Aula 4.2

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RECREAÇÃO

E
LAZER

Patrick Gonçalves
Elaboração de atividades
recreativas e trabalhos
relacionados ao lazer
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Aplicar os conceitos de ludicidade às diferentes atividades recreativas


e de lazer.
„„ Analisar as atividades recreativas e o público-alvo para as diferentes
atividades.
„„ Elencar estratégias para identificação do público-alvo em um pro-
grama de lazer e atividades-chave para tais públicos.

Introdução
As atividades recreativas desempenham um papel de grande importância
para o desenvolvimento da maior qualidade de vida, pois, por meio delas,
é possível alcançar diversas conquistas, tanto em âmbito individual e
pessoal como no âmbito coletivo e interpessoal. Porém, é importante
destacar que as práticas de lazer podem ser desenvolvidas com objetivos
diversos e para pessoas de diferentes idades, sexo e classes sociais. Além
disso, elas são fundamentais nos processos de desenvolvimento humano
como forma de expressar e vivenciar determinadas culturas, contribuindo
nos avanços da sociedade.
Neste capítulo, você vai entender os conceitos de ludicidade e como
as atividades recreativas são abordadas em diferentes contextos. Além
disso, você vai estudar algumas possibilidades de atividades recreativas e
o público-alvo geralmente encontrado para cada uma delas. Ainda, você
vai conhecer algumas estratégias para identificar e propor atividades
variadas aos diversos públicos.
2 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

Conceitos de ludicidade e diferentes atividades


recreativas e de lazer
As atividades recreativas, devem partir de uma manifestação de livre-adesão
pelos participantes, constituindo momentos agradáveis e de promoção da ale-
gria. No entanto, as possibilidades que elas encontram não se traduzem apenas
em proporcionar momentos de prazer e bem-estar, mas como ferramentas para
o desenvolvimento de aspectos específicos do ser humano, como a socialização
e o contato com a natureza, por exemplo. Nessa perspectiva, as atividades
encontram, por meio dos jogos lúdicos, ou seja, aqueles momentos que estão
relacionados ao brincar, ao jogar, ao divertimento e ao lazer, uma forma de
alcançar tais objetivos. Assim, em uma primeira aproximação ao público-alvo,
as atividades lúdicas devem ser pensadas a partir da intencionalidade em que
ela se constitui. Nessa primeira seção, discutiremos algumas das principais
áreas que têm buscado compreender o lúdico como uma manifestação humana.
O conceito de ludicidade tem sido historicamente debatido, assim como sua
importância para a sociedade. As diferentes abordagens acerca da ludicidade
formaram diferentes conceitos, em diversas áreas da ciência. O Quadro 1
sintetiza as principais vertentes da ludicidade nos dias atuais.

Quadro 1. Abordagens sobre o jogo e a ludicidade

Enfoque
científico Visão sobre o jogo e/ou lúdico

Antropologia Uma atividade de livre-escolha e de regras


dinâmicas que acontece em determinado tempo
e espaço, acompanhando tensões e alegrias.

Sociologia Uma atividade cultural que possibilita o encurtamento de


laços e o aumento de pertencimento aos grupos sociais.

Pedagogia O jogo é constituído por atividades que atuam como


facilitadoras da aprendizagem e permitem que a
criança aprenda como se estivesse brincando.

(Continua)
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 3

(Continuação)

Quadro 1. Abordagens sobre o jogo e a ludicidade

Enfoque
científico Visão sobre o jogo e/ou lúdico

Psicologia Reconstrução da experiência e da cura emocional, que


ocorrem por meio de atividades ligadas ao jogo. O jogo
é o intermediário entre a realidade concreta e o mundo
psíquico de cada sujeito. O jogo é uma atividade de
construção da inteligência, do afeto e da linguagem. Os
jogos são os momentos em que se consolidam valores
e ideias que se encontram entre o real e o potencial.

Abordagens A ludicidade está associada não somente à prática de uma


subjetivas atividade que possa ser vista (brincar), mas a um estado
interno de vivência lúdica de prazer e plenitude. Processos
dinâmicos desenvolvidos pelos sujeitos e observáveis
por meio de elementos que expressam a ludicidade.

