasileiros, definida como “uma capacidade especial para as tarefas
de governo e organização em geral” 104.
Todavia, a partir do final da década de 1850, o número de graduados
ingressando em carreiras públicas começou a diminuir, como resultado, a quantidade
de bacharéis superava o espaço disponível na elite, assim como a geração antiga
bloqueava a ascensão de novos membros à elite.
Começava a transparecer uma cisão entre as gerações. Os jovens não tinham
simpatia pelos “cardeais” (a elite política envelhecida), este antagonismo era
exacerbado pela maneira como a elite controlava o patronato. A ascensão não era
determinada pelo mérito, mas pela influência exercida a favor de alguns – os
empenhos.

to put them into practice trough political action than were their Coimbra fellows. It might not be an
exaggeration to say that it was easier to have access to the philosophes in the captaincy of Minas
Gerais, four hundred miles to the interior of Brazil, than at Coimbra” (CARVALHO, José Murilo de.
Political Elites and State Building: The Case of Nineteenth-Century Brazil. Comparative Studies in
Society and History, v. 24, n. 3. Julho de 1982. Cambridge University Press. p. 378-399. Disponível
em: <http://www.jstor.org/stable/178507>. Acesso em 3 de janeiro de 2015. p. 388).
102 Como ficou conhecido o período pós-pombalino em Portugal e as ações de “reversão” das políticas

do Marquês de Pombal.
103 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 84.


104 CARVALHO, José Murilo de. Political Elites and State Building: The Case of Nineteenth-Century

Brazil. Comparative Studies in Society and History, v. 24, n. 3. Julho de 1982. Cambridge University
Press. p. 378-399. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/178507>. Acesso em 3 de janeiro de
2015. p. 397.
52

Essa transição de gerações foi resultado de fatores diversos, dentre eles, a


fase inaugurada pela Reforma Couto Ferraz em 1854 nos cursos jurídicos brasileiros.
Essa reforma no ensino, como explica Venâncio Filho 105, encerra a fase de
transitoriedade que vigorava anteriormente e estabelece bases mais duradouras, que
somente serão alteradas em 1879, com a reforma do ensino livre.

O próprio contexto político e económico era diferente, já que havia no ar, mais
do que nunca houvera antes, o desejo de inserir o Brasil numa modernidade
política e jurídica. Já do ponto de vista da cultura, a partir da década de 1850
o estofo necessário para aflorar um pensamento jurídico brasileiro – separado
da matriz portuguesa, que lhe fizera sobra até então – parecia estabelecido.
Havia novas gerações de professores e de juristas que haviam sido formados
nas academias brasileiras, sendo que alguns deles já gozavam de amplo
prestigio nacional. […] E foi também neste ano – mudança deveras
importante – que a Faculdade de direito de Olinda se transfere
definitivamente para o Recife. 106

O ciclo também fora rompido, na opinião de Carvalho 107, pela drástica redução
no número de funcionários públicos que o Estado consegui absorver refletindo no
aumento do número de advogados. Essa nova geração pressionava por mudanças
que resultassem em uma maior representação de seus interesses dentro do Estado,
reivindicando, por exemplo, o afastamento dos funcionários públicos quando no
exercício de mandatos representativos, especialmente magistrados. Suas
reinvindicações no entanto, visavam a acumulação e ascensão ao poder, não a
consolidação ou ampliação de suas bases sociais 108.
Ao contrário da geração anterior, na qual a probabilidade de pertencimento à
elite recortada por Barman e Barman era conferida pelo mero ato da graduação em
direito, na segunda metade do século XIX, o grau de bacharel não era mais

105 “Mantém-se a mesma sistemática de matérias da lei 11 de agosto e regula-se pormenorizadamente


as atribuições dos diretores das faculdades, de nomeação imperial; da Congregação; dos lentes da
faculdades; bem como dos meios dos provimentos das cadeiras, e estabelece-se em caráter
permanente as cadeiras de Direito Romano e Direito Administrativo. […] Nos três últimos anos do curso
haveria mais uma dissertação feita pelo estudante sobre o assunto, também dado por pontos. O
provimento do lugar de lente substituto seria feito por meio da defesa da tese, preleção oral e
dissertação escrita”. (VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino
Jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 66).
106 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:

uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005. p. 104-105.
107 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 43.


108 Por tal razão, prossegue Carvalho, por essa incapacidade de transformação da própria elite, é que

acabaram sendo os líderes republicanos, aqueles remanescentes da elite imperial: Prudente de


Moraes, Campos Sales, Afonso Pena, Rodrigues Alves (CARVALHO, José Murilo de. A Construção
da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 43-44).
53

suficiente 109. Segundo os autores, a influência passou a ser decisiva no ingresso na


carreira pública. Portanto, no período considerado por José Murilo de Carvalho como
o apogeu do Império, a geração de Coimbra já havia sido substituída por “brasileiros”
por completo, o que pode indicar, ainda que sutilmente e muito paulatinamente uma
mudança na padronização de pensamento – encontrar indícios dessa mudança
gradativa é uma das expectativas da pesquisa na revista.

Mais importante, quanto à formação dos ministros, é o fato de que no período


de 1853-1871 já não se encontravam no cargo bacharéis formados em
Portugal (contra 45% no período anterior), e sim somente nas duas escolas
brasileiras de Direito. Desaparecera por completo a geração de Coimbra – e
com ela, segundo Carvalho, o efeito homogeneizador propiciado por aquela
formação comum durante o período de ‘construção da ordem’. 110

Uma das diferenças mais acentuadas entre governantes e governados no


Brasil imperial é o analfabetismo. No início da década de 70, ainda de acordo com
dados de Barman e Barman, menos de um a cada 4 homens sabiam ler e escrever.
Mas mesmo a educação fundamental não bastava para compor a elite letrada.

Alfabetização está ligada a educação. E ser realmente educado no Brasil


Imperial significava ser um ‘homem letrado’, um ‘bacharel’, o possuidor de um
diploma acadêmico. Dos possuidores de diplomas pós-secundários,
justamente pode-se dizer que constituíram o grupo da elite do Império
Brasileiro. 111

A pretensão de ampliar a participação de letrados em um sentido mais amplo


na cena política marcou a geração do final do século XIX. A ideia de uma “República
das Letras” brasileira ganhou força principalmente com a queda da monarquia. Esses
intelectuais que uniam práxis e política almejava um governo orientado pelos “homens
de pena”. Apenas como notícia, esse grupo, oriundo de classes mais modestas, mas

109 Há de se ressalvar que o bacharelismo, como se pode observar em Sérgio Buarque de Holanda,
não se reduz à formação em direito, apesar de ela ser a mais significativa: “bacharel, durante o Segundo
Reinado, aos poucos transformou-se em um termo que carregava, além de uma qualificação, um capital
simbólico fundamental. Na prática o bacharel era alguém com diploma em direito – dentro ou fora do
país. Todavia, jovens formados em matemática ou letras também podiam portar o título e disputar as
cada vez mais escassas vagas de emprego público” (SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do
imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 119).
110 MOTA, Carlos Guilherme; FERREIRA, Gabriela Nunes (coord.). Os juristas na formação do

Estado-nação brasileiro (de 1850 a 1930). São Paulo: Saraiva, 2010.


111 “Literacy is linked to education. And to be truly educated in Imperial Brazil meant to be a homem

letrado, a bacharel, the possessor of an academic degree. The holders of postsecondary degrees fairly
can be said to have constituted the elite pool of the Brazilian Empire” (BARMAN, Roderick, BARMAN,
Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil. Journal of Interamerican
Studies and World Affairs. v. 18, n. 4. Novembro de 1976. Disponível em: <http://www.jstor.org/>.
Acesso em: 3 de julho de 2014. p. 425-426). (tradução nossa).
54

que teve algum estímulo e educação (seja em casa ou na Igreja, ou mesmo no


trabalho no comércio, por exemplo), percebia nas “letras” um caminho para a
ascensão social pelo ingresso na carreira política.
Todavia, o pertencimento institucional ou a relação com a academia não são
plenamente suficientes para cartografar de modo mais completo possível as relações
intelectuais dentre a categoria dos juristas do século XIX, pois, prosseguindo a
analogia, as faculdades, o Conselho de Estado, o Supremo Tribunal de Justiça, a
magistratura ou os advogados são as cidades no mapa que só se completa quando
delineadas as fronteiras e, principalmente para esta pesquisa, as relações entre cada
esfera, as vias que ligam um ponto a outro.

De qualquer modo, não se pode perder de vista a indubitável existência de


circulação de valores e de sentidos, sempre ocorrida de modo tenso e ainda
carente de uma verificação empírica profunda, entre academia e o Estado
(que se dava, por exemplo, sob a forma de controle, como já visto antes),
entre academia e a doutrina brasileira externa as faculdades (como no caso
das obras de Teixeira de Freitas e Ruy Barbosa, mas não só), entre academia
e outras instituições jurídicas culturais (como por exemplo, o Instituto dos
Advogados Brasileiros, fundado em 1843) e entre academia brasileira e o
foro. É nessa tensão que se produzia esse “caldo” que pode ser definido como
cultura jurídica brasileira do século XIX 112.

O estudo do jurídico, como atenta Paolo Grossi 113, deve ser realizado a partir
do interno, o que poderia ser criticado como um isolacionismo dos juristas, é na
verdade, o único procedimento autenticamente historicístico capaz de conseguir
posicionar a reflexão jurídica no percurso histórico.
Entretanto, o que faz dos juristas um grupo consistente e diferenciado é a
identificação por seus pares. Essa identificação passa pela análise em dois passos
sugerida anteriormente, de início a identificação do que liam, das referências culturais
e teóricas que possuíam, os círculos que frequentavam, quais obras estrangeiras
recepcionavam e, principalmente, de que forma. E, em segundo lugar, que discursos
reproduziam, o que e onde publicavam, de que forma atuavam na sociedade. O que
se busca, ressalte-se, não é o idêntico, o unânime, mas o típico, o que vai permitir a
diferenciação deste grupo de juristas em particular do universo de juristas,
funcionários públicos, bacharéis etc.

112 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:
uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005.
113 GROSSI, Paolo. Scienza giuridica italiana: un profilo storico: 1860-1950. Milão: Giuffre, 2000.
55

É o modo como o jurista se coloca diante do saber e da academia, como ele


se vê e se porta diante de sua específica área de conhecimento. Afinal, o
modo como o jurista vê a si mesmo como produtor de saber e também como
produtor de cultura e produtor de efeitos políticos é sem dúvida uma via
riquíssima para desvendarmos alguns outros traços da cultura jurídica
brasileira. 114

A questão de fundo então da presente tese, nesse primeiro momento, é como


identificar esse grupo singular na segunda metade do século XIX? A delimitação do
grupo de análise, juristas do final do Império, necessita de um critério, um espaço
público de diálogo que pudesse ser reconstruído hoje anacronicamente – mas sem
anacronismos, se possível.
Buscar fora do mundo acadêmico é, na segunda metade do século XIX,
importante para expandir o horizonte de investigação sem ignorar que as academias
de direito do período imperial foram o foco da cultura jurídica brasileira em todo o
século XIX.

Sobretudo a partir da segunda metade do século [XIX] os testemunhos são


eloquentes quanto á existência de alguns grandes mestres nas academias,
que marcaram as gerações subsequentes. Nomes como Tobias Barreto,
Francisco Paula Batista, Aprígio Guimarães no Recife e em Olinda e Duarte
de Azevedo e João Monteiro em São Paulo, indubitavelmente foram
responsáveis pela circulação de ideias jurídicas (embora não só) que
marcaram a atuação das faculdades de direito em suas épocas. 115

A intenção é dialogar com estudos116 desenvolvidos sobre o meio acadêmico


no século XIX e a partir deles verificar também as relações entre academia e as
demais esferas do jurídico. Inclusive e especialmente porque, os próprios estudantes
já participavam do debate jurídico externo e foram responsáveis em boa medida pela
introdução de novas ideias.

114 FONSECA. Ricardo Marcelo. Os juristas e a cultura jurídica brasileira na segunda metade do
século XIX. Disponível em: < http://goo.gl/MZeJDk>. Acesso em 15 de novembro de 2009.
115 FONSECA, Ricardo Marcelo. A formação da cultura jurídica nacional e os cursos jurídicos no Brasil:

uma análise preliminar (1854-1879). Cuadernos del Instituto Antonio de Nebrija de Estudios sobre
la Universidad. v. 8. n. 1. Madrid, 2005. p. 107-108.
116 GUANDALINI JR., Walter. Gênese do direito administrativo brasileiro: formação, conteúdo e

função a ciência do direito administrativo durante a construção do Estado no Brasil imperial. Tese
(doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-
Graduação em Direito. Curitiba, 2011. RAMENZONI, Gabriela Lima. A construção de uma cultura
jurídica: Análise sobre o cotidiano do bacharel na Academia do Largo de São Francisco entre 1857-
1870. Dissertação de mestrado. Faculdade de Direito da Universidade De São Paulo. São Paulo, 2014.
DIAS, Rebeca Fernandes. Pensamento Criminológico na Primeira República: O Brasil Em Defesa
Da Sociedade. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,
Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba. 2015.
56

Em tal período histórico, havia um contexto e um ambiente propício para o


desenvolvimento das ideias no mundo acadêmico por diversos motivos: vivia-
se uma relativa estabilidade social que permitia, e até incentivava, a atuação
política e jurídica do estudante de Direito junto à sociedade, mesmo porque
perseverava a possibilidade de circulação de novos pensamentos que se
afastavam da influência da antiga metrópole portuguesa e que começavam a
ser traduzidos de outros países da Europa. 117

Todavia, a cultura jurídica brasileira tomava corpo e circulava também fora


desse ambiente. Como bem coloca o professor Hespanha:

Completamente interna ao campo do direito era a frente em que se opunham


os juristas acadêmicos que cultivavam a doutrina dos princípios e do sistema
àqueles que se dedicavam a um saber de intenções mais pragmáticas,
colhendo das várias fontes disponíveis construções dogmáticas ‘locais’. Os
primeiros reclamavam para si o primado na definição do que fosse direito,
entendendo que, sem princípios e sem sistema, não se podia construir
nenhum daqueles monumentos que consubstanciavam o direito perene e
liberto das contingências. 118

Corroborado por Lima Lopes para o caso brasileiro:

A meu juízo não foi obstáculo a que houvesse, fora dos estritos muros da
academia, um pensamento jurídico, nem que dentro da academia se
produzisse alguma coisa. Convivemos tradicionalmente com juristas fora de
posições de cátedra há muito tempo no Brasil (e fora do Brasil): Rui Barbosa
não foi professor, nem Pimenta Bueno, Visconde do Uruguai, Teixeira de
Freitas, ou Nabuco de Araújo; não o foi tampouco décadas depois João
Mangabeira. Foram, porém, juristas e deixaram sua marca nas doutrinas
nacionais. Escreveram comentários à legislação, manuais práticos, textos de
polêmica, leis e projetos de lei e reforma de leis, regulamentos e decretos. 119

Enquanto em um primeiro momento no século XIX as academias de direito


eram as únicas fontes formais de conhecimento jurídico, na segunda metade do
século XIX, até mesmo com base no estudo quantitativo de Barman e Barman
apresentado, o grau de bacharel deixou de ser garantia de ascensão social e
profissional passando a ser um requisito.

117 RAMENZONI, Gabriela Lima. A construção de uma cultura jurídica: Análise sobre o cotidiano do
bacharel na Academia do Largo de São Francisco entre 1857-1870. Dissertação de mestrado.
Faculdade de Direito da Universidade De São Paulo. São Paulo, 2014.
118 HESPANHA, António Manuel. Um poder um pouco mais que simbólico: juristas e legisladores em

luta pelo poder de dizer o direito. In: FONSECA, Ricardo Marcelo e SEELAENDER, Airton Cerqueira
Leite (orgs.). História do Direito em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá,
2008. p. 149-199. p. 181.
119 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São

Paulo: Saraiva, 2010. p. 105.


57

Além disso, é ilusório acreditar que as faculdades de direito, em razão de


terem como objetivo final a formação de bacharéis, eram axiologicamente neutras, à
semelhança do que passava em Portugal:

A imaginária centralidade científica de Coimbra e a sua neutralidade em


relação aos jogos políticos de Lisboa constituíam também um eficaz biombo
em relação aos estreitos laços que os seus professores mantinham com a
política da capital. De fato, não poucos dos professores de Direito
desempenharam lugares políticos, como conselheiros de Estado ou dos
Supremos Tribunais, como Pares, como membros de Comissões
governamentais várias, como deputados e até como chefes partidários. 120

Portanto, é necessária uma revisão da crítica feita por Sergio Adorno e


Venâncio Filho quanto à falta de dedicação dos catedráticos à ciência, para os quais,
segundo o último, a atividade magisterial não era a mais importante, dividindo espaço
na carreira com a atividade política, magistratura ou advocacia.

A formação do campo jurídico, no caso brasileiro, apresenta uma série de


especificidades que merecem ser consideradas em relação à dinâmica
europeia, de onde é importado o conjunto de instituições que conformam esse
espaço. No caso em pauta, na ‘concorrência pelo monopólio de dizer o
direito’, não há separação entre um polo de ‘práticos’ e um de ‘acadêmicos’.
No caso da França e da Alemanha, Bourdieu (1986) identifica um polo de
juristas voltados para a ‘interpretação puramente teórica da doutrina,
monopólio dos professores’, e um polo de ‘intérpretes voltados para a
avaliação prática de um caso particular, apanágio dos magistrados’. Na
dinâmica brasileira, as disputas em torno da definição do direito legítimo de
ser ‘aplicado’ e as problemáticas consideradas ‘juridicamente legítimas’ são
definidas tradicionalmente no espaço do ‘mundo prático’ da advocacia e das
carreiras de Estado. 121

Embora Engelmann tenha desenvolvido sua pesquisa a partir da polarização


entre bacharéis associados a grandes famílias de juristas e políticos, caracterizados
por terem grande capital social e posição nas carreiras jurídicas e nas faculdades de
direito, e, entre um grupo de enfrentamento da tradição jurídica, caracterizado pela
valorização do ensino universitário inclusive como opção profissional, o judiciário
aparece como um espaço de garantia e conservação social – nos caso e à época, de
preservação do status quo.

120 HESPANHA, António Manuel. Um poder um pouco mais que simbólico: juristas e legisladores em
luta pelo poder de dizer o direito. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do
Direito em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 149-199. p. 180.
121 ENGELMANN, Fabiano. Sociologia do campo jurídico: juristas e usos do direito. Porto Alegre:

S.A. Fabris, 2006. p. 27.


58

Possivelmente, a paulatina valorização do jurista com formação acadêmica


acompanhou a profissionalização da advocacia e tomou fôlego com a criação do
Instituto dos Advogados Brasileiros122, bem como, segundo Engelmann, expandiu o
que o autor chama de uso “social” do direito. No Brasil, a interação forçada no trabalho
judicial entre magistrado, promotor (agindo em nome da sociedade) e advogado
(representando causas) faz com que concorram e se definam os principais confrontos
entre concepções de direito. Nesse contexto, ao contrário do que ocorre na Europa e
nos Estados Unidos, o espaço das faculdades de direito não se autonomiza
profissionalmente em relação ao mundo dos “práticos”, estando profundamente
integrado a este.
No século XIX instalava-se o debate entre legisladores e doutrinadores pelo
reconhecimento da autoridade em dizer o direito ou talvez pudesse-se dizer que o
mesmo enredo se apresentava em outro palco com atores diferentes. Era bastante
antiga a ideia de que a positivação do direito apenas era uma forma de fixar as regras
do direito natural, garantindo a preservação deste direito e não sua substituição 123.
Consequentemente, afirma Hespanha, havia a ideia de que somente o conhecimento
especializado de homens bons (boni, honesti) poderia reconhecer esses princípios do
direito. A doutrina se fazia esfera indispensável da arte de fixar o direito e os juristas
atingiriam um caráter quase sacerdotal, “detentores de um saber das coisas divinas e
humanas” 124. Em que pese a criação na própria lei, no caso as Ordenações Filipinas,
de expedientes que restringiam a interpretação da lei pelos juristas.
Em Portugal pelo menos, entre um direito autônomo e um direito heterônomo
prevalece um sistema próprio dos juristas, acentuando-se a recuperação do
tradicional papel dos juristas em criar e legitimar o direito no século XIX. O que

122 Instituição fundada em 1843 também estendia suas funções para além da representação da classe
profissional, atuando como órgão cultural e como um órgão governamental, com caráter consultivo pelo
Imperador, como também pelos tribunais e ministérios. Em 1882 os estatutos do Instituto são
reformados, passando a se descrever como uma “associação científica de Advogados Brasileiros”,
seus objetivos passam a ser: “1) O estudo do Direito na sua história, no seu mais amplo
desenvolvimento, nas suas aplicações práticas e comparação com os diversos ramos da legislação
estrangeira; 2) A defesa dos réus desvalidos; 3) A organização da Ordem dos Advogados Brasileiros”.
123 HESPANHA, António Manuel. Tomando a história a sério - os exegetas segundo eles mesmos. In:

FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão (experiências
jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013. p. 214.
124 HESPANHA, António Manuel. Tomando a história a sério - os exegetas segundo eles mesmos. In:

FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão (experiências
jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013. p. 214.
59

contraria o senso comum de que citar o direito legislativo era mais moderno, enquanto
recorrer aos jurisconsultos era algo mais antigo.

A sua sabedoria natural dotá-los-ia de uma espécie de cassation à rebours,


um poder de anular a lei para fazer respeitar o direito. Usando a sua
capacidade exclusiva para aceder ao direito natural, destruíam o monopólio
parlamentar (legislativo) da declaração do direito, bem como da interpretação
e integração das leis positivas. 125

Pode parecer contraditório esse desprezo ao legislativo quando a maioria do


parlamento era composto por bacharéis. Entretanto, Hespanha diferencia também as
diferentes esferas de comunicação dos juristas. Enquanto parlamentares não estavam
para transmitir conhecimentos jurídicos ou esclarecer problemas teóricos, estavam
para convencer o restante do parlamento fazendo o uso eloquente da retórica.
Deixavam por isso de ser juristas? Não, o uso, nos termos de Hespanha, “do poder
encantatório da palavra”, era uma das artes que deveriam dominar antes do ingresso
nos cursos jurídicos 126.
O que leva a um perfil de jurista que não pode ser total sobre o sujeito, no
sentido de que o perfil do jurista é, fazendo proveito da própria palavra perfil, o lado
do bacharel que atua como jurista. O homem – e, no século XIX brasileiros eram
apenas homens mesmo (e brancos em sua maioria, além de aristocratas e uma boa
parcela se não escravocrata por convicção, proprietários de escravos) – como jurista.
E essa atuação como jurista era apenas um dos perfis possíveis. Em suma, o que se
revela das fontes do período é que o perfil do jurista não pode ser tomado como um
tipo ideal fechado, mas como uma parte do todo com algumas características
principais como a formação acadêmica, a participação no debate doutrinário, a
interação com seus pares. Essas características são paralelas e a elas se somam a
atuação parlamentar, o exercício da advocacia, a composição de conselhos e outras
instituições da burocracia estatal e até mesmo a cátedra acadêmica. O perfil do jurista
no século XIX é agregador e não excludente.

125 HESPANHA, António Manuel. Tomando a história a sério - os exegetas segundo eles mesmos. In:
FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão (experiências
jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013. p. 215.
126 No Brasil, essa disposição foi posta no artigo 8º da Lei de 11 de agosto de 1827: Os estudantes,

que se quiserem matricular nos Cursos Juridicos, devem apresentar as certidões de idade, porque
mostrem ter a de quinze annos completos, e de approvação da Lingua Franceza, Grammatica Latina,
Rhetorica, Philosophia Racional e Moral, e Geometria.
60

2.2 A REVISTA JURÍDICA COMO INSTRUMENTO DE INTERPRETAÇÃO DA


CULTURA JURÍDICA

As remissões ao termo jurisconsulto não eram e não seriam encontradas em


textos legislativos. É a doutrina que assume o dever de debruçar-se sobre a opinião
dos doutos. É uma figura – de linguagem e real – que aparece somente no discurso
doutrinário do direito, é externa ao legislativo e nem sempre, por razões diversas,
transparece na jurisprudência. Já foi determinado anteriormente que o significado de
jurista ou jurisconsulto à época envolvia o saber das leis, o ser versado nas leis e no
Direito. Os excertos a seguir introduzem um segundo elemento fundamental a
configuração do jurista, a assimilação do termo jurista ou jurisconsulto pelos próprios
juristas da época e a identificação e reconhecimento de si mesmo e de seus pares
com essa noção.
Em texto de Augusto Teixeira de Freitas sobre o fideicomisso:

A forma substancial (Bartolo de alveo derelicto) em qualquer cousa é invisível,


segundo os Filósofos; porém, para nós Jurisconsultos, a forma substancial
da causa é o que dá sua consistência, e onde recebe denominação, isto é,
‘nome apelativo’ 127. (Grifo nosso)

Tertuliano Henriques 128 utiliza também o termo jurisconsulto nesse mesmo


sentido:

Os jurisconsultos são unânimes em considerar a apelação um recurso por


sua natureza amplíssimo, que devolve ao juízo superior o conhecimento de
todo o processo, ou para corrigir ou para aprovar.

Antonio Carneiro da Rocha refere-se a Candido Mendes também dessa


maneira:

E o Sr. Candido Mendes, Jurisconsulto como é, tanto conheceu que não tinha
assento nas nossas leis os defensores espontaneos, que procurou inculcar-
se defensor por parte da justiça, dizendo: ‘Eu e meu collega estamos aqui
como se o proprio Tribunal nos tivesse designado; consideramos-nos
perfeitamente nomeados e não defensores espontaneos. 129 (grifo do autor).

127 FREITAS, Augusto Teixeira. Substituição Fideicomissária. O Direito. v. 9. 1876. p. 648.


128 HENRIQUES, Tertuliano. A Relação pôde reformar a sentença na parte em que não tenha sido
apelada? O Direito. v. 11. 1876. p. 291.
129 ROCHA, Antonio Carneiro da. Nos julgamentos perante o Supremo Tribunal de Justiça, não se póde

admittir defensor espontaneo ao Réo que não quer defender-se. O Direito. v. 3, 1874. p. 601.
61

Essa percepção subjetiva na comunicação entre os juristas no século XIX é


possível de ser apreendida, ainda que com limitações, pela análise de conteúdo
aplicada aos textos do periódico O Direito. Pois, como escreve Wanderley Guilherme
dos Santos, prefaciando o livro de Eduardo Campos Coelho, “desafortunadamente
não sobrou vivalma do século XIX” 130. Considerando-se que a comunicação entre os
ausentes depende de um meio físico para sua difusão 131, hoje sendo remanescentes
dos anos mil oitocentos apenas os meios impressos, a pesquisa historiográfica deve
com eles se conformar.
Dentre as possíveis fontes tipicamente jurídicas, por assim dizer, estão livros,
periódicos, autos de processos, pareceres e repositórios de jurisprudência. Diante da
necessidade de escolha e recorte, e, por sua particular relação com o tempo, os
periódicos, conforme explica Petit 132, oferecem uma vantagem frente aos livros. No
século liberal, fazia-se necessário antecipar pontos de vista, oferecer notícia de
mudanças legislativas, responder às consultas de um modo mais dinâmico – dinâmico
em termos do século XIX, lembre-se. Outras fontes mencionadas, os livros
principalmente, parecem ser mais um instantâneo de uma determinada configuração
jurídica, do que expressão de um debate jurídico. Os autos de processos e os
repositórios de jurisprudência, por sua vez, aparentam ser mais um diálogo restrito
aos partícipes daquela relação jurídica e restritos à finitude intrínseca aos próprios
fatos concretos.
Além disso, os periódicos permitem que não se delimite ulteriormente os
autores, oferecendo um pool potencial de pesquisa maior que o dos livros 133.
Petit cita o jurista espanhol Joaquín Francisco Pacheco, pioneiro do
iusperiodismo, quando afirmava que revista era o espaço natural para a transformação
do método científico pelo ensaio e experimento. Opinião compartilhada por Savigny,
fundador da Escola Histórica, que afirmava que a literatura de uma nação não
permanece imóvel nem se apresenta unicamente em livros e autores isolados, mas é

130 COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio
de Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003.
131 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil

brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito


em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373.
132 PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado.

Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006), 255-338.
133 A Revista O Direito também foi usada como referência acerca de notícia da publicação de livros,

entretanto o volume e a variedade de autores que publicavam livros era muito inferior ao número de
articulistas da revista, o que confirmou essa suposição inicial para seleção da fonte primária de
pesquisa.
62

produzida e incentivada continuamente por toda a comunidade, inclusive com a


reação do público. O papel de intermediário entre autor e comunidade jurídica pode
muito bem então ser desempenhado pela revista, pois ela manifesta a comunidade de
ideias de seus autores e colaboradores, sua frequência é capaz de causar uma
impressão mais viva que os livros. 134
Posto que se se pretende encontrar na cultura jurídica o que efetivamente
circulava e tinha impacto na doutrina e na jurisprudência há que se voltar o olhar para
um espaço mais amplo que o interno de instituições como Conselho de Estado ou
Instituto dos Advogados. A imprensa então parece ser o meio adequado para o
desenvolvimento da pesquisa, suprindo a necessidade por publicidade e debate.

Em outras palavras, a revista não só se converteu no texto da nova época;


não só soube cobrir as necessidades de um ordenamento construído dia após
dia sobre as ruínas de um regime antigo. A revista foi também o instrumento
idealizado por juristas para elaborar um discurso comum em torno às normas
e outorgar-lhe assim a categoria de ciência. 135

Inverte-se assim a tradicional progressão dos trabalhos acadêmicos de


culminar em um estudo de caso. É o “estudo de caso” que fornecerá um panorama da
comunicação interpares permitindo a delimitação do grupo de juristas cuja doutrina
teve maior impacto e ressonância.
Mas qual a relevância das revistas jurídicas no século XIX? Em boa medida,
os precursores do estudo das revistas especializadas como fontes para a história
jurídica foram Paolo Grossi e Vitor Tau Anzoátegui na obra La revista jurídica en la
cultura contemporânea publicada em 1997. Da qual se extrai:

As revistas jurídicas são o nervo do sistema jurídico do século XX, tendo um


trabalho editorial geral no campo da ciência, das artes e letras. Permitem
tomar o pulso da vida do Direito. Reside nelas a liberdade que não possuem
os tradados e manuais. Nelas encontramos o passado, o presente e o futuro,
sejam obras frustradas sejam capítulos em futuras publicações (TAU
Anzoategui, 1997, 8).
Eles contêm a criação jurídica do jurista com independência do absolutismo
legal ou como nascimento do conhecimento jurídico. Nelas brotam novas

134 PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado.
Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 258.
135 “En otras palabras, la revista no solamente se convirtió en el texto de la nueva época; no sólo supo

cubrir las necesidades de un ordenamiento construido día tras día sobre las ruinas de un régimen
antiguo. La revista fue también el instrumento ideado por juristas para elaborar un discurso común en
torno a las normas y otorgarle así la categoría de ciencia” (PETIT, Carlos. Revistas españolas y
legislación extranjera. El hueco del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per la Storia del
Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 258). (tradução nossa).
63

disciplinas, em um rápido processo de especialização. Mostram o complexo


pensamento jurídico em diferentes níveis de expressão (Grossi, 1997, 24). 136

Entretanto, ainda uma década antes, Grossi já conduzia um trabalho de fôlego


sobre as publicações jurídicas na Itália, com a organização do volume 16 dos
Quaderni Fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno e na publicação
contemporânea de La Scienza Del Diritto Privato: Una rivista progetto nella Firenze di
fine secolo 1893-1896. Na apresentação dos Quaderni de 1987, Grossi responde de
forma excepcional à questão levantada anteriormente:

Uma Revista pode também ser um recipiente inócuo e insignificante de


material que se empilham em seu interno sem ordem ou elegância, mas deve
ao invés ser – e frequentemente o é – a intenção da comunidade sobre o
trabalho é comum, e, portanto, laboratório experimental e, portanto, o projeto
em ação. Como tal, como uma manifestação intensamente especular do jogo
de forças e do debate circulante em uma área disciplinar, a Revista é tema e
problema investigado a um tempo com atenção e abundância de pesquisas
em vários territórios culturais; se pode até constatar que tem sido
praticamente ignoradas pelos juristas. No entanto, estamos convencidos que,
ontem como hoje, ontem – sem dúvida – mais que hoje, isto constitui um dos
temas mais expressivos da cultura jurídica, que encontrou na publicística
periódica a oficina adequada para traçar uma programação e condicionar-se,
ao mesmo tempo, a alcançá-los. Mesmo nessa circunstância os juristas
revelam ser o que muito frequentemente são: os personagens distraídos e
péssimos administradores principalmente porque ignorantes da entidade e
relevância de sua herança cultural. 137

136 “Las revistas jurídicas son el nervio del orden jurídico del siglo XX, tienen una labor editorial
generalizada en el campo de las ciencias, las artes y las letras. Permite tomar el pulso a la vida del
Derecho. Reside en ellas la libertad que no poseen los tratados y los manuales. En ellas encontramos
el pasado, el presente y el futuro, sean obras frustradas sean capítulos de futuras publicaciones (TAU
ANZOÁTEGUI, 1997, 8). Ellas contienen la creación jurídica del jurista con independencia del
absolutismo legal o como nacimiento del conocimiento jurídico. En ellas se ve brotar nuevas disciplinas,
en un rápido proceso de especialización. Muestran el complejo del pensamiento jurídico en diferentes
niveles de expresión (GROSSI, 1997, 24)” (ANZOÁTEGUI, Víctor Tau. GROSSI, Paolo. La revista
jurídica en la cultura contemporánea, Buenos Aires, Ediciones Ciudad Argentina, 1997. Apud:
FRONTERA, Juan Carlos. El Desarrollo De La Filosofía Del Derecho Y Su Enseñanza A Través De La
Revista Jurídica Y De Ciencias Sociales (1884-1910). Revista Electrónica del Instituto de
Investigaciones "Ambrosio L. Gioja". Ano II, n. 2, 2008). (tradução nossa).
137 “Una Rivista può anche essere un contenitore innocuo e insignificante di materiali che si accatastano

al suo interno senza ordine e garbo, ma dovrebbe invece essere – e spesso lo è – collettività intenta
nel laboro comune, e pertanto laboratorio sperimentale, e pertanto progetto in azione. Come tale, come
manifestazione intensamente speculare del gioco di forze e del dibattito circolante in un’area
disciplinare, la Revista è tema e problema investigato da tempo con attenzione e dovizia d’indagini in
parecchi territorii culturali; si può anche constatare tuttavia che è stato pressoché ignorato dai giuristi.
Eppure, siamo convinti che, ieri como oggi, ieri – senza dubbio – più che oggi, questo costituisca uno
dei temi più espressivi della cultura giuridica, che ha trovato nella pubblicistica periodica l’officina
adeguada per tracciare disegni programmatici e cimentarsi, nello stesso tempo, a realizzarli. Anche in
questa circostanza i giuristi rivelano d’essere quel che tropo spesso sono: dei personaggi distratti e dei
pessimi amministratori del loro patrimonio culturale; pessimi amministratori soprattutto perché ignorante
della entità e rilevanza di quel patrimonio” (GROSSI, Paolo. Pagina Introduttiva. Quaderni Fiorentini
per la storia del pensiero giuridico moderno: Riviste giuridiche italiane (1865-1945), 8 v. 16 (Milão,
1987). p. 1-5. p. 1). (tradução nossa).
64

A liberdade proporcionada pelo meio periódico e a necessidade de soluções


eficazes para os problemas teóricos enfrentados pelos operadores do direito são
razões para a disseminação das revistas no século XIX, elas supriam – e se
propunham a suprir – carências de acesso à legislação atualizada e a bibliografia.
Assim, o que a revista como fonte é capaz de oferecer é o debate público e as relações
de reconhecimento mútuo entre os juristas.

Frequentemente – certamente não sempre, mas frequentemente – é uma


cultura local que aflora, sobretudo entre os Oitocentos e Novecentos, que,
[…] mostra claro os traços de uma inserção no debate cultural ampla, revela
sensibilidade de disponibilidade no “alargamento” do discurso da baixa corte
dos dispositivos técnicos ao mais amplo espeço dos problemas puramente
teóricos, às construções sistemáticas, a idealidade ideológica de opções
filosóficas que circulam na encruzilhada entre os dois séculos. É uma selva
esquecida de minúsculos “temas” e pequenos “foros” locais, todos
esquecidos sim, mas talvez não tudo esquecível; […] Como acontece em
certos sótãos esquecidos, acreditamos que não faltarão “surpresas”
gratificantes. 138

Grossi, ainda, em texto introdutório às atas do encontro realizado em Florença


em abril de 1983 acerca da Cultura das revistas jurídicas italianas139, afirma que a
revista é a peculiar expressão da ciência jurídica. O professor italiano 140 indica que a
revista deve ser entendida como um instrumento que supera os limites do técnico-
profissional e permite uma percepção do que é comum ao técnico-doutrinário e ao
técnico-prático na cultura jurídica em geral. A revista deve ser imaginada em uma

138 “Spesso – certamente non sempre, ma spesso - è una cultura locale che affiora, soprattutto a
cavaliere fra Ottocento e Novecento,[…] mostra chiare le tracce di un inserimento nel dibattito culturale
a largo raggio, rivela sensibilità e disponibilità nello ‘elargamento’ del discorso dalla bassa corte degli
accorgimenti tecnici al più ampio spazio dei problemi squisitamente teoretici, alle costruzioni
sistematiche, alle idealità ideologie opzioni filosofiche che circolano nell’affollato quadrivio fra i due
secoli. È una selva dimenticata di minuscole ‘Temi’ e piccoli ‘Fori’ locali, dimenticati sì tutti ma forse non
tutti dimenticabili; […] Come per certe dimenticate soffitte, crediamo che non mancherebbero ‘sorprese’
gratificanti” (GROSSI, Paolo. Pagina Introduttiva. Quaderni Fiorentini per la storia del pensiero
giuridico moderno: Riviste giuridiche italiane (1865-1945), 8 v. 16 (Milão, 1987). p. 1-5. p. 4). (tradução
livre).
139 Neste colóquio é proposta a interessantíssima questão acerca das revistas como formadores da

cultura jurídica ou apenas um meio de transmissão e fomento. GROSSI, Paolo. Chiarimenti preliminar.
In: La "cultura" delle riviste giuridiche italiane: Atti dell'incontro di studio. v. 13. Milão: Giuffrè, 1984.
140 “Intendiamo cioè assumere la Rivista come strumento che superi i termini limitati, anche se

pienamente legittimi, dell’adeguamento técnico-professionale; concepire la Rivista come inserita in una


costellazione di problemi, che possono ben trascendere quell’adeguamento fino a conseguire la
percezione di quell’universale che è la civiltà circostante; immaginare la Rivista in una dimensione
critica, né recettiva né passiva ma incisiva, non serbatoio di material put utilissimi, sibbene progetto e
programma; la Rivista insomma come tentativo di interpretazione dela realtà nella sua globalità e
complessità, sia pure in un linguaggio e com approcci tecnici proprii e peculiar, sia pure con una
angolazione che coglie quella realtà in certi suoi valori autonomi e irripetibili” (GROSSI, Paolo.
Chiarimenti preliminar. In: La "cultura" delle riviste giuridiche italiane: Atti dell'incontro di studio. v.
13. Milão: Giuffrè, 1984. p. 10).
65

dimensão crítica, nem receptiva, nem passiva, mas incisiva enquanto tentativa de
interpretação da realidade complexa seja pela de sua linguagem própria e peculiar ou
pela sua perspectiva que capta a realidade em certos valores autônomos.
Essa realidade, ao final do século XIX, era, por natureza, plural. A
efervescência causada pelo surgimento de nações soberanas, direito nacional,
legislador estatal, códigos, convivendo harmonicamente nessas décadas, indica um
processo maior do que uma mera coincidência cronológica, conforme explica Petit.
Para o autor, todos esses fatores foram estudados nas páginas das revistas jurídicas
e era em suas páginas que se elaboraram novos modos de expressão e de
pensamento que a nova ordem nacional exigia 141.
Sobretudo, o professor italiano explica que a revista se apresenta como uma
comunidade operante dedicada a um fim, sendo para ele o ambiente ideal para a
promoção cultural – ao menos enquanto seu arquétipo ideal142.

[…] próprio no aspecto de comunidade de juristas na experiência, laboratório


onde dimensão cientifica e dimensão prática devem harmonicamente sae
integrar – é o autêntico canal de vazão de um pensamento jurídico; um
pensamento que é perenemente percorrida por uma íntima tensão a
encarnar-se, a ordenar a experiência, a tornar-se história: que é feita de
princípios fundantes de natureza ética ou política, mas também e sobretudo
de vendas e doações, de testamentos e de promissórias, de servitudo predial
e de regulamentos de divisa, armadura técnica de episódios mínimos desta
ou daquela existência individual, mas base, suporte e condição para ulteriores
e gerais e maiores invencões téoricas; das quais produtos legítimos, ademais
dos filosóficos e especulativos, são professores, juízes, advogados, notários,
causídicos, todos operários de um trabalhoso processo que se inicia com um
murmúrio que se torna um “discurso”, onde a “ideia” toma forma nem pedaço
do cotidiano e tem-se as primeiras consolidações e as primeiras
verificações. 143

141 PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado.
Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006), 255-338.
142 GROSSI, Paolo. Chiarimenti preliminar. In: La "cultura" delle riviste giuridiche italiane: Atti

dell'incontro di studio. v. 13. Milão: Giuffrè, 1984. p. 10.


143 “[…] próprio nel su aspetto di comunità di giuristi imersa nell’esperienza, laboratorio dove dimensione

scientifica e dimensione pratica dobrebbero armonicamente integrarsi – è l’autentico canale di


scorrimento d’un pensiero giuridico; un pensiero che è perenemente percorso da una intima tensione a
incarnarsi, a ordinare esperienze, a diventare storia: che è fato sì di princippi fondanti di natura ética o
politica, ma anche e soppratutto di vendite e di donazioni, di testamenti e di cambiali, di servitù predial
e di regolamenti di confini, armature tecniche di episodi minimi di questa o quella esistenza individuale
ma base, suporto e condizione per ulteriori e generali e maggiori invenzioni teoriche; del quale produttori
legittimi, acanto ai filosofi e agli speculativi, sono legislatori, professori, giudici, avvocati, notai, causidici,
tutti operai d’un operoso contiere dove inizia il balbettio che poi diventerà ‘discorso’, dove le ‘idee’
prendono avvio nel crogiuolo del quotidiano e hanno le prime consolidazioni e le prime verifiche”
(GROSSI, Paolo. Chiarimenti preliminar. In: La "cultura" delle riviste giuridiche italiane: Atti
dell'incontro di studio. v. 13. Milão: Giuffrè, 1984. p. 16). (tradução nossa).
66

Para Grossi, investigar a revista é interrogar a identidade cultural enraizada


na experiência jurídica. Diante disse não parece exagerada a afirmação de Pasquale
Beneduce 144, ao pontuar o papel das revistas – no caso, da revista Archivio giuridicho
– como motor de multifacetada transição do jurista eloquente ao jurista universitário.
Beneduce afirma que as revistas, sobretudo em seu primeiro ano de publicação,
podem ser consideradas como um laboratório experimental no qual se testavam
denominações de recrutamento, inclusão e assujeitamento de forças, de
interlocutores e de problemas que acabam por entregar uma amostra do perfil da
publicação e dos personagens intelectuais que ali se expressavam 145.
Sobretudo, para Beneduce, a revista não é tanto uma nova prova da
identidade originária, estatutária e científica do jurista [italiano], mas é o lugar aberto
às mudanças, ao trânsito de ideias e à resistência inerentes às diferentes profissões
do jurista, e no qual se distinguem diferentes atores e trajetórias. Portanto, as revistas,
para uma pesquisa que busca mapear justamente os agentes dessa experiência, são
fontes mais palpáveis e também mais plurais desse cenário.
A revista jurídica é de singular relevância para o estudo tanto da esfera
subjetiva dos juristas que colaboravam com a publicação, quanto por possibilitar a
apreensão – sempre incompleta – do discurso jurídico.

Desta forma, o “Arquivo” às suas origens não só resume o modo de


organização e de inspiração cultural da velha "sociedade de discursos" –
academias e jornais forense – representativos de limitada subjetividade de
uma determinada classe e interesses profissionais, mas prenuncia com
clareza cada vez maior […] sua vocação revista nacional, de doutrinas e
disciplinas, endereçada a uma intercultura jurídica italiana e à unificação dos
seus principais grupos intelectuais. Ao mesmo tempo que faz o caminho da
imagem e da hegemonia de um novo jurista, professor universitário e
cientista, acadêmico e funcionário público que ocupa uma posição dominante
da cena nacional. 146

144 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:
Il Mulino, 1996. p. 44-45.
145 “La rivista - soprattutto nei primi anni della sua pubblicazione – può essere, considerata come un

laboratorio nel quale si sperimentava un opera esemplare di nominazione – cioè di reclutamento,


inclusione e assoggettamento – di forze, interlocutori e orizzonti di problemi che confluiranno in una
sorta di giacimento “originário" da cui la nuova scienza giuridica nazionale trarrà non pochi aspetti del
suo profilo e del suo personale intellettuale” (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente:
identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 45).
146 “In questo modo l' “Archivio” alle sue origini non solo ricapitola il modulo organizzativo e d'ispirazione

culturale delle antiche “società di discorsi” – le accademie e i giornali forensi – rappresentative di limitate
soggettività di ceto e di particolari interessi professionali, ma prefigura con sempre maggiore chiarezza
(…) la sua vocazione di revista nazionale, di dottrine e di discipline, indirizzata all'inter cultura giuridica
italiana e all'unificazione dei suoi maggiori gruppi intellettuali. Contemporaneamente infatti si fa strada
l'immagine e l'egemonia di un nuovo giurista, professore universitario e scienziato, studioso e
67

Como explica Armando Soares de Castro Formiga 147, a escrita e a cultura


foram espaços de afirmação do jurista brasileiro dos oitocentos que aproveitavam as
revistas especializadas como lugar de experimentação de projetos e ideias, mas
também de polemizar fatos, e, principalmente, completa Formiga, de revelar novos
personagens.
O mesmo autor relata que a primeira destas publicações de cunho jurídico-
jornalístico foi a Gazeta dos Tribunaes148 era publicada no Rio de Janeiro a partir de
10 de janeiro de 1843 com duas edições por semana até 1846. Seu escopo era dar
publicidade aos julgamentos publicando acórdãos, sentenças e despachos de
diferentes instâncias, replicar a parte do Jornal do Commercio referente à legislação
geral do Império, crônicas, notícias e avisos do fórum. Em seu número de inauguração
defendeu a necessidade da criação de uma associação de advogados, o que
aconteceria ainda no mesmo ano com a fundação do Instituto dos Advogados
Brasileiros 149.
O Instituto dos Advogados Brasileiros publicou a partir do ano de 1862 com
periodicidade trimestral a Revista do Instituto da Ordem dos Advogados Brazileiros 150.
Em seus próprios termos, “a Revista tem por fim a publicação pela imprensa de tudo
quanto for concernente ao Instituto”151, tendo sido, comparativamente às demais
revistas editadas até então, a mais robusta.

Os periódicos editados nas duas décadas seguintes ao número inaugural da


Gazeta dos Tribunaes, do ponto de vista editorial, apresentavam um
conteúdo acanhado, típico das gazetas. Respeitáveis revistas de caráter
doutrinal somente apareceriam nos idos de 1862, com o lançamento dos
primeiros números da Revista do Instituto da Ordem dos Advogados
Brasileiros, órgão oficial do Instituto dos Advogados Brasileiros (semente da

funzionario pubblico che occupa da posizione dominante la scena nazionale” (BENEDUCE, Pasquale.
Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 110).
(tradução nossa).
147 FORMIGA, Armando Soares de Castro. Periodismo jurídico no Brasil do século XIX. História do

direito em jornais e revistas. Curitiba: Juruá, 2010. p. 23.


148 Disponível em: <http://hemerotecadigital.bn.br/gazeta-dos-tribunaes-dos-juizos-e-factos-judiciaes-

do-foro-e-da-jurisprudencia/709492>. Acesso em: 2 de março de 2015.


149 FORMIGA, Armando Soares de Castro. O periodismo jurídico oitocentista na órbita das academias

brasileiras. Revista de Integração Universitária, v. 1. Palmas, Faculdade Católica do Tocantins, 2007,


p. 105-116.
150 Disponível em: <http://hemerotecadigital.bn.br/revista-do-instituto-da-ordem-dos-advogados-
brasileiros/324345>. Acesso em: 2 de março de 2015.
151 Artigo 5º do Programa da Revista publicado em seu primeiro número. Disponível em:

<http://memoria.bn.br/pdf/324345/per324345_1862_00001.pdf>. Acesso em: 2 de março de 2015.


68

OAB), e da Revista Jurídica, de José da Silva Costa e José Carlos


Rodrigues. 152

Em 1862 foi lançada sob direção de José da Silva Costa, à época estudante
do 5º ano da Faculdade de Direito de São Paulo e por José Carlos Rodrigues,
estudante do 3º ano da mesma faculdade, a Revista Jurídica: Doutrina Jurisprudência
e Bibliografia que trazia artigos, julgados e resenhas bibliográficas. Na
apresentação 153 do periódico, escrita por Ernesto Ferreira França, expõe que o
objetivo principal da publicação é superar as contradições notadas dos arestos aos
Tribunais derivadas, segundo o autor, do isolamento decorrente da amplitude do
território nacional.

No quadro político do Alto Segundo Reinado, jovens idealistas lançaram o


Manifesto Republicano e cobravam mais intensamente o fim da escravidão.
Nesta época, importantes publicações começaram a circular. Traziam, além
da doutrina, comentários às decisões jurisprudenciais e inseriam os diplomas
legislativos mais relevantes. Destacaram-se Gazeta Jurídica (1873) e O
Direito (1873). Ao todo, Formiga (2005) catalogou 52 periódicos jurídicos,
editados entre 1843 e 1900. Destes, 23 originam na órbita das Academias de
Direito. 154

Em janeiro de 1873, Carlos Frederico Marques Perdigão lança a Gazeta


Jurídica, que, em seu texto introdutório, defendia a necessidade de criação de uma
jurisprudência brasileira pela repercussão dos julgamentos do Supremo – sem
defender propriamente a correção das decisões, mas de forma a evitar as constantes
consultas e recursos.
Também em 1873, era publicada a Revista O Direito: Revista Mensal de
Legislação, Doutrina e Jurisprudência, fundada por João José do Monte Júnior, da
qual se tratará adiante.

152 FORMIGA, Armando Soares de Castro. O periodismo jurídico oitocentista na órbita das academias
brasileiras. Revista de Integração Universitária, v. 1. Palmas, Faculdade Católica do Tocantins, 2007.
p. 108.
153 FRANÇA, Ernesto Ferreira. A Revista Jurídica. Revista Jurídica: Doutrina Jurisprudência e

Bibliografia. N. 1. Volume 1. São Paulo, 1862. Disponível em: < http://goo.gl/0mBHuz>. Acesso em: 2
de março de 2015.
154 FORMIGA, Armando Soares de Castro. O periodismo jurídico oitocentista na órbita das academias

brasileiras. Revista de Integração Universitária, v. 1. Palmas, Faculdade Católica do Tocantins, 2007,


p. 108.
69

2.3 A CENTRALIDADE DA REVISTA O DIREITO NO PERIODISMO JURÍDICO


BRASILEIRO

Felizmente o século XIX brasileiro é razoavelmente profícuo de fontes escritas


preservadas. Entretanto, sendo o objetivo da pesquisa uma visão panorâmica dos
formadores da cultura jurídica brasileira nesse período, a fonte deveria ser abrangente
tanto no sentido de juristas como no período histórico. Outras pesquisas já
desenvolvidas com a Revista O Direito chamaram a atenção para seu estudo como
fonte primária. A revista cobre um período significativo da segunda metade do século
XIX tendo sido publicada a partir de julho de 1873 até 1913. Seu acervo completo hoje
encontra-se integralmente digitalizado disponível na biblioteca digital do Supremo
Tribunal Federal. Um primeiro olhar sobre o material permitiu considerá-lo amplo o
suficiente em número de autores acadêmicos ou de fora da academia, magistrados e
advogados etc., variado o bastante em temas, abrangente quanto ao período, além
de ter sido publicada com regularidade.
Ao contrário da maioria das publicações mencionadas, O Direito não teve
interrupções nem drásticas mudanças em seu formato. Além disso, no período
estudado manteve seu quadro de redatores e editores, o que oferece um parâmetro
de estabilidade para desenvolver a análise que aqui se pretende. Outra vantagem é o
fato d’O Direito pertencer a um particular, João José do Monte Júnior, e não a uma
instituição. Aponta-se como vantagem pois entende-se que em sendo uma publicação
privada, independente de qualquer vínculo institucional, o universo de articulistas e
julgados tende a ser maior. A revista publicada pelo IAB em seu primeiro editorial
expunha o escopo de publicar somente artigos de seus afiliados.
Outra característica da revista que deve ser destacada para os fins dessa
pesquisa é que se trata de um material técnico-jurídico. Os temas são em maioria
discussões teóricas acerca da interpretação de leis ou regulamentos ou de institutos
jurídicos. Uma minoria de textos revela o debate sobre casos concretos ou críticas à
jurisprudência contemporânea.
Em contrapartida, poderia se alegar que, em sendo uma publicação de
propriedade particular de João José do Monte Júnior, teriam preferência as opiniões
e posições doutrinárias que lhe interessassem. Entretanto, ao que indica a nota do
proprietário da Revista transcrita abaixo, em artigo acerca do que ficou conhecido
70

como a Questão Religiosa 155, não havia qualquer óbice em publicar posições
contrárias à sua.

Para evitar equívocos, cumpre-nos declarar que a redação do Direito não tem
responsabilidade ou solidariedade alguma nos artigos ou críticas assignadas
por qualquer dos membros da redacção. Cada um responde pelo que escreve
e assigna, e não a redacção.
Ao inverso das publicações políticas, que precisão de que haja
homogeneidade de ideias entre seus redactores, uma Revista jurídica deve
ser um campo neutro em que se discutão com isenção todas as theses no
interesse da sciencia e da jurisprudência.
No templo da sciencia do direito podem ser sacerdotes maçons,
ultramontanos, liberaes, conservadores e republicanos. Para que tirar-lhe
esta majestosa tolerancia, a que devemos o aperfeiçoamento das leis?
Fica, pois, entendido que pelos artigos do “Direito” responde só quem os
assigna, e que esta Revista é um porto aberto a todos, menos aos piratas.
Monte Junior. 156

José Reinaldo de Lima Lopes corrobora a afirmação da escassez de revistas


especializadas até o início da década de 1870, “não havia publicação regular e estável
de periódico jurídico relevante no Brasil. As leis eram publicadas remetendo-se cópias
para as câmaras, guardado original na Coleção de Leis. As câmaras ficavam
encarregadas de dar publicidade. A jurisprudência é limitada”157. Prossegue o autor:

De forma continuada, particular e não oficialmente, publica-se O Direito a


partir de 1873. Contém legislação, doutrina e jurisprudência e seus editores
são magistrados, um advogado do Conselho de Estado e um advogado. Sua
apresentação, porém, é muito cautelosa e representativa do pensamento da
época: a jurisprudência não pode usurpar o papel da lei, como no Antigo
Regime havia frequentemente acontecido. 158

Nesse ponto, João José do Monte Júnior, expõe na introdução do primeiro


volume da revista que a publicação não seria restrita à divulgação de julgados, mas
também à sua crítica:

Como exemplos bons de serem imitados, e não como leis, as quais


absolutamente se deva obedecer, faremos publicar os julgados de nossos
tribunais; não só aqueles que pela justiça de suas decisões fazem conhecer

155 Forma como ficou conhecido o episódio que resultou no processo dos bispos s, Dom Vital e Dom

Macedo Costa, por aplicarem ordenações papais não aprovadas pelo governo e desobedecerem ordem
imperial direta em sentido contrário. A questão, obviamente, foi parte de um processo do agravamento
dos conflitos e animosidades envolvendo a Igreja, a maçonaria e o Estado com antecedentes e
repercussões que excedem os limites desse texto.
156 O Direito. v. 3, 1874, p. 607.
157 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3. ed. São Paulo: Atlas,

2008. p. 310.
158 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3. ed. São Paulo: Atlas,

2008. p. 310.
71

a sabedoria de seus autores, demonstram escrupulosa aplicação das leis aos


casos ocorrentes, estabelecem e firmam a jurisprudência, senão também os
que, não sendo dignos de serem imitados, por lhes faltarem esses requisitos,
mereceram a justa e severa crítica, de que os faremos acompanhar.
Finalmente procuraremos em artigos de doutrina formar a verdadeira
inteligência das decisões dos tribunais e das leis, e far-lhes-emos sensata
crítica, condição para o aperfeiçoamento delas. 159

Haroldo Valladão entende que a Revista O Direito constitui-se na revista


jurídica mais relevante do século XIX 160. A publicação também foi referência para os
trabalhos de Sérgio Said Staut Júnior 161 e Breezy Miyazato Vizeu 162, dentre tantas
outras teses acadêmicas.
Assim, pelo impacto que teve a revista em seu tempo e pela diversidade de
conteúdo que reproduzia, além de elementos práticos como a continuidade e
regularidade de sua publicação, crê-se que a Revista O Direito é um espaço
suficientemente aberto no qual hoje é possível identificar e reconstruir – ainda que
com alguma artificialidade-, os diálogos e referências da geração de juristas que se
propõe a investigar. Petit explica que “as revistas eram uma magna coleção
documental de atos verbais e escritos apoiados diretamente em uma compreensão
oratória da expressão intelectual”, o autor ainda dá exemplos como um dirigente fiscal
que emite um informe no qual “diz” isto ou aquilo; o discurso inaugural de um
estabelecimento literário ou um discurso jurídico diante das diferentes Academia, o
juramento, uma tese que refuta algo escrito na imprensa etc. 163

159 O Direito. v. 1, ano I, p. 2.


160 VALLADÃO, Haroldo. História do direito especialmente do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1973, p. 88. Apud. STAUT JÚNIOR, Sérgio Said. A posse no direito brasileiro da segunda
metade do século XIX ao Código Civil de 1916. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná,
Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2009.
161 STAUT JÚNIOR, Sérgio Said. A posse no direito brasileiro da segunda metade do século XIX

ao Código Civil de 1916. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências
Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2009.
162 FERREIRA, Breezy Miyazato Vizeu. O direito matrimonial na segunda metade do século XIX:

uma análise histórico-jurídica. 2008. 138f. Dissertaçao (mestrado) - Universidade Federal do Paraná,
Setor de Ciencias Jurídicas, Programa de Pós-Graduaçao em Direito. Curitiba, 2008.
163 “Las revistas eran una magna colección documental de actos verbales y de escritos apoyados muy

directamente en un entendimiento oratorio de la expresión intelectual. Abramos en efecto un volumen


cualquiera. ¿Y qué tenemos? Por ejemplo, documentos judiciales varios, según los cuales un diligente
fiscal emite informe y "dice" esto y lo otro (37-39, 151-152, 389- 390, 397-398, etcétera); una nota
laudatoria de Cirilo Álvarez, nuevo presidente del Tribunal Supremo (quien, aún muy joven, dados sus
"grandes conocimientos... en la ciencia del Derecho, y su afición à la literatura" se dedicó "desde luego
al ejercicio de la profesión de Abogado, que le proporciono el dar a conocer sus grandes dotes oratorias
y su capacidad para vencer toda clase de dificultades prácticas", 88-96, p. 91); el discurso inaugural de
un establecimiento literario (con el argumento, apropiadísimo, de la "Influencia del idioma sobre la
legalidad y de esta sobre aquel", 215- 231); otro discurso jurídico, ahora ante la Academia matritense
de Jurisprudencia, sobre una candente materia de derecho eclesiástico (422-441); un escrito doctrinal,
breve de una página, sobre un punto de la ley Orgánica del Poder Judicial (448), a los que podemos
sumar otros similares, no mucho más extensos (por ejemplo, "Juramento", 410-413); la revisión de las
72

Além disso, o periódico fornece um limite temporal preciso, do ano de sua


fundação 1873 até o final do Império em 1889. Sendo possível reconstruir o cenário
intelectual desta data até a Proclamação da República, pesquisas futuras poderão dar
continuidade ao trabalho nas primeiras décadas da Primeira República.
Além do proprietário da revista, João José do Monte Junior, formavam o grupo
de redatores d’O Direito: os Conselheiros Francisco Balthazar da Silveira, Antonio
Joaquim Ribas e Joaquim Saldanha Marinho e os Desembargadores Tristão Alencar
Araripe e Olegário Herculano de Aquino e Castro.
O proprietário João José do Monte Junior nasceu em 1843, no Sergipe, e
formou-se em 1864, no Recife. “Iniciou a carreira como advogado em Santa Maria
Madalena, na província do Rio de Janeiro, onde se destacou como renomado
causídico e onde também parece ter feito fortuna”164. A fundação da revista parece
estar relacionada aos recursos de Monte Júnior e a convivência com Saldanha
Marinho, com quem passou a trabalhar em 1873, quando passou a viver no Rio de
Janeiro.

Entre o afã do jovem advogado recém-chegado do interior e com certo capital,


de brilhar no foro da Corte, e a astúcia da velha raposa da política e do direito
[…] tudo indica que a ideia de fazer do novato o proprietário da revista foi
parte de uma grande estratégia para que o periódico fosse depois aparelhado
pelos companheiros de redação mais calejados e descontentes com a política
imperial. 165

Dentre os demais, portanto, o mais conhecido foi Joaquim Saldanha Marinho.


Nascido em Olinda em 1816, filho do Capitão de Artilharia Pantaleão Ferreira dos
Santos, uma das primeiras vítimas da Revolução Pernambucana de 1817. Bacharel
em direito pela Faculdade do Recife em 1836, exerceu a magistratura
ininterruptamente pelos doze anos seguintes. Foi deputado provincial por três

tesis mantenidas en una lección doctoral de derecho penal, mediante unas pocas páginas (370-378)
así inspiradas por dicha actuación oral precedente; una de esas lecciones, ahora sobre la sucesión por
causa de muerte (343- 363); la polémica literaria con un orador académico, cuya tesis se refuta en una
suerte de diálogo servido por la imprenta […]” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el Discurso: oralidad y
escritura en la cultura jurídica de la España liberal. Huelva: Universidad de Huelva, 2000. p. 129).
164 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política

no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de


Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009. p. 78.
165 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e

Política no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais.


Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009.
p. 78.
73

legislaturas consecutivas até a dissolução da Câmara em razão do desfecho da


Revolução Praieira no Recife em 1848.

Sendo um dos maiores nomes daquela geração, jornalista, líder republicano,


ex-presidente de província, presidente interino do IAB e Grão-Mestre da
Maçonaria, tinha uma especial vocação para reunir as pessoas em torno de
si. No testemunho de Joaquim Nabuco, “Saldanha Marinho viera da
imprensa, tinha a familiaridade, o caráter comunicativo da profissão”. E foi
com este carisma especial que o distinguia, mas também dotado de grande
cálculo político […]. 166

Saldanha Marinho foi declaradamente republicano, inclusive, o título de


Conselheiro pode ter sido uma maneira de isolá-lo da corte onde exercia frontal
oposição ao regime monárquico 167. Saldanha Marinho também foi o primeiro
signatário e um dos autores do Manifesto Republicano, publicado no primeiro volume
do jornal A República em 3 de dezembro de 1870.
Para o jurista, a monarquia era ilegítima desde a origem – desde a dissolução
da Constituinte de 1823 168. Essa ideia é articulada no panfleto O Rei e o Partido
Liberal, escrito em 1869, no qual o autor critica a tolerância do Partido Liberal com a
monarquia. Destaca-se que:

Datado de 30 de junho de 1969, O Rei e o Partido Liberal foi imediatamente


refutado num folheto escrito pelo jovem conservador Tristão Alencar Araripe,
intitulado Ligeira Análise do Folheto publicado na Corte sob o Título: O Rei e
o Partido Liberal. Nele, Araripe sustentava que a monarquia havia
assegurado a unidade do Império contra as ameaças de desmembramento
do território e que o poder moderador era indispensável à preservação do
território, da pátria e da segurança individual. A contestação levou Saldanha
marinho a escrever como tréplica outro folheto, datado de 15 de agosto do
mesmo ano. 169

A despeito da disputa no plano intelectual e da defesa de ideais


diametralmente opostos, Saldanha Marinho e Tristão Alencar Araripe participaram do

166 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e
Política no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais.
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009.
p. 67.
167 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e

Política no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais.


Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009.
p. 75.
168 LYNCH, Christian. Joaquim Saldanha Marinho, 1816-1895: O Rei e o Partido Liberal, 1869. In:

PRADO, Maria Emília (org.). Obras políticas do Brasil Imperial: Dicionário do Pensamento Brasileiro.
1ed. Rio de Janeiro: Revan, 2012, v. 1, p. 133-139.
169 LYNCH, Christian. Joaquim Saldanha Marinho, 1816-1895: O Rei e o Partido Liberal, 1869. In:

PRADO, Maria Emília (org.). Obras políticas do Brasil Imperial: Dicionário do Pensamento Brasileiro.
1ed. Rio de Janeiro: Revan, 2012, v. 1, p. 133-139. p. 138.
74

conselho editorial da revista durante todo o período estudado. Talvez essa


convivência, não seja apesar da distância ideológica, mas devida a ela, o que reforça
o caráter agregador identificado na revista quando a sua seleção como fonte primária
para o trabalho.
“Tristão Alencar Araripe nasceu em Icó, na província do Ceará, no dia 7 de
outubro de 1821, filho de Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, herói da
Confederação do Equador que presidiu à República que daí resultou, e Dona Ana
Tristão Araripe” 170. Apesar disso, sua carreira política foi construída no Partido
Conservador – outra demonstração de que uma leitura meramente antagônica entre
os partidos do Império é por demais insuficiente. Formou-se em São Paulo em 1845.
Foi deputado provincial e magistrado, ascendendo a desembargador do Tribunal da
Relação da Bahia em 1870 e em São Paulo quatro anos mais tarde. Em 1875, foi para
a corte. Sendo nomeado Ministro do Supremo Tribunal de Justiça em 1886. Na
República, ocupou a cadeira de Ministro do Supremo Tribunal Federal em 1890, e
ministro das Relações Exteriores e da Fazenda em 1891. Foi sócio e presidente do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
A contribuição de Antônio Joaquim Ribas na revista parece ser resultado de
sua extensa rede de relacionamentos em São Paulo. Recebendo ali o grau de
bacharel em 1839 e no ano seguinte, o de doutor. Na mesma faculdade foi professor
das cadeiras de economia política, direito administrativo, direito público, direito civil e
direito eclesiástico. Em 1860 foi nomeado catedrático de direito civil, análise e
comparação do direito romano. Dentre seus amigos e alunos estavam “Rio Branco,
Ferreira de Menezes, José Carlos Rodrigues, Prudente de Morais, Campos Sales,
Teófilo Otoni, Rangel Pestana, Cândido de Oliveira, Martinho Prado, Tavares Bastos,
Cesário Alvim, Fagundes Varela, Rodrigo Lobato, Diogo de Vasconcelos, Bernardino
de Campos, Pacheco Chaves, Levindo Lopes, Virgílio de Melo Franco, Miguel de
Godoy Moreira e Costa e Carlos Afonso de Assis Figueiredo. A extensa rede de
sociabilidade de Ribas nos dá bem a conta da sua influência no meio intelectual e
político do Império” 171.

170 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política
no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de
Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009. p. 59-60.
171 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política

no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de


Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009. p. 89-90.
75

Outro membro da redação de O Direito intimamente ligado à “Questão


Religiosa” foi o Conselheiro Francisco Balthazar da Silveira, enquanto procurador da
coroa, o autor da denúncia dos bispos Dom Vital e Dom Macedo na “Questão
Religiosa”. Balthazar da Silveira nasceu na Bahia, em 1827. Foi o único dos redatores
da revista que estudou em Coimbra – onde cursou os quatro primeiros anos,
concluindo os estudos em São Paulo em 1832. Foi magistrado, chegando a Relação
da Corte em 1863. Aposentou-se em 1886, então como Ministro do Supremo Tribunal
de Justiça.

Como se pode notar, a “Questão Religiosa” não só pegou em cheio o


surgimento da revista O Direito como a ela deu causa, estendendo-se ao
longo dos cinco anos seguintes, desdobrando-se em diversas outras
vertentes da separação entre o Estado e a Igreja, seja na liberdade de
expressão, do ensino, de culto, enfim, tudo sendo objeto de debate dentro do
periódico. 172

Entretanto, embora tenha surgido em meio à polêmica “Questão Religiosa” a


revista não se limitava a ela e, mais importante evidência é a de que a publicação
perdurou, sobrevivendo não só aos embates políticos mas ao fim do Império e ao
período militar da Primeira República, o que, em uma primeira aproximação parece
revelar seu caráter plural no campo das ideias e utilitarista como importante fonte
jurisprudencial e legislativa da época.
Francisco Balthazar da Silveira faleceu em fevereiro de 1887, na edição deste
mês foi colocada aparentemente após a impressão do volume, nota de página toda
com os seguintes dizeres: “A Redacção d'O Direito pranteia a morte do seo preclaro
collega o Exm. Sr. Conselheiro D. Francisco Balthazar da Silveira, magistrado emerito
e cidadão eminente por suas não vulgares virtudes cívicas e privadas”. Nos volumes
seguintes, eram identificados apenas os demais cinco redatores.
Por fim, Olegário Herculano Aquino e Castro nasceu em São Paulo em 1820.
Bacharel pela Faculdade do Largo de São Francisco em 1848, doutorando-se no ano
seguinte. Foi magistrado, promotor de justiça e chefe de polícia, antes de ascender
ao cargo de desembargador da Relação da Corte em 1875. Em 1886 foi nomeado
Ministro do Superior Tribunal Federal, com um breve interlúdio entre julho e dezembro
de 1889, quando foi nomeado Conselheiro de Estado extraordinário, e diante da

172RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política
no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de
Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009. p. 91.
76

incompatibilidade entre os cargos, foi aposentado. Havendo cessado as razões da


aposentadoria, retornou ao posto de Ministro. Assim como Tristão Alencar também foi
membro e presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 173.

2.3.1 Inflexões metodológicas: dos procedimentos de pesquisa na Revista O


Direito

Os artigos da Revista O Direito oferecem certas vantagens frente a outras


fontes possíveis e igualmente válidas. Em primeiro lugar, uma maior variedade de
temas e autores. Interessa extrair dos textos o que eles podem transmitir ao invés de
localizar nos textos indícios e pistas que possam interessar ao historiador acerca de
um tema específico. Sem entrar nos meandros do extenso debate historiográfico
sobre a dicotomia objetividade e subjetividade do pesquisador, o método de
aproximação ao discurso foi o da análise de conteúdo, declaradamente, à sombra do
trabalho feito por Antonio Manoel Hespanha 174.

É justamente esta percepção subjetiva que deve ser hoje controlada por
processos que, com todos os défices que possam ter, nos informem sobre o
que os próprios textos, eles mesmos, nos transmitem. Um destes métodos é
o da análise de conteúdo que, tomando o próprio texto e prescindindo das
intenções dos autores ou dos enviesamentos da leitura, extrai a informação
bruta que o texto nos pode dar. 175

Entretanto, as fontes também devem ser exploradas apenas na extensão de


seus limites. Portanto, seguindo a mesma proposta, conforme explica Hespanha 176
sobre o método, a análise de conteúdo se apresenta eficiente quando há a
necessidade de busca de informação relevante em corpos textuais massivos. Ainda
que com limitação, o método pode oferecer uma forma de se responder uma

173 RAMOS, Henrique Cesar Monteiro Barahona. A Revista “O Direito” – Periodismo Jurídico e Política
no final do Império do Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais. Programa de
Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2009. p. 56.
174 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010.
175 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 110.
176 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 11.
77

importante questão de pesquisa, nos termos colocados pelo próprio autor, a questão
de saber qual era o direito efetivamente aplicado. Quais eram os atores sociais
envolvido efetivamente no debate jurídico do século XIX e o que efetivamente
circulava e fomentava seu discurso?
Para o presente estudo foram considerados todos os volumes disponíveis 177
publicados entre 1873 e 1889. A revista, que a partir do sexto volume alterou o
subtítulo para O Direito: revista mensal de legislação, doutrina e jurisprudência,
dividia-se em quatro partes: Doutrina, Jurisprudência, Legislação e Bibliografia.
Eventualmente eram publicadas outras sessões como Variedades, na qual eram
lançados dados sociais e institucionais, por exemplo os nomes de todos os bacharéis
por São Paulo até então.
A parte de Doutrina sempre trazia um ou mais artigos com tema variado. Com
a pesquisa foi possível comprovar a variedade temática a que se propunha a revista.
A classificação dos temas levada a cabo no Apêndice 1 foi feita com base na leitura
superficial dos textos, buscando-se a mais geral possível. Assim que sucessões,
direitos reais e divórcio, por exemplo, foram incluídos sob o ramo do Direito Civil.
Artigos acerca de regimentos de custas, competências de escriturários, formas de
organização do poder judiciário, por sua vez, foram colocadas sob o rótulo
Administração da Justiça. Artigos destinados à crítica contemporânea, à magistratura
enquanto corpo social e à jurisprudência foram assim classificados.
A classificação não se destina a determinar qual dos ramos do direito era mais
difundido ou fomentava mais questões dos doutrinadores, mas permite uma
aproximação às principais problemáticas dos juristas. Quais eram as questões que os
moviam? Economia ou Direito Canônico ou Natural tinham presença menor que
preocupações acerca dos direitos sucessórios de órfãos, para citar um exemplo
bastante recorrente. Ainda nessa seara é importante lembrar que se tratava de uma
publicação técnica, destinada a ser material de consulta para juristas e para
advogados e não advogados que operavam o sistema judicial178. A “utilidade” da

177 Apenas o volume 2 não foi localizado, entretanto, o volume 1 contempla todos os números de 1873
e os volumes 3, 4 e 5 os números de 1874, assim que a ausência do volume 2 pode ser reflexo da
mudança de organização da publicação no decorrer de sua existência.
178 Semelhante ao Archivio giuridico italiano, estudado por Pasquale Beneduce: “L’Archivio giuridico’

presenta ai suoi esordi un atteggiamento inclusivo e pragmatico indirizzato verso il mondo italiano degli
avvocati e dei magistrati del foro e nei confronti dei modelli a cui quest'ultimo fa ancora riferimento, in
primo luogo la cultu ra francese e le sue maggiori riviste a contenuto misto. I contatti dell'«Archivio» con
i giuristi pratici delle varie città italiane intendono infatti assicurare al periodico, oltre a un numero
consistente di collaboratori e lettori, anche un costante alimento finanziario e ideale” (BENEDUCE,
78

revista estava em levar a preço acessível – em relação aos livros – o repertório


atualizado da jurisprudência no país e os textos legislativos atualizados. Os artigos
doutrinários, por assim dizer, eram uma informação extra, uma amostra do
pensamento dos “grandes juristas da época” e uma vitrine de projeção para aqueles
menos conhecidos.
Além do exposto, faz-se a ressalva de que a classificação foi discricionária e
pretendeu, neste aspecto, manter-se simples, não considerando o quão especializado
e autônomo se encontrava cada uma das disciplinas ou ramos do direito, como
Eleitoral e Tributário por exemplo, assumidamente é uma classificação artificial.
Entretanto, não foram inseridos termos anacrônicos, ainda que alguns ramos só
viessem a adquirir sua especificidade posteriormente, a exemplo do direito eleitoral
enquanto disciplina autônoma, preocupações acerca do direito aplicado às eleições
utilizavam esse termo, o qual foi mantido.

Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p.
58).
79

Dessa feita, portanto, os resultados mostram relativa paridade entre direito


público e direito privado. A maior parte dos artigos trata de temas de direito civil,
comercial ou direito criminal.
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0

Administrativo Canônico Civil


Comercial Constitucional Crítica à jurisprudência
Crítica à magistratura Crítica contemporânea Direito de resistência
Direito natural Discurso Economia
Eleitoral Hermenêutica Internacional
Criminal Processo civil Processo criminal
Teoria do Estado Tributário

Figura 1: Temas dos artigos de doutrina da Revista O Direito (volume 1 a 50).

A seção de Jurisprudência é dividida em Jurisdição Civil, Criminal e


Comercial, possui julgados de diversos Tribunais da Relação e do Supremo Tribunal
de Justiça. A parte de Legislação reproduz as leis publicadas naquele ano, decretos
resoluções de consulta ao Conselho de Estado, atas de órgãos oficiais e avisos do
governo. Foi idealizada para suprir “com vantagem a colação das leis, pois que será
acompanhada de um índice remissivo e individuado, que facilitará a consulta”179. A
última parte, Bibliografia, contemplava os livros que haviam sido enviados à redação
da revista, resenhas breves sobre obras recentes, mas não era publicada em todos
os volumes.

179
O Direito. v. 1, 1873, p. 2.
80

A paginação é sequencial compreendendo todo o volume, assim como o


índice temático, que é único para cada volume. Também a partir do sexto volume em
1875, em cada volume eram publicados quatro números mensais organizados sob um
único índice. Cada volume possui aproximadamente entre seiscentas e novecentas
páginas.
Esse material oferece como fonte primária 180, uma seleção de juristas, tanto
aqueles que se dedicavam a escrever breves artigos de doutrina e os remetiam para
publicação, quanto aqueles que eram convidados a escrever na Revista, como foi o
caso de Teixeira de Freitas.
A execução do trabalho, integralmente disponibilizada nos anexos do
trabalho, deu-se da seguinte forma:
(a) Primeiramente foram elencados todos os articulistas, com o
correspondente título – quando havia 181 – do artigo de doutrina,
referenciando volume, número e ano da correspondente revista. Apesar
da principal finalidade ser a localização dos artigos, com esses dados
também será possível observar volumes e consequentemente períodos
com maior ou menor publicação ou a concentração de temas.
(b) Ademais, foi indicado o principal conteúdo do texto. Se de cunho teórico,
a qual ramos do direito se ocupava principalmente, crítica à legislação ou
à jurisprudência, eventual publicação de discursos proferidos e consultas.

180 A sugestão de tal metodologia foi afortunadamente feita pelo professor António Manuel Hespanha
e que fora também objeto de uma das sessões de seu curso em Curitiba no ano de 2013, do material
de apoio utilizado nas aulas se extrai: “A análise de conteúdo é um método largamente usado de
tratamento – hoje frequentemente automatizado – da informação. O seu objectivo é o de, por meios
tendencialmente objectivos, captar os sentidos dos textos - incluindo as suas dimensões performativas
e as suas relações com o ambiente cultural em que são produzidos - utilizando elementos do próprio
texto. Pode revestir várias modalidades, desde as mais simples (contagem das ocorrências – ou co-
ocorrências - de certas palavras) a análises mais complicadas, como a da descoberta de estruturas de
argumentação ou organização textual” (HESPANHA, António Manuel. Breve Nota Introdutória à
Análise do Discurso Jurídico. Disponível em: <https://goo.gl/XZ8OVq”>. Acesso em 3 de março de
2015). Além disso também devem ser consideradas as limitações da análise de conteúdo, a simples
contagem da ocorrência de certos termos informa muito menos do que sua contextualização e que sua
análise combinada (HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e
brasileira do século XIX: Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del
pensiero giuridico moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 109-151).
181 Interessante observar que muitos artigos principalmente nos primeiros anos da revista não eram

intitulados. Por vezes os autores enumeravam as principais teses que pretendiam abordar em alguns
pares de tópicos. Nos resultados da pesquisa, esse pequeno texto foi apresentado à guisa de título
para identificação do texto. Essa estética era encontrada em outros textos, citando Hespanha o curioso
caso do livro de Jean Guillaume: Esprit du Code Napoléon, tiré de la discussion, ou, Conférence
historique, analytique et raisonnée du projet de Code civil, des observations des tribunaux, des procès-
verbaux du Conseil d'état, des observations du tribunat, des exposés de motifs, des rapports et discours,
&c, &c.
81

Estas consistiam em um breve resumo de caso e um questionamento


acerca da lei aplicável e possível solução. Obviamente, os textos são
multifacetados, a classificação foi implementada para facilitar a
identificação dos textos e um possível caráter geral da revista analisada –
se mais opinativo ou teórico.
(c) Em terceiro lugar foram relacionadas todas as citações 182 feitas pelos
articulistas em seu texto. Essa seleção, não existindo forma automática de
execução, foi feita “manualmente” pela leitura dos textos selecionados.
Nesse trabalho foi possível observar a inexistência de um padrão para
citações, sendo estas em geral alusões a autores e obras de renome, que
contextualizadas à época dispensavam maiores referências.
Diferentemente do que fez Hespanha 183, a intenção é mapear todas as
citações para desvendar quais as autoridades que circulavam no período,
portanto, desde logo os resultados devem ser interpretados como aqueles
autores que eram lidos ou com os quais os articulistas tiveram contato, não
aqueles que eram necessariamente mais aceitos pela doutrina.
Ainda quanto às citações, elas foram divididas discricionariamente para expor
melhor as nuances de cada texto, em especial, trabalhando-se com centenas de
citações, estas foram divididas em diretas, indiretas, referências e menções. Como
citação direta foram selecionadas as citações que indicassem transcrição literal entre
aspas, sendo indiferente a referência bibliográfica completa com obra e página. Foram
consideradas citações indiretas aquelas que indicassem paráfrase de outros textos,
em geral, acompanhadas de verbos como afirmar, explicar, entender conjugados na
terceira pessoa do singular, por exemplo, "O S. senador Candido Mendes entende

182 “Desde la perspectiva del colaborador que las realiza, las notas de bibliografía documentan um
interesante momento profesional que conjura vínculos, refuerza o relaja contatos, asegura la
distribución de libros, difunde modelos, estimula la práctica del comentário recíproco… En uma palabra,
la vía para renovar um meritorio, mas envejecido, periódico también es el médio de formar una
comunidad de disciplina y, en fin, de realizar el diseño ‘científico’ del saber jurídico en un ámbito
dominado hasta entonces por el ‘modelo forense’ descrito más arriba” (PETIT, Carlos. Revistas
españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per la Storia
del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006), 255-338. p. 315).
183 O professor português, no texto citado, trabalha com as fontes citadas de “propósito”, pois lhe

interessa relacionar as fontes utilizadas enquanto “razões de decidir”, já que por vezes não citadas
autoridades rejeitadas ou leis revogadas ou razões divergentes do autor do texto, mas também
possíveis. (HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do
século XIX: Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero
giuridico moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 109-151).
82

que, em razão da facilidade que se procura dar às transações, o rigor do antigo direito
se tem modificado" 184.
A classificação em referência foi utilizada quando o articulista apenas indicava
outras referências sobre o tema, sem paráfrase ou sem discorrer sobre a fontes
especificamente. Como exemplo, a nota 2 do texto de Francisco Peixoto de Lacerda
Werneck: “(2) Ord., liv. 4°, tit. 19, princ. - Teixeira de Freitas, Consolidação das Leis
Civis, art. 366 e nota; Mourlon, Répétition sur le Cod. (mesmo § ns. 1035 w 1482;
Laurent, Cours de Droit Civil, ns. 468, e neste Merlin, Repertoire, vb. Loi, § 6°, n. 7;
vb. Nullité, § 1º, n. 5”185. Por fim, ainda foram diferenciadas as meras menções ou
alusões a obras, autores, autoridades ou pensadores. Nessa categoria incluíram-se
citações simples, como exemplo: "Não podemos, porém, deixar de reconhecer que,
se esta é a opinião de Olegário (Prática das Correições) e Barroso (Questões Práticas
de Direito Criminal), opinião contrária é seguida por autoridades como M. da Cunha
(Observações sobre o Código do Processo Criminal), e Ramalho (Elementos do
Processo Criminal)" 186.
Outras informações quanto à referência bibliográfica da obra (como ano de
publicação e idioma) foram colacionadas sempre que localizadas no texto analisado.
O estilo da época não obrigada a um padrão na forma de citação, nem mesmo ao que
hoje se considera uma convenção mínima e atribuir autoria e citar a obra utilizada.
Portanto, são comumente observadas citações como “ensina o ilustrado autor das
Primeiras Linhas do Processo Orphanológico”, sem que seja necessário apontar que
o ilustrado autor foi José Pereira de Carvalho. Outras muitas não há citação a uma
obra específica, mas referência a linha seguida pelo autor: “Só sendo o fiador judicial
pôde executar-se a sentença contra o devedor (Guerreiro, Moraes, Phebo), porque
ahi está o Codigo, na fiança judicial até as testemunhas de abonação são

184 Extrato do texto: 1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se declara o
preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode opor embargos infringentes do julgado,
é valiosa?, de autoria de João Damasceno Pinto de Mendonça, publicado no primeiro volume da
Revista O Direito em 1873.
185 WERNECK, Francisco Peixoto de Lacerda. 1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens

sujeitos a anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de hypotheca, constitue
nullidade de pleno direito absoluta?... O Direito. v. 46. P. 13.
186 Extrato do texto: O perdão do ofendido miserável isenta seu defensor das penas, não sendo o crime

d'aqueles em que cabe ação pública?, de autoria de Antonio de Ferreira França, publicado no terceiro
volume da Revista O Direito em 1874.
83

solidariamente responsáveis” 187. Outras vezes a identificação do autor se torna


verdadeiramente impossível:

A este respeito, porém, cabe-nos repetir as seguintes palavras de um distinto


escritor, com relação ao assunto: “As proposições absolutas não são sempre
exatas na ciência do Direito; as verdades as mais rigorosas não são muitas
vezes senão relativas; por exemplo pode acontecer algumas vezes que o
mesmo bem seja considerado sob aspectos diferentes: e assim um bem
imóvel, mesmo por sua natureza, pode ser considerado em certos casos e
relativamente a certas pessoas como um bem móvel”. 188 (Grifo nosso)

Ainda é importante destacar que, com o objetivo de evitar “falsos positivos”


nos resultados da pesquisa, foram omitidos em cada texto resultados duplicados.
Assim se, em um mesmo texto o autor cita reiteradamente o mesmo autor e mesma
obra, foi registrada na tabela apenas uma citação, entretanto, se as citações foram
diferentes quanto à forma, direta, indireta ou simples menção, essa distinção foi
mantida nos resultados, sempre que evidente. Mas cumpre ressaltar que essa foi uma
opção metodológica visando responder à questão de identificar nos resultados as
fronteiras do grupo de juristas e suas fontes mais do que a relevância localizada
dessas.
Para a análise e catalogação das fontes doutrinárias, em razão do volume do
material analisado, houve ainda a necessidade de recorte temático para que as
citações apuradas tivessem coerência. A maioria dos artigos se inclui em dois grandes
ramos: direito civil ou direito criminal. A opção pela seleção dos artigos relacionados
ao direito civil se deu pela dimensão dessa esfera no século XIX, devido em parte à
grande influência das ordenações portuguesas e pela resistência à proposta
“modernizadora” embutida no direito público 189.
Ademais, direito privado, em geral, e o civil, em especial, oferecem um olhar
sobre a sociedade e as relações sociais diferente do direito público, permitindo
alcance e aplicação da analogia, da interpretação, dos princípios, sejam de direito

187 SILVEIRA, Luiz de Souza da. Os fiadores commerciaes gozam do beneficio de ordem. O Direito, v.

5, 1874. p. 172.
188 MENDONÇA, João Damasceno Pinto de. As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno

alheio não podem por si sós ser objecto de hypotbeca. O Direito. v. 9. P. 429-430.
189 SOUZA, André Peixoto de. Direito público e modernização jurídica: elementos para compreensão

da formação da cultura jurídica brasileira no séc. XX. Tese (doutorado) – Universidade Federal do
Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2010. p. 1. De
qual também trata: HESPANHA, António Manuel. Tomando a história a sério - os exegetas segundo
eles mesmos. In: FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão
(experiências jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013.
84

natural190 ou mesmo princípios morais que, em contrapartida da restrição do assunto,


são capazes de expandir o horizonte pesquisado.