Fonte: Adaptado de Massa (2015).

Pode-se perceber que a ludicidade envolve o jogo como forma de abordagem


específica que busca atingir objetivos conforme cada área do conhecimento.
Nesta seção, debateremos um pouco de cada uma dessas abordagens e dis-
cutiremos alguns exemplos de atividades para cada área do conhecimento.

O lúdico na antropologia e na sociologia


As duas áreas se encontram bastante próximas uma da outra. Evidentemente,
cada uma delas tem várias correntes teóricas que vão se distanciando. Entre-
tanto, as duas têm algumas características em comum: ambas estudam o ser
humano, o seu comportamento, a sua cultura e a interação com a sociedade. De
maneira mais específica e bastante genérica, a antropologia pode ser definida
como a área da ciência que “estuda as semelhanças e diferenças culturais,
origem e história das culturas do homem, sua evolução e desenvolvimento,
estrutura e funcionamento, em qualquer lugar e tempo” (LAKATOS; MAR-
CONI, 1999, p. 21), geralmente implicada com culturas pouco avançadas
em relação aos processos civilizatórios e de urbanização, tal qual as tribos
indígenas, abordando, inclusive as características físicas dos diferentes povos.
Já a sociologia pode ser definida como o “estudo científico das relações sociais,
4 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas


as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações
de grupos entre seres humanos” (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 22-23).
A partir dessa breve classificação, podemos entender que a antropologia
e a sociologia buscam o entendimento da sociedade por meio das relações do
ser humano. Nessa perspectiva, as atividades lúdicas entram como elemento
socializador e necessário para compensar as alienações produzidas pelo mundo
do trabalho, constituindo-se de expressões socioculturais. As atividades lúdicas
visam, então, o aprofundamento e a reprodução de aspectos socioculturais
imbuídos no grupo social ao qual o praticante está inserido.
Assim, as danças, os jogos competitivos, as atividades desenvolvidas
em parques e praças, os destinos nas férias, as rodas cantadas, as cantigas
populares e as formas de utilizar determinados brinquedos são determinadas
pela cultura de que as crianças estão inseridas e que vão reproduzindo e
reforçando ao crescerem. Por exemplo, as brincadeiras de faz de conta, em
que um menino se imagina um cavaleiro, por exemplo, traduzem e constroem
marcas simbólicas do papel do homem no mundo. Com isso, toda atividade
lúdica, sendo ela apenas uma roda de conversas ou uma aventura vivida em
um país desconhecido ou uma ida ao cinema, se constitui em uma forma de
construir, reforçar ou problematizar corporalmente a cultura na qual cada
sujeito está inserido.

O lúdico na pedagogia
A pedagogia pode ser entendida como a área que possibilita a prática e a
experiência que guiam a criança à sua formação integral (SAVIANI, 2007).
Assim, as ações pedagógicas devem estar pautadas no preparo de jovens para
as atribuições da vida adulta. Nessa tangente, encontram-se todas as dimensões
humanas, sejam elas físicas, cognitivas, afetivas, sociais e/ou psicológicas.
As atividades lúdicas dentro da perspectiva pedagógica buscam proporcio-
nar esse preparo de forma prazerosa às crianças. Ou seja, a mera instrução e
socialização, a partir da exposição de conceitos em uma aula monótona, pode
acarretar em dificuldades nos objetivos educativos. Assim, atividades em que
as crianças e adolescentes demonstram maior interesse e participação podem
ser possibilidades de transmitir conhecimentos necessários e construídos
historicamente para esses sujeitos. Os jogos lúdicos, dentro do contexto edu-
cacional, ganham muitas possibilidades. Podem ser desempenhados a partir de
alfabetos móveis, facilitando a alfabetização, por meio de brinquedos diversos,
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 5

explorando a corporeidade ou, ainda, fugindo ao ambiente escolar, em parques


e praças, proporcionando a constituição e uma consciência ambiental.
Além dessas possibilidades, os jogos e as atividades lúdicas ganham a
perspectiva de orientar a importância de momentos de lazer e em grupo. As
atividades como gincanas pedagógicas, campeonatos estudantis e recreios
dirigidos direcionam as crianças e os adolescentes a produzirem momentos
de satisfação nas suas horas livres. Os passeios em praias, rios e lagos promo-
vem ainda um despertar para as questões que envolvam a sustentabilidade.
Já aqueles com enfoque cultural, como museus, cinemas e teatros, também
se apresentam como formas de ensinar às crianças os locais que poderão ser
frequentados em seus momentos de lazer.

O programa Território do Brincar é um espaço de troca de saberes, que aborda a brinca-


deira em diversos contextos brasileiros, inclusive em territórios indígenas e quilombolas.
Acessando o link a seguir, você vai encontrar diversos vídeos, fotos e demais produções
culturais que revelam os olhares das crianças a partir de brincadeiras que participam.

http://territoriodobrincar.com.br

O lúdico na psicologia
A psicologia “estuda o comportamento e a motivação do indivíduo, determi-
nados pela sociedade, e seus valores” (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 22).
Também atua nas compreensões das construções cognitivas de cada sujeito.
Assim, as atividades recreativas pautadas a partir dos entendimentos da psi-
cologia, além de serem abordadas a partir de um enfoque clínico, também se
encontram presentes no cotidiano escolar.
As atividades lúdicas, neste contexto, atuam de maneira a contemplar as
frustrações vividas no cotidiano. Por exemplo, em uma partida de futebol ou
em alguma luta esportiva, o participante tem a possibilidade de reorganizar
alguma situação emocional conflituosa, como a perda de um emprego ou o
fim de um relacionamento. Portanto, muitas atividades recreativas também
têm um fundo terapêutico. Uma tarde de lazer em um parque ou o final do
6 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

dia na orla marítima podem se apresentar como ferramentas que revigoram


o ser humano após um dia de situações estressantes.
Além disso, a psicologia voltada ao estudo com crianças e adolescentes
aborda a aplicabilidade de atividades recreativas como formas de desenvolver a
afetividade e a inteligência. Os jogos possibilitam a repetição de movimentos,
gestos e falas, contribuindo na constituição das identidades dos sujeitos. Ainda,
podem servir como ensaio das crianças à vida adulta, imaginando situações
e resolvendo conflitos simbólicos que servirão de consolidação de valores e
comportamentos que serão necessários durante toda a vida de cada indivíduo.
Nessa perspectiva, as brincadeiras de faz de conta, as rodas musicais, os
circuitos psicomotores e os jogos coletivos ganham maior destaque.

O lúdico nas abordagens subjetivas


Nessas perspectivas, a presença do lúdico não está associada com um ato que
possa ser visto externamente, como a observação de uma criança brincando ou
um sorriso ao ver uma linda pintura. Trata-se, portanto, de sensações internas
aos indivíduos, que lhe possibilitam um pleno estado de bem-estar. Assim,
qualquer atividade pode se constituir em momentos lúdicos ou recreativos,
mesmo aquelas que possam ser encaradas, à primeira vista, como tarefas
árduas e indesejadas (MASSA, 2015).
As premissas que fundamentam tais abordagens sustentam que mesmo uma
atividade como cozinhar, limpar a casa ou, ainda, ficar sentado à sombra de
uma árvore podem ser encaradas a partir de um contexto lúdico. No entanto,
essas atividades devem estar sustentadas por estados de leveza, prazer e
plenitude. Além disso, essas abordagens sugerem que a ludicidade é essência
do ser humano, não sendo descaracterizada, ainda que os sujeitos se neguem
à vivência lúdica.
Assim, percebemos que o conceito de ludicidade engloba diferentes en-
foques e perspectivas. Evidentemente, uma atividade lúdica, como rolar uma
bola, pode encontrar sustentação teórica a partir de diversos olhares, como de
pedagogos, psicólogos, antropólogos e demais profissionais de outras áreas
que buscam explicar os fenômenos lúdicos. As diferentes atividades de lazer e
recreação, sejam quais forem, portanto, não se constituem apenas de momentos
avessos ao trabalho, mas de manifestações culturais que preparam e inserem
os indivíduos, colaborando para a manutenção ou o avanço da sociedade
atual. É a partir dessas perspectivas que podemos melhor compreender quais
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as possibilidades que o lúdico ganha diante de diferentes públicos-alvo, assim


como os diferentes interesses e anseios de cada praticante.