É dentro desta “agenda” de investigações que acredito que a pesquisa a partir


do pensamento jurídico brasileiro do século XIX pode ser um instrumento de
análise importante para que se avalie adequadamente o processo de
conformação histórica dos direitos civis e da complexa constituição das
“liberdades jurídicas” no Brasil. O modo peculiar como os conceitos jurídicos
do direito privado brasileiro se moveram e se acomodaram ao longo do século
XIX mostra características bastante próprias da nossa conformação jurídica,
com consequências importantes nas discussões institucionais. Basta lembrar
que o Brasil ingressa na modernidade jurídica do século XIX pela metade,
combinando, de um lado, a aplicação da Constituição e de leis com
pretensões e linguagens modernas e, de outro lado, aplicando doutrinas e
referências jurídicas próprias do período histórico pré-liberal (como as
Ordenações Filipinas). Aqui, ao contrário dos outros países da América
Latina, a codificação civil não se realiza no século XIX, o que significa que
este peculiar aparato modernizador chamado “código” (que, como se sabe,
traz em si projeto de equalização formal dos indivíduos e ao mesmo tempo
dá as condições ao dimensionamento burguês da sociedade) não produziu
aqui os efeitos de outros lugares. Ou seja: o Brasil do século XIX, do ponto
de vista jurídico, expressa uma tensão entre arcaísmo e inovação; entre pré-
modernidade e modernidade; entre a era do “ius commune” e a era legislativa.
[…] Neste contexto peculiar parece relevante estudar a reflexão no âmbito do
direito privado, estudar o pensamento jurídico. Mais propriamente, enfocar o
desejo de modernização do direito privado (expressada nas várias tentativas
frustradas de realização do Código Civil) e o modo como o labirinto jurídico
oitocentista era aqui avaliado e experimentado. Não se pode conceber que
as esferas institucionais (políticas, judiciais, econômicas) não fossem
diretamente afetadas pelo modo como efetivamente se dava a experiência
jurídica brasileira do século XIX no âmbito dos direitos privados. E para
dimensionar a experiência jurídica brasileira, inevitável se torna passar pelo
filtro da reflexão doutrinária, pela produção “científica”, pelo pensamento
jurídico produzido no Brasil do período. 191

Ademais, adotando-se como pressuposto as considerações de Samuel


Rodrigues Barbosa, o direito civil em si é dotado de uma complexidade peculiar. O
direito civil, resumidamente, é tomado por um conglomerado de atos legislativos,
assistemáticos, somado a vigência das Ordenações Filipinas e mediadas por uma

190 Carlos Petit trata da relação estreita entre direito civil e identidade nacional. Em que pese o autor
tratar unicamente da Espanha, o caráter “universal” do direito civil por regular as relações humanas
mais íntimas também o faz, sem contradição, profundamente “nacional”. “Así nos explicamos por fin (i)
el confesado iusnaturalismo del célebre civilista: la nacionalidad (española) del derecho civil coexiste
sin contradicciones con la universalidad del derecho natural, pues el primero declinaría nacionalmente
las directrices del segundo; de hecho, sin poner nunca en riesgo su repercusión universal, el contenido
‘espiritual’ del derecho español ofrecía, en sí mismo, un insoslayable componente identitario. Y por
supuesto, los principios generales del viejo art. 6, “unos para toda España” según advierte DE CASTRO
Y BRAVO (1949, p. 411), serían en gran parte “los principios de Derecho natural”. (PETIT, Carlos.
Derecho civil e identidad nacional. Revista para el Análisis del derecho. Barcelona, Julho de 2011.
p. 6. Disponível em: <www. Indret.com>. Acesso em: 18 de fevereiro de 2014.
191 FONSECA, Ricardo Marcelo. Teixeira de Freitas: um jurista "traidor" na modernização jurídica

brasileira. Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, v. 452, p. 341-354, 2011. p. 344.
85

“longa jurisprudência inculta e incerta”192 em constante tensão com a Lei da Boa


Razão.

Não obstante, as fontes do direito no Império do brasil não representaram a


consumação, o remate do projeto de fazer da lei nacional a fonte exclusiva.
Complexidade do direito civil não quer significar apenas a multiplicidade e
contingência das fontes legisladas. 193

Ao longo dessa centena de artigos, o universo de autores se expandiu. A


pesquisa foi feita da seguinte forma, primeiramente, como descrito no capítulo
anterior, todos os artigos de doutrina dos cinquenta primeiros volumes da Revista O
Direito foram relacionados. A cada um foi atribuída a autoria e localização. Com a
leitura superficial dos textos foi possível verificar o principal ramo do direito de cada
um. Elencados então todos os artigos cujo principal tema era de direito civil,
totalizando aproximadamente 116 textos, foi realizada a leitura completa desses
artigos e relacionadas todas as fontes doutrinárias citadas (Apêndice 2).
Omitiram-se do Apêndice 2 as fontes legislativas, nacionais ou estrangeiras,
pois o foco da presente pesquisa é apresentar um universo de juristas e autores
mutuamente relacionados, mais do que relacionar as fontes de cada jurista.
Das fontes citadas foram, por sua vez, colacionados os seguintes dados nome
completo da obra, autor, data de publicação, idioma da citação e classificação da
citação.
A classificação das citações foi elaborada com a finalidade de melhor expor
as nuances de cada texto, em especial, trabalhando-se na casa das centenas de
citações (cerca de 1.320). Assim, cada citação era classificada em direta, indireta,
menção ou referência. Como citação direta foram selecionadas as citações que
indicassem transcrição literal entre aspas, sendo indiferente a referência bibliográfica
completa com obra e página. Foram consideradas citações indiretas aquelas que
indicassem paráfrase de outros textos, em geral, acompanhadas de verbos como
afirmar, explicar, entender conjugados na terceira pessoa do singular, por exemplo,
"O S. senador Candido Mendes entende que, em razão da facilidade que se procura

192 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil
brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito
em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 362.
193 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil

brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito


em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 363.
86

dar às transações, o rigor do antigo direito se tem modificado" 194. Ainda, foram
diferenciadas as meras menções ou alusões a obras, autores, autoridades ou
pensadores. Nessa categoria incluíram-se referências como exemplo: "Não podemos,
porém, deixar de reconhecer que, se esta é a opinião de Olegário (Prática das
Correições) e Barroso (Questões Práticas de Direito Criminal), opinião contrária é
seguida por autoridades como M. da Cunha (Observações sobre o Código do
Processo Criminal), e Ramalho (Elementos do Processo Criminal)" 195. Por fim, foram
nomeadas referências aquelas de caráter meramente bibliográfico, sem remissão a
trechos específicos da obra foram classificadas dessa forma quando apenas
indicavam outros textos complementares à leitura, em geral em notas de rodapé.
A forma de citação, à falta de um conjunto de regras, pode parecer, aos
pesquisadores de hoje, incompleta. Ainda que fosse possível pelo contexto e pela
temática deduzir o restante da referência bibliográfica da obra citada, a apresentação
dos resultados anexa manteve apenas os dados que apareciam no corpo do próprio
texto analisado. Ainda que incompletas citações como “ensina o ilustrado autor das
Primeiras Linhas do Processo Orphanológico”, eram suficientes aos interlocutores o
texto, sem que fosse necessário apontar que o ilustrado autor foi José Pereira de
Carvalho. Ainda é importante destacar que, com o objetivo de evitar “falsos positivos”
nos resultados da pesquisa, foram omitidos em cada texto resultados duplicados.
Essa foi uma opção de pesquisa em razão das perguntas feitas às fontes, no intuito
de compor um universo de fontes dos juristas. Pesquisas diferentes comportam outro
método. Assim se, em um mesmo texto o autor cita reiteradamente o mesmo autor e
mesma obra, foi elencada na tabela apenas uma citação, entretanto, se as citações
eram diferentes quanto à forma, direta, indireta ou simples menção, essa distinção foi
mantida nos resultados.
Resta ainda esclarecer que embora seja de conhecimento geral a data de
publicação de muitas das obras ali citadas, manteve-se o ano da publicação indicada
nos artigos e o idioma em que foi feita a citação quando direta. O ano foi mantido com
a intenção de apresentar a edição a que o articulista teve acesso e não

194 Extraído do texto: 1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se declara o
preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode opor embargos infringentes do julgado,
é valiosa?, de autoria de João Damasceno Pinto de Mendonça, publicado no primeiro volume da
Revista O Direito em 1873.
195 Extrato do texto: O perdão do ofendido miserável isenta seu defensor das penas, não sendo o crime

d'aqueles em que cabe ação pública?, de autoria de Antonio de Ferreira França, publicado no terceiro
volume da Revista O Direito em 1874.
87

necessariamente o ano de lançamento da obra. Da mesma forma, o idioma indicado


é o idioma no qual a citação foi feita e não o idioma da obra, pois ainda que muitas
das obras ali mencionadas não possuíssem tradução para o português, os articulistas
traduziram os excertos que lhes interessavam, ainda que isso não fosse
expressamente indicado como obrigam as normas de trabalhos científicos hoje.
Finalmente, são necessárias ressalvas quanto aos totais absolutos de
citações, autores etc. Além do fator humano, no caso, as possíveis e eventuais falhas
da pesquisadora, há ainda casos em que o nome do autor ou a obra citada era
apresentado de forma tão peculiar e resumida que não foi possível identificar com
segurança de quem se tratava. E ainda, a carência de regras para as citações, a
necessidade de resumi-las utilizando-se abreviações ou a própria notoriedade da obra
faz com que os resultados possam, em especial no tocante aos livros citados, tornar
os resultados imprecisos. Tome-se o exemplo de Coelho da Rocha do qual foram
localizadas menções à obra Instituições do Direito Civil Portuguez, por outras vezes
referida apenas como Direito Civil ou Direito Civil Pátrio, até onde foi possível conferir
e para efeitos práticos é possível concluir que se tratava da mesma e principal obra
do autor, cujos demais títulos não se assemelham. Somem-se a esses elementos
algumas falhas de impressão ou na digitalização da Revista. De todo modo, crê que
há uma margem de erro pequena em relação ao todo.
Dessa feita, os articulistas, na centena de artigos de direito civil selecionados,
valeram-se de cerca de 440 fontes diferentes.
A tabela abaixo elenca os autores mais citados nos artigos de direito civil da
Revista O Direito entre 1873 e 1889. Subsequentemente, para análise da doutrina, os
autores foram então divididos em três grupos: doutrina portuguesa, brasileira e
estrangeira – à exceção da portuguesa, obviamente.
Autor citado Em quantos artigos Nacionalidade
Manuel de Almeida e Sousa de Lobão 57 Português
Pascoal José de Mello Freire 49 Português
José Homem Corrêa Telles 44 Português
Manuel Antonio Coelho da Rocha 42 Português
Augusto Teixeira de Freitas 42 Brasileiro
Friedrich Carl von Savigny 30 Alemão
Robert Joseph Pothier 24 Francês
Manuel Borges Carneiro 22 Português
Joaquim José Caetano Pereira e Sousa 20 Português
88

Ovídio Fernandes Trigo de Loureiro 20 Brasileiro


Raymond-Théodore Troplong 20 Francês
Charles Gustave Maynz 19 Alemão
Ulpiano 19 Romano
Lafayette Rodrigues Pereira 17 Brasileiro
Philippe Antoine Merlin 17 Francês
Alvaro Valasco 16 Português
Antonio Ribeiro de Liz Teixeira 16 Português
Manuel Alvarez Pegas 15 Português
Antonio Joaquim Ribas 14 Brasileiro
Jean-Charles Florent Demolombe 14 Francês
Ferdinand Mackeldey 13 Alemão
Joaquim Ignacio Ramalho 12 Brasileiro
Agostinho Marques Perdigão Malheiro 12 Brasileiro
Diogo Guerreiro Camacho de Aboim 11 Português
Antonio Joaquim Gouvêa Pinto 10 Brasileiro
Candido Mendes de Almeida 10 Brasileiro
Dalloz 10 Francês
Paulo 10 Romano
José Pereira de Carvalho 10 Português
José Antonio Pimenta Bueno 9 Brasileiro
Francisco de Paula Baptista 8 Brasileiro
Charles Bonaventure Marie Toullier 8 Francês

Tabela 1: Autores mais citados nos artigos selecionados de doutrina (Direito Civil).

Considerado no quadro acima a soma dos artigos que citam alguma doutrina
portuguesa, os autores lusitanos ainda, na segunda metade do século XIX,
representam a maioria das fontes citadas. Isso leva à conclusão lógica que a maior
influência dos juristas brasileiros seguia sendo de doutrinadores portugueses.
Entretanto, ainda que essa seja uma dedução possível a partir dos dados coletados,
outros fatores como idioma e acesso às obras também podem ter contribuído.
Ademais, são autores familiares aos juristas, alguns estudados desde a faculdade
como é o caso de Pascoal José de Mello Freire, cujas obras eram indicadas como
compêndios ainda na década de 1830 na Faculdade de Direito de São Paulo.
89

Figura 2: Ensaio d’um Quadro Estatístico da Província de São Paulo. São Paulo: Tipografia de
Costa Silveira, 1838.

Ademais, as obras identificadas, em especial as portuguesas, compunham o


repertório intelectual dos juristas pois eram comuns também a outras esferas de
comunicação. Sérgio Staut 196 identificou nos julgados publicados sobre posse na
Revista O Direito, entre 1873 e 1913, trinta e oito doutrinadores, dentre os quais vinte
e um estão entre os mais citados nos artigos doutrinários de direito civil. Breezy
Miyazato Vizeu 197 analisou artigos relacionados ao direito matrimonial, entre 1873 e
1900, identificando vinte autores citados, dentre os quais treze coincidem com os mais
citados indicados na tabela acima. Por fim, corroborando os resultados da presente
pesquisa, Keila Grinberg 198, ao analisar as ações de liberdade no Tribunal da Relação
entre 1871 e 1888, localiza vinte autores citados, dezessete desses autores também
localizados dentre os mais citados nos artigos doutrinários pesquisados.

196 STAUT JÚNIOR, Sérgio Said. A posse no direito brasileiro da segunda metade do século XIX
ao Código Civil de 1916. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências
Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2009.
197 FERREIRA, Breezy Miyazato Vizeu. O direito matrimonial na segunda metade do século XIX:

uma análise histórico-jurídica. 2008. 138f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná,
Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-graduação em Direito. Curitiba, 2008.
198 GRINBERG, Keila. O Fiador dos Brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
90

3 PERFIL E DISCURSO DOS JURISTAS A PARTIR DOS ARTIGOS DA


REVISTA O DIREITO

3.1 CONTORNOS DO PERFIL DO JURISTA

Foram analisados no total cinquenta volumes da revista, publicados desde


sua fundação até o final do ano de 1889. Foram contabilizados 553 artigos publicados
na seção Doutrina do periódico. Com exceção das consultas com múltiplas respostas
e pareceres de conselhos com autores diferentes, foram identificados cerca de 224
autores distintos 199. A imprecisão na quantidade de autores se deve à própria forma
de identificar a autoria dos textos na publicação. Os autores eram identificados pelo
nome ao final do texto, entretanto, nem sempre subscreviam os textos da mesma
forma, por exemplo, Antonio Herculano de Souza Bandeira Filho era também
identificado pelas iniciais A. H. de S. Bandeira filho. Em outros casos, simplesmente,
não foi possível identificar exatamente o autor, como no caso de Ferreira Alves, que
podia tanto ser Joaquim Augusto Ferreira Alves ou outro autor identificado como J. V.
Ferreira Alves.
A revista também aceitava artigos anônimos, os quais continham apenas as
iniciais ao final A. A. M., D. A. ou C. Outros, totalmente anônimos. Em um deles, a
leitura oferece resposta à razão do anonimato. O artigo intitulado “Da necessidade de
se fundamentarem as sentenças” publicado no vigésimo primeiro volume da revista
em 1881, critica veementemente o poder judiciário especificamente os magistrados.
Ainda no início do texto lê-se:

Da não fundamentação da sentença se deduz, por logica conclusão, o


seguinte dilema: ou que o juiz, por ignorância ou desleixo, deu a sentença,
sem pleno conhecimento da causa, ou que a proferia contra os ditames da
própria consciência, movido pela peita ou suborno. 200

Entretanto, o restante do texto se atém a uma breve contextualização acerca


da instituição da fundamentação das sentenças na França e prossegue trazendo
legislação e doutrina acerca da necessidade de serem todas as decisões judiciais
motivadas. O rol de autores citados não diverge – como se verá – daqueles utilizados

199 Autores e títulos foram indicados no Apêndice 1, juntamente com o volume da revista em que
aparecem para localização e a classificação discricionária do principal tema abordado.
200 Da necessidade de se fundamentarem as sentenças. O Direito. v. 21. 1881. p. 36.
91

por outros articulistas: Lamoignon, Bonnier (Elements de Procedure Civile), Bordeaux


(Philosophie de la procédure civile), Boehmer, Kurulff, Savigny (Traité de Droit
Romain) e Ribas (Curso de Direito Civil Brasileiro).
Outro caso é a série de artigos sob o título “Crítica forense” cujo autor é
indicado com o seguinte texto apenas: “Os artigos publicados no Direito sob o título
Crítica Forense são escritos por um distinto magistrado, membro da Relação da
Bahia”.
Autores de maior assiduidade na Revista O Direito na fase do Império
brasileiro foram elencados em ordem decrescente na tabela abaixo:
Autor Artigos publicados Participação
Antonio Joaquim de Macedo Soares 33 1874-1888
Luiz Francisco da Camara Leal 20 1875-1878
Tertuliano Henriques 19 1874-1884
Olegario Herculano D´Aquino e Castro 16 1873-1883
Antonio Joaquim Ribas 15 1873-1878
Tristão de Alencar Araripe 14 1873-1882
Augusto Teixeira de Freitas 12 1876-1877
Aristides Augusto Milton 11 1877-1885
Antônio Herculano de Sousa Bandeira Filho 9 1874-1885
Carlos Honorio Benedicto Ottoni 9 1875-1889
Francisco Luiz Correa de Andrade 8 1874-1887
João Vieira de Araújo 8 1886-1889
Francisco Balthazar da Silveira 7 1873-1876
Francisco Peixoto de Lacerda Werneck 7 1886-1889
Ernesto Pinto Lobão Cedro 6 1875-1888
João Joaquim Fonseca de Albuquerque 6 1877-1878
Luiz Ferreira Maciel Pinheiro 6 1874-1884
Antonio Dino da Costa Bueno 5 1877-1883
Francisco de Paula Lacerda de Almeida 5 1878-1883
Francisco Ferreira Dias Duarte 5 1885-1889
Hermenegildo Militão de Almeida 5 1881-1883
João Damasceno Pinto de Mendonça 5 1873-1880
Jose de Souza Reis 5 1881-1882
M. Jorge Rodrigues 5 1874-1882
Sebastião Cardoso 5 1875-1879
Antonio de Vasconcellos Menezes de Drummond 4 1877-1878
Antonio José Rodrigues Torres Netto 4 1874-1887
92

Godofredo Autran 4 1884-1886


Joaquim Alves Carneiro de Campos 4 1875
Leonidas Marcondes de Toledo Lessa 4 1875-1885
Severino Eulogio de Ribeiro Rezende 4 1883-1889
Antonio Coelho Rodrigues 3 1876-1889
Antonio Pereira Rebouças 3 1874-1876
Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães 3 1876
Aristides Spinola 3 1874-1888
Brasilio Augusto Machado de Oliveira 3 1875-1886
Demosthenes da Silveira Lobo 3 1879-1881
Francisco de Mello C. de Vilhena 3 1876-1878
Francisco de Paula Sales 3 1876-1878
Francisco Ferreira Corrêa 3 1874-1876
Graciliano de Paula Baptista 3 1878-1886
Ignacio Antonio Fernandes 3 1876-1889
João José do Monte Júnior 3 1873-1885
João Pereira Monteiro 3 1875-1883
João Theodoro Xavier 3 1875-1876
José Bernardo de Arroxellas Galváo Filho 3 1889
José Rubino de Oliveira 3 1876
José Xavier Carvalho de Mendonça 3 1886-1888
Luiz de Souza da Silveira 3 1874-1876
Luiz Lopes Baptista dos Anjos Junior 3 1878-1884
Tarquinio de Souza Filho 3 1882
Vicente Ferrer de Barros Wanderley Araújo 3 1879-1889
Francisco Pinto Pessoa 3 1876-1877

Tabela 2: Autores que mais publicaram na Revista O Direito entre 1873 e 1889.

Todos os demais 171 autores publicaram duas ou apenas uma vez na revista
durante o período investigado 201. O que confirma a diversidade de autores e a abertura
da publicação a um variado conjunto de juristas.
Dentre aqueles que mais escreveram, estão quase todos os membros do
conselho editorial da própria revista: Francisco Balthazar da Silveira, Tristão de
Alencar Araripe, Olegário Herculano d’Aquino e Castro e Antonio Joaquim Ribas, já
brevemente biografados anteriormente. João José do Monte Júnior escreveu três

201A relação completa de autores e quais artigos publicaram individualmente na revista está no
Apêndice 1 ao final do trabalho.
93

artigos e Joaquim Saldanha Marinho apenas um, embora tenha tido pareceres e
decisões enquanto membro do Conselho de Estado publicadas com frequência.
Outro ponto inicial a se destacar é distribuição da participação dos articulistas
ao longo do período estudado. Antonio Joaquim Macedo Soares, Tertuliano
Henriques, Antonio Herculano de Sousa Bandeira Filho e outros publicavam com
regularidade ao longo dos anos. Outros, dentre os quais se destaca Augusto Teixeira
de Freitas publicou doze artigos em apenas dois anos, em mais de uma ocasião
portanto, publicou mais de um artigo por volume da revista (lembrando que os volumes
continham quatro números).
O grupo de 53 juristas acima foi responsável portanto por sessenta por cento
do total de artigos publicados na revista até a última edição de 1889. Portanto, para
analisar o perfil dos articulistas do periódico analisado, em que pese serem a minoria,
é possível considerá-los uma minoria qualificada.

3.1.1 Os Articulistas de O Direito

Antonio Joaquim de Macedo Soares, natural da província do Rio de Janeiro,


obteve o grau de bacharel em 1861 em São Paulo. Logo em seguida, em 1862, iniciou
sua carreira na magistratura, tendo exercido o cargo de Juiz Municipal e de Órfãos em
Saquarema e Araruama (província do Rio de Janeiro), até 1874, quando foi nomeado
Juiz de Direito da comarca de São José e Campo Largo, no Paraná. Em 1876, exerceu
o mesmo cargo na comarca de Mar de Espanha, província de Minas Gerais e na
comarca de Cabo Frio, novamente no Rio de Janeiro. A partir de 1886 foi nomeado
para a 2ª Vara Comercial da Corte do Império, cargo que exercia quando foi
proclamada a República 202.
Em geral, seus artigos abordam assuntos correlatos à carreira desenvolvida
na magistratura, assuntos técnicos como questões relacionadas ao juízo de órfãos e
bem particulares como o artigo sobre o imposto sobre heranças no Paraná intitulado
“Imposto de 2 % sobre o monte-mór das heranças, na província do Paraná”, publicado
em 1877, um ano após o início de sua atividade nesta província.

202 http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=154
94

Dentre os temas, abordou principalmente assuntos relacionados ao direito


criminal e processual. Além de artigos críticos acerca do sistema judiciário da época.
Aparece também com frequência artigos sobre processos de herança e administração
de bens de órfãos, tema recorrente em todo conjunto de artigos de direito privado
como se verá.
Também fora das páginas da revista, Macedo Soares também teve uma
profícua produção literária, das quais destacam-se os dicionários: Dicionário brasileiro
da língua portuguesa elucidario etimologico crítico das palavras e frases que,
originárias do Brasil, ou aqui populares, se não encontram nos dicionários da língua
portuguesa, ou neles vem com forma ou significação diferente – 1875-1888 e
Diccionario brazileiro da lingua protugueza. Segundo Carmo, a obra foi publicada em
1888, embora tenha restado inacabada, foi a primeira tentativa de descrever o
vocabulário brasileiro:

A primeira publicação deste dicionário encontra-se nos anais da Biblioteca


Nacional do Rio de janeiro, no volume XIII. Infelizmente, o dicionário ficou
inacabado, a parte publicada vai de A até Candeieiro, ou seja, de A a C.
Devido ao grande sucesso da obra, em 1889 saiu uma separata dos anais,
cerca de 200 exemplares idênticos à primeira publicação. 203

As outras obras, a se deduzir de seus títulos, possuem um caráter mais


técnico-jurídico e de praxe do fórum. Dentre as quais se destacam: Questões de direito
e praxe criminal, civil, comercial, orphanologico e administrativo, Tractado jurídico
practico da medição e demarcação das terras tanto particulares, como publicas para
uso dos juizes, advogados, escrivães, pilotos e mais pessoal dos juizos divisórios e
Tractado regular e practico de testamentos e successões, ou, compendio methodico
das principais regras e principios que se podem reduzir das leis testamentarias, tanto
patrias como subsidiarias.
Em texto publicado no 32º volume da revista, sob o título “A Lei de 7 de
Novembro de 1831 está em vigor” inicia nos seguintes termos:

Está em vigor a L. de 7 de Novembro de 1831 no seu art. I.º, que declara


livres os Africanos importados depois d'ella? A só propositura d'esta questão
no Senado dá a medida do estado da opinião do paiz na serie dos magnos
problemas suscitados pelo elemento servil. A nação espanta-se ao ver que

203CARMO, Anderson Braga do. A Sociedade Brasileira No Século Xix: Uma Construção Léxico
Discursiva Da História. Anais do X Encontro do CELSUL – Círculo de Estudos Linguísticos do Sul
UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel-PR, 24 a 26 de outubro de 2012,
ISSN 2178-7751.
95

tem no seio da sua legislação esse monumento, e, pela bocca dos seus
representantes, inquire: -Pois essa lei salvadora não tem tido execução? pois
só agora é que o Poder Judiciário se lembra de executa l-a? E o Governo, os
Governos de 52 annos decorridos não viram que a lei não era executada?
como não promoveram a sua execucão, pois é este o seu dever
constitucional? E, pelo decurso de tão longo tempo, Dão terá ella cahido em
desuso? não é uma lei morta'? não está ipso facto revogada? - Não! (houve
felizmente ministro que o dicesse, porque si o não dicera bocca de ministro
ninguem acreditara; e esse ministro foi o eminente jurisconsulto Sr.
Conselheiro Lafayette); não! a lei está em vigor, sempre esteve, nem ha razão
por que não esteja. Os magistrados que a vão applicando obram na orbita
das suas funcções proprias; e o Poder Executivo nada tem que fazer si não
respeitar a independência do Poder Judicial, tão soberano como elle. 204

Neste texto, o autor descreve os posicionamentos de diferentes senadores


que argumentavam que, tendo a lei de 1831 permanecido por tantos anos sem que
se fiscalizasse sua execução e não tendo chegado aos tribunais causas nela
fundadas, a referida lei teria decaído 205. Antonio Joaquim de Macedo Soares se
posiciona qualificando tais discursos como ilógicos e aderindo à argumentação da
época que defendia a interpretação conjunta da lei que aboliu o tráfico com a Lei dos
Sexagenários levando a conclusão que a liberdade dos escravos já impunha seu
reconhecimento ao menos no Judiciário, à falta de lei explícita que abolisse a
escravidão.
Luiz Francisco da Camara Leal foi procurador da coroa e magistrado,
chegando a ser vice-presidente interino da província do Paraná entre fevereiro e maio
de 1859 206. Autor de Opúsculo sobre a emancipação dos escravos e da obra
Apontamentos sobre suspeições e recusações no judiciario e no administrativo, e
sobre o impedimento por suspeição no serviço simultaneo dos funccionarios parentes
ou similhantes. Encerrou sua profícua participação em O Direito, focada em temas de

204 SOARES, Antonio Joaquim de Macedo. A Lei de 7 de Novembro de 1831 está em vigor. O Direito,
v. 32, 1883. p. 321.
205 “Salvo melhor juízo, parecer ter sido no ano de 1883 que, de fato, começou-se a disseminar com

maior alcance e intensidade, nos periódicos jurídicos, precedentes acatando esse entendimento, como
duas sentenças do juiz municipal de São João da Barra, Amphilopho B. Freire de Carvalho, nas causas
propostas pelo preto Leandro e por Antonio e Rufino (O Direito, v. 33, jan./abril 1884, p. 283-284 e p.
565-585). Na segunda delas, analisa-se detidamente as diversas posições pró e contra a vigência das
regras de extinção do tráfico, com a conclusão, enfim, de que “O decreto de 7 de novembro de 1831
não está, nem jamais esteve em desuso”. Conquanto a predisposição do magistrado para aceitar tão
peremptoriamente a aplicação desses dispositivos como “favor legal à liberdade” fosse quase tão
exótica quanto era seu nome, os editores da revista pareciam empenhados em fazer prevalecer tal
interpretação. Os volumes seguintes conteriam inúmeros exemplos de julgados semelhantes sob a
rubrica” (HOSHINO, Thiago de Azevedo Pinheiro. Entre o "espírito da lei" e o "espírito do século":
a urdidura de uma cultura jurídica da liberdade nas malhas da escravidão (Curitiba, 1868-1888).
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de
Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 101).
206 Disponível em: <https://goo.gl/2qQDVF>. Acesso em: 2 de março de 2015.
96

direito judiciário, em 1878 em si, ano de seu falecimento, quando ocupava o cargo de
desembargador na Relação de Ouro Preto.
Olegario Herculano D´Aquino e Castro, parte do grupo do conselho editorial
da revista, publicou artigos em temas bastante variados: em Direito Comercial,
Criminal e assuntos relacionados à atividade na magistratura, dos quais se destacam
os textos: Prisão preventiva dos Desembargadores, Os Juizes de Direito são,
competentes para nomearem solicitadores provisorios, quando haja em sua comarca
provisionados pelo Presidente da respectiva Relação, independente de exame de
suficiência e Tribunaes correccionaes.
Além dos artigos acima relacionados, Aquino e Castro publicou
individualmente outros sete artigos sobre a Reforma Judiciária e outros dois em
conjunto com o deputado Leandro de Chaves Mello Ratisbona. Ambos juntamente
com Lafayette Rodrigues Pereira integraram a comissão imperial formada em 1882
para elaborar o projeto de Reforma Judiciária. Como se vê em nota do artigo Reforma
Judiciaria: Projectos apresentados pela commissão nomeada pelo governo em 1882
e precedidos de uma exposição de motivos, Aquino e Castro indica que a reforma foi
em verdade um trabalho individual seu ao invés de conjunto:

A comissão nomeada pelo governo compunha-se do senador Lafayette,


deputado Ratisbona, e desembargador Aquino e Castro. O primeiro,
separando-se da reforma, apresentará em tempo os fundamentos de seu
voto. O segundo achava-se ausente quando foi apresentada ao governo a
exposição de motivos. 207

Outros dois membros do conselho editorial da revista aparecem dentre


aqueles que mais publicaram na revista. O primeiro o Conselheiro Antonio Joaquim
Ribas, era lente jubilado de Direito Civil Pátrio e foi encarregado da consolidação das
leis do Processo Civil, além de participar das comissões revisoras dos projetos do
Código Civil de Teixeira de Freitas e de Joaquim Felício dos Santos. Enquanto
articulista, a maioria de seus artigos ateve-se ao direito privado, nas áreas civil e
comercial.
Foi discípulo direto de Júlio Frank, tendo assumido a cadeira de História
Universal no curso anexo à faculdade de direito em 1841. Na faculdade de direito

207 AQUINO E CASTRO, Olegario Herculano de. Reforma Judiciaria: Projectos apresentados pela

commissão nomeada pelo governo em 1882 e precedidos de uma exposição de motivos. O Direito,
volume 31, 1883. p. 161.
97

lecionou Direito Administrativo, Direito Público, Direito Eclesiástico e Economia


Política, Direito Natural, Direito Civil e Direito Eclesiástico. No momento da fundação
da revista em 1873, já não era mais catedrático da faculdade de direito de São Paulo
tendo se mudado para a corte em 1870. São consideradas suas obras mais
relevantes: Direito Administrativo Brasileiro, Curso de Direito Civil brasileiro (em duas
partes) e Consolidação das Leis do Processo Civil, iniciada por incumbência do
governo imperial em 1871 que recebe força de por Resolução Imperial de 28 de
dezembro de 1876.
O segundo, Tristão de Alencar Araripe foi encarregado pelo governo imperial
da consolidação das leis criminais publicada em 1876. Sua trajetória possui traços
comuns a todos os demais juristas até aqui apresentados no tocante à frequente
remoção no serviço, transitando por diversas províncias e a associação ao cargo
político. Logo após obter o grau de bacharel por São Paulo em 1845, foi eleito
Deputado à Assembleia Legislativa da província do Ceará, em 1847, província da qual
foi Presidente. Também foi eleito Deputado à Assembleia-Geral Legislativa pela
referida província por quatro legislaturas. Ainda, ocupou cargos da alta administração
em duas províncias do Império, Rio Grande do Sul e Pará.
Alencar Araripe foi juiz municipal e de Órfãos em Fortaleza e vila de Aquiraz,
juiz de direito da comarca de Bragança, no Pará, Chefe de Polícia do Espírito Santo e
da província de Pernambuco. Após, voltou ao exercício da magistratura no Recife na
Vara Especial do Comércio. Em 1870, foi nomeado Desembargador da Relação da
Bahia e no ano seguinte da Relação da Corte e, dois anos mais tarde, desta Relação
para a de São Paulo. Finalmente, em 1886, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal
de Justiça 208.
O mesmo contorno tem a carreira de Carlos Honório Benedicto Ottoni,
proveniente de tradicional família políticos mineiros, dentre os quais, destaca-se seu
tio, Teófilo Benedito Otoni, deputado geral e senador.
Carlos Honório tornou-se bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo
em 1866. Exerceu a magistratura em diferentes localidades, foi chefe de polícia e vice-

208 Disponível em: <http://goo.gl/Reia3h>. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.


98

presidente de Minas Gerais em 1884, chegando a desembargador do Tribunal da


Relação do Rio de Janeiro após a República, cargo no qual se aposentou em 1895 209.
A relação entre política e magistratura se estabelecia ainda na faculdade
onde, ainda estudantes, estabeleciam ligações pessoais. O ensino era considerado
superficial, pois, como explica Andrei Koerner, o aprendizado tinha como objetivo a
aquisição de um determinado estilo de comportamento político. O padrão de
aprendizagem era o autoditatismo e, mesmo após a formatura, o conhecimento
técnico-jurídico era colocado em segundo plano frente às perspectivas na carreira
política.

A nomeação para um cargo judiciário era a forma privilegiada de ingresso na


carreira política imperial. Para isso, a condição prévia era a obtenção de um
diploma de bacharel em direito, o qual abria a possibilidade de ascender aos
mais altos postos da hierarquia estatal. Na sociedade hierarquizada do
Império, o ‘talento’, que permitia ao indivíduo distinguir-se dos semelhantes,
tinha um papel semelhante ao da nobreza de sangue. No sistema
parlamentar, esse talento se manifestava na palavra fácil, na loquacidade
brilhante e ágil. 210

A frequente mobilidade dos magistrados era uma forma do governo central de


minimizar as ligações locais dos magistrados. Os juízes como candidatos negociavam
com o poder local tanto no processo eleitoral como na prática jurídica cotidiana, ao
mesmo tempo, como letrados, empregados do poder central, compunham a aliança
entre as elites provinciais e nacional, às vezes por meio de casamentos, o que garantia
o financiamento de suas carreiras políticas – financiamento advindo dos grandes
proprietários de terra e senhores de escravo com os quais se aliavam 211.
A Reforma Judiciária de 1871 teve como principal objetivo separar as funções
policiais e judiciárias. Ademais, a reforma aumentou as restrições ao exercício de
cargos políticos por magistrados, em parte pelos inconvenientes que a ausência dos
juízes causava à administração da Justiça, e, por outro lado também em razão da

209 SOUZA, Ioneide Piffano Brion de. Verbete OTONI, Carlos Honório Benedito. Dicionário histórico-
biográfico da Primeira República 1889-1930. Disponível em http://cpdoc.fgv.br/dicionario-primeira-
republica. Acesso em 3 de março de 2015.
210 KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da República brasileira (1841-1920).

Curitiba: Juruá, 2010. p. 43.


211 KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da República brasileira (1841-1920).

Curitiba: Juruá, 2010. p. 46.


99

pressão cada vez maior por participação nos cargos políticos de elementos não
ligados à burocracia estatal212. José Murilo de Carvalho afirma ainda que:

A aprovação do projeto foi o primeiro grande golpe no poder dos magistrados.


A reforma judiciária de 1871 continuou o esforço profissionalizante afastando
os juízes mais e mais de tarefas não diretamente vinculadas ao cargo. A
abundância de bacharéis também pressionava nessa direção, de vez que a
acumulação de cargos políticos e judiciários reduzia as oportunidades de
emprego para os novos. A eliminação dos magistrados e empregados
públicos em geral da representação nacional reduziu o peso do Executivo,
ornou o legislativo mais representativo, ao mesmo tempo em que enfraquecia
a posição estatizantes entre os políticos e dava margens a um aumento da
representação dos interesses de grupos. 213

O próximo em volume de artigos foi Augusto Teixeira de Freitas. Bacharel por


Olinda em 1837, após período na Faculdade de São Paulo, Teixeira de Freitas
exerceu a advocacia no Rio de Janeiro a partir de 1843, tendo atuado como advogado
perante o Conselho de Estado e, notoriamente, encarregado pelo governo imperial
em 1859 da elaboração de um projeto de Código Civil brasileiro.
A participação de Augusto Teixeira de Freitas na Revista O Direito foi breve,
mas singular. Na ocasião da publicação de seu primeiro artigo no periódico, o
proprietário, Monte Júnior, transcreve a carta de Teixeira de Freitas a ele concordando
com a participação na revista. Após elogios iniciais à erudição do autor, José do Monte
pontua que os textos encaminhados à revista foram resultado dos “profundos estudos
que, no silencio do gabinete e longe do bulício da Corte, continuou a fazer, ele, o
infatigável cultor e grande mestre da ciência do Direito”214. Essa introdução é
referência a ter, Teixeira de Freitas, passado a viver em Curitiba entre 1872 e 1880,
afastando-se da corte. As obras Promptuario das leis civis, Additamentos à
consolidação das leis civis e Additamentos ao código do commercio são desse
período.
Três dos artigos de Teixeira de Freitas são parte de uma série sobre a
Substituição Fideicomissária e os demais versam sobre teses relevantes para o
projeto de código civil, neste período, a cargo de Nabuco de Araújo, ou como se verá
adiante, são respostas às críticas à Consolidação das Leis Civis ou aos próprios

212 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 175.
213 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 171.


214 O Direito. v. 9. P. 5.
100

artigos publicados, como o texto Filiação Legitima, resposta de Teixeira de Freitas aos
comentários feitos na seção Bibliographia da Gazeta Jurídica de agosto de 1876.
Na carta publicada logo após a apresentação do proprietário da revista,
Teixeira de Freitas apresenta seus próprios termos de participação na Revista:

Se prestei-me logo, ingenuamente confesso, a contribuir para os escritos da


REVISTA, foi na esperança de poder discutir o projetado Código Civil, foi
também na de poder pronunciar meu voto sobre qualquer publicação jurídica.
Se não me-é dado por consciencia na sciencia, aparentemente com o
Governo Imperial por divergências do plano, apresentar eu mesmo um
Projeto de Código Civil ao gosto do tempo; não está no mesmo caso quem,
professando outras ideias, não tiver motivos d’escrúpulo. Na passagem,
enquanto o regime das cousas não fornecer outros dados, reputo de meu
dever trabalhar quanto possa para o melhor possível da quadra.
Correspondendo V. S, a minha esperança, teremos ceifa abundante. Se não,
respigarei timidamente, começando pela substituição fideicommissaria, cujo
exordio aí vai; ficando eu em dívida de mais seis artigos na ordem dos seis
quesitos, que intento resolver. 215

Teixeira de Freitas assume o compromisso com uma série de artigos acerca


da substituição fideicomissária, que acabou por não finalizar, e, participações
intermitentes com temas de direito civil relevantes ao debate sobre a codificação além
de declarar sua intenção em participar desse debate. Não esconde seu
descontentamento com a interrupção do projeto de código civil e que este não seria
mais levado a cabo por ele.
Conforme pontuado anteriormente, a participação de Teixeira de Freitas foi
significativa mas breve. Seus textos – além da série acerca da substituição
fideicomissária, incluíam respostas às críticas de suas obras. As críticas eram internas
à própria revista, encabeçadas por Antonio Joaquim Ribas ou externas, como as
publicadas na Gazeta Jurídica. Nos textos se vê que o jurista não se furta a rebater
as críticas a seus livros publicados, ao esboço das leis civis ou aos próprios artigos
nas páginas d’O Direito.
No volume nono da revista, ainda em 1876, portanto, Antonio Joaquim Ribas,
antes do texto de Teixeira de Freitas Porque leis se-rege a locação de serviços civil?,
publica a seguinte nota:

Em testemunho da nossa consideração ao Sr. Dr. A. T. de Freitas, e para


prova do nosso respeito a todas as opiniões conscienciosas, verdadeiras ou
errôneas, não hesitámos em publicar, n'este e no passado número d'esta

215 FREITAS, Augusto Teixeira. Carta. O Direito. V. 9. P. 8.


101

Revista, os artigos d'este nosso ilustrado colega, em que pretendeu combater


a doutrina relativa à locação de serviços, exposta no lº volume d'esta Revista.
Iguais considerações nos moveram, em idênticas circunstancias, a publicar
no vol. lº pag. 300 o artigo de outro nosso ilustrado colega, o Sr. Dr. Aureliano
de Souza e Oliveira.
É, porém, dever nosso declarar que, apesar da muita ilustração e mérito
científico e literário que esses artigos revelam, permanece íntegra e
inabalável a doutrina sobre a locação de serviços.
Limitamo-nos a estas considerações; porquanto a polêmica facilmente
degenera em logomachia.
A Jurisprudência é como as opulentas messes de Booz; n'ela há lugar para
todos. 216

Os textos a que Antonio Joaquim Ribas se refere são críticas de Teixeira de


Freitas à sua interpretação dos artigos 226 a 246 do Código Comercial. Se deduz da
necessidade de publicação da nota acima que as críticas foram relevantes ou
polêmicas o suficiente para motivar um esclarecimento prévio. Nos textos de Teixeira
de Freitas as críticas dirigem-se diretamente ao autor como se vê nos seguintes
excertos, que ainda que retirados de seu contexto original, ilustram o quão direto fora
Teixeira de Freitas: “Não ser a locação de serviços permuta de mercadorias, nem
compra e venda, quem o diz é o próprio Merlin Quest. De Dir. vb, Trib. De Com. §5°,
citado pelo Sr, Dr. Ribas em prol da sua confusão”. E na mesma página: “Não
respeitando o – legem habemus – aprouve ao Sr. Dr. Ribas trocá-lo por francesa
doutrina, mas como?”217. Ao que parece, no outro mês, as críticas acirraram-se um
pouco no texto Porque leis se-rege a locação de serviços civil?, veja-se:

Para ele, o Sr. Dr. Ribas, o contrato escrito da locação de serviços torna-se
inútil cautela, não livrará das exceções de incompetência, visto como resta o
sigilo do caráter mercantil dos serviços contratados. […] Além de que, o
estimável Jurisconsulto, arguindo ao Art. 226 do nosso Cód. do Com. uma
forma vaga de redação, tirou de si o pecado, em que só ele incorreu. […] Se
tal explicação é redondamente inaceitável, se o Sr. Dr. Ribas não quer o
extremo da locação de serviços com os dois requisitos da certeza de tempo
e preço, e se provavelmente não quererá por amplíssimo o outro extremo dos
contratos lucrativos ou onerosos em relação aos contratos benéficos ou
gratuitos; cairemos no absurdo imoral, ou da lesão constante em locações de
serviços, ou da miséria avarenta de locadores de serviços sem
necessidade! 218

216 O Direito. v. 9. Pag. 423.


217 Freitas, Augusto, Teixeira. Em que a locação do serviço mercantil se distingue da civil? O Direito.
v. 9, p. 196.
218 Freitas, Augusto Teixeira de. Porque leis se-rege a locação de serviços civil? O Direito, v. 9, p. 426.
102

Ao final do terceiro texto sobra a substituição fideicomissária, Freitas coloca


em nota outro comentário alheio ao conteúdo jurídico do texto precedente, dirigido a
críticos ao que se subentende:

O Direito é a vida presente, toda-inteira, com a sua luta do mal contra o bem;
e será também a vida futura neste mundo com suas instituições novas, que
aos nossos Juristas incumbe descortinar nas vigentes, como figuras do que
tem de ser, e deve ser. Se ainda não estais na posse do bem, se o buscais
de reformas em reformas; nada mais injusto, para não o dizer inconsiderado,
que recusardes, ou censurardes, trabalhos concienciosos, a pretexto de
reformadores, inovadores, metafísicos, ininteligíveis! Não quereis reformas
direitas, inovações direitas, metafísica direita, inteligências direitas? A
existência não é campo dividido, para que alguma de suas partes escape ao
Direito. Alargai vossos espíritos, é a ignorância e o erro que devem subir à
ciência e à verdade; e não estas, que devem descer ao contentamento dos
paladares, ou por medo de continuadas injustiças, ou para aplacar juízos
desfavoráveis. Apesar de tudo, mereceis muito, esperai a dedicação de meus
esforços! 219

Ainda, o último texto de Freitas veiculado na Revista O Direito é uma resposta


às críticas quando do lançamento da terceira edição da Consolidação das Leis Civis
feitas na Gazeta Jurídica por Carlos Perdigão. A resposta de Freitas não tem o mesmo
tom incisivo das respostas dadas a Antonio Joaquim Ribas, que fazem com que estas
se destaquem ainda mais do tom e estilo da época.

Ninguém suponha, que este trabalho, em princípio de mais três ou quatro do


mesmo gênero, exprime algum ressentimento contra as censuras, que na sua
–Bibliografia acaba de fazer a Gazeta Jurídica - do 1º do corrente mês, dando
notícia da 3ª Edição da Consolidação das Leis Civis-.
Ao contrário, considere-se este trabalho como fraco sinal do Autor daquela
Obra pelos elogios, talvez exagerados, que teve a fortuna de merecer; e que
largamente compensariam muitas outras censuras, que partissem do
ilustrado Sr. Dr. Carlos Perdigão, e que ele tem direito de fazer, e que o Autor
da Consolidação das Leis Civis - tem obrigação de aquilatar
conscienciosamente, ou por homenagem à verdade, ou em reforço das suas
opiniões. 220

A defesa de Teixeira de Freitas prossegue no volume seguinte da Revista, no


artigo intitulado Filiação Legítima:

Quatro censuras despendeu a Gazeta Jurídica em sua Bibliografia de Agosto


de 1876 pags. 549 a 556 com a 3ª Edição da – Consolidação das Leis Civis.
A primeira d'elas já respondida foi n'esta Revista sob a epígrafe -
Incapacidade dos Loucos -, como vê-se da Caderneta de Setembro do
mesmo ano pags. 5 a 8; e agora responde-se à segunda, antecipando-se

219 FREITAS, Augusto Teixeira de. O Direito. v. 9, p. 658.


220 FREITAS, Augusto Teixeira de. O Direito. v. 11, p. 5.
103

ipsis verbis o que achar-se-á no respectivo tema dos - Aditamentos a


Consolidação das Leis Civis-, por ora inéditos. 221

Mais adiante:

O Autor da - Consolidação das Leis Civis folheou, e refolheou, seu infortunado


Livro, sem aí achar leito para tão medonhas increpações. Se lhe-foram feitas,
injustiça clamorosa, acusação sem acusado. Se algures esconde-se o
delinquente, acusação em Tribunal diverso. 222

Assim encerra-se a participação de Teixeira de Freitas n’O Direito. Entretanto,


prosseguia a divulgação do lançamento de suas obras e de seu filho na seção de
Bibliografia do periódico, o que indica que não houve uma ruptura com a Revista.
Aristides Augusto Milton permite introduzir o terceiro aspecto importante na
construção de um perfil do jurista brasileiro dos oitocentos, pois além da atuação na
esfera jurídica como juiz municipal e juiz de direito, na esfera política como presidente
da província de Alagoas em 1881, chefe de polícia do Sergipe e deputado provincial
e geral filiado ao partido conservador, destacou-se também por sua atuação na
imprensa. Na esfera da atividade jornalística, trabalhou como redator no Correio da
Bahia (1872-1876), além de colaborar em outros jornais, como O País, A Tribuna e
Jornal do Comércio e A Ordem. Milton chegou a fundar o fundou o Jornal da Cachoeira
em sua cidade natal 223. Suas obras mais importantes foram Campanha de Canudos,
escrita antes da obra de Euclides da Cunha, A Constituição do Brasil: notícia história,
texto e comentário de 1898.
Em contrapartida, a temática de seus textos não se distancia do caráter
técnico da Revista, como o “atualíssimo” artigo intitulado Para que o réo, maior de 13,
e menor de 14 annos, possa ser julgado isento de toda responsabilidade pelo juiz
formador da culpa, não carece ser provada a casualidade do facto. O discernimento
do menor é que precisa de prova, e, verificado elle, ao mesmo juiz cabe proceder de
accôrdo com o art. 13 do Codigo Criminal.
Dentre aqueles que publicaram mais artigos no periódico pesquisado,
destaca-se ainda João Vieira de Araújo. Doutor em direito pela Faculdade de Recife,
onde ingressou como lente substituto em 1877, tornando-se catedrático em 1884.

221FREITAS, Augusto Teixeira de. O Direito. v. 12, p. 649.


222FREITAS, Augusto Teixeira de. O Direito. v. 12, p. 657.
223 FREITAS, Liliane de Brito; SAMPAIO, Consuelo Novais. Verbete Aristides Augusto Milton.

Dicionário histórico-biográfico da Primeira República 1889-1930. Disponível em:


<http://cpdoc.fgv.br/dicionario-primeira-republica>. Acesso em 15 de janeiro de 2015.
104

Também foi magistrado e presidente da província de Alagoas. Destacou-se no cenário


jurídico do país por ter sido um dos primeiros a absorver e divulgar o pensamento
criminológico europeu, especialmente na Escola do Recife, a qual integrou 224.
Os artigos de João Vieira de Araújo comprovam a dedicação ao direito criminal
com especial ênfase nas doutrinas criminológicas, a deduzir dos títulos: A nova escola
de direito criminal os juristas italianos E Ferri, F. Puglia e R. Garofalo, O Direito e o
Processo Criminal Positivo, Anthropologia Criminal e O Estupro Violento. A análise
global dos artigos permite perceber que foi ele a apresentar o debate criminológico
italiano, com um tom bastante nítido de novidade.

A seu turno, os juristas metaphysicos e classicos, não comprehendendo que


as sciencias moraes e políticas, inclusive o direito, não podem ficar fóra do
concerto universal das outras sciencias, porque a philosophia as domina
todas, esbravejaram inutilmente contra as novas idéas, não obstando as
conversões que começaram a operar-se entre eles e de que são exemplos
Pessina, o grande professor de Napoles, rival de Carrara em merecimento,
Polletti, Ellero e outros.
A'quelle livro seguiram-se diversos trabalhos de Ferri, Puglia, Garofalo e
sectarios, já avulsos, já em revistas italianas, dentre as quaes é orgão
principal da escola o Archivo di psichiatria e scienze penali etc.
A escola hoje está fundada, tendo como chefes na ordem jurídica esses
ultimos autores e contando com uma falange de collaboradores que dentro
em pouco se tornará legião. 225

Por fim, ainda que não se pretenda construir a história apenas dos “grandes
juristas”, a quantidade de autores identificados nos apêndices pode fazer com que
passem desapercebidas as participações esporádicas de certos juristas. Lafayette
Rodrigues Pereira escreveu sobre a sucessão dos filhos naturais no quarto volume
em 1874. Saldanha Marinho, em comparação com os demais membros do conselho
editorial da revista, foi o que teve a presença mais discreta, publicando apenas O
Regulamento n. 5581 de 31 de Março dê 1874, ante o Direito Internacional Privado,
em 1886, no 41º volume. O jurista aparece ainda com a publicação de seus pareceres
no âmbito do Conselho de Estado.
Tobias Barreto De Menezes escreveu Qual a extenção da ideia do mandato
de que trata o art 4º do Codigo Criminal?, publicado em 1883. E, Ruy Barbosa,
Escravos de Filiação Desconhecida, em 1887.

224 DIAS, Rebeca Fernandes. Pensamento Criminológico na Primeira República: O Brasil Em


Defesa Da Sociedade. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,
Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba. 2015.
225 ARAÚJO, João Vieira. A nova escola de direito criminal os juristas italianos E Ferri, F. Puglia e R.

Garofalo, O Direito e o Processo Criminal Positivo. O Direito, v. 47, 1888. p. 481.


105

A título de esboço de conclusão, o perfil do jurista tem três aspectos principais


e indissociáveis. O primeiro é sua formação jurídica. São homens letrados, oriundos
de uma elite, quando não provindos de famílias economicamente abastadas, ao
menos pertencentes a uma elite cultural. Levando-se em consideração o contexto
socioeconômico brasileiro, não há como colocá-los em posição distinta senão na elite.
Apor o jurista ao bacharel significa restringir a interpretação dada ao bacharelismo
como único modelo de jurista possível em todo século XIX e restringir o significado do
termo jurista àqueles preocupados – ou interessados, no mínimo em participar do
debate doutrinário. As condições materiais do jurista – a necessidade do exercício de
uma profissão jurídica, inserida ou não na burocracia estatal, a formação acadêmica
precária e deficiente, as dificuldades de acesso a bens culturais – compõem o perfil
do próprio jurista brasileiro, na medida em que ele se adapta às vicissitudes locais, e
não podem ser medidas em termos de atraso cultural face à Europa.
O segundo aspecto é o reconhecimento por seus pares, o prestígio, o
destaque, o impacto que os artigos, obras e mesmo textos legislativos que estes
juristas elaboravam fazia com que adquirissem notoriedade advinda de sua própria
produção intelectual. Um indício é a referência a fontes brasileiras expostas a seguir.
Outro, é a reverência a certos autores transparente no modo como a citação é feita.
A partir do que foi exposto quanto à participação efetiva na revista, percebe-se que
não há apenas uma via para o status de jurista, ou seja, não apenas professores com
vários títulos publicados podem participar do debate doutrinário, entretanto,
independentemente da profissão – da “vida ocupada” – o que os faz pertencer ao
corpo 226 de juristas, é a participação no diálogo doutrinário, é o tornar-se referência
para outros juristas. Essa interação depende de um reconhecimento tácito e mútuo
explicado, apenas como hipótese, pela linguagem em comum e pela interação social
e profissional. Destacando-se deste modo a importância da bibliografia em comum e
dos espaços de sociabilidade, presenciais – salões, Instituto dos Advogados, reuniões
do Conselho de Estado etc. – ou literários como as revistas.
O terceiro ponto que compõe o perfil do jurista brasileiro é que, não obstante
a prevalência do exercício da magistratura associada a cargos eletivos ou a altos
cargos na burocracia estatal, a profissão jurídica em si, não era determinante para o
“estado” de jurista. Entretanto, o exercício de uma ou mais carreiras jurídicas, políticas

226A ideia de corpo será detalhada no capítulo final sob as considerações da obra Il Corpo Eloquente
de Pasquale Beneduce.
106

ou literárias, sim, pode ser considerado um aspecto geral. Representa o caráter


polivalente dos juristas que é ao mesmo tempo necessário para a subsistência
material, para o acesso aos círculos de debate da cultura jurídica mas também critério
de respeitabilidade no meio. Em resumo, o perfil do jurista se constrói a partir o lugar
da fala, do posicionamento do jurista não só perante o saber jurídico mas perante seus
pares e instituições.

3.2 VOZES NO DISCURSO JURÍDICO

Esquematicamente, se a história do pensamento jurídico europeu continental


pudesse ser representada em uma linha contínua e colorida, na qual os grandes
esquemas de pensamento aparecesse em uma cada uma das cores primárias e os
momentos de transição entre um e outro em cores secundárias, seria possível
observar, primeiramente, uma forma bem mais sinestésica de estudar história do
pensamento e, em segundo lugar o caminho dessas correntes de pensamento ao
longo do século XIX mas também sobre o mapa da Europa. Haveria pontos vermelhos,
amarelos e azuis, mas muito mais roxos, verdes e laranjas. Haveria, portanto, um
liberalismo e republicanismo convivendo com o sistema escravista 227 ou positivismo e
evolucionismo 228 convergindo em prol da modernização da nação. A convivência
contraditória entre essas tendências, acabava por diluir as dualidades alta e baixa
cultura, modernidade e pré-modernidade jurídica, legalismo e cientificismo. No

227 Sobre o Partido Republicano Paulista: “[…] os paulistas produziram apenas dois documentos
doutrinários importantes. O primeiro destinava-se a fixar a posição do partido em relação ao problema
da escravidão. […] Em relação ao problema da escravidão, o partido tomou uma posição sibilina.
Reconhecia, de um lado, a importância do problema, mas de outro lado, declarava se tratar de uma
questão social cuja solução era de responsabilidade dos partidos monárquicos e não deles,
republicanos. Na realidade, a decisão correspondia a uma negativa em tomar posição a favor da
abolição” (CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 209).
228 “Positivismo e evolucionismo – Comte e Spencer – foram correntes de pensamento que, diversas

entre si, […] operaram de modo convergente no combate pela modernização cultura da nação. A
hipótese de um progresso linear é comum a ambas. […] As distorções ideológicas de cada uma dessas
doutrinas não se fizeram esperar. Propondo-se a organizar a sociedade, os discípulos de Comte
pregavam formas de governo de conotação virtuosa que recuperava o seu significado no contexto da
antiga Roma. No polo oposto, os evolucionistas pendiam para o liberalismo puro e duro, pois julgavam
que o Estado não deveria intervir na trama social onde os mais fortes e hábeis entrariam em competição
para alcançar a primazia. Em compensação, cada uma das posições trouxe algum benefício: aos
positivistas caberia a prioridade nas propostas relativas aos direitos sociais; aos liberais, na luta pelos
direitos políticos” (BOSI, Alfredo. Cultura. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional
(1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 259).
107

translado dessa complexidade para um contexto brasileiro, acrescentem-se ainda,


como esboçado por Fonseca, os tons terciários do eurocentrismo e localismo,
liberalismo e escravidão, democracia e elitismo. Essas dualidades, segundo o mesmo
autor, relativizadas de maneira um pouco mais acentuada, pudessem levar a
conclusão de que a fronteira entre o “que os juristas brasileiros do século XIX
pudessem chamar de uma genuína e pura ‘ciência jurídica europeia’ e aquilo que seria
uma ‘ciência jurídica brasileira’ seja de tal modo imprecisa a ponto de tornar-se
indefinível” 229.
A ciência jurídica brasileira deve ser lida evitando-se, conforme propõe
Fonseca, uma concepção anticolonialista que tende a ver as criações dos juristas
locais como expressões de criatividade e originalidade, mas também com resistência
a concepções que transplantam simplesmente a tradição jurídica europeia.
Certamente, negando a interpretação antagônica, há uma mescla de ambas cuja
chave de leitura é a adaptação, a acomodação, a conformação. E, antes disso ainda,
tratar da herança da tradição europeia no Brasil per se já é uma problemática própria
quando se questiona qual a tradição é referida:

Ademais, essa grande dicotomia (da qual derivam outras, como “centro” X
“periferia”, por exemplo) tem outras fragilidades. Como afinal definir a Europa
(ou mesmo a tradição da cultura jurídica europeia)? Pois certamente os
juristas mais lidos pelos professores e juristas do Brasil eram os portugueses
– que a sua vez, até sua própria codificação civil em 1867, construíam seu
sistema fazendo usos dos modelos das outras ”nações polidas e civilizadas”
de Europa, para usar a linguagem da já referida “Lei da Boa Razão” de 1769.
Então quando se fala de tradição europeia se está falando de França? Ou de
Alemanha? Ó também da Espanha ou Itália? O problema não se faz menor
quando devemos referirmos a Brasil. Pois afinal, a qual Brasil estamos nos
referindo? Ao Brasil da Corte Imperial no Rio de Janeiro, sede do Instituto dos
Advogados Brasileiros e de um Tribunal de relações? Ao Brasil do Recife, já
decadente economicamente, mas também sede de uma das faculdades de
direito economicamente, mas também sede de uma das faculdades de direito
que se assumia germanófila? Ou de Curitiba, uma pequena vila (como tantas
e tantas outras do interior do brasil), com instituições municipais rudimentares
e majoritariamente iletradas? 230

229 “La relativización de todas las dualidades hasta aquí enumeradas puede llevar, con un poco de
exageración retórico calculada, a otra conclusión tal vez un tanto más radical: tal vez la frontera entre
aquello que los juristas brasileños del siglo XIX pudiesen llamar de una genuina y pura “ciencia jurídica
europea” y aquello que sería una “ciencia jurídica brasileña” sea de tal modo imprecisa al punto de
tornarse indefinible” (FONSECA, Ricardo Marcelo. La cultura jurídica brasileña del siglo XIX entre
hibridismos y tensiones en la tutela de los derechos: algunas hipótesis de trabajo. Forum Historiae
Iuris. (18 de agosto 2014). Disponível em <http://www.forhistiur.de/2014-08-fonseca/>. Acesso em 16
de janeiro de 2015). (tradução nossa).
230 “Además, esa gran dicotomía (de la cual derivan otras, como “centro” x “periferia”, por ejemplo) tiene

otras fragilidades. Como al final definir a Europa (o lo mismo la tradición de la cultura jurídica europea)?
108

Portanto, a pluralidade de vozes no discurso jurídico europeu não permite


acepções em termos apenas de recepção ou rejeição. Ainda que, essa análise se
restrinja a interpretar Europa para a cultura jurídica brasileira apenas como
Portugal 231, pois ainda assim a atomização de um panorama europeu mais amplo
também sofreu transformações, críticas e adaptações com esse filtro português.

Do ponto de vista jurídico, Portugal faz parte, desde o século XIII aos meados
do século XIX, de um vasto espaço dominado pela tradição jurídica do direito
comum (ius commune). A história do direito português – considerada a
expressão no seu sentido mais restrito – é, portanto, a história do direito
comum europeu, com algumas especialidades do direito do reino, mais
visíveis nos domínios da organização político-administrativa (da coroa, dos
concelhos, dos senhorios), do direito penal (em que Portugal dispõe da
compilação global mais antiga da tradição jurídica europeia, o Livro V das
Ordenações Afonsinas, de 1446) e de alguns ramos do direito contratual. Mas
mesmo estas esparsas áreas da tradição jurídica mais específicas são
continuamente corroídas por um discurso letrado que ia buscar toda
utensilagem doutrinal no direito comum. 232

Pues ciertamente los juristas más leídos por los profesores y juristas de Brasil eran los portugueses –
que a su vez, hasta su propia codificación civil en 1867, construían su sistema haciendo usos de los
modelos de las otras “naciones pulidas y civilizadas” de Europa, para usar el lenguaje de la ya referida
“Ley de la buena razón” de 1769. Entonces cuando se habla de tradición europea se está hablando de
Francia? Ó de Alemania? Ó también de España ó Italia? El problema no se hace menor cuando
debemos referirnos a Brasil. Pues al final, a cual Brasil nos estamos refiriendo? Al Brasil de la Corte
Imperial, en Río de Janeiro, sede del Instituto de los Abogados Brasileños y de un Tribunal de
relaciones? El Brasil de Recife, ya decadente económicamente, pero también sede de una de las
facultades de derecho que se asumía germanófila? Ó de Curitiba, una pequeña villa (como tantas y
tantas otros del Brasil profundo), con instituciones municipales rudimentarias y mayoritariamente
iletradas?” (FONSECA, Ricardo Marcelo. La cultura jurídica brasileña del siglo XIX entre hibridismos y
tensiones en la tutela de los derechos: algunas hipótesis de trabajo. Forum Historiae Iuris. (18 de
agosto 2014). Disponível em <http://www.forhistiur.de/2014-08-fonseca/>. Acesso em 16 de janeiro de
2015). (tradução nossa).
231 “Outro cenário dogmático é, em Portugal, a legitimidade doutrinal da importação atomística da

legislação estrangeira, sem curar de verificar se isso conduzia ou não a um sistema coerente. Por
razões substanciais, mas tendo subjacente à mesma ideia de coerência intra-sistemática, a importação
de códigos estrangeiros era também contestada por aqueles que preferiam continuar o trabalho da
pandectística, integrando o direito tradicional com o trabalho que sobre ele tinha sido feito pelo
racionalismo. Como já foi notado, verifica-se, de fato, uma ulterior fratura entre os civilistas que seguem
a tradição da pandectística, trabalhando o direito tradicional do reino com os contributos doutrinais e
metodológicos do usus modernus e do jusracionalismo e os que importam diretamente os conteúdos
dos códigos das nações cultas, seguindo uma outra das vias abertas pela Reforma Pombalina dos
estudos jurídicos. Os primeiros, na verdade, estão mais próximos de um iluminismo doutrinal, ele
mesmo subsidiário de um conceito tradicional de “Boa Razão”, tido como um patrimônio doutrinal
permanente, induzido das manifestações concretas do direito pátrio. Pascoal de Melo Freire assume
claramente esta posição […]” (HESPANHA, António Manuel. Um poder um pouco mais que simbólico:
juristas e legisladores em luta pelo poder de dizer o direito. In: FONSECA, Ricardo Marcelo e
SEELAENDER, Airton Cerqueira Leite (orgs.). História do Direito em Perspectiva: do Antigo Regime
à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 149-199. p. 184).
232 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2006. p. 139.


109

Se a mesma metáfora da linha fosse usada de forma a comparar


temporalmente os momentos de emergência, recepção e circulação de cada corrente
do pensamento jurídico estrangeiro, colocando a linha europeia em paralelo a
brasileira, os momentos de representação de cada “cor”, de cada vertente do
pensamento provavelmente estariam em compassos diferentes. Por exemplo, a
modernidade jurídica que significaria, à época da instituição do Estado Nacional
soberania, separação de poderes, direito individuais impressos na constituição,
legalismo e a ideia de código, foi traduzida no Brasil em uma constituição outorgada,
com um quarto poder moderador, que era muito mais, como explica Fonseca, uma
carta de intenções ao ingresso na modernidade 233. A subsistência dos poderes locais,
a perenidade do costume e a resistência à implementação de direitos individuais
marcaram a jornada de “modernização” do Brasil não só no período imperial,
recordando a implementação tardia do Código Civil. A convivência de posições
antagônicas não implica, entretanto, em ausência de tensão.

Todavia, progressivamente é perceptível o fato de que a tradição jurídica


europeia recebida no Brasil vai sendo progressivamente trabalhada, burilada
e adaptada às inúmeras particularidades e contradições vividas pelo jovem
Estado, de modo a dar contornos não arbitrários e bastante típicos ao direito.
E nem poderia ser diferente: o Brasil entra na época liberal como um país que
busca estruturar-se jurídica e politicamente num contexto de tensão. De um
lado, estão presentes as sombras do velho mundo do antigo regime, que, no
caso brasileiro, implicam numa estrutura social colonial profundamente
centralizada, oligárquica e montada para a exploração a partir do uso massivo
do trabalho escravo. No âmbito jurídico, esta estrutura social particular é
recepcionada com a vigência das velhas Ordenações Filipinas e da legislação
portuguesa colonial (sobretudo no direito privado). Mas de outro lado, num
convívio nada harmônico, percebe-se logo após a independência um conjunto
de ideias novas, provenientes dos lugares em que ocorreram revoluções
liberais, que tentam colocar o jovem Estado brasileiro entre as nações
modernas (o que no âmbito jurídico se pode perceber por exemplo pelas
legislações “modernizadoras”, como o código criminal de 1830, a ‘lei de
terras’ de 1850 e a lei hipotecária de 1864). 234

Em uma primeira aproximação estar-se-ia diante do encontro de forças


divergentes: a extensão da tradição portuguesa ou europeia continental versus a
pretensão de originalidade, ou ao menos, de uma interpretação própria, particular
daquela tradição. E, diante dessa dicotomia, caba investigar a autoridade e

233 FONSECA, Ricardo Marcelo. La cultura jurídica brasileña del siglo XIX entre hibridismos y tensiones
en la tutela de los derechos: algunas hipótesis de trabajo. Forum Historiae Iuris. (18 de agosto 2014).
Disponível em <http://www.forhistiur.de/2014-08-fonseca/>. Acesso em 16 de janeiro de 2015.
234 FONSECA. Ricardo Marcelo. Os juristas e a cultura jurídica brasileira na segunda metade do

século XIX. Disponível em: < http://goo.gl/MZeJDk>. Acesso em 15 de novembro de 2009.


110

legitimidade dos juristas locais frente à recepção e acomodação das doutrinas


estrangeiras.
A transição de gerações referida anteriormente é uma ferramenta útil para
auxiliar na compreensão da forma como se deu a recepção de doutrinas europeias no
Brasil oitocentista. A geração formada em Coimbra era comprometida com os
interesses de unificação e centralização que marcaram o Império, entretanto, a
presença mais significativa no cenário intelectual geral e jurídico a partir da década de
1870 procura o distanciamento da geração anterior também no aspecto do discurso.
Enquanto boa parte dos postos centrais da elite política e judiciária ainda eram
ocupados pela geração anterior, a marginalização da nova geração resultava na
busca de teorias e ideologias que oferecessem a crítica à sua situação desfavorável.
Em geral, aponta Angela Alonso, as críticas à essa geração apontam que ela teria
incorporado ideias europeias como "ornatos discursivos". A absorção das teorias
estrangeiras, que seriam artificiais por princípio em relação ao contexto brasileiro,
seria apenas uma forma para a alienação e evasão da realidade nacional. Os
intelectuais da geração 1870 foram acusados de privilegiarem o estudo de novos
sistemas filosóficos a interpretar a realidade nacional, “ignorando solenemente, salvo
honrosas exceções, como Joaquim Nabuco, os problemas cruciais da sociedade
brasileira, sobretudo a escravidão” 235.

De outra parte, parece que nos anos que começam a partir de 1870 existe
um novo influxo de ideias que assola o meio acadêmico brasileiro. Lilia
Schwarcz assinala como a década de 70 do século XIX assinala um marco
para a história das ideias no Brasil, já que representa o momento da entrada
de todo um novo ideário positivista evolucionista de base racional. Venâncio
Filho, retomando reflexão de Roque Spencer Maciel de Barros, chega a dizer
que o ano de 1870 marca o início da assim chamada “ilustração brasileira”,
que iria até o início da primeira guerra mundial. Antonio Paim, ao analisar o
movimento chamado “escola do Recife”, vai igualmente chamar a atenção
para o ‘surto de ideias novas’ na referida década. E parece possível, de fato,
notar uma alteração no modo como a cultura jurídica está se colocando no
Brasil neste período. 236

235 ALONSO, Angela. Crítica e contestação: o movimento reformista da geração 1870. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, 15(44), 35-55. 2000. Disponível em: <http://goo.gl/uqRlgJ>. Acesso
em: 23 de julho de 2015.
236 FONSECA. Ricardo Marcelo. Os juristas e a cultura jurídica brasileira na segunda metade do

século XIX. Disponível em: < http://goo.gl/MZeJDk>. Acesso em 15 de novembro de 2009.


111

Ainda segundo Fonseca 237, há quem sustente que no Brasil era feita uma
mera cópia, uma transposição mais ou menos literal dos modelos institucionais e
intelectuais portugueses, franceses e alemães que se presumia que tivessem
disseminação entre os juristas brasileiros, numa demonstração do mimetismo cultural
brasileiro. Em contrapartida, outros autores um tanto encantados pelas peculiaridades
do sistema jurídico nacional vislumbram a cultura jurídica brasileira como
absolutamente independente e destacam a originalidade e a pluralidade jurídica,
resultando em uma jabuticaba, única no mundo.

A busca de uma cultura do direito não significa a busca da “melhor cultura


jurídica”. É a busca por um conjunto de significados que efetivamente
circulam na produção do direito e são aceitos e prevalecem nas instituições
jurídicas. O conjunto de significados remete ao arcabouço doutrinário e aos
seus marcos de autoridade nacionais e estrangeiras, aos padrões de análise
e interpretação, às influências e usos particulares de ideologias e concepções
jusfilosóficas. 238

Nenhuma das duas visões é capaz de reter a complexidade do pensamento


jurídico brasileiro nesse período, nem tampouco é possível – crê-se – uma perspectiva
amplamente conciliadora que enxergue a convivência das duas proposições. É
possível entretanto, uma convergência de ambas com adaptações, reformulações e
transformações.

As ideias faziam (e fazem) parte de um jogo histórico complexo – que se


alimenta de transição, de tensão, de circulação cultural, no qual a ciência
jurídica vivesse, em um terreno muito peculiar, uma releitura e uma recreação
– que entretanto não deve ser considerada uma distorção; mas que terá sim
o significado de ter garantido uma nova vida a ciência jurídica europeia. 239

237 FONSECA, Ricardo Marcelo. Tra mimesi e jabuticaba: recezioni e adattamenti della scienza giuridica
europea nel Brasile del XIX secolo. In: SORDI, Bernardo (org.). Storia e diritto: esperienze a confronto
(atti dell'incontro internazionale di studi in occasione del 40 anni dei Quaderni Fiorentini (Firenze, 18-19
ottobre, 2012). v. 1. Milão: Giuffré, 2013. p. 415-425.
238 SOUZA, André Peixoto de. Direito público e modernização jurídica: elementos para compreensão

da formação da cultura jurídica brasileira no séc. XX. Tese (doutorado) – Universidade Federal do
Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2010. p. 33.
239 “Le idee facevano (e fanno) parte di un gioco storico complesso — che si alimenta di transizione, di

tensione, di circolazione culturale, in cui la scienza giuridica europea visse, in un terreno molto peculiare,
una rilettura e una ricreazione — che però non deve essere ritenuta una distorsione; avrà piuttosto il
significato di aver assicurato una nuova vita alla scienza giuridica europea” (FONSECA, Ricardo
Marcelo. Tra mimesi e jabuticaba: recezioni e adattamenti della scienza giuridica europea nel Brasile
del XIX secolo. In: SORDI, Bernardo (org.). Storia e diritto: esperienze a confronto (atti dell'incontro
internazionale di studi in occasione del 40 anni dei Quaderni Fiorentini (Firenze, 18-19 ottobre, 2012).
v. 1. Milão: Giuffré, 2013. p. 415-425. p. 424). (tradução nossa).
112

Perseguir uma identificação plena dos discursos jurídicos no século XIX


equivale a lutar contra moinhos de vento que assumem formas diferentes a cada
ataque. Ainda mais se o objetivo principal é, novamente, permitir que as fontes
exponham seu conteúdo.
Assim que não se buscou o discurso político, progressista, modernizador ou
cientificista nos textos estudados, mas quais as autorreferências e inter-relações entre
os múltiplos discursos. Explica Hespanha:

Outra característica de uma tradição jurídica como a europeia é seu caráter


autorreferencial. Ou seja, todo o sistema de referências e de autoridades da
tradição está contido nela mesma. […] Também no seu desenvolvimento ou
reprodução, o sistema da tradição jurídica é autossuficiente; ou seja, cria-se
a si mesmo, apenas com os seus recursos e de acordo com as suas regras
de reprodução – é autopoiésis. 240

É bastante seguro afirmar que o Brasil teve grande influência da tradição


jurídica europeia, na prática, com exclusividade desde sua colonização até o século
XIX. A assimilação da doutrina portuguesa ou francesa implicava, portanto, a
assimilação de todo um conjunto de referências e tradições. Hespanha 241 lembra que
é o próprio sistema da tradição que define seu fechamento em relação ao meio – que
o autor chama de extratexto – e os possíveis meios de comunicação. Um desses
canais de comunicação possíveis, uma dessas formas de “atualizar” a tradição seria
a flexibilização dos conceitos. Assim, o discurso jurídico incorporava conceitos que
não necessariamente pertenciam à esfera jurídica – equidade, natureza das coisas,
público e privado.

De qualquer modo, esta disponibilidade para incorporar decisões tomadas


num plano extratextual não era ilimitada. O próprio sistema da tradição
selecionava as instâncias extratextuais que deviam levar a cabo esta tarefa
de textualização do ambiente e que eram, nomeadamente, os tribunais.
Eram, de fato, os juristas letrados envolvidos na prática que deviam dar
conteúdo a esses conceitos indeterminados ou mesmo incorporar na tradição
normas desenvolvidas autonomamente pela prática judiciária, normas
usualmente introduzidas pelas adversativas “in foro autem”…, “in praxi
autem…” (“no foro, no entanto…”, “na prática, no entanto…”). 242

240 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2006. p. 120-121.
241 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2006. p. 122.


242 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no império português. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2006. p. 123.


113

Portanto, o discurso jamais – e, são raras as vezes em que o advérbio jamais


pode ser usado sem receio – será apenas um conjunto de elementos linguísticos
coordenados por regras sintáticas. O discurso deve ser analisado como peça de um
jogo estratégico de “ação e de reação, de pergunta e de resposta, de dominação e de
esquiva, como também de luta” 243. Nesse esteio, discurso é e deve ser tratado como
um acontecimento discursivo 244, assim:

O discurso, então, não será mais definido pela identidade do objeto, pela
forma comum, pela repetição dos conceitos ou pela persistência dos temas,
mas pelas condições a que tais elementos estão submetidos ao serem
empregados em uma prática discursiva concretamente existente. 245

A concepção de que o discurso, de que “as palavras” não teriam espessura


social suficiente para dele se ocupar a história parece hoje superada. São percebidas
as mediações, refrações e potencial criação na “representação” intelectual da
realidade, como coloca Hespanha 246. As práticas por sua vez, tampouco são tomadas
ainda apenas como coisas abstraídas de qualquer interioridade, a “dialética entre
práticas e representações, entre práticas e discursos, é uma quadratura do círculo” 247.
O discurso é também palco de lutas sociais. Assim, a disputa se dá pelas
regras de cada argumento. Hespanha remete a formação argumentativa e retórica nas
universidades, que proporcionava à todas as pessoas cultas que participavam do
debate jurídico, o conhecimento das regras do uso de cada argumento. Esses
argumentos repeliam ou atraíam outros. O professor dá o exemplo da justificação da
escravatura, se aceita a premissa de que havia certo grupo de homens destinados a
servir, aceitava-se tacitamente que a humanidade não era una e a salvação não era
universal 248.

243 FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Tradução Roberto Machado e Eduardo
Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2005. p. 9.
244 Terminologia delineada por Michel Foucault “traduzida” para a história do direito no texto:

GUANDALINI JR, Walter. O Direito Etéreo: trilhas para um explorador do intangível. In: FONSECA,
Ricardo Marcelo (org.). Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá,
2012. p. 81-98.
245 GUANDALINI JR, Walter. O Direito Etéreo: trilhas para um explorador do intangível. In: FONSECA,

Ricardo Marcelo (org.). Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá,
2012. p. 81-98. p. 85.
246 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 16.


247 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 16.


248 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 20-21.


114

Ou seja, nem tudo se pode invocar. E, mais do que isso, invocar certas razões
pode ter consequências indesejadas e indesejáveis. De onde, as intenções
políticas de quem dala – as “razões dos políticos”, colhidas na história política
conjuntural – podem não ser a única instância decisiva do que é dito. A lógica
interna do próprio discurso em que elas se exprimem fornece, seguramente,
outra leitura. Os seus argumentos existem previamente nas memórias tópicas
– no senso comum – de uma cultura local (por exemplo, a cultura política, ou
a cultura parlamentar); os argumentos têm competências demonstrativas
limitadas e organizam-se entre si segundo relações objetivas. 249

Todavia, como um breve memorando à interpretação dos resultados da


pesquisa, os discursos não surgem a partir do nada ou advém de uma razão universal,
nem são tampouco produto da intenção dos sujeitos, mas vêm de práticas de discurso,
nas quais uns falam e outros escutam mas em lugar e com meios sobre os quais esses
mesmos sujeitos não têm poder de conformação 250. No caso do discurso jurídico, o
lugar, a tradição jurídica, precede e supera os sujeitos; bem como o meio, a linguagem
no geral e, os rituais 251 próprios do direito como linguagem em especial, são
compartilhados pelos sujeitos mas a eles também são, de certa forma, intangíveis.
“Essas práticas fazem parte da história, mas de uma história em que, no centro, não
está o Sujeito, com o seu poder de atribuição de sentido. Mas antes dispositivos
objetivos que, também objetivamente, constituem os sentidos possíveis. Dispositivos,
uns intelectuais, outros materiais, outros sociais” 252.
Para o jurista do XIX, o discurso não é apenas seu modo de expressar, de
participar da cultura jurídica que o cerca, mas é também sua ferramenta de trabalho.
O jurista é um experto da palavra. O direito está repleto de proposições, sejam escritas
ou faladas, que possuem concretude tal a ponto de serem capazes de transformar a

249 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades
de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 21.
250 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 23.


251 “A forma mais superficial e mais visível destes sistemas de restrição é constituída pelo que se pode

agrupar sob o nome de ritual; o ritual define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam
(e que, no jogo de um diálogo, da interrogação, da recitação, devem ocupar determinado tipo de
enunciados); define os gestos, os comportamentos, as circunstâncias e todo o conjunto de signos que
devem acompanhar o discurso; fixa, enfim, a eficácia, suposta ou imposta das palavras, seu efeito
sobre aqueles aos quais se dirigem, os limites de seu valor de coerção. Os discursos religiosos,
judiciários, terapêuticos e, em parte também, políticos, não podem ser dissociados dessa prática de um
ritual que determina para os sujeitos que falam, ao mesmo tempo, propriedades singulares e papéis
preestabelecidos” (FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France,
pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Loyola, 1996. p. 38-39).
252 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 2.


115

realidade como as proposições performativas: “prometo”, “juro” 253, “é aberta a


sessão”.
E, ainda que, o discurso pela distância temporal somente seja possível
apreender hoje o que restou em forma impressa do século XIX, ainda se vivida aquele
período sob o domínio da oralidade. Ainda que circulasse em um meio letrado, as
relações sociais nas quais o jurista estava imerso eram primordialmente tomadas pela
oralidade. A própria forma como se estruturava a prática jurídica nos tribunais,
privilegiava um primeiro momento da fala, do convencimento, e só em um segundo
momento, a transcrição, a escritura 254. A palavra escrita nesse período é ambígua, dá
azo à interpretação diversa, incita a réplica para se fazer compreender 255.
Nesse aspecto, as revistas jurídicas, com suas consultas, seus discursos e
seus pareceres, eram uma forma suplementar de intercâmbio verbal, não podendo
ser considerados outra coisa senão diálogo. O texto impresso era seu meio de difusão,
não seu fim. Os enunciados ao final dos textos demonstram seu caráter aberto, de
proposição a continuação do debate e não de definição, era comum que se
submetesse, ao final, o artigo ao crivo dos pares: “São estas as ligeiras considerações
que, sobre o nosso objecto, sujeitamos ao juizo esclarecido e recto dos nossos
illustrados mestres na sciencia do Direito” 256 ou “Procuramos demonstrar as

253 Beneduce aponta ainda outra função, além da performativa, do juramento, que consistiria, no

imaginário forense do século XIX em uma forma de continuidade da cultura do Antigo Regime. O objeto
do juramento seria conotativamente a qualidade pública do advogado ou procurador, parte de uma
estratégia disciplinadora imposta ao corpo forense da Itália liberal em confronto com o aparato do
estado nacional (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia
liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 141 e ss). Ademais, sobre a secularização do juramento ver:
BOTERO, Andrés. Da religião do juramento ao juramento secularizado: conclusões de um estudo sobre
a evolução do juramento processual na Colômbia durante o século XIX. Revista da Faculdade de
Direito UFPR, [S.l.], v. 60. n. 1. p. 215-246. Março de 2015. ISSN 2236-7284. Disponível em: <
http://goo.gl/EETXo4>. Acesso em: 13 de agosto de 2015.
254 Pode-se considerar que havia uma relação diferente dos juristas para com a escrita e a oralidade,

que perpassava também as considerações feitas acerca de prática e da doutrina. Os artigos da revista
encontram-se no centro dessa dicotomia, pois, ainda que se encaixem sob o título “doutrina” em muitos
textos se destinam a relatar determinada “prática”. A distância e a inexistência de outros possíveis
canais de diálogo, tornava a revista jurídica um híbrido, como é possível perceber no seguinte excerto:
“O meu fim, relatando o que se deu no tribunal, de que sou membro, na sessão de 15 deste mez, e
fazendo estas ligeiras considerações, é chamar a attenção do Sr. ministro da justiça para esta especie,
que ainda não está prevista no regulamento das relações, e pedir aos meus illustrados colegas que,
dando o seu parecer sobre o facto expendido, exponhão a praxe seguida nos tribunaes, em que
funccionão” (CARDOSO, Sebastião. Como procederão as relações, quando lhes forem enviados pelos
presidentes de provincia, papeis, nos quaes se encontre crime de responsabilidade? O Direito. v. 20.
1879. p. 7).
255 Remete-se ao debate entre Teixeira de Freitas e Antonio Joaquim Ribas nas páginas da Revista O

Direito.
256 OLIVEIRA, José Rubino. Sobre quem recahem os impostos lançados sobre os gêneros produzidos

e consumidos no paiz? O Direito. v.10. 1876. p. 39.


116

proposições da nossa epigrafe; os leitores decidirão, si atingimos o alvo, a que


vizamos” 257. Sobre essa “tradução” escreveu Aldo Mazzacane investigando a Itália
medieval.

Evidentemente, o imponente processo de tradução e imposição do direito em


escrita – acordos entre particulares, atos administrativos, sistematizações
doutrinárias, prescrições normativas – está destinado a modificar as técnicas
e procedimentos da ciência. […] Mas as mudanças só ocorrem com a lenta
passagem do tempo. O direito escrito não desfaz de súbito seus vínculos com
os requisitos próprios de um sistema de relações no qual dominam a
oralidade e as formas de certificação mágico-rituais. 258

Entretanto, a passagem da oralidade para a escrita aqui também apresenta


ruídos. Um caso exemplar dessa relação entre oralidade e transcrição, e, a exatidão
– ou falta dela – que ocorria nessa transposição localizado na revista foi a réplica de
Câmara Leal a texto publicado por Ovídio Loureiro como complemento a acórdão na
seção de jurisprudência no 15º volume da revista.

Sobre questão assim formulada fez meu illustrado colega o Sr. Ouvidio
Loureiro publicar, á pag. 387 deste volume do Direito, um artigo seu, com que
pretende justificar seu voto dissidente dos da maioria dos julgadores do
recurso eleitoral á que se referio, desenvolvendo os fundamentos que
addicionou á sua assignatura, por vencido.
Houve demasiada pressa em remetter o seu trabalho ao Direito, antes de
assignado o acordão, como se conhece pela minha assignatura impressa,
como anteposta á do Sr. Desembargador Silva Guimarães, e pela falta, do
que escrevi em seguimento á minha, reclamando contra a redacção do
acordão; porque não me baseei em argumento de autoridades (que aliás
estimo estejão de accôrdo com meu voto), mas em considerações de
raciocínio proprio, que, contestando o digno collega Sr Loureiro, expendi na
discussão do feito, em tribunal. 259

E, quase ao final do texto:

Repetindo o que disse junto á minha assignatura ao acordão, estimei saber


que, tanto a com missão da camara dos Srs. deputados como o supremo
tribunal de justiça, forão de opinião igual á que humildemente sustento; mas
não sabia disso antes do illustrado collega m'o haver feito saber na discussão;
e, por isso, não podia o acordão ter por fundamento essas autoridades, e sim
somente o que ponderei com raciocinio proprio, tendo em vista as leis que
citei. […] Não pense o illustrado collega, á quem submetto as considerações
acima feitas, que tenho a pretenção de igualar-me á quem outrora disse:
- Hos ego versiculos feci, tulit alter honores.

257 ARARIPE, Tristão de Alencar. Julgamento dos Bispos. O Direito. v. 5. 1874. p. 169.
258 MAZZACANE, Aldo. O jurista e a memória. In: PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista: Amor,
Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá, 2011. p. 81-118.
259 LEAL, Luiz Francisco da Camara. O prazo marcado para decisão, pelos tribunaes da relação, de

recursos eleitoraes sobre irregularidades que importem nulidade das qualificações, interrompe-se pela
interposição de férias? O Direito. v. 15. 1878. p. 601.
117

Não; fique certo de que lucto com muitos obstaculos para manter a pequena
reputação scientifica com que alguns me honrão, e não posso deixar passar
sem reclamação o que indirectamenteme póde affectar, com facilidade de
crença, prestando-se aos bem ou mal desenvolvidos commentarios dos que
vivem ou achão prazer em deprimir a tôrto e a direito por mero egoismo.
Leia o collega o que ultimamente têm manifestado contra mim certos
escriptores, ostensiva ou anonymamente, depois de me haverem honrado
tanto os Rebouças, Thomaz Alves, Perdigão Malheiros, Silveira da Motta,
Fernandes de Loureiro, Macedo Soares, Monte, Pessoa, Ferreira Corrêa e
alguns outros, com expressões que tanto me penhorão; e reconhecerá
justificada a minha não pretenciosa reclamação. 260 (grifo nosso)

Esses trechos estão repletos de elementos como: autor, citação, reputação


científica, apropriação de textos e ideias, originalidade e fidelidade do relato. O texto
de Loureiro ao qual Câmara Leal faz referência não cita seu nome além de colocá-lo
– prematuramente como dito – na assinatura do acórdão. Sob os olhos atuais, tendo
o voto de Câmara Leal prevalecido no acórdão apenas com seu nome aposto em
seguida aos fundamentos de Silva Guimarães, o que importa se Loureiro deixou de
transcrever todo o debate ocorrido no tribunal? A reclamação, portanto, parece de
todo despropositada e exagerada. Entretanto, considere-se que, diante de uma cultura
que, como visto, favorecia as associações pessoais e na qual se desconhece exemplo
em que era possível a projeção e o reconhecimento na carreira sem a rede de
sociabilidade 261, a associação a uma ideia – ainda que aparentemente inofensiva
como a divergência de fundamentação em um acórdão no qual Câmara Leal terminou
por votar com o relator, tomavam uma dimensão de maior importância. Parece ser
esse o ponto de maior desgosto de Câmara Leal, ao terem lhe sido atribuídas
referências que não utilizou por ter sido genuinamente original. Outro ponto que
merece destaque é “reputação científica”. Ainda que, com base apenas nesse
fragmento isolado, não seja possível precisar a que exatamente se referia Câmara
Leal. A importância dada pelo autor do texto demonstra que a problematização em
torno da ciência, originalidade e interpretação pertencia também àquele contexto.
Retornando a transição para uma cultura escrita, a investigação das fontes
dos juristas ainda demonstra indiretamente a circulação de livros, o que, dadas as

260 LEAL, Luiz Francisco da Camara. O prazo marcado para decisão, pelos tribunaes da relação, de
recursos eleitoraes sobre irregularidades que importem nulidade das qualificações, interrompe-se pela
interposição de férias? O Direito. v. 15. 1878. p. 604-605.
261 Tratou-se anteriormente da necessidade de nomeação do Ministro da Justiça para a magistratura,

da estreita relação entre elites locais e magistrados, da cooptação de Saldanha Marinho pelo governo
imperial com sua nomeação a Conselheiro do Estado.
118

dificuldades materiais e o altíssimo nível de analfabetismo, revelam uma parcela


significativa de circulação – material – de cultura jurídica, estranhamente 262, impressa.
Estranhamento por algumas razões, uma delas é a de que a imprensa
somente pôde se desenvolver no país após a vinda da família real 263, a disseminação
das prensas e casas editoriais permitiu que as revistas especializadas tomassem
fôlego somente na segunda metade do século XIX, a falta de publicação constante de
jurisprudência e a preço acessível era um dos problemas mais cotidianos dos juristas
e daqueles que trabalhavam com o foro 264. Ainda que hoje, enquanto fontes, os
escritos podem ser considerados abundantes, em realidade eram um tanto escassas
à época 265, além de custosas. Nem mesmo aos magistrados não eram afetados pela
escassez de cópias de legislação, como se verifica em um dos artigos da revista:

262 O caminho inverso, ou seja, a tradução dos escritos a uma maioria iletrada, e, especialmente, a
forma como esse translado fora feito, leva aos estudos sobre o imaginário jurídico popular. “Esta
osmose entre a tradição jurídica letrada e a prática jurídica quotidiana efetuava-se por meio de uma
série de mediações. As obras da tradição literária não chegavam à vida quotidiana na sua forma integral
e original. Elas eram, de resto, escritas numa língua e num estilo que impedia a sua difusão nos meios
não letrados. Por isso, as suas vias de vulgarização eram mediadores jurídicos não letrados que, não
dominando de qualquer modo o sistema e as especificidades do direito erudito, dele colhiam ditos,
regras muito simples, fórmulas tabeliônicas que iam incorporando na vida jurídica quotidiana,
nomeadamente em função da progressiva utilização da escrita nos atos jurídicos. Esta camada de
mediadores produzia, ela mesma, uma literatura própria (v. g., ars notariae), que vulgarizava o direito
erudito e o vasava em broearda ou dieta simplificados, acessíveis, por tradição escrita ou oral, à
generalidade da população. […] Foi por essas vias que se foi criando uma cultura jurídica vulgar que
passo a condicionar fortemente, […] o imaginário popular sobre o direito, sobre a justiça, sobre os
processos sociais […]” HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006. p. 126-127.
263 A Impressão Régia foi criada em 13 de maio de 1808 e “já nasceu com o trabalho atrasado. […]

Para ter uma ideia do trabalho acumulado e do que se juntou no percurso, basta dizer que, até 1822
foram publicados 1427 documentos oficiais. Mais: pequenas brochuras, folhetos, opúsculos, sermões,
prospectos, obras científicas, literárias, traduções de textos franceses e ingleses versando sobre
agricultura, comércio, ciências naturais, matemática, história, economia política […], enfim, ali se
imprimia de tudo um pouco, desde que tivesse passado pela peneira da censura. Foram 720 títulos,
até 1822. (SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis – Do terremoto de
Lisboa à Independência do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002).
264 “A Revista Jurídica, importantissima publicação á que a sciencia do direito e a jurisprudencia pátria

já devem relevantíssimos serviços, desde Janeiro que acha-se distribuida por seus assignantes, e
exposta á venda. Continua a ser dirigida sua redacção pelo nosso illustrado collega o Sr. Dr. José da
Silva Costa, o que importa dizer que ainda d'esta vez apresenta-se com o mesmo brilhantismo, com
que sempre se tem revelado na discussão das theses de direito, offerecendo importante e escolhida
collecção de decisões dos Tribunaes, e uma valiosa compillações de leis e decisões do Governo, cuja
divulgação é de summa importancia para os que se empregão no fôro, que nem todos, ou melhor, muito
poucos podem comprar as custosas collecções de leis, cujo preço, hoje, já attinge a somma não
pequena. MONTE JUNIOR. Bibliographia. O Direito. v. 3. 1874. p. 192.
265 As bibliotecas públicas se desenvolveram no Brasil no século XIX, ainda que existissem bibliotecas

antes disso, em geral, estavam vinculadas a conventos e ordens religiosas (como a própria biblioteca
da Faculdade de Direito de São Paulo) e seu acesso era restrito. As bibliotecas particulares também
eram raras, estimando-se que menos de 20% dos profissionais como médicos e advogados
possuíssem livros em suas casas. Na década de 1870, no Rio de Janeiro havia a Biblioteca Nacional,
as bibliotecas da Faculdade de Medicina, Escola da Marinha, Academia de Belas Artes, do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, o Gabinete Português de Leitura e algumas outras vinculadas a
119

Aos juizes, a quem fossem – individualmente – remetidas as collecções, se


faria carga nas thesourarias de fazenda (a qual constaria das guias por
mudança de lugar), para que as restituíssem, quando deixassem a profissão
–, se não preferissem pagar a importancia dellas e conserval-as, e para que
por morte delles se podesse fazer effectiva a mesma obrigação de as
restituirem na pessoa de seus herdeiros.
As collecções restituídas serião dadas aos juizes novamente nomeados.
Dos juizes, que actualmente conservão as collecções recebidas, se deverião
exigir declarações completas dos volumes, que lhes tem sido remettidos pela
typographia nacional; não só para se lhes fazerem as devidas notas nas
respectivas folhas, como para lhes serem fornecidos os volumes que lhes
faltassem. 266

A pesquisa realizada aponta evidências de quais livros efetivamente


circularam no período no Brasil, principalmente se for tomado como pressuposto a
necessidade de ter o livro em mãos para citá-lo diretamente. Outro ponto é que, ainda
que se traduzam muitas das citações, quando estas forem diretas em idioma
estrangeiro, é possível supor que a edição citada seja a original ou uma tradução (em
geral, verificou-se essa situação na citação de autores alemães citados em francês).

3.2.1 As citações de fontes da doutrina portuguesa

Portanto, a doutrina portuguesa continuou tendo impacto na incipiente


doutrina brasileira. Entretanto, como explica Hespanha, nem sempre são os teóricos
do direito mais criativos ou originais que tem suas obras difundidas. Em geral,
predomina o aspecto prático da obra, como é o caso de Manuel de Almeida e Sousa
de Lobão (1744-1817), cujas citações localizadas remetiam às seguintes obras em
ordem decrescente de frequência: Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições de
Mello Freire 267 e o Tractado Pratico Compendiario de todas as ações Summarias, as

conventos ou instituições de caridade. O cruzamento dos dados de pesquisa nessas bibliotecas com
as fontes citadas nos textos pelos respectivos autores completaria o quebra-cabeça sobre o momento
e a forma de recepção das fontes doutrinárias europeias no Brasil. Por exemplo, os registros da
Biblioteca Nacional de 1853 descrevem que “Perdigão Malheiro compareceu em 22 de novembro e
solicitou 8 obras, em francês e latim, sobre viagens, descobrimentos e descrições das Índias. No ano
seguinte, já no dia 2 de janeiro, o mesmo Perdigão solicitou História abreviada das viagens, por Laharpe
[…] (FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz. As bibliotecas cariocas: o Estado e a
constituição do público leitor. In: PRADO, Maria Emília (org.). O Estado como vocação: ideias e
práticas políticas no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: Access, 1999. p. 59-79. p. 66). Ademais, as
bibliotecas ofereceriam outra luz sobre a interação social pois tornaram-se também espaços de
sociabilidade.
266 PINHEIRO, Luiz Ferreira Maciel. Distribuição das Collecções da Legislação. O Direito. v. 18. 1879.

p. 26.
267 “Para o público acadêmico, porém, a sua obra prima são os comentários que escreveu, com um

sensível pendor crítico, às Institutiones iuris civilis, em que, acolhendo embora muitas das soluções do
120

demais obras apareceram praticamente o mesmo número de vezes: Segundas Linhas


sobre o Processo Civil de Pereira e Souza, Fasciculo de Dissertações Juridico-
Practicas, Tractado Pratico de Morgados, Tractado Pratico dos Interdictos o Remedios
Possessorios, Tratado Pratico e Critico de todo Direito Emphyteutico, conforme a
legislação, e costumes deste reino e uso actual das nações e a Colleção de
Dissertações Jurídico Praticas em Supplemento ás Notas do Livro III de Mello Freire.
Sobre o autor, afirma Hespanha:

Jurista pouco original, de estilo pesado e arcaizante, foi, no entanto, um dos


juristas mais lidos durante todo o século XIX. O carácter enciclopédico das
suas obras, quer quanto aos temas tratados, quer quanto à bibliografia citada
(sobretudo a bibliografia jurídica tradicional) tornou-o num escritor de leitura
obrigatória durante quase todo o século XIX. Mesmo após a publicação do
Código Civil de 1867, que alterava quase toda a legislação sobre que se
baseara, continua a ser citado. […] A importância deste facto para a história
jurídica portuguesa não pode ser subestimada. Lobão, e com ele toda uma
série de outros autores e de obras "menores" de intenção prática,
contribuíram, por vezes muito mais do que a lei, para conformar os resultados
da prática jurídica em Portugal no século passado. 268

Portanto, num cenário de confusão legislativa no tocante às leis civis, parece


bastante plausível que os juristas brasileiros também se valessem de autores
“práticos” capazes de auxiliá-los nesse aspecto.
De Pascoal José de Mello Freire dos Reis (1738-1798), apenas uma obra é
constantemente referenciada nos artigos de direito civil: Instituitiones Juris Civilis
Lusitani.
Os compêndios de Pascoal de Melo Freire atualizados até a década de 60 do
século XIX. Para efeito de comparação, uma análise feita por amostragem em artigos
de todos os ramos do direito mostra, proporcionalmente e parcialmente, grande

processo de Coimbra, lhe opõe frequentemente as fontes doutrinais tradicionais ou, pelo menos, as
cita como antecedentes das doutrinas mais modernas. O seu estilo é tradicionalista, pouco elegante,
nem sempre claro e carregado de citações. Mas, como haveria de escrever Coelho da Rocha, ‘as suas
obras para o uso do foro suprem uma livraria’. Dele escreveu Alexandre Herculano: ‘Houve na Beira
um letrado de custa inteligência e nenhuma filosofia, chamado por alcunha o Lobão. […] Este homem
escreveu nas primeiras décadas deste século, em ódio da gramática e da língua, uma pilha de volumes
refertos de erudições gravíssimas, pesadíssimas, pedantíssimas, onde o pró e o contra das opiniões
dos jurisconsultos se acham acumulados por tal arte, que a leitura dessas dezenas de in quartos é o
meio mais seguro de se não saber qual é o verdadeiro direito na maior parte das matérias jurídicas.
São os livros de Lobão tesouro precioso, mina inesgotável de alegações eternas e contraditórias, para
advogados medíocres” (HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e
brasileira do século XIX: Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del
pensiero giuridico moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 120).
268 HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:

Almedina, 1982. p. 23.


121

incidência de citações da obra Institutiones Juris Criminalis de Mello Freire também


em direito criminal.
Assim, o uso das obras de Mello Freire pode ser considerado dotado de
persistência e continuidade, em parte pela reedição póstuma das obras que já
datavam de final do século XVIII ou início do XIX, além do uso do compêndio na
faculdade de direito de São Paulo na década de 1830.
De José Homem Corrêa Telles (1780-1849) foram citadas em paridade as
obras Digesto portuguez ou Tratado dos direitos e obrigações civis, acomodados às
leis e costumes da Nação Portuguesa, para servir de subsídio ao novo código civil e
Doutrina das Acções e, esporadicamente as obras Addições á Doutrina das Acções,
Commentarios á Lei da Boa Razão, Manual do Tabelião e Manual do Processo civil:
supplemento do digesto portuguez.
Sobre o Digesto portuguez de Corrêa Telles269:

Também se trata de um texto tido como exemplar, cujo objetivo foi o de


estabelecer um cânone doutrinal, numa época em que a síntese de Pascoal
de Melo, se ia tornando obsoleta, pela implantação do constitucionalismo e,
sobretudo, pelo aparecimento de prestigiados códigos na Prússia, na França
e na Áustria, bem pelo o surgir de uma doutrina anotativa (ou exegética). O
autor era tido justamente como um bom e erudito jurista, embora com
orientações de política do direito (e, mesmo, orientações políticas gerais) que
não são as mesmas de outro grande jurista da época, Manuel Antonio Coelho
da Rocha. 270

Coincidentemente, apesar de terem orientações políticas diametralmente


opostas, em volume de menções, Manuel Antonio Coelho da Rocha (1793-1850)
aparece logo em seguida. Assim como no caso de Melo Freire, apenas uma de suas
obras fora utilizada nos artigos pesquisados, qual seja, Instituições do Direito Civil
Portuguez. A obra publicada pela primeira vez em 1841 teve edições até 1867.

269 “Correia Telles, pelo menos no plano do direito, era um conservador, como mostrara seu famoso
Commentario critico à lei da boa razão, em data de 18 de Agosto de 1769. No seu arquivo entra mal,
não apenas a legislação pós revolucionária, como a doutrina a que ela dá origem. Em contrapartida, o
uso moderno na prática de Antigo Regime é-lhe familiar e palatável, bem como aqueles códigos que,
como o ALR prussiano ou mesmo o Cedo civil francês, representam menos um início do que uma
ratificação legislativa da tradição. O recurso à praxística do reino, além de corresponder ao perfil
forense do autor, como magistrado, contribui para atenuar os exageros e perigos que ele via no sistema
de fontes da Lei da Boa razão e, seguramente ainda mais, na transplantação do seu conteúdo
‘internacionalista’ para um período pós-revolucionário” (HESPANHA, António Manuel. Razões de
decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX: Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni
fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 135).
270 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 119-120.
122

Segundo José Reinaldo de Lima Lopes, “suas Instituições de dirieto civil português
formaram uma inteira geração de juristas” 271.
Entre Correa Telles e Coelho da Rocha se delineavam perfis bastante
diferentes. Como coloca Hespanha, “no aspecto profissional, um era advogado, o
outro lente da Universidade. Um tinha-se acomodado a todos os regimes. O outro fora
afastado da Universidade pelos absolutistas e reposto nela pelos liberais” 272.
Do autor Manuel Borges Carneiro (1774-1833) foi mencionada a obra Direito
civil de Portugal. Esta obra restou incompleta, a publicação de três dos cinco tomos
foi iniciada em 1826, mas em 1827 enquanto ocupava o cargo de desembargador
ordinário da Cada da Suplicação foi novamente preso com o regresso dos absolutistas
ao poder e demitido do cargo. Faleceu de cólera no cárcere. O quarto tomo da obra
foi publicado postumamente em 1840.
A obra portanto, foi concluída sob a normativa da constituição monárquica
portuguesa, previamente a codificação civil.

Dada sua divulgação no Brasil, a obra de Manuel Carneiro Borges (1774-


1833) foi também relevante para o debate oitocentista (Borges, 1867). O
trabalho é desenvolvido para o ensino do direito civil e seguindo a tradição
romanista, explica inicialmente os temas gerais, como a definição de lei e sua
interpretação, depois de classificar as leis (pátrias, consuetudinárias etc.). […]
O texto de Carneiro Borges ecoa ainda o problema da afirmação da dignidade
do velho direito pátrio, inclusive das Ordenações, que se deveriam ter por
superiores ao direito romano e doutrinário. 273

De Joaquim José Caetano Pereira e Sousa (1796-1870) era citado com


frequência suas Primeiras linhas sobre o processo civil, e, esparsamente, o Esboço
de hum diccionario juridico, theoretico, e practico. Grinberg 274, ao analisar as ações
de liberdade no século XIX aponta que a maioria das referências era feita a livros que
continham regras sobre andamento processual, nas quais se incluem as Primeiras
Linhas também lá utilizadas com frequência.
De José Pereira de Carvalho (1781-1856) a única obra citada foi o Primeiras
Linhas sobre o Processo Orphanologico, que foi reeditado por Didimo Agapito da

271 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. 82.
272 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 136.
273 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São

Paulo: Saraiva, 2010. p. 80-81.


274 GRINBERG, Keila. O Fiador dos Brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
123

Veiga Júnior com o extenso subtítulo: Nova edição extensa e cuidadosamente


annotada com toda a legislação, Jurisprudência dos tribunaes superiores, e discussão
doutrinal das questões mais controvertidas do direito civil pátrio com applicação ao
Juizo orphanologico.
Até aqui, as obras portuguesas mais citadas, quando olhadas conjuntamente,
apresentam alguma semelhança entre si. No já citado trabalho de Antonio Hespanha,
estes mesmos autores foram agrupados como Doutrina portuguesa pós-pombalina, a
partir de e inclusive Mello Freire. Segundo o autor:

[…] esta opção permitiu agrupar na mesma categoria de textos que


continuamente dialogam: as Institutiones iuris civilis, de Pascoal de Melo
Freire; as Notas a Melo, de Manuel de Almeida e Souza (Lobão); as obras de
Joaquim Pereira e Sousa, nomeadamente as suas duas Primeiras (e
Segundas) Linhas de Processo Civil; e algumas outras obras escritas nos
finais do sec. XVIII ou nas duas décadas antes da revolução de 1820. 275

De Antonio Ribeiro de Liz Teixeira (1790?-1847) fora utilizado apenas o Curso


de Direito Civil Portuguez ou Commentario ás Instituições do Senhor Paschoal José
de Mello Freire sobre o mesmo Direito, embora na maioria das vezes tenha sido feita
remissão apenas a Direito civil como título. A obra quando de sua primeira edição teve
repercussão dividida entre fortes críticas e elogios:

A Ilustração, Jornal Universal, tomo II a pag. 3, dando conta d’esta


publicação, a qualifica de ‘Obra indigesta, impropria par ao ensino,
concitadora de paixões baixas, e que parece revelar um tal ou qual desarranjo
mental do autor!
Ao mesmo tempo, ou pouco depois, a Revista Universal Lisbonense, tomo
VII pag. 54, tractando da mesma obra diz ‘que ela é mui proveitosa á sciencia,
e que tem enchido de gloria seu autor. 276

De Manuel Alvarez Pegas (1635-1696) era citada principalmente sua obra


Commentaria ad ordinationes Regni Portugalliae, tendo sido mencionada também em
duas oportunidades o Tractatus de competentiis inter archiepiscopos.
Diogo Guerreiro Camacho de Aboim (1661-1709) fora citado principalmente
pelo texto De munere Judicis Orphanorum. O texto original possuía quatro tomos com

275 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:
Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 115.
276 SILVA, Inocêncio Francisco da. Diccionário bibliographico portuguez: estudos de Innocêncio

Francisco da Silva aplicáveis a Portugal e ao Brazil. Lisboa: Imprensa Nacional, 1858. p. 247.
124

temas distintos, entretanto, as citações feitas não permitiram identificar se fora


utilizada toda a obra ou o texto completo.
As obras Consultationum ac rerum judicatarum in regno Lusitaniae e Praxis
Partitionum et Collationum de Alvaro Valasco (1526-1593) aparecem com igual
frequência.
Comparativamente, a análise de conteúdo realizada por Hespanha na obra de
Correa Telles, ou seja, em meados da década de 30 do século XIX em Portugal,
aponta uma tendência a submersão dos “grandes tratadistas, e mesmo praxistas, dos
finais do séc. XVI e primeira metade do século XVII, que entretanto, se tinham
desatualizado” 277. Essa tendência se mantém na análise da obra de Coelho da Rocha
no qual a doutrina portuguesa antiga perde espaço, nela incluindo-se os decisionistas
Valasco, Cabedo e Gama, os comentadores às ordenações como Pegas e Silva e o
praxista Guerreiro. 278
Estes últimos, atrelados ainda ao Antigo Regime, representam um eco forte
da tradição portuguesa ressoando quase ao final do século XIX no Brasil. Sobre esses
autores, afirma Hespanha:

Os juristas portugueses dos finais do Antigo Regime eram fortemente


influenciados pela literatura política, social e jurídica que, por toda a Europa,
preparava profundas reformas na sociedade e no poder. Ideias-chave desta
literatura eram a exaltação da unidade do poder (i. e., a construção do
“Estado”) e da generalidade e abstração do direito e da justiça, no seio de um
projeto de racionalização global dos mecanismos sociais e políticos. Todas
as formas de particularismo político (jurídico ou judiciário), como todas as
manifestações de desigualdade e de “irracionalidade” eram odiosas, embora
com algumas tivesse que condescender, para salvaguardar as formas de
governo estabelecidas. 279

Essa comparação indica que o abandono da doutrina tradicional portuguesa


não foi tão urgente no Brasil como em Portugal.
Por fim, além da recepção de ideias, herdaram-se também os estilos literários,
dos quais aparecem nos resultados com destaque os comentários e as obras
casuísticas (Decisiones). Os comentários se tornaram significativos no século XVII.

277 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:
Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 134-135.
278 HESPANHA, António Manuel. Razões de decidir na doutrina portuguesa e brasileira do século XIX:

Um ensaio de análise de conteúdo. Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico
moderno, ISSN 0392-1867, v. 39, n. 1, 2010. p. 139.
279 HESPANHA, António Manuel. O direito dos letrados no Império português. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2006. p. 328-329.


125

São obras nas quais é feita uma minuciosa exegese das Ordenações, os quatorze
tomos de Pegas se encontram nesse gênero. Nas Decisiones), os juristas, geralmente
aqueles que tinham feito carreira nos tribunais superiores, apontavam soluções às
questões postas pela prática. Deste gênero, além de Álvaro Vaz, Jorge Cabedo
também aparece dentre os autores citados. Além desses gêneros, foram importados
também as obras de cunho prático notariais e processuais, os tratados (obras
monográficas) e os repertórios. Estes últimos, serão substituídos ao largo do século
XIX por obras sistematicamente organizadas, dos quais o exemplo mais patente é a
própria revista jurídica pesquisada, criada com esta finalidade. Segundo Hespanha,
esse gênero “representa a incapacidade da doutrina para transcender a fase analítica
da indicação dispersa das opiniões e se encaminhar para aquela síntese orgânica de
regras e de definições em que por tudo estar "no seu lugar" 280.

3.2.2 As citações de fontes de doutrina estrangeira

A recepção 281 das ideias estrangeiras – por estrangeiras, leia-se, europeias –


no Brasil é um tema complexo. A abundância de citações e referências a autores
europeus ao mesmo tempo sinaliza o conhecimento de suas obras, mas não implica
necessariamente na adesão de suas teorias. O que se revela na pesquisa com o
periódico jurídico é a distorção por lentes próprias dos juristas brasileiros das doutrinas
estrangeiras. Como explica José Murilo de Carvalho:

A abundante citação de autores estrangeiros não significava


necessariamente adesão a suas ideias. Podia ser um simples recurso retórico
de apelo à autoridade. Não faltou originalidade nos pensadores políticos,
como o conservador visconde do Uruguai e o liberal Tavares Bastos.

280 HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:
Almedina, 1982. p. 523.
281 Ainda que se refira a recepção do direito romano pelos sistemas jurídicos europeus, António Manuel

Hespanha traça algumas linhas gerais do estudo da recepção de textos alienígenas por uma
determinada cultura. “[a] Não existe ainda uma suficiente investigação histórica para equacionar, de
forma global, o problema das causas da recepção; na verdade, explicar a recepção pressupõe uma
prévia descrição exaustiva deste fenómeno em todas as suas implicações jurídicas, sociais e culturais
(nomeadamente, nó plano das modificações que ela causou nos conteúdos da ordem jurídica, da
influência que teve nos equilíbrios sociais de poder e do seu alastramento espacial). Assim, a tentativa
de determinar as causas da recepção, deve ser substituída por um esforço de descrição rigorosa e
exaustiva do próprio fenómeno. [b] A explicação da recepção não se deve preocupar tanto com os
aspectos "internos" da construção jurídica como com o "contexto" da recepção, nomeadamente os
contextos cultural e político-social (HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas
medieval e moderna. Coimbra: Almedina, 1982. p. 448).
126

Sobretudo, não faltou em José de Alencar, que desenvolveu pioneiramente a


ideia da representação proporcional. Nem mesmo os adeptos de sistemas
fechados como o positivismo e o determinismo racial deixaram de ser
originais. Os positivistas entortaram o pensamento de Comte para defender,
por exemplo, um papel político para as classes médias ou a ação política
revolucionária para derrubar a monarquia. Os deterministas raciais acharam
um meio de combinar evolução com naturalização das diferenças biológicas.
Os liberais conseguiram conviver com a escravidão. É dentro dessa complexa
dialética do nacional e do universal que se deve interpretar a ria produção
cultural do Segundo Reinado. Mesmo imbuídas do propósito de exercer
missão civilizatória, não se pode acusar de alienadas as elites política e
cultural da época. No caso do abolicionista Joaquim Nabuco, o nacional e o
universal fundiam-se na adesão ao valor da liberdade. 282

Ainda que se refira à elite política 283 e cultural, englobando além dos juristas,
médicos e outros profissionais liberais e artistas em geral, como já referido
anteriormente, o analfabetismo atingia a enorme maioria da população, restringindo o
círculo de letrados em geral, aproximando-os em suas características.
Trabalhando com a noção de centro e periferia, o eurocentrismo do século
XIX na cultura brasileira se refletia no discurso dos juristas daqui. Como bem coloca
Juliano Rodriguez Torres:

Isso significa que, quando alguém “repete” fragmentos de um discurso alheio


no próprio discurso, em outro espaço comunicacional, associado a um
contexto prático distinto, não está apenas reproduzindo os conteúdos
recebidos, e sim produzindo uma interpretação segundo seus próprios “filtros”
de leitura, e dele se apropriando – consciente ou inconscientemente - para
interagir com os problemas peculiares da sua própria experiência. Esse novo
discurso “local”, por sua vez, será lido por intérpretes igualmente situados no
tempo e no espaço, cuja leitura depende de pontos de vista posicionados no
interior de uma dada configuração social, econômica, política e jurídica. 284

282 CARVALHO, José Murilo de. As Marcas do Período. In: ___. A Construção Nacional: 1830-1889
(História do Brasil Nação: 1808-2010). v. 2. Rio de Janeiro: Editora Objetiva/Fundação Mapfre, 2011.
p. 34-35.
283 A aproximação entre elite política e juristas é pertinente na medida em que são grupos que não se

confundem totalmente, mas se entrelaçam, reforçado pelo abismo entre essa elite e o restante da
população em termos educacionais gerais, desde a alfabetização até a formação superior. “O que
acontecia com a burocracia brasileira acontecia também com a elite política, mesmo porque a última
em boa medida se confundia com o os escalões mais altos da primeira. Surgia, então, uma situação
propícia à geração de interpretações contraditórias sobre a natureza da elite, da burocracia e do próprio
Estado. Houve, assim, quem visse na elite imperial simples representante do poder dos proprietários
rurais e no Estado simples executor dos interesses dessa classe. Outros, ao contrário, veriam na
burocracia e na elite um estamento solidariamente estabelecido que se tornava, por via do Estado,
árbitro da nação e proprietário da soberania nacional. (CARVALHO, José Murilo de. A Construção da
Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 41).
284 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis

Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,


Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 58.
127

A complexidade do direito civil deriva em parte da mistura de referências. Ao


mesmo tempo em que o vínculo com Portugal ainda é muito forte e evidente, há a
descoberta e o acesso facilitado a obras estrangeiras de toda sorte. O que a seu
tempo chegava na península ibérica como novidade – principalmente de França e
Alemanha, tinha esse mesmo caráter de atualidade aqui. Talvez como resultado de
uma jornada iniciada com a Lei da Boa Razão, como aponta Samuel Barbosa:

É possível afirmar que a Lei da Boa Razão deu ensejo a uma maior
complexidade do direito civil. Permitiu a remissão ao direito estrangeiro e
conferiu posição de destaque à literatura jusracionalista e do usus modernus.
Em consequência, deixa de surpreender a frequência, entre os nossos
doutrinadores dos Oitocentos, de referências aos Códigos prussiano, francês,
português; a autores como Heineccius, Stryk, Pufendorf, Savigny, Pothier e
não desaparecem Valasco, Cabedo, Mello Freire e outros – o estudo de como
se deu a recepção dessas obras por aqui está para ser feito. 285

O autor alemão mais citado é Friedrich Carl von Savigny (1779-1861).


Aparece como referência citando-se principalmente sua obra Traité de droit romain,
esporadicamente o Tratado de posse e em apenas uma ocasião aparece explícita a
citação a História do Direito romano na Idade Média. As citações quando diretas são
traduzidas ao português ou valem-se da tradução francesa.
Exemplarmente, a disputa pelo poder de dizer o direito estendia-se a legítima
interpretação de textos doutrinários também. No capítulo anterior foi evidenciado o
debate entre Teixeira de Freitas e Antonio Joaquim Ribas através de uma série de
textos e réplicas recíprocas. A tabela abaixo destaca apenas a distribuição das
citações de Savigny e nela é possível observar a predominância desses dois
articulistas da obra do autor alemão (quase metade do total de citações feitas a
Savigny dentro do total de textos analisados). Entre Teixeira de Freitas e Antonio
Joaquim Ribas 286 nenhum outro autor se repete tantas vezes como Savigny.
Volume Ano Título do artigo Articulista Obra citada
6 1875 A constituição da família, João Pereira Monteiro Traité de droit
segundo o direito pátrio... romain
8 1875 Da natureza da posse Antonio Joaquim Ribas Tratado da Posse
8 1875 Da Posse (continuação) Antonio Joaquim Ribas

285 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil
brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito
em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 365.
286 Além de Savigny, são fontes comuns entre os dois juristas brasileiros: Antonio Ribeiro de Liz

Teixeira, Bartolo, Borges Carneiro, Charles Gustave Maynz, Coelho da Rocha, Demolombe, Joaquim
José Caetano Pereira e Sousa, José Homem Corrêa Telles, Manuel de Almeida e Sousa de Lobão,
Massé, Ovídio Fernandes Trigo de Loureiro, Pardessus, Pascoal José de Mello Freire, Philippe Antoine
Merlin e Ulpiano.
128

8 1875 Da Posse (continuação) Antonio Joaquim Ribas


9 1876 Em que a locação do serviço Augusto Teixeira de Traité de droit
mercantil se-distingue da civil? Freitas romain
9 1876 Da Posse (continuação) Antonio Joaquim Ribas
9 1876 Emphyteuse No Brazil Augusto Teixeira de
Freitas
9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Traité de droit
Freitas romain
9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Obrig.
Freitas
10 1876 Da Posse. § 8º - Posse justa e Antonio Joaquim Ribas
injusta.
10 1876 Casamento mixto celebrado Francisco Vilhena Traité de droit
sem as formalidades... romain
11 1876 Incapacidade Dos Loucos Augusto Teixeira de Traité de droit
Freitas romain
12 1877 Póde ou não dar-se o interdicto Luiz Francisco da Camara
de manutenção de posse... Leal
12 1877 Filiação Legitima Augusto Teixeira de Traité de droit
Freitas romain
12 1877 Filiação Legitima Augusto Teixeira de Dir.
Freitas
14 1877 Concedida a moratória pelo Antonio Tiburcio Figueira Obrig.
tribunal competente...
16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Tratado da Posse
16 1878 Natureza da posse e dos João Evangelista Sayão Tratado da Posse
interdictos possessorios no de Bulhões Carvalho
direito romano
18 1879 É nullo o testamento se a D. A.
cedula não estiver cerrada...
19 1879 Analyse do premio dos Eduardo Gomes Ferreira
testamenteiros, sua lei e pratica Vellozo
27 1882 Usufructo e fideicommisso Joaquim Antunes de Traité de droit
Figueiredo Junior romain
31 1883 Como se deve praticar no caso Francisco de Paula
de acharem-se os herdeiros de Lacerda de Almeida
posse cada um de certos bens
da herança?
34 1884 1. Não ha direito de Antonio Carneiro Antunes Traité de droit
escravidão... Guimarães romain
42 1887 Emphyteuse Antonio Xavier Freire Tratado da Posse
43 1887 O irmão bilateral reconhecido M. I. Carvalho de História do Direito
com sua irmã em testamento do Mendonça romano na Idade
pae commum... Média
44 1887 Escravos de filiação Ruy Barbosa Traité de droit
desconhecida romain
46 1888 1. A omissão da declaração do Francisco Peixoto de Traité de droit
estarem ou não os bens Lacerda Werneck romain
sujeitos a anteriores hypothecas
legaes...
46 1888 1º Vigora entre nós a nullidade Francisco Peixoto de Traité de droit
de que tratam o Alv. de 3 de Lacerda Werneck romain
Junho de 1809...
46 1888 Um fideicommisso moderno e F. de C. Figueira de Mello
cinco accordãos
47 1888 Systemas de codificação civil Joaquim Felicio dos
Santos
129

Tabela 3: Citações a Savigny.

A posição de oposição teórica de Teixeira de Freitas287 e Antonio Joaquim


Ribas 288, compartilhando entretanto a predileção pela teoria de Savigny, é curiosa,
todavia, não fizeram uso do mesmo instituto sob a ótica do autor alemão para
comparação mais profunda da leitura feita por um e por outro.
A influência, recepção ou apropriação de Savigny no Brasil ocorria também
nas faculdades.

Deixando de lado o praxismo dos primeiros anos, de influência tipicamente


portuguesa, e colocando à parte o movimento da Escola do Recife, que pela
sua importância mereceu capítulo especial, pode-se destacar na segunda
metade do século XIX, em São Paulo, a influência da Escola de Savigny. […]
Em 1880, por exemplo, falando nas cerimônias de comemoração do 53º
aniversário de fundação dos cursos jurídicos, o Prof. Duarte de Azevedo
mostrava-se partidário irrestrito das concepções de Savigny, comparando a
evolução do Direito com a da linguagem. 289

De Robert Joseph Pothier (1699-1772) são citadas em número de vezes


equivalentes as obras Traité des obligations, Pandectae Justinianee in novum ordinem
digestae, e também as seguintes das quais não foi localizado o título oficial podende
ser obras de títulos semelhantes ou excertos de algum livro: Des Testement, De la
Vente, Des droits de successions, Traité de la possession, Traité de la prescripcion,

287 “O uso moderno do direito romano se mostra presente em sua obra, sendo constante o recurso a

romanistas dentre os quais se destacam, por exemplo, J. l. E. Ortolan e A. M. du Caurroy – ao mesmo


tempo em que são destacadas as restrições metodológicas estipuladas pela Lei da Boa Razão e pelos
Novos Estatutos da Universidade de Coimbra. Note-se que o autor emprega especial deferência ao se
dirigir a F. Mackeldey e a F. K. von Savigny” (POSADA, Estevan Lo Ré. Preservação da tradição
jurídica luso-brasileira: Teixeira de Freitas e a Introdução à Consolidação das Leis Civis. Dissertação
(Mestrado em Direito) - Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005. p. 11).
Ademais, ainda que seja notória a presença de Savigny na Consolidação de Teixeira de Freitas, há
uma absorção seletiva também dos exegetas franceses e da civilística portuguesa. “Todavia, a
influência não se transmuda em adoção discriminada. Ter-se-á ocasião de perceber a formação
jurídico-intelectual eclética de A. Teixeira de Freitas, típica de um momento de transição como aquele
por que passava, no qual se podem constatar influências jusnaturalistas e historicistas, estrangeiras e
lusitanas, às quais se adiciona um elemento autóctone que a particulariza” (POSADA, Estevan Lo Ré.
Preservação da tradição jurídica luso-brasileira: Teixeira de Freitas e a Introdução à Consolidação
das Leis Civis. Dissertação (Mestrado em Direito) - Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2005. p. 99).
288 “Ao se consultarem os brasileiros que no século XIX escreveram sobre as leis e sua interpretação

encontra-se gente a favor e contra sua (de Savigny) opinião. Paula Baptista (1811-1881), autor do
manual clássico de hermenêutica no Brasil oitocentista, declara-se contrário à posição de Savigny;
Antonio Joaquim Ribas (1819-1890), autor do manual clássico de direito civil, a seu favor. Mesmo em
meio às mudanças, outros continuaram a ser citados e a reproduzir muito do patrimônio tradicional dos
juristas a respeitos da interpretação” (LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do
Conselho de Estado (1842-1889). A formação da cultura jurídica brasileira. Almanack Braziliense, n.
5, p. 4-36. São Paulo: 2007. p. 72).
289 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil.

São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 151.


130

Tratado das obrigações, Tratado da posse, Tratado das Substituições e Tratado das
doações testamentárias.
A obra mais citada de Raymond-Théodore Troplong (1795-1869) foi Des
donations entre vifs et des testaments, em geral referida apenas como Des
Testaments, as demais obras foram citas em número menor de vezes: Du contrat de
mariage et des droits respectifs des époux, De la vente ou commentaire du titre VI du
livre III du Code civil, citada apenas como De la Vente, De l'influence du christianisme
sur le droit civil des Romains, e, De la prescripcion, cujo título completo é De la
prescription ou Commentaire du titre XX du livre III du Code civil.
De Charles Gustave Maynz (1812-1882) cita-se ao menos em metade das
vezes a obra Elements de Droit Romain de 1845, entretanto, não é possível precisar
todas as referências que por várias vezes indicam como título apenas Droit Romain
que pode se referir também ao texto Cours de droit romain de 1876.
Philippe Antoine Merlin (1754-1838), das dezessete vezes em que é
mencionado em diferentes artigos, dez citações são da obra Répertoire universel et
raisonné de jurisprudence e quatro da obra Recueil alphabétique des questions de
droit.
Jean-Charles Florent Demolombe (1804-1887), mais conhecido como Charles
Demolombe foi citado pela obra Cours de Code Napoleon, ainda que esta, apesar de
extensa tenha restado inacabada mesmo superando os trinta volumes.
De Ferdinand Mackeldey (1784-1834) foi citado apenas seu Manuel de Droit
Romain.
De Désiré Dalloz (1795-1869) 290 foi citado o Repertoire de Jurisprudence
générale du royaume, cuja primeira edição foi publicada em 1832. Em 1845, Désire
Dallooz fundou a editora Dalloz, que atualizou o Repertório entre 1845 e 1870. A casa
de publicações talvez seja, dentre as fontes analisadas, o único resquício ainda vivo
do período estudado. Por sua notoriedade o próprio nome Dalloz adquiriu o sentido
popular para designar códigos publicados ou repertórios de jurisprudência.
Charles Bonaventure Marie Toullier (1752-1835) a única obra a qual se fez
referência foi o Le Droit Civil Français, título completo, Le droit civil français suivant
l'ordre du Code.
Troplong e Demolombe são identificados como parte da Escola da Exegese.

290 http://www.larousse.fr/encyclopedie
131

As referências a Ulpiano e Paulo, em geral, são aforismos latinos.


Além dos autores elencados anteriormente, há ainda um rol de autores que,
embora não aparecesse com tanta frequência em número de citações, não pode ser
ignorado. Em especial pois a análise foi feita com base em citação em artigos distintos
de forma justamente a permitir que se percebesse o alcance e o impacto das fontes
citadas. Portanto, a margem dada permite que consideramos esses autores também
como parte do repertório doutrinário dos juristas das décadas de 1870 e 1880.
Citados em sete artigos: Domat, Gaio, Gama, Heineccius, Mourlon e Silva 291.
Em seis artigos distintos aparecem: Ortolan, Papiniano, Phebo, Pomponio, Rebouças,
Samuel Stryk e Zacharie (Karl Salomone Zachariae). A listagem revela que ainda que
o direito romano ainda era bastante presente.
Foram citados em cinco artigos: Bigôt-Préameneu, Duranthon, Hugues
Doneau, Jhering, José Pereira de Carvalho e Nabuco de Araújo, no que se observa
que persiste uma predominância de autores franceses dentre os estrangeiros. Com
quatro citações destacam-se Cabedo, Montesquieu, Pardessus, Proudhon e
Schneidewin.
Por fim, com três ou menos citações destacam-se Anthoine de Saint Joseph,
Bacon, Grotius, Blondeau, Delvincourt, Struvio, Van Wetter, Blackstone, d'Aguesseau
e Kant. A lista completa segue nos apêndices desse trabalho.

3.2.3 As citações fontes da doutrina brasileira

A citação da doutrina local é particularmente importante pois, primeiramente,


demonstra que a produção literária nacional, ainda que em menor escala, não era
irrelevante, como diagnosticaram Adorno e Venâncio Filho.

Estudiosos contemporâneos, como Alberto Venâncio Filho (1982) e Sérgio


Adorno (1988), dão conta da debilidade, se quisermos, da produção jurídico-
intelectual do Brasil independente, especialmente do Brasil pré-1870.
Reconhecem, porém, como não poderia deixar de ser, que os bacharéis
desempenharam papel fundamental na política brasileira, ou, se quisermos,
na construção de um Estado nacional. Nesses termos, sugerem que a

291 Relembrando as dificuldades práticas em identificar o autor de todos os textos.


132

produção brasileira foi essencialmente política, não propriamente


dogmática ou técnico-jurídica. 292 (grifo nosso)

Entretanto, o repertório de autores contrapõe a posição acima. O discurso


transparente nos artigos da revista e as fontes ali referenciadas são evidências de um
discurso sobretudo técnico. A conclusão deriva de um universo ainda pequeno dentre
todas as publicações e registros que ainda restam do século XIX, entretanto, como já
justificado, o impacto e a disseminação da revista parecem ser suficientes para
embasar esse resultado. Também, ainda que a revista fosse exclusivamente jurídica
determinadas a publicar doutrina, legislação e jurisprudência, a variedade de temas
jurídicos, a diversidade de autores e a pluralidade também de estilos como a crítica, o
discurso, a dissertação fazem com que se possa concluir, que ainda com esse foco,
havia uma preocupação dos juristas do XIX com a sciencia do direito, levando em
consideração as mediações necessárias e a ressignificação pela qual passou o termo
ciência.
Em volume de citações as fontes brasileiras apresentadas na Tabela 2 estão
em menor número mas não, afora a doutrina portuguesa que supera ambas, a
brasileira e as demais fontes estrangeiras estão praticamente em paridade.
Dentre os brasileiros, é frequente a citação à Consolidação das Leis Civis
elaborada por Augusto Teixeira de Freitas (1816-1883), mencionada em 37 artigos
diferentes, equivalente a trinta por cento do total e por 31 articulistas 293 diferentes.
As citações da Consolidação são abundantes. Entretanto, deve-se recordar
que, o volume se deve também à lógica extrínseca à Consolidação, que fez com que
o texto funcionasse como se código fosse, representando o último estado da
legislação, tal qual expresso no contrato imperial. Como explica Samuel Rodrigues
Barbosa:

292 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São

Paulo: Saraiva, 2010. p. 100.


293 João Damasceno Pinto de Mendonça, Joaquim Augusto de Camargo, A. H. de Souza Bandeira

Filho, João Pereira Monteiro, Francisco Alves Branco, Joaquim Alves Carneiro de Campos, Augusto
Teixeira de Freitas, Francisco Vilhena, Luiz Francisco da Camara Leal, Joaquim Augusto Ferreira Alves,
Antonio Tiburcio Figueira, João Joaquim Fonseca de Albuquerque, G. Lima, Francisco de Paula Sales,
Eduardo Gomes Ferreira Vellozo, Candido Borges Da Fonseca, M. Jorge Rodrigues, Vicente Ferrer De
Barros Wanderley Araujo, Joaquim Antunes de Figueiredo Junior, Tarquinio de Souza Filho,
Hermenegildo Militão de Almeida, Antonio Dino da Costa Bueno, Antonio Carneiro Antunes Guimarães,
Antonio Xavier Freire, Miguel Bernardo Vieira D'Amorim, M. I. Carvalho de Mendonça, Ruy Barbosa,
Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, Carlos Honorio Benedicto Ottoni, F. de C. Figueira de Mello e
Joaquim Felicio dos Santos. Teixeira de Freitas foi citado em todo o período analisado da publicação.
133

Pode ser um truísmo dizer que a Consolidação das Leis Civis não seja um
Código, na medida em que não é um direito novo. O contrato com o governo
Imperial definia o objetivo: ‘consiste a consolidação em mostrar o último
estado da Legislação’. Porém, a importância racionalizadora da Consolidação
tem a ver com características codificadoras que estão presentes. Tal meio de
difusão e seleção da complexidade do direito civil tem, pois, uma importante
peculiaridade: a Consolidação fez às vezes de um Código com validade
empírica. 294

Desse modo, as citações frequentes à consolidação devem ser interpretadas


não somente considerando-as como texto legal – ou ao menos que “fazia as vezes
de”, ainda em um período pré-codificação civil, mas também como obra doutrinária do
autor. A diferenciação entre uma e outra depende unicamente do contexto, entretanto,
em geral, a crítica é dirigida ao autor – na falta do legislador ordinário. Enquanto que
as citações ao texto deste código “empírico” em si, percebe-se que, por muitas, o autor
não chega a ser citado.
Outrossim, como bem resume Petit acerca dos comentários de Giovanni
Tarello sobre o fenômeno da codificação, havia duas linhas confluentes nesse
assunto.

Al reconstruir “las ideologías del siglo XVIII sobre la codificación y estructura


de los códigos” Giovanni TARELLO mostró los dos recorridos o componentes
ideales de la experiencia codificatoria. De un lado, la que me permito designar
(no es término de TARELLO) como línea política hacia el código, que destaca
en el mismo (esto sí es cosa de TARELLO) “el acto de voluntad, concreta e
históricamente determinada, de una autoridad política que se extiende en los
límites del Estado”; de otro lado, la que se diría línea científica, esto es, el
código entendido en relación al “acto de conocimiento de la materia regulada
y del sistema bajo el cual se estructuran las reglas, no en un momento
determinado y en un territorio limitado sino (al menos tendencialmente)
siempre y donde quiera”. Tras estilizar así la doctrina de su inacabada Storia
della cultura giuridica moderna (1976) TARELLO proseguía argumentando
sobre la “arbitrariedad” (voluntarismo) y la “naturalidad” (sistematicidad) que
confluyeron finalmente como las dichas ideologías de la codificación
(TARELLO, 1995). 295

Sob esta ótica em que pese não ter havido ainda no século XIX o ato de
autoridade estatal quando da promulgação de um código civil, a sistematicidade e,
principalmente, a naturalidade do uso e desenvolvimento de doutrina sobre o projeto

294 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil
brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito
em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 369).
295 PETIT, Carlos. Derecho civil e identidad nacional. Revista para el Análisis del Derecho. Barcelona,

julio 2011. p. 10. Disponível em: <www.Indret.com>. Acesso em: 18 de fevereiro de 2014.
134

de Teixeira de Freitas fez com que esse código antes do código preenchesse a linha
científica proposta por Tarello em boa medida.
De Ovídio Fernandes Trigo de Loureiro (1828-1904) a obra citada em 60%
das ocorrências é Instituições de Direito Civil Brasileiro, pelos seguintes autores: João
Damasceno Pinto de Mendonça, Joaquim Augusto de Camargo, João Pereira
Monteiro, Francisco Alves Branco, Antonio Joaquim Ribas, Joaquim Alves Carneiro
de Campos, Manoel Martins Torres, Augusto Teixeira de Freitas, Luiz Francisco da
Camara Leal, Joaquim Corrêa de Araújo, Antonio V. Menezes de Drummond, G. Lima,
Democrito Cavalcante de Albuquerque, Vicente Ferrer de Barros Wanderley Araújo,
Hermenegildo Militão de Almeida, Tarquinio de Souza Filho, Antonio Dino da Costa
Bueno, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck e Mileno de Torres Bandeira. Com
exceção de poucos anos (1878, 1879 e de 1884 a 1887), também é citado em todo
período analisado.
Lafayette Rodrigues Pereira (1834-1917) é citado por quatorze articulistas
diversos, dentre os quais João Damasceno Pinto de Mendonça, João Pereira
Monteiro, Augusto Teixeira de Freitas e Francisco Peixoto de Lacerda Werneck.
Antonio Joaquim Ribas (1818-1890): a obra Consolidação das leis do
processo civil, publicada em 1880 foi resultado da sistematização da legislação
processual brasileira a ele encarregada pelo governo imperial296. Além de Teixeira de
Freitas outros dois autores fazem referência ao artigo publicado no primeiro volume
da Revista O Direito, Aureliano de Souza e Oliveira e Luiz Francisco da Camara Leal.
Ruy Barbosa menciona Consolidação das leis do processo civil e Curso de Direito
Civil Brazileiro. Além dessas obras, é citada também o livro Direito administrativo
brasileiro.
De Joaquim Ignacio Ramalho (1809-1902) são citadas Praxe Brazileira e
Instituições Orphanologicas.
Agostinho Marques Perdigão Malheiro (1824-1881) é citado, dentre outros,
por Lafayette Rodrigues Pereira, Souza Bandeira Filho, Augusto Teixeira de Freitas,
Carlos Honorio Benedicto Ottoni, Ruy Barbosa e Francisco Peixoto de Lacerda
Werneck. Em uma ocasião é feita referência a artigo publicado na Gazeta Jurídica.
Destaca-se que, em pese ser A escravidão no Brasil sua obra mais notória, a obra
mais citada na Revista foi Commentario a lei n. 463 de 2 de setembro de 1847 sobre

296 LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do Conselho de Estado (1842-1889). A

formação da cultura jurídica brasileira. Almanack Braziliense, n. 5, p. 4-36. São Paulo: 2007. p. 72.
135

successão dos filhos naturaes e sua filiação. Novamente isso comprova o caráter
técnico da revista que, por vezes, como se verá a seguir, pode sugerir uma forma de
escapismo ou de artificialidade proposital do discurso jurídico.
De Antonio Joaquim Gouvêa Pinto (1777-1833) foi citada somente a obra
Tratado dos Testamentos e Successões, pelos seguintes autores João Damasceno
Pinto de Mendonça, José Luiz de Almeida Nogueira, Lafayette Rodrigues Pereira,
Augusto Teixeira de Freitas, Joaquim Augusto Ferreira Alves, Joaquim Antunes de
Figueiredo Junior, Hermenegildo Militão de Almeida, M. I. Carvalho de Mendonça e F.
de C. Figueira de Mello.
Candido Mendes de Almeida (1818-1881). O Código Philippino é o texto mais
citado em pelo menos 60% das menções ao autor (novamente a forma de citação
impede que o resultado seja preciso), pelos autores João Damasceno Pinto de
Mendonça, Francisco Alves Branco, Joaquim Alves Carneiro de Campos, Vicente
Ferrer de Barros Wanderley Araujo, Hermenegildo Militão de Almeida, Ruy Barbosa e
Francisco Peixoto de Lacerda Werneck.
Assim como a Consolidação de Teixeira de Freitas teve um caráter paliativo
enquanto a codificação civil não acontecia, a obra de Candido Mendes também teve
um caráter além do doutrinário.

A edição de Cândido Mendes das Ordenações Filipinas merece ser


investigada na sua forma e no seu desempenho como meio de difusão.
Perdem-se informações valiosas ao toma-la apenas como mais uma edição
das Ordenações ou como uma fonte primária sem mais. Na introdução, a
edição é justificada como “um remédio provisório”, enquanto não se completa
positivamente a esperada codificação do direito civil; como tal, tem que
responder às necessidades do foro, à complexidade que foi mencionada
acima. Em razão disso, a primeira característica saliente é o abundante
material complementar ao texto das Ordenações. A edição, que saiu pela
primeira vez em 1870 em dois volumes in 4º, compila esse material tanto no
primeiro volume (com o texto das Ordenações), como no segundo, conhecido
por auxiliar jurídico. 297

Segue explicando o autor, que a transcrição das Ordenações é mais uma


compilação das fontes legislativas posteriores que derrogaram os dispositivos das
Ordenações, em um procedimento que alterou, declarou ou alargou o texto “original”.

Bem se vê como a edição das Ordenações de Cândido Mendes retrata a


complexidade do direito civil nos Oitocentos (fontes legisladas portuguesas,

297BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil
brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito
em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 366.
136

brasileira e de outras “Nações polidas”; estilos e arestos que remontam ao


Antigo Regime; a mole da literatura do jus commune, da civilística do século
XIX). Ao mesmo tempo, e o mais importante para o argumento, constitui uma
verdadeira biblioteca que simplifica e organiza essa complexidade, uma caixa
de ferramentas para o prático, servindo como substituto da biblioteca de babel
do direito comum europeu, cara e de difícil acesso. 298

Explica ainda Samuel Barbosa que, ao citar uma obra como a de Candido
Mendes havia nela intrinsecamente todo um repertório de juristas, desde os tratadistas
como Valasco e Cardozo do Amaral, decisionistas como Gama Pereira e Rodrigues
Cordeiro. Além disso, outro recurso utilizado por Candido Mendes, evidenciando
justamente o caráter de uma obra que substituía diversas outras, é a reprodução dos
“prolegômenos” de Dupin ou dos “axiomas e brocardos” de diferentes fontes, até
mesmo de Lobão.
Assim que, as citações contadas, ainda que consideradas um dado objetivo,
uma quantidade certa, necessitam também de interpretação posto que a citação de
Dupin ou de Lobão pode ter passado pela mediação de Candido Mendes ou outros
autores que executavam tarefa semelhante.
De José Antonio Pimenta Bueno (1808-1878) citam-se principalmente Direito
internacional privado e Direito Publico Brazileiro.
Francisco de Paula Baptista (1811-1882), professor da Faculdade de Direito
do Recife, “tendo publicado, segundo Clóvis Beviláqua (1927), apenas dois livros:
Theoria e pratica do processo civil e Hermenêutica Jurídica. Os livros serviram de
compêndio aos cursos, mas adquiriram grande notoriedade em todo o Império e se
tornaram clássicos no Brasil” 299. Na revista, a obra mais citada foi Hermenêutica
Jurídica, publicado em 1860. A primeira edição datada de 1855, do Compendio de
Teoria e Prática do Processo Civil, destinava-se a servir de compêndio nas aulas das
Faculdades de Direito do Império do Brasil. Em 1872, as duas obras são publicadas
conjuntamente. No prólogo desta terceira edição da obra de Paula Baptista, percebe-
se o contraponto entre uma cultura baseada na oralidade e a valorização do texto
escrito, pois o autor julga necessário justificar a apresentação de seu trabalho na
forma-livro e destacar as vantagens do impresso no ensino 300.

298 BARBOSA, Samuel Rodrigues. Complexidade e meios textuais de difusão e seleção do direito civil
brasileiro pré-codificação. In: FONSECA, R. M,; SEELAENDER, A. C. L. (orgs.). História do Direito
em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. p. 361-373. p. 369.
299 LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do Conselho de Estado (1842-1889). A

formação da cultura jurídica brasileira. Almanack Braziliense, n. 5, p. 4-36. São Paulo: 2007. p. 72.
300 OLIVEIRA, Sônia Regina Martins de. Entre a retórica e a ciência: um estudo sobre os juristas

brasileiros do século XIX José Maria de Avellar Brotero e Francisco de Paula Baptista. In: FONSECA,
137

Ora, para que os professores de direito bem instruão seus alumnos nos
princípios geraes da sciencia, e d'ahi possão bem explicar as leis, que
methodo de ensino deverão seguir? No ensino oral ideas de real interesse
quasi sempre fogem imediatamente á memória dos ouvintes; ao passo que,
quando deduzidas em notas escriptas, permanecem para facilidade e
adiantamento do estudo, ficando o autor sujeito á esclarecida critica, donde
possão provir melhores apreciações e combinações para a inteligência e
applicação das leis e progresso da sciencia. 301

Em conclusão, a variedade e quantidade de fontes não confirma a aridez


intelectual na cultura jurídica brasileira. Ainda assim, a doutrina brasileira que se
apresenta pulverizada quando analisada a quantidade de articulistas da Revista O
Direito, torna a se concentrar ao redor de uma dúzia de fontes. Parece haver, portanto,
uma forma de escalonamento, não entre “alta” e “baixa” cultura, nem entre grandes
juristas e juristas menores, mas entre obras mais difundidas e outras menos.
Possivelmente, isso se deve a uma confluência de razões ao invés de uma causa
única, dentre as quais as próprias dificuldades material em termos de publicação,
acesso e custo das obras, mas também a composição de um acervo em comum entre
os juristas. A comunicação somente poderia ser possível a partir de certas
coincidências, de uma base comum de fontes. O desenvolvimento de uma doutrina
brasileira teria que se dar a partir dessa base comum e as últimas décadas do século
XIX reuniam a forte carga da tradição portuguesa, com o desejo de “modernização”
expresso pela influência francesa e alemã que começava a se popularizar, conduzido
por um núcleo de juristas brasileiros, num movimento de tese, antítese e síntese.

Ricardo Marcelo (org.). Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá,
2012. p. 197-208. p. 204.
301 BAPTISTA, Francisco de Paula. Compêndio de Theoria e Prática do Processo Civil Comparado

com o Comercial e de Hermenêutica Jurídica para Uso das Faculdades de Direito do Brazil. 6.
ed. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1901. p. VI.
138

3.3 ANÁLISE DO DISCURSO JURÍDICO NO DIREITO PRIVADO

Até aqui foi cartografado o perfil dos autores dos artigos e as principais fontes
em circulação, configurando de certa maneira o panorama intelectual dos juristas do
século XIX – dentro da amostra estudada, certamente. Resta analisar como se
articulava o discurso desses juristas diante das fontes e em relação ao meio. Para
tanto, o discurso deve ser investigado tomando-o como um fenômeno próprio,
influenciado por uma rede de relações – de citações – e referências mais ou menos
implícitas. Ademais, desse “ambiente textual” também participa o entorno social302.
Por esta razão, ao menos como ambição, pretende-se seguir a perspectiva
do professor Hespanha, investigando o impacto e a disseminação das doutrinas, mais
a forma geral de como as ideias se relacionavam nem panorama geral, do que como
cada autor, corrente de pensamento ou ideologia – política, social etc. – se destacava.
Busca-se uma aproximação com o que o autor nomeia de “jurista coletivo”, mais
impessoal e mais difuso.

Outra linha de força desta perspectiva da história das instituições, válida


sobretudo para quem estuda a atividade doutrinal dos juristas, é a de atender
não tanto ao brilho e originalidade das obras ou dos autores estudados mas
sobretudo ao impacto da sua produção doutrinal na vida jurídica do seu
tempo. Não é que as grandes criações do espírito humano (e, portanto,
também as grandes criações dos juristas) não tenham o seu lugar na história,
independentemente do seu impacto cultural. Têem-no, como o tem a
biografia, a crónica mundana os episódios guerreiros, realidades que, todas
elas, fazem parte da tal história factual (évenementielle) a que antes nos
referimos. Todavia, numa história social do direito (i.e, numa história que
encare o direito como um fator de ordenação social), a perspectiva é
diferente, ganhando um maior interesse os aspectos massivos a impessoais
como, v.g., o do grau de difusão das obras doutrinais (avaliado, v.g., através
do número e locais das edições, do estudo dos catálogos das bibliotecas
jurídicas, das citações feitas em outras obras ou nas decisões judiciais). É a
partir destes aspectos que emergem os dados estruturais ou de longa
duração; ou, para utilizar uma expressão de ressaibos gramscianos, o "jurista
colectivo". 303

Diante dessa perspectiva, critica o autor, tampouco é suficiente uma análise


apenas social dos textos, localizada na situação social dos autores. A problemática se
instala quando se reduz todo o aspecto social do texto ao ambiente social de seus

302 HESPANHA, António Manuel. Una história de texto. In: TOMÁS Y VALIENTE, F. et. al. Sexo

barroco y otras transgresiones premodernas. Madrid: Alianza Editorial, 1990. 187-197.


303 HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra:

Almedina, 1982. p. 22-23.


139

autores, e, dos textos, se retira apenas seu conteúdo manifesto, deixando de


observar-se a estrutura formal em seu aspecto múltiplo: sistematização, organização
de argumentação, imagens, tópicos, vocabulário e referências304.
Perante o texto, percebido como o lugar de múltiplas relações305, interessa,
sobretudo, o aspecto pragmático, ou seja, as relações entre signos e agentes do
discurso – autores e destinatários (reais ou presumidos). O texto então passa a ser
um intertexto, composto não apenas pela unidade física do texto – no presente caso,
do artigo – mas por uma rede de mútuas referências.

Aqui a ideia centra é a intertextualidade, quer dizer, a de que cada unidade


textual “física” forma parte de um grande texto, de um intertexto, constituído
por todas aquelas realidades textuais que mutuamente se invocam –
expressa e intencionalmente – ou suscitam implícita e objetivamente-. O
intertexto e, assim, uma rede de referências mútuas, contínuas e mutáveis,
no âmbito de que cada elemento textual se transforma, adquirindo novos
significados, em virtude de uma incessante corrente de incorporação de
elementos significativos (heterointegração). 306

A incorporação dessas outras realidades textuais se dá, no nível mais básico


pelas formas linguísticas, estilísticas e, em um nível superior, pelos sistemas,
conceitos, dogmas, referências e autoridades. Logo, a base comum de autores
identificada na pesquisa em fonte primária estabelece essas duas relações. Cada
texto – artigo – passa a poder ser então observado como um intertexto, como um
ponto de intersecção de outros textos diversos, com referências e autoridades que
“conversam” entre si. Os artigos da revista, portanto, refletem, repetem e reverberam
textos externos, seja da tradição doutrinária portuguesa, francesa, ou, da recém
inaugurada, doutrina brasileira. Esse resultado, dessarte, ainda que previsível,

304 HESPANHA, António Manuel. Una história de texto. In: TOMÁS Y VALIENTE, F. et. al. Sexo
barroco y otras transgresiones premodernas. Madrid: Alianza Editorial, 1990. 188.
305 Hespanha sintetiza essa multiplicidade de relações que permeiam o texto, dividindo-as em relações

sintáticas, situada no nível da língua, relações semânticas, na qual é possível verificar no interior do
texto seus temas, conceitos, significados, e, relações pragmáticas, que por sua vez, estabelecem as
relações entre signos e sujeitos discursivos (autor e receptor) (HESPANHA, António Manuel. Una
historia de texto. In: TOMÁS Y VALIENTE, F. et. al. Sexo barroco y otras transgresiones
premodernas. Madrid: Alianza Editorial, 1990. p. 189).
306 “Aquí la idea central es la intertextualidad, es decir, la de que cada unidad textual “física” forma parte

de un gran texto, de un intertexto, constituido por todas aquellas realidades textuales que mutuamente
se invocan – expresa e intencionadamente – o suscitan – implícita y objetivamente-. El intertexto es,
así, una red de referencias mutuas, continuas y mutables, en el ámbito de la que cada elemento textual
se transforma, adquiriendo nuevos significados, en virtud de una incesante corriente de incorporación
de elementos significativos (heterointegración)” (HESPANHA, António Manuel. Una historia de texto.
In: TOMÁS Y VALIENTE, F. et. al. Sexo barroco y otras transgresiones premodernas. Madrid:
Alianza Editorial, 1990. p. 190-191). (tradução nossa).
140

necessitava de confirmação para que a suposição se converta em análise da


dimensão desse viés múltiplo dos textos jurídicos do final do Império.

Esse movimento permanente de invocação de um grande texto implícito se


materializa, rapidamente, no obsessivo jogo de citações, que nos remetem
expressamente a textos complementares, tanto formal como
economicamente, integrados no discurso. Mas a heterointegração não se
conclui com estas remissões expressas e intencionais do autor, pois este
mesmo, ao utilizar conceitos que aparecem em outros textos da tradição,
remete implicitamente a ela e espera, do leitor, a capacidade de mobilizar e
de corrigir, assim, as lacunas ou indeterminações de seu discurso. 307

Com esse elenco de fontes, verifica-se que não há, em todo o conjunto de
textos analisado, uma tendência que ofusque as demais ou uma única corrente
dominante sobre o pensamento jurídico como um todo. Essa conclusão era esperada,
posto que, “em todos os momentos históricos a existência de uma forma de pensar
hegemônico não se estabelece sem que sobreviva algo da forma anterior, com a qual
continua um certo diálogo” 308.
Diante dessas considerações, o século XIX no Brasil é um período complexo
no qual estão em jogo a tradição europeia – reminiscências do período colonial e da
primeira geração de juristas pós-independência – e a influência da novidade vinda da
Europa, mas no qual também podem florescer elementos locais do Estado recém-
independente. A partir das fontes, das citações e dos textos estudados, a cultura
jurídica brasileira se mostra verdadeiramente peculiar. Como explica Fonseca 309, a

307 “Este movimiento permanente de invocación de un gran texto implícito se materializa, rápidamente,
en el obsesivo juego de las citas, que nos remiten expresamente a textos complementarios, tanto formal
como económicamente, integrados en el discurso. Pero la heterointegración no concluye con estas
remisiones expresas e intencionales del autor, pues éste mismo, al utilizar conceptos que aparecen en
otros textos de la tradición, se remite implícitamente a ella y espera, del lector, la capacidad de movilizar
y de subsanar, así, las lagunas o indeterminaciones de su discurso” (HESPANHA, António Manuel. Una
historia de texto. In: TOMÁS Y VALIENTE, F. et. al. Sexo barroco y otras transgresiones
premodernas. Madrid: Alianza Editorial, 1990. p. 191). (tradução nossa).
308 LOPES, José Reinaldo Lima. O Oráculo de Delfos: o Conselho de Estado no Brasil-Império. São

Paulo: Saraiva, 2010. p. 85-86.


309 “Eis, assim, a chave para compreender a peculiar cultura jurídica brasileira em seu nascimento e

desenvolvimento entre meados do século XVIII e início do século XX: trata-se de um ambiente histórico
em que existem renitentes permanências do direito comum na ordem jurídica privada (como foi
argutamente observado por Ascarelli) mas, de outro lado, que sofre importantes descontinuidades no
tempo. Todavia, tais importantes descontinuidades, que se mostram tão relevantes a ponto de dar à
cultura jurídica brasileira uma marca própria e distintiva (ordenações, ‘Lei da Boa Razão’, intervenções
legislativas do Império, ‘Consolidação das Leis Civis’ de Teixeira de Freitas), não podem, por sua vez,
ser compreendidas unicamente à luz da recepção do direito oficial e de modo isolado da rica realidade
histórica que lhe era subjacente. A compreensão das peculiaridades da formação cultural do direito
privado brasileiro não deve ser destacada das profundas marcas deixadas por uma sociedade agrária,
escravocrata e conservadora que, com engenhosidade ímpar, foi caminhando lentamente na direção
de uma ‘modernização’ jurídica na qual eram equivalentemente importantes alguns modelos
estrangeiros a serem seguidos e a necessidade de sua conformação com as injustas estruturas sociais
141

cultura jurídica brasileira dos oitocentos é ao mesmo tempo continuidade de


estruturas, instituições e teorias jurídicas europeias e, descontinuidades capazes de
distinguirem a cultura jurídica brasileira de qualquer outra. Desse contexto, e diante
No entanto, transcende os textos pela escolha dos temas e pelas conclusões dos
autores que a análise do discurso não deve se distanciar da compreensão da relação
de pertencimento ainda a uma sociedade monárquica, agrária, escravocrata,
conservadora e pré-industrial. Na qual termos como ciência, liberalismo e positivismo
adquirem um conteúdo particular.

Na vida política do Império brasileiro ao longo da segunda metade do século


XIX, dois temas ganharam destaque nos principais debates e combates então
travados: as questões abolicionistas e republicana. Não corria um dia sequer
na imprensa e na vida intelectual de então sem que um deles – ou ambos –
fossem discutidos acaloradamente. Não era possível passar ao largo da
polêmica ou evitar tomar posição frente às ideias debatidas, e todos os
homens que, de uma forma ou de outra, exerciam alguma atividade
ligada à política e ao Direito nessa época tiveram que fazê-lo. 310 (grifo
nosso).

Enquanto outros trabalhos tratam da jurisprudência das altas cortes 311 ou do


percurso das ações de liberdade 312, o aspecto prático do direito, o manejo técnico do
direito dos foros parece sempre ser uma esfera menosprezada nos estudos
historiográficos acadêmicos. O labor prático do jurista, que nesse momento não atua
como jurista dentro do perfil construído no capítulo anterior, resta um tanto
negligenciada hoje. Entretanto, a força motriz de vários dos artigos estudados era
justamente o que se passava no foro, a problematização da realidade diária. Como
explica Pietro Costa, é a partir da experiência jurídica 313, que o jurista estrutura sua
visão de mundo:

e políticas brasileiras”. (FONSECA, Ricardo Marcelo. A cultura jurídica brasileira e a questão da


codificação civil no século XIX. Quaderni Fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno.
Milão: Giuffrè, XXXIII/XXXIV (2004/2005).
310 AMBROSINI, D.; FERNANDES, M. Elite política, abolicionismo e Republicanismo. In: MOTA, Carlos

Guilherme; FERREIRA, Gabriela Nunes (coord.). Os juristas na formação do Estado-nação


brasileiro (de 1850 a 1930). São Paulo: Saraiva, 2010. p. 199.
311 Ver: LOPES, J. R. L. (org.); et. al. O Supremo Tribunal de Justiça do Império (1828-1889). São

Paulo: Editora Saraiva, 2010.


312 Ver: GRINGERG, Keila. O Fiador dos Brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

HOSHINO, Thiago de Azevedo Pinheiro. Entre o "espírito da lei" e o "espírito do século": a urdidura
de uma cultura jurídica da liberdade nas malhas da escravidão (Curitiba, 1868-1888). Dissertação
(mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-
Graduação em Direito. Curitiba, 2013.
313 “Dir-se-á, antes, que a missão cognitiva da história do direito – como a de qualquer outra história –

não se fundamenta no material previamente estabelecido dos dados e fatos históricos e na sua utilidade
para o presente, mas na historicidade da nossa própria existência. Na medida, porém, em que a história
142

O mundo possível que o jurista acede narrar é a realidade na qual ele


concretamente atua, a realidade da experiência comum que está diante dele,
com toda a sua complexidade e variedade. […] o mundo possível que o jurista
imagina é um mundo essencialmente ordenado, é o mundo como ordem. 314

O discurso atende ao aspecto da vida prática do jurista, seja aproximando-se


aos interesses da profissão liberal ou do papel na burocracia estatal, devendo ser
interrogado nesse aspecto, da apropriação e utilidade do discurso próprio de uma
mesma vocação intelectual.
O discurso jurídico e, como se demonstrou, o discurso jurídico brasileiro do
final do XIX, entremeado por uma forte e profunda tradição e a necessidade inadiável
de movimento, de modernização, é o resultado da atuação do jurista em meio ao
passado e futuro.

Percebe-se, assim, que o discurso jurídico não desempenha uma função


apenas descritiva – quer essa descrição se refira ao objeto empírico da
ciência (a regra prescritiva), quer se refira à realidade empírica em que tal
objeto existe (as relações de poder). Além dessa função, o direito atua
também como intervenção-projeto, com a intenção de construir uma realidade
vista apenas como possibilidade para o futuro.
Ao agir dessa forma, o discurso jurídico seleciona da realidade confusa de
interação social alguns poucos fragmentos, graças aos quais a confusão de
conflitos é devolvida a uma narrativa que os expõe como momentos de uma
ordem completa, o que possibilita enxergar a ordem em um mundo onde ela
não existe, situando-a em uma temporalidade determinada de estabilidade
ou transformação.
Não se trata, porém, de mera ideologia; o jurista não mente sobre aquilo que
enxerga, nem se engana ao ver na realidade algo que não existe. De fato, ao
enxergar a ordem em meio ao caos, o jurista efetivamente cria a ordem, assim
como o escrito inventa a ordem em meio ao caos de personagens e
acontecimentos da história que conta. Não é, portanto, de um mentiroso ou
um mistificador; o jurista é sempre um visionário, um profeta. O saber jurídico
não se limita a ocultar a realidade objetiva, mas a codifica simbolicamente ao
ordenar o conjunto de significados esparsos em um sistema lógico coerente
que traduz as intenções de organização e transformação do próprio grupo
social a que se refere. 315

do direito acaba por recorrer necessariamente, quanto a esta questão, à própria experiência do direito,
tornam-se seu objeto quaisquer domínios da história em que, possa ser encontrada a experiência
humana do direito. Ela acaba por ser História, sob o ponto de vista da experiência humana do direito”.
(WIEACKER, Franz. História do Direito Privado Moderno. Tradução: António Manoel Hespanha.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 4-5).
314 COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses para uma antropologia do jurista. In:

PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá,
2011. p. 167-226. p. 196.
315 GUANDALINI JR, Walter. O Direito Etéreo: trilhas para um explorador do intangível. In: FONSECA,

Ricardo Marcelo (org.). Nova história brasileira do direito: ferramentas e artesanias. Curitiba: Juruá,
2012. p. 81-98. p. 94-95.
143

Incidentalmente essa análise também revela, ainda que de forma não


definitiva, quais autores possuíam um repertório mais vasto e o que efetivamente
circulava e tinha impacto na cultura jurídica brasileira. O ecletismo de fontes e autores
não diz respeito apenas ao texto, mas aos autores e – a expressão parece bem
apropriada – ao caldo cultural na qual estão imersos.

O funcionamento da configuração jurídica brasileira, aparentemente, se


estabilizava no século XIX a partir de uma convivência peculiar entre uma
ideia de direito moderna, liberal e legalista e uma ideia de direito calcada no
costume, aliada às referências normativas pré-modernas (tais como a
doutrina do ius commune e as próprias ordenações) e a uma
institucionalidade político-jurídica ainda bastante dependente dos poderes
locais234. Os juristas teóricos, como engenheiros desse sistema complexo,
esforçaram-se por reconfigurá-lo paulatinamente, sobretudo na segunda
metade do século, mas não se atreveriam a desmontá-lo. 316

Como explica Hespanha 317, a literatura jurídica não era, em absoluto,


puramente descritiva, ao contrário, possuía uma enorme carga preceptiva. O tom
descritivo decorria de uma percepção de indisponibilidade do mundo, de uma ordem
dada fundada na religião e na natureza. Mas os estados de espírito dos homens e a
relação entre estes e seus efeitos sociais configurava um forte caráter preceptivo no
sentido de modelação dos comportamentos como modelos forçosos de conduta.
É por volta de 1870 que um novo período vai se abrir na história do
pensamento jurídico brasileiro, quando novos matizes de ideias, originados na filosofia
dos séculos XVII e XVIII, começam a impregnar a vida intelectual brasileira. O
positivismo, o naturalismo, o evolucionismo, enfim, todas as modalidades do
pensamento europeu do século XIX – vão se exprimir agora no pensamento nacional
e determinar um notável progresso de espírito crítico.

Essa prevalência de uma vontade de “interpretar o Brasil” e prescrever


caminhos para a sociedade é importante para a compreensão do pensamento
e do imaginário partilhado por diversos juristas do período, associados à
“geração de 1870”, não porque o discurso jurídico teórico seja simplesmente
um “instrumento” das ideologias, e sim porque, naquele momento histórico,

316 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis
Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,
Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 63.
317 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 38.