Atividades recreativas e público-alvo


As atividades de lazer e recreação, como estamos discutindo, não devem ser
pensadas como um momento adverso ao trabalho, constituindo-se apenas de
um momento de descanso, mas como uma necessidade de todo ser humano,
prevista em lei e que possibilita a formação humana para uma sociedade mais
justa e democrática. Com isso, elas são fundamentais em todas as fases da
vida. Entretanto, algumas atividades encontram maiores possibilidades em
públicos específicos, em razão de vários fatores, dentre eles a faixa etária, o
nível de capacidade cognitiva e a socialização já construída por alguns grupos.
Ao construir uma atividade de lazer, devemos sistematizá-la de forma com que
as respostas para as questões que orientarão a prática de momentos recreativos
(por exemplo, que atividade pode oferecer uma busca pela melhor qualidade
para um grupo específico de pessoas?) estejam bem definidas.
Cabe lembrar que as atividades recreativas buscam, além de objetivos muito
específicos, como educar para a natureza, estabelecer maior socialização,
entre outros, o desenvolvimento de uma maior qualidade de vida, que pode
ser elaborada a partir de fatores objetivos, como o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), que é pontuado a partir de aspectos de desenvolvimento social
de determinado local e de fatores muito subjetivos, como sentir-se bem, des-
frutar de momentos de alegria e de entretenimento. Assim, as possibilidades
recreativas ganham forma, principalmente, pelo desejo subjetivo em participar
de cada uma dessas atividades.
Nesta seção, debateremos algumas das possibilidades de atividades recre-
ativas a partir do local onde elas se desenvolvem e de que forma elas podem
vir a contemplar momentos de entretenimento e diversão.

Atividades de acampamento
Entenderemos por atividades de acampamento “toda ação de saída de um
grupo organizado em busca de contato com a natureza, com propósitos edu-
cativos e que serão alcançados através de atividades de lazer dirigidas por um
grupo imbuído desse propósito” (LETTIERI, 1999, p. 8), envolvendo, assim,
as colônias de férias, os acampamentos educacionais, os projetos culturais,
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entre outras possibilidades. Outra maneira de denominar as atividades de


acampamento, que se dão em lugares não habitados, é por meio da palavra
acantonamento, estabelecendo uma coerência com a possibilidade de tal
atividade ocorrer também em locais habitados, mas que dispõem de um espaço
específico e tematizado para tal prática.
Evidentemente, as atividades de acampamento podem ser executadas por
qualquer pessoa, em qualquer faixa etária, principalmente vinculadas a outras
atividades de lazer, como pescar ou durante um trekking. Contudo, faremos
uma análise a partir de sua possibilidade educativa, mais voltada às crianças
e aos adolescentes. Nessas fases, os acampamentos se constituem como uma
experiência única aos indivíduos, pois estão longe de suas famílias, em um
ambiente geralmente novo, se comparado às vivências em suas residências,
e onde podem praticar diversas atividades que se constituirão de momentos
positivos em sua formação.
Durante o ano escolar, é comum que escolas, grupos religiosos e outras
modalidades de participação social de crianças e adolescentes formulem a
possibilidade dessas atividades durante um final de semana, por exemplo.
Durante as férias escolares, a busca por opções geralmente ocorre pelas famílias
dos jovens, como forma de proporcionar momentos produtivos e aprendizado,
garantido aos pais e responsáveis a tranquilidade de trabalhar, uma vez que as
férias de adultos e dos estudantes nem sempre coincidem, sabendo que seus
filhos estarão em um ambiente seguro e supervisionado.

Os acampamentos (ou acantonamentos) são excelentes oportunidades para crianças


passarem suas férias escolares participando de atividades educativas junto à natureza.