144

pensamento jurídico e pensamento social mostram-se francamente


indissociáveis. 318

A herança de uma tradição jurídica europeia estava sedimentada na cultura


jurídica local, fato evidenciado pela manutenção da vigência das Ordenações Filipinas
após a Independência, mas também pelo apego aos doutrinadores portugueses meio
século após a independência, todavia isso não se dava sem mediações. Essa tradição
aqui foi adaptada às particularidades locais, como se entre uma realidade e outra
fosse colocada uma lente que distorcesse um pouco a luz.
Essas distorções podem ser comparadas às interdições ao discurso
identificadas por Foucault. E o discurso jurídico, como qualquer outro 319, é passível de
interdição. Nos termos postos por Foucault:

Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar
de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, não pode falar
de qualquer coisa. Tabu do objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado
ou exclusivo do sujeito que fala: temos aí o jogo de três tipos de interdições
que se cruzam, se reforçam ou se compensam, formando uma grade
complexa que não cessa de se modificar. 320

O discurso jurídico sofre – e muito – dessas três interdições. Tome-se como


exemplo emblemático o discurso jurídico acerca da escravidão nos textos civilistas. A
problematização da escravidão como instituto de direito civil foi selecionada, ao se
verificar sua relevância dentre as possíveis temáticas. Os 116 artigos de direito civil
puderam ser subdivididos, esquematicamente, conforme demonstrado no gráfico
abaixo:

318 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis
Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,
Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 65.
319 “O jurista produz seu discurso como sujeito pertencente a uma específica comunidade profissional,

como sujeito definido por uma densa rede de ações e interações, de conflitos, de solidariedade, de
relações de poder, de esquemas de comportamentos, valores, normas socialmente comuns: está, por
assim dizer, dentro da densa e viscosa amálgama da interação social, na qual o discurso jurídico toma
forma, é lido, usado, produz seus efeitos” (COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses
para uma antropologia do jurista. In: PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória,
Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá, 2011. p. 167-226. p. 195-196).
320 FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em

2 de dezembro de 1970. São Paulo: Loyola, 1996. p. 9.


145

servidão/escravidão
10%
sucessões/testamento
26%
família
10%

legislação
8%

propriedade/poss obrigações
e/hipoteca 14%
16%
outros
prisão civil 3%
3% estado de pessoa
10%

servidão/escravidão família
legislação obrigações
outros estado de pessoa
prisão civil propriedade/posse/hipoteca
sucessões/testamento

Figura 3: Divisão de temas dos artigos de Direito Civil.

Observando o gráfico, é importante questionar quais eram as preocupações


mais prementes para os civilistas. Os direitos civis estavam mais relacionados aos
direitos do proprietário, de terras, de escravos, de títulos ou da condição pela qual se
tornavam proprietários, por dívida, hipotecas, sucessões. A condição de proprietário
influenciava outras esferas da vida prática dos cidadãos, como a participação na vida
política, como eleitores ou candidatos.
Considere-se a afirmação de Paolo Grossi sobre o longo processo de
condensação do conceito de propriedade:

É um processo de renovação que leva cinco séculos, do XIV ao XIX, e que


somente em seu êxito final obtém a inversão de um sentido, a reviravolta da
mentalidade: somente na metade do século XIX o fruto, já maduro, destaca-
se do ramo, mas a progressiva maturação teve uma duração plurissecular. 321

321 GROSSI, Paolo. História da propriedade e outros ensaios. Tradução: Luiz Ernani Fritoli, Ricardo

Marcelo Fonseca. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 62.


146

É somente no século XIX que se definem contornos mais nítidos não só da


extensão do direito de propriedade mas do ser proprietário e do que pode ser sujeitado
a esse direito.
Analisando os temas identificados abordados pelos civilistas que escreveram
para a revista, a partir da análise geral dos textos, verifica-se não apenas o caráter
técnico da publicação, mas a aproximação à proposta editorial de oferecer
ferramentas para que aqueles que operavam o direito na prática manejassem os
institutos diante do emaranhado legislativo 322.
Entretanto, dentre os assuntos mais relevantes em número de artigos
dedicados, a preocupação no âmbito do direito civil da escravidão merece destaque.
Talvez pela concepção comum de que a escravidão fosse um conceito muito mais
advindo da esfera social do que jurídica, afinal, não havia lei que a permitisse. A
escravidão, como se verá adiante, enquanto instituto pertencia à esfera civil, ao direito
de propriedade, logo, chama a atenção, assim como chamou a atenção da comissão
avaliadora que censurou o projeto nesse aspecto, a ausência de menção à escravidão
no projeto de Código Civil apresentado por Teixeira de Freitas. Como explica Paola
Iglésias:

Alguns anos mais tarde, ao publicar a terceira edição da Consolidação,


Freitas viria a rebater a reprimenda, argumentando que a escravidão estava
condenada a “extinguir-se em época mais ou menos remota”. Não se
justificaria, destarte, a inserção de disposições legais referentes à instituição
em uma obra legislativa que aspirava a servir para a posteridade. Melhor seria
tratar juridicamente o problema do elemento servil em um Código Negro,
evitando assim que se maculassem as leis civis com “disposições
vergonhosas”. 323

322 Ainda que se estivesse em período pré-codificação, já haviam sido promulgados importantes
diplomas legislativos sobre a regulamentação da propriedade de terras, como a Lei de Terras de 1850
e a Lei da Reforma Hipotecária de 1864, entretanto, Sérgio Staut identifica em texto de Lafayette
Rodrigues Pereira referência sintomática das persistências do direito romano sob o filtro das
Ordenações mesmo anos após a promulgação dessas leis: “Observa-se o fato desse autor [Lafayette]
estar discorrendo em 1877 sobre a aplicação do direito português recepcionado pelo direito brasileiro
(especialmente as Ordenações Filipinas) justamente em matéria de direito de propriedade,
aproximadamente vinte e sete anos após a promulgação da Lei de Terras de 1850. Isso parece indicar
que, apesar de existir no Brasil uma legislação específica regulamentando o direito de propriedade, a
base do instituto, segundo Lafayette Rodrigues, ainda era o direito romano” (STAUT JÚNIOR, Sérgio
Said. A posse no direito brasileiro da segunda metade do século XIX ao Código Civil de 1916.
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-
Graduação em Direito. Curitiba, 2009. p. 128).
323 IGLÉZIAS, Paola D’Andretta. A legislação comercial e o movimento de codificação civil no Segundo

Reinado. In: MOTA, Carlos Guilherme; FERREIRA, Gabriela Nunes (coord.). Os juristas na formação
do Estado-nação brasileiro (de 1850 a 1930). São Paulo: Saraiva, 2010. p. 182.
147

Portanto, ainda sem a pretensão de esgotar o assunto, os textos sobre a


escravidão favorecem a observação do discurso jurídico e da postura dos juristas
diante dessa fronteira entre o social e o jurídico. Por um lado, pela relevância social
do tema, deveria conduzir a uma ausência de neutralidade e fazer transparecer não o
discurso jurídico, mas o discurso do próprio jurista. Em segundo lugar, ainda partido
do senso comum, um tema que convivia factualmente tão próximo aos juristas, deveria
prescindir do tecnicismo e do formalismo e ser o espaço para que os juristas
modulassem seu discurso para que tivesse efeitos práticos na sociedade. Entretanto,
como a seguir se demonstra, esse direcionamento não foi unânime.
A análise da escravidão nesse momento foi feita buscando apreender a
cultura jurídica conforme três etapas de um processo historiográfico levantadas por
Fonseca:

Trata-se, portanto, de compreender a cultura jurídica brasileira do império a


partir de três ângulos, que todavia constituem lados de um mesmo cristal:
trata-se, em primeiro lugar, de verificar como o saber do direito do modo como
ele historicamente circula, considerando sua dinâmica interna e respeitada a
sua espessura, e tomando-se sua densidade e seu papel (que não é
meramente técnico, instrumental ou ideológico), para, a partir daí, verificar
como ele cumpre uma função efetiva e opera efeitos concretos no âmbito
cultural. Em segundo lugar, trata-se de verificar o modo como o saber jurídico
dialoga com os diversos componentes culturais, verificando nas suas
transformações internas o modo como ela elabora e reelabora tais
componentes. Por fim – e de um modo não mecânico ou esquemático –
verificar como este saber do direito – tomado a partir desta complexidade e
sem reduções – estabelece sua relação com as estruturas sociais,
econômicas e políticas do período histórico estudado. 324

Ainda que, com as escusas prévias, se deva reconhecer que a tarefa foi
realizada de forma bastante restrita.

3.3.1 O tratamento da escravidão como instituto do Direito Civil

Portanto, o assunto escravidão ou servidão como era comumente tratado o


instituto civil, é um tema representativo na amostra de artigos estudados. Se for
considerado, ademais, o caráter técnico demonstrado em mais de uma ocasião, que
tinha a publicação O Direito, a servidão se apresenta como uma temática privilegiada

324 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis

dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 293.
148

por demonstrar, acredita-se, além do discurso profissional ao menos um vislumbre


dos aspectos extratextuais ou intertextuais.
Restringe-se a abordagem ao modo como os articulistas da Revista tratavam
desse instituto e de que modo – inclusive pessoal – com ele se relacionavam.
À exceção das leis ou punições especiais na esfera criminal aos escravos, no
âmbito civil, embora os artigos correlatos à escravidão foram aqui agrupados, o tema
não era autônomo mas se relacionava ora ao direito de propriedade e sua transmissão
por sucessão ora ao estado de pessoa ou à validade e eficácia da legislação.
Entretanto, frise-se, ainda quando a discussão circundava o estado de pessoa, seu
status era discutido não tem termos de direitos individuais ou dignidade da pessoa
humana, mas em relação a classificação dos escravos perante as leis de
emancipação parcial ou enquanto bens. O escravo não aparecia nas páginas da
revista como sujeito de direito, mas como coisa. Essa posição muda paulatinamente
ao longo do período analisado, as discussões, conforme se acirram os ânimos acerca
do tema também fora do mundo jurídico letrado, tendem a ser mais práticas – no
sentido de que ainda que seu estatuto jurídico fosse de bens, as relações sociais
pressionavam os juristas para o reconhecimento também jurídico da
insustentabilidade do instituto da servidão.
A tabela abaixo relaciona os artigos sobre servidão publicados na Revista O
Direito entre 1873 e 1887 325 visando facilitar a referência.
Volume Ano Título do artigo Autor
1 1873 Escravos entre bens do evento Francisco Balthazar da
Silveira
3 1874 É válida a hipoteca que, compreende só escravos, Manoel Martins Torres
sendo posterior à publicação da Lei 1237 de 24 de
setembro de 1864, porém anterior ao regulamento,
que baixou para execução d'essa lei com o Decreto
n 3453 de 26 de abril de 1865?
6 1875 O peculio do escravo póde comprehender doações José Luiz de Almeida
ou legados que tenham por objecto outros escravos? Nogueira
7 1875 Classificação de escravos S. Lima
12 1877 Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de Luiz Francisco da Câmara
posse, conhecido pela denominação romana de uti Leal
possidetis ou retinendae possessionis, quanto aos
direitos que têm aquelles que se achão no estado
intermedio entre o de liberdade e o de escravidão.
13 1877 A liberdade condicional conferida aos escravos Carlos Honorio Benedicto
estado-livres não impede a locação delles. Ottoni

325 Foram pesquisados os volumes da Revista até 1889, entretanto, estranhamente, ao contrário do

que se passou com as demais legislações emancipatórias parciais, após a Lei Áurea, o debate na
Revista cessou.
149

A locação á prazo não sendo transferencia, no


sentido de direito, não incorre na censura do
regulamento n. 5135 de 13 de Novembro de 1872.
Pouco importa que o tabellião na escriptura de
locação usasse da expressão -transferencia-: a
natureza do contrato é que lhe dá o nome, e não a
ignorancia do tabellião.
23 1880 A mulher escrava de seu proprio filho, tendo outros Manoel José Espinola
filhos menores escravos, deve preferir, na ordem da
emancipação das famílias, aos conjuges de que
trata o art. 27 do Reg. De 13 de Novembro de 1872?
31 1883 Em face do n. 1 do art. 36 do Reg. que baixou com Antonino Neves
o Decr. de n. 5135 de 1812, assiste ao senhor ou ao
possuidor o direito de reclamar contra a classificação
para o fim de fazer preterir o seo escravo
classificado?
33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques
34 1884 1. Não ha direito de escravidão. 2. Em causa de Antonio Carneiro Antunes
liberdade não se admite autoria Guimarães
34 1884 A classificação dos escravos libertandos Luiz Ferreira Maciel
Pinheiro
44 1887 Escravos de filiação desconhecida Ruy Barbosa

Tabela 4: Artigos sobre a escravidão no Direito Civil brasileiro.

Primeiramente, destaca-se uma ausência. Não apenas nos textos da Revista


mas também uma problematização praticamente ignorada na história do direito
contemporânea. Os interesses cíveis de escravos não se restringiam apenas às ações
de liberdade, a compra e venda de escravos, a participação deles no processo e as
repercussões – fugas, endividamento, além da total interdição ao judiciário nesses
casos – merece um estudo apurado.

Testemunhos diretos de escravos encontram-se mais amiúde em processos


criminais, às vezes em processos cíveis, se bem que aí de modo mais indireto
e mediado pelo advogado ou curador. Esses testemunhos são inequívocos
quanto a experiência da compra e venda como uma das mais traumáticas da
vida de um escravo. Uma alforria poderia permanecer difícil, até inatingível,
porem a pessoa suportaria a coisa em meio a familiares e demais parceiros
conhecidos no cativeiro; um castigo poderia ser humilhante, dolorido, injusto,
mas havia a possibilidade da cura e o conforto dos companheiros. No entanto,
a venda para outro senhor, contra a vontade do cativo, para locais distantes,
até em outras províncias, seria a pior das experiências, causadora de
sofrimentos insuperáveis ou rebeldias homicidas. Da novo, os arquivos
cartoriais estão repletos de mães e filho, cônjuges, irmãos, separados pelo
comércio de escravos, retidos no caminho de volta aos entres queridos,
presos como fugidos, tornados criminosos em momento de desespero,
enrolados em dívidas impagáveis contraídas na tentativa de localizar e
resgatar do cativeiro alguém por quem se tinha afeto. A impossibilidade de
150

influenciarem de alguém forma as transações de compra e venda talvez fosse


a principal experiência de impotência dentro da escravidão. 326

O primeiro texto analisado, Escravos entre bens do evento 327, de Francisco


Balthazar da Silveira, insurge-se contra a consideração de escravos dentre os bens
do evento (sem dono). Para o autor, a condição de escravo não poderia ser presumida
pela cor da pele preta ou parda, deveria ser confessada ou provada.

A escravidão nunca se presume, e por isso um individuo, que por seu estado,
e circunstancias possa despertar suspeitas, e attrahir as vistas das
autoridades, não póde, vão deve ser considerado escravo, salvo se o
confessa, ou se se prova em fórma devida; fôra disto é livre. 328

Relata dois casos nos quais atuou como magistrado e critica o decreto 1.896
de 14 de Fevereiro de 1857, “que é referendado por um Ministro que professa
princípios Iiberaes, e cuja illustração é reconhecida” 329 – José Thomaz Nabuco de
Araujo. O referido decreto estabelecia regras aplicáveis aos escravos fugidos àqueles
que, recolhidos à Casa de Correção, excederem o prazo de permanência. De forma
mais veemente, o autor critica o Aviso 318 de 10 de Setembro de 1872, que
determinava que os escravos considerados bens do evento não se enquadravam na
hipótese do artigo 6º, §4º, da Lei do Ventre Livre de 28 de Setembro de 1871 330, “que
é referendado por um Ministro 331, que professa idéas conservadoras, e cuja illustração
é tambem reconhecida” 332.
A crítica a liberais e conservadores de Balthazar Silveira corrobora a
conjectura de que, ao fim e ao cabo, republicanismo, liberalismo e até certas
modulações do positivismo, no Brasil, conviveriam com a escravidão 333. O período

326 CHALHOUB, Sidney. População e sociedade. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção

nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 57-59.


327 A expressão advém de “coisas achadas de vento” e se referia a animais soltos e outros bens vagos.

Aos poucos modificou-se para bens do evento.


328 SILVEIRA, Francisco Balthazar. Escravos entre bens do evento. O Direito. v. 1, 1873. p. 250.
329 SILVEIRA, Francisco Balthazar. Escravos entre bens do evento. O Direito. v. 1, 1873. p. 252.
330 Cuja redação determinava que fossem considerados libertos os escravos abandonados por seus

senhores.
331 Nesse caso não fica claro se a referência é ao Ministro titular da Justiça no gabinete Rio Branco,

Manuel Antônio Duarte de Azevedo, ou ao próprio Visconde do Rio Branco.


332 SILVEIRA, Francisco Balthazar. Escravos entre bens do evento. O Direito. v. 1, 1873. p. 253.
333 “[…] historicamente o liberalismo não só conviveu, como não teve o propósito de eliminar todas as

desigualdades políticas e jurídicas; e a aplicação concreta do ideário liberal não necessariamente


deveria implicar a extensão do conceito de cidadania ao conjunto de uma formação social. A adoção
de um código político e jurídico baseado nas noções de indivíduo e igualdade legal entre os cidadãos
disse respeito primordialmente às relações no interior das classes dominantes” (SALLES, Ricardo.
Nostalgia Imperial: escravidão e formação da identidade nacional no Brasil do Segundo Reinado. Rio
de Janeiro: Editora Ponteio, 2013. p. 101).
151

histórico investigado, no tocante à legislação abolicionista, ao contrário do que


acontecera com a abolição do tráfico anos antes, foi resultado de um processo
decisório interno. Segundo José Murilo de Carvalho 334, a iniciativa foi da Coroa,
secundada pelo gabinete conservador e com o apoio da imprensa e parte do partido
Liberal. A oposição, prossegue Carvalho, foi realizada pelos proprietários do sul,
principalmente cafeicultores, “permanecendo os demais em posição de relativa
indiferença” 335.
O texto de Manoel Martins Torres é asséptico, apesar de considerar que a
hipoteca, baixo a luz da lei de 1864, não era possível sobre outros bens que senão
imóveis, não exprime qualquer juízo de valor acerca da escravidão. O próprio termo
escravos no decorrer do texto poderia ser substituído por qualquer outro bem móvel
sem alteração do conteúdo. Como se nota no seguinte excerto:

Assim, uma escriptura de hypotheca, feita depois de sua publicacao, embora


anterior ao regulamento, e que só compreendesse escravos, é nulla. A razão
da nullidade é simples. A lei, quando determinou no art. 2" § 1" que a
hypotheca só póde recahir sobre immoveis, estabelecêo um preceito geral,
que em nada despendia do regulamento para a sua execução. 336

O texto de Câmara Leal é sobretudo técnico, pondera a legislação, os


institutos processuais. Cita doutrinadores e restringe-se ao aspecto técnico processual
do assunto, qual seja o cabimento dos interditos de posse para resguardar direitos
daqueles que estão na posição intermediária entre liberdade e servidão – por
exemplo, aqueles que foram libertos por testamento e que antes da abertura do
documento haviam sido hipotecados a credor do testador.
Não se nota nesse texto o teor romântico acerca da emancipação ou o tom
forçoso da argumentação de alguns que apesar das lacunas da legislação ou delas
se valendo ou da interpretação das ditas leis se justificam pelo fim, a libertação. Como
é um pouco o artigo de José Luiz de Almeida Nogueira:

Avista de todas essas considerações, nosso juizo propende a crêr que não
são valiosas as doações, legados ou heranças de escravos, quando se
destinam a compor o pecúlio de outro escravo.

334 CARVALHO, José Murilo de. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2011. p. 314.
335 CARVALHO, José Murilo de. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2011. p. 314.


336 TORRES, Manoel Martins. É válida a hipoteca que, compreende só escravos, sendo posterior à

publicação da Lei 1237 de 24 de setembro de 1864... O Direito. v. 3, 1874. p. 557.


152

Entretanto a doutrina opposta é mais humanitaria, pois mais favorece à


liberdade. Adoptal-a-hiamos, a salvo dos absurdos apontados, se houvesse
alguma autoridade incumbida de converter em meio circulante, pelos tramites
legaes, os bens doados, legados ou herdados, na hypothese que nos
occupa. 337

Desse mesmo teor é o artigo de Manoel José Espínola, a questão se resume


a possibilidade de uma das Juntas de Emancipação mudar a ordem de preferência
para que uma mãe, que tornou-se escrava de seu próprio filho 338, possa obter a
liberdade naquele ano. Nesse breve artigo, o autor responde positivamente a questão,
sob o argumento de tratar-se de reparar uma iniquidade, que, em razão da lacuna da
lei, somente pudera ser dirimida pela primeira ação do Fundo de Emancipação 339.

Como quer que seja, o que não convém é deixar á incerteza da


jurisprudencia questões de tão grande alcance; e por isso, se por um lado
é necessario que o fundo de emancipação tenha todos os annos a applicação
legal, o que não tem acontecido até aqui, por outro é tambem necessario que
novas disposições se addicionem a lei de 28 de Setembro de 1871, para que
se realisem inteiramente os generosos intuitos da mesma lei […]. 340 (grifo
nosso).

Não é despropositada a afirmação de Joaquim Nabuco acerca da extensão


da escravidão no Brasil e da dispersão na sociedade, como se observa no comentário
de José Murilo de Carvalho:

Não se pode duvidar do profundo impacto que a manutenção da escravidão


teve na economia e na sociedade brasileiras. Embora o trabalho escravo
estivesse concentrado na agricultura de exportação, ele invadia todo o
território nacional e todas as camadas da sociedade. Em texto clássico, o
abolicionista Joaquim Nabuco afirmou, ironicamente, que a escravidão
brasileira era mais democrática do que a dos Estados Unidos porque todos

337 NOGUEIRA, José Luiz de Almeida. O peculio do escravo póde comprehender doações ou legados
que tenham por objecto outros escravos? O Direito. v. 6, 1875. p. 183.
338 “Fallecendo em 1862 um lavrador, deixando testamento no qual legou a sua terça á um menor filho

de uma das suas escravas, baptisado como livre, no inventario que se fez pelo Juizo de Orphãos coube
em partilha ao mesmo menor além de outros bens a escrava que era sua mãi e teve depois mais tres
filhas, irmãs uterinas de seu novo senhor” (ESPINOLA, Manoel José. A mulher escrava de seu proprio
filho, tendo outros filhos menores escravos, deve preferir, na ordem da emancipação das famílias, aos
conjuges de que trata o art. 27 do Reg. De 13 de Novembro de 1872? O Direito. v. 23, 1880. p. 8).
339 Criado pela Lei 2.040 de 28 de setembro de 1871, o Fundo reuniria recursos pecuniários destinados

a libertação de quantos escravos fosse possível. A cada província ou município caberia uma cota
proporcional ao número de escravos residentes, nessas localidades havia também uma Junta
Classificadora, responsável pelos critérios de classificação e de exclusão dos escravos (SANTOS,
Lucimar Felisberto dos. Os bastidores da lei: estratégias escravas e o Fundo de Emancipação. Revista
de História: Universidade Federal da Bahia. Salvador, v. 1, n. 2, 2009, p. 18-39. p. 19).
340 ESPINOLA, Manoel José. A mulher escrava de seu proprio filho, tendo outros filhos menores

escravos, deve preferir, na ordem da emancipação das famílias, aos conjuges de que trata o art. 27 do
Reg. De 13 de Novembro de 1872? O Direito. v. 23, 1880. p. 10.
153

os brasileiros podiam possuir escravos, inclusive os libertos e os próprios


escravos. 341

Ainda na mesma seara, o breve texto de Antonino Neves versa sobre a


interpretação favorável sempre à liberdade do Decreto 5135 de 1872, que
regulamentou a lei de 1871. O decreto permitia que o senhor ou o possuidor era
competente para reclamar sobre a ordem de preferência ou preterição na classificação
de escravos. Antonino Neves primeiramente entende que a conjunção ou empregada
no texto legislativo é explicativa, logo a segunda parte se contém na primeira. Assim,
somente poderia propor reclamação aquele senhor que o fizesse em favor de outro
escravo também seu, preterido na classificação. Se o fizesse com a finalidade de que
outro escravo que não fosse de sua propriedade fosse preferido ao seu a reclamação
não seria admitida (i) por contrariar o espírito da lei e (ii) por extrapolar sua
competência, já que não poderia agir contra preterição de escravo alheio. Completa o
raciocínio finalístico do autor – julgador do mérito da reclamação 342 – que o pedido
era isento, por disposição do mesmo regulamento, de selo e emolumentos, portanto:

Porque este favor? Sem duvida alguma porque as suppõe o legislador em


proveito do escravo; é um favor á liberdade. Ora ninguem dirá certamente
que quando o senhor reclama contra a classificação para obter a preterição
do seo escravo classificado, seja esta reclamação feita em proveito da
liberdade. 343

341 CARVALHO, José Murilo de. As Marcas do Período. In: ___. A Construção Nacional: 1830-1889
(História do Brasil Nação: 1808-2010). v. 2. Rio de Janeiro: Editora Objetiva/Fundação Mapfre, 2011.
p. 26.
342 “Do ponto de vista da estratégia de transição gradual ao trabalho livre, o objetivo da ‘via judicial’ de

mediação dos conflitos entre senhores e escravos era menos efetivo do que ‘moral’ – fortalecer a
submissão dos escravos pela sua esperança de formar um pecúlio e poder comprar a sua liberdade.
Porém, no processo que levou à abolição, advogados e juízes utilizaram esses mecanismos para obter
decisões favoráveis à libertação dos escravos, ampliando-se as situações em que os magistrados eram
chamados a intervir nas relações entre senhores, escravos e abolicionistas. Em síntese, essas
transformações indicam que, por um lado, o Poder Judiciário recebeu atribuições formais de
intervenção nas relações ‘domésticas’ entre senhor e escravo; e por outro, os magistrados tinham
novas condições para julgar a favor da libertação dos escravos. Em primeiro lugar, as mudanças
econômicas, sociais e políticas mais amplas que indicavam a necessidade de transformação do regime
de trabalho; em segundo lugar, a presença de uma opinião pública mais favorável à libertação dos
escravos; em terceiro lugar, novas condições institucionais que permitiam maior autonomia de
julgamento dos juízes, e, enfim, novas doutrinas e novas técnicas de argumentação jurídicas em
favor da liberdade dos escravos” (KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da
República brasileira (1841-1920). Curitiba: Juruá, 2010. p. 130). (grifo nosso)
343 NEVES, Antonino. Em face do n. 1 do art. 36 do Reg. que baixou com o Decr. de n. 5135 de 1812,

assiste ao senhor ou ao possuidor o direito de reclamar contra a classificação para o fim de fazer preterir
o seo escravo classificado? O Direito. v. 31, 1883. p. 512.
154

Muito se expôs as condições sociais nas quais estavam imersos os juristas,


escravista, agrícola, latifundiária, de capitalismo tardio, com fortes laços para com a
tradição jurídica portuguesa etc. Ainda que esse cenário, pelos textos vistos até aqui
fosse combatido, ainda que com timidez ou com concessões ao status quo, parecia
que as ideias em circulação da década de 1870 em diante imbuia na cultura jurídica
ao menos uma tênue vergonha ou um incômodo pela conciliação de princípios liberais
e o regime de servidão. O texto de Carlos Honorio Benedicto Ottoni vai na contramão
do que se apresentava como uma tendência abolicionista – ainda que com
concessões.
Ao descrever as razões das teses expostas na epígrafe, extraídas de um caso
concreto ocorrido na província de Minas Gerais no qual atuou como patrono do
locador, na qualidade processual de assistente, dos serviços dos escravos
hipotecados originalmente a Joaquim Christiano de Carvalho. O pedido dos
libertandos se fundava na impossibilidade de transferência, a partir do Regulamento
5135 de 13 de novembro de 1872. A defesa de Ottoni fundamenta-se no
reconhecimento de que a natureza do contrato era de locação e não de transferência,
ainda que desta forma registrado pelo tabelião.
A ação proposta pelos libertandos é descrita com uma enorme carga de
valoração moral, fundada, segundo Ottoni, no ódio e na má-fe: “Os escravos assim
remidos do captiveiro, vierão para o poder delle assisitente […], e em seu poder
estiverão, até que por ódio contra si surgiu a presente ação de liberdade”. O
assistente, defendido por Ottoni, ao remir os escravos do cativeiro pagando a
hipoteca, além de abrir “mãos de uma importante propriedade sua” ainda teve o ônus
do “compromisso que contrahiu sobre os hombros de acudir e sustentar os réos em
todas as suas necessidades” e, portanto, “fraudado desta maneira no seu direito com
a injusta pretenção levada aos tribunaes pelos libertandos, o assistente pede somente
justiça” 344.
Se por um lado, Ottoni apenas cumpria seu dever profissional – afinal, o texto
é parte dos autos do processo – buscando aqueles argumentos que melhor
atendessem ao interesse de seu constituinte, considere-se também que diante da
legislação vigente a escravidão ainda tolerava esse instituto. Moralmente condenável
para outros juristas, mas enredado na prática jurídica do século XIX.

344 OTTONI, Carlos Honorio Benedicto. A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres

não impede a locação delles. O Direito. v. 13, 1877. p. 246.


155

Ainda assim, a articulação de leis e doutrina que faz Ottoni para contra-
arrazoar o pedido dos libertandos não é de todo capciosa e coaduna com o dever do
advogado, entretanto há no texto o uso de ironia indica mais uma opinião velada do
que um mero instrumento retórico. Ottoni sugere um conluio entre os libertandos e o
credor hipotecário, Joaquim Christiano de Carvalho, quando foram juntados aos autos
cartas de liberdade condicional dada por este aos libertandos para propor a ação.
Comenta Ottoni: “O requerimento e termo confessão a existencia das cartas e
somente excusão-se da ma fé, que se lhes exproba, allegando que não tem a culpa
que os libertandos se queirão excusar de prestar os serviços obrigados. Pobres
libertandos!” 345 (grifo nosso).
O texto de S. Lima pede uma interpretação mais minuciosa, o artigo, de certa
forma “diz” muito mais nas entrelinhas do que abertamente. O autor inicia com uma
visão lírica do que se seguiria à emancipação dos escravos, que, mesmo levando em
consideração a influência da retórica e o romantismo literário, parece demasiado
ingênua.

O homem, hoje escravo, poderá, amanhã, em suave enlevo, descansando


das fadigas do trabalho, sob o tecto amigo da choupana livre, tendo ao lado
a esposa carinhosa, contemplar com ella os filhos, entes queridos, fibras
estremecidas dos seus corações de pai e de mai, alegrarem-se com elles
sem temer o azorrague do senhor, e dizerem, extasiados em jubilo intenso:
“A nossa familia nos pertence!” 346

Em outro trecho, ainda que faz mea culpa acerca da limitada emancipação
dada pela lei de 1871, como não foi possível precisar o autor do texto, não se
consegue saber qual sua participação na edição da lei – se é que houve, ou se as
escusas são parte de um sentimento coletivo de incômodo:

A lei emancipadora, que fez com que o Brazil agigantasse a sua civilisação,
tem, não obstante, defeitos, e lacunas; attendendo-se, porém, ás condições
em que nos achamos, filhas pela maior parte da própria instituição anomala,
verme roedor da nossa felicidade, que vicia e conspurca os principios mais
puros, aninhado no sanctuario da familia, é forçoso confessar que não se
poderia fazer muito mais do que se fez, promessa de grandes e
beneficos resultados com mais algum esforço. 347

Do mesmo texto, destaca-se principalmente o trecho a seguir:

345 OTTONI, Carlos Honorio Benedicto. A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres

não impede a locação delles. O Direito. v. 13, 1877. p. 249.


346 LIMA, S. Classificação de escravos. O Direito. v. 7. 1875. p. 38.
347 LIMA, S. Classificação de escravos. O Direito. v. 7. 1875. p. 38-39.
156

Aquelles que têm prestado serviços que de sobejo compensão aos senhores
do quantum despendido com a acquisição da propriedade delles, merecião
que, cortando-se o mal pela raiz (libertação do ventre escravo) fossem
contemplados ao menos em 2° lugar na ordem da classificação, e não devião
ser atirados ao lado como trastes inutilisados, arvores que não dão mais
fructos, on animaes velhos e estropiados; – a educação moral e a
instrucção daquelles que têm de conviver comnosco, que, homens como
nós, pódem um dia auferir grandezas, e galgar posições distinctas, ou que ao
menos tornão-se hábeis para conseguil-as, deverião ser objecto de serias
preoccupações por parte do legislador e do Governo, com a realização
prompta de asylos para esse duplo fim, e collocação dos novos cidadãos que
a lei proporciona á sociedade; – a opção dos serviços dos ingenuos além
dos 8 annos tolhe a educação e a instrucção, e torna os emancipados
máos cidadãos, ou pelo menos pouco proveitosos á sociedade. 348

Parece, portanto, uma perspectiva – além de egoísta – influenciada por ideias


modernizadoras nas quais a escravidão era posta como atraso ou impedimento ao
progresso. As razões econômicas se sobrepõem às humanitárias e à caridade cristã
para promover ou apoiar a liberdade dos ingênuos, antes que se corrompam no
trabalho escravo. Esse temor 349 travestido de cuidado aparece também em outros
textos, representando uma postura abolicionista “em termos” ou abolicionista com
concessões.
Outro exemplo, é o artigo de Luiz Ferreira Maciel Pinheiro. O texto trata das
incoerências geradas pela ordem de classificação dos escravos, abordando aspectos
morais, combinados com aspectos econômicos. Por exemplo, defende o autor a
preferência pela libertação dos menores o quanto antes para que não
permanecessem em cativeiro até os 21 anos, evitando assim que “habituem ao
aviltamento da condição escrava contraiam os vícios proprios dessa degradação, que
certamente affeiçoará o seu caracter”, essa afetação no caráter dos escravos geraria
um “o ódio ao trabalho forçado” capaz de aniquilar os “estímulos naturaes de
prosperidade e elevação social, e, não podendo germinar iniciativa alguma nobilitante,
quer para obter fortuna, quer para obter moralidade”350 gerando impregnando-os de

348 LIMA, S. Classificação de escravos. O Direito. v. 7. 1875. p. 39.


349 “[…] segundo o testemunho insuspeito de A Reforma (edição de 26 de abril de 1871), não houvera
nenhuma rebelião no período 1866-1871. Mas não há como negar, tenha ou não havido maior
movimentação escrava, que, na percepção da elite, ela estava presente e despertava receios tanto no
que se referia à segurança externa como à interna. […] Nas discussões do Conselho de Estado ficou
clara a percepção dos perigos potenciais, para a segurança interna, de uma ausência de decisão
quanto ao problema escravo. A abolição, embora ferindo interesses econômicos importantes, era mal
menor diante das profundas perturbações da ordem que poderiam advir de um adiamento da decisão,
como indicavam os exemplos de outros países” (CARVALHO, José Murilo de. Teatro de sombras: a
política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 31.).
350 PINHEIRO, Luiz Ferreira Maciel. A classificação dos escravos libertandos. O Direito. v. 34, 1884. p.

162.
157

indolência, ociosidade e miséria – o que, traria prejuízos financeiros futuros ao Estado.


Além de que, era do melhor interesse do Estado não ficar devendo aos senhores a
indenização pela criação dos ingênuos até os oito anos de idade.
Tendendo à mesma inclinação, o texto de Tertuliano Henriques, intitulado a A
lei de 7 de Novembro de 1831, é o perfeito exemplo do que trata Sidney Chalhoub 351:

A ideia de que a lei de Abolição tenha incorrido em confisco de propriedade


escrava é curiosa, em vista da continuada diligência do governo imperial em
ignorar o direito à liberdade de centenas de milhares de africanos, e de seus
descendentes, escravizados à revelia da lei de 7 de novembro de 1831.
Quando o assunto aflorava, era um corre-corre para silenciar os
recalcitrantes. 352

Henriques reage ao debate localizado na época acerca da condução dos


processos de inventários, nos quais, alguns magistrados, quando arrolados dentre os
bens escravos suspeitos de haverem sido importados após 1831, mediante
provocação, alforriavam esses escravos. Ao tratar esses juristas como abolicionistas
“em termos”, faz-se em razão de que, ainda que se perceba em certos trechos que
em essência não se opõem ao fim da escravatura, mas posicionam-se em defesa da
propriedade 353, da legalidade estrita, como se vê na passagem a seguir:

O possuidor ainda que injusto, presume-se de boa fé, e sua posse é


respeitada. No processo do inventario, antes do julgamento das partilhas, não

351 “Não só por isso se deve ver com alguma desconfiança o gênero narrativo da lamúria senhorial – o

enredo do senhor abandonado, solitário, supostamente traído por seus dependentes, cujo epítome
literário é Bento Santiago, no Dom Casmurro de Machado de Assis. Pois o que mais impressiona é a
coerência do governo imperial na defesa do interesse dos grandes fazendeiros quanto à propriedade
escrava adquirida por contrabando após 1831. A reinvindicação de indenização pela propriedade
escrava em qualquer passo do governo em direção à emancipação de escravos consistiu em óbice
sério à adoção de medidas a respeito do assunto até a Abolição, que veio porque tinha de vir, já que
no verão de 1887/1888 tomaram o assunto nas próprias mãos e abandonaram em massa as fazendas
de café. No entanto, talvez seja verdade que a monarquia caiu em 1889, entre outros motivos, porque
os cafeicultores se mostraram inconformados com o fato de a lei de Abolição não ter contemplado a
indenização dos proprietários pela libertação dos escravos” (CHALHOUB, Sidney. População e
sociedade. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012. p. 75-76).
352 CHALHOUB, Sidney. População e sociedade. In: CARVALHO, José Murilo de (org.). A construção

nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 76.


353 Essa interpretação estava longe de ser extraordinária no meio jurídico, Keila Grinberg identifica

interpretação de acordo nas ações patrocinadas por Antonio Pereira Rebouças: “Mesmo quando atuava
como curador, ele considerava a questão da propriedade de seres humanos como se se tratasse de
um bem qualquer; no caso de escravidão, na qual seus curados já tinham a posse da liberdade, ele
não argumentava que o indivíduo, uma vez liberto, não podia mais ser escravizado. Ao contrário,
discorria sobre as situações em que doações não podiam ser revogadas, referindo-se sempre à
condição do doador, e não do beneficiado. […] Em plena década de 1860, portanto, Antonio Pereira
Rebouças reforçava a sua interpretação sobre a forma pela qual escravos conseguiriam ter acesso a
direitos civil: através da obtenção de propriedade” (GRINBERG, Keila. O Fiador dos Brasileiros. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 216; 219).
158

ha recurso de natureza alguma, não ha embargos, não ha aggravos, e as


partilhas, uma vez feitas, sómente se rescindem havendo nulidade insanavel
ou lesão na sexta parte (Ord. liv. 3° tit. 75; Liv. 4° tit. 96).
É, pois, um attentado, um esbulho feito aos herdeiros, privai-os da posse dos
bens inventariados por simples presumpções e conjecturas.
A liberdade é muito favorecida pelo direito, mas os favores que a lei lhe
prodigalisa não consistem na preterição das fórmulas, porque sem estas não
ha processo. 354

Por último, se identifica ainda discurso semelhantes entre os dois últimos


textos analisados, de autoria de Antônio Carneiro Antunes Guimarães e Ruy Barbosa.
Neles se identifica com ênfase uma interpretação fundada em um princípio de direito
natural à liberdade, ao qual o direito de propriedade não pode se sobrepor 355. Todavia,
os argumentos e fontes eram bastante distintos.
O texto de Antunes Guimarães conduz a tese de que não há direito de
escravidão. Primeiramente com base no Direito Romano, indica que somente era
legítima a escravidão como resultado de guerra entre as nações.

Consolidemos as idéas. A escravidão é uma violencia á natureza das causas


e á ordem preconstituida pelo Creador.
É um abuso do direito da força, á que ainda assim só deu força de direito o
paganismo, veriticada a restrictiva condição de uma guerra justa de nação á
nação; de sorte que o escravo, presa violenta da pirataria, conserva no
ethnico direito dos Romanos intemerata a primitiva liberdade. 356

Prossegue argumentando que a tradição jurídica portuguesa, em desacordo


com os princípios cristãos, permitiu a escravidão.

Á nós tambem não nos importa senão o estudo das Leis portuguezas, nas
quaes a sordida cumplicidade de reis semi-pagãos com os infames
tanganhões africo-Iuzos codificou esse barbaro direito novo de escravidão,
que nem ao menos podia invocar a ferocitatem hostium dos Romanos; vindo
assim a dizer como um protesto em nome da humanidade contra as
tyrannicas Ordenações, o illustre Mello em seu citado Livro que “Servi nigri in

354 HENRIQUES, Tertuliano. “A lei de 7 de Novembro de 1831”. O Direito, volume 33, 1884, p. 486-
487.
355 Como adendo, pode-se citar os estudos de Sidney Chalhoub e Hebe Matos acerca do papel dos

advogados nas ações de liberdade. Esses advogados usaram do recurso à justiça como parte da
estratégia de libertação de vários escravos. Explica Keila Grinberg: “Ambos [os autores] destacaram a
forma como advogados e juízes exploraram a legislação em vigor na época, argumentando que a
multiplicidade de leis existentes foi usada como o objetivo político de favorecer a libertação de escravos.
Neste sentido, foi Chalhoub quem levou mais longe suas afirmações; citando batalhas jurídicas
ocorridas em algumas ações de liberdade para mostrar como se davam os embates entre o direito de
propriedade e os princípios de liberdade nos foros judiciários, ele concluiu que, dadas as várias
possiblidades de entendimento dos textos legais, cada advogado e cada juiz interpretavam estas
normas de acordo com as suas próprias posições políticas” (GRINBERG, Keila. O Fiador dos
Brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 234).
356 GUIMARÃES, Antonio Carneiro Antunes. 1. Não ha direito de escravidão. 2. Em causa de liberdade

não se admite autoria. O Direito. v. 34, 1884. p. 11.


159

Brazilia, et quaesitis aliis dominationibus tolerantur: sed quo jure, et titulo me


penitus ignorare fator” 357.

O argumento final, técnico-jurídico, conduz a discussão acerca da natureza


do direito, negando que os direitos reais pudessem se exercer sobre o escravo, se
tanto, “quando algum direito houvesse sobre o escravo, outro não seria senão o direito
pessoal aos seus serviços e nunca o pretenso direito de propriedade” 358. Concluindo
que aos direitos dessa classe – pessoais – correspondem somente ações pessoais,
nas quais não caberia a autoria:

Limitamo-nos porém, á repellir a autoria como um meio protelatorio e


estranho á acção pessoal e summaria, fundada no art. 7 § I da Lei de 28 de
Setembro de 1871, convictos de que nenhuma injustiça, ou lesão com isso
se irroga á quem quer que pretenda indemnisações do preço da liberdade,
pois, invocando erro na substancia do objecto do contracto poderá por uma
conditio causa data, causa non secuta haver de quem de direito a pretendida
indemnização em processo independente d'este.
Em conclusão, hoje ao menos, não é a autoria meio juridico de perimir ou
defferir a reivindicação do direito de liberdade. 359

O texto de Ruy Barbosa, motivado pela agitação com que a “opulencia do


interesse servil tem agitado contra a nossa magistratura, arguida de ‘ataque a mão
armada contra a propriedade’”360, em razão do reconhecimento da liberdade dos
escravizados de filiação desconhecida em acórdãos da Relação da Corte. Para Ruy
Barbosa, entendimento contrário viola, na ordem dos argumentos desenvolvidos ao
longo do texto: (i) disposições positivas da antiga lei portuguesa; (ii) a presunção de
direito à liberdade; (iii) a presunção histórica contra a escravidão; (iv) a lei de 7 de
novembro de 1831; (v) a fé dos tratados; (vi) o direito constitucional; (vii) a intenção
explicita da lei; (viii) as regras fundamentais de interpretação.

Os descendentes dos negros desembarcados nas costas do Brazil pelos


barcos da pirataria africanista depois de 1831 são cidadãos brazileiros,
criminosamente retidos na escravidão.
Ora, a presumpção de liberdade é o mais antigo, o mais poderoso e o mais
essencial de todos esses direitos, para os cidadãos escravisados: o meio

357 Em tradução nossa a frase de Mello Freire citada: “Escravos negros são tolerados no Brasil e outros
domínios, mas por que direito e com que título, confesso ignorá­lo completamente” (GUIMARÃES,
Antonio Carneiro Antunes. 1. Não ha direito de escravidão. 2. Em causa de liberdade não se admite
autoria. O Direito. v. 34, 1884. p. 13).
358 GUIMARÃES, Antonio Carneiro Antunes. 1. Não ha direito de escravidão. 2. Em causa de liberdade

não se admite autoria. O Direito. v. 34, 1884. p. 20.


359 GUIMARÃES, Antonio Carneiro Antunes. 1. Não ha direito de escravidão. 2. Em causa de liberdade

não se admite autoria. O Direito. v. 34, 1884. p. 24.


360 BARBOSA, Ruy. Escravos de filiação desconhecida. O Direito. v. 44, 1887. p. 5.
160

fundamental de reintegração delles nesse estado individual, que a lei, os


tratados e a Constituição lhes asseguram. 361

Dentre os textos analisados, Ruy Barbosa é o único a utilizar o termo vítima


para os escravos sem conotação metafórica e a descrever o sofrimento dos escravos
com o tráfico 362. No texto, o autor também refuta frontalmente a ideia apresentada por
Tertuliano Henriques 363, desenvolvendo um argumento que ele mesmo denomina
matemático, considera que crianças não sobreviveriam às agruras do tráfico, portanto,
é uma presunção segura contabilizar ao menos nove anos para aqueles que
chegaram ao Brasil antes da proibição do tráfico em 1831. A esses nove, somam-se
cinquenta e seis transcorridos entre 1887 (data de publicação do artigo) e 1831,
perfazendo sessenta e cinco. Concluindo que:

Logo, todos os escravisados, no Brazil, de nacionalidade africana estão livres:


Livres, se têm menos de sessenta e cinco annos; porquanto, nesta
hypothese, a idade prova que foram importados depois de 1831;
Livres, se foram importados antes de 1831; porque, em tal caso, não podem
ter menos de sessenta e cinco annos. 364

Em comparação com os outros artigos Ruy Barbosa, nota-se, além da


presença de autores do patrimônio comum, como Savigny, Mello Freire, Teixeira de
Freitas, Cândido Mendes, Jhering etc., dentre todos os artigos analisados é o é único
a citar, com destaque, fontes inglesas e norte-americanas como James Kent
(Commentaries on American Law), Buxton (The african slave-trade and its remedies),

361 BARBOSA, Ruy. Escravos de filiação desconhecida. O Direito. v. 44, 1887. p. 17.
362 “O trafico, absorvido na preoccupação exclusiva de reunir e conduzir bestas humanas validas para
a carga do trabalho logo que aportassem ás nossas praias, não transportava senão individuos, cuja
idade fosse compativel com o peso da escravidão. Os tormentos e atrocidades ultra infernaes dessa
viagem dolorosa, desde as regiões devastadas de Africa até as plantações do novo continente, não
permittiam á raça trucidada e arrastada do deserto pelo oceano entre supplcios inenarraveis trazer nos
braços os filhos debeis, incapazes de resistir ao martyrio da travessia, que a imaginação não póde
pintar. Os cinco periodos fataes dessa infinita agonia – o morticinio na luta contra os captores, os
flagellos da marcha pelo areiál, a putrefacção nos armazens da costa africana, o porão da barca
negreira, a phase intermedia ao desembarque e á extincção da ultima esperança sob o látego do
comprador; a fome, a canicula, a infecção, a peste, o açoite, a tortura – eram superiores á energia vital
da infância” (BARBOSA, Ruy. Escravos de filiação desconhecida. O Direito. v. 44, 1887. p. 22).
363 “A idade não se presume, prova-se; presumpções não são em direito provas, são inducções e

deducções, que apenas encaminhão o juizo para descobrimento dos factos. A idade não se prova
unicamente pela certidão de baptismo; ella admitte qualquer prova legal, na qual não se comprehende
a presumpção. (L. de 24 de Setembro de 1829). A matricula nunca servio de prova para a idade dos
escravos; ella não foi instituida como elemento extinctivo da servidão, mas como medida de estatistica
ou, segundo a expressão do ministro da agricultura, como simples remedio compulsorio. […] É, pois.
um attentado, um esbulho feito aos herdeiros, privai-os da posse dos bens inventariados por simples
presunções e conjecturas” (HENRIQUES, Tertuliano. “A lei de 7 de Novembro de 1831”. O Direito,
volume 33, 1884, p. 486-487).
364 BARBOSA, Ruy. Escravos de filiação desconhecida. O Direito. v. 44, 1887. p. 23.
161

Story (Commentaries On the Constitution Of the United States) e quase o único a citar
Dicey (Lectures on the law of the Constitution) e Blackstone (Commentaries On the
laws of England).

3.3.2 Tipos não ideais dos discursos sobre a escravidão

Analisados panoramicamente, é possível agrupar os artigos, conforme a linha


argumentativa/interpretativa em quatro “discursos” acerca da escravidão. Não são
classificações dos textos ainda apresentados, mas antes características que podem
se intercalar. O primeiro, presente nos textos do início da década de 1870 é finalista
ou teleológico, parece torcer a lei até o ponto que que ela favorece a liberdade. Por
vezes, o argumento chega a ser falacioso e a interpretação das leis tendenciosa,
justificado pelo fim último abolicionista, motivado pela caridade cristã. Pode ser
considerado um primeiro impulso em direção a uma abolição geral, motivado pela lei
de 1871 e reagindo ao regulamento de 1872 que restringia a interpretação mais
favorável aos escravos de alguns artigos da lei.
O segundo tipo de discurso identificado é legalista, não opõe-se por princípio
à abolição, mas interpreta a lei como um arcabouço legislativo no qual a abolição ainda
não é possível ou é possível em casos muito específicos. Ainda reconhece a
inafastabilidade do direito de propriedade. É sob essa argumentação que se localizam
os juristas que saltaram em defesa dos interesses dos proprietários quando dos
debates acerca das incongruências da lei de 1871.
Um terceiro discurso, ou a terceira argumentação que permeia os discursos,
é uma postura mais conformadora. Aparece já em meados da década de 1880, talvez
motivado pela inevitabilidade da abolição 365, sendo os últimos suspiros da defesa da

365 “No início da década de 80 do séc. XIX, começava a mudar a opinião pública sobre a escravidão e

o movimento abolicionista recomeçou a atuar, inicialmente nas cidades, utilizando a propaganda e os


meios legais de libertação individual de escravos. Em meados da década citada, o movimento
abolicionista passou a utilizar expedientes ilegais, ampliando as suas formas de ação, constituindo
redes de auxílio e estendendo sua atuação para o interior, aliando-se à resistência escrava, que crescia
nas fazendas. Com isso, intensificaram-se as fugas e rebeliões coletivas dos escravos e os confrontos
diretos entre escravos, proprietários, abolicionistas e autoridades. Essa ação desorganizou o trabalho
escravo nas fazendas, tornou intoleráveis à opinião pública as violências cometidas contra os escravos
e, enfim, os proprietários perderam o apoio do Estado para a repressão às rebeliões de escravos e ao
movimento abolicionista. Em conjunto, essas mudanças precipitaram a crise final da escravidão,
levando à sua abolição formal em 1888” (KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição
da República brasileira (1841-1920). Curitiba: Juruá, 2010. p. 128-129).
162

propriedade frente ao direito à liberdade. Apresenta razões econômicas e morais para


o fim da escravidão. É sob essa lógica conformadora que, ao trazer à baila argumentos
acerca da necessidade de modernização
Uma reunião dos argumentos teleológicos com essa visão conformadora pode
ser interpretada como resultado da circularidade, descrita por Hespanha 366, entre os
valores, crenças e imagens da vida cotidiana, a doutrina e a prática judicial:

Pelo contrário, essa referência ao mundo de valores e de avaliações


radicada no senso comum foi permanente na doutrina jurídica do ius
commune. As soluções jurídicas assimiladas eram continuamente justificadas
pelo fato de serem aceitas por pessoas comuns: por serem utilizadas há
muito tempo (usus receptae), por se radicarem em usos sociais (radicatae,
praescriptae), por corresponderem à ordem das coisas ou à ordem moral,
como estas eram comumente percebidas (honestae, bonnae et aequae).
Mesmo a estrutura das fontes do ordenamento jurídico – como era entendido
pela doutrina – expressava o peso de um senso espontâneo de eqüidade. No
topo estavam o costume (consuetudo), a doutrina recebida (opinio juris) e a
prática judicial (stylus curiae, praxis). 367

Na quarta postura aparece o elemento principiológico. O instituto da


escravidão perde esse estado, o direito de propriedade sobre o escravo é
desconstituído e a manutenção da servidão passa a ser interpretada como uma
ofensa aos próprios princípios do sistema jurídico.
Logicamente, o esquema acima apresentado é uma hipótese, a amostragem
de análise foi parcial diante do universo da cultura jurídica brasileira, carecendo de
outras fontes para ampliação e aprofundamento das conclusões. Mas, ainda que a
escravidão não seja o tema central da tese, era uma problematização central para os
juristas do XIX. Ao contrário de uma linha historiográfica tradicional que busca na não
violência da escravidão, na não escravização de indígenas e outras desculpas para
uma das duas mais tardias abolições da história de todo continente americano, ainda
que a pessoa do Imperador demonstrasse algum interesse ou nenhuma objeção fática

366 “Alternativamente, temos ainda o impressionante corpus da tradição jurídica em que estão
embebidos, que funcionou no mesmo arcabouço cultural e que engendrou diversos dispositivos
discursivos que permitiram um contínuo intercâmbio entre senso comum e cultura assimilada. Um deles
foi a receptividade permanente, por parte da doutrina jurídica, de valores da vida quotidiana ou sociais,
por meio de conceitos, como equitas (equidade) bonum ou rectum, v. g., bonus paterfamilias, pessoa
comum, recta ratio (razão comum), interest (cf. Barberis, 2000), natura rerum (natureza das coisas), id
quod plerumque accidit (normalidade estatística), enraizamento (v. g. iura radicata), expectativas
sociais radicadas [no tempo ou na tradição], e assim por diante” (HESPANHA, António Manuel. O direito
do início da era moderna e a imaginação antropológica da antiga cultura europeia. Revista Justiça &
História. Volume 2. n. 4. Disponível em: http://goo.gl/UUB4So. Acesso em 3 de junho de 2015. p. 18).
367 HESPANHA, António Manuel. O direito do início da era moderna e a imaginação antropológica da

antiga cultura europeia. Revista Justiça & História. Volume 2. n. 4. Disponível em:
http://goo.gl/UUB4So. Acesso em 3 de junho de 2015. p. 19.
163

à abolição, a estrutura burocrática dominada, por laços de parentesco ou de influência,


por membros da aristocracia é a única razão que se sustenta. Nesse sentido enquanto
alguns juristas atuaram como agentes dessa tardia abolição, buscando mecanismos
legais para frear o processo, outros atuavam sobre o mesmo emaranhado normativo
buscando lacunas em favor da liberdade.

Não há dúvida de que houve escravos que souberam tirar partido das
mudanças trazidas pela lei de 1871. Os arquivos cartoriais brasileiros que
lograram escapar até hoje às fogueiras – ou à “reciclagem” - promovidas pelo
Judiciário estão cheios de ações de liberdade de escravos fundamentadas no
artigo 4º. A possibilidade aberta pela lei facilitou iniciativas coletivas para
comprar liberdades, fosse pelos próprios escravos ou, mais tarde, por
abolicionistas e simpatizantes. De qualquer modo, as coisas ficaram um
pouco como eram antes, por a chance de obter pecúlio para comprar alforria
continuou maior nas cidades do que no campo. Na corte, aliás, a
oportunidade com frequência virava risco, pois logo apareceram negociantes
dispostos a emprestar dinheiro aos escravos em troca de serviços
exorbitantes, mal pagos. Contudo, entre 1872 e 1885, um em cada três
escravos na Corte havia ficado libre; em contraste com um em cada nove na
província de São Paulo, um em cada 13 na província do Rio, apenas um em
cada 18 em Minas. No início da década de 1880, o abolicionista Joaquim
Nabuco dizia que, para qualquer escravo brasileiro, a perspectiva de morrer
no cativeiro permanecia maior do que a de atingir a liberdade. 368

Na maioria dos textos, sejam concessivos ou restritivos quanto à liberdade


dos escravos, extraem-se duas impressões: (i) um incômodo com a persistência da
escravidão, encarada como um entrave à equiparação do direito nacional ao europeu.

O que o imaginário modernizador parece ter provocado na cultura jurídica


brasileira de fins do século XIX não foi bem uma "superação" de um passado
pré-moderno, mas sim uma relativa sensação de incômodo, da parte dos
juristas, com as tensões que se faziam presentes desde meados do século
XVIII, e a criação de novas formas de lidar com elas, sem necessariamente
eliminá-las – o que lhes parecia inviável, ou mesmo indesejável – porém
enfatizando seu pólo "moderno", estatal, legalista e nacional. 369

Um incômodo oriundo da própria posição ou reposicionamento do jurista na


sociedade do final dos oitocentos, na qual se disseminava a sensação de não
pertencimento por completo a mesma aristocracia rural escravista que os formou os
fez ascender profissionalmente e com as quais ainda mantinham relações muito
próximas, na forma de alianças políticas e pessoais como o casamento; mas também

368 CHALHOUB, Sidney. População e sociedade. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção
nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 75.
369 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis

Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,


Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 62.
164

se expandia o desejo de pertencer ao mesmo círculo intelectual que professava os


direitos civis e as liberdades individuais sobre as quais liam e com as quais conviviam
quando viajavam à Europa. Quando esses dois ambientes estravam em confronto,
restava então aos juristas o caminho da hipocrisia descontente ou de uma postura
abolicionista mas artificial.
E, (ii) uma artificialidade no discurso, que, em tese, era como se revestia o
incômodo de certos juristas ao, ativa ou omissivamente, participarem do sistema
escravista:

Ainda que se punham a legiferar ou a cuidar de organização e coisas práticas,


os nossos homens de ideias eram, em geral, puros homens de palavras e
livros; não saíam de si mesmos, de seus sonhos e imaginações. Tudo assim,
conspirava para a fabricação de uma realidade artificiosa e livresca, onde
nossa vida verdadeira morria asfixiada. 370

O jurista, antes de se posicionar perante a academia, a sociedade ou o mundo


jurídico, tinha de resolver internamente um conflito entre a autopreservação de seus
privilégios ou a preservação de tradições muito próximas e muito caras a eles e uma
posição moderna, que respondesse a problemas verificados nas tensões cotidianas e
se adequasse ao que este jurista tinha como ideal social 371.

A autoridade dos juristas tinha se baseado, em grande medida, na teologia e


na “metafísica”, ou simplesmente no seu reconhecimento social como
produtores de abalizadas opiniões, e precisava enfrentar o desafio colocado
pelo “espírito científico”. As fontes do direito pareciam-lhes dispersas e
confusas. O Estado representava, ao mesmo tempo, uma presença
insuficiente (na medida em que falhava, tanto na manutenção da “ordem”
quanto na missão de resgatar a nação do “atraso” e conduzi-la à civilização)
e uma ameaça (na medida em que se mostrava invasivo da “sociedade”, isto
é, das relações econômicas privadas). A igualdade era desejada (como
superação das desigualdades de status que caracterizavam o antigo regime)
e temida (como perturbação das hierarquias sociais – de classe, raça ou
gênero - que eram tomadas por “naturais”). Enfim, a vontade de “progresso”
parecia recomendar, diante da situação brasileira, tanto uma ciência do social
quanto uma ciência jurídica conceitualista, e tanto uma centralização da

370 HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.
163.
371 Considerando a mesma problemática a partir do ponto de vista da atividade jurisdicional, Koerner

afirma: “Nos processos em que era julgado o direito de escravos à liberdade, torna-se manifesta a
oposição entre parte dos membros do Poder Judicial e os interesses de parte das classes dominantes
brasileiras. Nas decisões favoráveis à liberdade dos escravos, os magistrados afirmaram a sua
autonomia de julgamento em relação aos interesses daquelas classes. Os magistrados deixavam de
considerar os interesses, as pessoas envolvidas e as circunstâncias especiais de cada caso. A sua
prática judicial dissociava-se do modelo prudencial; eles passavam a utilizar a interpretação formal e
sistemática das leis, fundando-a no princípio da liberdade individual, com o objetivo de expandir a
efetividade da ordem legal” (KOERNER, Andrei. Judiciário e cidadania na constituição da República
brasileira (1841-1920). Curitiba: Juruá, 2010. p. 136).
165

produção jurídica quanto uma descrição da “evolução” do direito e das


“funções” de seus institutos. Era preciso equiparar-se às “nações civilizadas”
e, para isso, nenhuma tática de modernização poderia ser descartada. A par
disso, era necessário garantir que o processo modernizador não se pusesse
fora de controle. 372

Portanto, como propõe Fonseca, a compreensão do jurista na cultura jurídica


brasileira do Império passa por, em primeiro lugar compreender o direito como algo
que circula historicamente e que possui uma densidade própria – não sendo apenas
técnico, instrumental ou ideológico, para, a partir daí verificar sua função efetiva.
Trata-se também de verificar como o saber jurídico elabora e reelabora conceitos,
relacionando-os com as estruturas sociais, econômicas e políticas – e, acrescente-se,
intelectuais.
Mais do que uma diferenciação de meio de comunicação, o discurso impresso
passa a pertencer a outra esfera de comunicação. Para compreender esse processo
de diferenciação das esferas comunicativas, Hespanha se vale das teorizações de
Pierre Bourdieu. Para o autor francês, o que cria uma elite é o prestígio social, o
“capital simbólico”, esse capital é ampliado, em parte, pela construção de “distinções”.

A forma de discutir, as diferenciações profissionais, as formas de tratamento


(os títulos, os graus académicos), as distinções, nos cultores de um saber,
entre ‘teóricos e práticos’, os rituais, os lugares de residência: eis aqui vários
elementos que, podendo também ter outro sentido, têm também este sentido
"distintivo" e hierarquizador" das pessoas que operam num certo campo e
que nele querem adquirir prestígio ("capital simbólico"'). Claro que estas
distinções internas ao campo herdam fatores distintivos exteriores – como a
origem social, o percurso educativo, etc. – mas esses fatores sofrem uma
"conversão” quando passam de um campo para o outro: o prestígio
económico não se transforma automaticamente em prestígio acadêmico,
como este não gera automaticamente distinção mundana (fama). 373

Bourdieu observou que, ao contrário do que sucede com outros acadêmicos,


os juristas adquirem prestígio pelos laços que mantêm com o mundo da política, da
notoriedade social e das elites socioeconômicas. Para o autor, ainda segundo
Hespanha 374, o saber jurídico estabelece um conjunto de modos de agir e falar, além
de procedimentos próprios de avaliar, raciocinar, provar e tirar conclusões, os quais,

372 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis
Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,
Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 73.
373 HESPANHA, António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo

de hoje. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 301-302.


374 HESPANHA, António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo

de hoje. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 304.


166

interpretados como a disposição mental comum aos participantes desse campo


intelectual, denomina-se habitus 375.
A própria utilização do termo habitus evocaria o fato dos juristas estarem
habituados a um certo modo de agir, pensar e se expressar, mas também,
conformando juristas e não juristas a certa visão do campo do direito.

Neste sentido, o direito cria, além de normas, imagens (também elas


normativas, agindo como modelos de comportamento) sobre a sociedade. E,
com estas normas e com estas imagens, modela as representações e os
comportamentos sociais. Neste sentido, o habitus jurídico – que tem a sua
origem no modo como o campo do direito está organizado – estrutura as
mentalidades dos juristas e, para além destas, as mentalidades sociais. 376

Uma das formas pelas quais os juristas moldavam as mentalidades e se


distinguiam dos demais grupos sociais era pela formalização da linguagem. O
monopólio do saber jurídico manifestado no formalismo do discurso jurídico – na
artificialidade dos discursos tratada anteriormente. Hespanha explica que essa
tradução seria a função básica dos juristas, a de transformar o caos da vida em ordem
do direito. Daí se torna possível compreender alguns textos citados anteriormente. Por
outro lado, prossegue Hespanha:

Esta atitude explica tanto o formalismo do discurso dos juristas, como a sua
arrogância em relação à vida, que os leva frequentemente a descurar, no
traçado das políticas jurídicas, tanto quanto na resolução dos casos
concretos, os dados da experiência cotidiana (…). 377

375 “Primeiramente, uma análise da posição dos intelectuais e dos artistas na estrutura da classe
dirigente (ou em relação a esta estrutura nos casos em que dela não fazem parte nem por sua origem
nem por sua condição). Em segundo lugar, uma análise da estrutura das relações objetivas entre as
posições que os grupos colocados em situação de concorrência pela legitimidade intelectual ou artística
ocupam num dado momento do tempo na estrutura do campo intelectual. Em termos metodológicos
rigorosos, a construção da lógica peculiar a cada um dos sistemas imbricados de relações
relativamente autônomas (o campo do poder e o campo intelectual) constitui a condição prévia de
construção da trajetória social como sistema dos traços pertinentes de uma biografia individual ou de
um grupo de biografias. O terceiro e último momento corresponde à construção do habitus como
sistema das disposições socialmente constituídas que, enquanto estruturas estruturadas e
estruturantes, constituem o princípio gerador e unificador do conjunto das práticas e das ideologias
características de um grupo de agentes. Tais práticas e ideologias poderão atualizar-se em ocasiões
mais ou menos favoráveis que lhes propiciam uma posição e uma trajetória determinadas no interior
de um campo intelectual que, por sua vez, ocupa uma posição determinada na estrutura da classe
dominante” (BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva,
1987).
376 HESPANHA, António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo

de hoje. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 305.


377 HESPANHA, António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo

de hoje. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2009. p. 307.


167

Hespanha entrevê nesse estilo formalista dos discursos a luta simbólica entre
juristas acadêmicos e juristas comprometidos com a prática do foro. Nesse caso, estes
sacrificariam “a consistência teórica a uma prossecução mais direta dos interesses
práticos dos seus clientes”. Nesse sentido devem ser observados os textos acima,
que distorcem a legislação de forma a dar interpretação favorável à liberdade.
Certamente a articulação do discurso jurídico, seja no sentido de manutenção
da escravidão ou seja um discurso abolicionista merece uma pesquisa mais extensa.
Todavia, como provocação, questiona-se os danos dessa às vezes tardia, às vezes
esparsa, às vezes sutil ao invés de enérgica tomada de posição dos juristas frente ao
instituto da escravidão.

Superada a instituição da escravidão pela pressão do movimento


abolicionista e do novo contexto moral internacional, permaneceu o lugar da
exclusão, mesmo que sem seu arcabouço jurídico e ideológico. A crítica
moral da escravidão por si só não corresponder a sua crítica efetiva e
superação. Foi uma crítica parcial de seus efeitos, de fora para dentro:
suficientemente forte para desferir um golpe mortal e impedir a reprodução e
expansão do regime escravocrata. Este permaneceu – e em larga medida
permanece – lançando sua sombra sobre o presente, resistindo a quaisquer
mudanças subsequentes, mantendo uma situação em que a exclusão moral
e material é a marca da organização social e que a cidadania formal é
espoliada de seus direitos mais elementares; uma situação em que os valores
predominantes são exatamente os que, sob um manto de aparente grandeza,
justificam uma situação de exclusão social. 378

Sopesando as diferenças locais, caberia um estudo comparado da


capacidade motriz do discurso jurídico em propulsionar mudanças sociais em geral e
em particular no caso da escravidão. Considerando ainda a observação de Hespanha:

Em suma, apesar de todas as aparências estilísticas, a intenção dos textos


ético-jurídicos não era a de descrever o mundo, mas de o transformar.
Transformar, porém mais por meio da sua eficácia simbólica de constituir
imagens, do que pela sua capacidade de enunciar normas de comportamento
efetivamente dotadas de coação. 379

Desse modo, discurso jurídico também se estrutura como o habitus definido


anteriormente, constituindo uma realidade estrutura – pela imersão em dispositivos

378 SALLES, Ricardo. Nostalgia Imperial: escravidão e formação da identidade nacional no Brasil do
Segundo Reinado. Rio de Janeiro: Editora Ponteio, 2013. p. 37.
379 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 39.


168

textuais, institucionais e sociais específicos – e estruturante – que opera em direção


ao futuro, inculcando mecanismos de apreensão, avaliação e ação 380.
Por fim, ainda segundo Hespanha, o discurso jurídico depende de um acerto
mínimo de consensualidade, “para modificar eficazmente os comportamentos dos
homens, a moral e o direito tinham que partir de bases consensuais de argumentação
e exigir atitudes também não muito distantes daquilo que era consensualmente tido
como justo” 381. A isso serviam também o apelo a valores universais – aos princípios
que poderiam se sobrepor ao direito de propriedade – na medida em que transferiam
o discurso de uma tecnicidade ascética, traduzindo-o em proposições morais que se
adequava a múltiplos auditórios culturalmente diferentes do grupo produtor do
discurso.

380 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades
de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 39.
381 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades

de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 40.


169

4 ENTRE MODELOS POSSÍVEIS E O MODELO HÍBRIDO DE JURISTA


BRASILEIRO

4.1 A SUPERAÇÃO DO BACHARELISMO ACADÊMICO

Ao interpelar o termo jurista no século XIX, o perfil traçado no início do trabalho


buscou responder o quem. Quem eram, como chegaram até ali. O segundo momento
discutia o que faziam, o que diziam, analisando conjuntamente prática e discurso
como lados da mesma moeda. A terceira parte se propõe então a responder o que
eram afinal. O que significava ser jurista no Brasil de finais do século XIX e o que esse
estado de ser representava. A opção de nomear “modelos”, ao invés de conceitos,
imagens, representações, tipos-ideais, arquétipos ou categorias, foi uma necessidade
de simplificar uma discussão historiográfica necessariamente profunda. “Conceito”
traz em si uma carga interpretativa que o relaciona com a história das ideias e, a
intenção declarada desde o início, era guiar a pesquisa dentro da história do
pensamento jurídico. “Imagens” e “representações” remetem, por sua vez, à
substituição, ao “apresentar-se ao invés de”, e, o que se pretendia verificar era o
“apresentar-se como”, qual modo tinham os juristas de se relacionar nas redes de
contatos do Segundo Reinado, sem julgá-los quanto ao seu vínculo com a “realidade”.
Tipo-ideal e arquétipo não estão suficientemente “longe da árvore”, estando por
demais relacionados às conceituações dadas por Weber e Jung e seus respectivos
continuadores e comentadores, que não necessariamente são inaplicáveis ao caso,
mas às quais não se quer restringir.
O termo categoria entretanto “remete, na reflexão sobre o conhecimento, para
a ideia de modelos de organização das percepções, da ‘realidade’” 382, denota uma
capacidade ativa. Nesse sentido, categoria ou modelo serve ao propósito de
identificar, afinal, o que eram os juristas. Quais traços distintivos podem agrupá-los
em categorias ou modelos que transcendam a exemplaridade.

Realmente, muitos nomes não são apenas nomes. ‘Intelectual’, ‘burguês’,


‘proletário’, ‘homem’, ‘demente’, ‘rústico’, são, além de sons e letras, estatutos
sociais pelos quais se luta, para entrar neles ou para sair deles. Numa
sociedade de classificações ratificadas pelo direito, como a sociedade de

382HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades


de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 13.
170

Antigo Regime, esses estatutos eram coisas muito expressamente tangíveis,


comportando direitos e deveres específicos, taxativamente identificados pelo
direito. Daí que, ter um ou outro desses nomes era dispor de um ou outro
estatuto. Daí que, por outro lado, classificar alguém era marcar a sua posição
e política. A mobilidade de estatuto que então existia não era tanto uma
mobilidade social, nos termos em que hoje a entendemos (enriquecer,
estudar, melhorar o círculo das suas relações, mudar de bairro); era antes e
sobretudo uma mobilidade onomástica ou taxinômica – conseguir mudar de
nome, conseguir mudar de designação, de categoria (discursiva), de estado
(nobre, fidalgo, jurista, peão, lavrador). Claro que a mudança de vida podia
ter importância; mas quem decidia dessa importância era a própria entidade
conceptual que designava o estado pretendido. Ou seja, era o conceito de
nobreza (a definição da categoria da nobreza) que decidia que mudanças de
vida eram necessárias para se ser admitido. 383

Portanto, com o intuito inicial de traçar um panorama geral dessa categoria,


foram investigados possíveis padrões no modo de ser dos juristas. A análise, reitere-
se, é parcial, tanto pelas limitações da fonte quanto pelo direcionamento ao ramo do
direito civil.
Com ênfase ainda maior, os juristas são tomados como um corpo coletivo,
cujos modelos excedem a exemplaridade e mesmo dentre os quais os juristas se
deslocam mais ou menos em direção a um ou a outro.
Primeiramente, retome-se a descrição do cenário acadêmico dos juristas
brasileiros nas faculdades nacionais. Sérgio Adorno, ao tratar da faculdade de direito
de São Paulo, remete ao ambiente fora da academia como o verdadeiro responsável
pela formação do bacharel, identificando no rol dos egressos, um número inexpressivo
de jurisconsultos.

[…] a Academia de Direito de São Paulo produziu uma safra numericamente


inexpressiva de jurisconsultos, em favor de um contingente quantitativamente
significativo de advogados, administradores, parlamentares, oradores,
jornalistas e artistas. A prática de conciliar tendências filosóficas antagônicas
e de harmonizar ideias jurídicas de distintas filiações ontológicas e
gnosiológicas, minimizou os pressupostos críticos da atividade didático-
pedagógica, e, em contrapartida, fez sobressair seu lado reverso: uma
formação puramente ornamental, nutrida, em parte, da exposição quase
literal de doutrinadores do Direito e de comentários dos códigos, sem
qualquer efeito construtivo e modificador do comportamento. 384

A observação de Adorno merece algumas ponderações. Quanto à primeira


parte, Adorno, acredita-se, tem em mente um modelo de jurisconsulto que, até onde

383 HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem aventuranças da inferioridade nas sociedades
de antigo regime. São Paulo: Annablume, 2010. p. 18.
384 ADORNO, Sérgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 102-103.


171

foi possível investigar, não existiu no Brasil 385, haja vista não ter sido localizado jurista
brasileiro que não tenha sido também advogado, parlamentar, jornalista – ainda que
se admita prova em contrário, o padrão não se localiza aí. Entretanto, se por um lado
Adorno exclui, de antemão, esse rol de profissionais do grupo de juristas ou
jurisconsultos, ele também deixa de fora desse elenco de profissões, os professores.
Todavia, a formação acadêmica do bacharel deveria direcionar-se para a construção
do direito pátrio, capaz de “modificar o comportamento do corpo discente e lhe
propiciar, através de um plano pedagógico definido, uma formação profissional,
qualquer que ela tenha sido, sólida ou não”386.
O modelo de referência do jurista ideal para Adorno – e também para aqueles
que creem no bacharelismo como explicação uníssona para a formação do corpo
coletivo de juristas desse período – é o jurista alemão, um cientista de molde

385 Seria estender excessivamente a pesquisa investigar o que o sociólogo Sérgio Adorno entedia como
jurisconsulto, ciência e qual seria a real função da universidade. Entretanto, parece evidente que esses
conceitos foram anacronicamente transplantados para o século XIX brasileiro. Em síntese, Adorno
atribui um valor negativo ao que considerados inerente à própria condição de ser jurista nos oitocentos.
A franca influência portuguesa encarnada na Universidade de Coimbra, em verdade, trouxe também
um modelo de ensino universitário que, possivelmente, divergia do modelo de comparação do autor.
“Durante todo o século XIX e na primeira metade do século XX, a Europa conviveu com uma imensa
multiplicidade de modelos de formação superior. Praticamente cada país do continente europeu adotou
sua versão de sistema universitário diretamente gerado da universidade elitizada do século XVIII. A
universidade de pesquisa inspirada na Reforma Humboldt consolidou-se na Alemanha e no Reino
Unido. Na França, a rede de universidades convivia com os collèges (muito distintos dos colleges norte-
americanos), com as écoles supérieures e com as écoles polytechniques. Nos países mediterrâneos,
em especial na Itália, seguiam-se ainda formatos setecentistas de formação profissional bacharelesca.
Em Portugal, além disso, as diretrizes estruturais da universidade francesa pré-Reforma Bonaparte
eram respeitadas. […] Na América espanhola, a instituição universitária chegou precocemente e, no
final do século XVI, numa iniciativa conjunta do Estado Colonial e da Igreja, seis delas já haviam sido
implantadas. Todas essas instituições copiavam o modelo da metrópole oferecendo os mesmos
estudos e adotando a mesma estrutura. Em 1800, existiam 20 universidades ibero-americanas do
México ao Chile. No século XIX, generalizou-se no continente o padrão francês de universidade
napoleônica, voltada para a formação de quadros profissionais, organizadas num complexo de
unidades autárquicas” (Santos BS, Almeida Filho N. A Universidade no século XXI: para uma
universidade nova. Coimbra: Almedina; 2008. Disponível em: http://goo.gl/o8n8U0. Acesso em 5 de
agosto de 2015. p. 126-127). Portanto, o sentido, a orientação de uma universidade não fora voltada
para o que Adorno chama de “produção do conhecimento”, as condições materiais e culturais eram
muito diferentes do modelo anglo-saxão. A ampliação da doutrina jurídica para outros espações que
não a academia, não pode ser caracterizado como demérito da cultura jurídica brasileira.
Compreendendo as afirmações de Adorno apenas como um descompasso entre o modelo franco-
italiano seguido pelas universidades locais versus o modelo alemã. “Algumas destas características do
discurso jurídico têm efeitos também no seio do próprio campo dos juristas, hierarquizando as
profissões que nele convivem. O estilo formalista, abstrato e neutral contribui para o prestigio dos
juristas acadêmicos, desfavorecendo, como contrapartida, os juristas práticos. Por isso, o
desenvolvimento deste “método jurídico" na Alemanha do séc. XIX coincidiu como a época em que
direito era considerado como sendo um assunto para Professores (Professorenrecht)” (HESPANHA,
António Manuel. O caleidoscópio do direito: o direito e a justiça nos dias e no mundo de hoje. 2. ed.
Coimbra: Almedina, 2009. p. 308).
386 ADORNO, Sérgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 93.


172

savignyano, imerso numa academia com padrões germânicos, ignorando que a


cultura jurídica no século XIX tinha outras influências387.
Por exclusão do que os juristas brasileiros eram em contraposição ao que o
jurisconsulto por excelência deveria ser, para Adorno, conclui-se que o jurisconsulto
deveria dedicar-se exclusivamente à ciência do direito e à produção de conhecimento.
É problemático também, o que o autor considera como produção de conhecimento.
Adorno afirma:

Uma simples leitura do quadro docente dessa academia [São Paulo], no


período compreendido entre 1827-83, revela nomes que se destacaram no
cenário político, aos quais, todavia, não lhes corresponde idêntica
celebridade como produtores de conhecimento. Como já se afirmou, salvo
exceções, a grande maioria dos lentes produzia textos, artigos, teses para
utilização como apostilas em sala de aula, sem repercussão na cultura
jurídica nacional. Personalidades que adquiriram prestígio na vida pública
brasileira nada ou muito pouco produziram como doutrinadores ou
jurisconsultos. 388

Para Adorno, portanto, quaisquer outras atividades ou publicações que não


estivessem na forma livro e próprios “às ciências jurídicas”, não poderiam ser
consideradas produção de conhecimento. Ao elencar os professores da faculdade de
São Paulo entre 1827 e 1883, identifica-se, de pronto cinco 389 nomes que publicaram
artigos na Revista O Direito mas que não produziram conhecimento algum nos
parâmetros de Adorno. Com isso não se pretende concluir que a revista jurídica
analisada concentra o mundo jurídico como um todo, pelo contrário, apenas deve ser
apontado o fato que a produção jurídica ali publicada não deve ser desconsiderada
preliminarmente, tampouco, outras publicações que não livros jurídicos.
A aridez intelectual descrita pelo sociólogo, pode ter sua interpretação revista,
como sinais em primeiro lugar, para que a pesquisa se direcione para fora da
academia, sugerindo que a cultura jurídica possuía, já no século XIX, vida própria com
relativa autonomia e, em boa medida mais profícua, para além das faculdades. Em
segundo lugar, esse cenário de carência acadêmica deve ser percebido como uma
das faces de um panorama maior. Justamente, ou melhor, conjuntamente, com as

387 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis
dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 291.
388 ADORNO, Sérgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 121.


389 Brazilio Rodrigues dos Santos, Antonio Dino da Costa Bueno, José Rubino de Oliveira, Joaquim de

Almeida Leite Moraes Junior, Carlos Leoncio da Silva Carvalho.


173

limitações da academia, as atividades jornalísticas e literárias 390, bem como uma


cultura reproduzida oralmente, que foram enfaticamente relegadas a um segundo
plano por Adorno e também por Venâncio Filho, são parte da cultura jurídica brasileira
do século XIX e não impedimentos a ela.

Se se quiser examinar uma geração acadêmica, pode-se escolher a geração


que passa pela Faculdade de Direito de São Paulo no período de 1866 a
1870, uma das mais ilustres a assinalar, nela havendo figuras que se
destacariam na vida jurídica, na política, nas letras, como, entre outros, Rui
Barbosa, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Rodrigues Alves, Afonso Pena.
Entretanto, se se pesquisar nas biografias, nas recordações, nas
reminiscências, nas memórias, ver-se-á que o brilho desta geração se
exerceu muito mais fora dos umbrais das Arcadas do que no estudo do Direito
e no comparecimento às preleções dos professores da casa. 391

Venâncio Filho destaca a atividade jornalística de Rui Barbosa: “A atividade


de Rui Barbosa exerceu-se muito mais no jornalismo acadêmico, na política, na luta
abolicionista, na participação nas sociedades maçônicas, na oratória e mesmo na
poesia”392. Continua o autor, referindo-se também a outros juristas como Joaquim
Nabuco e Rodrigues Alves: “ser estudante de Direito era, pois, sobretudo, dedicar-se
ao jornalismo, fazer literatura, especialmente a poesia, consagrar-se ao teatro, ser
bom orador, participar dos grêmios literários e políticos, das sociedades secretas e
das lojas maçônicas”393.
Entretanto, ao contrário da interpretação dada por Venâncio Filho, este
universo de comunicação paralela e externa a academia, seja no teatro, nas
agremiações, na literatura, eram parte da formação do jurista. Ainda que alguns
seguissem realmente outra carreira ou se tornassem notáveis em carreiras não
jurídicas, como José de Alencar, as faculdades de Direito do império eram o ambiente
propício ao convívio e desenvolvimento simultâneo não apenas de uma cultura

390 Essa formação “acessória” também era a base do ensino no Imperial Colégio Pedro II, apontado
como única instituição oficial de ensino capaz de preparar os alunos ao ensino superior e,
posteriormente, para cargos na burocracia estatal. Descreve Lúcia Maria Bastos Pereira Neves, que “o
ensino que o colégio propiciava tendia a revestir-se de um caráter essencialmente literário, livresco e
ornamental, com o intuito de formar os oradores retóricos que ocuparam o parlamento do segundo
Reinado” (NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira. Intelectuais brasileiros nos oitocentos: a constituição
de uma família sob a proteção do poder imperial (1821-1828). In: PRADO, Maria Emília (org.). O Estado
como vocação. Rio de Janeiro: Access, 1999. p. 9-32. p. 26).
391 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil.

São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 133.


392 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil.

São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 134.


393 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil.

São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 136.


174

jurídica, mas de uma cultura letrada em geral. Venâncio Filho percebe essa
multiplicidade como dissimulação:

As faculdades de direito foram, pois, o viveiro de uma elite de cultura e


administração e a política, o jornalismo, as letras e o magistério (e até mesmo
o teatro), infiltrados de bacharéis, desertores dos quadros profissionais
e que guardaram, com a ilustração, apenas o título e o anel de rubi no dedo,
como sinais de classe e de prestígio. 394 (grifo nosso).

A existência da imprensa (no sentido lugar de impressão) no Brasil não pode


ser confundida com sua disseminação. A transição do homem auditivo para o visual
para o qual tudo aquilo que antes era ouvido passa a ser visto em uma página, foi
gradual e sempre parcial em relação à sociedade dos oitocentos. O consumo da letra
impressa foi por muito tempo o consumo de poucos títulos, lidos continuamente e,
com frequência, em atos coletivos 395.
Por isso, não foi, isoladamente, com o surgimento de meios de impressão que
se modificou a valorização de um saber eloquente baseado na transmissão oral de
conhecimento dominante até então.
Gabriela Lima Ramenzoni 396, em dissertação de mestrado, sistematiza os
tipos de juristas encontrados nas pesquisas de Sérgio Buarque e Gilberto Freyre de
um lado, e, de Sérgio Adorno, Raymundo Faoro e Aurélio Wander Bastos, de outro,
agrupando-os em duas categorias complementares entre si: o bacharel ornamental e
o bacharel burocrático.
O bacharel ornamental, oriundo de um ensino jurídico ornamental 397, se
caracterizava por uma erudição de fachada, transmitida em sala de aula e
descontextualizada tanto da vida prática quanto ao contexto cultural na qual se

394 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil.
São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 143.
395 “As práticas das aulas lidas’ eram, também comuns, João Silveira de Sousa adotava esse sistema,

segundo o testemunho pessoal de Clóvis Beviláqua: ‘Ouvidas na aula, as preleções de Silveira de


Souza eram, entes, monótonas do que atraentes porque, segundo testemunhei em 1878 e era o seu
sistema, ele as levava escritas e as lia. Chegava envolvido na sua beca negra, tomava assento na
cátedra e, erguido ao fundo da sala, levantava os óculos de presbita para a frente e punha-se a ler
fluentemente, mas sem calor, sem interrupção, seguidamente até que a sineta dava o sinal de estar
finda a aula’” (VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico
no Brasil. São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 118).
396 RAMENZONI, Gabriela Lima. A construção de uma cultura jurídica: Análise sobre o cotidiano do

bacharel na Academia do Largo de São Francisco entre 1857-1870. Dissertação de mestrado.


Faculdade de Direito da Universidade De São Paulo. São Paulo, 2014.
397 “Em relação à cultura intelectual, o nosso ensino ainda perpetuava, até meados do século XIX, a

tradição ornamental, fabricadora de humanistas para as duas faculdades de Direito do país e que estar
devolviam depois à administração e à política imperial” (COSTA, João Cruz. Contribuição à História
das Ideias no Brasil. Livraria José Olimpio Editora: Rio de Janeiro, 1956. p. 144).
175

inseriam os alunos. Essa tese, critica acertadamente a autora, parte da ilusória


premissa de que era responsabilidade do ensino moldar a sociedade, não enxergando
no ensino a representação do pensamento social dominante. Era a busca por algo
que não estava lá.

É baseado nesta ideia que se perpetuou no imaginário do povo brasileiro a


relação enraizada do bacharel com a ideia de poder, como se fosse uma
“habilitação” para o exercício do poder. E este bacharel ornamental seria um
intelectual jurídico de fachada, pois não dialogava com o cotidiano social e
não tinha conhecimento crítico para dar uma utilização prática ao sistema
jurídico a invés de só perpetuar artificialismos, imitações (in)conscientes e
impensadas de estruturas estrangeiras. 398

O segundo tipo seria o bacharel burocrático:

Esta tese relaciona, de uma maneira geral, a formação do bacharel ao


aparelho de Estado brasileiro e destaca que esta participação burocrática foi
definida de forma premeditada pelas camadas da elite cultural dominantes,
posto que teriam sido os cursos jurídicos tão-somente criados a fim de
possibilitar o reinado dos bacharéis na burocracia do Império. Nesse sentido,
o bacharel, o promotor, o juiz, junto com os parlamentares e demais
estadistas, não foram criadores da ordem social e política, mas sim seus
filhos legítimos. Ou seja, o sistema preparou escolas de Direito com o escopo
de gerarem os letrados e os bacharéis para ocuparem os cargos da
burocracia brasileira, regulando a educação de acordo com as suas
exigências. 399

Essa tese 400 quando utilizada como vetor de interpretação dos juristas no
século XIX, minimiza, para não dizer anula, outras formas de participação e

398 RAMENZONI, Gabriela Lima. A construção de uma cultura jurídica: Análise sobre o cotidiano do
bacharel na Academia do Largo de São Francisco entre 1857-1870. Dissertação de mestrado.
Faculdade de Direito da Universidade De São Paulo. São Paulo, 2014. p. 31.
399 RAMENZONI, Gabriela Lima. A construção de uma cultura jurídica: Análise sobre o cotidiano do

bacharel na Academia do Largo de São Francisco entre 1857-1870. Dissertação de mestrado.


Faculdade de Direito da Universidade De São Paulo. São Paulo, 2014. p. 34.
400 Mesmo entre os autores que privilegiam essa explicação, ela não se torna absoluta, como explica

Gabriela Lima Ramenzoni: “O autor Aurélio Wander Bastos, em seu trabalho “O Estado e a formação
dos currículos jurídicos do Brasil”, esmiúça este tema tratado por Faoro de uma forma mais específica
sobre a instituição das faculdades de Direito no Brasil a fim de formarem tão-somente burocratas.
Nessa linha de pensamento, ele considera que a organização dos cursos jurídicos no Brasil foi
absolutamente voltada a fim de atender os interesses e demandas do Estado em detrimento das
expectativas judiciais da sociedade. Formariam burocratas estatais e não advogados. Nesse sentido,
o sistema preparava escolas para gerar letrados e bacharéis, necessários à burocracia, regulando a
educação de acordo com suas exigências sociais. Assevera, também, que a formação dos cursos
jurídicos no Brasil estava estritamente ligada à consolidação do Estado imperial e era resultado das
expectativas das elites, bem como das contradições sociais. Mas em contrapartida, não desconsidera
a possibilidade de produção de cultura jurídica para outros fins. Por exemplo, este autor dá uma
orientação mais específica sobre como se dava o cotidiano de construção de pensamento jurídico por
parte do bacharel, pois delimita que o chamado “advogado” deveria ser um bacharel mais voltado para
as questões da origem do conhecimento jurídico, portanto era incentivado para o aprendizado do Direito
Romano. Não obstante, quando se pretendia abrir a formação do bacharel para as questões gerais do
176

construção da cultura jurídica brasileira pelos juristas não burocratas e mesmo


daqueles que exerciam cargos estatais, valer-se dessa tese unicamente, resulta na
assumpção de que os interesses dos juristas a serviço do Estado deveriam sempre
estar em conformidade com os do Estado. Entretanto, já foi observado que, por vezes,
os juristas defendiam interesses que contrariavam a um só tempo o Estado e a elite
econômica às quais os juristas eram oriundos ou se relacionavam por alianças
políticas e pessoais.
Ainda e talvez finalmente, restam duas observações ao modelo do
bacharelismo construído pela historiografia tradicional até aqui, levantadas por
Ricardo Marcelo Fonseca. A primeira delas é que é exagerada a subsunção de que a
formação dos juristas dava-se totalmente fora da academia ou que seus interesses
estavam totalmente voltados para o externo do direito.

Como por exemplo: não parece acertado supor que os estudantes


“ignoravam” a formação jurídica que dispunham nas faculdades de direito no
Império (sobretudo a partir da segunda metade do século XIX) ou que esta
lhes fosse absolutamente imprestável, como sugere Adorno. Se é certo que
havia uma série de precariedades (sobretudo até meados do século) no
ensino jurídico brasileiro, bem como um marcado autodidatismo, além da
presença importante das atividades de jornalismo entre os estudantes, isso
não pode significar que não houvesse uma prevalente preocupação com as
disciplinas cursadas, que, afinal, eram aquelas as que possibilitariam o
passaporte para a vida profissional como advogados, juízes, etc. 401

Portanto, ainda que as atividades extracurriculares se destacassem quando


observado o espectro geral dos cursos jurídicos, é excessivo, ainda que com toda a
precariedade do ensino jurídico, mesmo e sobretudo a partir da década de 1850,
quando a legislação e doutrina brasileira começam a suplantar a portuguesa 402, tanto
nas faculdades de direito como fora delas.
Do mesmo modo, parece descabido exigir que a produção intelectual dos
juristas dos oitocentos se restringisse à literatura jurídica produzida por catedráticos
das faculdades do Império. Nem toda a produção jurídica ficava adstrita ao interno

Estado e da sociedade, era incentivado o aprendizado do direito público” (RAMENZONI, Gabriela Lima.
A construção de uma cultura jurídica: Análise sobre o cotidiano do bacharel na Academia do Largo
de São Francisco entre 1857-1870. Dissertação de mestrado. Faculdade de Direito da Universidade
De São Paulo. São Paulo, 2014. p. 35-36).
401 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis

dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 288.
402 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis

dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 289.
177

das faculdades, nem os juristas, produtores de cultura jurídica, necessariamente, se


localizavam nas cátedras dessas faculdades. Como afirma Fonseca:

Ademais, é de se lembrar que os maiores juristas brasileiros do século XIX


(citem-se como exemplos Teixeira de Freitas, da turma de 1864, Pimenta
Bueno, da turma de 1833 e o já mencionado Ruy Barbosa, da turma de 1870)
eram egressos das academias de direito brasileiras. O fato deles não terem
jamais composto as fileiras docentes das faculdades de direito, por outro lado,
não quer significar, por si só, que tivesse existido uma relação de estranheza
entre as academias e esses doutrinadores ou que a doutrina ensinada nas
faculdades ignorasse sua importante contribuição teórica (como sugere
Adorno). Para ficar apenas num exemplo (pois conclusões mais abrangentes
nesse sentido dependeriam de uma investigação específica), é de se notar a
imensa repercussão acadêmica da célebre “consolidação das leis civis”, de
Teixeira de Freitas, tanto dentro da academia quanto nos foros. 403

A segunda observação feita por Fonseca, e fundamental para o presente


trabalho, é a de que o jurista do século XIX não era alheio ao paradigma da oralidade.
A retórica e a eloquência são condição de existência de um modelo particular de
jurista, o jurista romântico conforme denomina Carlos Petit, do qual se tratará a seguir.
Assim, para a presente pesquisa, em concordância com as conclusões de
Fonseca 404, demonstrou-se ser indissociável a atuação dos juristas na imprensa ou
na literatura, nem como um saber finalista conforme as necessidades profissionais
práticas, havendo uma necessidade de conformar esses aspectos em um perfil
híbrido, mas que corresponda a contextura estudada.

4.2 OS MODELOS DE JURISTAS NA ESPANHA

Primeiramente, por mais que pareça redundante reafirmar a tradição europeia


no Direito brasileiro, é possível questionar se nem quando ao modo de ser dos juristas
que aqui nasceram e estudaram, ainda que imersos em uma literatura estrangeira,

403 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis

dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 290.
404 “Não parece um procedimento adequado, por isso, separar o conhecimento do jurista do século XIX

do conteúdo de oralidade de que ele se revestia, procurando-se, obviamente em vão, a “produção de


conhecimento” do jurista como se ele fosse um cientista acadêmico do século XX. Igualmente não
parece adequado o procedimento de Adorno em separar o saber do jurista deste período do saber
literário e retórico (sobretudo da cultura clássica), como também, enfim, não parece adequado separar
a prática do jurista da sua atividade política e jornalística. Tudo isso formava uma unidade, que
constituía a própria identidade do homem das letras jurídicas do século XIX” (FONSECA, Ricardo
Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os perfis dos juristas brasileiros
do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p. 291).
178

conseguiriam eles se distanciar da Europa ao menos nesse aspecto – mais íntimo,


por assim dizer.
Acontece que mais do que modelos europeus de “conduta”, o Brasil se insere
na tradição latina 405 de formação dos juristas. Assim que há uma patente identificação
com o que acontecia simultaneamente na Europa especialmente próximo ao final do
século XIX. O jurista desse período não estava alheio às tendências e teorias
europeias, a comunicação pela imprensa e a possibilidade de viagens tornava o
influxo de ideias nesse momento mais dinâmico. Nem o ensino jurídico 406 nem na

405 Optou-se por usar o denominador comum latino para expandir a matriz colonial portuguesa, para
um primeiro degrau de influência ibérica em razão do domínio do liberalismo na Espanha do século XIX
que possibilita para futuros estudos estabelecer os pontos de contato com o liberalismo brasileiro, e,
em um segundo degrau, permite incluir a interessante comparação com a Itália, cuja “estatização”
também nesse século. Por fim, a marcação dada pelo termo “latino” permite separar definitivamente a
cultura jurídica brasileira nos aspectos aqui abordados – frise-se ensino jurídico e modo de ser dos
juristas – de uma tradição alemã. Aliás, como complemento, cabe pontuar o estranhamento de Jhering
e Savigny diante dos juristas italianos. Jhering observa com certa complacência os juristas italianos
constrangidos a deixar a cátedra para dedicar-se à advocacia, enquanto que na Alemanha a rigorosa
separação das profissões tidas como inconciliáveis era considerada uma garantia dos professores
alemães. Savigny, em viagem pela Itália, entendia como um desvio da atividade espiritual do jurista
essa razão prática que impelia os juristas italianos a exercer outra atividade além da cátedra. Ademais,
Beneduce pontua que “La Francia è innanzitutto il luogo di una esperienza politica e giuridica
paradigmatica, che esercitava nei fatti uma potente forza di attrazione sulle vicende italiane”
(BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il
Mulino, 1996. p. 26 e 151). Ademais, “A título de comparação, a vida dos juristas do século XIX, mesmo
em França, é ainda uma vida híbrida: parte do tempo dedicam-se à academia, parte do tempo são
chamados a exercer funções de governo ou de legislação e parte do tempo gastam na advocacia (Dupin
[1783-1865], Cormenin [1788-1868] etc.). Alguns dos mais mencionados, como é o caso de Dalloz
(1795-1869) em França, não são mesmo acadêmicos no sentido contemporâneo, mas profissionais
que se dedicam a tarefas práticas, como a edição de revistas e coletâneas de decisões judiciais. Outros
transitam de um lado para outro da vida jurídica, ora como professores, ora como legisladores ou
homens de Estado” (LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do Conselho de Estado
(1842-1889). A formação da cultura jurídica brasileira. Almanack Braziliense, n. 5, p. 4-36. São Paulo:
2007. p. 7-8). E, em favor dessa análise comparativa, citamos ainda Carlos Petit: “Sin poder
entretenerme aquí en consideraciones comparativas, al menos debo advertir que cuanto se viene
diciendo para España, gracias a la condición 'universal' de la elocuencia latina podría sin duda aplicarse
a otros ámbitos geográficos y aun a tradiciones jurídicas muy distintas; no ocuparse de estas cosas
cuando interesaba el análisis comparado de la profesión forense en varias experiencias nacionales es
error que comete, en mi opinión, la por demás apreciable y ambiciosa obra de Hannes Siegrist, Advokat,
Bürger und Staat” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura
jurídica da la España liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de
publicaciones Universidad de Huelva, 2000.p. 111).
406 Comparativamente, Paz Alonso descreve a Universidade de Salamanca em termos bem próximos

do contexto brasileiro: “No es nada nuevo decir que las universidades, y la de Salamanca en particular
para los siglos modernos, fueron criaderos de burócratas regios, y que muchos de los que ocuparon
los más altos cargos se reclutaron entre sus catedráticos. Que las cátedras eran un excelente trampolín
para, desde ellas, acceder a los organismos superiores de la Monarquía es algo aceptado por todos”
(ALONSO ROMERO, María Paz, Salamanca, escuela de juristas. Estudios sobre la enseñanza del
Derecho en el Antiguo Régimen. Madrid: Universidad Carlos III de Madrid - Editorial Dykinson, 2012. p.
235-236).
179

cultura em geral 407 – na qual os juristas também se inseriam – pode-se apontar uma
ruptura, ao longo de todo o século XIX com a Europa.
Tal qual o Brasil, também o ensino jurídico na Espanha liberal foi uma “escola
de tribunas” que configurava ambiente próprio para recriar e transmitir a cultura
eloquente que dominava os saberes e profissões de então. Petit retrata as
prestigiadas lições inaugurais nas universidades espanholas como vetor de
interpretação para a passagem do paradigma da oralidade para o predomínio da
escritura e, a reboque, de um modelo de jurista a outro.
A publicação posterior da lição inaugural era o registro fiel da cerimônia, desde
a posição dos lugares dos convidados de honra até a transcrição integral do discurso
incluindo quando começou e que horas acabou, constituindo-se em gênero literário
próprio. As aulas deveriam, por sua vez, ser públicas e em lugar que garantisse a boa
audição. “El flujo de mensajes orales constituye desde luego la base de las actividades
didácticas, pues las explicaciones del catedrático se completan diariamente con
preguntas”408.
Os discursos proferidos no âmbito das universidades – Petit trata da década
de 1850 – sejam eles aulas inaugurais ou exames para concessão do grau eram
eventos e ainda que, com o passar dos anos o caráter escrito dos exames tomasse
espaço, a natureza do ritual se mantinha oral. Esses discursos, afirma o autor,

[…] respondem sem exceção às receitas das orationes demonstrativas dos


clássicos retóricos, onde o exercício eloquente não deixa muito espaço para
a ciência; com tais, frequentíssimos discursos poderia se tratar de evocar aos
nomes mais célebres do claustro local, de fazer presente (‘de vida voz’) a
corporação diante da sociedade e dos periódicos. 409

407 José Murilo de Carvalho explica que a relação das elites culturais com a cultura europeia refletia-se
em sua produção e em seu pensamento, fazendo-se notar no mundo das artes, mas também no mundo
das ideias filosóficas e políticas. Mas é importante ressalvar que ainda que fossem estreitos os laços
com a matriz cultural europeia, não é correto interpretar essa influência em termos de mera cópia. Na
literatura e nas artes plásticas, por exemplo, explica Carvalho, o modo e os padrões eram europeus,
mas os temas e as propostas eram brasileiros. O mesmo vale para o campo das ideias, nas quais
tornamos a incluir as ideias jurídicas e soluções para o Direito Brasileiro (CARVALHO, José Murilo de.
As Marcas do Período. In: ___. A Construção Nacional: 1830-1889 (História do Brasil Nação: 1808-
2010). v. 2. Rio de Janeiro: Editora Objetiva/Fundação Mapfre, 2011. p. 34-35).
408 PETIT, Carlos. Discurso sobre el Discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica de la España

liberal. Huelva: Universidad de Huelva, 2000. p. 28.


409 “[…] responden sin excepción a las recetas de las orationes demostrativas de los clásicos retóricos,

donde el ejercicio elocuente no deja mucho espacio para la ciencia; con tales, frecuentísimos discursos
más bien podía tratarse de evocar a los nombres más célebres del claustro local, de hacer presente
('de viva voz') a la corporación ante la sociedad y los periódicos” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el
Discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica de la España liberal. Huelva: Universidad de Huelva,
2000. p. 31). (tradução nossa).
180

Essa transição de uma cultura tipicamente oral para a escrita, para a presente
pesquisa, não é meramente acessório, mas é o que possibilita a comparação entre os
juristas de diferentes tradições410. Não apenas pela conclusão lógica de preservação
e acesso ao discurso mesmo com a distância temporal e espacial, mas porque o
reconhecimento de que o meio impresso poderia conter o discurso jurídico diante de
uma paulatina e crescente valorização da escrita, foi uma das razões que levou os
juristas da segunda metade do século XIX a publicarem seus textos.
O que se propõe é estabelecer que a distinção entre juristas e demais – sejam
internos ao campo do direito (bacharéis, magistrados, advogados, professores) ou
externos (médicos, políticos) – não é uma diferenciação de classe hierarquizadas.
Embora a atuação como jurista seja diversa do seu agir como advogado ou professor,
essa aparente dissociação é inerente ao próprio jurista latino. O que se propõe é uma
definição de jurista relacionada à atuação conforme o ambiente ou a finalidade do
discurso, uma vocação 411 para ao invés de configurar uma profissão autônoma.
Beneduce 412 fala de um paradigma “impessoal e indivisível” do jurista.
Portanto, retoma-se também a distinção entre o bacharel e o jurista. Igualar a
situação de bacharel com a vocação do jurista é reduzir o todo pela parte. O que
diferencia portanto o jurista do bacharel e de outras profissões jurídicas é sua postura
enquanto tal. E essa postura, esse modo de agir tomava diferentes contornos no
período estudado, é isto que se denomina modelos para os fins desse trabalho. E, por
isso é importante diferenciar os ambientes que modificavam a finalidade da
comunicação dos juristas.
Já foram apontadas as aproximações e contingências entre juristas e
bacharéis e juristas e magistrados e, ainda que de forma breve, juristas e políticos.
Cabe aqui uma ponderação mais detalhada acerca da relação entre juristas e
advogados. Apesar do necessário distanciamento ou desconexão entre profissão e
vocação, no caso dos advogados, ao menos no que concerne aos estudos realizados
na Europa por Carlos Petit e Beneduce, essa separação não sobrevive na sua
integralidade.

410 Importante salientar que essa mudança não implica no abandono da transmissão oral do
conhecimento ou que antes disso não se fizesse uso da escrita, apenas se destaca o privilégio e a
necessidade de domínio de um meio em relação ao outro.
411 Vocação entendida como orientação do agir, como interesse e inclinação, assim como um médico

tem vocação para o cuidado.


412 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:

Il Mulino, 1996. p. 13.


181

Primeiramente, Petit explica que, a partir do paradigma da comunicação oral,


referido anteriormente, a Espanha no século XIX também era escassamente
tipográfica. Nas universidades espanholas desse período persistia a eloquência das
lições inaugurais ou dos exames orais.

Se a universidade liberal produziu antes algum livro ou obra de consulta se


trata, como acontece também nos cursos do Ateneu, de apontamentos e
notas que passam diretamente do auditório à imprensa: subprodutos de
‘textos vivos’ que não sabem nem querem renunciar a sua primitiva
expressão oral, com as imagináveis consequências. 413

Comparativamente, isso reforça as conclusões acerca das academias


brasileiras, na quais Adorno não localiza “produção de conhecimento”, quando, uma
forte possibilidade é a de que o conhecimento produzido apenas não ser apresentava
na forma esperada.

O advogado não apenas resulta assim no jurista por excelência; não apenas
seria seu discurso a expressão mais acabada da palavra posta ao serviço
coletivo. […] O homem eloquente, e somente ele, encarna ainda o tipo ideal
de cidadão politicamente ativo, o que agora significa confiar no advogado
para que chegue a se ouvir da voz do público. Uma sublime missão
representativa, certamente, que nos explicaria o frequentíssimo desempenho
de dignidades parlamentares por advogados em qualquer Estado liberal
europeu e a difícil distinção entre a causa da advocacia e a causa da política:
“a profissão do orador é um ministério respeitável, que requer para seu bom
desempenho grandes virtudes e nobres sacrifícios. Ora advogue frente os
tribunais… era na tribuna defenda os interesses dos povos e o decoro
nacional; ora predique no púlpito a moral evangélica; ora derrame na cátedra
a luz do ensino, sempre a missão do orador é árdua, importante e fecunda. 414

413 “Si la universidad liberal ha producido antes algún libro u obra de consulta se trata, como acontece

también con los cursos del Ateneo, de apuntes y notas que pasan directamente del auditorio a la
imprenta: subproductos de ‘textos vivos' que no saben ni quieren renunciar a su primitiva expresión
oral, con las imaginables consecuencias” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y
escritura en la cultura jurídica da la España liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001).
Huelva: Servicio de publicaciones Universidad de Huelva, 2000. p. 57). (tradução nossa).
414 “El abogado no sólo resulta así el jurista por excelencia; no sólo sería su discurso la expresión más

acabada de la palabra puesta al servicio colectivo. […] El hombre elocuente, y sólo él, encarna aún el
tipo ideal del ciudadano políticamente activo, lo que ahora significa confiar en el abogado para que
llegue a oírse la voz del público. Una sublime misión representativa, ciertamente, que nos explicaría el
frecuentísimo desempeño de dignidades parlamentarias por abogados en cualquier Estado liberal
europeo y la difícil distinción entre la causa de la abogacía y la causa de la política: "la profesión del
orador es un ministerio respetable, que requiere para su buen desempeño grandes virtudes y nobles
sacrificios. Ora abogue ante los tribunales... ora en la tribuna defienda los intereses de los pueblos y el
decoro nacional; ora predique en el púlpito la moral evangélica; ora derrame en la cátedra la luz de la
enseñanza, siempre la misión del orador es ardua, importante y fecunda” (PETIT, Carlos. Discurso
sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España liberal (lección inaugural,
curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad de Huelva, 2000. p. 60-
61). (tradução nossa).
182

O principal saber do advogado não era o conhecimento jurídico, esse,


pressupunha-se existente, mas não era o principal. De nada adiantaria o
conhecimento da lei sem o poder de convencimento. Antes era recomendado ao
advogado sólidas lições de moral, de ética cristã. Somente depois se passaria ao
estudo de uma “ciência legislativa”, que ainda não contém propriamente o direito
positivo, mas consiste na doutrina de Cícero, Cujas, Domat, Heinecio, Pothier 415.
Pouco a pouco, os tratadistas mais românticos 416 passam a ser sugeridos aos jovens
juristas, mas ainda é mais importante um conhecimento profundo de filosofia, história,
artes liberais, e, por óbvio, da oratória – mas ressalte-se, esse conhecimento não era
tido como perfumaria.
O estudo acadêmico das letras incluindo poesia por parte dos advogados não
funcionava, nem nunca funcionou – como explica Petit 417, como mero adorno ou como
manifestação do status. Pelo contrário, esses conhecimentos estavam arraigados na

415 Em outro trabalho, Petit indica a pesquisa de Jesús Martínez, que ao estudar as bibliotecas
particulares, destaca o caso de Joaquín Maria López – proprietário de uma biblioteca que se encaixava
dentro dos parâmetros da época (Composição geral das bibliotecas de juristas profissionais, políticos
e burocratas em Madri: Literatura e língua: 21,80; Arte e ciência: 7,57; História e geografia: 15,45;
Direito e política: 17,59; Economia: 5,44; Filosofia e pensamento: 3,98; Teologia, moral e religião: 12,23,
várias: 12,64). A pesquisa concluiu que os livros tinham uma dupla utilidade, completamente diferentes
mas complementares que tipificam as características do típico jurista do período: (i) os livros eram
suporta às atividades profissional e política e (ii) relacionavam-se com suas atividades de lazer e
vocação literária. “[…] en efecto, este abogado y político progresista, parlamentario de verbo
celebérrimo desde las cortes del Estatuto, dos veces presidente del Consejo de ministros, autor de
libros jurídicos (Lecciones de elocuencia general, de elocuencia forense, de elocuencia parlamentaria
y de improvisación, I-II, 1849-1850; Curso político-constitucional, 1856) y famoso letrado ejerciente en
Alicante y Madrid fue además un creador literario tan prolífico que la edición íntegra de sus obras y
discursos cubre nada menos que siete tomos”. Outra pesquisa citada por Petit, desenvolvida por
Mariano Peset y Johannes-Michael Scholz, oferece uma explicação complementar, a de que o cultivo
das letras pelos advogados isabelinos seria um adorno erudito obrigatório, ou em uma expressão
melhor: em uma manifestação de status (PETIT, Carlos. El legislador y la biblioteca. Los fondos de
Andino en la Universidad de Sevilla. Glossae: European Journal of Legal History, ISSN 0214-669X, n.
10. 2013. p. 489-506. Disponível em: < http://goo.gl/vHsAQj>. Acesso em: 15 de janeiro de 2015.)
416 Acerca do repertório dos juristas: “Uns, mais próximos das posições românticas e doutrinárias –

como Basílio Alberto de Sousa Pinto – com declarações rotundas sobre o primado da razão, da
“natureza” e do temperamento dos povos, sobre as decisões de efêmeros arranjos políticos nas
Câmaras. Outros, embora perfilhando ideais políticos mais próximos das posições democráticas –
como Vicente Ferrer Neto Paiva (1798-1886) – reclamando os direitos da “filosofia” na conformação do
direito. Outros, por fim, com perfis mais “técnicos” do que “ideológicos”, invocando ou a tradição
dogmática, desde os praxistas até aos autores portugueses pós-liberais – como é o caso de Manuel de
Almeida e Sousa (Lobão), J. H. Correia Teles –, ou o consenso dos códigos modernos das nações
mais polidas, nomeadamente a lição do Code Napoléon – como é o caso de Manuel António Coelho
da Rocha (1793-1850) ou José Dias Ferreira (1837-1907)” (HESPANHA, António Manuel. Tomando a
história a sério - os exegetas segundo eles mesmos. In: FONSECA, Ricardo Marcelo (org.). As formas
do direito: ordem, razão e decisão (experiências jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba:
Juruá, 2013. p. 165-166).
417 PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España

liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad
de Huelva, 2000. p. 66.
183

tradição eloquente, a poesia oferecia a gente do foro palavras e estilos utilizados para
contrabalançar a aridez dos materiais legais e somente assim eles poderiam
desempenhar sua função.
Portanto, tem-se que o jurista romântico era aquele que propunha, talvez mais
do que propunha, aquele que vivia uma possibilidade romântica de leitura do direito e
da política.

Vigente um ‘paradigma eloquente’ do saber, codificado nos tratados sobre


oratória, a inclinação às letras dos homens de leis liberais teve muito a ver
com o cursus studiorum que empreendiam ao educarem-se como oradores e
ao exercer como cidadãos úteis. Os conhecimentos de latim, moral e história,
também de língua e literatura, previstos nos programas universitários e
reclamados pela preceptiva arte forense refletiram e refletiram e aportaram a
a base e os estímulos necessários para que o jurista eloquente frequentasse
a gêneros que ninguém chamaria hoje de jurídicos […], mas que determinava
uma forma mentis e uma maneira literária de conceber o exercício
profissional. 418

É um conceito um tanto difícil de compreender atualmente, o direito como arte


em uma perspectiva estética que refutava qualquer separação entre teoria e prática,
como sugeria, exemplifica Petit, Francisco Giner de los Ríos (1839-1915), para quem
o ideal seria a fusão perfeita das duas esferas.
Afora a toga, a exposição sentado ou em pé, o lugar na sala, era recomendado
aos advogados que discursassem de improviso, era excepcionais os casos em que
um advogado lia um texto já preparado, a dimensão temporal do processo se
encerrava no trabalho no foro e deveria estar livre de qualquer interferência de
natureza espacial, inclusive uma folha de papel que pretendesse encerrar o discurso
jurídico 419.
Outro acontecimento paralelo ao desenvolvimento da imprensa exerceu
influência sobre os juristas do período: o surgimento do público. Sobressaia-se à

418 “Vigente un ‘paradigma elocuente' del saber, codificado en los tratados sobre oratoria, la inclinación
a las letras de los hombres de leyes liberales tuvo mucho que ver con el cursus studiorum que
emprendían al educarse como oradores y al ejercer como ciudadanos de provecho. Los conocimientos
de latín, moral e historia, también de lengua y literatura, previstos en los planes universitarios y
reclamados por la preceptiva del arte forense reflejaron y aportaron la base y los estímulos necesarios
para que el jurista elocuente frecuentara unos géneros que nadie llamaría hoy jurídicos […] pero que
determinaban una forma mentis y una manera literaria de concebir el ejercicio profesional”(PETIT,
Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España liberal
(lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad de
Huelva, 2000. p. 73). (tradução nossa).
419 PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España

liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad
de Huelva, 2000. p. 91.
184

existência de normas para que exigiam a autorização dos advogados, juízes e


promotores para publicização de seus discursos e decisões, o espetáculo gerado
pelas notícias das cortes, crônicas parlamentares e um gênero literário que há pouco
surgira: o estudo de casos célebres. A acepção de público era distinta das de nação
ou povo, o público tinha além de uma curiosidade cultural, opinião, justificando assim
a curta distância que separava a oratória do jornalismo. Petit destaca a participação
bastante ativa do advogado isabelino na redação de jornais e revistas jurídicos e
políticos 420.
Há uma circularidade percebida nos discursos jurídicos e na imprensa, a
discussão do caso concreto servia para tornar visível, ou melhor, audível, o clamor
público e o advogado falava de grandes ideais que envolviam a sociedade inteira. O
acusado do crime poderia então ser um perigoso delinquente ou a vítima de um poder
ilegítimo ou de uma injustiça social.
O alto índice de analfabetismo no Brasil, no entanto, parece ser um porém
para realização de tal análise. A imprensa especializada entretanto dedicava-se
também ao comentário de julgamentos ou publicação de discursos, mas, ao menos é
o que se pode verificar na Revista O Direito, com uma crítica voltada para os aspectos
técnico-jurídicos do caso concreto.
O jurista eloquente então, como o gênero do qual o romântico é espécie,
destacava-se na tribuna. Seu espaço privilegiado de atuação era o foro. Havia
diferenças entre a eloquência de um jurista e de um parlamentar, mas pode-se afirmar
que foi a esfera parlamentar que se apropriou do abundante uso da retórica e da
eloquência jurídicas convertendo, aos olhos atuais, esse discurso em um discurso
político.

É bastante forte a tentação de deduzir a partidas possíveis diferenças de


forma também diferenças que interessam ao conteúdo. Ainda que os
cronistas da época insistissem nas regras discursivas que impunha a tribuna,
onde pode falar algum conhecido advogado precisamente por ser, na
qualidade de profissional (do foro) demasiado eloquente, também é certo que
a prescrição contemporânea dilui um pouco aquela distinção, levantando a
sua maneira a condição requintadamente política, isto é, pública que
ostentava o jurista no Estado liberal. 421

420 PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España
liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad
de Huelva, 2000. p. 125.
421 “Y es muy fuerte la tentación de deducir de las posibles diferencias de forma también diferencias

que interesan al contenido. Aunque los cronistas de la época insistieron en las reglas discursivas que
185

Ainda no século XIX a lei escrita era escassa, uma das justificativas das várias
iniciativas de revistas jurídicas na década de 1870 era justamente proporcionar aos
leitores uma cópia da legislação vigente atualizada a um preço acessível 422423. Petit
relata que era comum ao início do processo as partes levarem a lei correspondente
para o tribunal, posteriormente solicitando seu “desentranhamento” pois a lei era
necessária em outros processos.
Ainda que impressa, o processo de publicização das leis dependia da
oralidade para alguma divulgação. As leis deveriam ser lidas em praças públicas e
depois os alcaides as deveriam reproduzir em seus municípios para dar ciência a
todos.

De maneira que o verbo forense dava vida a uma legislação escrita e


publicada que ninguém sabia muito bem como determinar. Sem hierarquia
normativa que valesse, sem notícia clara da vigência do direito, sem sujeição
efetiva do juiz à norma (ainda buscando a trabalhosa conquista de
motivação), enfim, sem atenção à publicação como requisito legal que fora
mais além das meras conveniências sentidas pela Administração, o corpus
das leis liberais se apresenta com um déficit permanente de elementos
formais e de garantias de procedimento, em benefício assim daquela
concepção ‘substancialista’ do direito e da lei (ante tudo distinta por sua
razão, isto é, por valores religiosos de justiça) que havia caracterizado a
larguíssima experiência preliberal. 424

imponía la tribuna, donde pudo fallar algún conocido abogado precisamente por ser, en tanto
profesional (del foro) demasiado elocuente, también es cierto que la preceptiva contemporánea diluye
algo aquella distinción, levantando acta a su manera de la condición exquisitamente política, esto es,
pública que ostentaba el jurista en el Estado liberal” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso:
oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España liberal (lección inaugural, curso académico 2000-
2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad de Huelva, 2000. p. 131-132). (tradução nossa).
422 “[…] encetamos a presente publicação, a qual é nosso intuito que contenha a legislação brazileira

do respectivo anno, compreendendo os Decretos, Resoluções de Consulta do Conselho de Estado, e


os Avisos do Governo que encerrarem doutrina” (O Direito. v. 1, ano I, p. 2.)
423 Sobre a existência de lei positiva impressa mas seu desconhecimento não apenas pela população

mas também pelos funcionários da justiça responsáveis também por aplica-la, interessante o relato de
Andres Botero Bernal, acerca do alcaide de uma cidade colombiana na primeira metade do século XX.
O alcaide deixa de aplicar a legislação vigente alegando que só não o fizer pois não sabia ler nem havia
ninguém na cidade que soubesse (BOTERO, Andrés. Matizando o Discurso Eurocêntrico Sobre a
Interpretação Constitucional na América Latina. Revista da Faculdade de Direito - UFPR, Curitiba, n.
49, p. 109-126, 2009).
424 “De manera que el verbo forense daba vida a una legislación escrita y publicada que nadie sabía

muy bien cómo determinar. Sin jerarquía normativa que valiese, sin noticia clara de la vigencia del
derecho, sin sujeción efectiva del juez a la norma (aun tras la trabajosa conquista de la motivación), en
fin, sin atención a la publicación como requisito legal que fuera más allá de las meras conveniencias
comunicativas sentidas por la Administración, el corpus de las leyes liberales se nos presenta con un
déficit permanente de elementos formales y de garantías de procedimiento, a beneficio así de aquella
concepción 'sustancialista' del derecho y la ley (ante todo distinta por su ratio, esto es, por valores
religiosos de justicia) que había caracterizado la larguísima experiencia jurídica preliberal” (PETIT,
Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica da la España liberal
(lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio de publicaciones Universidad de
Huelva, 2000. p. 144). (tradução nossa).
186

Ademais, a nova sintaxe contida em termos como “representação”,


“responsabilidade”, “motivação” eram radicais novidades. É nesse emaranhado de
legislação (na Europa e na América) e sem saber o que está ou não vigente ou mesmo
desconhecendo a existência de lei que a principal tarefa do jurisconsulto passa a ser
debruçar-se sobre a lei “positiva”. Petit tão somente esboça esse novo perfil, de um
jurista com tendências cientificistas, seria aquele a quem caberia transformar a
legislação existente em produção jurídica, em outros termos era converter aquele
emaranhado de lei – da qual nem sempre se estava certo sobre vigência e validade,
quiçá constitucionalidade – em pareceres e respostas às consultas.
Desde o início da investigação nos volumes da Revista O Direito foi possível
perceber uma diferença nesse aspecto entre o apontado por Petit e o caso brasileiro.
As consultas não se destacam como gênero predominante nas publicações jurídicas
locais como na Espanha 425, mas com frequência os artigos são respostas a julgados
ou a textos anteriores, ou seja, ainda que os artigos não sejam “respostas”
propriamente ditas, são motivados por questões latentes e contemporâneas.
No trabalho publicado nos Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero
Giuridico Moderno em 2006, no qual aborda exclusivamente as revistas jurídicas da
Espanha liberal, Petit apresenta a revista não apenas como um meio de comunicação
jurídica, mas especialmente importante enquanto fonte capaz de evidenciar a
transição entre um modelo eloquente e um modelo cientificista.
De um lado, Petit observa uma postura savignyana nos juristas, na qual o
Direito seria um saber científico, universal, que, graças às revistas pressupõe a
existência de uma comunidade intelectual em princípio limitada. “Para el profesional à
la Savigny, que tiene en la cátedra el espacio de trabajo más idóneo, los periódicos

425 “Pero sobre todo encontramos muchísimas ‘consultas', un peculiar género del periodismo jurídico
de entonces acentuadamente `verbal', pues nace de las preguntas de lectores/subscriptores que la
revista contesta, por lo común mediante redactores especializados, con publicación de aquéllas de
interés más amplio; en nuestra muestra son abundantes las páginas de esta clase que firma un Acacio
Charrin, jurista práctico y enciclopédico que lo mismo demuestra estar al corriente de las últimas
reformas del proceso criminal (235- 238) que sabe deslindar las responsabilidades del porteador en el
contrato de transporte (378-383) o precisar aún la condición sucesoria del hijo extramatrimonial de un
colega de profesión (441-444). Tan notable resulta la presencia de consultas en este (como en tantos
otros) tomo, así como, en general, el estilo dubitativo de muchas colaboraciones iusperiodísticas que
la imagen del derecho liberal reflejada en las revistas corresponde a un verdadero "derecho entre
interrogantes" de inciertas normas, proyectos inconclusos y cuestiones disputadas. Un terreno
jurídicamente pantanoso, en fin, que sólo tolera el peso ligero del incesante diálogo forense a la
búsqueda de tópicos firmes donde agarrar un discurso corporativo” (PETIT, Carlos. Discurso sobre el
Discurso: oralidad y escritura en la cultura jurídica de la España liberal. Huelva: Universidad de Huelva,
2000. p. 129-130).
187

ofrecieron un vehículo de expresión necesario al avance científico mediante la


discusión y el debate” 426.
Por outro lado, o profissional do “tipo” de Joaquín Francisco Pacheco 427,
letrado e político conservador, famoso por seus brilhantes discursos e autor de obras
impressas (que, a rigor, afirma Petit, nunca foram escritas, mas sim transcritas de suas
lições) – para este jurista, o afã jornalístico do advogado liberal, um autêntico homem
público reagiu à aproximação entre a atividade forense e a atividade do diarista, pois
os periódicos se tornaram o espaço onde ressoava o verbo dos novos tribunais. Essa
é umas das possíveis explicações para o conteúdo marcadamente jurídico
disseminado nas publicações do século XIX: crônicas de tribunais e parlamentar, por
exemplo.
A dualidade entre cientificista e eloquente também pode assumir a forma de
professor e advogado. Nesse aspecto e, somente a partir dessa perspectiva fazem
sentido as afirmações de Adorno acerca da falta de ciência, ciência assumia nessa
época um caráter totalmente diverso e portanto, a partir da experiência do século XIX,
havia sim interesse pela ciência de certos juristas, outros e em verdade, a maioria, se
mostravam desinteressados acerca da possível natureza científica do Direito e
destinaram seus esforços para a defesa dos seus casos concretos patrocinados ou
para atividades paralelas, burocráticas ou políticas.

Na realidade, a divergência se dava entre os dois principais modelos de ser


e atuar como jurista, vigente na Europa do século XIX. Por um lado,
encontramos a possibilidade savignyana de exercer a profissão jurídica e
publicar na imprensa periódica […]. Segundo esta primeira orientação, o
Direito seria aquele saber científico – portanto universal – que, graças às
revistas e a um reflexivo programa de inexorável execução, pressupõe a
existência de uma comunidade intelectual em princípio limitada. Para o
profissional à Savigny, que tem na cátedra o espaço de trabalho mais idôneo,

426 PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado.
Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 259.
427 “Por otra parte tenemos a especialistas de la pasta de Pacheco: un gran letrado y político

conservador, conocido por sus brillantes discursos y autor de obras impresas... que, en rigor, jamás
fueron escritas. Pacheco es una muestra del que pudiéramos llamar modelo oratorio o forense de
entender el Derecho, un conocimiento ahora más cercano de la tradicional civilis sapientia que de la
emergente Rechtswissenchaft. El palacio de justicia y la tribuna parlamentaria serían sus ámbitos
naturales; la cátedra y los libros resultaban, como mucho, una actividad secundaria, dependiente de
prestaciones profesionales ante todo orales y “codificadas” en una pujante literatura. Dentro de tal
contexto el afán periodístico del abogado liberal - un auténtico hombre público que concedía con su
elocuencia valor y calor al texto muerto de las leyes – respondió a la cercanía existente entre la
reposada actividad forense y el trabajo frenético del diarista: pues los periódicos eran el ágora donde
resonaba el verbo de estos nuevos tribunos” (PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación
extranjera. El hueco del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero
Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 259-260).
188

os periódicos ofereciam um veículo de expressão necessário ao avance


científico mediante a discussão e o debate. 428

Mas Petit não limita o modelo oratório ao advogado cuja única preocupação é
com a aplicação da legislação nacional – ou, no caso brasileiro, na decifração da
legislação “nacional”. Tal visão acabaria por reduzir o jurista eloquente a um advogado
totalmente alheio às inovações técnicas estrangeiras ou ao direito comparado, quando
pelo contrário, os práticos foram partícipes ativos de uma comunidade internacional e
acompanhavam a produção intelectual estrangeira. Este parece ser um ponto de
grande diferença para com os brasileiros. Ainda que as citações a autores
estrangeiros sejam frequentes, a recíproca não é verdadeira. Já nessa época
tampouco se percebe a interlocução com autores latino-americanos, levando à
necessária ponderação no caso brasileiro de um possível isolamento brasileiro frente
ao mundo estrangeiro jurídico. A exceção da Consolidação das Leis Civis de Teixeira
de Freitas e sua influência no Código Civil argentino de 1871 confirmaria a regra.
Ainda que, como posto anteriormente, essa recepção das doutrinas europeias, ainda
que unilateral, não se resumia a cópia passiva.
Outro ponto importante do trabalho desenvolvido por Petit é a compreensão
da ressignificação do termo ciência durante a última etapa do século XIX. Quando se
trata de ciência nos artigos publicados no período em torno das décadas de 1860 até
final de 1880, a noção adotada em a acepção comum, de mera noção das coisas
como igualmente de perícia, no sentido de ser ciência o que segue regras e princípios.
De modo que ciência do Direito se resume a formação letrada de classes ou profissões
jurídicas, se maior complexidade. As palavras ciência e técnica permaneceram
dissociadas das normas acadêmicas, nem a tese nem o discurso doutoral comportam
compromissos científicos. A própria ascensão à cátedra não era dotada de muito rigor,
dependendo da capacidade de lecionar algumas vezes, tampouco o grau de doutor:
“concedido honorificamente a todos os magistrados”.

428 “En realidad, la divergencia se día entre los dos principales modelos de ser y actuar como jurista,

vigentes en la Europa del siglo XIX. Por una parte, encontramos la posibilidad savignyana de ejercer la
profesión jurídica y publicar en la prensa periódica […]. Según esta primera orientación, el Derecho
sería aquel saber científico – por ende universal – que, gracias a las revistas y a un reflexivo programa
de inexorable ejecución, presupone la existencia de una comunidad intelectual en principio ilimitada.
Para el profesional à la Savigny, que tiene en la cátedra el espacio de trabajo más idóneo, los periódicos
ofrecieron un vehículo de expresión necesario al avance científico mediante la discusión y el debate”
(PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado.
Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 259). (tradução
nossa).
189

Somente às vésperas do século XX, no auge do positivismo, a investigação


científica passou a figurar entre os objetivos oficiais das universidades 429.
Assim que não é possível afirmar, sem contextualização, que a academia era
por excelência o espaço da ciência ou da eloquência, pois o imaginário ao redor da
mesma instituição era completamente distinto na tradição latina e na tradição saxã. É
uma hipótese legítima a absorção pela “escola do Recife” não apenas das doutrinas
positivistas e cientificistas principalmente de origem alemã, mas com elas a pretensão
de formar um outro tipo de academia, fundado em um modelo distinto.
No caso espanhol é a partir da reforma do ensino jurídico ocorrida na década
de 1880 que a investigação científica passa a ser um dos objetivos e um compromisso
natural da academia, trazendo consigo a crise da oralidade. Entretanto a superação
do “modelo forense” não foi completa, “conservou seus canais e modos, cultivou o
respeito por suas maiores figuras, manteve intacta, inclusive, a ‘alma da toga’.
Todavia, a presença pública do orador como quintessência do jurista perfeito já tinha
passado dessa para uma melhor” 430.
Petit identifica em um panorama geral dois grupos distintos, um jurista
eloquente e um jurista de caráter cientificista. O primeiro pode ser ainda subdividido
em um jurista romântico – que se dedica largamente à poesia e à literatura, e outro
propriamente eloquente, cujo espaço por excelência é a tribuna e a principal
ferramenta é a argumentação, dedicando-se aos discursos e aos periódicos. O
segundo grande modelo, o cientista emerge paulatinamente, acompanhando não só
uma passagem gradual a valorização da escrita em detrimento da oralidade, mas
também a prevalência da argumentação científica sobre a retórica, esse movimento
segue a emergência do cientificismo e das teorias naturalistas.

429 “[…] pero la ecuación existente entre la ciencia del derecho, la comparación jurídica y la investigación
profesoral que enuncia la Revista de los Tribunales se traza con mayor nitidez en un artículo del
responsable de su vocación internacional. Y así, cuando Manuel Torres Campos disertaba en ella sobre
‘La reforma de los estudios jurídicos’ (1878), su objetivo confesado era repudiar la formación
estereotipada propia de las aulas españolas, una experiencia docente exquisitamente oral – congruente
con el ‘modelo forense’ de ser y trabajar como jurista – que ya no satisfacía las exigencias doctrinales
ni las prácticas. Tanta atención a los estudios desplegada desde la prensa jurídica nos resulta un
fenómeno ciertamente novedoso, índice del triunfo de un ‘modelo’ alternativo pero también del papel
que los órganos periódicos estaban llamados a desempeñar a la vuelta de pocos años” (PETIT, Carlos.
Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per
la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35 (2006). p. 300-301).
430 “Conservó sus canales y modos, cultivo el respeto por sus mayores figuras, mantuvo intacta, incluso,

el ‘alma de la toga’. Sin embargo, la presencia pública del orador como quintaesencia del jurista perfecto
ya había pasado a mejor vida […]” (PETIT, Carlos. Revistas españolas y legislación extranjera. El hueco
del derecho comparado. Quaderni Fiorentini Per la Storia del Pensiero Giuridico Moderno, 35
(2006). p. 338). (tradução nossa).
190

4.3 A TRANSIÇÃO IMPERFEITA ENTRE MODELOS NO CASO ITALIANO

Pasquale Beneduce parte do que considera ser uma ideia largamente


compartilhada na Itália no século XIX, o jurista como parte do corpo docente e do
estudioso do direito, dotado de um saber professoral construído em boa parte pela
tradição secular das universidades italianas. Segundo o auto, esse jurista passa por
uma transição longa e imperfeita, na qual esse jurista passa do pertencimento a um
corpo eloquente ao corpo estatal. A imperfeição dessa passagem está na
permanência de características do jurista eloquente, manifestada principalmente na
fisionomia familiar e verossímil do prático, ao um só tempo advogado, literato e orador,
que coexiste com diferentes modelos de juristas que emergem – na Itália – a um só
tempo: o jurista catedrático cientificista, enaltecido pela instalação de um paradigma
lógico-positivista e um jurista burocrata, cooptado por um estado recém unificado.
Assim, o jurista italiano, para Beneduce, não corresponde mais a um universal
teórico absoluto, mas a um lugar de transição em direção à ciência ou ao Estado. O
jurista prático e o cientista, na obra Il Corpo Eloquente, compõem o enigma de uma
unidade de identidade, em vocações distintas.
Beneduce aponta alguns elementos anacrônicos, remanescentes de uma
tratadística do século XVII: as vestimentas, os gestos, a postura, a forma do discurso
forense, a argumentação e mesmo aspectos como a arquitetura do foro e um forte
senso de coletividade. Como hipótese o autor indica que, diante da necessidade
imperativa de unidade nacional, a “criação de hábitos” recai sobre o corpo de
jurisconsultos, dotado de uma “capacidade de cultura” própria das profissões
intelectuais, ou seja, de um patrimônio retórico e técnico.
O discurso desse jurista também era ambivalente, ainda que a eloquência e a
retórica, bem como o sujeito do discurso fossem os mesmos, havia – e eram
reconhecidas – uma função prática dedicada as causas e uma função nova do jurista
funcionário do Estado e do cientista.

Em particular, a imaginação jurídica poderia identificar o advogado sem


escândalo como o autor de uma performance literária e linguística, o escritor
das suas alegações, assujeitando-o ora às regras pré-unificação sobre a
liberdade de imprensa ora às disposições da lei de 1865 sobre a produção
intelectual. Esse mesmo advogado sabia, se necessário, nas palavras de
Antonio Scialoja, "deixar o uniforme" da prático, autor de memórias para os
clientes, e tornar-se "escritor indiferente" por amor à verdade e da ciência. A
interpelação do advogado e do jurista como o autor privado de seus gêneros
191

literários reafirmava por sua conta seus anacronismos e associações de


trabalho legal: entre a propriedade pública e individual, o privilégio e o serviço,
a “subjetividade" tradicional do jurisconsulto e do homem de letras e aquela
do novo do funcionário e do cientista. 431

O autorreconhecimento dessa ambivalência dos juristas italianos transformou


as críticas de Jhering e Savigny 432 em exaltação do gênio italiano – a partir da
perspectiva dos juristas herdeiros de uma tradição romântica –, capaz de ser a um
tempo advogado e professor, e das virtudes de um saber não somente empírico e não
somente especulativo. Entretanto, aos poucos, o prestígio do advogado frente ao
cientista do direito, era substituído por um melancólico conflito.

É em nome dessa separação incompleta do conhecimento jurídico, do seu


fracasso em retirar-se da "confusão do negócio”, que a imaginação italiana
perdura, por vezes, nas figuras comoventes e melancólicas de advogados,
absortos em causa privada. Sua vida intelectual coincidia com a palavra
eloquente, sem deixar – literalmente – nenhum traço de si mesmo em obras
literárias e científicas. 433

A imagem do advogado – a partir da perspectiva cientificista em ebulição –


parece aludir então à insuficiência ou à incompletude da metamorfose do jurista
prático ao cientista, colocando-o em uma posição de atraso em relação ao estado da
arte do movimento cientificista e da educação. O jurista prático, nesse emergente
movimento, restaria sem representação, salvo quando colocado sob os binômios da
prática/teoria, ciência/aplicação, foro/universidades, municipalismo/universalidade da
profissão 434.

431 “In particolare l'immaginazione giuridica poteva identificare l'avvocato senza scandalo come l'autore
di una performance linguistica e letteraria, lo scrittore delle sue allegazioni, assoggettandolo ora alle
norme preunitarie sulla libertà di stampa ora alle disposizioni della legge del 1865 sulle produzioni
dell'ingegno. Questo stesso avvocato sapeva all'occorrenza, con le parole di Antonio Scialoja, «lasciare
la divisa» del pratico, autore di memorie per la clientela, e divenire «indiferente scrittore» per amore
della verità e della scienza. L'interpellazione dell'avvocato e del giurista come autore privato dei suoi
generi letterari riproponeva per suo conto gli anacronismi e le appartenenze del lavoro giuridico: fra la
proprietà pubblica e quella individuale, il privilegio e il servizio, la «soggettività» tradizionale del
giureconsulto e dell'uomo di lettere e quella nuova del funzionario e dello scienziato” (BENEDUCE,
Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p.
21). (tradução nossa).
432 Ver nota 386.
433 “È in nome di questa incompiuta separatezza del sapere giuridico, del suo mancato ritrarsi dalla

“confusione degli affari”, che l'immaginazione italiana si sofferma a volte sulle figure struggenti e
melanconiche di avvocati, assorti nella causa privata. La loro vita intellettuale coincideva con la parola
eloquente, senza lasciare - alla lettera - alcuna traccia di sé in opere letterarie e scientifiche”
(BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il
Mulino, 1996. p. 27). (tradução nossa).
434 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:

Il Mulino, 1996. p. 29.


192

Nesse diapasão aparece o conflito entre a superioridade do jurista


universitário frente a racionalização do trabalho intelectual, no sentido de aferir sua
produtividade.

As divisões e as polaridades dos quais são ressonância visíveis esses


fragmentos da história do trabalho intelectual do advogado no século XIX, em
impor uma nova cadência na história da cultura jurídica do século, caída de
cada perspectiva convincente de progresso necessário para a superior
identidade do jurista universitário, se projetando também, de direito, em um
movimento para racionalização bem mais geral, aquele da disciplina de
conduta intelectual investido nas várias paixões disciplinares, equilibrado
entre os muitos dilemas da modernidade: associação privada e esfera
pública, "improdutividade" e serviço, profissão e Estado, desengajamento e
ação política. 435

Como Petit, Beneduce destaca os advogados no cenário da cultura jurídico


italiana, o perfil da profissão eloquente, expressa nos discursos e nas lições. O jurista
“por excelência” desde antes da unificação italiana é o advogado. Beneduce aponta
para uma necessidade pública do advogado, depositário fiel da confiança pública 436.
“O ‘estar no mundo’, histórico e civil, do advogado exigia a fixação no seu corpo
eloquente de qualidade superior de probidade e de decoro, o esquecimento de si
mesmo e uma capacidade de discernimento” 437, nesse ponto percebemos que o
jurista é uma projeção, identificada no caso italiano no advogado. Como projeção ou
representação deve reunir virtudes como a retidão moral e a capacidade de
discernimento superior, que não eram apenas benvindas qualidades, mas requisitos
do discurso jurídico, constituindo em última análise formas de disciplina do discurso.
Por isso também o discurso, ainda em um momento anterior à unificação, é
marcado pela etiqueta 438, pelo formalismo, pelas regras não escritas de urbanidade

435 “Le scissioni e le polarità di cui sono risonanza visibile questi frammenti di storia del lavoro
intellettuale del giurista nell'Ottocento, nell'imporre una nuova cadenza periodizzante nella storia della
cultura giuridica del secolo, sganciata da ogni stringente prospettiva di progresso necessario verso la
superiore identità del giurista universitario, si proiettano anche, di diritto, in un movimento di
razionalizzazione ben più generale, quello della disciplina della condotta intellettuale investita nelle varie
passioni disciplinari, in bilico fra i molti dilemmi della modernità: appartenenza privata e sfera pubblica,
'improduttività' e servizio, professione e Stato, disimpegno e azione política” (BENEDUCE, Pasquale. Il
corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 35).
(tradução nossa).
436 Embora o autor também faça menção aos “paglietti”, que no dialeto napolitano significava advogado

em moral e competência dúbias, astuto.


437 ““Lo ‘stare al mondo’, storico e civile, dell’avvocato esigeva la fissassione nel suo corpo eloquente di

qualità superiori di probitá e di decoro, l’oblio di se stesso e uma capacità di discernimento”


(BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il
Mulino, 1996. p. 111). (tradução nossa).
438 Essas regras de percorriam praticamente todos os aspectos da vida do jurista – do que fazer e como

se portar em casa, na rua ou no escritório ao modo de se vestir constituíam verdadeiro “disciplinamento


193

que decorrem de uma responsabilidade pública da conversação civil, conforme afirma


o autor italiano “‘avvocato è in primo luogo uomo pubblico in quanto giurista
‘parlante’”439. Em verdade, essas regras poderiam se encontrar na forma escrita nos
textos de “pedagogia do bom advogado”, citando as obras Delle viziose maniere del
defender nel foro e Respublica jurisconsultorum e le Feriae Autumnales de Giusepe
Aurelio Di Gennaro 440.
Os juristas são tomados como um corpo coletivo ao ponto em que os retratos,
as biografias, os elogios são “indiferentemente história do corpo eloquente, de suas
‘ordens’, de suas alegações, do ciclo de decadência e renascimento da eloquência
judiciária, história do governo da palavra forense com as suas obrigações e regras” 441.
Todavia, ainda que Beneduce tome por base o advogado italiano, o autor
esclarece que, aproximando-se do caso francês, eram compreendidos dentre os
funcionários públicos os oficiais civis do Estado: advogados, notários, magistrados,
procuradores, todos aqueles cuja função se revestia de um caráter público.

Ao mesmo tempo a representação do advogado como depositario de um


cargo público e, portanto, especial entre as muitas variações possíveis da
categoria de funcionário público, torna-se um elemento constitutivo da
antropologia forense. Esta representação alcançava resultados múltiplos:
conferia ao trabalho intelectual do advogado, escritor de discursos para a
causa particular, uma qualidade pública; reclassificava pontualmente, com
tenaz paciência estipuladora, a partir destes discursos a atos do ofício
forense, a vários títulos inclusive na administração da justiça, a subjetividade
do procurador e do advogado, que correspondia - mais uma vez invocando a
analogia com a experiência francesa – uma diversa mistura de “índole
pública” e de exposição na vida civil; justificava a anomalia no corpo
eloquente da profissão no século do individualismo, da liberdade de indústria

'non legislativo' del corpo forense che, con le sue tradizioni retoriche e abitudini linguistiche, si colloca
trasversalmente nell'universo ottocentesco dominato dlal primato del codice, delle libertà economiche
e degli Statti nazionali. Si è infatti più volte affermato come l'immaginario forense considerasse questo
quadro, costituito dal repertorio di virtù e dalle regole di condotta dettate all'avvocato dalla sua stessa
tradizione, come il supplemento necessario, costituito dai profili dell'urbanità del mestiere, alla
razionalizzazione della professione per via legislativa, che pure si svolgeva parallelamente all'interno
dello Stato liberale. L'anomalia, più volte avvertita, del corpo eloquente, l'eccezione ammessa della
professione del – l' avvocato trovava la sua giustificazione nell'Italia dell'Ottocento in un nuovo reticofo
di prescrizioni della condotta” (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista
nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 289).
439 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:

Il Mulino, 1996. p. 111.


440 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:

Il Mulino, 1996. p. 205.


441 BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha:

Il Mulino, 1996. p. 151.


194

e dos Estados nacionais; impunha uma nova cadência no paradigma do


advogado na história jurídica do país. 442

Novamente, Beneduce também conduz a passagem de um paradigma da


oralidade para a escrita. O jurista prático, advogado ou magistrado, no momento pós-
unificação dominado por uma ideologia lógico-positivista, restaria inapreensível pelo
estudo histórico sem a emersão de um sistema de códigos, signos, regras de retórica
e de conduta pública ou privada.
À essa ambiguidade do jurista prático a obra Il Corpo Eloquente dá bastante
destaque. O jurista prático, o advogado, basicamente, era caracterizado pela
dualidade entre a função civil – e os textos produzidos para esse fim, as peças
jurídicas – e uma qualidade pública de seus serviços. Com a elevação dos estados
nacionais, essa dualidade aparecia como uma anomalia no corpo intelectual.

Pode-se concluir que a profissão com a sua involuntária exposição pública


aparece – e olha para si mesma – como uma exceção significativa,
propriamente a partir de seu elevado recurso retórico, em comparação com a
falta de paixão pública e da fraqueza do projeto [ ...] que comprimiam a vida
civil e política italiana do século XIX. 443

Assim como a imagem da profissão é ambígua dedicada a causa privada,


simultaneamente pública e civil, o discurso do jurista prático também é cindido, essa
bipartição do discurso percorre todo o caminho da transição do jurista aos aparatos
do estado nacional.

A imagem do jurista permanece equilibrada entre a figura do autor e a posse


privada de seus discursos e do destino público da produção de trabalho
"imaterial", entre devoção à causa privada e a dedicação exclusivo ao Estado.

442 “Al tempo stesso la rappresentazione dell'avvocato come depositário di un ufficio pubblico e dunque

specie fra le numerose possibili varianti della categoria di funzionario, diviene un elemento costitutivo
dell'antropologia forense. Questa rappresentazione raggiungeva risultati molteplici: conferiva alla stessa
opera intellettuale dell'avvocato, autore di discorsi per la causa, una qualità pubblica; riclassificava
puntualmente, con tenace pazienza definitoria, a partire da questi discorsi e atti del mestiere forense, a
vario titolo inclusi nell'amministrazione della giustizia, le soggettività del procuratore e dell'avvocato, cui
corrispondeva - ancora uma volta invocando l'analogia con l'esperienza francese – uma diversa misura
di «indole pubblica» e di esposizione nella vita civile; giustificava l'anomalia del corpo eloquente della
professione nel secolo dell'individualismo, della libertà di industria e degli Stati nazionali; imponeva
infine una nuova cadenza periodizzante del paradigma dell'avvocato nella storia giuridica del paese”
(BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il
Mulino, 1996. p. 119). (tradução nossa).
443 “Si potrebbe concludere che la professione con la sua involontaria esposizione pubblica appare - e

guarda a se stessa - anche come una eccezione significativa, proprio a partire dalla sua eminente
risorsa retorica, rispetto alla mancanza di passione pubblica e alla debolezza di progetto […] che
comprimevano la vita civile e politica italiana dell'Ottocento” (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo
eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 211). (tradução
nossa).
195

Divide-se igualmente entre os seus diferentes universos de pertencimento: o


corpo eloquente, prático e pré-científico do advogado e a nova identidade do
professor de Direito nas universidades, cientista e professor da escola
nacional. 444

O voltar-se do jurista para o Estado nacional na Itália oitocentista foi uma


transição imperfeita. Bastante diferente da homogeneidade – que não é sinônimo de
unanimidade – da elite jurídica brasileira, na Itália não houve uma “natural”
identificação ou aproximação dos juristas com o Estado nacional. A imperfeição e as
contradições dessa transição são apontadas por Beneduce em dois eixos. O primeiro
coloca esse corpo intelectual justamente no centro entre as liberdades políticas,
intelectuais e “de indústria” – que ganham força no século XIX, pela conjugação de
fatores como codificação e industrialização – e o Estado. O segundo eixo que
obstaculiza uma conversão completa e radical é o estatuto da produção imaterial.
Tudo isso torna a conceituação de um perfil unitário assaz instável.

Este personagem corresponde à imagem do jurista, dividido e não


resolvido entre profissão e Estado, obra autoral por um lado e
atribuições da agente público do outro, dedicação à causa privada e
devoção ao Estado, contribuindo, em seu nome, para indicar a
passagem de uma conversão intelectual imperfeita do jurista para o
Estado, em vez da ideia de uma identificação natural do jurista desde o
início com os dispositivos estatais. 445 (grifo nosso).

A integração dos juristas ao Estado nacional foi a consequência necessária


de uma configuração histórica, mas a burocratização ou a politização do jurista na
Itália não se desvinculou dos aspectos eloquentes ou corporativos trazidos como
bagagem do momento anterior à unificação.

A raiz profunda do crescente poder social das profissões imateriais – em


particular dos advogados – foi inscrita dessa maneira da singular vocação
pública e impolítica da sua "capacidade de cultura", dos detentores de "bens

444 “L'immagine del giurista resta in bilico tra la figura dell'autore e del possesso privato dei suoi discorsi
e la destinazione pubblica della produzione «immateriale» dell'opera, tra la devozione alla causa privata
e la dedizione esclusiva allo Stato. Si divide in eguale misura tra i suoi differenti universi di
appartenenza: il corpo eloquente, pratico e prescientifico dell'avvocato, e la nuova identità
dell'insegnante di diritto nelle università, scienziato e professore della scuola nazionale” (BENEDUCE,
Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p.
289). (tradução nossa).
445 “Tale carattere riguarda l'immagine stessa del giurista, diviso e irrisolto tra professione e Stato, opera

di autore da un lato e compiti del funzionario pubblico dall'altro, dedizione alla causa privata e devozione
allo Stato, contribuendo, per suo conto, a indicare il passaggio di una conversione intellettuale imperfetta
del giurista allo Stato, piuttosto che l'idea di una naturale identificazione del giurista fin dall'origine con
gli apparati statualistici” (BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista
nell’Italia liberale. Bolonha: Il Mulino, 1996. p. 300). (tradução nossa).
196

espirituais" incluídos com a unificação no circuito constitucional e civil do


país. 446

Em síntese, Beneduce percorre um caminho praticamente inevitável do jurista


em direção à inserção na burocracia estatal – que pode tomar a forma de cátedra
universitária, pois o professor também era “funcionário”. Entretanto, o autor observa
as reminiscências de um modelo eloquente de jurista. A persistência de aspectos de
um modelo eloquente localiza o jurista italiano dos oitocentos em um tipo unitário e
paradoxal.
A proposta de Beneduce, é de uma antropologia não unitária e que não exclui
qualquer outra proposta possível, a qual o próprio autor sintetiza:

Dentro do mundo forense, a própria antropologia está dividida, porque o


escritório do advogado está povoado por advogados, efetivamente, mas
também por procuradores. Nessa mesma linha, diante da antropologia
simples do jurista universitário, vejo uma forte tangibilidade físico-espacial na
antropologia do advogado: no próprio momento do paradigma lógico-
positivista, há uma grande riqueza de prescrições, de proibições, de regras
sobre como deve ser construída a cada d advogado, onde ela deve estar
situada dentro da cidade, que parte dela deve estar aberta ao público, aos
clientes. Porém é a própria antropologia dos discursos, a antropologia da
profissão intelectual do jurista a que resulta diversificada. Por exemplo, é
necessário então qualificar e requalificar a propriedade intelectual dos
discursos: o autor das alegações, da memória defensora é o advogado como
autor privado, e não mais o professor ou magistrado quando leciona ou dita
a sentença. 447

4.4 UMA PROPOSTA HÍBRIDA COMO MODELO PARA O JURISTA BRASILEIRO

4.4.1 Novos interlocutores

Diante do longo percurso apresentado, resta verificar de que forma o perfil e


o discurso do jurista, analisados com base na pesquisa na Revista O Direito, e as

446 “La causa profonda della crescente potenza sociale delle professioni immateriali – in particolare degli
avvocati – era iscritta così nella singolare vocazione pubblica e impolitica dela loro “capacità di cultura”,
di ceti possessori di “beni spiritual” entrati con l'unificazione nel circuito costituzionale e civile del paese”
(BENEDUCE, Pasquale. Il corpo eloquente: identificazione del giurista nell’Italia liberale. Bolonha: Il
Mulino, 1996. p. 396).
447 COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses para uma antropologia do jurista. In:

PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá,
2011. p. 167-226. p. 217-218.
197

contribuições acerca dos modelos de juristas de Europa do século XIX contribuem


para uma aproximação de um modelo do jurista brasileiro.
Primeiramente, foi verificada a necessidade de superar o bacharel paulista
descrito por Adorno, que se dedicava mais à imprensa e à literatura que ao saber
jurídico ou que, uma vez que tenha recebido o grau de bacharel inseria-se na roda da
burocracia estatal na qual era movido pela influência e favores. Esse bacharel também
existia mas, se suas preocupações e ambições se restringissem à nomeação política
ou às garantias profissionais do funcionalismo estatal, este não pode ser equiparado
ao jurista. O bacharelado em direito aparece como uma condição de existência do
jurista, mas não marca toda a extensão do significado do termo. Ademais, a cultura
do bacharel neste momento final do século XIX era em maior parte composto por
bacharéis em direito, mas não mais se restringia a formação nas Faculdades de
Direito.

Mas ainda é necessário retornar – e reforçar – a distinção entre bacharel e


jurista. O bacharelismo, apontado desde Holanda (1995) e Faoro (2001),
reassume em Carvalho (2007) o papel coadjuvante que lhe é peculiar, diante
da magnitude do conceito de jurista: Um bacharel é simplesmente alguém
com diploma em direito, embora alguns pudessem ser bacharéis em
matemática ou em letras. De qualquer modo, o progressivo aumento do
número de pessoas cuja única qualificação era bacharel parece indicar com
clareza o problema já apontado do crescente excedente de formados em
direito em relação às posições na magistratura. No início, os jovens
graduados podiam conseguir rapidamente um cargo de promotor ou juiz
municipal ou juiz de órfãos. Posteriormente, isso se tornou cada vez mais
difícil e os jovens deputados sem emprego público e ainda não estabelecidos
como advogados seriam classificados pelo secretário da Câmara, ou eles
próprios se classificariam, simplesmente, como bacharéis, o que lhes dava
pelo menos o prestígio do título. 448

Ao que complementa o autor quando dissociar o bacharel do jurista


“propriamente dito”, insere o elemento político como elemento de distinção:

No caso do Brasil Império, o bacharel almejava – e efetivamente conquistava


– postos e cargos no poder público, não que fossem mais rentáveis do que o
exercício profissional particular, mas porque engendrava status capaz de
alçar o jovem recém-formado aos quadros da política imperial, razão de ânsia
por meios e bens materiais até agora vislumbrados pelos bacharéis:
segurança, estabilidade, menos esforço pessoal.
Os poucos bacharéis que atingiram o “grau” de jurista no Império estavam
sendo constituídos sob influência de regimes políticos (e jurídicos) distintos,
quais fossem o republicanismo franco-norte-americano (revolucionário) e o

448 SOUZA, André Peixoto. Pensamento jurídico brasileiro, ensino do direito e a constituição do

sujeito político no Império (1822-1891). Tese (doutorado). UNICAMP: Programa de Pós-Graduação


em Educação. 2011. p. 106.
198

monárquico franco-europeu (absolutista), o que facilitou a institucionalização,


no Brasil, através da Constituição outorgada de 1824, dos três já tradicionais
poderes, acrescidos do Poder Moderador, de inspiração absolutista. 449

Da mesma forma que as referências ao bacharelismo não poderiam mais, no


limiar do século XIX, restringir-se somente aos formados em ciências jurídicas, a
homogeneidade da elite burocrática não se sustentava. Segundo José Murilo de
Carvalho:

Os dados mostraram também que a homogeneidade da elite variou ao longo


do período. Na segunda metade do século, sobretudo após 1871, houve
mudanças significativas que afetaram a homogeneidade de treinamento e
socialização. Profissionais liberais passaram a predominar, cresceu a
mobilidade, a carreira foi reduzida. As desigualdades provinciais também se
faziam presentes, apesar de toda a ênfase da desprovincialização, e não
somente por pura competição por prestígio, mas com base em reais
divergências de interesses econômicos. Esses pontos são importantes a fim
de se exagerar o aspecto de monolitismo da elite a ponto de torna-lo
obstáculo em vez de auxílio à compreensão do sistema imperial. 450

Acerca dessa mudança interna na elite jurídico-burocrática do Estado, podem


se apontar algumas razões. A primeira seria o fechamento do acesso à burocracia
estatal em termos de acesso, ou seja, ingresso, mas também de ascensão em
decorrência da saturação econômica do Estado e da reforma judiciária de 1871, que
restringiu o paralelismo entre as carreiras na magistratura e na política. Houve também
razões acadêmicas: movimentos acadêmicos como a Escola do Recife responsáveis
pela de introdução das doutrinas italianas no âmbito penal, mas o cientificismo 451
como um todo, além das reformas também no ensino jurídico, introduziram novas
perspectivas de estudo do direito. Os “novos” bacharéis já tinham traços diferentes
em sua formação que a geração que ocupou as posições de elite até a metade do
século.
A questão então, colocada também por Costa, “de que modo os juristas
adotaram o paradigma lógico-positivista” 452, é proposta aos juristas do passado, numa

449 SOUZA, André Peixoto de. Direito público e modernização jurídica: elementos para compreensão
da formação da cultura jurídica brasileira no séc. XX. Tese (doutorado) – Universidade Federal do
Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2010. p. 76.
450 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011. p. 139.


451 Novamente colocamos esse movimento cientificista, positivista e evolucionista em um grande

conjunto, relevando – sem deixar de reconhecer – as diferenças e particularidades de cada uma dessas
correntes para evitar os caminhos que desde a introdução não pretendíamos percorrer.
452 COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses para uma antropologia do jurista. In:

PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá,
2011. p. 167-226. p. 172.
199

sutil diferenciação, entre os domínios da historiografia e da teoria do direito.


Prossegue Costa:

Nessa linha, que relato historiográfico podemos apresentar? Não posso


obviamente comprometer-me em uma extensa exposição. Posso somente
apresentar como hipótese as principais rupturas de tal relato, que por sinal, é
amplamente conhecido. É uma narração que indica como antecedente a crise
da interpretativo iuris na Europa do direito comum e põe como pressupostos
essenciais dessas vicissitudes as codificações do século XIX de um lado, e a
revisão jurídica “pandectística” do direito romano, de outro. Os tipos de
pensamento jurídico que daí derivam são sensivelmente diferentes, quando
não opostos, mas acabam tendo ao menos um ponto de convergência:
concebem de modo semelhante o jurista, seu papel profissional, sua
legitimação social; apresentam de modo similar o discurso jurídico, sua
lógica, sua função. 453

De tal modo que, nesse ponto, a história do pensamento brasileiro parece


distanciar-se enfaticamente da europeia. As vicissitudes locais, propriamente a
transposição de gerações na década de 1870, possibilitou a introdução do positivismo
como uma das principais correntes que influenciou ou juristas brasileiros 454. Ainda
com laços bastante estreitos com a aristocracia, essa nova elite intelectual
relacionava-se não apenas com a aristocracia rural, mas também com a burguesia
comercial e burocrática. Contudo, continua não sendo uma troca de “elites”, por assim
dizer, esses novos burgueses ingressam nas Faculdades de Direito 455 do país, mas
“as camadas populares ainda então não se encontravam em condições econômicas
capazes de galgar as barreiras que as separavam das elites do país” 456.
Logo, essas “ideias modernizadoras” expressas no cientificismo e
evolucionismo não implicam em ruptura – talvez o termo apropriado, utilizado por José
Murilo de Carvalho, seja fratura – com todos os aspectos da geração pré-1870. Ignorar
o prestígio e as relações de poder estabelecidas por esta geração não era do interesse
dos juristas de 1870 em diante, ainda mais frente a articulação de novos debates pela

453 COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses para uma antropologia do jurista. In:
PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá,
2011. p. 167-226. p. 172.
454 COSTA, João Cruz. Contribuição à História das Ideias no Brasil. Livraria José Olimpio Editora:

Rio de Janeiro, 1956. p. 139.


455 Venâncio Filho traz o relato de Almeida Nogueira, que monstra sutilmente que os estudantes ainda

que provenientes de uma aristocracia escravocrata mudavam durante o curso jurídico, ou, ao menos,
enfrentavam a contradição entre as ideias humanistas que estudavam e a realidade do país: “Em geral,
quando o estudante recebia sua carta de bacharel, outorgava ao seu fiel criado a carta de liberdade.
Perdia o escravo, mas conservava o amigo” (VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao
bacharelismo: 150 anos de Ensino Jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, s.d. p. 132).
456 COSTA, João Cruz. Contribuição à História das Ideias no Brasil. Livraria José Olimpio Editora:

Rio de Janeiro, 1956. p. 139.


200

autoridade em dizer o direito pela ocupação de postos centrais no Estado: médicos,


legisladores, magistrados, professores, advogados, militares 457 e sacerdotes458.

Os juristas “evolucionistas” brasileiros respondiam, portanto, a um desafio: o


de preservação das suas prerrogativas simbólicas – tradicionalmente (e
sobretudo na tradição jurídica portuguesa), os juristas foram os responsáveis
por definir as bases da ordem social, como tem ressaltado António Manuel
Hespanha, e no Brasil oitocentista permaneciam no posto de “intérpretes do
social” e protagonistas da vida pública – diante da ameaça dos saberes
concorrentes e da necessidade percebida (e, mais que isso, por eles mesmos
desejada) de adequar-se aos parâmetros de racionalidade do “século da
ciência”. Para isso, era preciso assumir as feições arrojadas do “moderno”,
superando o estigma que, cada vez mais, pairava sobre a figura do
“bacharel”. 459

Portanto, a ampliação dos atores sociais tradicionalmente alheios ao mundo


jurídico mas com voz sobre o direito, obrigava os juristas a se reposicionar,
profissionalmente, pois o grau não mais conferia acesso automático a um futuro na
burocracia estatal, mas também diante do saber jurídico.
E, talvez, não seja mais tanto o caso de medir o grau de dependência do
Estado para com os juristas e vice versa, mas de formação de novos laços sociais e
interdependência entre sociedade e intelectuais 460. Dessa forma, propõe-se que as
diferentes esferas comunicativas do jurista sejam tomadas como formas de ampliação
do espaço de intervenção dos juristas, como mediadores sociais.

457 “O Exército só voltou a agir politicamente na Questão Militar após a Guerra do Paraguai. […] desde
a década de 1850 já se formava entre os jovens oficiais uma mentalidade que entrava em aberto conflito
com a elite dos bacharéis. […] Diferentemente do que aconteceu com magistrados e padres, o setor
militar da burocracia não só pôde ser absorvido e eliminado como constituiu o principal elemento da
destruição do sistema imperial, agindo de dentro do próprio Estado” (CARVALHO, José Murilo de. A
Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 190).
458 Alguns em ascensão como os médicos e militares outros em declínio como os sacerdotes, enquanto

durante o Império o governo manteve o controle da Igreja, com a proclamação da República, a


separação entre Igreja e Estado eliminou o clero da burocracia (CARVALHO, José Murilo de. A
Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 187).
459 TORRES, Juliano Rodriguez. A ordem e a fera: o fenômeno jurídico no pensamento de Clovis

Beviláqua. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas,


Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba, 2013. p. 67.
460 O termo intelectual possui uma forte carga simbólica, além da problemática história desse conceito

no século XX. Portanto, diante dos limites da pesquisa, adota-se um conceito fraco, à semelhança do
prescrito por Bobbio: “Embora com nomes diversos, os intelectuais sempre existiram, pois sempre
existiu em todas as sociedades, ao lado do poder econômico e do poder político, o poder ideológico
que se exerce não sobre os corpos como o poder político, jamais separado do poder militar, não sobre
a posse de bens materiais, dos quais se necessita para viver e sobreviver, como o poder econômico,
mas sobre as mentes pela produção e transmissão de ideias, de símbolos, de visões do mundo, de
ensinamentos práticos, mediante o uso da palavra (o poder ideológico é extremamente dependente da
natureza do homem como animal falante)” (BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e
opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo: Editora UNESP, 1997. p. 11).
201

4.4.2 A “boa” imagem dos juristas

A fim de tornar mais palatável um modelo de jurista brasileiro nos oitocentos,


pode-se seguir alguns procedimentos de investigação dos quais se valeram outros
historiadores. Ao exemplo do que Petit demonstrou em conferência em Curitiba no
ano de 2014, da imagem dos juristas permite abstrair características importantes
acerca do modo como eles se apresentavam, como desejavam ser vistos 461.
Uma análise iconográfica tem o objetivo primeiro de descrever, literalmente, o
conteúdo da imagem, é uma ferramenta de inventário dos elementos visuais que
darão acesso à interpretação 462. Dentre as possíveis fontes iconográficas possíveis –
charges, pinturas, gravuras – optou-se pela fotografia 463.
Nas décadas de 40 e 50 a produção fotográfica carioca concentrou-se, por
razões comerciais, no retrato 464. Uma das coleções mais completas é a do fotógrafo
Alberto Henschel, fotógrafo oficial do imperador, o que lhe dava fama e atraía clientes.
Em 1870 se estabelece no Rio de Janeiro a Photographia Allemã Alberto Henschel &
C., e, em 1882 o ateliê de Henschel em São Paulo 465.
As fotografias seguem a estética das carte-de-visite (formato pequeno colado
sobre um retângulo de papelão rígido e adornado) e destinavam-se a distribuir entre
amigos e familiares, se tornariam ainda mais comuns a partir da década de 1860.
Outras, como as da família real ou de outras pessoas célebres tornavam-se objeto de
coleção. As imagens nessa estética oferecem a vantagem de um cenário, ou seja,
mais elementos para análise. No estúdio do fotógrafo criava-se uma representação,
conforme explica Boris Kossoy, tratando dos representantes da burguesia agrária e
barões do café, o autor afirma que diante do fotógrafo a postura rigorosa era
imperativa. Assim como:

O olhar autero era quase que uma exigência, uma verdadeira norma: apesar
de estereotipado, era entendido e recebido como indicador de sua posição
social e de sua idoneidade moral. Tal atitude se observa nos daguerreótipos

461 “[…] o que sobreviveu para a presente análise foi justamente o testemunho visual de uma atitude
individual do homem, qualquer que fosse sua posição na escala social de imortalizar-se “com a melhor
aparência possível”, de preferência ‘nobremente’” (KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo:
Ática, 1998. p. 112).
462 KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ática, 1998. p. 95.
463 A digitalização dos vastos acervos pelas Fundações Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, disponível

online, foi um fator instrumental na pesquisa de fontes iconográficas.


464 VASQUEZ, Pedro Karp. A fotografia no Império. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 14.
465 Disponível em: <http://brasilianafotografica.bn.br/>. Acesso em: 20 de julho de 2015.
202

dos primeiros tempos assim como nas cartes-de-visite a partir da década de


1860. A respeito dessas representações, assinala Gisèle Freund: ‘O ateliê do
fotógrafo se converte assim num armazém de acessórios que guarda
preparadas, para todo repertório social, as máscaras de seus personagens’.
O personagem central do ato fotográfico-teatral era o próprio retratado; o
diretos da peça, o iluminador e o contra-regra, o fotógrafo. Os cenários de
fundo pintados e demais acessórios com motivos gregos, vitorianos ou art-
nouveau compunham o necessário décor. 466

As fotografias abaixo pertencem ao acervo da Fundação Joaquim Nabuco,


sendo parte da Coleção Francisco Rodrigues: Fotografias do final do Século XIX e
início do Século XX. O acervo completo possui 4919 documentos, dos quais foram
visualizados 454 que continham a palavra “bacharel” na descrição do arquivo, outros
50 como resultado da pesquisa por “advogado” e 16 com o termo “juiz”, nenhuma
fotografia foi classificada pela fundação com o termo “jurista” na descrição.
Primeiramente, observe-se as imagens abaixo:

466 KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ática, 1998. p. 110-111.
203

Figura 4: Augusto de Souza Leão, bacharel em 1851. 467

467 Dados da imagem: Augusto de Souza Leão, Barão de Caiará, Engenho Capibaribe, São Lourenço
da Mata, Pernambuco. Autor: Alberto Henschel & Cia. Notas: Coleção Francisco Rodrigues. carte de
visite, 8,7 x 5,4 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Palavras-chave: Traje Masculino, Homem,
Cartola, Barba, Cena Interna, Mobiliário, Livro. Fonte: FR-03655. Idioma: Português. Propriedade:
Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-03655. Fundo Documental: Coleção
Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
204

Figura 5: Francisco Xavier Paes Barreto, ministro do império e bacharel em 1842. 468

468Dados da imagem: Francisco Xavier Paes Barreto. Autor: J. P. Joannes & Cia. Notas: Coleção
Francisco Rodrigues, carte de visite, 10,4 x 6,3cm. Fonte: FR-00927. Idioma: Português. Propriedade:
Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-00927. Fundo Documental: Coleção
Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
205

Figura 6: João Augusto de Souza Leão, bacharel em 1844. 469

469 Dados da imagem: João Augusto de Souza Leão, Juiz de Paz (Engenho Caraúna-Jaboatão,
Pernambuco). Autor: Eugenio & Mauricio. Notas: Coleção Francisco Rodrigues. carte de visite, 9,4 x
5,6 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Palavras-chave: Traje Masculino, Homem, Mobiliario, Fonte:
FR-02527. Idioma: Português. Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico:
FR-02527. Fundo Documental: Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/.
Acesso em 26 de janeiro de 2015.
206

Figura 7: José Antonio de Pinho Borges, bacharel em 1865. 470

470Dados da imagem: José Antonio de Pinho Borges, Engenho Entre Rios, Jaboatão, Pernambuco.
Autor: Alberto Henschel & Cia. Notas: Coleção Francisco Rodrigues. carte de visite, 8,8 x 5,6 cm. Local:
Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: FR-01067. Idioma: Português. Propriedade: Fundaj.
Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-01067. Fundo Documental: Coleção Francisco
Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
207

Figura 8: Paulo Martins de Almeida, bacharel em 1860 e magistrado. 471

471Dados da imagem: Paulo Martins de Almeida. Autor: F. Villela. Notas: Coleção Francisco Rodrigues,
carte de visite, 8,9 x 5,5cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: FR-00528. Idioma: Português
Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-00528. Fundo Documental:
Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de
2015.
208

Figura 9: Vitoriano de Sá e Albuquerque, bacharel em 1842. 472

Note-se que a estética é uniforme, barba e bigode, casaca, gravata e,


eventualmente, cartola. Estão presentes também todos os elementos indicados por
Kossoy: olhar austero, o mobiliário rebuscado, os padrões franceses nos tecidos e
tapetes.
Preliminarmente, cabe, com brevidade diferenciar dois momentos da
iconografia, um primeiro descritivo, buscando identificar os elementos que possibilitem

472 Dados da imagem: Vitoriano de Sá e Albuquerque. Autor: Alberto Henschel & Co. Notas: Coleção
Francisco Rodrigues, carte de visite, 8,8 x 5,4cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: FR-00501
Idioma: Português. Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-00501.
Fundo Documental: Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em
26 de janeiro de 2015.
209

a ulterior interpretação, mas que em si contém a interpretação dada pelo fotógrafo.