As atividades de acampamento, geralmente, são oferecidas por instituições


privadas, que apresentam pacotes de estadia e com atividades, variando entre
poucos dias até algumas semanas. Esses locais encontram-se, geralmente, em
ambientes próximos à natureza, disponibilizando de recursos físicos diversos,
como alojamentos, cantinas, campos de futebol, animais domésticos e alguns
silvestres licenciados, piscinas, tobogãs, etc. O primeiro contato entre os jovens
e os recreadores geralmente acontece em pontos de encontro determinados
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após o fechamento dos pacotes pelas famílias. As crianças e os adolescentes


são embarcadas em um ônibus, dirigindo-se até o local do acampamento. Após
chegarem ao destino, são direcionados pelos recreadores até os alojamentos,
que são organizados por sexo e faixa etária.
Durante os dias de acampamento, as crianças e os adolescentes são sub-
metidos a diversas atividades planejadas pelos recreadores e coordenadores
do evento, como jogos cooperativos, esportes, trilhas ecológicas, pequenos
torneios, pinturas, atividades de aventura, gincanas pedagógicas, etc. O tempo
para atividades de livre-escolha, como apenas contemplar a natureza ou realizar
algum jogo de regras não programado pelos recreadores, também ocorrem, mas
sob constante supervisão. Assim, essa possibilidade de momento recreativo
se constitui em uma ferramenta pedagógica que engloba objetivos diversos
que buscam a socialização entre sujeitos diversos, construindo os aspectos
sociais referentes à cooperação e ao respeito competitivo, e as formas de
abordar saberes diversos, como aqueles voltados à valorização dos momentos
de lazer, à relevância das questões ambientais, etc.

Atividades em locais de hospedagem


Abordaremos por locais de hospedagem aqueles meios em que um ou mais
sujeitos saem de sua residência, passando um ou mais dias em um local próprio
para hospedagem. Aqui faremos uma diferenciação dos acampamentos, pois
nesses locais de hospedagem não há a supervisão constate de recreadores.
Como locais de hospedagem podemos encontrar os hotéis, os hotéis-fazenda, as
pousadas, os spas, os resorts, os navios, entre outros locais semelhantes. Esse
setor tem crescido consideravelmente nos últimos anos, tendo em vista que o
Brasil tem se destacado como destino turístico por pessoas do mundo todo.
Certamente, existem empreendimentos voltados apenas à passagem de uma
noite, como aqueles que ficam à beira de estradas e têm como maior público
viajantes que necessitam apenas de um local para repousar após algum trajeto
longo. Entretanto, o setor que tem se destacado e que ganhará maior atenção é
aquele procurado por uma ou mais pessoas, que já têm algum vínculo, como
amigos e familiares, para passarem uma temporada, estendendo-se por dias
ou semanas.
O setor hoteleiro tem buscado nas atividades de recreação e lazer uma forma
de atrair mais clientes para seus empreendimentos. Com isso, é cada vez mais
comum a contratação de recreadores para exercer as mais diversas atividades
em serviços de hospedagem. Neste aspecto, serviços de hospedagem podem
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ser classificados também como hotéis de lazer. Esses espaços se encontram


nos mais diversos ambientes. Podem estar em centros urbanos, com atrativos
turísticos, em locais próximos às praias ou em zonas predominantemente rurais
ou próximos de montanhas, florestas, rios, cachoeiras e outros atrativos naturais
(CAMPOS; GONÇALVES, 1998). Nessa mesma perspectiva, encontram-se
também os resorts, cuja diferença principal em relação aos hotéis e pousadas
é o amplo espaço, que contempla muitas opções de lazer, incluindo, em alguns
casos, campos de golfe.

Uma das opções com mais possibilidades de atividades recreativas nos locais voltados
às hospedagens é o resort, que oferece atividades para os mais diversos públicos-alvo,
como sala de jogos, danças, ginásticas e musculação e piscinas infantis. No Brasil,
a maioria dos resorts se encontra no Nordeste, local muito procurado por turistas
nacionais e internacionais.