Assim, se o fotógrafo – também homem de seu tempo compartilha do imaginário que
considera o magistrado ou o advogado um homem sério com uma função pública
importante, muito provavelmente ele não será representado de outra forma. Portanto:

Nos conteúdos dos documentos fotográficos se agregam e se mesclam


informações e interpretações: culturais, técnicas, estéticas, ideológicas e de
outras naturezas que se acham codificadas nas imagens. Essas
interpretações e/ou intenções são gestadas (antes, durante e após a
produção da representação) em função das finalidades a que se destinam as
fotografias, e refletem a mentalidade de seus criadores. 473

Acontece que as imagens adquirem novas camadas de significados com o


tempo, tornando-se inevitável reinterpretá-las sob diferentes olhares, como explica
Kossoy: “As fotografias seguem sendo interpretadas muito depois de realizadas. Ao
longo de suas trajetórias oscilam de significados de acordo com a ideologia de cada
momento e a mentalidade de seus usuários” 474. Esse segundo momento da
iconografia, pode-se considerar iconologia.
Portanto, ademais de verificar que os juristas eram retratados como homens
sérios e barbudos, observe-se que só se conhece a atividade profissional deles pela
legenda. Ainda que as fotografias sejam tudo menos espontâneas, ou seja, somente
retirar da imagem o que ali está 475. Disso, duas conclusões são possíveis, a primeira,
é a de que o importante de ser retratado era mais a posição social do que a ocupação
profissional. Essa conclusão é possível quando se encontra o mesmo padrão estético
nas imagens de banqueiros, engenheiros, artistas e médicos do mesmo período. A
segunda conclusão possível, é a de que bastava até meados da década de 1860, o
jurista por si mesmo. Seu prestígio não dependia da palavra escrita, dos livros, da
toga, mas apenas de sua eloquência e de seu saber. A conclusão só é possível
quando comparam-se com as imagens de bacharéis, magistrados ou advogados, do
período imediatamente posterior.

473 KOSSOY, Boris. O relógio de Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens.

Revista Brasileira de História, v. 25, n. 49. p. 39.


474 KOSSOY, Boris. O relógio de Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens.

Revista Brasileira de História, v. 25, n. 49. p. 39.


475 Para evitar o previsto por Boris Kossoy: “Destino perverso esse da fotografia que, num dado

momento, registra a aparência dos fatos, das coisas, das histórias privadas e públicas, preservando,
portanto, a memória desses fatos, e que, no momento seguinte, e ao longo de sua trajetória
documental, corre o risco de significar o que não foi” (KOSSOY, Boris. O relógio de Hiroshima:
reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens. Revista Brasileira de História, v. 25, n. 49. p. 39).
(grifo do autor).
210

Figura 10: Abdias de Oliveira, bacharel em 1882 e desembargador. 476

476Dados da imagem: Abdias de Oliveira. Autor: Alberto Henschel & Cia. Notas: Coleção Francisco
Rodrigues. carte de visite, 9,5 x 5,7 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Palavras-chave: Traje
Masculino, Homem, Bigode, Livro, Relógio de lgibeira. Fonte: FR-03995. Idioma: Português.
Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-03995. Fundo Documental:
Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de
2015.
211

Figura 11: Feliciano dos Santos Pontual, advogado, bacharel em 1868. 477

477Dados da imagem: Feliciano dos Santos Pontual. Autor: A. Henschel & Cia. Notas: Coleção
Francisco Rodrigues. carte de visite, 9,1 x 5,8 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Palavras-chave:
Traje Masculino, Homem, Mobiliário, Livro. Fonte: FR-03804. Idioma: Português. Propriedade: Fundaj.
Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-03804. Fundo Documental: Coleção Francisco
Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
212

Figura 12: Gaspar de Menezes Vasconcelos Drumond Filho, bacharel em 1875. 478

478Dados da imagem: Gaspar de Menezes Vasconcelos Drumond Filho. Autor: J. dos Santos Pereira.
Notas: Coleção Francisco Rodrigues. carte de visite, 10,5 x 6,3 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil.
Fonte: FR-01748. Idioma: Português. Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local
Físico: FR-01748. Fundo Documental: Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em
http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
213

Figura 13: Gonçalo Paes de Azevedo Faro, bacharel em 1870 e magistrado. 479

479Dados da imagem: Gonçalo Paes de Azevedo Faro. Autor: Alberto & Henschel & Cia. Notas: Coleção
Francisco Rodrigues. carte de visite, 9,1 x 5,4 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Palavras-chave:
Traje Masculino, Homem, Mobiliário. Fonte: FR-02536. Idioma: Português. Propriedade: Fundaj.
Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-02536. Fundo Documental: Coleção Francisco
Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
214

Figura 14: Henrique Afonso de Miranda Leal, bacharel em 1871. 480

480 Dados da imagem: Henrique Afonso de Miranda Leal. Autor: Léon Chapelin. Notas: Coleção
Francisco Rodrigues. carte de visite, 9,3 x 5,5 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: FR-02443.
Idioma: Português. Propriedade: Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-02443.
Fundo Documental: Coleção Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em
26 de janeiro de 2015.
215

Figura 15: Lourenço Augusto de Sá e Albuquerque, bacharel em 1874. 481

Portanto, indiciariamente, há algo que define de modo diferente aquele que


se ocupada do direito a partir da metade da década de 1860, com uma discreta
exceção no retrato de Augusto de Souza Leão, o elemento livro passa a integrar com
mais ou menos destaque os retratos.
O mobiliário segue ornamental, há pouca mudança na vestimenta, mas o
elemento de coesão entre as imagens é a visível presença do ou dos livros. Ao

481Dados da imagem: Lourenço Augusto de Sá e Albuquerque, deputado e jornalista, Engenho Velho,


Cabo, Pernambuco. Autor: Eugenio & Mauricio. Notas: Coleção Francisco Rodrigues. carte de visite,
9,4 x 5,7 cm. Local: Recife, Pernambuco, Brasil. Fonte: FR-00481. Idioma: Português. Propriedade:
Fundaj. Disponibilidade: Fundaj – Cehibra. Local Físico: FR-00481. Fundo Documental: Coleção
Francisco Rodrigues. Disponível em http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em 26 de janeiro de 2015.
216

contrário da imagem de Augusto de Souza Leão em que ele é praticamente escondido


sob a mão como um pequeno amuleto, nas imagens a partir de 1868 ele acompanha
e completa a imagem que o jurista representa. Simbolicamente, na maioria das fotos
o jurista toca ou segura o livro, apropria-se dele. Consequentemente, o jurista
depende em alguma instância do saber advindo dos livros. Mas essa transição é,
também no Brasil, imperfeita. Assim como a presença do livro discretamente em uma
das primeiras fotografias analisadas, a presença do púlpito no retrato de Gonçalo
Paes de Azevedo Faro remete a uma tradição oral, eloquente e ainda presente mesmo
nas últimas décadas do século XIX.
Para que não se atribua apenas a uma estética da fotografia, observe-se os
retratos do artista José Ferraz de Almeida Júnior.

Figura 16: Retrato de Clemente Falcão de Souza Filho, 1888. 482

482 Dados da imagem: Retrato de Falcão de Souza Filho. Data: 1888. Autor: José Ferraz de Almeida

Júnior. Óleo sobre tela, 230X 142 cm. Acervo Faculdade de Direito USP. Fonte: Lourenço, Maria Cecília
França. Almeida Júnior: um criador de imaginários. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2007. Apud:
ARAÚJO, Raquel Aguilar de. Desmistificando Almeida Júnior: a modernidade do caipira. 19&20, Rio de
217

Figura 17: Retrato do Dr. Prudente de Morais, 1890. 483

A gama de detalhes é certamente mais rica na pintura, mas sua função


também era diferente. Os retratos fotográficos serviam para a apresentação na
sociedade, enquanto que os quadros iriam imortalizar a imagem dos juristas, deve-se
levar em consideração que se trata de expressões artísticas diferentes.Ambos são
retratados em suas bibliotecas, com livros dispostos sobre a mesa, novamente
evidenciando a posse daquele conhecimento. Os ornamentos são poucos e simples,
os móveis dentro de sua funcionalidade. A vestimenta é formal como se esperaria em
uma pintura a óleo, permanecendo o olhar altivo, a postura firme. Quando se afirma
que haveria uma expectativa de um certo ritual, de uma certa formalidade nas roupas

Janeiro, v. IX, n. 1, jan./jun. 2014. Disponível em: < http://goo.gl/qo3P8L >. Acesso em 10 de fevereiro
de 2015.
483 Dados da imagem: Retrato do Dr. Prudente de Morais. Data: 1890. Autor: José Ferraz de Almeida

Júnior. Óleo sobre tela, 235 X 144 cm. Acervo: Museu Paulista USP. Fonte: Lourenço, Maria Cecília
França. Almeida Júnior: um criador de imaginários. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2007. Apud:
ARAÚJO, Raquel Aguilar de. Desmistificando Almeida Júnior: a modernidade do caipira. 19&20, Rio
de Janeiro, v. IX, n. 1, jan./jun. 2014. Disponível em: < http://goo.gl/qo3P8L >. Acesso em 10 de
fevereiro de 2015.
218

e na postura, tem-se em mente algo um pouco além da vaidade apenas. Eduardo


Campos Coelho afirma que havia uma preocupação dos próprios advogados em
dissociar-se das atividades mercantis. Pretendiam expurgar a advocacia dos aspectos
mecânicos e sublevar os aspectos intelectuais.

Nisso a elite dos advogados traía menos um desvelo ético do que uma
apreciação estética dos valores do trabalho numa Corte povoada por
escravos e por comerciantes semiletrados. Tratava-se para nossos
advogados e juristas de “aristocratizar” a advocacia simultaneamente criando
uma “aristocracia” de indivíduos cultos, de cultores da “ciência” do Direito.
Como isto envolvia também o cultivo de um estilo de vida “aristocrático”,
criava-se a ambiguidade que nem mesmo a retórica de Rui Barbosa podia
dissolver. 484

O elemento que complementa Clemente Falcão de Souza Filho é a toga.


Reitera-se que há o olhar do artista sobre o objeto mas há também a maneira como o
jurista se fazia perceber. Clemente Falcão, assim como seu pai, foi lente da Faculdade
de Direito de São Paulo. Lecionou Direito Civil entre 1860 e 1887, além de ter sido
delegado de polícia, juiz de paz e Diretor-presidente da Companhia Paulista 485.
Portanto, o elemento toga no retrato do professor, parece bastante adequado e
significativo, pois dentre as demais atividades exercidas, foi como professor que se
fez representar.
O retrato de Prudente de Morais é anterior ao início de sua presidência. Antes
e depois do mandato, Prudente de Morais conciliava a profissão de advogado com o
exercício de cargos políticos. O elemento de destaque da obra é a biblioteca, uma
demonstração de erudição e de conhecimento técnico, doutrinal.

4.4.3 O jurista por excelência

A expressão “jurista por excelência” apareceu em mais de uma forma no


decorrer da pesquisa. Para Carlos Petit 486 e Pasquale Beneduce, o jurista por

484 COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio
de Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 299.
485 ADORNO, Sérgio. Os aprendizes do poder: o bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 127.


486 “El hombre elocuente, y sólo él, encarna aún el tipo ideal del ciudadano políticamente activo, lo que

ahora significa confiar en el abogado para que llegue a oirse la voz del público. ‘Una sublime misión
representativa, ciertamente, que nos explicaría el frecuentísimo desempeño de dignidades
parlamentarias por abogados en cualquier Estado liberal europeo y la difícil distinción entre la causa de
219

excelência no século XIX é homem eloquente, encarnado no cenário das profissões


liberais, no advogado. É aquele que mais se aproxima diante das condições materiais
de seu meio do poder sacerdotal, que possuíam nos séculos anteriores, a que se
refere Hespanha. Mas que, em algum ponto do século XIX – em algum ponto diferente
na Espanha, na Itália, em Portugal e no Brasil – se torna o jurista acadêmico, de
cátedra, conforme afirma Pietro Costa.

Entendo que no âmbito do paradigma que chamamos, para facilitar, lógico-


positivista as coisas são simples: o jurista, por definição, é o jurista
acadêmico, o jurista de cátedra, e o resto deriva, dependentemente, dessa
figura central. Muita água passa por debaixo da ponte, e chegamos à
possibilidade de contemplar a experiência jurídica recuperando uma série de
protagonistas do cenário jurídico que pareciam ter sido fagocitados,
obscurecidos pela sombra desse gigante que era o jurista de cátedra. […] já
não se sabe só fazer história de uma cultura universitária e de sua
correspondente casta, os juristas acadêmicos, porque a experiência jurídica
está feita por muitos atores, por variados protagonistas, entre os quais
efetivamente estão o advogado e sua classe, com sua produção literária e
sua prática correspondentes, os juízes e suas corporações etc. A
flexibilização da figura monolítica do jurista de cátedra é um processo
histórico longo […]. 487

Na historiografia tradicional, à qual já se fez referência, o jurista por excelência


era resultado da formação bacharelesca e estava absorvido pela burocracia estatal.
Pouco se olha para o advogado ou pouco se enxergam outros advogados além de
Ruy Barbosa.

O grosso dos profissionais liberais era formado de advogados. Havia duas


razões principais para distingui-los dos magistrados com relação à
capacidade e orientação políticas. A primeira é que foram quase todos
educados no Brasil e não em Coimbra como os magistrados, e já vimos as
diferenças entre as duas formações. A Segunda é que o advogado tem uma
relação com o Estado muito distinta da do magistrado. O último é um
empregado público, encarregado de aplicar a lei e defender os interessas da
ordem. O advogado é um instrumento de interesses individuais ou de grupos,
e como tal pode tornar-se porta-voz de oposições tanto quanto do poder
público. […] Outros profissionais liberais estavam mais longe do Estado do

la abogacía y la causa de la política: "la profesión del orador es un ministerio respetable, que requiere
para su buen desempeño grandes virtudes y nobles sacrificios. Ora abogue ante los tribunales... ora
en la tribuna defienda los intereses de los pueblos y el decoro nacional; ora predique en el púlpito la
moral evangélica; ora derrame en la cátedra la luz de la enseñanza, siempre la misión del orador es
árdua, importante y fecunda”. PETIT, Carlos. Discurso sobre el discurso: oralidad y escritura en la
cultura jurídica da la España liberal (lección inaugural, curso académico 2000-2001). Huelva: Servicio
de publicaciones Universidad de Huelva, 2000. p. 61.
487 COSTA, Pietro. Discurso jurídico e imaginação: hipóteses para uma antropologia do jurista. In:

PETIT, Carlos (org.). Paixões do Jurista - Amor, Memória, Melancolia, Imaginação. Curitiba: Juruá,
2011. p. 167-226. p. 218.
220

que os advogados. Tais eram, por exemplo, os médicos, jornalistas e


engenheiros. 488

Analisando-se portanto, a cultura jurídica brasileira para além das arcadas da


academia, torna-se obsoleta a interpretação, tratada quase como um dogma, da
distinção entre as academias 489 de São Paulo e a do Recife, que determinava que
“enquanto Recife educou, e se preparou para produzir doutrinadores, “homens de
sciencia” no sentido que a época lhe conferia, São Paulo foi responsável pela
formação dos grandes políticos e burocratas de Estado” 490.
Entretanto, o profissional da tribuna, o advogado eloquente, conviveu no Brasil
com o catedrático ou com o magistrado, quando não ele próprio transitou entre outras
profissões jurídicas.

Talvez os juristas do Império não estivessem tão preocupados com a


“cientificidade” do direito, quanto com sua “operabilidade”. Eram construtores
de um Estado, não construtores de uma academia. O direito era percebido
como um saber disciplinado, claro, mas um saber diretamente voltado à
operação da máquina social, ou mais precisamente da máquina estatal. 491

É nesse caldo que se forma o jurista. Diante de tudo isso, faz sentido
apresentar o jurista como um personagem de transição como faz Fonseca com
Teixeira de Freitas 492.

488 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011. p. 101.
489 Não que a diferença não existisse, apenas essa não era nem a única diferença entre as academias

nem determinante para a carreira dos juristas após o grau. Tampouco era exclusivo do Brasil e essas
diferenças geraram estudos mais profundos quando observados como não determinantes. A saber: “A
imaginária centralidade científica de Coimbra e a sua neutralidade em relação aos jogos políticos de
Lisboa constituíam também um eficaz biombo em relação aos estreitos laços que os seus professores
mantinham com a política da capital. De fato, não poucos dos professores de Direito desempenharam
lugares políticos, como conselheiros de Estado ou dos Supremos Tribunais, como Pares, como
membros de Comissões governamentais várias, como deputados e até como chefes partidários”.
(HESPANHA, António Manuel. Um poder um pouco mais que simbólico: juristas e legisladores em luta
pelo poder de dizer o direito. In: FONSECA, Ricardo Marcelo e SEELAENDER, Airton Cerqueira Leite
(orgs.). História do Direito em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá, 2008.
p. 149-199. p. 191).
490 SCHWARCZ. Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil

(1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


491 LOPES, José Reinaldo de. Consultas da Seção de Justiça do Conselho de Estado... p. 10.
492 “Teixeira de Freitas é um personagem de transição. Por um lado, já neste momento (1857) ele está

tomado indubitavelmente de uma mentalidade legalista no que diz respeito à teoria das fontes,
mostrando-se, neste sentido, como alguém sintonizado com o modo de apreciar o direito que se
inaugura na era liberal/burguesa. […]Em suma: por um verso, Teixeira de Freitas é um personagem de
tran¬sição e, nessa medida, representativo do período de tensão entre modelos opostos por que
passava o próprio direito privado brasileiro do século XIX. Mostrava-se nos limites da adesão ao canto
da sereia legocêntrico e estatólatra, mas não pagava tributos a uma perspectiva meramente exegé¬tica
passiva do intérprete com relação ao ordenamento jurídico. De outro lado – e nesse ponto fazia jus à
influência que teve de toda a doutrina do “ius commune” – atribuía à ciência um papel protagonista e
221

É por esta razão e diante desse “contexto de transição (com raízes fortemente
arcaicas e pré-modernas, mas muito desejosa de modernização jurídica)” 493, que se
propõe um modelo híbrido para o jurista brasileiro. As características desse modelo
seriam justamente a persistência de uma presença eloquente nas diferentes esferas
de comunicação – imprensa 494, parlamento, Instituto dos Advogados etc., pois no
período estudado aparecem indícios da presença de um paradigma “eloquente” do
saber jurídico, como exemplificam Ambrosini, e Fernandes:

Na vida política do Império brasileiro ao longo da segunda metade do século


XIX, dois temas ganharam destaque nos principais debates e combates então
travados: as questões abolicionistas e republicana. Não corria um dia sequer
na imprensa e na vida intelectual de então sem que um deles – ou ambos –
fossem discutidos acaloradamente. Não era possível passar ao largo da
polêmica ou evitar tomar posição frente às ideias debatidas, e todos os
homens que, de uma forma ou de outra, exerciam alguma atividade
ligada à política e ao Direito nessa época tiveram que fazê-lo 495. (grifo
nosso).

Além da já mencionada pluralidade dos juristas, que não eram apenas juristas
e magistrados ou juristas e advogados, mas eram juristas, advogados, políticos,
jornalistas e, em um exemplo de perfeito exagero, cartógrafo e professor de Geografia,
como foi Cândido Mendes 496.
Mas esse mesmo jurista ingressava, a partir da década de 1870 no Brasil,
num processo acentuado no decorrer do período estudado no presente trabalho, em
um novo paradigma com ideais modernizantes e cientificistas. Então o jurista modelo
do final do século XIX simultaneamente se preocupa com o aspecto teórico do direito,

conformador. Personagem complexo, como se vê” (FONSECA, Ricardo Marcelo. Teixeira de Freitas:
um jurista "traidor" na modernização jurídica brasileira. Revista do Instituto Histórico e Geographico
Brazileiro, v. 452, p. 341-354, 2011. p. 346).
493 FONSECA, Ricardo Marcelo. Teixeira de Freitas: um jurista "traidor" na modernização jurídica

brasileira. Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, v. 452, p. 341-354, 2011. p. 346.
494 Citando dados de A. L. Machado Neto (Estrutura Social da República das Letras), José Murilo de

Carvalho destaca que 41% dos intelectuais (jornalistas, advogados, professores, médicos e
engenheiros – profissionais liberais capazes de crítica dos valores e instituições vigentes) eram também
jornalistas (CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 101).
495 AMBROSINI, D.; FERNANDES, M. Elite política, abolicionismo e Republicanismo. In: MOTA, Carlos

Guilherme; FERREIRA, Gabriela Nunes (coord.). Os juristas na formação do Estado-nação


brasileiro (de 1850 a 1930). São Paulo: Saraiva, 2010. p. 199.
496 Cândido Mendes de Almeida fez o primeiro atlas escolar do Brasil. O atlas do império, feito em 1968,

era dedicado aos alunos de escolas públicas, principalmente do Colégio Pedro II. O autor, jurista e
professor de geografia, buscava ativamente utilizar a geografia para promover o patriotismo
(CARVALHO, José Murilo de. A vida política. In: CARVALHO, José Murilo (org.). A construção
nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 87).
222

na construção de doutrina capaz de influenciar na jurisprudência e na criação


legislativa. Esse modelo seria o do jurista brasileiro do século XIX.
Resta então sintetizar essa complexa pluralidade de vozes na cultura jurídica
brasileira do século XIX. Ao que se propõe, então, para o contexto brasileiro um
modelo de jurista capaz de ocupar o espaço público, pivô da circulação da cultura
jurídica brasileira e que conjuga a prática e a teoria.
É como ponto de intersecção dessas duas esferas – teórica e prática – que
os juristas podem ser considerados uma categoria autônoma por negação, no sentido
de que eles não simplesmente bacharéis, ou magistrados, nem mesmo advogados.
Assim que, se os juristas são interpretados como um corpo independente, essa
autonomia é unicamente atribuída no mesmo sentido dado por Beneduce, o da
autorrepresentação, de uma criação autóctone de mecanismos próprios de
diferenciação.
Assim, o debate pelo lugar privilegiado na fala do direito, para Hespanha,
depende de:

sua vinculação a problemas de história política; não tanto de história da


política geral, ou da política constitucional. Mas de história do grupo dos
juristas como participante da luta política; no caso concreto, da luta pelo poder
de dizer o direito, o qual – está bem de ver – se torna num poder cardinal em
sociedades em que vigora o primado do direto (ou dos direitos... definidos
pelo direito) […]. 497

Interpretar a categoria dos juristas de forma diversa, que não um modelo


híbrido a partir da década de 1870 seria considerar que o sentido evolucionista – não
só como corrente filosófica advinda da Europa, mas também como evolução, melhora,
dos próprios juristas – foi favorecido e assimilado em plenitude no Brasil dessas
décadas, seria ignorar a resistência de uma parcela conservadora dentre os
juristas 498. Especialmente no direito civil quando comparado ao direito penal.

497 HESPANHA, António Manuel. Um poder um pouco mais que simbólico: juristas e legisladores em

luta pelo poder de dizer o direito. In: FONSECA, Ricardo Marcelo e SEELAENDER, Airton Cerqueira
Leite (orgs.). História do Direito em Perspectiva: do Antigo Regime à Modernidade. Curitiba: Juruá,
2008. p. 149-199. p. 150.
498 Maciel de Barros pontua essa resistência ademais de conservadora, católica: “A reação católico-

conservadora contra as ideias liberais e cientifistas faz-se agora, incansavelmente, pelos jornais, na
tribuna parlamentar, nas cátedras das faculdades, nos livros. Organiza-se o ‘laicato’ católico,
frequentemente mais ortodoxo, mais ultramontano do que o clero: na Câmara dos Deputados, Leandro
Bezerra e Tarquínio de Souza terçam armas com Silveira Martins, Pinheiro Guimarães, Florêncio de
Abreu, etc., expoentes do liberalismo; no Senado, Cândido Mendes de Almeida, Zacarias, Figueira de
Mello, Rodrigues Silva, Francisco de Paula Silveira Lobo, etc. fazem-se paladinos do Syllabus; no norte,
Soriano de Souza e, no sul, pouco depois, Sá e Benevides, em livros e nas cátedras, fazem a apologia
223

Ainda que seja bastante correta a divisão entre tipos ideais feita por Maciel de
Barros para o período 499, é ainda mais acertada a indeterminação reconhecida pelo
autor entre um liberalismo clássico e um cientificismo:

Entre as duas mentalidades aparecem verdadeiras “zonas de


indeterminação”, esforços conciliadores, idas e vindas de uma para a outra.
Um Rio Branco, um Joaquim Nabuco ou um Rui Barbosa são típicos
exemplos dessa indeterminação: tendendo, cada vez mais, a integrar-se no
novo espírito, liga-os ao liberalismo clássico a formação e uma indestrutível
simpatia. Ademais, a atividade política, empurrando-os para as questões
concretas, dificulta talvez a sua precisa definição intelectual, a sua segura
tomada de consciência filosófica. 500

Na medida em que, o modelo proposto se volta mais para o modo de ser do


jurista que para suas matrizes filosóficas, mostram-se também mais pertinentes a
modulação das ideias novas ou conservadoras para uma finalidade prática, de
influência direta na doutrina ou na legislação – algo peculiar e único quando
comparado ao jurista savignyano e sua tendência ao isolamento dessas questões
mundanas.

dos ideais ultramontanos” (BARROS, Roque Spencer Maciel de. A ilustração brasileira e a ideia de
universidade. São Paulo: Editora Convívio, 1986. p. 33).
499 Do que se aproveita da excelente síntese feita por Paulo Henrique Dias Drummond: “[…] Maciel de

Barros identifica três tipos ideais de intelectual que podem ser vistos como modelos explicativos desse
momento de transformação do ideário nacional: trata-se dos tipos cientificista, liberal e católico-
conservador. O primeiro e o segundo são marcados pela indiscriminada crença na ciência (que, afinal,
é nota caracterizadora e aglutinadora no movimento novo); o que os distingue, no entanto, é o
significado específico dessa crença: o cientificista vê a ciência como caminho necessário, como único
instrumento capaz de indicar quais os valores e ideais humanos devem ser perseguidos; assim, mais
do que limite a valores e ideais, a ciência é o próprio centro gerador desses elementos. Ao passo que
o liberal, calcado no ideário contratualista, vê a ciência como “simples auxiliar na luta pela efetivação
dos sonhos humanos”, os quais não podem derivar da ciência, mas sim da razão, que encontra tais
sonhos gravados na própria essência humana. O terceiro, católico-conservador, encontra na religião a
hierarquização dos valores: as conquistas da ciência dela dependem” (DRUMMOND, Paulo Henrique
Dias. Ciência e ensino da cultura jurídica paranaense: direito penal e filosofia do direito no Curso de
Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade do Paraná (1913-1953). Dissertação (mestrado) -
Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito.
Curitiba, 2011. p. 45).
500 BARROS, Roque Spencer Maciel de. A ilustração brasileira e a ideia de universidade. São Paulo:

Editora Convívio, 1986. p. 197.


224

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi uma sessão tumultuada a de 19 de dezembro de 1871 do Instituto dos


Advogados Brasileiros, sob a presidência do Exmo. Sr. Conselheiro José
Tomás Nabuco de Araújo. Aliás, o tumulto apenas prolongava o da sessão
anterior do dia 16. Discutia-se, acaloradamente, quais medidas deveria tomar
o Instituto contra o Sr. Dr. Lopo Diniz Cordeiro, juiz suplente da 3ª vara
criminal, o qual era acusado de inomináveis ofensas a alguns sócios durante
audiência no foro. Falou o conselheiro Affonso Coelho, também o Dr. Duque-
Estrada Teixeira (um dos ofendidos), os conselheiros Liberato e Raymundo
Lima e falou o Dr. Joaquim Nabuco. Levantou-se o Dr. Joaquim Nabuco
(elegantíssimo no seu paletot de corte inglês, os cabelos simetricamente
repartidos no alto da aristocrática cabeça de leão do norte, uma pulseirinha
teimando em aparecer sob o punho da camisa) e, limpando um imaginário
pigarro, começou por lembrar aos eminentes colegas “que tem para si que o
Instituto é uma maçonaria de honra, e assenta em certos princípios de
dignidade profissional: a delicadeza, que faz com que a offensa feita a um de
seus membros importa a offensa de todos” e que, por isso, o Dr. Lopo Diniz
“offendeu" os deveres de cavalheiro, diante de cada um dos advogados,
victimas de seus atos” […]. 501

Esse relato que transporta o leitor para a sessão do dia 19 de dezembro de


1871, ao historiador do direito se apresenta como uma bactéria para o infectologista.
Deve ser olhada por diferentes ângulos, sob diferentes lentes microscópicas. A partir
dessa breve descrição uma série de questões surgem. Por que esse Instituto era
importante? O que poderia ser tão importante para reunir esses homens nessa
instituição naquela terça-feira? Apenas nesse pequeno excerto tem-se uma dimensão
da importância da fala desses senhores, não estão reunidos em torno de um
documento ou lei, mas sua preocupação é um ato discursivo ocorrido em audiência.
Audiência esta que não tomou assento no despacho do paço imperial, na 3ª vara
criminal provavelmente da corte – ou em qualquer outra comarca.
Para o historiador, os verbos “falou” e “levantou-se”, trazem tanto ou mais
significado do que traria um selo oficial. Mais ainda, para o historiador, adquire
importância o paletó inglês de Nabuco, a referência que ele faz à Maçonaria e o que
ele entende por deveres de cavalheiro.
Acima de tudo, o que desperta sobremaneira a curiosidade do historiador é
investigar porque, quando este homem magro, de 1,86 metro de altura, que cuidava
tanto da própria aparência a ponto de ficar conhecido como “Quincas, o Belo”, todos

501 COELHO, Eduardo Campos. As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio

de Janeiro – 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 151-152.


225

ouviam e sua fala era transcrita em ata para ser preservada. Que autoridade detinha
e sobre o que ela se fundava.
Portanto, considerando que:

A cultura jurídica brasileira é um fato histórico antropológico que se dá a partir


dos elementos (humanos, doutrinais, sociais, econômicos, etc.) presentes na
sociedade brasileira desta época e dentro de aparatos institucionais
localizáveis dentro das vicissitudes históricas brasileiras. Emprestando a
terminologia de Michel Foucault, ela constitui uma configuração discursiva
(cheia de mecanismos de controle, de seleção, de organização, como
também de procedimentos de interdição e de estabelecimentos de privilégios)
que só pode ser compreendida dentro de um tempo-espaço determinado, e
nunca a partir de uma referência meta-histórica, dotada de uma
universalidade que invoca uma ‘soberania do significante’ sobre as
experiências concretas. De todo modo, tal “configuração discursiva”, bem
como seu funcionamento, somente pode ser avaliada a partir de uma análise
interna que compreenda seu significado e seus efeitos na sociedade, ou seja,
a partir de uma análise eminentemente histórica. 502

A cultura jurídica brasileira não se limitaria aos aspectos aqui abordados. Não
é possível explicá-la apenas por seus aspectos humanos, ainda que se acredite que
o aspecto humano – os juristas – estejam em uma posição central, privilegiada. As
diferentes facetas da cultura jurídica brasileira, em especial a oitocentista carecem de
um estudo que, a partir de uma análise interna, verifique seus efeitos na sociedade.
Uma análise eminentemente histórica, como coloca Fonseca, é menos a busca pelas
pedras fundamentais da cultura jurídica brasileira e menos ainda um rol de juristas
célebres do que um procedimento genealógico que seja avesso à “pretensão de
construir uma essencialidade que resista ao desgaste dos tempos. […] A cultura
jurídica é aquilo que circula, funciona e produz efeitos dentro de um determinado
contexto histórico social” 503.
Ao longo do texto, evitou-se ao máximo, não se sabe com qual índice de
sucesso, incorrer nos pecados da historiografia moderna apontados por Hespanha:

A própria peculiar forma em que os historiadores do Direito costumam


escrever história fez o resto: (I) o significado é separado do contexto do
imaginário subjacente da sua época e dos usos do discurso pragmático; (II)
os textos jurídicos são isolados de seu contexto não-jurídico; (III) a
interpretação é moldada por categorias contemporâneas; (IV) entidades
discursivas de origem “nativa” são reduzidas a antecipações de modernos

502 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os
perfis dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p.
260.
503 FONSECA, Ricardo Marcelo. Vias da modernização jurídica brasileira: a cultura jurídica e os

perfis dos juristas brasileiros do século XIX. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos. v. 98, 2008. p.
261.
226

conceitos de regras. Mas, mais do que isso, o aspecto insólito, exótico,


bizarro e perturbador do imaginário social na doutrina jurídica é omitido e
sacrificado no altar da perene continuidade do “direito ocidental”. 504

Não se retira da academia a importância na formação dos juristas brasileiros.


A homogeneidade no ensino, seja aquele mais arraigando na tradição de Coimbra até
a metade do século pelo menos ou seja o ensino de “brasileiros” para “brasileiros”.
Perfil e discurso são partes fundamentais para que se chegue a um modelo
de jurista. O perfil distingue o jurista dos outros grupos sociais e o discurso o posiciona
no mundo e cultura jurídicos.
Quanto ao perfil pode-se afirmar que, no período investigado, já não era um
grupo homogêneo 505, mas era um grupo homogêneo o suficiente para que as
mudanças no regime político e no sistema produtivo não fossem rupturas abruptas,
mas um processo imperfeito e complexo de transição.
Foram identificados três aspectos principais e indissociáveis no perfil do jurista
brasileiro. O primeiro é, além da necessária alfabetização e erudição, sua formação
jurídica deveria ser oficial e normalmente realizada em uma das duas faculdades do
império. Ainda que rábulas e provisionados operassem o sistema jurídico, eles não se
“qualificavam” a juristas por lhes faltar o segundo elemento: o reconhecimento por
seus pares. O prestígio que aumentava o impacto que os artigos, obras e mesmo
textos legislativos elaborados por estes juristas, fazia com que sua notoriedade fosse
circularmente fomentada por sua própria produção intelectual.
O terceiro aspecto do perfil é que, não obstante a prevalência do exercício da
magistratura associada a cargos eletivos ou a altos cargos na burocracia estatal, a
profissão jurídica em si, não era condição para o “estado” de jurista, mas era
característica. O exercício de uma ou mais carreiras jurídicas, políticas ou literárias,
pode ser sim considerado um aspecto geral. Representa ao mesmo tempo o caráter

504 HESPANHA, António Manuel. O direito do início da era moderna e a imaginação antropológica da

antiga cultura europeia. Revista Justiça & História. v. 2. n. 4. Disponível em: <http://goo.gl/UUB4So>.
Acesso em: 3 de junho de 2015.
505 “Não se tratava, no entanto, de um estamento, mas de uma elite política formada em processo

bastante elaborado de treinamento, a cujo seio se chegava por vários caminhos, os principais sendo
alguns setores da burocracia, como a magistratura. Ao longo do período imperial outros caminhos se
abriram além da burocracia, como as profissões liberais – advocacia e medicina -, o jornalismo, o
magistério, quando não o simples favor imperial. O segredo da duração dessa elite estava, em parte,
exatamente no fato de não ter estrutura rígida de um estamento, de dar a ilusão de acessibilidade, isto
é, estava em sua capacidade de cooptação de inimigos potenciais” (CARVALHO, José Murilo de. A
Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 151).
227

polivalente dos juristas, a necessidade de subsistência material, e a forma de acesso


aos círculos de debate da cultura jurídica.
Já quanto aos discursos, considerou-se um princípio tácito de que juristas
citam juristas. A doutrina, frente legislação, que emana de um poder central, ou a
jurisprudência, produto de membros da burocracia estatal, estudada aqui na forma de
artigos no periódico jurídico, apresenta uma pluralidade de fontes mais interessante.
A doutrina representa um aspecto “novo” do saber jurídico.
Em boa medida, a doutrina brasileira se construía exortada sobre uma
necessidade de utilidade prática, de tornar acessíveis as obras de doutrina estrangeira
e adaptar, traduzir, essa doutrina para estudantes para os homens do foro. Tinham o
dever de fornecer algo além do pensamento original ou a opinião do autor sobre
determinada matéria, deveriam trazer ao leitor o universo ao redor desse tema ao qual
nem sempre ele tinha acesso.
A função dos juristas nessa época, portanto, pode-se afirmar que era a de elo,
professor, de intermediário. Assim surgiram as crispas acerca da “verdadeira”
tradução de determinado autor, as discussões acerca da hermenêutica jurídica que
reiteradamente se debruçam sobre o dizer o direito dos juízes ou dos legisladores ou
dos advogados, mas enfim, sempre relacionada ao direito prático. Essa esfera prática
que frequentemente restava esquecida na historiografia.
Das fontes primárias pesquisadas, emergiu principalmente o jurista
profissional. A preocupação do advogado e do magistrado quando encarna a postura
de jurista é com os casos que encontra no foro os fazem raciocinar e teorizar sobre o
direito abstratamente. É o caminho inverso daquele trilhado na universidade, que parte
do abstrato.
A pesquisa da Revista O Direito foi, portanto, de certa forma, a prova real do
que diversos outros trabalhos já afirmavam como suspeita ou hipótese. Havia um
núcleo de juristas relevantes no século XIX, mas havia uma periferia também, no
entorno das obras desses juristas orbitavam os demais. O que não significa dizer que
os demais, só porque hoje não estão no rol dos grandes, foram menos importantes.
Fomentavam o diálogo, propunham a crítica e se apresentavam ao debate. A pesquisa
trouxe, com a esperança também de motivas futuros estudos, mais de duzentos
nomes de juristas que além de egressos das faculdades de direito do Império, além
de operadores do direito e partícipes da burocracia estatal, a despeito de suas
convicções políticas e doutrinárias, sendo irrelevante a área do direito em que
228

atuavam ou tinham expertise, preocupavam-se em participar do debate doutrinário,


escrevendo e publicando em periódico especializado. Colocavam suas opiniões
acerca da lei e dos julgados do período como também comentavam e se tornavam
alvo de críticas e comentários de seus pares.
Percebeu-se também que o rol de referências desses juristas foi ampliado.
Em que pese ter-se satisfeito a expectativa comum das de que as referências à
doutrina ficassem ao redor de nomes tradicionais como Mello Freire, Trigo Loureiro e
Savigny, outras vozes apareceram. O que corrobora e colabora com outros trabalhos
que investigaram a jurisprudência, demonstrando que o referencial teórico da
comunidade jurídica no século XIX era, em usa maioria, comum, mas mais amplo do
que originalmente se acreditava. E o estilo dos textos, as revisões, comentários,
adendos a obras anteriores, reforçavam essa formação de um repertório comum.
O discurso jurídico brasileiro do final do XIX, foi resultado do embate entre
uma forte e profunda tradição, que pesava sobre os ombros dos juristas, e a
necessidade inadiável de movimento, de modernização ainda que resistida. Essas
contradições marcam a atuação do jurista em meio ao passado e futuro.
Assim, conclui-se que ficou demonstrado o quão incorreto é qualificar o
debate jurídico como irrelevante ou a cultura jurídica do século XIX como inexistente
ou mesmo rudimentar.
Contudo é inegável que a cultura jurídica era sim peculiar. As tramas do
discurso jurídico neste período eram formadas por linhas antagônicas. Portanto, os
juristas do XIX não era um grupo tão pequeno, tão homogêneo, tão centralizado
quanto o imaginado. Homogêneos na medida em que eram homens, profissionais
liberais ou herdeiros da aristocracia rural e, em extensa, vasta, esmagadora maioria
ocuparam algum cargo na burocracia estatal, mas que ainda assim separavam essa
esfera de suas posições doutrinárias.
Note-se também que os juristas desse período eram essencialmente
polivalentes e polifônicos. Sua polivalência era evidente na trajetória profissional dos
juristas do período, conciliavam magistratura, magistério, advocacia e cargos públicos
eletivos ou do poder executivo. Eram polifônicos, pois em cada uma dessas carreiras
ocupavam uma diferente esfera de comunicação jurídica.

Nesta segunda fase do século XIX, O Brasil, apesar do caráter fortemente


conservador do Império, “se moderniza e se esforça por sincronizar sua
229

atividade com a do mundo capitalista contemporâneo” É nesta fase que


ressoará pelo Brasil a polifonia das novas correntes filosóficas europeias. 506

Outra hipótese aventada, mais a título de provocação, é a artificialidade dos


discursos. Uma artificial e forçada tecnicidade do estudo do direito, patente no estudo
dos institutos, nas discussões legislativas, na minúcia da técnica lega que não
parecem ser apenas reflexo da ascensão de uma cultura positivista no Brasil, mas
também uma espécie de fuga ou desvio do confronto direto entre as posições
intelectuais e as limitações materiais. O jurista suprime sua subjetividade em prol de
uma objetividade artificial.

Se se destacar a ideia de descontinuidade, o papel da tradição – que sempre


foi tudo como tão importante em direito – precisa de ser clarificado. Na
verdade, na ideia de ruptura já estava implícito aquilo que acabamos de dizer
acerca da natureza contextual do sentido. Se os sentidos (ou os valores) são
relacionais, estando sempre ligados com os seus contextos, qualquer
mudança no contexto do direito corta-o da tradição prévia. A história do direito
será assim constituída por uma sucessão de sistemas jurídicos sincrônicos,
fechados uns em relação aos outros. O sentido de cada instituto ou de cada
princípio deve ser avaliado pela sua integração no contexto dos outros
institutos e nos institutos ou princípios que o antecederam (na sua
“genealogia” histórica). Ou seja, o direito recompõe-se continuamente e, ao
recompor-se, recompõe a leitura da sua própria tradição, atualizando-as. 507

O papel da tradição na construção do direito atual é o de fornecedor de


componentes do atual saber jurídico: ferramentas institucionais (instituições, papéis
sociais), discursivas (linguagem técnica, conceitos, dogmas), comunicacionais (redes
acadêmicas ou intelectuais, bibliotecas)508. De uma forma menos elaborada que
António Hespanha, foi isso que se pretendeu dizer ao destacar que o recorte temporal,
circunstancial, no Império ou no início da Primeira República não tinha uma taxativa
relevância no presente estudo, sendo mais um instrumento de viabilização da
pesquisa.
O recorte entre o início da publicação da Revista O Direito e o fim do governo
imperial, serviram para compor um panorama dos juristas nessas últimas décadas do
XIX, um contexto de emergência de um paradigma cientificista que mudaria não
apenas a direção das doutrinas, mas o paradigma comunicacional no Direito. A revista

506 COSTA, João Cruz. Contribuição à História das Ideias no Brasil. Livraria José Olimpio Editora:
Rio de Janeiro, 1956. p. 138.
507 HESPANHA, António Manuel. Cultura jurídica européia: síntese de um milénio. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2009. p. 42.


508 HESPANHA, António Manuel. Cultura jurídica européia: síntese de um milénio. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2005. p. 42.


230

jurídica como fonte primária possibilitou a construção de uma metafonte, como


denomina Hespanha, cujos resultados se vêem não apenas no desenrolar da tese,
mas também nos apêndices a este trabalho. Ali estão impressos não apenas indícios
do uso dessa ou daquela fonte, mas a fagulha para novas pesquisas sobre a extensão
da recepção no direito – privado, especialmente – dessa ou daquela fonte em termos
de ruptura ou continuidade.
Os artigos publicados na revista foram fonte riquíssima para uma tentativa de
apreensão do que significava ser jurista no final do século XIX, com que ele se
preocupava, com quem dialogava, que posições tomava frente às grandes questões
do direito privado? Obviamente, aqueles que escreviam para a revista eram uma
parcela expressiva mas ainda pequena dos juristas brasileiros – e, novamente,
esclarece-se que não era a publicação de artigos ou comentários na revista que
caracterizava o jurista, mas seu envolvimento e efetiva participação no debate
doutrinário brasileiro – mas, ainda assim uma importante parcela.
A variedade de temas e autores, a regularidade e periodicidade da publicação,
a existência de um diálogo interno entre os artigos da própria revista e externos, seja
com a jurisprudência ou textos de outros periódicos, além de sua independência
institucional, ao menos declarada, fez da Revista O Direito uma fonte bastante
fecunda para a análise desse período histórico.
Quanto ao método, não sem dificuldade, a sistematização em gráficos e em
tabelas dos resultados e a análise de conteúdo, permitiram a síntese e o cruzamento
dos dados obtidos, que não seria possível de outra forma. Somente assim, a
interpretação dos dados permitiu conhecer os juristas e o conteúdo de seus discursos.
Ainda que o estudo tenha apenas tangencialmente abordado outros
ambientes culturalmente diversos com América Latina, França e Alemanha, a análise
comparada dos modelos de juristas ibéricos e italianos serviu para localizar o Brasil
em um contexto de significativas mudanças no pensamento jurídico em escala maior.
Longe de buscar se explicar a parte pelo todo, analisar como a mesma problemática
se apresentava em outros povos se presta também para verificar o que de especial
ou excecional a cultura local carregava.
Essa especialidade e excepcionalidade pôde ser verificada no debate acerca
da escravidão do âmbito do Direito Civil, que evidenciou que o jurista, antes de se
posicionar perante a academia, a sociedade ou o mundo jurídico, tinha de resolver
internamente um conflito entre a autopreservação de seus privilégios ou a
231

preservação de tradições e interesses relacionados a ele. Nesse tema, o jurista


equilibrava seu discurso entre as tensões cotidianas, seus valores morais e ideais
sociais, e, a técnica e argumentação jurídicas.
Outro ponto importante foi ultrapassar a explicação da cultura jurídica apenas
pelo aspecto acadêmico, bastante disseminada ainda na historiografia
contemporânea. Ainda que o estudo jurídico tenha seminal importância para o estudo
da cultura jurídica, havia vida jurídica fora das faculdades de direito também. Essa
interpretação do bacharelismo, aqui contestada, falha em perceber que o fluxo de
influência entre a academia e as outras esferas jurídicas era recíproco e não
unidirecional.
Tudo isso teve de ser considerado na abstração necessária para a formatação
de um modelo de jurista brasileiro. Não é que não tenha havido um típico evolucionista
no Brasil ou um puro romântico, mas nesse período de tensão entre as diferentes
perspectivas teóricas no Brasil, promoviam um modelo de transição – imperfeita e
incompleta.
Talvez forçados por uma ampliação no número de atores sociais, antes
alheios ao mundo jurídico, que passaram a ter voz sobre o direito, os juristas tiveram
de se reposicionar.
Assim, tem-se um esboço do jurista nesse período de tensões que foi o último
quarto do século XIX no Brasil, no qual as tradições são ressignificadas em razão de
um Estado independente. Espera-que o aspecto humano como um pilar de
interpretação da cultura jurídica brasileira do período seja motivador de outras
inúmeras articulações historiográficas sejam possíveis.
232

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243

APÊNDICES

Ano Volume Título Autor Tema


1873 1º 1º Em que a locação de serviços Antonio Joaquim Civil
volume mercantil se distingue da civil? 2º Por Ribas
que leis se rege a locação de serviços
civil?
1873 1º Processo de Fallencia. Exame Critico. Olegario Herculano Comercial
volume d´Aquino e Castro
1873 1º Como se deve entender e pôr em Francisco Penal
volume pratica o casamento de que falla o Balthazar da
nosso Codigo Criminal nos arts. 219 á Silveira
225?
1873 1º É de lei, e é conveniente, que sejão João José do Administração
volume motivadas todas as sentenças. Monte Júnior da justiça
1873 1º Em todos os casos, salvo o de pena Tristão de Alencar Penal
volume ultima, para o qual exige-se Araripe
unanimidade, são precisos os dous
terços dos votos do conselho dos
Jurados para a imposição de pena.
1873 1º Serão os particulares obrigados á Francisco Administrativo
volume prestar qualquer compensação, Balthazar da
quando com os alinhamentos Silveira
traçados no plano da povoação,
ganhem augmentar o terreno de suas
propriedades?
1873 1º Não são permittidos pelo nosso direito João Damasceno Civil
volume os testamentos de mão comum e Pinto de Mendonça
reciprocos entre os conjuges.
1873 1º Escravos entre bens do evento. Francisco Civil
volume Balthazar da
Silveira
1873 1º 1º o conjuge catholico, divorciado, Antonio Joaquim Penal
volume que houver mudado de religião, póde, Ribas
segundo os ritos acatholicos,
contrahir novas núpcias que,
civilmente, validas sejão? 2º Neste
caso, o casamento acatholico póde
ser considerado como crime de
polygamia? 3º O pastor acatholico
que intervier em tal casamento,
commette algum crime? 4º
Conclusão.
1873 1º Locação de serviços civil. Aureliano de Souza Civil
volume e Oliveira
1873 1º Deve-se proceder ao sorteio de João José do Administração
volume jurados para completar o numero de Monte Júnior da justiça
48, quando algum dos primitivamente
sorteados fôr dispensado, ou por
qualquer causa esteja impossibilitado
de comparecer ás sessões do jury.
1873 1º 1º A cessão de uma execução, por João Damasceno Civil.
volume termo nos autos, em que não se Pinto de Mendonça Processo civil
declara o preço, é nulla? 2º A cessão
de uma execução, em que se póde
oppôr embargos infringentes do
julgado, é valiosa?
244

1873 1º Prisão preventiva dos Olegario Herculano Penal


volume Desembargadores. d´Aquino e Castro
1874 3º A fiança do leiloeiro e do corrector não Tristão de Alencar Comercial
volume tem a mesma extensão. A fiança do Araripe
corrector comprehende todos os
casos de responsabilidade do
afiançado; a fiança do leiloeiro,
porém, restringe-se ás multas.
1874 3º O perdão do offendido miseravel Antonio Ferreira Penal
volume isenta seu offensor das penas, não França
sendo o crime d'aquelles, em que
cabe acção publica?
1874 3º Arrolamento. Manoel Lopes da Civil
volume Cunha Maciel
1874 3º A instituição dos onus reaes só deve Antonio José Civil
volume ser transcripta para poder ser opposta Rodrigues Torres
aos credores hypothecarios. Netto
1874 3º 1ª É damnado o coito de mulher João Carlos de Canônico
volume soluta com homem casado, mas Oliva Maia
divorciado perpetuamente da sua
esposa adultera, e a prole d'elle
oriunda deve considerar-se
rigorosamente adulterina? 2ª O filho
ou filha nascido d'esse coito, succede,
ab intestato, ao pai ou mãi, que não
tem descendencia ou ascendencia
legitima, provando a sua filiação por
escriptura publica? 3ª O filho legitimo
de filha gerada de tal concubinato,
succede, ab intestato, á seus avós-pai
e mãi de sua mãi? 4ª Ao marido, nas
supra expostas condições, é
coarctada a liberdade de fazer
doacões ou deixar legado á sua
concubina?
1874 3º Discurso proferido na installação da Tristão de Alencar Administração
volume relação de S. Paulo, no dia 13 de Araripe da justiça
fevereiro de 1874, pelo seu
presidente.
1874 3º 1º A fiança definitiva está sujeita a M. Jorge Rodrigues Processo Penal
volume arbitramento? 2º A hypotheca, que
presta o fiador do Reo, póde ser
tomada por termo no livro das
fianças? 3º No caso negativo ao
precedente quesito, resulta algum
inconveniente pratico d´essa
impossibilidade?
1874 3º A nullidade estabelecida para os Tristão de Alencar Comercial
volume contractos celebrados nos 40 dias Araripe
anteriores á decretação da fallencia
comprehende todos os contractos
commerciaes, e não se restringe a
algumas especies. (Cod. Comm. art.
129 § 5º)
1874 3º 1º A nullidade estabelecida para os José Joaquim de Comercial
volume contractos celebrados nos 40 dias Oliveira Fonseca
anteriores á decretação da fallencia
comprehende todos os contractos
commerciaes. 2º Intelligencia dos
245

artigos 129 § 5º e 827 do Codigo


Commercial.
1874 3º É valida a hypotheca, que Manoel Martins Civil
volume comprehende só escravos, sendo Torres
posterior á publicação da Lei n. 1,237
de 24 de Setembro de 1864, porém
anterior ao regulamento, que baixou
para execução d'essa lei com o
Decreto n. 3,453 de 26 de Abril de
1865?
1874 3º 1º Nos julgamentos perante o Antonio Carneiro da Penal
volume Supremo Tribunal de Justiça, não se Rocha
póde admittir defensor espontaneo ao
Réo que não quer defender-se. 2º
Mas, admittindo-se-os, não se lhes
deve negar o direito de recusar
Juizes. 3º O Supremo Tribunal de
Justiça deve designar na sentença o
lugar em que o Réo deve cumprir a
pena, o qual deve ser dentro do
municipio e na maior proximidade
possivel do lugar do delicto.
1874 4º O foreiro tem a respeito do Paula Baptista Civil
volume subemphyteuta os mesmos direitos
que pertencem ao senhorio.
1874 4º Quaes as differenças em ordem, Joaquim Augusto Civil
volume caracteres e efeitos entre a simples de Camargo
incapacidade de succeder e a
incapacidade por indignidade?
1874 4º Os accionistas de uma companhia ou Tito Franco de Comercial
volume sociedade anonyma, são obrigados Almeida
em todo o tempo da vida da
companhia, ou á massa d'ella depois
de dissolvida pela fallencia, a
realizarem o valor das acções que
tomarão, embora conste dos
estatutos o seguinte artigo: « Os
accionistas, á proporção que se
fizerem as chamadas, pagarão suas
entradas, perdendo todas as que
tiverem pago e todos os direitos ás
suas acções, se não realizarem as
entradas até 30 dias depois de feitas
as respectivas chamadas, salvo
ausencia provada»? Dos termos do
referido artigo dos estatutos
evidencia-se o que em direito se diz –
comisso – e sem mais formalidade
alguma o accionista que deixou de
satisfazer á chamada dentro dos 30
dias, está desligado da companhia, e
esta com direito de emittir as acções
respectivas? Ha em direito distincção
entre accionistas remissos e
acionistas em commisso?
1874 4º Arrolamento das pequenas heranças Antonio Joaquim de Civil
volume no Juizo dos Orphãos. Macedo Soares
1874 4º A licitação é meio razoavel de corrigir José Luiz de Civil
volume as avaliações nos inventarios? Almeida Nogueira
246

1874 4º Em vista do art. 2º do Decreto n. 4,858 A. Colin Processo civil


volume de 30 de Dezembro de 1871, os
recursos necessarios, proferidos, em
casos de quebras, pelos Juizes
Municipaes nas Comarcas geraes,
devem ser interpostos para os Juizes
de Direito, ou para as Relações?
1874 4º Successao de filhos naturaes. Lafayette Civil
volume Rodrigues Pereira
1874 4º Dada a consolidação por commisso e Antônio Herculano Civil
volume ao mesmo tempo o adimplemento de de Sousa Bandeira
uma hypotheca sobre terreno foreiro, Filho
deve o credor hypothecario ser
preferido ao senhorio.
1874 4º Nas Comarcas geraes os Juizes João Gomes Comercial
volume Minicipaes são os competentes para Ribeiro Junior
proferir as decisões de abertura de
fallencia.
1874 4º Os sobrinhos, filhos de irmãos Antonio Pereira Civil
volume predefuntos co-herdão a seus tios por Rebouças
direito proprio e in capita, não in
stirpes por privilegio ou ficção do
direito de representação, com quando
concorrem com tios sobreviventes ao
irmão, de cuja herança se trata.
1874 4º Crime commettido por soldado. Qual Francisco Penal
volume o foro? Parecer do conselheiro Balthazar da
presidente da Relação de Silveira
Pernambuco
1874 5º Das nullidades e seus effeitos em Olegario Herculano Penal
volume geral, e especialmente da falta de d´Aquino e Castro
curador ao réo escravo. Intelligencia
dos arts. 301 do Cod. do Proc. Crim.
e 6º da Lei de 18 de Setembro do
1828.
1874 5º A theoria da cumplicidade, adoptada Antônio Herculano Penal
volume pelos arts. 5º e 6º do Cod. Criminal, é de Sousa Bandeira
conforme aos principios da sciencia Filho
do direito penal?
1874 5º As sentenças nas acções civeis de João Damasceno Processo civil
volume valor até 500$000 serão Pinto de Mendonça
embargaveis?
1874 5º Ferimentos. Intelligencia dos artigos Thomaz Garcez Penal
volume 201 a 205 do Codigo Criminal. Paranhos
Montenegro
1874 5º Prescripções de obrigações Antonio Joaquim Comercial
volume Commerciaes. 1º Quando são Ribas
exequiveis as facturas, ou contas de
venda? 2º Quando começa a correr o
prazo para prescripção das contas
correntes, ou contas de venda? 3º
Qual a prescripção dessas contas
quando ha a estipulação de prazo e
de juros. 4º Como se opera a
interrupção da prescripção?
1874 5º Julgamento dos bispos. Foi legal a Tristão de Alencar Civil
volume condemnação dos bispos de Olinda e Araripe
do Pará, e elles não podem continuar
a desempenhar no Brazil o múnus
episcopal.
247

1874 5º Os fiadores commerciaes gozam do Luiz de Souza da Comercial


volume beneficio de ordem? Silveira
1874 5º A reforma hypothecaria e os creditos Antônio Herculano Comercial
volume privilegiados. de Sousa Bandeira
Filho
1874 5º Pode a autoridade administrativa, em Aristides Spinola Internacional
volume face do direito patrio, suscitar conflicto
sobre uma questão a respeito da qual
já a autoridade judiciaria deu uma
sentença que passou em julgado?
1874 5º Para escrever no processo os Francisco Luiz Administração
volume fundamentos de sua convicção Correa de Andrade da justiça
contraria á decisão do jury tem o juiz
de direito ou desembargador
presidente do tribunal um praso fatal?
Mormente com relação á seu
substituto ou successor, no caso de
molestia, impedimento ou remoção,
deve o praso ser contado da
interposição ou da conclusão dos
autos?
1874 5º Da conciliação no cível e no Antonio Joaquim Comercial. Civil
volume commercial. I Da conciliação em Ribas
geral. II Limites da these
constitucional relativa á conciliação.
III Quando não deve ter lugar a
conciliação por incapacidade das
partes. IV Quando ella não deve ter
lugar pela natureza da cousa. V
Quando se pode pospor á propositura
da acção.
1874 5º Nas comarcas especiaes os juizes de João de Carvalho Penal
volume direito não tem competencia para o Fernandes Vieira
preparo dos processos dos crimes
policiaes.
1874 5º Não pode o presidente do Jury, sob A. de Paula Ramos Penal
volume pena de nullidade, separar por Junior
decisão sua, o julgamento de réos
presos, processados e pronunciados
pelo mesmo delicto. A separação é
direito exclusivo das partes.
1874 5º Substituição reciproca dos juízes Luiz Ferreira Maciel Administração
volume substitutos Pinheiro da justiça
1874 5º A testemunha, que, não pertencendo Francisco Luiz Processo Penal
volume á seita que prohiba o juramento, e se Correa de Andrade
não achando nos casos em que não
deve ser elle deferido se nega á jurar,
ou a depor, incorre nas penas do art.
128 do Cod.
Criminal? No caso affirmativo, estas
penas devem ser impostas
administrativamente, sem fórma e
figura de juizo, ou judicialmente, isto
é, por meio de processo?
1874 5º O novo regimento das custas Antonio Joaquim de Administração
volume judiciarias. Macedo Soares da justiça
1874 5º Que pena se deve applicar ao Firmino Estevão Penal
volume individuo que commetteu um delicto Pinheiro
com discernimento, sendo menor de
248

14 annos, porem foi julgado tendo


mais de 17 annos de idade?
1874 5º O art. 302 do Cod. Criminal ante o art. Antonio Francisco Penal
volume 21 § 1º da Lei n. 2033 de 20 de Ribeiro
Setembro de 1871, interpretativo do
art. 264 § 4º do mesmo Codigo
Criminal.
1874 5º Intelligencia do art. 68 § 1º do Decreto Luiz Ferreira Maciel Administração
volume n. 4824 de 22 de Novembro de 1871. Pinheiro da justiça
1874 5º Nullidade de testamento. Summario: Lafayette Civil
volume Os termos da questão. I. A questão Rodrigues Pereira
diante da lei. II. Intelligencia logica da
lei. III. Opinião dos paxistas. IV.
Legislação comparada. V. Uma
objeção. VI. Podem as ommissões do
instrumento de aprovação ser
supridas por prova testemunhal? VII.
Favor das sucessões legitimas. VIII.
Natureza das solemnidades externas
dos testamentos.
1875 6º Reforma Judiciaria. Inqueritos Olegario Herculano Penal
volume Policiaes. d´Aquino e Castro
1875 6º Direito Internacional. I. O governo de Antonio Joaquim Internacional
volume um estado é responsavel para com os Ribas
governos dos outros estados pelos
prejuizos causados aos súbditos
destes pelas sentenças do poder
iudiciario manifestamente contrarias
ás leis? II. Que responsabilidade tem
os magistrados que proferirem taes
sentenças? III. Passadas em julgado
essas sentenças, que recurso resta
aos estrangeiros, por ellas feridos em
seus direitos. IV. Que valor tem um
parecer do Conselho de Estado ou de
uma de suas secções, reconhecendo
a manifesta illegalidade de taes
sentenças.
1875 6º A constituição da família, segundo o João Pereira Civil
volume direito patrio, conforma-se com os Monteiro
principios reguladores do direito
privado?
1875 6º Imposto de 2 % sobre o monte-mór Antonio Joaquim de Tributário
volume das heranças, na província do Macedo Soares
Paraná.
1875 6º A acção rescisoria não póde ser Tristão de Alencar Civil. Processo
volume indistinctamente admittida no nosso Araripe civil
processo civil.
1875 6º Prisão por custas. Olegario Herculano Civil
volume d´Aquino e Castro
1875 6º Prisão por custas. Antonio Pereira Civil
volume Rebouças
1875 6º Tratamento dos procuradores da Luiz Francisco da Administração
volume corôa. Camara Leal da Justiça
1875 6º O peculio do escravo póde José Luiz de Civil
volume comprehender doações ou legados Almeida Nogueira
que tenham por objecto outros
escravos?
249

1875 6º Nas comarcas geraes o despacho de Carlos Honorio Processo civil


volume abertura de fallencia compete aos Benedicto Ottoni
Juizes de Direito, ou aos Juizes
Municipaes?
1875 6º É de dez dias a dilação nas causas Carlos Honorio Comercial
volume summarias de 100$ até 500$000. Benedicto Ottoni
1875 6º A nullidade de processo perante o Gabriel Caetano Penal
volume Jury, por não ter a verificação das Guimarães Alvim
cédulas sido feita pessoalmente pelo
proprio Juiz de Direito, carece de
reconsideração.
1875 6º Ferimentos. Intelligencia dos arts. 201 Lydio Mariano de Penal
volume a 205 do Codigo Criminal. Albuquerque
1875 6º Ferimentos. Intelligencia do art. 205 José Cardoso da Penal
volume do Codigo Criminal. Cunha
1875 6º Intelligencia do artigo 332 do Codigo José Jorge Penal
volume de Processo, com relação ao Paranhos da Silva
reconhecimento da justificativa da
defesa, por 6 votos.
1875 6º Sobre o arbitrio nas prisões. José Cardoso da Penal
volume Cunha
1875 6º Dos embargos ás sentenças na 1ª e Antonio Joaquim Processo civil
volume 2ª instancia Ribas
1875 6º Faculdade que tem o Governo para Francisco Administrativo
volume desapropriar, e impedir derrubadas Balthazar da
de mattas. Silveira
1875 6º A reforma judiciaria. Leonidas Administração
volume Marcondes de da justiça.
Toledo Lessa Constitucional.
1875 6º Nos recursos ex-officio interpostos, Sebastião Cardoso Penal
volume quer nos crimes de responsabilidade,
quer nos crimes comuns, não ha
necessidade de segundo recurso do
recorrido?
1875 6º O despacho de deliberação de José Angelo Civil
volume partilha não póde ser da competencia
do juiz preparador.
1875 6º Locação de serviços Aureliano de Souza Civil
volume e Oliveira
1875 6º O decreto de 2 de Maio de 1874. Anônimo (***) Administração
volume Pública.
1875 6º A decisão da incompetencia opposta Felix de Bulhões Civil
volume ao Juiz Municipal no processo das
causas civeis excedentes de sua
alçada, pertence ao Juiz de Direito.
1875 6º A falta de entrega do deposito civil Tristão de Alencar Penal
volume não sujeita o depositario á prisão, mas Araripe
sim ao processo criminal.
1875 6º 1º O auto de corpo de delicto póde ser João Salomé Penal
volume alterado pelo Subdelegado, que o Queiroga
preside, mandando ao Escrivão
accreseentar nelle cousas
essencialmente contrarias ao que
disseram os peritos? 2º Um tal
accrescimo deve ser reputado -
excesso de zelo pela justiça?
1875 6º Em um só processo póde ser Francisco Luiz Penal
volume promovida a accusação dos autores e Correa de Andrade
complices de crimes meramente
particulares, em que, feito o desconto
250

legal da terça parte da pena, podem


os complices prestar fiança, não
tendo sido elles presos em flagrante,
e ainda que seja o offendido pessoa
miseravel?
1875 7º Reforma Judiciária. Fiança Provisória. Olegario Herculano Penal
volume d´Aquino e Castro
1875 7º O depositario judicial, que não Aniceto de Souza Civil
volume entrega o deposito, depois de Pinto e Barros
intimado, está sujeito á pena civil de
prisão?
1875 7º E' nullo e de nenhum effeito o aceite Leonidas Comercial
volume escripto e invalidado pelo -sacado, Marcondes de
ausente o portador. Toledo Lessa
1875 7º GARANTIA DE PROPRIEDADE. A. O. Gomes de Penal
volume PARECER DA COMMISSÃO DE Castro.
JUSTIÇA CRIMINAL, DA CAMARA H. de A. Pereira da
DOS SRS. DEPUTADOS. Graça.
Henrique Jorge
Rebello
1875 7º CLASSIFICAÇÃO DE ESCRAVOS. S. Lima Civil
volume
1875 7º Interpretação consultiva do art. 332 do José Jorge Processo Civil
volume Codigo do Processo. Paranhos Da Silva
1875 7º Classificação do crime dos quebra- Luiz Ferreira Maciel Penal
volume kilos Pinheiro
1875 7º 1º Em toda e qualquer causa de valor Caetano José de Administração
volume até 500$000 as custas são pagas por Andrade Pinto da justiça
ametade.
2º Os Advogados não podem
contractar a quota-litis, clausula
prohibida em direito.
3.0 Nas acções hypothecarias as
custas judiciarias são contadas pelo
regimento de 1855.
CONSULTA.
1875 7º Dos Embargos ás Sentenças na 1ª e Antonio Joaquim Processo civil
volume 2ª Instancia (continuação do 6º Ribas
volume)
1875 7º 1. Inconvenientes inherentes ao A. A. M. Administração
volume actual modo de pagarem-se os (anônimo) da justiça
emolumentos devidos aos
funccionarios da Justiça. 2. Discussão
e rejeição dos alvitres que tem sido
lembrados para obviar esses
inconvenientes. 3. Medida que se
reputa aceitavel ; os emolumentos
devem ser pagos por meio de
estampilha. 4. Modo pratico de
realisar-se essa idéa.
1875 7º Nas acções executivas tem lugar a Brasilio Augusto Processo civil
volume suspeição do Juiz? Machado de
Oliveira
1875 7º Interpretação do art. 344 do Ernesto Pinto Penal
volume Regulamento n. 120 de 31 de Janeiro Lobão Cedro
de 1842.
1875 7º O Juiz de Direito póde mandar o A. Elysio de Castro Penal
volume Promotor dar denuncia, ainda Fonseca
tratando-se de crimes publicos ou
inafiançaveis?
251

1875 7º É injuriosa a imputação vaga, sem Francisco Ferreira Penal


volume factos especificados, que póde Corrêa
prejudicar a reputação do Juiz?
1875 7º Art. 332 do Codigo do Processo, S. Lima Processo Penal
volume restabelecido pelo art. 29 § 1º da Lei
n. 2,033 de 20 de Setembro de 1871.
1875 7º Discussão no conflicto de attribuições João Theodoro Administrativo
volume levantado pelo Presidente da Xavier
provincia de S. Paulo, com referencia
ao embargo de obra nova feito no
edificio destinado á Escola Normal.
1875 7º A mulher viuva quinquagenaria que Francisco Alves Civil
volume tem um ou mais descendentes Branco
successiveis, passando a segundas
nupcias, torna-se meeira na
totalidade dos bens do marido, ou
exclusivamente na terça?
1875 7º Os Juizes Municipaes podem José Calandrini de Penal
volume reformar os seus despachos de Azevedo
pronuncia ou não pronuncia,
interpostos ex-officio?
1875 7º 1º Póde o Juiz processante reformar R. S. Paes de Penal
volume o seu despacho, no caso de recurso? Andrade
2º A tentativa de peita é punivel?
1875 7º Os estrangeiros pódem ser Antonio Joaquim Civil
volume nomeados tutores ou curadores? Ribas
1875 7º O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Civil
volume Carneiro de
Campos
1875 7º O perdão do offendido miseravel Manoel Ildefonso Penal
volume exime o réo da pena? De Souza Lima
1875 7º Quando a injuria constitue crime de Francisco Ferreira Penal
volume responsabilidade? Corrêa
1875 7º Ferimentos. Intelligencia dos arts. 201 Sergio Lopes Penal
volume á 205 do Codigo Criminal. (referência
a artigos anteriores)
1875 7º O direito de marca para as Tristão de Alencar Penal
volume mercadorias aos negociantes e para Araripe
os produtos industriaes está
devidamente garantido pela actual
legislação brazileira.
1875 7º Discurso pronunciado por occasião Joaquim Ignacio
volume da installação do Instituto dos Ramalho
Advogados de S. Paulo, pelo seu
Presidente.
1875 7º O despacho que obriga assignar Joaquim Alves Civil
volume termo de tutela tem a pena de prisão. Carneiro de
Até quando se estende a prisão? O Campos
despacho que obriga assignar termo
é appellavel.
1875 8º Da natureza da posse. I Bibliographia. Antonio Joaquim Civil
volume II Noção fundamental da posse. Ribas
1875 8º Os crimes do art. 19 da Lei n. 2,038 Antonio Carneiro Penal
volume de 20 de Setembro de 1871 Da Rocha
1875 8º Preparo Das Partilhas (resposta ao Joaquim Alves Civil
volume artigo de 15 de março n’O Direito de Carneiro de
José Angelo) Campos
1875 8º 1º É valida a doação feita por mulher Manoel Martins Civil
volume casada á um filho sem intervenção do Torres
marido?
252

2º Não sendo, é de mistér sentença


que declare nulla a doação?
1875 8º DA POSSE. Antonio Joaquim Civil
volume III. Do direito de posse Ribas
IV. Dos elementos essenciaes da
posse. (continuação da página 5).
1875 8º QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Civil
volume 1º São elles objecto de partilha? Balthazar da
2º Quem deve preferir na Silveira
exhumação?
3º Em que Juízo deve correr qualquer
opposição?
1875 8º Que recurso tem os réos, que forem Sebastião Cardoso Penal
volume presos, depois de confirmados pelos
Juízes de Direito os despachos de
pronuncia proferidos pelos Juízos
Municipais?
1875 8º Qual o Juiz competente nas comarcas Manoel Antonio Administração
volume geraes para assignar os alvarás de Duarte de Azevedo da justiça
supprimento do consentimento de -Sr. Presidente da
idade, os de supprimento do província do Rio de
consentimento paterno para Janeiro
casamento, e as cartas de liberdade
obtidas pelos escravos por meio de
seus pecúlios?
CONSULTA DO JUIZ MUNICIPAL
DE NOVA-FRIBURGO.
1875 8º Nos cazos de morte, ferimentos, ou Tristão de Alencar Penal
volume ofensas fizicas, quando estes cazos Araripe
acontecerem por impericia,
imprudencia, ou falta de observância
de algum regulamento, o julgamento
é sempre da competência do Juri, e o
juiz processante deve, da sua decizao
nu summario, dar recurso voluntario
as partes, ou interpôr o recurso
necessario, conforme no cazo couber.
1875 8º 1º A venda, ou alheação da couza Tertuliano Penal
volume furtada, é estellionato? Henriques
2º O destino dado a cousa furtada
altera a natureza do delicto?
1875 8º Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Civil
volume Carneiro De
Campos
1875 8º Todos os direitos essenciaes, ou Luiz de Souza da Constitucional
volume garantias politicas do cidadão, devem Silveira
ser consagrados no pacto
fundamental?
1875 8º Os Juizes de Direito são, Olegario Herculano Administração
volume competentes para nomearem d´Aquino e Castro da justiça
solicitadores provisorios, quando haja
em sua comarca provisionados pelo
Presidente da respectiva Relação,
independente de exame de
suficiência.
CONSULTA DO DR. JUIZ DE
DIREITO DA COMARCA DE CAMPO
LARGO (PARANÁ)
1875 8º DA POSSE Antonio Joaquim Civil
volume V. Dos efeitos da posse. Ribas
253

VI. Da posse successiva e


simultanea.
(Continuação da pag. 217 ).
1875 8º A Theoria da divisibilidade e Joaquim Augusto Civil
volume indivisibilidade das cousas serve de de Camargo
fundamento á doutrina sobre a
divisibilidade e indivisibilidade das
obrigações?
1875 8º APPELLAÇÃO NO CRIME. Está em Candido Augusto Penal
volume seu inteiro vigor o art. 451 do Pereira Franco
Regulamento n. 120 de 31 de Janeiro
de 1842.
1875 8º PRESCRIPÇÃO. O estellionato não é José Christiano Penal
volume delicto successivo. Stokler de Lima
1875 8º Tem lugar o recurso de habeas- Antonio Lopes Da Penal
volume corpus, quando os Juizes punirem Silva Barros
seus Officiaes ommissos, ou as
testemunhas que desobedecerem ás
suas notificações, com prisão que não
passe de cinco dias? Intelligencia do
art. 212 do Cod. do Proc. Crim.
1876 9º Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Civil
Volume Freitas
1876 9º A resistencia opposta á execução de Alfredo Ernesto Vaz Direito de
Volume ordens ilegaes, uma vez que se não de Oliveira resistência.
excedam os meios necessarios para
impedil-a, é um direito ou uma simples
permissão?
1876 9º A falta de rubrica do Juiz de Direito no Tertuliano Processo Civil.
Volume termo da veridição das células Henriques
importa nullidade do julgamento?
1876 9º DIREITO PUBLICO. Luiz de Souza da Administrativo
Volume O poder político é de direito divino ou Silveira
de direito humano?
1876 9º No aggravo de petição pode dar-se Aristides Spinola Processo civil
Volume vista dos autos o agravado.
1876 9º O Aviso de 27 de Outubro do corrente Annibal Frederico Civil
Volume anno comprehende somente o caso Fernandes Da
da concessão ou denegação de Cunha Rocha
licença para o casamento do menor,
supprido o consentimento do pai ou
tutor.
1876 9º Crimes de ajuntamentos illicitos, Antonio Augusto Penal
Volume vadiação e uso de armas prohibidas. Ribeiro de Almeida
1876 9º Em que a locação do serviços Augusto Teixeira de Civil
Volume mercantil se-distingue da civil ? Freitas
1876 9º 1.º Conflicto de attribuições levantado João Theodoro Administrativo
Volume pela Presidencla de Xavier
S. Paulo. 2.º Questões sobre o
contencioso administrativo provincial
CONFLICTO DE ATTRIBUIÇOES.
1876 9º ACÇÁO RESCISORIA Francisco Comercial
Volume Balthazar da
Silveira
1876 9º 1.. Nullidade do feito, em que não Francisco Ferreira Penal
Volume consta haver-Ie intentado o meio Corrêa
conciliatorio ; .
2. É' expressamente vedado aos
Promotores pUblicos aceitarem o
patrocinio das partes nas causas
254

civeis, que possão afinal tomar o


caracter crime;
3 . Impossibilidade legal de litigar o
marido sobre bens de raiz, seja autor
ou réo, sem outhorga da mulher.
1876 9º Inventariante incorre na sancção do J. V. Ferreira Alves Penal
volume art. 264 § 10 do Codigo Criminal,
quando vende bens do acervo, além
dos que lhe podia locar em partilha·?
1876 9º SUBSTITUIÇÃO Augusto Teixeira Civil
Volume FIDEICOMMISSARIA (continuação) De Freitas
1876 9º DA POSSE Antonio Joaquim Civil
volume Ribas
1876 9º (RETROSPECTO) Augusto Teixeira Comercial
volume Porque leis se-rege a locação de De Freitas
serviços civil?
1876 9º As construcções e bemfeitorias João Damasceno Civil
volume (immoveis) em terreno alheio não Pinto De Mendonça
podem por si sós ser objecto de
hypotbeca.
1876 9º EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira Civil
volume De Freitas
1876 9º Competencia para julgamento dos Tertuliano Penal
volume crimes do art. 19 da Lei Henriques
n. 2,033 de 20 de Setembro de 1871
1876 9º 1. ° Ausente o réo menor de 14 annos Joaquim Augusto Penal
volume poderá o Juiz na formação da culpa Teixeira Alves
conhecida menoridade como motivo
de imputabilidade'
2, ° Poderá o Juiz no summario da
formação da culpa, no caso de se
provar ter o réo menor de quatorze
annos obrado com discernimento,
applicar a medida correccional do art.
13 do Codigo Criminal?
1876 9º 1.º Os Juizes de Direito, que nas Annibal Frederico Processo Civil.
volume comarcas geraes julgão as partilhas Fernandes Da
excedentes a 500$. podem nas Cunha Rocha
sentenças de julgamento alterar em
todos os casos essas partilhas. ou
mandal·as alterar?
2.° Intelligencia do Avisn de 11 de
Agosto de 1874.
1876 9º (RETROSPECTO) Augusto Teixeira Civil
volume LIBERTAÇÃO DO VENTRE De Freitas
1876 9º DO RECURSO DE AGGRAVO NA Antonio Joaquim Processo Civil
volume ACÇÃO DE DESPEJO. De Macedo Soares
Interpretação do art. 15,830, 2a parte
do Reg. n. 143 de 15 de
Março de 1842.
1876 9º FLAGRANTE DELICTO. Carlos Honorio Penal
volume o Juiz, presidente do jury, pó de e Benedicto Ottoni
deve propôr aos jurados os
factos constitutivos do flagrante
delicto?
1876 9º O escravo condemnado á pena José Rubino De Penal
volume ultima, sendo perdoado pelo Po Oliveira
der Moderador, permanece na
condição de escravo, ou considera
se pessoa livre?
255

1876 9º SUBSTITUIÇÃO Augusto Teixeira Civil


volume FIDEICOMMISSARIA De Freitas
1876 9º O herdeiro que prefere ficar com os João Evangelista Civil
volume bens, que recebeu em dote, Sayão De Bulhões
nào está obrigado á collação ? Carvalho
1876 10º Retrospecto. Apólices da dívida Augusto Teixeira Civil
Volume pública De Freitas
1876 10º Como tem lugar o crime de rebelião? José da Silva Costa Penal
Volume -Até que ponto conserva elle esse
nome?-O que são cabeças "-Porque
não compreendeu o legislador nos
fins deste crime os arts. 93 á 97? -
Propriedade da pena applicada ou
determinada para este crime.
1876 10º E' razoavel a responsabilidade de Affonso Augusto Comercial
Volume terceiro, por conta de quem se saca a Moreira Penna
letra de cambio, imposta pelo art. 367
do Codigo Commercial?
Será ella tratada pela mesma acção
decendiaria, ou por acção ordinaria?
1876 10º Sobre quem recebem os impostos José Rubino De Administrativo/
Volume lançados sobre os gêneros Oliveira tributário
produzidos e consumidos no paiz?
É sobre o productor ou sobre o
consumidor?
O que succede quanto aos generos
importados e exportados?
1876 10º 1º Embargo ou arresto. -Suas Luiz Francisco da Processo Civil
Volume condições.-Em que casos tem lugar. Camara Leal
2º Justificações. - Suas especies.-
Juizo competente para nelle se
fazerem.
3º Distincção entre as sentenças
civeis.
1876 10º (Retrospecto) Alçadas Augusto Teixeira Processo Civil
Volume De Freitas
1876 10º 1º Qual o prazo legal para a Luiz Francisco Da Processo Civil
Volume apresentação dos embargos ao Camara Leal
acordão em causa civel ? .
2º Não sendo apresentados no prazo
legal, e não havendo a parte contraria
(o vencedor) requerido cousa alguma
em opposição, devem ou não ser
cobrados os autos com os embargos,
e estes
admittidos á discussão pelo Juiz
relator?
1876 10º Ferimentos involuntarios podem ser Carlos Honorio Penal
Volume da competencia do jury ? Benedicto Ottoni
1876 10º Os Juizes substitutos, no exercicio da J. N. Tolentino de Administração
Volume jurisdicção parcial, podem proferir carvalho da justiça
despachos em que caiba aggravo
1876 10º O escravo condemnado á pena Joaquim Augusto Penal
Volume ultima, ou pena perpetua, sendo Ferreira Alves
perdoado pelo Poder Moderador,
permanece na condição de escravo,
ou considera -se pessoa livre?
1876 10º O que é carta testemunhavel, quando Luiz Francisco Da Processo civil
Volume tem lugar, e de que modo. Camara Leal
256

1876 10º Tem lugar o procedimento officiaI Ferreira Alves Penal


Volume contra os criminosos por tentativas ou
complicidades de crimes
inafiançaveis, quando taes tentativas
ou complicidades são punidas no
maximo com penas que admitlem
fiança?
1876 10º Nas sédes das commarcas as Francisco Xavier Administrativo
Volume nomeações interinas para officios de Pinto Lima
Justiça competem aos Juizes de
Direito.
CONSULTA Do Juiz de Direito,
Antonio Augusto Ribeiro de Almeida.
1876 10º Retrospecto. Alçadas (continuação da Augusto Teixeira Processo Civil
Volume pág. 198. Vol X) De Freitas
1876 10º Processo de supprimento do Antonio Pereira Processo Civil
Volume consenso paterno para a celebração Rebouças
das pretendidas núpcias
1876 10º 1º Qual o prazo para a apresentação Luiz Francisco Da Processo Civil
Volume dos embargos ao acordão em causa Camara Leal
civel?
2º Não sendo apresentado no prazo
legal, e não havendo a parte contraria
(o vencedor) requerido causa alguma
em opposição, devem ou não ser
cobrados os autos com os embargos,
e estes
admittidos á discussão pelo Juiz
relator?
(nota nossa: artigo do mesmo autor
publicado no mesmo volume, o qual
teve resposta discordante de
Henriques, importante introdução do
texto)
1876 10º 1º o sentenciado á prisão simples em Tertuliano Penal
Volume crime afiançavel, appellando da Henriques
sentença condemnatoria, póde
prestar fiança?
2º O art. 14 § 60 da Lei n. 2033 de 20
de Setembro de 1871 alterou,
modificou, ou revogou a disposição do
art. 83 da Lei de 3 de Dezembro de
1841, e arts. 414 e 450 do Reg. n. 120
de 31 de
Janeiro de 1842?
1876 10º É valido o pacto, em que a mulher dá Aprigio Justiniano Civil
Volume ao marido o direito de succeder em Da Silva Guimarães
seu dote, se ella não tiver herdeiros
necessarios?
1876 10º DO RECURSO DE AGGRAVO NA Antonio Joaquim Processo Civil
Volume ACÇÃO DE DESPEJO De Macedo Soares
A disposição do § 3º (2ª parte) do art.
15 do Regul. de 15 de Março de 1842,
só se refere aos despachos tendentes
aos embargos oppostos na
execução.-(Acc, da Relaç. da Côrte
de 17 de Julho de 1868)
1876 10º Em que se funda o principio da João Capistrano Internacional
Volume inviolabilidade e exterritoriedade dos Bandeira De Mello
Filho
257

ministros publicos, e qual a extensão


destas immunidades?
1876 10º Os Presidentes das juntas parochiaes José Marcelino De Administrativo
Volume e municipaes devem exhibir o livro da Souza
qualificação, nos intervallos das
reuniões das ditas juntas, sempre que
receberem, de autoridade
competente, requisição nesse
sentido, para se verificar, por meio de
exame, á requerimento de qualquer
cidadão, ou do Promotor Publico, a
exactidão do alistamento affixado nos
lugares publicos e extrahido do dito
livro, comparando-o com este.
1876 10º O Promotor Publico póde dar Luiz Francisco Da Administração
Volume denuncia contra o Juiz de Direito? Camara Leal da justiça
1876 10º O réo escravo, condemnado pelo jury José Ignacio Penal
Volume como incurso no art. 269 do Codigo Gomes Guimarães
Criminal, deve soffrer somente a pena
de galés, ou deve ser addcionada á
esta a de açoutes, em virtude do
disposto na ultima parte dos arts. 272
e 60 do mesmo Codigo?
1876 10º DA POSSE. § 8º - Posse justa e Antonio Joaquim Civil
Volume injusta. Ribas
(Continuação da pag. 417 do 9º
volume).
1876 10º Nas acções executivas tem lugar a Carlos Leoncio Da Administração
Volume suspeição do Juiz? Silva Carvalho da justiça
1876 10º 1º Qual é o prazo para a Tertuliano Processo civil
Volume apresentação dos embargos ao Henriques
acordão em causa civel?
2º Não sendo apresentados os
embargos no prazo legal, sem que a
parte (contraria vencedora) requeira
cousa alguma em opposição, devem
ou não ser cobrados os autos com os
embargos e estes admitidos á
discussão pelo juiz relator?
(resposta ao artigo no volume 10 com
mesma epígrafe de Sr.
Desembargador Procurador da Corôa
Luiz Francisco da Camara Leal)
1876 10º Devem os Escrivães de appellações Luiz Francisco Da Processo Penal
Volume extrahir sentenças dos processos Camara Leal
crimes quando os réos teem sido
condemnados á prisão ou pena
pecuniaria, pelo jury, e a Relação do
districto, na appelllção, tem deixado
subsistente essa condemnação?
1876 10º A prescripção é de Direito Natural? João Alfredo Direito natural
Volume Corrêa D'oliveira
Andrade
1876 10º 1º AIIegando o pronunciado por crime Luiz Francisco Da Penal
Volume inafiançavel prescripção deste, Camara Leal
quando o processo ja tem passado
para o Juizo preparador dos
processos para o jury, á que Juiz
compete conhecer della em
258

1ª instancia,-ao Juiz municipal ou ao


de Direito?
2º Sendo o réo absolvido por
procedencia de tal aIlegação, e tendo
sido o processo instaurado ex·officio,
quem deve ser condemnado nas
custas?
3º Tendo sido condemnado nas
custas o cofre da municipalidade, tem
ou não legitimidade de parte o
Promotor Publico pára appellar da
sentença no interesse da Camara
Municipal?
1876 10º Analyse do Decreto n. 5933 de 24 de José Candido De Administração
Volume Março de 1873 e Aviso de 11 de Maio Azevedo Marques da justiça
de 1876, relativos ás substituições
dos Juizes de Direito das comarcas
especiaes.
1876 10º A circumstancia aggravante da noite Francisco Teixeira Penal
Volume não depende da intenção do De Sá
delinquente
1876 10º Casamento mixto celebrado sem as Francisco de Mello Civil.
Volume formalidades do concilio de C. De Vilhena Internacional
Trento' e não revalidado.
(1) NOTA DO EDITOR: O trabalho
que aqui transcrevemos foi-nos
offerecido por um distincto
magistrado, apreciador do grande
merito do erudito advogado que o
elaborou; por ser trabalho feito em
autos não perde o caracter de
doutrinario, que alias o distingue, e
nos determinou a inseri-lo n’esta
secção da Revista. JOÃO DO
MONTE.
1876 11º Incapacidade Dos Loucos* Augusto Teixeira Civil
Volume De Freitas
1876 11º Dos inconvenientes do actual modo Antonio Joaquim Administração
Volume de votação dos tribunaes de justiça De Macedo Soares da justiça
1876 11º Os processos crimes de acção Luiz Francisco Da Penal
Volume meramente particular devem ou não Camara Leal
ser submettidos á julgamento no
tribunal da Relação, havendo demora
ou omissão das partes quanto ao
preparo delles?
1876 11º A inviolabilidade do segredo das Aprigio Justiniano Constitucional
Volume cartas, consagrada no § 27 do art. Da Silva Guimarães
179, é absoluta, ou sujeita a alguma
restricção ? DISSERTAÇÃO
1876 11º Competencia em materia criminal José Rubino De Penal
Volume Oliveira
1876 11º E' justa a disposição do art. 274 do Francisco Pinto Penal
Volume Cod. Pen. mandando punir a tentativa Pessoa
do crime de roubo com a mesma pena
deste crime
1876 11º O julgamento do capital fixo, sem Antonio Coelho Economia
Volume accrescimo do circulante, Importará Rodrigues
augmento de riqueza?
1876 11º 1º O sentenciado á prisão simples em J. V. Ferreira Alves Penal
Volume crime afiançavel, appellando da
259

sentença condemnatoria, póde


prestar fiança?
2º O art. 14 § 6º da Lei n. 2033 de 20
de Setembro de 1871 alterou,
modificou, ou revogou a disposição do
art. 83 da Lei de 8 de Dezembro de
1841, e arts. 414 e 450 do Regul. N.
120 de 81 de Janeiro de 1842?
(resposta a artigo de Tertuliano
Henriques, vol 10)
1876 11º Despejo. - Distincções quanto aos Luiz Francisco Da Civil
Volume embargos a ella oppostos, e effeitos Camara Leal
destes.
1876 11º DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da Antonio Joaquim Civil
Volume posse. (Continuação da pag. 641 do Ribas
10º volume).
1876 11º DIREITO CONSTITUCIONAL. Lição João Theodoro Constitucional
Volume Academica, analysando o art. 101 § Xavier
8º da Constituição
1876 11º Competencia para conhecer dos Luiz Francisco Da Penal
Volume factos de que trata a 2ª parte do art. Camara Leal
19 da Lei n. 2033 de 20 de Setembro
de 1871, isto é, ferimentos ou
offensas physiclls feitas por impericia,
imprudência ou falta de observancia
de algum regulamento.
1876 11º A Relação pôde reformar a sentença Tertuliano Processo Civil
Volume na parte em que não tenha sido Henriques
appellada ?
1876 11º Sem reforma constitucional não há lei Luiz Ferreira Maciel Constitucional
Volume eleitoral que regenere o systema Pinheiro
representativo no Brazil
1876 11º REFORMA JUDICIARIA Olegario Herculano Processo Civil
Volume AGGRAVO NO AUTO DO D´Aquino E Castro
PROCESSO
1876 11º Podem ser processados pelo Chefe Tristão De Alencar Penal
Volume de Policia os crimes, de que tracta o Araripe
art. 10 da Lei de 2 de Julho de 1850,
no caso expecional do art. 60 do
regulamento de 81 de Janeiro de
1842?
1876 11º Dado que um réo chame para seu Luiz Francisco Da Penal
Volume Advogado ou Procurador no jury á Camara Leal
pessoa que seja pai, irmão, ou
cunhado do Juiz de Direito, o que
deve ter Iogar, a retirada desse Juiz e
chamamento de seu substituto, ou a
não admissão de tal procurador?
1876 11º Poder-se-ha formular quesito de Francisco De Paula Penal
Volume reincidencia por algum crime ainda Sales
não julgado, perdoado ou amnistiado
?
1876 11º Breves observações sobre o Ignacio Antonio Administração
Volume regimento das custas e sobre Fernandes da justiça
competencia em inventario.
1876 11º O segurador poderá fazer segurar por João Antonio De Comercial
Volume outrem o objecto do seguro, e poderá Souza Ribeiro
ser comprehendido no seguro o
premio do primeiro seguro?
260

1876 11º O art. 32 do Acto Addicional mutilou Antonio Coelho Constitucional


Volume um orgão importante da Constituição, Rodrigues
e não o substituio, nem providenciou
para que cessasse a necessidade das
suas funcções.
1876 11º O veto concedido aos Monarchas nos Aprigio Justiniano Constitucional
Volume governos constitucionais deverá ser Da Silva Guimarães
absoluto ou suspensivo?
1877 12º REFORMA JUDICIARIA. ACÇÕES Olegario Herculano Processo Civil
Volume SUMMARIAS. - EXECUÇÃO. D´Aquino E Castro
1877 12º O artigo 80 da lei de 3 de Dezembro luiz francisco da Penal
Volume de 1841 derogou a de 10 de Junho de camara leal
1835, tornando irrecorriveis as
sentenças absolutorias dos escravos
nos crimes á que se refere essa lei
especial?
1877 12º ANALYSE CRITICA SOBRE A LEI N. Emydio Joaquim Penal
Volume 631 DE 18 DE Dos Santos
SETEMBRO DE 1851.
Omnis non sol um cessatio ignavia
est, sed etiam
quoerendi defatigatio existimari debet
turpissima, ubi id quod quoeritur, est
pulcherrimum.
SCALIGERO
1877 12º DIREITO ADMINISTRATIVO. Antonio Dino Da Adminsitrativo
Volume Contencioso administrativo provincial Costa Bueno
1877 12º Casamento Civil Antonio Candido Civil. Canônico.
Volume Da Cunha Leitão
1877 12º Póde ou não dar-se o interdicto de Luiz Francisco Da Civil
Volume manutenção de posse, conhecido Camara Leal
pela denominação romana de uti
possidetis ou retinendae
possessionis, quanto aos direitos que
têm aquelles que se achão no estado
intermedio entre o de liberdade e o de
escravidão.
1877 12º Dado que o autor em causa de Luiz Francisco Da Penal
Volume homicidio (queixoso o pai pelo Camara Leal
assassinato do filho) appelle da
sentença absolutoria do reo, e,
estando o feito sem andamento em
razão da fuga deste, requeira
desistencia de seus direitos, deve ou
não ser julgada finda por perempção
da acção, não tendo o juiz de direito,
nem o promotor publico appellado
conjunctamente, e opinando o
promotor da justiça da 2ª instancia
pela prosecução da causa como de
acção publica, quando ouvido por
occasião da pretensão de desistencia
do autor?
1877 12º DIREITO ECCLESIASTICO José Joaquim Canônico.
Volume No Brazil, a collação dos parochos é Tavares Belfort
livre, ou necessaria?
1877 12º DISCURSO Francisco Antonio Discurso
Volume Proferido na faculdade de direito de s. Dutra Rodrigues
Paulo a 24 de outubro de 1875, por
occasião da collação do grão de
261

doutor ao bacharel joão e. Sayão de


bulhões carvalho,
Pelo padrinho do mesmo doutorando
nessa solemnidade, o lente dr.
Francisco antonio dutra rodrigues.
1877 12º Os testamentos serão de direito Francisco Pinto Civil
Volume natural? Pessoa
1877 12º A medicina legal e o direito criminal. Ernesto Pinto Penal
Volume Lobão Cedro
1877 12º O emprezario, director de uma Theophilo Ottoni- Administrativo
Volume companhia de estrada de ferro, com Cesario Alvim -
juros garantidos pela provincia e Dantas
afiançados pelo governo geral, não é
incompatível para ser eleito deputado;
porque a estrada de ferro, nessas
condicções, não se reputa obra
publica.
RECLAMAÇÃO DO CONSELHEIRO
DR. LlBERATO BARROZO (dirigida a
Câmara dos Deputados)
1877 12º DIREITO COMMERCIAL. Francisco de Mello Comercial
Volume Nova intelligencia do art. 129 n. 5 do C. De Vilhena
codigo do commercio que assim
dispoe: São nullos todos os contratos
celebrados por comerciante que vier a
fallir, nos 40 dias anteriores a
declaração da quebra
1877 12º O sentenciado a prisão simples em Tertuliano Penal
Volume crime afiançavel appellando em Henriques
sentença condemnatoria pode prestar
fiança? O art. 14 § 6º da lei n. 2033 de
20 de Setembro de 1871 alterou,
modicou ou revogou a disposição do
art. 83 da lei de 3 de Dezembro de
1841, e art. 458 do reg. n. 120 de 31
de Janeiro de 1842?
1877 12º O que é publicação de sentença ou Luiz Francisco Da Processo civil
Volume despacho do juiz de direito, e si póde Camara Leal
ou não ser supprida por -cumpra-se-
do juiz municipal ou de orphãos,
expressamente incumbido pela lei de
fazel-a.
1877 12º O que é furto, roubo, e estellionato? Victorino Caetano Penal
Volume Em que se assemelhão e em que De Britto
differem?
Analyse das disposições respectivas
do Cod.
1877 12º TOLERANCIA Antonio Ferreira Canônico
Volume França
1877 12º FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira Civil
Volume (resposta de Teixeira de Freitas a De Freitas
comentários feitos na GAZETA
JURÍDICA sua Bibliographia de
Agosto De 1876 pags. 549 á 556)
1877 12º Pode o juiz de direito, ou o tribunal da Tertuliano Processo civil
Volume relação, tomar conhecimento do Henriques
recurso de qualificação, não estando
elle reduzido a termo e este
assignado pela parte?
262

1877 12º A prova da existencia dos objectos Conselheiro Comercial


Volume segurados reputa-se feita pela Nabuco,
exhibição da apolice do seguro? Saldanha Marinho,
Uma companhia de seguros, com Z. de Góes e
séde fóra do imperio, pode ser Vasconcellos, B. de
declarada fallida á requerimento de Souza
um unico credôr que deixou de pagar, Franco
o qual tem, por isso, acção em juizo? (pareceres de
Ao credôr em questão, executando diferentes autores)
sua sentença obtida contra a
companhia, pode-se deferir a prizão
de um agente da mesma companhia
sob o fundamento de que occulta
bens á penhora?
PROTESTO.
1877 13º DA CONFISSÃO NO JUISO Antonio Joaquim Civil
Volume CONCILIATORIO De Macedo Soares
A confissão pura e simples, feita pelo
devedor e acceita pelo credor, no juiz
o conciliatorio, é conciliação
verificada?
1877 13º A prescripção não alegada pela parte, Joaquim Corrêa De Civil.
Volume mas constante nos autos pode ser Araujo Comercial.
suprida pelo juiz? Penal.
1877 13º A suspensão e demissão dos José Avelino Administração
Volume magistrados Gurgel Do Amaral da justiça
Pelas assembléas provinciaes.
1877 13º Que fim teve o aviso de 20 de Luiz Francisco Da Administração
Volume Setembro de 1876, quando declarou Camara Leal da justiça
que a intimação de despachos
judiciaes, por ser acto distincto da
citação ou notificação, não está
compreendida no art. 108 do
novíssimo regimento de custas?
1877 13º Serão permittidos pelo nosso direito Joaquim Augusto Civil
Volume os testamentos de mão commum e Ferreira Alves
reciprocos entre os conjuges?
1877 13º A liberdade condicional conferida aos Carlos Honorio Civil
Volume escravos estado-livres não impede a Benedicto Ottoni
locação delles.
A locação á prazo não sendo
transferencia, no sentido de direito,
não incorre na censura do
regulamento n. 5135 de 13 de
Novembro de 1872.
Pouco importa que o tabellião na
escriptura de locação usasse da
expressão-transferencia-: a natureza
do contrato é que lhe dá o nome, e
não a ignorancia do tabellião.
1877 13º Emprestimo á risco ou cambio José Liberato Comercial
Volume maritimo, e seguro maritimo. Barroso
1877 13º Não tendo o juiz de direito appellado Tertuliano Processo Civil
Volume da sentença definitiva na acção de Henriques
liberdade, pode fazel-o, depois da sua
publicação e intimação ás partes, e
independente de provocação do
curador do libertando?
E não o tendo feito, poderá o seu
substituto satisfazer essa
263

formalidade, apezar de haver


decorrido mezes, e independente
tambem de provocação?
1877 13º No juizo arbitral a clausula no Antonio De Processo Civil
Volume compromisso-sem recurso da Vasconcellos
sentença-obsta a appellação-nas Menezes De
materias civeis-pela razão de Drumond
haverem os árbitros excedido os
poderes conferidos? Não.
1877 13º O art. 10 § 4º do codigo criminal e o Aristides Augusto Penal
Volume art. 19 da lei n. 2033 de 20 de Milton
Setembro de 1871.
1877 13º Poder-se-ha dizer entre nós, que o Francisco Pinto Constitucional
Volume Imperador é um dos ramos do poder Pessoa
legislativo, ou que delle faz parte
integrante?
1877 13º PROCESSO CRIMINAL. Antonio Joaquim Penal
Volume DA MAIORIA LEGAL PARA A De Macedo Soares
CONDEMNAÇÃO PELO JURY.
Intelligencia dos arts. 29 § 10 da lei n.
2033 de 20 de Setembro de 1873; 66
da lei de 3 de Dezembro, e 332 do
codigo do processo criminal.
1877 13º A sentença do tribunal da relação, Tertuliano Eleitoral
Volume julgando nulla a qualificação, affecta a Henriques
decisão da camara dos deputados na
verificação de poderes, considerando
legitimos os eleitores?
1877 13º No interrogatorio o accusado tem o Luiz Francisco De Penal
Volume direito de juntar quaesquer Miranda
documentos e justificações,
processadas em outro juizo, para
serem apreciadas como fôr de direito.
(Regul. de 22 de Novembro de 1871,
art. 53.)
1877 13º RELATORIO APRESENTADO AO Francisco Luiz Penal
Volume PRESIDENTE DA PROVINCIA, Correa de Andrade
PELO JUIZ DE DIREITO DAS
ALAGÔAS, NO QUAL SE MOSTRA A
NECESSIDADE:
1º De um bom systema penitenciario;
2º Da revogação das penas de morte,
galés, açoute, e prisão simples.
3º De um pequeno jury, ou tribunal
correccional.
4º Da extincção dos inqueritos
policiaes.
5º Da prisão antes de culpa formada
dos indiciados em crimes
inafiançáveis.
1877 14º REFORMA JUDICIARIA. Olegario Herculano Administração
Volume Juizes substitutos. - attbibuições. - D´Aquino E Castro da justiça
recursos.
1877 14º Approvada, ou annullada a eleição de Tertuliano Eleitoral
Volume eleitores, pela camara dos deputados, Henriques
na occasião da verificação de poderes
de seus membros, está approvado, ou
annullado o processo da
qualificação?
264

1877 14º Quaes são os effeitos da revista ? José Maria Leitão Processo civil
Volume Da Cunha

1877 14º Direito commercial. Antonio Tiburcio Comercial


Volume Concedida a moratoria pelo tribunal Figueira
competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados
immediatamente, ou ficão sujeitos ao
prazo da moratoria ?
1877 14º Interpretação do art. 8º do Paulino Rodrigues Penal
Volume regulamento de 22 de Novembro de Fernandes Chaves
1871.
1877 14º A lei de 9 de Julho de 1773 § 12, tão João Joaquim Civil
Volume citada em nosso foro, é lei patria? Fonseca De
Albuquerque
1877 14º Pode o cidadão brazileiro ser Tristão De Alencar Constitucional.
Volume exautorado de sua nacionalidade por Araripe Internacional
decreto do poder executivo?
1877 14º As fianças do marido com outorga da Antonio De Civil
Volume mulher obrigarão os bens desta, nu a Vasconcellos
sua meiação?-Não Menezes De
Drummond
1877 14º O privilegio concedido pelo art. 47810 Dr. Tarquinio Constitucional.
Volume da constituição é de tal sorte restricto Braulio De Souza Administrativo
ao cargo, que cesse pela expiração Amaranto
do mandato antes do julgamento?
1877 14º 1º É razoavel a responsabilidade de J. Cesar De Moraes Comercial
Volume terceiro, por conta de quem se saca a Carneiro
letra de cambio, imposta pelo art 367
do código do Commercio?
2º Será ella tratada pela mesma
acção decendiaria, ou por acção
ordinaria ? (1).
(1) Vide vol. 10, pag. 22.
1877 14º 1º Entre os actos substanciaes do João Joaquim Processo civil
Volume processo, ha dous verdadeiramente Fonseca De
distinctos : -a citação e a intimação. Albuquerque
2º A notificação, sendo uma e outra
cousa ao mesmo tempo, é nenhuma;
confunde-se na execução daquelles
dous primeiros actos.
3º A quem compete a intimação de
despachos judiciaes?
1877 14º Breves considerações sobre a Ernesto Pinto Hermenêutica
Volume redacção das leis e a hermeneutica Lobão Cedro
juridica.
1877 14º Será valido o acceite escripto fora da Antonio De Comercial
Volume letra, ou em acto separando ?-Sim. Vasconcellos
Menezes De
Drummond
1877 14º DIREITO CRIMINAL. Emilio Valentim Penal
Volume Como se rege o direito que têm os Barrios
herdeiros dos ofendidos para
haverem a indemnisação do damno
causado.-como se amplia ou se
limita,-que pessoas o podem
exercer,-que qualidades devem ter-;
este direito se estende só ás ofensas
durante a vida, ou tambem ás de além
tumulo?
265

1877 14º PROCESSO DAS MEDIÇÕES Antonio Joaquim Processo civil


Volume INTERVENÇÃO DAS MULHERES De Macedo Soares
DAS PARTES.
Nos juizos divisorios, em regra, não
precisa citar as mulheres das partes.
1877 14º Defeitos e obscuridade da secção 1ª, Daniel Caetano Penal
Volume cap. 2°, tit. 2. da 3ª parte do codigo Guimarães Alvim
criminal.
1877 14º 1º O art. 281 do Regul. n. 3453 de 26 Antonio Joaquim de Civil.
Volume de Abril de 1865 não obriga cada Macedo Soares Internacional
permutante a duas transcripções, do
seu e do titulo do transmittente.
2º O adquirente é obrigado a registrar
sómente seu titulo de acquisição.
DECISÃO DO JUIZ DE DIREITO DO
MAR DE HESPANHA
1877 14º Commentario á lei de 2 de Setembro G. Lima Civil
Volume de 1847.
Os filhos naturaes podem concorrer á
herança paterna com os filhos
legitimos do mesmo pai?
1877 14º O casamento mixto e o dos não Francisco De Paula Canônico
Volume catholicos produz entre nós effeitos Sales
civis?
1877 14º 1º A maioria de sete votos do José Julião Penal
Volume conselho de jurados contra o Regueira Pinto De
accusado sujeita-o á punição na pena Souza
immediatamente menor applicavel ao
delicto.
2º Se a pena correspondente fór a
minima decretada na lei, dever-se-ha
fazel-a effectiva, segundo as regras
geraes de direito.
1877 14º Interpretação do art. 281 do Regul. n. M. De Freitas Administração
Volume 8453 de 26 de Abril de 1865. Pacheco da justiça

1878 15º RELAÇÕES REVISORAS. Olegario Herculano Processo


Volume Analyse do decreto de 17 de D´Aquino E Castro
Fevereiro de 1838, art. 1º, explicado
pelo aviso de 13 de Novembro de
1877
1878 15º A falta de nomeação de tutor no Tertuliano Processo Civil
Volume principio do inventario em que ha Henriques
orphão, e fóra do prazo da Ord. liv. 1º
tit. 88 § 6º e 8º annulla o mesmo
inventario?
1878 15º 1º Os contadores devem escrever João Joaquim Administração
Volume pessoalmente, assignar e datar os Fonseca De da justiça
trabalhos ou actus de seu officio. Albuquerque
2º Os distribuidores devem
comparecer ás audiencias do juizo.
3º Nenhum empregado do fôro pode
reter autos ou qualquer expediente
judicial á. titulo de-não pago-de seus
salarios.
4º Intelligencia de alguns artigos elo
regimento das custas.
1878 15º Os crimes connexos aos especiaes, Ovidio Loureiro Penal
Volume processados de conformidade com a
lei n. 362 de 2 de junho de 1850,
266

deverão ser julgados pelos juizes de


direito, ou pelo jury?
1878 15º O Papa é autoridade estrangeira, Antonio De Canônico
Volume quando confere graças, na sua Vasconcellos
qualidade de Summo Pontifice? Menezes De
Aquelles, que as recebem, estão Drummond
sujeitos a impetrar a licença de que
falla a constituição?
1878 15º No concurso de circumstancias Aristides Augusto Penal
Volume aggravantes e attenuantes, deve a Milton
pena ser imposta no grão médio, sem
distincção do numero, nem da
qualidade das mesmas
circumstancias.
1878 15º DA ASSISTENCIA DO JUIZ DOS Antonio Joaquim Processo civil
Volume ORPHÃOS Á AVALIAÇÃO NOS De Macedo Soares
INVENTARIOS
1878 15º PROCESSO CRIMINAL. Francisco de mello Penal
Volume Qual a verdadeira intelligencia do art. c. De vilhena
332 do Cod do Proc. Crim. ?
1878 15º PROCESSO CRIMINAL. Antonio Joaquim Penal
Volume DA MISERIA DO OFFENDIDO. De Macedo Soares
De quem se diz ser pessoa
miseravel.-Prova da miseria. É
questão de facto.-Competencia para
conhecer della.-O jury não a tem.
1878 15º 1º O perdão do offendido-miseravel- João Joaquim Penal
Volume que exbibio e provou essa qualidade, Fonseca De
dando lugar ao procedimento official Albuquerque
do ministério publico, ex-vi do art. 73
do Cod. do Proc. Crim., não põe termo
á acção intentada, que prosegue em
seus termos ulteriores.
2º A satisfação do damno causado
pelo delicto não vai além da lesão
material-unica reparavel. A lesão
moral satisfaz-se com a vindicta
publica- o castigo do delinquente;
mesmo porque são inestimaveis os
prejuizos causados á honra, á vida e
á liberdade do cidadão.
1878 15º O prazo marcado para decisão, pelos Luiz Francisco Da Eleitoral
Volume tribunaes da relação, de recursos Camara Leal
eleitoraes sobre irregularidades que
importem nulidade das qualificações,
interrompe-se pela interposição de
férias?
1878 15º Pode-se considerar criminoso o Graciliano De Paula Penal
Volume complice, cuja desistencia tiver sido Baptista
revelada ao autor antes da
consummação do delicto ?
1878 15º Com o progresso da sociedade, qual Tarquinio Braulio Economia
Volume a tendencia do salario em relação ao De Souza
lucro Amaranto
1878 16º DA POSSE. Antonio Joaquim Civil
volume § 10º-Diversas classificações da Ribas
posse.
Continuação da pag. 641 do 10º
volume.
267

1878 16º Nas acções de liberdade dentro de Tertuliano Processo


volume que prazo deve o curador appellar da Henriques
sentença proferida contra o
libertando?
A appellação nestas acções está
sujeita ao processo estabelecido na
Ord. liv., 3°, tit. 70 e Reg. de 7 de
Novembro de 1872?
Executada a sentença pode ainda se
appellar, invocando-se o beneficio de
restituição?
1878 16º A divisão das pessoas em nobres de Delfino Pinheiro De Civil.
volume diversas gerarchias e plebeos, Ulhôa Cintra
consagrada pelo direito civil
portuguez das ordenações subsiste
ainda entre nós?
No caso affirmativo, quaes as leis que
a adoptarão, e seus effeitos jurídicos?
E as excepções ou privilegios, de que
gosão os nobres são justificados, e
conciliaveis com o art. 179 §§ 18 e 16
da constituição do imperio ?
1878 16º Aquelle que perdeu os direitos de Francisco De Paula Civil.
volume cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo Sales Internacional
tempo o poder paterno e o poder
marital, se é casado e tem filhos, e o
direito de succeder ab intestado e por
testamento a cidadãos brazileiros?
1878 16º Interpretação doutrinal do art. 382 do João Joaquim Penal
volume Cod. do Proc. Crim. Fonseca De
O principio da simples maioria é o Albuquerque
demento de julgar os crimes no foro
commum.
O juiz togado applica a lei ao fado de
conformidade com a decisão do
tribunal.
1878 16º O direito de perdão e amnistia, Tristão De Alencar Constitucional
volume conferido ao poder moderador pela Araripe
Constituição, não é absoluto, mas
sofre limitação.
1878 16º Administração da justiça. Raymundo Furtado Administração
volume Reforma judiciaria. -condições De Albuquerque da justiça*
necessárias á independencia dos Cavalcanti
juizes.
1878 16º É espurio o filho concebido pela Francisco do Civil
volume mulher cazada, embora nascido Nascimento
quando ella viuva.-Tal filho não pode Marques
ser instituido herdeiro pelo pai
conjunctamente com outro filho
natural.
CONSULTA.
1878 16º Por simples despacho pede a Francisco Luiz Penal
volume autoridade judiciaria mandar archivar Correa de Andrade
um summario já iniciado com a
inquirição de testemunhas?
Terminado o inquerito e enviado a
autoridade judiciaria tem a policial
competencia para proceder á exame
de sanidade e neste caracter julgado?
268

Tem a mesma autoridade policial,


como tal, competencia para conceder
fiança definitiva?
1878 16º Natureza da posse e dos interdictos João Evangelista Civil
volume possessorios no direito romano Sayão De Bulhões
Carvalho
1878 16º 1º Até a occasião de assignar o Luiz Francisco Da Processo
volume acordão o desembargador pode Camara Leal
modificar ou reformar o seu voto?
2º Está comprehendida na razão de
decidir a hypotbese de ficar o acordão
para ser lavrado na conferencia
seguinte â da discussão e votação'
3º Suscitando-se questão á esse
respeito, que interferência pôde nella
ter o presidente do tribunal?
4º Pôde o presidente, por deliberação
em sentido generico, e como que
moralisando sobre factos
anteriormente occorridos, estabelecer
regras, de caracter suppletorio da
ommisão das leis?
5º São obrigatorias essas
deliberações? Qual o meio coercitivo
para que não possão ser
desobedecidas ou iludidas?
1878 16º Para os exames e vistorias, que o Tertuliano Processo
volume tribunal da relação julgar Henriques
indispensável fazer-se, em virtude de
requerimento de parte, devem os
autos descer ao juiz a quo, ou
proceder-se a diligência ante o
mesmo tribunal ?
1878 16º Concordatas amigaveis.- Novação Respostas de Dr. Comercial
volume Manoel do N.
Texto inicia com uma proposta, um Machado
“probleminha” jurídico ao qual se Portella, João
seguem respostas. Francisco Teixeira,
Dr. Antonio de
Vasconcellos
Menezes de
Drummond, Antero
Manoel de
Medeiros
Furtado e Dr. José
Joaquim Tavares
Belfort
1878 16º A propósito das eleições municipaés Aristides Augusto Eleitoral.
volume de Santos.-Intelligencia do art. 2 § 31, Milton Administrativo
com referencia ao art. 1 § 18, da lei de
20 de Outubro de 1875; e do art. 151,
com referencia ao art. 85, das
instrucções regulamentares de 12 de
Janeiro de 1876.
1878 17º O ESTUDO DO DIREITO ENTRE Antônio Herculano Crítica
volume NÓS de Sousa Bandeira contemporânea
Filho
1878 17º DIREITO COMMERCIAL. Antonio Dino da Comercial
volume Differença entre as sociedades civis e Costa Bueno
commerciaes.
269

1878 17º Os empregados do fôro podem por Joaquim Ferreira Administração


volume falta de pagamento da custas Chaves, Filho da justiça
demorar a expedição dos autos?
1878 17º O perdão do ofendido miseravel põe Francisco De Paula Penal
volume termo á accusaçao promovida pela Lacerda De
promotoria publica ex vi do art. 73 do Almeida
Cod. Do Proc. Crim.? - Sim.
1878 17º Interpretação doutrinaI do art. 332 do M. de Freitas Processo Penal
volume Cod. do Proc. CriminaI. Pacheco
A' vista do art. 332 do Cod. do Proc.,
ha alguma pena applicavel ao que fôr
condemnado por sete votos, tendo já
o minimo em seu favor ?
1878 17º PROCESSO CRIMINAL. Antonio Joaquim Penal
volume DO VALOR DA CIRCUMSTANCIA De Macedo Soares
AGGRAVANTE DA NOITE.
(Nota sobre o art 16 § 10 do Cod.
Crim.)
1878 17º Concurso de crimes ou accumulações Francisco Luiz Penal
volume de penas. Correa de Andrade
1878 17º Em que differe a prova testemunhal José Lomelino De Processo civil
volume da documental quanto á sua Menezes
natureza, tempo em que deverão ser Vasconcellos De
produzidas e os effeitos de cada uma Drummond
delas?
1878 17º PROCESSO ORPHANOLOGICO. Antonio Joaquim Processo Civil
volume DA CONTAGEM DOS JUROS NOS De Macedo Soares
INVENTARIOS.
1878 17º Da denegação de licença para Luiz Lopes Baptista Administrativo
volume alienação e mais contratos onesosos Dos Anjos Junior
sobre bens móveis e semoventes
terão as ordens regulares recurso ou
reclamação? A quem deverá ser
dirigida a provocação?
1878 17º DIREITO CRIMINAL. José Antonio De Penal
volume Poder discricionario do presidente do Magalhães Castro
jury
1878 17º No concurso de circumstancias Aristides Augusto Penal
volume aggravantes e attenuantes, deve a Milton
pena ser imposta no gráo médio sem
distincção do numero, nem da
qualidade das mesmas
circumstancias; bem como quando
destas houver absoluta carencia.
O juiz de direito, na presidencia do
jury, não tem poder discricionário para
imposição das penas, em seus
differentes grãos
1878 17º Os empregados do fóro não podem, João Joaquim Administração
volume por falta de pagamento de salario, Fonseca De da justiça
demorar a expedição de autos, ou Albuquerque
qualquer outro trabalho á seu cargo.
1878 17º O menor que obtem supplemento de Raymundo Civil
volume idade está isento da jurisdicção do juiz mendes, Candido
dos orphãos para a feitura do Leão, Francisco
inventario de seu pai pre-morto. Antonio De Castro,
João Dos Reis De
Souza Dantas, R.
Dantas, Antonio
Carneiro Da Rocha,
270

Emydio Joaquim
Dos Santos,
Eduardo Pires
Ramos, Frederico
M. De Araujo
1878 17º O testamenteiro, pessoa estranha à Didimo Junior Civil
volume herança, nomeado inventariante o
tutor de orphãos, herdeiros escriptos,
prefere, para a inventariança, ao
herdeiro legitimo, que não se achava,
porém, na posse material da herança,
nem em companhia do finado, na
época da morte deste?
1878 17º PROCESSO CIVIL. Antonio Joaquim Processo Civil
volume DO RECURSO CONTRA O ERRO De Macedo Soares
DA CONTA DAS CUSTAS FEITA
PELO CONTADOR DO JUIZO
1879 18º O habeas-corpus no Brazil Antônio Herculano Penal
volume De Sousa Bandeira
Filho
1879 18º Em que consiste o contencioso José Joaquim Administrativo
volume administrativo, e quaes os limites Seabra
divisorios entre elle e o contencioso
judiciario
1879 18º DISTRIBUICÃO DAS COLLECCÕES Luiz Ferreira Maciel Administração
volume DA LEGISLAÇÃO Pinheiro da justiça
1879 18º Fallencia de sociedades anonymas Olegario Herculano Comercial
volume d´Aquino e Castro
1879 18º É nullo o testamento se a cedula não D. A. Civil
volume estiver cerrada e cosida quando fizer- (ANÔNIMO)
se dela tradição ao oficial publico,
para lavrar o instrumento de
aprovação?
Intelligencia do Assento de 10 de
Junho de 1817.
As formalidades a que estão sujeitas
as diversas espécies de testamentos,
devem ser observadas, sob pena de
nullidade – Art. 1001 do Cod. Civ.
Franc.
1879 18º A quem compete nas comarcas Francisco De Paula Civil
volume geraes a concessão de licença para Lacerda De
casamento de orphãos nos termos da Almeida
Ord, do li v. 1º, tit. 88 § 19? (Vide O
Direito anno IV. Vol. IX, pag. 40).
1879 18º Competencia para a partilha nas F. P. Araujo E Silva Processo Civil
volume comarcas geraes.

1879 18º Indemnisação a testemunhas Francisco De Paula Processo penal


volume Lacerda De
Almeida
1879 18º Estudo theorico e pratico sobre a José da Silva Costa Penal
volume satisfação do damno causado pelo
delicto
1879 18º Antigualhas Forenses SOBRE O Antonio Joaquim Administração
volume TRATAMENTO DEVIDO AS De Macedo Soares da justiça
RELAÇÕES E MAIS TRIBUNAES
SUPERIORES
1879 18º REFORMA judiciaria Carlos Augusto De Processo
volume Souza Lima
271

AGGRAVO NO AUTO DO
PROCESSO
1879 19º O decreto de 16 de Novembro de Tertuliano Processo penal
volume 1878 Henriques
1879 19º Custas das intimações T. Pinheiro Administração
volume da justiça
1879 19º INTERPRETAÇÃO DO ART. 205 DO Antonio Joaquim Processo Penal
volume COD. CRIM. De Macedo Soares
1879 19º E' o juiz municipal, e não o de direito, José da Cunha Processo
volume competente para conceder vista o Teixeira
processar o recurso de embargos as
sentenças pelos mesmos juizes de
direito proferidas, CONSULTA
1879 19º Sobre a publicação das sentenças Antonio Joaquim Processo
volume De Macedo Soares
1879 19º Ação rescisória. Supremo Tribunal de F. P. Araujo e Silva Processo
volume Justiça
1879 19º Appellação não dá-se da sentença, Aristides Augusto Penal
volume proferida contra escravo, accusado Milton
como incurso no art. 113, ou no art.
192, ou ainda no art. 271 do Codigo
Criminal. Mas, quando é absollutoria
a sentença, tem logar o recurso.
Intelligencia da lei de 10 de Junho de
1835, e do art. 80 da lei de 3 de
Dezembro de 1841.
1879 19º Dever-se-ha dar curador ou interprete (ANÔNIMO) Penal
volume a um mudo assassino, que resistio a
prisão?
Será elle culpado, ou estará no
Dumero daquelles quo são
contemplados, no §20 do artigo 10 do
Codigo Criminal?
1879 19º Julgamento de nulidades na Relação Tristão De Alencar Penal
volume Araripe
1879 19º Produz effeito contra os José Joaquim Comercial
volume administradores ou directores da Seabra
sociedade anonyma, a sentença que
qualifica-culposa ou fraudulenta - a
fallencia della ?
1879 19º Analyse do premio dos Eduardo Gomes Civil
volume testamenteiros, sua lei e pratica Ferreira Vellozo
1879 19º Direito Civil João Manoel Carlos Civil
volume Existe o direito de accrescer nas De Gusmão
heranças e nos legados, perante o
nosso direito?
1879 20º Como procederão as relações, Sebastião Cardoso Penal
volume quando lhes forem enviados, pelos
presidentes de provincia, papeis, nos
quaes se encontre crime de
responsabilidade?
1879 20º Impedimento dos jurados o do Juiz de Antonio Augusto Processo penal
volume direito, que serviram no primeiro Ribeiro de Almeida
julgamento de uma causa, para
servirem no segundo, indo a causa a
novo jury
1879 20º Competencia do fôro “rei sitoe” nas M. Jorge Rodrigues Processo
volume demarcações e divisões
1879 20º O réo, processado por crime de Sebastião Cardoso Penal
volume ferimentos graves, e condemnado
272

pelo de ferimentos leves, e tendo


cumprido a pena, pode ser submettido
a novo jury por esse mesmo crime?
1879 20º PROMPTUARIO DE AVISOS DO Carlos Honorio Processo
volume MINISTERIO DA JUSTIÇA Benedicto Ottoni
REFERENTES Á REFORMÁ
JUDICIARIA
1879 20º Parecer da commissão especial da Antonio Comercial
volume Camara dos Deputados sobre o Epaminondas de
processo de fallencia do Banco Mello
Nacional
1879 20º Com o progresso da riqueza qual é a Catão Guerreiro De Economia
volume lei do valor dos serviços industriaes, e Castro
do serviço dos capitaes?
1879 20º Em vista do art. 10 § 3º do nosso Francisco Luiz Penal
volume Codigo Criminal deve ser julgado Correa de Andrade
improcedente o procedimento contra
os que commettem crimes obrigados
pela fome, ou apenas são taes crimes
jmitificaveis, conforme a doutrina do
art. 14 8 10 do mesmo Codigo?
1879 20º Qual é o processo da fiança Demosthenes Da Comercial
volume commercial autorisada pelo art. 601 Silveira Lobo
do Regu. n. 737 de 25 de Novembro
de 1850?
Pode o juiz néssa fiança dispensar as
testemunhas abonatorias?
Póde sem assentimento do
exequente dispensar a prova de
idoneidade do fiador e daquellas
testemunhas?
Se o fizer que recursos cabe contra o
despacho que o determinar?
1879 20º A lei da reforma judiciaria de 1871, Manoel Fernandes Penal
volume dando no seu art. 20 ao juiz formador De Araujo Jorge
da culpa a attribuição de conhecer e
decidir dos cazos do art. 10 do Codigo
Criminal, deu-lhe ipso facto faculdade
de applicar a pena correccional do art.
13 ?
Ao menor de 14 annos, que, obrando
com discernimento, commetteu o
crime de homicídio em defeza de seu
pai, deve necessariamente ser
applicada a referida pena
correccional?
1879 20º O crime do art. 247 do Codigo Tertuliano Penal
volume Criminal é particular? Henriques
Incorre em suas penas o parocho, que
recebe em matrimonio menores, sem
licença do juz de orphãos?
1879 20º O juiz de direito, que em vez de deferir Sebastião Cardozo Penal
volume uma petição de habeas-corpus,
manda o paciente que está preso,
justificar miserabilidade, a pretexto de
ter elle meios de pagar custas,
commette ou não um crime de
responsabilidade?
273

1879 20º Effeitos das leis positivas em relação Vicente Ferrer De Constitucional.
volume ao espaço, ou dos conflitos entre as Barros Wanderley Internacional.
leis nacionaes e estrangeiras. Araujo
DISSERTAÇÃO
1880 21º Para que o réo, maior de 13, e menor Aristides Augusto Penal
volume de 14 annos, possa ser julgado isento Milton
de toda responsabilidade pelo juiz
formador da culpa, não carece ser
provada a casualidade do facto. O
discernimento do menor é que precisa
de prova, e, verificado e11e, ao
mesmo juiz cabe proceder de accôrdo
com o art. 13 do Codigo Criminal.
Intelligencia dos arts. 10 §§ 1 e 4 do
mesmo codigo, e 20 da lei n. 2ú3:.l de
20 de Setembro de 1871
1880 21º A installação da sessão do jury póde Joaquim De Mello Penal
volume ter lugar com 36 jurados; não ó Rocha
essencial o maximo de 48 jurados,
OBSERVAÇÕES EM MAPAS DA
ESTATISTICA JUDlCIARIA
1880 21º O condemnado em crime de acção M. Jorge Rodrigues Penal
volume puramente privada, e de alçada
policial, em quanto não é requerida a
execução da pena, pode exercer as
funcções de jurado.
1880 21º A sentença proferida em paiz Manoel Joaquim Da Internacional.
volume estrangeiro é exequivel no imperio? Silva Filho Civil
1880 21º 1. Ha recurso dos despachos dos J. Brigido Penal
volume juizes de direito das comarcas geraes
confirmando as pronuncias proferidas
pelos juízes municipaes nos crimes
communs?
2. O art. 17 ~ lo da lei de 20 de
Setembro de 1871 abolio o recurso de
pronuncia instituido pelo art. 291 do
Código do Processo e conservado
pelo art. 69 §3º da lei de 3 de
Dezembro de 1841?
1880 21º Competencia do preparo dos Tristão De Alencar Penal
volume processos de crimes policiaes Araripe
1880 21º Da necessidade de se Anônimo Crítica a
volume fundamentarem as sentenças magistratura
1880 21º Antigualhas Forenses (1) Antonio Joaquim Administração
volume II OS TABELLIÃES DO PUBLICO, De Macedo Soares da justiça
JUDICIAL E NOTAS
1880 21º Pode dar-se appellação ex-ofticio da Joaquim De Mello Penal
volume sentença que condemnar a galés Rocha
perpetuas o réo submettido á
segundo julgamento? Intelligencia da
lei de 3(\e Dezembro de 1811-arts.
79,81 e 82, c do Reg. de 31 de Janeiro
de 1842, arts. 449 e 502.
1880 22º Intelligencia do art. 322 do Cod. do Antonio Joaquim Processo Penal
volume Proc. Crim De Macedo Soares
1880 22º Podem os Juizes Municipaes Luiz Da Silveira Penal
volume conceder habeas-corpus?
1880 22º O que é tutela administrativa? Fernando Mendes Administrativo
volume Quaes sao os seus limites? De Almeida
274

1880 22º Competencia de preparo dos Antonio José Penal


volume processos de crimes policiaes Rodrigues Torres
Netto
1880 22º Analyse dos arts. 81 e 82 da lei de 3 Mileno De Torres Penal
volume de Dezembro de 1841, e dos arts. Bandeira
449,466,467, 463 e 602 do Regul. n.
120 de 31 de Janeiro de 1842
1880 22º Immunidades dos ministros Severino De Freitas Internacional
volume Prestes
1880 22º Fianças criminaes Amancio Pulcherio Penal
volume
1880 22º A origem da soberania social será a José Joaquim Teoria do
volume mesma que a da sociedade? Tavares Belfort Estado
1880 22º Está em pleno vigor o art. 353 ~ 30 do Luiz José de Processo Penal
volume Cod. do Proc. Crim. que autorisa ou Medeiros
antes preceitua a concessão de
habeas-corpus, ao paciente cujo
processo estiver evidentemente nullo.
1880 22º Pode o juiz de direito de comarca Demosthenes Da Processo
volume geral tomar conhecimento de Silveira Lobo
embargos declaratorios e inovar ou
emendar a sentença, já appellada ?
No caso de o fazer, que recurso cabe
á parte que já havia appellado ?
1880 22º A extincção da comarca de Itajahy Ernesto Pinto Administrativo
volume sob o ponto de vista jurídico Lobão Cedro
1880 22º Empregado publico, perante nossa Tito A. P. De Mattos Administrativo
volume legislação. E' o inspector de
quarteirão empregado publico e está
sujeito ao foro do responsabilidade?
1880 22º Não tem os tutores de orphãos pobres Candido Borges Da Civil
volume a obrigação ou dever de fazer a Fonseca
inscripção de hypotheca legal para
assumirem a tutoria.
1880 22º Das decisões das relações em grão C. B. Reis E Silva Penal
volume de appellação sobre o crime de
injurias verbaes cabe o recurso de
revista?
1880 23º A escriptura publica de M. Jorge Rodrigues Civil
volume reconhecimento do filho natural deve
ser lavrada especialmente para esse
fim ?
1880 23º A mulher escrava de seu proprio filho, Manoel José Civil
volume tendo outros filhos menores escravos, Espinola
deve preferir, na ordem da
emancipação das famílias, aos
conjuges de que trata o art. 27 do
Reg. De 13 de Novembro de 1872?
1880 23º Nas comarcas geraes, a quem F. Luiz C. Processo civil
volume compete proferir o despacho de
abertura de fallencia, recebimento de
embargos oppúslos ao arresto e
outros?
1880 23º lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 João Damasceno Civil
volume PARECER Pinto De Mendonça

1880 23º O juiz de direito, que, em vez de Joaquim De Mello Penal


volume deferir uma petição de habeas- Rocha
corpus, manda o paciente, que está
preso, justificar miserabilidade, a
275

pretexto de ter e!lo meios de pagar


custas, commette ou nao um crime de
responsabilidade?
1880 23º Poder-se-ia constituir usufructo Democrito Civil
volume transmissivel aos herdeiros do Cavalcante De
usufructuario ? Albuquerque
1880 23º Administração dos trabalhos e Antônio Herculano Administrativo
volume serviços das minas de Sousa Bandeira
Filho
1880 23º Direito Criminal Pôde haver DR. Graciliano De Penal
volume complicidade punível, sem autoria Paula Baptista
responsável?
1881 24º Loterias e rifas não autorisadas. Aristides Augusto Penal
volume O delicto, punido pela lei n. 1099 de Milton
18 de Setembro de 1860, não é um
crime policial.
lntelligencia da lei citada, do art. 12 §7
do codigo do processo criminal, art.
10 da lei n. 2033 de 20 de Setembro
de 1871 e art. 47 do seu regulamento
n. 4824.
1881 24º Não pertencem à jurisdicção Nabor Carneiro Civil. Comercial
volume commercial as letras passadas entre Bezerra Cavalcanti
credor e devedor, em virtude de um
contracto civil, no acto de assignarem
ambos a respectiva escriptura, sendo
nesta mencionadas, como
representando obrigação
consequente do mesmo contracto.
1881 24º Intelligencia do art. 275, 2ª parte do José Casimiro Da Penal
volume Codigo do Processo Criminal. Costa
O accusador só póde recusar, depois
que o accusado recusar doze juízes
de facto?
1881 24º Camaras Municipaes Antonio Joaquim Administrativo
volume QUESTÕES PRACTlCAS De Macedo Soares
1881 24º Nas causas sobre bens de raiz, a José De Souza Civil
volume conciliação deve ser tentada com Reis
marido e mulher conjunctamente?
Intelligencia das Ords. liv. 3º tit. 47 e
liv. 4º tit.. 48.
1881 24º Quando as Assembléas Provinciaes Hermenegildo Administração
volume procedem como Tribunaes de Justiça, Militão De Almeida da justiça
estão sujeitas ás leis que regulão a
forma do processo perante os
Tribunaes?
São as Assembléas Legislativas
Provinciaes competentes para
decretarem a norma e forma do
processo dos magistrado de que trata
o § 70 do art. 11 do Acto Addicional ?
Cabendo ao Poder Legislativo
Provincial, deve ser determinada em
lei, ou compete ao seu regimento
interno?
1881 24º Direito Civil José De Souza Civil
volume O erro ou ignorancia de direito, Reis
aproveita a alguém em alguns casos?
276

1881 25º A questão penitenciaria no Brazil Antônio Herculano Penal


volume De Sousa Bandeira
Filho
1881 25º A acceptilação não paga imposto de Antonio Joaquim Tributário
volume transmissão De Macedo Soares
1881 25º A questão penitenciaria no Brazil Antônio Herculano Penal
volume (continuação) De Sousa Bandeira
Filho
1881 25º Da appellação Official e do protesto Antonio Joaquim Penal
volume por novo julgamento quando á pena De Macedo Soares
de galés perpétuas se substitue a de
prisão perpetua
1881 25º Contractos de « quota-litis » Antonio Joaquim Civil
volume De Macedo Soares
1881 25º E' recebida nos effeitos regulares a Demosthenes Da Processo civil
volume appellação da sentença que em Silveira Lobo
assignação de dez dias despreza
embargos, desde que nelles allegou-
se compensação, o que constitue o
pedido incerto
e illiquido e torna a causa ordinaria ?
1881 25º Direito Commercial Antonio Dino Da Comercial
volume A autorisação para commerciar dada Costa Bueno
ao filho-familias pôde ser revogada?
1881 26º O Recurso á Corôa é ofensivo da João Thomé Da Processo.
volume liberdade e independência da Egreja? Silva Direito
Canônico.
1881 26º Se o Estado, por cujo territorio passa, José Julio De Administrativo
volume um rio que oferece navegação de alto Albuquerque
bordo e que tem mais Estados Barros
ribeirinhos, póde chamar-se
proprietario d'aquella parte do rio que
corre dentro de sua jurisdicção e
imperio.
1881 26º No casamento da mulher Vicente Ferrer De Civil
volume quinquagenaria, que tem filhos ou Barros Wanderley
descendentes successiveis, sendo Araujo
viuva, communicão-se: a) uma terça
parte dos bens por ella possuidos na
epoca do casamento e dos que
depois de casada lhe advierem, por
qualquer titulo, de seus ascendentes
ou descendentes; b) os fructos e
rendimentos, das duas partes de bens
declaradas inalienaveis, em face da
Ord. liv. 40 ti. 103; c) os adquiridos na
constância do matrimonio e os que lhe
locarem de outros que não os seus
ascendentes ou descendentes; d)
todos os bens do outro conjuge.
1881 26º Questão juridica Caetano Augusto Penal
volume Crime de furto. (Art. 259 do cod. crim. Da Gama
e Dec. de 15 de Outubro de 1837). Cerqueiua
1881 26º Juizes certos para conhecimento dos C. Comercial.
volume Embargos oppostos ao Acórdão (ANÔNIMO) Processo.
embargado
1881 26º O legado que é deixado ao credor, José De Souza Civil
volume opera a compensação da divida, ou Reis
entende-se dado gratuitamente?
277

1881 26º Estada pelas intimações de Salustiano José De Administração


volume sentenças e despachos judiciaes. Oliveira da justiça.
Intelligencia do art. 108 do regimento Processo.
de custas.
1882 27º Pronuncia e libelo o promotor publico Antonio Joaquim Penal
volume não pode articular no libello matéria De Macedo Soares
principal que se não contém na
pronuncia.
1882 27º Suspeição dos escrivães e tabelliães Virgilio Martins De Administração
volume Mello Franco da justiça
1882 27º Intelligencia do art. 105 do vigente João Baptista Processo
volume Regulamento das Relações, nas Gonçalves Campos
palavras – “a sentença poderá ser
uma só vez embargada”.
1882 27º Interprétação do art. 562 do Regul. Aristides Maia Comercial
volume Comm. n. 787 de 25 de Novembro de
1850.
1882 27º Proferida pelos Juizes de Direito, nas José De Souza Penal
volume Comarcas Geraes, sentença final Reis
condemnatoria, têm elles assim,
conclui do a sua jurisdicção?
Concedido pelo Poder competente,
perdão ou comutação da pena, neste
caso, antes de estar o Réo á
disposição do Juiz Municipal, .como
determinão, o art. ·106 do
Regulamento n.120
de 31 de Janeiro de 1842 e A viso de
2 de Agosto de 1858, á quem
compete a execução do Decretl.l do
perdão ou commutação?
Intelligencia dos arts. 211 S) 9, 406 e
407 do Regul. n. 120 de 31 de Janeiro
de 1842 e arts. 60 e,70 do Decreto n.
1458 de 14 de Outubro de 1854.
1882 27º Usufructo e fideicommisso Joaquim Antunes Civil
volume De Figueiredo
Junior
1882 28º Tribunaes correccionaes Olegario Herculano Penal
volume D´Aquino E Castro
1882 28º Critica forense Anônimo Penal
volume HONORARIOS MEDICOS
1882 28º A lei n. 3,029 de 9 de Janeiro de 1881 Tavares Bastos, Eleitoral
volume (reforma eleitoral) e sua execução). presidente
Meios de provar a renda. Os jurados Alencar Araripe,
de 1879. Os negociantes não Bandeira Duarte,
matriculados. Imposto do dizimo de Aquino e Castro.
gado. Doações não insinuadas.
Processo summario, nos casos de
arrendamento. Imposto de industria
ou profissão. Prazo para o segundo
escrutinio. Dous, ou mais, recursos
contra um mesmo alistando.
1882 28º (título ilegível, texto inicia com a Aristides Augusto Comercial
volume citação do Agravo Commercial 3183 Milton
1882 28º Investigação da Paternidade Natural Tarquinio De Souza Civil
volume na acção de alimentos Filho
1882 28º Em falta de irmão do defunto Hermenegildo Civil
volume succudem-lhe in capita ou in stirpes Militão De Almeida
os sobrinhos filhos de irmãos?
278

1882 28º Custas judiciarias nos processos de Jose De Souza Administração


volume liberdade Reis da justiça
Intelligencia dos arts. 40 SI 60 da Lei
n. 2,040 de 28 de Setembro de 1871
e 81 SI 30 e 80 do Dec. n. 5,135 de 13
do Novembro de 1872.
1882 28º Critica do artigo 169 do Codigo João Pereira Penal
volume Criminal Monteiro
DO PERJÚRIO
1882 28º Reforma judiciaria Olegario Herculano Administração
volume D´Aquino E Castro da justiça
1882 28º Critica forense PROCESSO DA (anônimo) Crítica
volume IMPRENSA *Os artigos contemporânea
publicados no
Direito sob o título
Crítica Forense são
escriptos por um
distincto
magistrado,
membro da
Relação da Bahia
1882 28º Os escravos de propriedade agrícola M. Jorge Rodrigues Administração
volume hypothecados com esta devem figurar da justiça
na respectiva inscripção dos livros de
Registro-Hypothecario para que esta
dê preferencia contra terceiros em
relação a ditos escravos?
1882 28º Condição Civil do Estrangeiro Tarquinio De Souza Civil
volume Filho
1882 28º Direito Romano Hermenegildo Direito romano
volume A prorrogação do prazo para Militão De Almeida
pagamento exonera o fiador?
1882 29º Reforma judiciaria Olegario Herculano Administração
volume SUPPRESSÃO DOS LUGARES DE d´Aquino e Castro da justiça
JUIZES MUNICIPAES
1882 29º Os magistrados brazileiros E seus Aristides Augusto Administração
volume inimigos Milton da justiça
1882 29º O Divorcio Tarquinio De Souza Civil
volume Filho
1882 29º As acções ordinarias podem-se Ernesto Pinto Processo civil
volume processar summariamenle por Lobão Cedro
commum accordo das Partes?
1882 29º Direito Romano Antonio Dino Da Direito romano
volume O devedor verdadeiramente obrigado Costa Bueno
e absolvido de pagar por sentença
que passou em julgado fica ainda
obrigado naturalmente?
1882 29º Deixando o louvado, depois de José Christiano Comercial
volume juramentado, de dar o seu laudo em Stockler De Lima
execução commercial, o juiz deve
nomear quem o substitua
independente de citação das partes?
A nomeação e approvação de
louvados, não se faz do mesmo modo
porque se faz em grao de appeIlação,
quando se trata de avaliar bens.
Póde-se requerer 2ª avaliação
quando os bens não acharão
licitantes na 1ª praça?
279

1882 29º E' admissivel a desistencia do recurso Tertuliano Crítica


volume de revista perante o Tribunal da Henriques contemporânea
Relação Revisora?
1882 29º Prescripção de honorarios de Francisco De Paula Processo civil
volume advogado Lacerda De
Almeida
1882 29º Direito Commercial· João Manoel Carlos Comercial
volume AS operações em conta de De Gusmão
participação) assumem o caracter de
verdadeira sociedade? Quaes os
elementos característicos das
operações em conta de participação?
1882 29º Direito Romano Hermenegildo Direito romano
volume O pae é obrigado a dotar a filha Militão De Almeida
emancipada?
1882 29º Direito Romano Francisco Das Direito romano
volume O legado puro e simples, que tem de Chagas Souza
ser satisfeito por um herdeiro Pinto
instituido sob condição, está sujeito á
regra catoniana?
1883 30ª A adopção que effeitos produz entre Antonio Dino Da Civil
volume nós actualmente? Costa Bueno
1883 30ª Direito administrativo Genuino Firmino Administrativo
volume Até onde chega o domínio da ação Vidal Capistrano
administrativa e de sua jurisdicção na
desapropriação por utilidade publica
geral, ou municipal da Corte?
1883 30ª Apontamentos sobre Naturalização Affonso Celso Internacional
volume
1883 30ª Intelligencia do art. 73 do Cod. Do João Baptista Processo Penal
volume Proc. Crim. Pimentel Lustosa
1883 30ª Estudo de Direito Comercial da João Pereira Comercial
volume sociedade em conta de participação Monteiro
1883 31º Como se deve praticar no caso de Francisco De Paula Civil
volume acharem-se os herdeiros de posse Lacerda De
cada um de certos bens da herança? Almeida
1883 31º Critica forense *ANÔNIMO Crítica
volume o JURY, E o JUIZ contemporânea
1883 31º REFORMA JUDICIARIA Olegario Herculano Administração
volume Projectos apresentados pela d´Aquino e Castro da Justiça
commissão nomeada pelo governo
em 1882 e precedidos de uma
exposição de motivos
1883 31º Projecto sobre organização judiciaria Olegario Herculano Administração
volume d´Aquino e Castro da Justiça
Leandro De Chaves
Mello Ratisbona
1883 31º Projecto sobre administração de Olegario Herculano Administração
volume Justiça d´Aquino e Castro da Justiça
Leandro De Chaves
Mello Ratisbona
1883 31º Intelligencia do Cod. Criminal, art. Severino Eulogio Penal
volume 225: Ribeiro De
Tirar para fim libidinoso, por violencia, Rezende
qualquer mulher da casa ou do lugar
em que estiver. Penas de 2 a 10 anos
de prisão com trabalho e de dotar a
offendida.
280

1883 31º Da Competencia do Juiz no conceder Antonio Joaquim Processo civil


volume licença para alienação de bens dos De Macedo Soares
órfãos
1883 31º A parte que não pagou, nem offereceo Samuel Felippe De Processo civil
volume em juizo as custas de retardamento Souza Uchôa
em que foi condemnada, pode
appellar?
Intelligencia das Ords. Do L. 3, T. 20
§ 37 e T. 79 § 3º
1883 31º Em face do n. 1 do art. 36 do Reg. que Antonino Neves Civil
volume baixou com o Decr. de n. 5135 de
1812, assiste ao senhor ou ao
possuidor o direito de reclamar contra
a classificação para o fim de fazer
preterir o seo escravo classificado?
1883 32º A existencia e o progresso da Hermenegildo Economia
volume propriedade contribuem ou não para Militão De Almeida
augmentar a desigualdade das
condições?
1883 32º Qual a extenção da ideia do mandato Tobias Barreto De Penal
volume de que trata o art 4º do Codigo Menezes
Criminal?
1883 32º E' conforme com a existencia do Affonso Octaviano Constitucional
volume Poder Moderador a disposição do § 3º Pinto Guimarães
do art. 102 da Constituição?
1883 32º A Lei de 7 de Novembro de 1831 está Antonio Joaquim
volume em vigor De Macedo Soares
1883 32º Governo representativo Severino Eulogio Constitucional.
volume Ribeiro De Eleitoral
Rezende
1883 32º Qual o melhor dos systemas Joaquim De Penal
volume penitenciarios conhecidos? Almeida Leite
Moraes Junior
1883 32º Estipulação de uma servidão em favor Antonio José Civil
volume de terrenos de um terceiro Rodrigues Torres
Netto
1883 32º O talão do pagamento do imposto de Luiz Antonio De Eleitoral.
volume industrias e profissões não é a Souza Neves Tributário
certidão a que se refere o § 7º do art.
1º do Decr. n. 3122 do anno proximo
findo e não a suppre; sendo que a sua
admissão conntraria a mente da lei.
Algumas considerações sobre outros
documentos exhibidos para
fundamentar o direito a ser
considerado eleitor.
1884 33º Quando o réo é convencido de muitos Luiz Lopes Baptista Penal
volume delictos, mas todos tendentes no Dos Anjos Junior
mesmo fim, deve ser condemnado
nas penas correspondentes a cada
um delles?
1884 33º Variedade da jurisprudencia brasileira Leonidas Crítica à
volume Marcondes De jurisprudência
Toledo Lessa
1884 33º A compra e venda ajustada sobre Luiz Lopes Baptista Comercial
volume amostras determina a existencia de Dos Anjos Junior
condição resolutiva?
1884 33º Direito Criminal Severino Eulogio Penal
volume Crime de rapto. Fim libidinoso. Ribeiro De
Rezende
281

1884 33º Quem é o proprietario dos bens da Theophilo Dias De Canônico. Civil
volume Egreja? Mesquita
1884 33º A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Civil
volume Henriques (escravidão)
1884 34º Como se entendem as expressões do Eugenio De Paula Eleitoral
volume art. 4º n. 12 da lei n. 3029 de 9 de Ferreira
Janeiro de 1881 e do art. 1º ~ 9·,
membro 20, do Dec. n.3122 de 7 de
Outubro de 1882-os cidadãos
qualificados jurados na revisão feita
no anno de 1879; os cidadãos
qualificados jurados nas revisões dos
annos de 1878 e 1879 ?
1884 34º 1.' Não ha direito de escravidão. Antonio Carneiro Civil
volume 2.· Em causa de liberdade não se Antunes (escravidão)
admite autoria Guimarães
1884 34º A classificação dos escravos Luiz Ferreira Maciel Civil
volume libertandos Pinheiro
1884 34º Qualificação dos Jurados Antonio Joaquim Eleitoral
volume As novissimas Leis eleitoraes De Macedo Soares
derogaram a de 3 de Dezembro, art.
27, que definiu as condições para ser
qualificado jurado?
1884 34º Bens da Egreja Candido Mendes Canônico. Civil
volume De Almeida
1884 34º Connexidade dos crimes Tertuliano Penal
volume Henriques
1884 34º Quando um libello inepto é recebido, Aristides Augusto Penal
volume e não se pode por isto cumprir o que Milton
determina. a lei para a organisação
dos quesitos; deve o presidente do
tribunal do jury redigil-os de accordo
com as provas do processo e os
debates, afim de ser classificado
devidamente o crime.
Ao réu que, absolvido pelo jury, tem
de ser posto imediatamente em
liberdade, não carece passar-se ai
vara de soltura.
Declarando o réu no tribunal ter
advogado, conquanto este na ocasião
esteja ausente não deve o juiz
nomear defensor ex-officio; salvo si a
parte concorda.
InteIligencia dos arts. 59 da lei e 3 de
dezembro 1841. art. 17 §§ 4 e 5 da lei
de 20 de setembro 1871, e art. 322 do
codigo do processo criminal.
1884 34º Questão eleitoral Ignacio Antonto Eleitoral
volume Póde-se proceder á eleição de Fernandes
vereadores e juizes de paz nas
parochias e districtos creados
posteriormente á 31 de Dezembro de
1879 ?
1884 35º Póde ser fundamento da boa fé para Brazilio Rodrigues Processo civil
volume prescripçio da propriedade e Dos Santos
prescripção dos fructos tanto o erro de
direito, como o erro sobre a existencia
do titulo?
282

1884 35º Suspeição do Promotor Publico Antonio Joaquim Administração


volume De Macedo Soares da justiça
1884 35º O Concelho d 'Estado e a Lei de 7 de Antonio Joaquim Administrativo
volume Novembro de 1831 De Macedo Soares
1884 35º Os exames de sufficiencia para o Godofredo Autran Administração
volume provimento dos officios de justiça da justiça
devem ser julgados por sentença pelo
juiz que os preside?
1885 36º A annullação de um concurso para o Godofredo Autran Administrativo
volume provimento de officio de justiça
importará a nullificação da nomeação
provisoria feita pelo presidente da
provincia na pessoa de um dos
concorrentes?
1885 36º Direito romano Brazilio Augusto Direito romano
volume Noção do Status. Machado De
Oliveira
1885 36º Direito Civil Brazilio Rodrigues Civil.
volume « Que normas regulam os conflictos Dos Santos Internacional.
internacionaes sobre a propriedade?»
1885 36º Direito Criminal Francisco Penal
volume Discurso com que o Sr. Dr. Francisco Bernardino Ribeiro
Bernardino Ribeiro abrio a 2ª aula do
3º anno do curso Jurídico de S. Paulo
em 1836. (I)
1885 37º Injuria em carta particular é crime? Francisco Ferreira Penal
volume Dias Duarte
1885 37º "Repertorio synthetico de todos os *** Eleitoral
volume avisos publicados até hoje a respeito (ANÔNIMO)
da reforma eleitoral
1885 37º Jurisdição e competencia das Fernandes Da Administrativo.
volume Assembléas Legislativas e de suas Cunha Filho Eleitoral
commissões de inquerito parlamentar
em materia de verificação de poderes
de seus membros.
1885 37º O credor de hypotheca convencional Manoel Joaquim Da Civil
volume tem direito de requerer sequestro nos Silva Filho
terrenos adqueridos pelo devedor
posteriormente a hypotheca e
incorporados ao immovel
hypothecado?
1885 37º Camaras Municipaes Antonio Joaquim Administrativo
volume QUESTÕES PRACTICAS De Macedo Soares
(continuação)
1885 37º O juiz de direito póde, em gráu de Aristides Augusto Penal
volume recurso, annullar um processo crime, Milton
desde que não forem sanaveis as
nullidades de que este se resentir, e
tratando-se do delictos em que tenha
logar a accusação por parte da
justiça.
lntelligencia dos arts. 25 § 3º da lei de
3 de dezembro de 1841, e art. 200 §
2º do regulamento de 31 de Janeiro
de 1842
1885 37º Os crimes de calumnia e de injuria Mauricio f. Ferreira Penal
volume commettidos por meio de cartas da Silva
missivas.
283

1885 38º Póde se declarar aberta a fallencia ao Leonidas Comercial


volume commerciante que tem um unico Marcondes De
credor? Toledo Lessa
1885 38º Attençáo, e não tençáo é o vocabulo João José Do Penal
volume que acha-se escripto no artigo 10 § 4º Monte Junior
do Codigo Crimina:
1885 38º A propriedade das minas Antônio Herculano Administrativo
volume de Sousa Bandeira
Filho
1885 38º A injuria em carta particular, que seo João Braulio Penal
volume autor sómente enviou ao injuriado, Moinhos De
sem te-la antes communicado á Vilhena
alguém, é crime perante o Cndigo
Criminal?
1885 38º Da cousa julgada no civel Alfredo Moreira De Processo civil
volume Barros Oliveira
Lima
1886 39º É LÍCITO O DIVORCIO? Brazilio Augusto Civil
volume Machado De
Oliveira
1886 39º Direito Criminal Lucio De Mendonça Penal
volume Interpretação do art. 14, § 3°, ultima
parte do 20 alinéa, do. Cod. Criminal.
1886 39º Conciliação Augusto Carlos Vaz Civil
volume De Oliveira
1886 39º De que data é contado o prazo para Alfredo Abdon de Eleitoral
volume interposição dos recursos por Loyola
inclusão indevida, ou não inclusão no
alistamento eleitoral?
Pôde o escrivào, sem previo
despacho do juiz, tomar por termo no
livro especial, um recurso que verifica
ser interposto fôra do prazo legal,
desacompanhado de documento
comprobatorio da capacidade do
recorrente e juntar a respectiva
petição aos proprios autos ou
processo original ?
Processado um recurso pela forma
supra dita, o juiz de direito não o
recebendo, poderá permittir que ao
recorrente seja entregue o processo
original para remettel-o á instancia
superior, (ou devera prohibir que os
autos sejam retirados do
cartorio, concedendo, entretanto, no
reclamante a entrega dos seus papeis
?
1886 40º Se para o bom desempenho das Graciliano De Administração
volume funcções judiciaes a pluralidade de Paula-Baptista da justiça
juízes nos tribunaes é preferivel á
unidade.
1886 40º Principios justificativos do art. 1º do Antonio Carneiro Comercial
volume Codigo Commercial Antunes
Guimarães
1886 40º Qual a influencia do credito na João Capistrano Economia
volume produção de riqueza? Bandeira De Mello
Filho
1886 40º Direito Criminal João Vieira De Penal
volume Araujo
284

Não se julgarão criminosos os que


commetterem crimes casualmente no
exercicio ou pratica de qualquer acto
licito feito com ATTENÇÃO ordinaria.
– Cod. Criminal art, 10 § 4º
1886 41º O Regulamento n. 5581 de 31 de Joaquim Saldanha Internacional
volume Março dê 1874, ante o Direito Marinho
Internacional Privado
1886 41º Direito criminal João Vieira De Penal
volume Ha verdadeira tentativa ou delicto sui Araujo
generis no facto querido e preparado
por meios proprios, mas tentado por
impróprios?
1886 41º Direito Criminal Brazileiro João Vieira De Penal
volume E’ applicavel a mesma pena ao autor Araujo
do roubo e ao receptador -
Intelligencia dos arts. 6°, 34, 35 e 274
do Cod. Crim.
1886 41º Regulamento n. 737, de 25 de A. L. Ferreira Processo
volume Novembro de 1850 Tinoco
1886 41º Justificação de perda de titulo do José Xavier Eleitoral
volume eleitor Carvalho De
Mendonça
1886 42º A proposição da acção rescisoria do João Braz De Processo Civil
volume contracto não induz litispendencia Oliveira Arruda
para a acção de dez dias, proveniente
do mesmo contracto.
Todavia, havendo já alguma sentença
pronunciando a nullidade do
contracto, o autor não poderá levantar
a importancia da execução sem
prestar fiança.
(Reg. n. 737 de 23 de Novembro de
1850,
art. 255)
1886 42º Emphyteuse Antonio Xavier Civil
volume Freire
1886 42º A autoridade judiciaria, tratando-se de Godofredo Autran Penal
volume um crime commum, cuja formação de
culpa não se iniciou nos termos da lei,
terá competencia para proceder ex-
officio ao respectivo corpo de delicto?
1886 42º As hypothecas constituídas Eusebio Innocencio Comercial
volume anteriormente aos decrs. ns. 3272 de Vaz Lobo Da
5 de outubro de 1885, e 9549 de 23 Camara Leal
de janeiro de 1886 sobre execuções
cíveis e commerciaes, vedam o
penhor agrícola das colheitas
pendentes, sem consentimento
expresso do credor hypothecario.
1886 42º Qual a forma do processo a ser Godofredo Autran Processo
volume observada pelas assembléas
provinciaes quando convertidas em
tribunaes de justiça?
1886 42º Questões de alienação de bens, Francisco Peixoto Penal
volume moveis, dotaes; - competencia de de Lacerda
juizo para pedir-se indemnisação; - Werneck
responsabilidade por quasi delicto.
1887 43º Legitimação per subsequens Miguel Bernardo Civil
volume matrimonium Vieira D'amorim
285

1887 43º Pelo preço da adjudicação devem os Antonio José Comercial


volume bens ser levados á praça, mesmo no Rodrigues Torres
juízo comercial (CONSULTA) Netto
1887 43º Direito Civil M. I. Carvalho De Civil
volume « o irmão bilateral reconhecido com Mendonça
sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta
com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente
consanguineos - em hora
reconhecidos no mesmo testamento?
»
1887 43º Questão de compra de bens de raiz á Francisco Peixoto Civil
volume prazo, e venda dos mesmos bens de Lacerda
pendendo acção de Werneck
lezão enorme proposta pello
comprador.
1887 43º Incendio Francisco Ferreira Penal
volume Dias Duarte
1887 43º Pelo preço da adjudicação devem os João c. Pestana de Comercial
volume bens ser levados á praça, mesmo no Aguiar
juizo commercial. (?)
1887 44º Escravos de filiação desconhecida Ruy Barbosa Civil
volume
1887 44º Crimes De Destruição, Damno E Francisco Ferreira Penal
volume Outros Dias Duarte
1887 44º A escriptura publica é da substancia Francisco Peixoto Civil
volume de todas as doações que devam ser De Lacerda
insinuadas? Werneck
1887 44º O herdeiro, á quem foi adjudicado o Antonio De Civil
volume bem inventariado, e que, por ser Campos Toledo
indivisivel, o juiz do inventario não
mandou partilhar, não está sujeito ao
pagamento da siza ou meia siza pelas
tornas que fizer aos co-herdeiros.
1887 44º Estudo sobre o cap. 3º, tit. 3º da 3ª Francisco Luiz Penal
volume parte do Codigo Penal com as Correa De Andrade
modificações da lei de 15 de outubro
de 1886.
1888 45º Propriedade De Minas Carlos Honorio Administrativo
volume Benedicto Ottoni
1888 45º Direito Commercial Pedro Augusto Comercial
volume « As mulheres das pessoas que são Carneiro Lessa
prohibidas de commerciar, por força
do art. 20 do Codigo Commercial,
podem commerciar?
« Os prohibidos de commceciar
podem autorizar suas mulheres ao
exercido do commercio?»
1888 45º A pena de comisso nos estatutos das Aristides Spinola Comercial
volume sociedades por acções
1888 45º Os juizes de direito têm competencia Ernesto Pinto Penal
volume para processarem e julgarem os Lobão Cedro
crimes de homicidio
connexos com os de
responsabilidade dos empregados
publicos não privilegiados ?
1888 45º A nullidade do processo, motivada por J. B. G. Siqueira Penal
volume incompetencia de juizo, póde dar Filho
logar á concessão
286

de habeas-corpus em favor do que é


notificado para ser processado pelo
crime de calumnias e injurias
impressas?
1888 45º O Hypnotismo No Crime Francisco Ferreira Penal
volume Dias Duarte
1888 46º Divisão De Terras Carlos Honorio Civil
volume Benedicto Ottoni
1888 46º 1º A omissão da declaração do Francisco Peixoto Civil. Penal.
volume estarem ou não os bens sujeitos a De Lacerda
anteriores hypothecas legaes, exigida Werneck
pro substantia na escriptura de
hypotheca, constitue nullidade de
pleno direito absoluta?
2º O devedor executado tambem a
póde allegar em embargos á
execução?
3º A omissão da declaração importa
em crime de estellionato?
1888 46º Direito Ecclesiastico Abelardo Saturnino Canônico
volume Seria valida, no Brazil, a creação de Teixeira De Mello
um cardeal sem a intervenção do
governo?
1888 46º O resaque póde ter logar contra os Thomaz Garcez Comercial
volume abonadores ou garantes das firmas Paranhos
responsaveis pela letra de cambio? Montenegro
Sim.
1888 46º 1º Vigora entre nós a nullidade de que Francisco Peixoto Civil
volume tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, De Lacerda
§ 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14? Werneck
2º Admittida a hypothese negativa –
ex-vi do Reg. de 31 de Março de
1874, subsiste a nullidade para os
contratos ANTERIORES a esse
Reg.?
1888 46º Um fideicommisso moderno e cinco F. de C. Figueira De Civil
volume accordãos Mello
1888 47ª Systemas de codificação civil Joaquim Felicio Civil
volume Dos Santos
1888 47ª DIREITO INDUSTRIAL Antonio Joaquim Comercial
volume Caução de judicato solvendo De Macedo Soares
1888 47ª A appellação nas acções summarias José Xavier Comercial
volume de reclamação de credito, de que trata Carvalho De
o art. 860 do Código Commercial, Mendonça
deve ser recebida em ambos os
effeitos?
1888 47ª Póde-se admittir uma dupla intuição José Izidoro Processo civil
volume românica e germanica da luta juridica Martins Junior
ou do processo?
No caso affirmativo quaes os
caracteres de uma e outra ?
1888 47ª O juiz de paz suspenso deve ser José Xavier Administração
volume eliminado da respectiva lista, Carvalho De da justiça
completando-se esta com o 1° Mendonça
immediato em votos ao 4º juiz eleito?
1888 47ª A nova escola. De direito criminal os João Vieira De Penal
volume juristas italianos e ferri, f. Puglia e r. Araujo
Garofalo
1888 47ª Requerida a fusão das camaras por José Liberato Constitucional
volume uma dellas, a outra não póde recusar- Barroso
287

se á vista do art. 61 da Constittuição


do Imperio
1888 47ª A Anthropologia E O Direito Criminal Antonio Joaquim Penal
volume De Macedo Soares
1889 48º DIREITO CRIMINAL João Vieira De Penal
volume Na psychologia criminal a Araujo
premeditação e a paixão são
antinomicas?
No caso negativo, são conciliaveis as
disposições do art. 16 § 8º do Cod.
Crim. e as dos arts. 10 § 3º, 18 e 19?
1889 48º Materia de collação-Intelligencia da Carlos Honorio Civil
volume Ord. liv. 4° tit. 97. Benedicto Ottoni
1889 48º E' o promotor publico, como recorrido Luiz Bartholomeu Penal
volume obrigado a arrazoar os recursos de Marques Pitaluga
pronuncia, sem ter pedido vista, para
isso, na fórma do art. 73 da lei de 31
de dezembro de 1841?
1889 48º Sociedade mercantil. -Validade de Francisco Peixoto Comercial
volume sua dissolução amigavel effectuada De Lacerda
por procurador, falecendo o socio, Werneck
constituinte deste (ausente), antes
das publicações legaes.
1889 48º O juiz que, nos termos do art. 5º § 13 Tribunal da Penal
volume da lei de 3 de outubro de 1834 Relação, 2 de julho
representa contra uma requisição de 1886.- Rocha,
presidencial relativa ao juramento e presidente.-
posse dos supplentes de juiz Curado Fleury -A. J.
municipal, que não reunem em si os Pereira.- A. V.
requisitos legaes, incorre por isso nas Magalhães -Lins
penas do Cod. Crim.? Peixoto
1889 48º O art. 19 da reforma de 1871 e os arts. José Bernardo De Penal
volume 16 á 18 do Codigo Criminal. Arroxellas Galváo
Filho
1889 48º 1. Nos crimes particulares, quando Francisco Peixoto Penal
volume não tem lugar o procedimento ex- De Lacerda
officio, o não comparecimento do Werneck
queixoso aos termos da formação da
culpa importa em perempção do
summario de culpa?
2. Julgado perempto o processo de
formação da culpa ou summario de
culpa, fica o ofendido inhibido de
renovar a queixa?
1889 48º O Direito E O Processo Criminal João Vieira De Penal
volume Positivo Araujo
1889 48º Considerações Sobre O Processo Virgilio Martins De Penal
volume Penal Brazileiro Mello Franco
1889 48º MATÉRIA DE COLLAÇÕES F. DE C. Figueira Civil
volume Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § De Mello

EXAME DE TRES SYSTEMAS
1889 48º Não estão integralmente em vigor os Francisco Das Comercial
volume arts. 844 e 847 do Cod. Comm., ou Chagas Souza
estão derrogadas sómente as Pinto
disposições finaes?
1889 48º DIREITO CRIMINAL E. Lobo Penal
volume O nosso codigo comprehende o
delicto falho?
288

1889 49º A individualisação é o principio Jose Bernardo De Penal


volume regulador na esphera da penalidade Arroxellas Galváo
1889 49º Anthropologia Criminal João Vieira De Penal
volume Araujo
1889 49º Posthumo o que seja, que direito tem? Mileno De Torres Civil
volume Bandeira
1889 49º Compete, ao juiz municipal, ou ao juiz Severino Eulogio Comercial
volume de direito, decretar na pendencia da Ribeiro De
lide, ex officio ou a requerimento, Rezende
exame nos livros de um dos litigantes
para delles se averiguar o tocante á
questão?
1889 49º DESPEJO DE CASAS Vicente Ferrer De Civil
volume Barros Wanderley
Araujo
1889 49º Plano geral do projecto de codigo civil Antonio Coelho Civil
volume brazileiro Rodrigues
1889 50º O ESTUPRO VIOLENTO João Vieira De Penal
volume Esboço theorico do art. 222 do Codigo Araujo
Criminal
a genese athropologica do delicto
1889 50º A correição judicial Francisco Ferreira Administração
volume Dias Duarte da justiça
1889 50º Corruptela forense Ignacio Antonto Comercial
volume Fernandes
1889 50º Os filhos legitimados gozam dos Anônimo Civil
volume mesmos direitos que os legítimos?
1889 50º Commentario à lei de 15 de outubro José Bernardo De Penal
volume de 1886 Arroxellas Galvão
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1 Volume Ano Título do artigo Articulista Autor citado Obra citada Ano da obra Idioma Tipo de citação
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
2 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Philippe Antoine Merlin Recueil alphabétique des questions de droit Indireta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
3 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Scachia latim direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
4 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Ulpiano latim direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
5 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Pardessus Dr. Comm. direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
6 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Massé Dr. Comm. direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
7 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Paulo latim direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
8 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Tertuliano latim direta
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
9 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Zacharie Le Droit Civil Français menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que Le Droit Civil Français (Le droit civil français
10 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Toullier suivant l'ordre du Code) menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
11 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Eschbach Introd. À l'étude du Dr. menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que Répertoire universel et raisonné de
12 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Philippe Antoine Merlin jurisprudence menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
13 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Demolombe menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
14 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Aug. Barb. Leib. I Decret. Proem. menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
15 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Port. De donat. menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
16 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Borges Carneiro Direito Civil de Portugal menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
17 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito Civil Portuguez menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
18 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez menção
1º Em que a locação de serviços mercantil de distingue da civil? 2º Por que
19 1 1873 leis se rege a locação de serviço civil? Antonio Joaquim Ribas Coelho da Rocha Direito Civil Brazileiro menção
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
20 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Bigôt-Préameneu Exposé des motifs francês direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
21 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani referência

Suppl. ás notas a Mello Freire (Colleção de


Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Manuel de Almeida e Sousa de Dissertações Jurídico Praticas em Supplemento
22 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Lobão ás Notas do Livro III de mello Freire) referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
23 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
24 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Consultationum ac rerum judicatarum in regno
25 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Alvaro Valasco Lusitaniae Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
26 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Gama Dec. Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
27 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
28 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Montaigne Essais direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Du contrat de mariage et des droits respectifs
29 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Troplong des époux francês Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
30 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Ulpiano latim direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
289

31 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
A B C D E F G H I
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
32 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Pothier Traité des obligations Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Manuel de Almeida e Sousa de
33 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Lobão português direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
34 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Emmanuelis Alvarez Pegas Ad. Ord. menção
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
35 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Pothier Des. Test. referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Des Testaments (Des donations entre vifs et
36 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Troplong des testaments) apud
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
37 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Demolombe Des Testaments francês direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
38 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Preameneu menção
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Des Testaments (Des donations entre vifs et
39 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Troplong des testaments) português direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e Ovídio Fernandes Trigo de
40 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
41 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Pomponio menção
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
42 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Paulo menção
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e De la Vente (De la vente ou commentaire du
43 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Troplong titre VI du livre III du Code civil) referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
44 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Larombiére Theor. Et. Prat. Des Obligs. referência
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
45 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Philippe Antoine Merlin Recueil alphabétique des questions de droit Indireta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
46 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Blondeau Introd. À l'étude du Dr. francês direta
Não são permitidos pelo nosso direito os testamentos de mão comum e
47 1 1873 recíprocos, entre os conjuges João Damasceno Pinto de Mendonça Marcadé Inst. De Testam. ord.
48 1 1873 Escravos entre bens do evento D. F. B. da Silveira nenhuma
49 1 1873 Locação de serviços civil Aureliano de Souza e Oliveira nenhuma
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
50 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez Indireta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
51 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Fresquet Trait. Elem. De Dir. Rom. Indireta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode De la Vente (De la vente ou commentaire du
52 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Troplong titre VI du livre III du Code civil) francês direta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode Apontamentos sobre as formalidades do
53 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Pimenta Bueno Processo Civil português direta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
54 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Larombiére Theor. Et. Prat. Des Obligs. francês direta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
55 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez apud de Pothier
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
56 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Silva Ad. Ord. Liv. latim direta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode Manuel de Almeida e Sousa de
57 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Lobão Fasciculo de Dissertações Juridico-Practicas Indireta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
58 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Paulo Sent. latim direta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
290

declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode Manuel de Almeida e Sousa de
59 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Lobão Indireta
A B C D E F G H I
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
60 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
61 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Candido Mendes Codigo Philippino Indireta
1º A cessão de uma execução, por termo nos autos, em que não se
declara o preço, é nula? 2º A cessão de uma execução, em que se pode
62 1 1873 opor embargos infringentes do julgado, é valiosa? João Damasceno Pinto de Mendonça Pothier De la Vente latim direta
Primeiras Linhas sobre o Processo
63 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel José Pereira de Carvalho Orphanologico Indireta
64 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel Nova guia dos juízes municipais menção
Provimento da Cidade de Campos, publicado
65 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel João José de Andrade Pinto na Revista Jurídica vol 8 menção
Acórdão de 12 de agosto de 1851 publicado em
66 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel Gazeta dos Tribunais Indireta
67 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel Prática das Correições menção
68 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel Roteiro dos Orphãos menção
69 3 1874 Arrolamento Manoel Lopes da Cunha Maciel Código das leis Orphanologicas menção
A instituição dos ônus reais só deve ser transcrita para poder ser oposta
70 3 1874 aos credores hipotecários Antonio José Rodrigues Torres Netto nenhuma
É válida a hipoteca que, compreende só escravos, sendo posterior à
publicação da Lei 1237 de 24 de setembro de 1864, porém anterior ao
regulamento, que baixou para execução d'essa lei com o Decreto n 3453
71 3 1874 de 26 de abril de 1865? Manoel Martins Torres nenhuma
O foreiro tem a respeito do subemphyteuta os mesmos direitos que
72 4 1874 pertencem ao senhorio. Conselheiro Paula Baptista José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções menção
O foreiro tem a respeito do subemphyteuta os mesmos direitos que Manuel de Almeida e Sousa de Tratado Pratico e Citico de todo Direito
73 4 1874 pertencem ao senhorio. Conselheiro Paula Baptista Lobão Ephyteutico menção
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
74 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Coelho da Rocha Direito Civil referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
75 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples Ovídio Fernandes Trigo de
76 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
77 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Conselheiro Treilhard Tit. 1º do Liv. 3º do Codigo Civil Francez direta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
78 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Mazerat e Chabot Commentaire sur la loi des successions direta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples Exposé des motifs du Titre II, Livre III do Code
79 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Bigôt-Préameneu Civil Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
80 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Justiniano Novella Constitutio X VIlI Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
81 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Antonio Caetano do Amaral memoria III direta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
82 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Lobão ações Summarias referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
83 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Coelho da Rocha Direito Civil referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
84 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Alvaro Valasco Praxis Partitionum et Collationum referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
85 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Digesto Portuguez referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
86 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Gama Decisionum Sup. Senat. Lusitanoe referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
87 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Consolidação das leis civis referência
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
88 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
89 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Callistratus Digesto Indireta
291

Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples


90 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Ulpiano Digesto Indireta
A B C D E F G H I
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
91 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Mackeldey Manuel de Droit Rom Indireta
Memoria sobre qual foi a época certa da
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples introducção do Direito de Justiniano em
92 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo José Anastacio de Figueiredo Portugal Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
93 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Pascoal José de Mello Freire Direito Civil Portuguez Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
94 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples Ovídio Fernandes Trigo de
95 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
96 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Consolidação das leis civis Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
97 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo R. Bordeaux Philosophie de la Procedure Civile Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
98 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Marciano Digesto Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
99 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Borges Carneiro Direito Civil Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
100 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Lobão ações Summarias Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
101 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções Indireta
Quaes as differenças em ordem, caracteres e efeitos entre a simples
102 4 1874 incapacidade de succeder e a incapacidade por indignidade? Joaquim Augusto de Camargo Dr. Demante Bibliotheque du Jurisconsulte Indireta
103 4 1874 Arrolamento das pequenas heranças no Juizo dos Orphãos A. J. de Macedo Soares Cunha Maciel artigo publicado na Revista O Direito Indireta
Le Droit Civil Français (Le droit civil français
104 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Toullier suivant l'ordre du Code) Indireta
105 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Kant Doctr. gen. du droit Indireta
106 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Papiniano Dig. de leg. Indireta
107 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
108 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Guerreiro Indireta
Consultationum ac rerum judicatarum in regno
109 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Alvaro Valasco Lusitaniae direta
110 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Pothier direta
Primeiras linhas sobre o processo
111 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Souza Pinto orphanologico referência
112 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Ulpiano Indireta
113 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Pomponio apud
Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
114 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Lobão ações Summarias Indireta
115 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira FontaneIla Pacto nupt. apud
116 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Michalor Fratrib apud
117 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Pedro Barboza apud
118 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Gomes Manual Pratico Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
119 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de
120 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Lobão menção
121 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Paiva e Pona Orphanologia Pratica referência
122 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões menção
123 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira José Homem Corrêa Telles Tratado das Acções Indireta
124 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções Indireta
125 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira P. Barboza referência
126 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez referência
127 4 1874 A licitação é meio razoavel de corrigir as avaliações nos inventarios? José Luiz de Almeida Nogueira Cabedo Decis. Indireta
Conselheiro J. Saldanha
128 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Marinho artigos publicados na Revista A República Indireta
129 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Logic. Judiciaria direta
292

130 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Jacques Berriat-Saint-Prix apud
131 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Deputado Junqueira transcrição de debate
A B C D E F G H I
132 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Moura Magalhães transcrição de debate
133 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira França Leite transcrição de debate
134 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Mendes da Cunha transcrição de debate
135 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Ferraz transcrição de debate
136 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Souza Martins transcrição de debate
137 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Rebouças transcrição de debate
138 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Vasconcellos menção
139 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Mello Mattos menção
140 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Junqueira menção
Commentario a lei n. 463 de 2 de setembro de
1847 sobre successão dos filhos naturaes e sua
141 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Perdigão Malheiro filiação direta
142 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Pascoal José de Mello Freire livro 4 Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Segundas Linhas sobre o Processo Civil de
143 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Lobão Pereira e Souza Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
144 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Sousa referência
145 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Coelho da Rocha referência
146 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Joaquim Ignacio Ramalho referência
147 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Zacharie referência
148 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Borges Carneiro direta
149 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Mourlon livro 1 direta
Esposicion rasonada y estudo comparado del
150 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Jacintho Chacon Codigo Civil chileno direta
151 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Troplong menção
152 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Toullier menção
153 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Demolombe menção
154 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Valete menção
155 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Proudhon menção
156 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Dalloz menção
157 4 1874 Successao de filhos naturaes Lafayette Rodrigues Pereira Blondeau menção
Dada a consolidação por commisso e ao mesmo tempo o adimplemento de
uma hypotheca sobre terreno foreiro, deve o credor hypothecario ser Manuel de Almeida e Sousa de Tratado Pratico e Citico de todo Direito
158 4 1874 preferido ao senhorio. A. H. de Souza Bandeira Filho Lobão Ephyteutico Indireta
Dada a consolidação por commisso e ao mesmo tempo o adimplemento de
uma hypotheca sobre terreno foreiro, deve o credor hypothecario ser
159 4 1874 preferido ao senhorio. A. H. de Souza Bandeira Filho Silva Ord. menção
Dada a consolidação por commisso e ao mesmo tempo o adimplemento de
uma hypotheca sobre terreno foreiro, deve o credor hypothecario ser
160 4 1874 preferido ao senhorio. A. H. de Souza Bandeira Filho Coelho da Rocha menção
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
161 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Domat Les lois civiles dans leur ordre naturel francês direta
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
162 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Pothier Des droits de successions francês direta
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão, Répertoire universel et raisonné de
163 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Medin jurisprudence francês direta
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
164 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Accursio menção
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão, Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
293

165 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Lobão de Mello Freire direta
A B C D E F G H I
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão, Manuel de Almeida e Sousa de
166 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Lobão Tractado Pratico de Morgados Indireta
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
167 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Pascoal José de Mello Freire menção
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
168 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Ulpiano Fragment. latim direta
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão,
169 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças Pascoal José de Mello Freire apud
Os sobrinhos, filhos de irmãos predefuntos co-herdão a seus tios por direito
proprio e in capita, não in stirpes por privilegio ou ficção do direito de
representação, com quando concorrem com tios sobreviventes ao irmão, Primeiras Linhas sobre o Processo
170 4 1874 de cuja herança se trata. Antonio Pereira Rebouças José Pereira de Carvalho Orphanologico Indireta
Julgamento dos bispos. Foi legal a condemnação dos bispos de Olinda e
do Pará, e elles não podem continuar a desempenhar no Brazil o múnus
171 5 1874 episcopal. Tristão de Alencar Araripe nenhuma
Repertório ou indice alfabético da reforma
hypothecaria e sobre as sociedades de credito
172 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Perdigão Malheiro rural Indireta
173 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Silva Ramos Curso de direito hypothecario Indireta
174 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Teixeira de Freitas Projectos e Pareceres direta
175 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Nabuco de Araújo menção
176 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Paranaguá menção
177 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Francisco José Furtado menção
Organization du credit foncier, publicado no
178 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Wolowski Jornal des Economistes direta
179 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Troplong Indireta
180 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
181 5 1874 A reforma hypothecaria e os creditos privilegiados. A. H. de Souza Bandeira Filho Bacon direta
182 5 1874 Da conciliação no cível e no commercial. Antonio Joaquim Ribas Jacques Berriat-Saint-Prix Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
183 5 1874 Da conciliação no cível e no commercial. Antonio Joaquim Ribas Sousa Dir. Adm. Bras. Indireta
184 5 1874 Da conciliação no cível e no commercial. Antonio Joaquim Ribas Silva Indireta
185 5 1874 Da conciliação no cível e no commercial. Antonio Joaquim Ribas Moraes Indireta
186 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Gama Decisão 252 direta
187 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Cordeiro Dubitatio direta
188 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Pinheiro Disput. direta
189 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Guerreiro Recent. direta
190 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões Indireta
191 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira José Homem Corrêa Telles menção
192 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Coelho da Rocha menção
193 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Blois Ordonnance francês direta
194 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Demolombe Indireta
195 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Troplong Indireta
196 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Mackeldey Droit Romain Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de
197 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Lobão Dissert. direta
198 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Dumoulin menção
199 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira De Thou direta
200 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Solon Nullités direta
Répertoire universel et raisonné de
5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Philippe Antoine Merlin jurisprudence direta
294

201
202 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Zacharie Le Droit Civil Français direta
A B C D E F G H I
203 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Emmanuelis Alvarez Pegas menção
204 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Jasão menção
205 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Mantica menção
206 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Cardoso menção
207 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez direta
208 5 1874 Nullidade de testamento. Lafayette Rodrigues Pereira Pascoal José de Mello Freire Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
209 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Montesquieu Esprit des lois Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
210 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Giraud Hist. Du droit Romain Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
211 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro De just. et jur. Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
212 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Pellat Dir. Priv. des Rom. Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
213 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Pimenta Bueno Direito Publico Brazileiro Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
214 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Arhens Phil. du Droit Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
215 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
216 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Leibnitz menção
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
217 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
218 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Savigny Traité de droit romain Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
219 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Hegel menção
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
220 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Alfed Fouillé Ré. De Deux Mond. (1 juin 1874) Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
221 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Charles Gustave Maynz Cours de droit romain Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os De l'influence du christianisme sur le droit civil
222 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Troplong des Romains Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os Ovídio Fernandes Trigo de
223 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
224 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Celestino I Decr. de Grac. menção
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
225 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro S. Agostinho menção
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
226 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Pio VI menção
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
227 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
228 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Alvaro Valasco Praxis Partitionum et Collationum Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
229 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Lobão de Mello Freire Indireta
A constituição da família, segundo o direito patrio, conforma-se com os
230 6 1875 principios reguladores do direito privado? João Pereira Monteiro Pascoal José de Mello Freire menção
A acção rescisoria não póde ser indistinctamente admittida no nosso
231 6 1875 processo civil. Tristão de Alencar Araripe Paula Baptista Compendio do processo civil Indireta
232 6 1875 Prisão por custas. Olegario Herculano d´Aquino e Castro Pimenta Bueno Indireta
233 6 1875 Prisão por custas. Olegario Herculano d´Aquino e Castro Ed. Desprez Abol. Da prisão 1868 Indireta
234 6 1875 Prisão por custas. Olegario Herculano d´Aquino e Castro Praxe forense direta

235 6 1875 Prisão por custas. Olegario Herculano d´Aquino e Castro Souza Pinto Primeiras linhas sobre o processo civil brazileiro Indireta
236 6 1875 Prisão por custas. Antonio Pereira Rebouças nenhuma
O peculio do escravo póde comprehender doações ou legados que tenham
237 6 1875 por objecto outros escravos? J. L. de Almeida Nogueira Ferreira Borges Dicc. Jur. Comm. Indireta
295

O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do


238 6 1875 juiz preparador. José Angelo Alberto Carlos de Menezes Juizos Divisorios
A B C D E F G H I
O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do Primeiras Linhas sobre o Processo
239 6 1875 juiz preparador. José Angelo José Pereira de Carvalho Orphanologico
O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do
240 6 1875 juiz preparador. José Angelo José Bonifácio agravo direta
O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do
241 6 1875 juiz preparador. José Angelo Ministro da justiça discurso proferido em 1874 Indireta
O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do
242 6 1875 juiz preparador. José Angelo Manoel da Silva Mafra artigo publicado na Gazeta Jurídica, n. 92, vol 5 direta
O despacho de deliberação de partilha não póde ser da competencia do
243 6 1875 juiz preparador. José Angelo Gomes de Oliveira agravo publicado em O Direito Vol 3 Indireta
244 6 1875 Locação de serviços Aureliano de Souza e Oliveira Antonio Joaquim Ribas artigo publicado na Revista O Direito, vol 1 Indireta
O depositario judicial, que não entrega o deposito, depois de intimado, está Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
245 7 1875 sujeito á pena civil de prisão? Aniceto de Souza Pinto e Barros Lobão ações Summarias Indireta
O depositario judicial, que não entrega o deposito, depois de intimado, está
246 7 1875 sujeito á pena civil de prisão? Aniceto de Souza Pinto e Barros Consolidação das leis civis Indireta
O depositario judicial, que não entrega o deposito, depois de intimado, está
247 7 1875 sujeito á pena civil de prisão? Aniceto de Souza Pinto e Barros Doutr. das Acc. Indireta
O depositario judicial, que não entrega o deposito, depois de intimado, está
248 7 1875 sujeito á pena civil de prisão? Aniceto de Souza Pinto e Barros Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira Indireta
249 7 1875 CLASSIFICAÇÃO DE ESCRAVOS. S. Lima nenhuma
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
250 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Consolidação das leis civis Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
251 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Borges Carneiro Direito Civil Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
252 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Emmanuelis Alvarez Pegas Forens. Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
253 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Repert. das Ords. Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
254 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
255 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Pascoal José de Mello Freire Instit. Jur. Civil Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
256 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Guerreiro Division Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
257 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Lobão de Mello Freire Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
258 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Themudo Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
259 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Candido Mendes Codigo Philippino Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade Ovídio Fernandes Trigo de
260 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
261 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito Civil Portuguez Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
262 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Coelho da Rocha Direito Civil menção
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
263 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Rebouças Indireta
296
A B C D E F G H I
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
264 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Teixeira de Freitas Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
265 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Phebo Decisão 93 Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
266 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Gama Decisões Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
267 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Cabedo Decisão 114 Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
268 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Lafayette Rodrigues Pereira Indireta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
269 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Pereira Rebouças Obsev. á 2ª ediçao da Consolid. direta
A mulher viuva quinquagenaria que tem um ou mais descendentes
successiveis, passando a segundas nupcias, torna-se meeira na totalidade
270 7 1875 dos bens do marido, ou exclusivamente na terça? Francisco Alves Branco Callistratus Dig. Liv. l° latim direta
271 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Quintus Mucius menção
272 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Servius Sulpicius menção
273 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Labeon menção
274 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Gaio menção
275 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Modestino De excusat menção
276 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Pinheiro De testam. menção
277 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Guerreiro De munere Judicis Orphanorum Indireta
278 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Ulpiano Inst. de Justin. Indireta
279 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Dir. Adm. Orras. Indireta
280 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Papiniano menção
281 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Pascoal José de Mello Freire menção
Ovídio Fernandes Trigo de
282 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Loureiro menção
283 7 1875 Os estrangeiros pódem ser nomeados tutores ou curadores? Antonio Joaquim Ribas Schneidewin Comm. Ad Inst. Indireta
284 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Mackeldey Indireta
285 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Buchhotz apud
Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
286 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Lobão de Mello Freire Indireta
287 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
288 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
289 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Pimenta Bueno Direito internacional privado Indireta
290 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Candido Mendes Commentário as ord. Indireta
Ovídio Fernandes Trigo de
291 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Loureiro menção
292 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Borges Carneiro menção
293 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos José Pereira de Carvalho menção
294 7 1875 O estrangeiro pode ser tutor? Joaquim Alves Carneiro de Campos Silva Costa artigo publicado na Revista Jurídica, tom. 3º Indireta
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é
295 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos Guerreiro Trat. Indireta
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é Primeiras Linhas sobre o Processo
296 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos José Pereira de Carvalho Orphanologico Indireta
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é Joaquim José Caetano Pereira e
297 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
297

298 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos Lobão ações Summarias Indireta
A B C D E F G H I
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é
299 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos Silva Pereira Rep. das Ords. Indireta
O despacho que obriga assignar termo de tutela tem a pena de prisão. Até
quando se estende a prisão? O despacho que obriga assignar termo é
300 7 1875 appellavel. Joaquim Alves Carneiro de Campos Candido Mendes Codigo Philippino Indireta
301 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Emmanuelis Alvarez Pegas monografia Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de
302 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Lobão monografia Indireta

303 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Emmanuelis Alvarez Pegas Tractatus de competentiis inter archiepiscopos Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
304 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Lobão de Mello Freire Indireta
305 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Pascoal José de Mello Freire Institutas Indireta
306 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Instit. de Gaio IV referência
307 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Instit. Justin referência
308 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Pothier Traité de la possession 1772 referência

309 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas A. J. Cuperi Observationes selectae de natura possessionis referência
Traité théorique et pratique des actions
310 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Caron possessoires 1842 referência
311 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Isidore Alauzet Histoire de la possession 1849 referência
312 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Molitor La possession, la reivindication 1851 referência
313 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Miroy Theorie des actions possessoires 1853 referência
314 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Desiré Beauvois De la possession en Droit Romain 1858 referência
315 8 1875 Da natureza da posse. Antonio Joaquim Ribas Savigny Tratado da Posse 1865 referência

1º É valida a doação feita por mulher casada á um filho sem intervenção do Ovídio Fernandes Trigo de
316 8 1875 marido? 2º Não sendo, é de mistér sentença que declare nulla a doação? Manoel Martins Torres Loureiro Dir. Civ Indireta

1º É valida a doação feita por mulher casada á um filho sem intervenção do


317 8 1875 marido? 2º Não sendo, é de mistér sentença que declare nulla a doação? Manoel Martins Torres Coelho da Rocha Direito Civil Indireta

1º É valida a doação feita por mulher casada á um filho sem intervenção do


318 8 1875 marido? 2º Não sendo, é de mistér sentença que declare nulla a doação? Manoel Martins Torres Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito Civil direta

1º É valida a doação feita por mulher casada á um filho sem intervenção do


319 8 1875 marido? 2º Não sendo, é de mistér sentença que declare nulla a doação? Manoel Martins Torres Pereira Decis Indireta
320 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Papiniano Indireta
321 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Savigny Indireta
322 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Rudorff Not. a Sav. Indireta
323 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Schneidewin Inst. Imp. Comm Indireta
324 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Hugues Doneau Comm. Jur. Civ. Indireta
325 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Zillonaki Indireta
326 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Hugues Doneau Indireta
327 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Paullo de Castro Indireta
328 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Theophilo Indireta
329 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Celso D. De poss. Indireta
330 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Paulo De poss Indireta
331 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira J. B. du Ramel Ep. 1ª ad Cor Indireta
332 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Encyclop. Meth. Indireta
333 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Macarel 1823 Indireta
334 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Dalloz Indireta
335 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Gab. P. de Castro De Manu Reg. Indireta
336 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Const. do Arcebispado Indireta
337 8 1875 QUESTÃO DE OSSOS. Francisco Balthazar da Silveira Pascoal José de Mello Freire livro 1 Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
338 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
298

339 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
340 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
A B C D E F G H I
341 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Borges Carneiro Indireta
342 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
343 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Pascoal José de Mello Freire Indireta
Primeiras Linhas sobre o Processo
344 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos José Pereira de Carvalho Orphanologico Indireta
345 8 1875 Analyse da Ord. Liv. 4º Tit. 103 § 8º Joaquim Alves Carneiro De Campos Samuel Stryk Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico dos Interdictos o Remedios
346 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Lobão Possessorios Indireta
347 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Savigny Indireta
348 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Marciano Indireta
349 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Paulo Indireta
350 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Ulpiano Indireta
351 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Sabino Indireta
352 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Trebatius Indireta
353 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Schneidewin Indireta
354 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Labeon Indireta
355 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta
356 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Pothier Indireta
357 8 1875 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Direito Civil Brazileiro Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
358 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Pothier Pandectas Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
359 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Gaio direta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
360 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Paulo direta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
361 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Mackeldey D. Romain Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
362 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Ortolan Instit Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
363 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
364 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Cassio Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
365 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Minicio direta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
366 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Juliano Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
367 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Modestino referência
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
368 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Pomponio referência
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
369 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Pascoal José de Mello Freire Direito Civil Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
370 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
299

371 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções Indireta
A B C D E F G H I
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
372 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Ulpiano direta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
373 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Marcello Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
374 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Coelho da Rocha Direito Civil direta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
375 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Sabino Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
376 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Mucio Indireta
A Theoria da divisibilidade e indivisibilidade das cousas serve de
fundamento á doutrina sobre a divisibilidade e indivisibilidade das
377 8 1875 obrigações? Joaquim Augusto de Camargo Papiniano direta
378 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani direta
Manuel de Almeida e Sousa de
379 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Lobão Tractado Pratico de Morgados direta
380 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Antonio Ribeiro de Liz Teixeira direta
381 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões direta
382 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Coelho da Rocha Indireta
Répertoire universel et raisonné de
383 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Philippe Antoine Merlin jurisprudence indireta
384 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Furgole Dir. Rom. indireta
385 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Troplong Dir. Franc. indireta
Des Testaments (Des donations entre vifs et
386 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Troplong des testaments) indireta
Joaquim José Caetano Pereira e Esboço de hum diccionario juridico, theoretico,
387 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Sousa e practico indireta
388 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Dicc. de Mor. indireta
389 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Montesquieu Esp. Das leis direta
390 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Carta de Aguesseau Indireta
391 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
392 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas P. Raulica ensaio Poder Público Indireta
393 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Layerdiére Agricultura e População Indireta
394 9 1876 Substituição Fideicommissaria Augusto Teixeira de Freitas Borges Carneiro Direito Civil Indireta
O Aviso de 27 de Outubro do corrente anno comprehende somente o caso
da concessão ou denegação de licença para o casamento do menor,
395 9 1876 supprido o consentimento do pai ou tutor. Annibal F. Fernandes da Cunha Rocha nenhuma
396 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Philippe Antoine Merlin Recueil alphabétique des questions de droit direta
397 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Scachia direta
398 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Ulpiano direta
399 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Antonio Joaquim Ribas artigo publicado na Revista O Direito, vol 1 direta
400 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Pardessus Indireta
401 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Massé Indireta
402 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Dalloz Indireta
403 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
404 9 1876 Em que a locação do serviços mercantil se-distingue da civil ? Augusto Teixeira de Freitas Savigny Traité de droit romain Indireta
Des Testaments (Des donations entre vifs et
405 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Troplong des testaments) Indireta
406 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Proudhon Usufr. Indireta
407 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez direta
408 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
Ovídio Fernandes Trigo de
409 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro direta
300

410 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Demolombe Usufr. Indireta
411 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Villargues Livro das Substituições Indireta
A B C D E F G H I
412 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Pascoal José de Mello Freire Indireta
413 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas José Homem Corrêa Telles Indireta
414 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Martinus Gosias Indireta
415 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Placentino apud
416 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Bassiano apud
417 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Savigny Indireta
418 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Schneidewin Indireta
419 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Bartolo Indireta
420 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Baldo Indireta
421 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Cujacius (Jacques Cujas) Indireta
422 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Pothier Indireta
423 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Vinnius Indireta
424 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Domat Indireta
425 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Cuperus Indireta
426 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Struvio Exereist. Thes. Indireta
427 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Thomasius Not. ad Pand Indireta

428 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Emmanuelis Alvarez Pegas Tractatus de competentiis inter archiepiscopos Indireta
429 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
430 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Ulpiano direta
431 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Marciano De probat. Indireta
432 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Paulo Indireta
433 9 1876 DA POSSE (continuação) Antonio Joaquim Ribas Charles Gustave Maynz Indireta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
434 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Dias Ferreira Comment. Indireta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
435 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Demolombe francês direta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
436 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Mourlon Répétition écrites sur le Code Napoléon Indireta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
437 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Verdier Transcription Hypothécaire direta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
438 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Dalloz Rep. verbo PIev. e hyp. Indireta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
439 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Flandin Indireta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
440 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Duranthon menção
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
441 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Delvincourt menção
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE Répertoire universel et raisonné de
442 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Philippe Antoine Merlin jurisprudence francês direta
As construcções e bemfeitorias (immoveis) em terreno alheio não podem JOÃO DAMASCENO PINTO DE
443 9 1876 por si sós ser objecto de hypotbeca. MENDONÇA Persil Quest. sur les previl. et hypoth. Indireta
444 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Franscisco de S. Luiz Ensaio de Synonimos direta
445 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções direta
446 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Almeida Trat. dos Praz. Indireta
447 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
448 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Savigny Indireta
449 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Nabuco de Araújo Annaes do Senado Indireta
450 9 1876 EMPHYTEUSE NO BRAZIL Augusto Teixeira de Freitas Azevedo Castro Elemento Servil Indireta
451 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Montesquieu Indireta
452 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Tracy Indireta
453 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Savigny Traité de droit romain Indireta
454 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Chassat Trat. dos Stat. Indireta
455 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Ahrens Dir. Nat. Part. Es. Indireta
456 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Savigny Obrig. Indireta
457 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Demolombe Usufr. Indireta
301

458 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Charles Gustave Maynz Droit Romain Indireta
A B C D E F G H I
459 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
460 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Bartolo Indireta
461 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Cunha Miranda Est. do Dir. de Usufr. Indireta
462 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Cunha Miranda Usufr. Indireta
463 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Proudhon Usufr. Indireta
Des Testaments (Des donations entre vifs et
464 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Troplong des testaments) Indireta
465 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e Esboço de hum diccionario juridico, theoretico,
466 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Sousa e practico Indireta
Répertoire universel et raisonné de
467 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Philippe Antoine Merlin jurisprudence Indireta
468 9 1876 SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMMISSARIA Augusto Teixeira de Freitas Esboço do Cod. Civ. Indireta
o herdeiro que prefere ficar com os bens, que recebeu em dote, nào está JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
469 9 1876 obrigado á collação ? BULHÕES CARVALHO Lobão ações Summarias Indireta
o herdeiro que prefere ficar com os bens, que recebeu em dote, nào está JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
470 9 1876 obrigado á collação ? BULHÕES CARVALHO Gama Decis. 33 Indireta
471 10 1876 Retrospecto. Apólices da dívida pública Augusto Teixeira de Freitas Rebouças Livro das Observações Indireta
472 10 1876 Retrospecto. Apólices da dívida pública Augusto Teixeira de Freitas Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
473 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
474 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Pascoal José de Mello Freire menção
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
475 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Emmanuelis Alvarez Pegas menção
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
476 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Silva menção
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
477 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Guerreiro menção
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
478 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Pellat Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
479 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez 1852 Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
480 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Lobão de Mello Freire Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
481 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Pascoal José de Mello Freire livro 2 Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
482 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Compendio da Faculdade Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em
483 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Borges Carneiro Direito Civil Indireta
É valido o pacto, em que a mulher dá ao marido o direito de succeder em Consultationum ac rerum judicatarum in regno
484 10 1876 seu dote, se ella não tiver herdeiros necessarios? Aprigio Justiniano Da Silva Guimarães Alvaro Valasco Lusitaniae Indireta
485 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Ulpiano latim direta
486 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Pamponio Indireta
487 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Labeon Indireta
488 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Juliano direta
489 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Cujacius (Jacques Cujas) Indireta
490 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Savigny Indireta
491 10 1876 DA POSSE. § 8º - Posse justa e injusta. Antonio Joaquim Ribas Papiniano Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
492 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família direta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
493 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Lobão de Mello Freire Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
494 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Demangeat notas á Felix, Direito Internacional Privado Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
495 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Savigny Traité de droit romain Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
302

496 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Pimenta Bueno Direito internacional privado Indireta
A B C D E F G H I
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
497 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Pimenta Bueno Direito Publico Brazileiro Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
498 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Felix Dir Intern. Privado Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
499 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Wachter tomo 2º Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
500 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e
501 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Coelho da Rocha Indireta
Casamento mixto celebrado sem as formalidades do concilio de Trento' e Joaquim José Caetano Pereira e
502 10 1876 não revalidado. FRANCISCO VILHENA Sousa Indireta
503 11 1876 Incapacidade Dos Loucos Augusto Teixeira de Freitas Perdigão Malheiro artigo publicado na Gazeta Jurídica direta
504 11 1876 Incapacidade Dos Loucos Augusto Teixeira de Freitas Savigny Traité de droit romain direta
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos Joaquim José Caetano Pereira e
505 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos Manuel de Almeida e Sousa de
506 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal Lobão menção
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos
507 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal José Homem Corrêa Telles menção
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos
508 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal Silvestre Pinheiro menção
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos
509 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal Coelho da Rocha menção
Despejo. - Distincções quanto aos embargos a ella oppostos, e effeitos Ovídio Fernandes Trigo de
510 11 1876 destes. Luiz Francisco da Camara Leal Loureiro menção
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
511 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Ulpiano latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
512 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Pothier Indireta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
513 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Gaio Indireta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
514 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Blumenthal Diss. de datione in sulutum referência
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
515 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Anton. direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
516 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas DiocI. E Maxim. Const. latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
517 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Hermogen. latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
518 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Paulo latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
519 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Dir. Civ. Bras.
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
520 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Marcello latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
521 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Pomponio latim direta
DA POSSE. § 9.0-Dos titulos da posse. (Continuação da pag. 641 do 10º
522 11 1876 volume). Antonio Joaquim Ribas Juliano latim direta
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
523 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Bravard direta
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
524 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Pardessus direta
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
525 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Ferreira Borges direta
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
526 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Pothier menção
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
527 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Emerigon menção
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
303

528 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Riviére menção
A B C D E F G H I
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
529 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Estrangin apud
O segurador poderá fazer segurar por outrem o objecto do seguro, e
530 11 1876 poderá ser comprehendido no seguro o premio do primeiro seguro? JOÃO ANTONIO DE SOUZA RIBEIRO Zacharie Trat. de Dir. Civil referência

531 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Lerminier Indireta

532 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Romulo menção

533 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Plinio menção

534 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Modestino direta

535 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Alexandre Herculano direta

536 12 1877 CASAMENTO CIVIL ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITÃO Diogo Pereira de Vasconcellos projeto de lei Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
537 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Antonio Joaquim Ribas artigo publicado na Revista O Direito Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
538 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Heineccius menção
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
539 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Petri Waldeck menção
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
540 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Pothier Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
541 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Savigny menção
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
542 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Teixeira de Freitas Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
543 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Mackeldey Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
544 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
545 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Cordeiro Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
546 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Antonio Joaquim Ribas Direito administrativo brazileiro Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
547 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal José Homem Corrêa Telles Indireta
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
304

aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o Manuel de Almeida e Sousa de
548 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Lobão Indireta
A B C D E F G H I
Póde ou não dar-se o interdicto de manutenção de posse, conhecido pela
denominação romana de uti possidetis ou retinendae possessionis, quanto
aos direitos que têm aquelles que se achão no estado intermedio entre o
549 12 1877 de liberdade e o de escravidão. Luiz Francisco da Camara Leal Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira Indireta
550 12 1877 Os testamentos serão de direito natural? FRANCISCO PINTO PESSOA Troplong Indireta
551 12 1877 Os testamentos serão de direito natural? FRANCISCO PINTO PESSOA Hilliger direta
552 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Savigny Traité de droit romain direta
553 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Demolombe Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
554 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
555 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Pascoal José de Mello Freire livro 2 direta
Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Lobão de Mello Freire direta
556
557 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Borges Carneiro direta
558 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
559 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Savigny Dir. Indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
560 12 1877 FILIAÇÃO LEGITIMA Augusto Teixeira de Freitas Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
561 13 1877 DA CONFISSÃO NO JUISO CONCILIATORIO A. J. DE MACEDO SOARES nenhuma
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
562 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Dalloz Repertoire de Jurisprudence Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
563 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Marcadé Explication du Code Nap Indireta
De la prescripcion (De la prescription ou
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Commentaire du titre XX du livre III du Code
564 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Troplong civil) Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
565 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Bigôt-Préameneu Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
566 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Dunnot Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
567 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Malleville Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
568 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Bremeu Universo Juridico Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Concordance entre les codes civils étrangers et
569 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Anthoine de Saint Joseph le Code Napoléon Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
570 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Motifs du code civil Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
571 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Mourlon Répétition écrites sur le Code Napoléon Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
572 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Duranthon Cours de Droit Civil Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Répertoire universel et raisonné de
573 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Philippe Antoine Merlin jurisprudence Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Joaquim José Caetano Pereira e
574 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Manuel de Almeida e Sousa de Segundas Linhas sobre o Processo Civil de
575 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Lobão Pereira e Souza Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
576 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Silva á Ord. Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser Ovídio Fernandes Trigo de
577 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
578 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
579 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Consolidação das leis civis Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
580 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Nouguier Des lettres de change Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
581 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Gouget et Merger Dicionaire de Droit Commerciel Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
305

582 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Isidore Alauzet Dictionaire du Coromerce et Navigatíon Indireta
A B C D E F G H I
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
583 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Ferreira Borges Diccionario juridico commercial Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
584 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Trebutien Droit. criminel Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
585 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO A. Morin Repertoire de droit criminel Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
586 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Carnot Instruction cl'imineUe Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
587 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO F. Helie Instruction criiminelle Indireta
A prescripção não alegada pela parte, mas constante nos autos pode ser
588 13 1877 suprida pelo juiz? JOAQUIM CORRÊA DE ARAUJO Pimenta Bueno direta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
589 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Antonio Ribeiro de Liz Teixeira direta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
590 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Coelho da Rocha Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
591 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Pothier Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
592 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Bigôt-Préameneu Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
593 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Pascoal José de Mello Freire latim direta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
594 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
595 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
596 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Dunois Indireta
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e
597 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Besold apud
Serão permittidos pelo nosso direito os testamentos de mão commum e Manuel de Almeida e Sousa de
598 13 1877 reciprocos entre os conjuges? JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES Lobão Indireta
A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres não impede a
599 13 1877 locação delles... CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Moraes Carvalho Indireta
A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres não impede a Joaquim José Caetano Pereira e
600 13 1877 locação delles... CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Sousa Indireta
A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres não impede a Manuel de Almeida e Sousa de
601 13 1877 locação delles... CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Lobão Indireta
A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres não impede a
602 13 1877 locação delles... CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI José Homem Corrêa Telles Indireta
A liberdade condicional conferida aos escravos estado-livres não impede a
603 13 1877 locação delles... CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Perdigão Malheiro A escravidão no Brasil Indireta
604 13 1877 Emprestimo á risco ou cambio maritimo, e seguro maritimo. J. LIBERATO BARROSO Horacio Bay Indireta
605 13 1877 Emprestimo á risco ou cambio maritimo, e seguro maritimo. J. LIBERATO BARROSO Ferreira Borges Indireta
606 13 1877 Emprestimo á risco ou cambio maritimo, e seguro maritimo. J. LIBERATO BARROSO Pardessus Indireta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
607 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Charles Gustave Maynz Indireta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
608 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Papiniano Dig. Indireta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
609 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Cipelli Elementi di diritto commerciale direta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
610 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Crescenzzio Sistema deI diritto civil e romano direta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
611 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Teixeira de Freitas direta
Concedida a moratoria pelo tribunal competente, os credores por titulo de
deposito devem ser embolsados immediatamente, ou ficão sujeitos ao
306

612 14 1877 prazo da moratoria ? ANTONIO TIBURCIO FIGUEIRA Savigny Obrig. referência
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João JOAQUIM FONSECA DE
613 14 1877 A lei de 9 de Julho de 1773 § 12, tão citada em nosso foro, é lei patria? ALBUQUERQUE Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
João JOAQUIM FONSECA DE
614 14 1877 A lei de 9 de Julho de 1773 § 12, tão citada em nosso foro, é lei patria? ALBUQUERQUE Pompeu Geogr. Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
615 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Cicero menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
616 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Bonnet menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
617 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND d'Aguesseau menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
618 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Samuel Stryk Specimen usus moderni Pandectarum Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
619 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Fresquet menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
620 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Marezoll menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
621 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Ortolan menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
622 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Thévenot menção
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
623 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Bohemero ad Pandect Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
624 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Amoldi Vinnio Jurisprudenciae contracte sive Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
625 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Coelho da Rocha Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
626 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Lobão de Mello Freire Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a Ovídio Fernandes Trigo de
627 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro direta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
628 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
629 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Borges Carneiro direta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
630 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Philippe Antoine Merlin Recueil alphabétique des questions de droit Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
631 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Hortensius de Saint-Albin Logica Judiciaria Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
632 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Mailler de Chassat Traité d'interpretation des lois Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
633 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Hugues Doneau Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
634 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Thibaut Theoria de interpretaçâo logica Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a Joaquim José Caetano Pereira e
635 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
636 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Repertorio á Ord. Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
637 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Antonio da Gama Decisões do supremo senado lusitano Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
638 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Phebo Decisões Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
639 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Mendes á Castro Pratica Lusitana Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
640 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
641 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Lima á Ord. Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
642 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Pothier Traité des obligations Indireta
As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
643 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Bousquet Dicc. de Dir Indireta
307

As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a


644 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Duranthon Cours de Droit Civil Indireta
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As fianças do marido com outorga da mulher obrigarão os bens desta, nu a
645 14 1877 sua meiação?-Não ANTONIO V. MENEZES DE DRUMMOND Rolland de Villargues Dictionaire du droit civile Indireta

Commentario á lei de 2 de Setembro de 1847. Os filhos naturaes podem Ovídio Fernandes Trigo de
646 14 1877 concorrer á herança paterna com os filhos legitimos do mesmo pai? G. LIMA Loureiro direta

Commentario á lei de 2 de Setembro de 1847. Os filhos naturaes podem


647 14 1877 concorrer á herança paterna com os filhos legitimos do mesmo pai? G. LIMA Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis direta

Commentario á lei de 2 de Setembro de 1847. Os filhos naturaes podem


648 14 1877 concorrer á herança paterna com os filhos legitimos do mesmo pai? G. LIMA Souza França discurso parlamentar direta

Commentario á lei de 2 de Setembro de 1847. Os filhos naturaes podem


649 14 1877 concorrer á herança paterna com os filhos legitimos do mesmo pai? G. LIMA Mello Mattos discurso parlamentar direta

Commentario á lei de 2 de Setembro de 1847. Os filhos naturaes podem


650 14 1877 concorrer á herança paterna com os filhos legitimos do mesmo pai? G. LIMA Pedro de Araújo Lima discurso parlamentar direta
651 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta
652 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Savigny Tratado da Posse Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de
653 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Lobão Tractado Pratico de Morgados Indireta
654 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Ulpiano latim direta
655 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Paulo latim direta
656 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Pothier Tr. De la prescrip. Indireta
657 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Samuel Stryk Indireta
658 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas José Homem Corrêa Telles man. De tabell. Indireta
659 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Bohmer ad Pandect Indireta
Consultationum ac rerum judicatarum in regno
660 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Alvaro Valasco Lusitaniae Indireta
661 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Moraes de execut. Indireta
662 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Lima ad Ord. Indireta
663 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Caldas de empt. Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico dos Interdictos o Remedios
664 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Lobão Possessorios Indireta
665 16 1878 Da posse Antonio Joaquim Ribas Pomponio latim direta
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
666 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Montesquieu menção
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
667 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Pascoal José de Mello Freire Indireta
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
668 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Borges Carneiro Indireta
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
669 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
670 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Perdigão Malheiro Indireta
A divisão das pessoas em nobres de diversas gerarchias e plebeos,
consagrada pelo direito civil portuguez das ordenações subsiste ainda entre
671 16 1878 nós? DELFINO PINHEIRO DE ULHÔA CINTRA Pimenta Bueno Indireta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
672 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Teixeira de Freitas direta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
308

673 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Hello direta
A B C D E F G H I

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
674 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Charles Gustave Maynz Elements de Droit Romain Indireta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
675 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Wheaton Indireta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
676 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Fritot Indireta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
677 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Silvestre Pinheiro Observações a Coroa Portugueza Indireta

Aquelle que perdeu os direitos de cidadão brazileiro, perdeu ao mesmo


tempo o poder paterno e o poder marital, se é casado e tem filhos, e o
678 16 1878 direito de succeder ab intestado e por testamento a cidadãos brazileiros? FRANCISCO DE PAULA SALES Ch. Vergé Indireta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
679 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Duranthon Droit civil francês direta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
680 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando Commentario a lei n. 463 de 2 de setembro de
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente 1847 sobre successão dos filhos naturaes e sua
681 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Perdigão Malheiro filiação direta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
682 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Consolidação das leis civis Indireta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
683 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
684 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Dalloz Lois francês direta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente Répertoire universel et raisonné de
685 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Philippe Antoine Merlin jurisprudence português direta
É espurio o filho concebido pela mulher cazada, embora nascido quando
ella viuva.-Tal filho não pode ser instituido herdeiro pelo pai conjunctamente
686 16 1878 com outro filho natural. Francisco do Nascimento Marques Demolombe Paternité Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
687 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Savigny Tratado da Posse português direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
688 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Pascoal José de Mello Freire latim direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
689 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Pothier Tratado da posse Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
690 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Cujacius (Jacques Cujas) Comm. direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
691 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Theophilo latim direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
692 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Huschke apud
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
693 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Hugues Doneau latim direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
694 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Cicero latim direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE Consultationum ac rerum judicatarum in regno
695 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Alvaro Valasco Lusitaniae referência
309

JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico dos Interdictos o Remedios
696 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Lobão Possessorios referência
A B C D E F G H I
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
697 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Ulpiano Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
698 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Gaio Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
699 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Paulo Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
700 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Pomponio Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
701 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Niebuhr Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
702 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Molitor La poss. Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
703 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Van Wetter Cours elementaire de droit romain direta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
704 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Alvaro Valasco Indireta
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
705 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Bentham menção
JOÃO EVANGELISTA SAYÃO DE
706 16 1878 Natureza da posse e dos interdictos possessorios no direito romano BULHÕES CARVALHO Consolidação das leis civis Indireta

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer-


707 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Michaux Traité de Testam. Indireta

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer- Manuel de Almeida e Sousa de
708 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Lobão menção

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer- Manuel de Almeida e Sousa de
709 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Lobão Indireta

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer-


710 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Jhering Indireta

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer-


711 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Savigny menção

É nullo o testamento se a cedula não estiver cerrada e cosida quando fizer-


712 18 1879 se dela tradição ao oficial publico, para lavrar o instrumento de aprovação? D. A. Demolombe Cours de Code Napoleon Indireta
A quem compete nas comarcas geraes a concessão de licença para FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
713 18 1879 casamento de orphãos nos termos da Ord, do li v. 1º, tit. 88 § 19? ALMEIDA Lobão de Mello Freire Indireta
A quem compete nas comarcas geraes a concessão de licença para FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
714 18 1879 casamento de orphãos nos termos da Ord, do li v. 1º, tit. 88 § 19? ALMEIDA Borges Carneiro Indireta

715 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Gallileo menção

716 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Antonio Joaquim Ribas Tratado de Direito Civil Indireta

717 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Savigny Indireta

718 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Paula Baptista Indireta

719 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Pascoal José de Mello Freire Indireta

720 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Indireta

721 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Teixeira de Freitas Indireta

722 19 1879 Analyse do premio dos testamenteiros, sua lei e pratica EDUARDO GOMES FERREIRA VELLOZO Joaquim Ignacio Ramalho Instituições Orphanologicas Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso Manuel de Almeida e Sousa de
723 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Lobão Dissert. Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso
724 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito civil Indireta
310

Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso


725 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Joaquim Ignacio Ramalho Instituições Orphanologicas Indireta
A B C D E F G H I
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso
726 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso
727 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Troplong Des donations entre vifs et des testaments Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
728 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Lobão ações Summarias Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso
729 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Léopold Auguste Warnkoenig Institutiones iuris Romani Indireta
Existe o direito de accrescer nas heranças e nos legados, perante o nosso
730 19 1879 direito? JOÃO MANOEL CARLOS DE GUSMÃO Coelho da Rocha Indireta
Não tem os tutores de orphãos pobres a obrigação ou dever de fazer a
731 22 1880 inscripção de hypotheca legal para assumirem a tutoria. CANDIDO BORGES DA FONSECA Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
A escriptura publica de reconhecimento do filho natural deve ser lavrada
732 23 1880 especialmente para esse fim ? M. JORGE RODRIGUES Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
Commentario a lei n. 463 de 2 de setembro de
A escriptura publica de reconhecimento do filho natural deve ser lavrada 1847 sobre successão dos filhos naturaes e sua
733 23 1880 especialmente para esse fim ? M. JORGE RODRIGUES Perdigão Malheiro filiação 1857 Indireta
A mulher escrava de seu proprio filho, tendo outros filhos menores
escravos, deve preferir, na ordem da emancipação das famílias, aos
734 23 1880 conjuges de que trata o art. 27 do Reg. De 13 de Novembro de 1872? MANOEL JOSÉ ESPINOLA Paula Baptista Hermenêutica Jurídica Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
735 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Pascoal José de Mello Freire Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
736 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Cabedo Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
737 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
738 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Borges Carneiro Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
739 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Emmanuelis Alvarez Pegas latim direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
740 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Candido Mendes Codigo Philippino Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
741 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Demolombe Des Success. português direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
742 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Verdier Transcription Hypothécaire Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE Du contrat de mariage et des droits respectifs
743 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Troplong des époux direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
744 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Guerreiro Tract. latim direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
745 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Lobão de Mello Freire Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
746 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
747 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Alvaro Valasco Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
748 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Phebo Indireta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
749 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Scoepe latim direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
750 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Caldas latim direta
JOÃO DAMASCENO PINTO DE
751 23 1880 lntelligencia da Ord. liv. 40 tit. 105 MENDONÇA Paula Baptista Hermenêutica Jurídica Indireta
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
752 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Samuel Stryk menção
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
753 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Borges Carneiro Indireta
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
754 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Toullier menção
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
755 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
311

Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE


756 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Mackeldey referência
A B C D E F G H I
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
757 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Accarias referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
758 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Ortolan Inst. referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
759 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Du Caurroy referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
760 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Demangeat referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
761 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Coelho da Rocha referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE Ovídio Fernandes Trigo de
762 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Loureiro referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
763 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Borges Carneiro direta
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
764 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Pothier referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
765 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Philippe Antoine Merlin referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
766 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Dalloz referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
767 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Rolland de Villargues referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
768 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Toullier referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
769 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Duranthon referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
770 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Delvincourt referência
Poder-se-ia constituir usufructo transmissivel aos herdeiros do DEMOCRITO CAVALCANTE DE
771 23 1880 usufructuario ? ALBUQUERQUE Domat Les lois civiles referência
Não pertencem à jurisdicção commercial as letras passadas entre credor e
devedor, em virtude de um contracto civil, no acto de assignarem ambos a
respectiva escriptura, sendo nesta mencionadas, como representando NABOR CARNEIRO BEZERRA
772 24 1881 obrigação consequente do mesmo contracto. CAVALCANTI Gazeta Jurídica Indireta
Não pertencem à jurisdicção commercial as letras passadas entre credor e
devedor, em virtude de um contracto civil, no acto de assignarem ambos a
respectiva escriptura, sendo nesta mencionadas, como representando NABOR CARNEIRO BEZERRA
773 24 1881 obrigação consequente do mesmo contracto. CAVALCANTI Silva Lisboa Indireta
Não pertencem à jurisdicção commercial as letras passadas entre credor e
devedor, em virtude de um contracto civil, no acto de assignarem ambos a
respectiva escriptura, sendo nesta mencionadas, como representando NABOR CARNEIRO BEZERRA
774 24 1881 obrigação consequente do mesmo contracto. CAVALCANTI Diction. Univ. theor. Et prat. Du comm. Et navg. Indireta
Nas causas sobre bens de raiz, a conciliação deve ser tentada com marido
e mulher conjunctamente? Intelligencia das Ords. liv. 3º tit. 47 e liv. 4º tit. Répertoire universel et raisonné de
775 24 1881 48. JOSÉ DE SOUZA REIS Philippe Antoine Merlin jurisprudence Indireta
Nas causas sobre bens de raiz, a conciliação deve ser tentada com marido
e mulher conjunctamente? Intelligencia das Ords. liv. 3º tit. 47 e liv. 4º tit.
776 24 1881 48. JOSÉ DE SOUZA REIS M. M. Sabixe e Charteret Encyclopedia do Direito Indireta
777 24 1881 O erro ou ignorancia de direito, aproveita a alguém em alguns casos? JOSÉ DE SOUZA REIS Pascoal José de Mello Freire Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Segundas Linhas sobre o Processo Civil de
778 24 1881 O erro ou ignorancia de direito, aproveita a alguém em alguns casos? JOSÉ DE SOUZA REIS Lobão Pereira e Souza Indireta
779 24 1881 O erro ou ignorancia de direito, aproveita a alguém em alguns casos? JOSÉ DE SOUZA REIS Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
780 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Jornal do Commercio Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO Manuel de Almeida e Sousa de
781 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Lobão Fasciculo de Dissertações Juridico-Practicas referência
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
782 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Bastiat Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
783 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Euzebio de Queiroz Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
784 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Paulino José Soares de Souza Indireta
312

ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO


785 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Honorio Hermeto Indireta
A B C D E F G H I
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO Bernardo Pereira de
786 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Vasconcellos Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
787 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Alves Branco Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
788 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Manoel Alves Branco Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
789 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Duarte de Azevedo discurso parlamentar Indireta
ANTONIO JOAQUIM DE MACEDO
790 25 1881 Contractos de « quota-litis » SOARES Nabuco de Araújo Indireta
O legado que é deixado ao credor, opera a compensação da divida, ou
791 26 1881 entende-se dado gratuitamente? JOSÉ DE SOUZA REIS Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
O legado que é deixado ao credor, opera a compensação da divida, ou
792 26 1881 entende-se dado gratuitamente? JOSÉ DE SOUZA REIS José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
O legado que é deixado ao credor, opera a compensação da divida, ou
793 26 1881 entende-se dado gratuitamente? JOSÉ DE SOUZA REIS Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez Indireta
O legado que é deixado ao credor, opera a compensação da divida, ou
794 26 1881 entende-se dado gratuitamente? JOSÉ DE SOUZA REIS Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
795 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito civil Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
796 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Coelho da Rocha Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
797 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Rev. Occidentale Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS Concordance entre les codes civils étrangers et
798 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Anthoine de Saint Joseph le Code Napoléon Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
799 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Voecio menção
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
800 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Guerreiro menção
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS Manuel de Almeida e Sousa de
801 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Lobão menção
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
802 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Paula Baptista Hermenêutica Jurídica Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
803 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Emmanuelis Alvarez Pegas Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
804 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Candido Mendes Codigo Philippino Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
805 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Borges Carneiro Direito Civil direta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
806 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS Ovídio Fernandes Trigo de
807 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
808 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Themudo Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
809 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Paula Baptista Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
810 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Rebouças direta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
811 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
No casamento da mulher quinquagenaria, que tem filhos ou descendentes VICENTE FERRER DE BARROS
812 26 1881 successiveis, sendo viuva, communicão-se... WANDERLEY ARAUJO Pascoal José de Mello Freire Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
813 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Lafayette Rodrigues Pereira Direito das Cousas Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
814 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Teixeira de Freitas Ass. A Consolidação Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
815 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Savigny Traité de droit romain Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
816 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez referência
313

JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO


817 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Digesto referência
A B C D E F G H I
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
818 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Mackeldey Manuel de Droit Rom referência
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
819 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Charles Gustave Maynz Trat. de Dir. Rom. referência
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO Répertoire universel et raisonné de
820 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Philippe Antoine Merlin jurisprudence referência
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
821 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Pothier Tratado das Substituições direta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
822 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani latim direta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
823 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Pothier Trat. Das Subst. francês direta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
824 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez direta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
825 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Domat Les lois civiles Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
826 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
827 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Lobão de Mello Freire Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
828 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Mourlon Répétition écrites sur le Code Napoléon Indireta
JOAQUIM ANTUNES DE FIGUEIREDO
829 27 1882 Usufructo e fideicommisso JUNIOR Pothier Tratado das doações testamentárias francês direta
830 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Batbie De la liberté de terter. referência
831 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Borges Carneiro referência
Manuel de Almeida e Sousa de
832 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Lobão referência
833 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO José Homem Corrêa Telles referência
834 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Pascoal José de Mello Freire referência
Commentario a lei n. 463 de 2 de setembro de
1847 sobre successão dos filhos naturaes e sua
835 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Perdigão Malheiro filiação Indireta
836 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
837 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Rebouças Observa. A Consolidação das leis civis Indireta
838 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
839 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO d'Aguesseau Indireta
840 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Loysel Instit. Cont. direta
841 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Blackstone Comm. On the laws of England referência
Concordance entre les codes civils étrangers et
842 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Anthoine de Saint Joseph le Code Napoléon referência
843 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Alexandre Dumas Filho Theatre Compl. Le fils Naturel Indireta
844 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Morelot menção
845 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Brochard La verité sur les enfants trouvées menção
846 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Legoyt menção
847 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Proudhon menção
848 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO F. Le Play menção
849 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Delvinck menção
850 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO A. Sinchalle menção
851 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Ch. Jacquier menção
852 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO Delvincourt menção
853 28 1882 Investigação da Paternidade Natural na acção de alimentos TARQUINIO DE SOUZA FILHO J. Laurens Revue des Institutions e du Droit Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
854 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Coelho da Rocha Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
855 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Ulpiano Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
856 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Theophilo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
314

857 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Asão menção
A B C D E F G H I
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
858 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Vinnius menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
859 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Domat menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
860 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Pothier menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os Manuel de Almeida e Sousa de
861 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Lobão menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
862 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Philippe Antoine Merlin menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
863 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Antonio Ribeiro de Liz Teixeira menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
864 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Ducaurroy menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
865 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Pieffé-Lacroix menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
866 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Bruschy menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
867 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Rebouças menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
868 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Macedo Soares menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
869 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Nabuco de Araújo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
870 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Cujacius (Jacques Cujas) menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
871 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Uldarico menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
872 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Pedro Fabro menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
873 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Zario menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
874 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Duareno menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
875 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Francisco Hottomano menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
876 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Hugues Doneau menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
877 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Balduino menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
878 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Budeo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
879 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Costalio menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
880 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Bachovio menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
881 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Fachinco menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
882 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Corraz menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
883 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Revardo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
884 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Pedro Pitheo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
885 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Charondas menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
886 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Gonçallo menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
887 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Voït menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
888 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Samuel Stryk menção
315

Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os


889 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Struvio menção
A B C D E F G H I
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
890 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Muler menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
891 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Brunem menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
892 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Heineccius menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
893 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Barry menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
894 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Defin menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
895 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Molin menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
896 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA José Pereira de Carvalho menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os Ovídio Fernandes Trigo de
897 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Loureiro menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
898 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Candido Mendes menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
899 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA S. Pereira menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
900 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Petri Waldeck menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
901 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Pascoal José de Mello Freire menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
902 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Accursio menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
903 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Bonjean menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
904 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Dumoulin menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
905 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Mackeldey menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
906 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Le Comte menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
907 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Emmanuelis Alvarez Pegas menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
908 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Coelho da Rocha menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
909 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA José Homem Corrêa Telles menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
910 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Teixeira de Freitas menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
911 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Antonio Joaquim Gouvêa Pinto menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
912 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Charles Gustave Maynz menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
913 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Lagrange menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
914 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Dumoulin menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
915 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Fabre menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
916 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Dalloz menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
917 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Simion menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
918 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Locré menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
919 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Treilhard menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
920 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Chabot menção
316

Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os


921 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Toullier menção
A B C D E F G H I
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
922 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Duvergier menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
923 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Muhlenbruch menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
924 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Demangeat menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os Manuel de Almeida e Sousa de
925 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Lobão menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
926 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Authentica referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
927 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Suetonio menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
928 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Cicero menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
929 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Fonseca Diccionario Portuguez e Latino referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
930 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Manuel Bernardes Branco Diccionario Portuguez e Latino referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
931 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Hulot Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
932 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Fievée-Lacroix Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
933 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Guill. Freund Grande diccionario da lingua latina referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os M. M. L. Quiccherat e A.
934 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Daveluy Diccionario Latimno-Francez referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
935 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Horing Espírito do Direito Romano Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
936 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Hortensius de Saint-Albin Logica Judiciaria Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
937 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Asão Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
938 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Charles Gustave Maynz Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
939 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA José Homem Corrêa Telles Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os Joaquim José Caetano Pereira e
940 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Sousa Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
941 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Bruschy Annotações a Waldeck Indireta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
942 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Heineccius menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
943 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Aristoteles menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
944 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Huberto menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
945 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Grotius menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
946 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Marezoll menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
947 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito civil direta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
948 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Borges Castro Colleção de tratados referência
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
949 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Ortolan Institutas direta
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
950 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Goethe menção
Em falta de irmão do defunto succudem-lhe in capita ou in stirpes os
951 28 1882 sobrinhos filhos de irmãos? HERMENEGILDO MILITÃO DE ALMEIDA Hoeckel menção
952 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Cuvier menção
317

953 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Humboldt menção
954 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Quatrefages menção
A B C D E F G H I
955 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Platão menção
956 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Aristoteles menção
957 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Fiore menção
958 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Antonio Joaquim Ribas Direito administrativo brazileiro Indireta
959 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Pasquale menção
960 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO E. Haus Droit Intern Privé Indireta
961 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Massé Droit Comm. Indireta
Ovídio Fernandes Trigo de
962 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
963 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Pascoal José de Mello Freire Indireta
964 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Demolombe Indireta
965 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Aubry et Rau Indireta
966 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
967 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Zacharie Indireta
968 28 1882 Condição Civil do Estrangeiro TARQUINIO DE SOUZA FILHO Antonio Joaquim Ribas Curso de Direito Civil Brazileiro Indireta
Errata da nova compilação das leis e
969 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO José Anastacio de Figueiredo Ordenações deste reino de Portugal Indireta
970 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
971 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
972 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Guerreiro De munere Judicis Orphanorum Indireta
Commentaria ad ordinationes Regni
973 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Emmanuelis Alvarez Pegas Portugalliae Indireta
Ovídio Fernandes Trigo de
974 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro Indireta
975 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Aulus Gellius Noctes Atticae Indireta
976 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Gaii Comment. Indireta
977 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Léopold Auguste Warnkoenig Institutiones iuris Romani privati Indireta
978 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Gaio Indireta
979 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Ulpiano Indireta
980 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Justiniano Indireta
981 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Mackeldey Manuel de Droit Rom Indireta
982 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Heineccius Recitationes in Elem. Jur. Civ. 1824 Indireta
983 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Marcello Indireta
984 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Charles Gustave Maynz De adopt. Indireta
985 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
986 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Alvaro Valasco Praxis Partitionum et Collationum 1605 Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de
987 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Lobão Indireta
Commentaria ad ordinationes Regni
988 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Emmanuelis Alvarez Pegas Portugalliae Indireta
Consultationum ac rerum judicatarum in regno
989 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Alvaro Valasco Lusitaniae Indireta
990 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Phebo Indireta
991 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Borges Carneiro Direito Civil de Portugal Indireta
992 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Curso de Direito Civil Portuguez Indireta
993 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Antonio Joaquim Ribas Consolidação das leis do processo civil Indireta
994 30 1883 A adopção que effeitos produz entre nós actualmente? ANTONIO DINO DA COSTA BUENO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta

Em face do n. 1 do art. 36 do Reg. que baixou com o Decr. de n. 5135 de


1812, assiste ao senhor ou ao possuidor o direito de reclamar contra a
995 31 1833 classificação para o fim de fazer preterir o seo escravo classificado? ANTONINO NEVES nenhuma
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE Manuel de Almeida e Sousa de
996 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Lobão menção
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE Primeiras Linhas sobre o Processo
997 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA José Pereira de Carvalho Orphanologico menção
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
998 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Menezes Juízos Divisórios menção
318

Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
999 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Didimo Júnior Notas as Linh. Orphan. direta
A B C D E F G H I
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
1000 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Savigny Indireta
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
1001 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Alvaro Valasco Praxis Partitionum et Collationum direta
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
1002 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Charles Gustave Maynz Droit Romain Indireta
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
1003 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções Indireta
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE Manual do Processo civil: supplemento do
1004 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA José Homem Corrêa Telles digesto portuguez Indireta
Como se deve praticar no caso de acharem-se os herdeiros de posse cada FRANCISCO DE PAULA LACERDA DE
1005 31 1883 um de certos bens da herança? ALMEIDA Nazareth Elem. Do Proc. Civ. Indireta
1006 32 1883 Estipulação de uma servidão em favor de terrenos de um terceiro Antonio José Rodrigues Torres Netto Van Wetter Direito Romano francês direta
1007 32 1883 Estipulação de uma servidão em favor de terrenos de um terceiro Antonio José Rodrigues Torres Netto Laurent D. Civ. Franc. francês direta
1008 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Cicero latim direta
1009 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Toullier Indireta
1010 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Zacharie Indireta
1011 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Antonio Joaquim Ribas Consolidação das leis do processo civil Indireta
Commentaria ad ordinationes Regni
1012 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Emmanuelis Alvarez Pegas Portugalliae Indireta
1013 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Guerreiro Indireta
1014 33 1884 A lei de 7 de Novembro de 1831 Tertuliano Henriques Barb. a Ord. Indireta
1015 34 1884 A classificação dos escravos libertandos LUIZ FERREIRA MACIEL PINHEIRO nenhuma
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1016 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Saint Augustin La cité de Dieu francês direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1017 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Florent latim direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1018 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Bodin Republ. Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1019 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Accarias Droit Romain francês direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1020 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Ventura Le Pouvoir Politique Chrétien francês direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1021 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Perdigão Malheiro A escravidão no Brasil direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1022 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Pascoal José de Mello Freire latim direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1023 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Gregorio XVI letras apostolicas direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1024 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES P. Constant Le Pape e la liberté 1839 direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1025 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Mansfield direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1026 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Balmes Curso de Filosofia Elemental direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1027 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Rondina Philosophia theorica e pratica referência
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1028 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES P. Liberatore Institutiones Philosophica referência
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1029 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Wallon menção
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1030 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Nabuco de Araújo direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1031 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Macedo Soares Direito Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1032 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Mackeldey menção
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1033 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
319

1034 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Heineccius Elem. Jur. Civ. Secund. Ord. Inst. apud
A B C D E F G H I
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1035 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Petri Waldeck Institutiones juris civilis Heineccianae latim direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1036 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Paulino José Soares de Souza menção
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1037 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES José Thomaz Nabuco de Araújo menção
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1038 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Caetano Alberto Soares menção
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1039 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Martou Privil. Et Hypoth. direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1040 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Savigny Traité de droit romain direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1041 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Zimmern Trat. Das Acções direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES Manuel de Almeida e Sousa de Notas de Uso Practico e Criticas as Instituições
1042 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Lobão de Mello Freire direta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1043 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Gomes Manual Pratico referência
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES Manuel de Almeida e Sousa de Segundas Linhas sobre o Processo Civil de
1044 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Lobão Pereira e Souza referência
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1045 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira referência
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES Joaquim José Caetano Pereira e
1046 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Sousa apud
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1047 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Teixeira de Freitas Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1048 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Jhering L'esprit du droit romain Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1049 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Perdigão Malheiro Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1050 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1051 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Coelho da Rocha Indireta
ANTONIO CARNEIRO ANTUNES
1052 34 1884 1.' Não ha direito de escravidão... GUIMARÃES Ortolan Droit Romain Indireta
O credor de hypotheca convencional tem direito de requerer sequestro nos
terrenos adqueridos pelo devedor posteriormente a hypotheca e
1053 37 1885 incorporados ao immovel hypothecado? MANOEL JOAQUIM DA SILVA FILHO nenhuma
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1054 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Ahrens Cours de droit Naturel Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1055 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA P. Didon L'indissolubilité et le divorce Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1056 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Onclair la restauration de vrais principes sociaux Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1057 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Audicio Droit publi. De l'Egl. Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1058 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Emile de Beaussire Etudes de Droit Naturel Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1059 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Kant Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1060 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA S. Thomaz Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1061 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Falcoz le divorce Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1062 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA De Giorgi Esame del Diritto Filosofico Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1063 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA P. Hyacinthe Conferences de 1866 Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1064 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Naquet discurso parlamentar (francês) Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
320

1065 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Carta de Leão XIII aos bispos da Itália Indireta
A B C D E F G H I
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1066 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Liberatore Jus Naturae Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1067 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA Soriano de Souza Elementos de philos Indireta
BRAZILIO AUGUSTO MACHADO DE
1068 39 1886 É LÍCITO O DIVORCIO? OLIVEIRA P. A. Bigoni Analisi degli errori circa la Religione Indireta
1069 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Coelho da Rocha Direito Civil Indireta
1070 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
1071 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Lafayette Rodrigues Pereira Direito das Cousas Indireta
Manuel de Almeida e Sousa de Tratado Pratico e Citico de todo Direito
1072 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Lobão Ephyteutico Indireta
1073 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Charles Gustave Maynz Indireta
1074 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Savigny Tratado da Posse Indireta
1075 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Muhlenbruch Indireta
1076 42 1887 Emphyteuse ANTONIO XAVIER FREIRE Mackeldey Indireta

1077 43 1887 Legitimação per subsequens matrimonium MIGUEL BERNARDO VIEIRA D'AMORIM Pascoal José de Mello Freire Direito Civil Indireta

1078 43 1887 Legitimação per subsequens matrimonium MIGUEL BERNARDO VIEIRA D'AMORIM Borges Carneiro Direito Civil Indireta

1079 43 1887 Legitimação per subsequens matrimonium MIGUEL BERNARDO VIEIRA D'AMORIM Perdigão Malheiro Indireta

1080 43 1887 Legitimação per subsequens matrimonium MIGUEL BERNARDO VIEIRA D'AMORIM Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta

1081 43 1887 Legitimação per subsequens matrimonium MIGUEL BERNARDO VIEIRA D'AMORIM Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1082 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Borges Carneiro Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1083 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Coelho da Rocha Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo Recueil de I'Academie de Legislation de
1084 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Haltius Vaulouse Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1085 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Giraud Revue de legislation Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1086 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Niebuhr Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1087 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Ortolan Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo De l'influence du christianisme sur le droit civil
1088 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Troplong des Romains Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1089 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Charles Gustave Maynz Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1090 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Gaio Indireta
321
A B C D E F G H I
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1091 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Auguste Comte Polit. Posit. Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1092 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Paul. Sent. Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1093 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Savigny História do Direito romano na Idade Média Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1094 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Wurtemberg Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1095 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Manual do Direito da America do Sul Indireta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1096 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Pascoal José de Mello Freire latim direta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1097 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA José Homem Corrêa Telles direta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1098 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões direta
« o irmão bilateral reconhecido com sua irmã em testamento do pae
commum concorre á herança desta com o conjuge sobrevivente excluidos
os irmãos simplesmente consanguineos - em hora reconhecidos no mesmo
1099 43 1887 testamento? » M. I. CARVALHO DE MENDONÇA Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
Pelo preço da adjudicação devem os bens ser levados á praça, mesmo no
1100 43 1887 juizo commercial JOÃO C. PESTANA DE AGUIAR Paula Baptista Processo Civil Indireta
Pelo preço da adjudicação devem os bens ser levados á praça, mesmo no
1101 43 1887 juizo commercial JOÃO C. PESTANA DE AGUIAR Leite Velho Monographia das execuções Indireta
1102 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani Indireta
1103 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Heineccius Recitationes in Elementa Institutionum Indireta
1104 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Candido Mendes Prim. Lin. Indireta
Addições á Doutrina das Acções de Correa
1105 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Teixeira de Freitas Telles Indireta
1106 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
1107 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Antonio Joaquim Ribas Consolidação das leis do processo civil Indireta
1108 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa James Kent Commentaries on American Law Indireta
1109 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Lim, Vaz e Vasco Axiomas de Direito Indireta
1110 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa José Clemente Pereira discurso parlamentar Indireta
Parecer em nome das comiss. De orçam. E
just. Civ. Acerca do proj. de emancip. Dos
1111 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Ruy Barbosa escravos Indireta
1112 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Paulino José Soares de Souza nota ao ministro da Grã-Bretanha Indireta
1113 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Carvalho Moreira projeto de lei Indireta
1114 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Silva Ferraz discurso parlamentar Indireta
1115 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Nabuco de Araújo discurso parlamentar Indireta
Principes de l'interprétation des lois, des actes,
des conventions entre les parties, et
spécialement, des législations françaises et
étrangères concernant l'étranger en France:
322

avec l'examen critique de la jurisprudence


1116 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Georges Constant Delisle moderne 1852 Indireta
A B C D E F G H I
1117 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Demolombe Cours de Code Napoleon português direta
1118 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Trolley Cours de dr. Administrat. português direta
1119 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Holand The elements of jurisprudence Indireta
1120 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Perdigão Malheiro A escravidão no Brasil Indireta
1121 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Aulus Gellius Noctes Atticae latim direta
1122 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Perels Droit Marit. Internat. Indireta
1123 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Lalor Cyclopaedia of politic. Science Indireta
1124 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Broglie Ecrits. português direta
1125 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa James Kent Commentaries on American Law português direta
1126 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Per. Pinto Dir. Internac. Indireta
1127 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Fiore Nouv. Dr. Internat. Publ. direta

1128 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Story Commentar. On the Const. Of the Unit. States Indireta
1129 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Dicey Lectures on the law of the Constit. Indireta
1130 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Giron Le dr. Publ. De la Belgiq Indireta
1131 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Blackstone Commentar. Indireta
1132 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Delolme The Const. Of England Indireta
1133 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Savigny Traité de droit romain português direta
1134 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Mourlon Répétition écrites sur le Code Napoléon Indireta
1135 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Mansfield Appleton's American Cyclop. português direta
1136 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Jhering L'esprit du droit romain português direta
1137 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Antonio Joaquim Ribas Curso de Direito Civil Brazileiro direta
1138 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Buxton The african slave-trade and its remedies Indireta
1139 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Jhering Espr. du dr. rom. Indireta
1140 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Bacon aforismo latim direta
Traité de la publication des effets et de
1141 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Demolombe l'application des lois en général Indireta
1142 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira Indireta
1143 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Joaquim Ignacio Ramalho Pratica civil e commercial Indireta
1144 44 1887 Escravos DE FILIAÇÃO DESCONHECIDA Ruy Barbosa Paula Baptista Theoria e pratica do pr. Civ. Indireta
A escriptura publica é da substancia de todas as doações que devam ser FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1145 44 1887 insinuadas? WERNECK Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis Indireta
A escriptura publica é da substancia de todas as doações que devam ser FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1146 44 1887 insinuadas? WERNECK Lafayette Rodrigues Pereira Direitos de Família Indireta
A escriptura publica é da substancia de todas as doações que devam ser FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1147 44 1887 insinuadas? WERNECK Teixeira de Freitas additamentos Indireta

O herdeiro, á quem foi adjudicado o bem inventariado, e que, por ser


indivisivel, o juiz do inventario não mandou partilhar, não está sujeito ao
1148 44 1887 pagamento da siza ou meia siza pelas tornas que fizer aos co-herdeiros. ANTONIO DE CAMPOS TOLEDO Menezes Juízos Divisórios Indireta

O herdeiro, á quem foi adjudicado o bem inventariado, e que, por ser


indivisivel, o juiz do inventario não mandou partilhar, não está sujeito ao
1149 44 1887 pagamento da siza ou meia siza pelas tornas que fizer aos co-herdeiros. ANTONIO DE CAMPOS TOLEDO Ulpiano latim direta

O herdeiro, á quem foi adjudicado o bem inventariado, e que, por ser


indivisivel, o juiz do inventario não mandou partilhar, não está sujeito ao Manuel de Almeida e Sousa de Tractado Pratico Compendiario de todas as
1150 44 1887 pagamento da siza ou meia siza pelas tornas que fizer aos co-herdeiros. ANTONIO DE CAMPOS TOLEDO Lobão ações Summarias Indireta

1151 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI M. Soares Tratado de Medição de Terras indireta

1152 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Menezes Juízos Divisórios apud

1153 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI José Maria de Avelar Brotero indireta

1154 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI J. Chrispiniano direta

1155 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI J. da Silva Carrão indireta
323

1156 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Moraes Executtionibus indireta
A B C D E F G H I

1157 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Olegario Aquino artigo publicado na Revista O Direito, vol. 5 indireta

1158 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Pascoal José de Mello Freire Direito Civil indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
1159 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Sousa indireta
Primeiras Linhas sobre o Processo
1160 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI José Pereira de Carvalho Orphanologico indireta

1161 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Joaquim Ignacio Ramalho Instituições Orphanologicas direta

1162 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Silva á Ord. indireta

1163 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Emmanuelis Alvarez Pegas indireta

1164 46 1888 DIVISÃO DE TERRAS CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Teixeira de Freitas referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1165 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1166 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Mourlon Répétition écrites sur le Code Napoléon referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1167 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Laurent Cours de Droit Civil referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Répertoire universel et raisonné de
1168 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Philippe Antoine Merlin jurisprudence referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Joaquim José Caetano Pereira e
1169 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1170 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Joaquim Ignacio Ramalho Praxe Brazileira referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1171 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Coelho da Rocha Direito Civil referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1172 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Ovídio Fernandes Trigo de
1173 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Loureiro Instituições de Direito Civil Brazileiro referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA ASSIGNAÇÁO DE DEZ DIAS, A RESTITUIÇÁo
1174 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Almeida Oliveira IN INTEGRUM e a nova LEI DAS EXECUÇÕES indireta
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1175 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Lafayette Rodrigues Pereira Direito das Cousas indireta
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1176 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1177 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Savigny Traité de droit romain referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1178 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Charles Gustave Maynz Droit Romain referência
1º A omissão da declaração do estarem ou não os bens sujeitos a
anteriores hypothecas legaes, exigida pro substantia na escriptura de FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1179 46 1888 hypotheca, constitue nullidade de pleno direito absoluta?... WERNECK Van Wetter Droit Romain referência
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
324

1180 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Candido Mendes Nota à Ord. direta
A B C D E F G H I
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Commentaria ad ordinationes Regni
1181 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Emmanuelis Alvarez Pegas Portugalliae apud
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1182 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1183 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Manual do procurador dos feitos da fazenda
1184 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Perdigão Malheiro nacional nos juizos de primeira instancia indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1185 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Candido Mendes Codigo Philippino indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1186 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Moraes Carvalho Praxe Forense indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA Joaquim José Caetano Pereira e
1187 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1188 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Pimenta Bueno Direito Publico indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1189 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK José Homem Corrêa Telles Formulario do Tabelionato indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1190 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Levindo F erreira Lopes artigo publicado na Resenha Jurídica indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1191 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Savigny Traité de droit romain indireta
1º Vigora entre nós a nullidade de que tratam o Alv. de 3 de Junho de 1809, FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1192 46 1888 § 8º, e a Ord. liv. 1º, tit. 78, § 14?... WERNECK Moraes Carvalho Praxe Forense indireta
Os fideicomissos modernos em face das
1193 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Ordens do Thesouro indireta
1194 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pothier Traité des Substitutions direta
1195 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pereira e Caldas Quest. For. Recept. Sentent. direta
1196 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO artigo publicado na Gazeta Jurídica indireta
1197 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Coelho da Rocha Direito Cível Patrio direta
1198 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Dalloz Répert. indireta
Joaquim José Caetano Pereira e
1199 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Sousa Primeiras linhas sobre o processo civil indireta
1200 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez indireta
1201 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Introducção aos Fideicommíssos modernos indireta
1202 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Antonio Ribeiro de Liz Teixeira Direito Civil direta
1203 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Fusario de compendiosa substitutione indireta
1204 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Peregrinus de fideicommissis referência
1205 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Marzarius Tractatus de fideicommissaría matería referência
1206 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Censali Observationes et additiones ad Peregrinum referência
1207 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pinheiro Trat. de Testamentis direta
1208 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Ulpiano indireta
1209 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Troplong Des donations entre vifs et des testaments indireta
1210 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pereira Manu Regia referência
1211 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Silva indireta
1212 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Alvaro Valasco Praxis Partitionum et Collationum indireta
1213 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Gama Decis. Supremi Senatus Lusitaniae direta
Manuel de Almeida e Sousa de
1214 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Lobão Fasciculo de Dissertações Juridico-Practicas referência
1215 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pascoal José de Mello Freire menção
1216 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pothier menção
1217 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Philippe Antoine Merlin menção
1218 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Bigôt-Préameneu menção
1219 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Dalloz Substit. menção
1220 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Rogron menção
1221 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões apud
1222 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis indireta
1223 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Savigny menção
325

1224 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Charles Gustave Maynz menção
A B C D E F G H I
1225 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Mackeldey menção
1226 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Jhering Esprit du Droit Rom indireta

Suppl. ás notas a Mello Freire (Colleção de


Manuel de Almeida e Sousa de Dissertações Jurídico Praticas em Supplemento
1227 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Lobão ás Notas do Livro III de mello Freire) referência
1228 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Domat Traité des Lois Civiles referência
1229 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Delille l'Interprétation Jurid. direta
1230 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Addições á Doutrina das Acções indireta
1231 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani indireta
1232 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Comm. á Lei da Boa Razão indireta
1233 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Lauterbach referência
Des Testaments (Des donations entre vifs et
1234 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Troplong des testaments) indireta
Trat. dos Testamentos e Success. por Gouvêa
1235 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Teixeira de Freitas Pinto direta
1236 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções direta
1237 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Hintze Ribeiro indireta
1238 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Struvio latim direta
1239 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Voecio latim direta
1240 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Salzedo latim direta
1241 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Borges Carneiro Direito Civil indireta
1242 46 1888 Um fideicommisso moderno e cinco accordãos F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Dias Ferreira indireta
1243 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS A. Felicio dos Santos e outros Projecto do Codigo Civil Brasileiro indireta
1244 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Gaio Dig. Da Stat. Hom. indireta
1245 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Pascoal José de Mello Freire indireta
1246 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Theophilo indireta
1247 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Savigny francês direta
1248 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Blondeau direta
1249 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Domat indireta
1250 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Lafayette Rodrigues Pereira direta
1251 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Vulteius menção
1252 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Conradus Lagus menção
1253 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Connamus menção
1254 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Vigelius menção
1255 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Althusius menção
1256 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Leibnitz menção
1257 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Pothier menção
1258 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Bentham indireta
1259 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Dicey indireta
1260 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Antonio Joaquim Ribas direta
1261 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Grotius indireta
1262 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Ulpiano indireta
1263 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Teixeira de Freitas indireta
1264 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Massé indireta
1265 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Martius indireta
1266 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez direta
1267 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Mackeldey indireta
1268 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Hugo menção
1269 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Rosschirt menção
1270 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Heise menção
1271 47 1888 Systemas de codificação civil JOAQUIM FELICIO DOS SANTOS Bernardin de Saint Pierre L'amitié de la nature indireta

1272 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI José Homem Corrêa Telles Theoria da Interpretação das leis direta
Consultationum ac rerum judicatarum in regno
48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Alvaro Valasco Lusitaniae indireta
326

1273

1274 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Pascoal José de Mello Freire livro 3 indireta
A B C D E F G H I

1275 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Paiva e Pona Orphanologia Pratica indireta

1276 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Joaquim Ignacio Ramalho Instituições Orphanologicas indireta

1277 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Antonio Joaquim Ribas Commentarios indireta

1278 48 1889 Materia de collação-Intelligencia da Ord. liv. 4° tit. 97. CARLOS HONORIO BENEDICTO OTTONI Consolidação das leis civis indireta
Sociedade mercantil. -Validade de sua dissolução amigavel effectuada por
procurador, falecendo o socio, constituinte deste (ausente), antes das FRANCISCO PEIXOTO DE LACERDA
1279 48 1889 publicações legaes. WERNECK Orlando Codigo Commercial annotado indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1280 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Theoria da Interpretação das leis direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4° Consultationum ac rerum judicatarum in regno
1281 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Alvaro Valasco Lusitaniae direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1282 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1283 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Bacon Legum Leg. indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1284 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1285 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Muller indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1286 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Paiva e Pona Orphanologia Pratica direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1287 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Collações indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1288 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Guerreiro De munere Judicis Orphanorum indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4° Le Droit Civil Français (Le droit civil français
1289 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Toullier suivant l'ordre du Code) francês direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1290 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Digesto portuguez direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1291 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Teixeira de Freitas Consolidação das leis civis indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1292 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Antonio Joaquim Gouvêa Pinto Tratado dos Testamentos e Successões indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1293 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Pascoal José de Mello Freire Instituitiones Juris Civilis Lusitani indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1294 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Carlos Honorio Benedicto Ottoni artigo publicado na Revista O Direito, jan 1889 direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1295 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO José Homem Corrêa Telles Doutrina das Acções 1841 direta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4° Primeiras Linhas sobre o Processo
1296 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Orphanologico indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1297 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Antonio Joaquim Ribas Consolidação das leis do processo civil indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1298 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO De Partit. et Collat. indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1299 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Lauterbach Dissert. indireta
MATÉRIA DE COLLAÇÕES Interpretação da Ord. liv. 4°, tit. 97, § 4°
1300 48 1889 EXAME DE TRES SYSTEMAS F. DE C. FIGUEIRA DE MELLO Manual Pratico indireta
1301 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA Coelho da Rocha Instituições do Direito Civil Portuguez indireta
1302 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA José Homem Corrêa Telles Theoria da Interpretação das leis indireta
1303 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA Antonio Ribeiro de Liz Teixeira tomo 2º indireta
Ovídio Fernandes Trigo de
1304 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA Loureiro Compendio do Direito Civil indireta
1305 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA Rogron português direta
1306 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA Mourlon francês indireta
Primeiras Linhas sobre o Processo
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1307 49 1889 Posthumo o que seja, que direito tem? MILENO DE TORRES BANDEIRA José Pereira de Carvalho Orphanologico direta
1308 49 1889 DESPEJO DE CASAS FERRER nenhuma
A B C D E F G H I
1309 49 1889 PLANO GERAL DO PROJECTO DE CODIGO CIVIL BRAZILEIRO A. COELHO RODRIGUES Mancini Memoria 1882 indireta
1310 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Pascoal José de Mello Freire menção
1311 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Alvaro Valasco menção
1312 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Phebo menção
1313 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Gama menção
1314 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Carvalho indireta
1315 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Antonio Ribeiro de Liz Teixeira indireta
1316 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Coelho da Rocha indireta
1317 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Borges Carneiro indireta
1318 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Samuel Stryk indireta
1319 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Heineccius indireta
1320 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Phebo menção
1321 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Cabedo menção
1322 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Vasconcellos direta
1323 50 1889 Os filhos legitimados gozam dos mesmos direitos que os legitimos? Anônimo Pedro de Araújo Lima direta
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