Por serem espaços frequentados por pessoas de diversas idades, as ativida-


des envolvem diversas possibilidades, como momentos em saunas, piscinas,
academias, áreas de esporte, passeios a cavalo, trilhas ecológicas, passeios
turísticos, etc. Naturalmente, as pessoas que buscam se hospedar em locais
longe de sua residência procuram maior contato com os aspectos naturais e
culturais locais, sendo possível a formação de grupos guiados pelo local onde
se encontra o hotel, a pousada ou o resort.
Em relação aos spas, estes normalmente envolvem a busca de indivíduos
por algum aspecto que envolva a recuperação de sua saúde, a manutenção da
saúde ou, simplesmente, os momentos de relaxamento. Nesses locais, dificil-
mente é encontrada ou permitida a entrada de crianças, uma vez que toda a sua
energia e agitação pode atrapalhar o propósito dos clientes. Com isso, torna-se
comum algumas atividades de relaxamento, como a massagem, a prática de
ioga e o banho em águas mornas. Além disso, existem aqueles spas que ainda
proporcionam atividades vinculadas ao emagrecimento, oferecendo, além de
um cardápio diferenciados, atividades físicas em academias ou ao ar livre.
Existem, ainda, as hospedagens em navios. Por muito tempo, os navios
eram um dos principais meios de transporte de passageiros que gostariam de
atravessar os oceanos, seja para uma migração permanente ou apenas para
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conhecer outros locais. Naturalmente, essas viagens poderiam demorar alguns


dias e, com os avanços da aviação, foram deixando de existir. Entretanto, as
hospedagens em navios se reinventaram e passaram oferecer a possibilidade
de as pessoas conhecerem várias praias, em vários estados e países, e, mesmo
nos momentos embarcados, ainda desfrutarem de momentos de lazer e diver-
são. Assim, em razão da infinidade de possibilidades, os navios de cruzeiro
também são conhecidos como resorts flutuantes.
Os públicos para os navios de cruzeiro são diversos, podendo haver pro-
gramações exclusivas conforme o público. Assim, as opções de lazer se mo-
dificam conforme o público embarcado, podendo haver cassinos, shows, áreas
de patinação, atividades físicas, nado com tubarões, entre outras atividades
recreativas. Além disso, as programações da viagem podem envolver várias
paradas, sendo possível ao viajante conhecer os aspectos culturais e naturais
de determinada região.

Atividades promovidas por organizações


Além das atividades que são propostas em locais que visem à hospedagem por
algum período, existem aquelas que são executadas por empresas, adaptando
suas formas de atuação conforme um público-alvo específico. Nessa área,
entram os clubes, os condomínios, as festas infantis, as escolas, as instituições
filantrópicas, os eventos corporativos e outras possibilidades.
Assim, as atividades são dinâmicas, não havendo possibilidades estáticas,
como ocorre geralmente em hotéis e resorts. Por exemplo, em festas infantis,
é comum vermos diversos equipamentos voltados a crianças pequenas, como
as piscinas de bolas coloridas, os brinquedos infláveis e, para as crianças
maiores, pistas de escalada e os videogames. As atividades nesses eventos
voltam-se principalmente à diversão, proporcionando momentos e materiais
que as crianças poderão explorar e brincar à vontade.
Em eventos corporativos, as atividades recreativas buscam momentos de
integração e socialização. A empresa ou o profissional responsável por tais
atividades busca promover momentos coletivos na própria instituição, como
festas, jantares e concursos ou, ainda, em um local que possa potencializar
a sensação de pertencimento a um grupo, como ocorre com as atividades
naturais. Essas atividades podem ser desenvolvidas apenas para grupo de
trabalhadores ou se estender para a participação de seus amigos e familiares,
promovendo momentos e atividades de integração mais amplos.
12 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

As atividades recreativas em clubes e condomínios geralmente são asso-


ciadas a uma busca pela plenitude física, oferecendo atividades aos sujeitos
que buscam realizar alguma atividade física em seus momentos de lazer.
Nesses ambientes, é comum observarmos programações de atividades siste-
matizadas, como a prática de hidroginástica, escolinhas esportivas, áreas de
musculação, entre outras. No mesmo sentido, condomínios têm voltado seus
empreendimentos de modo a facilitar a prática de atividades físicas dentro de
suas dependências. Não muito raro, percebemos a presença de playgrounds e
de pequenas academias voltadas aos momentos recreativos e que podem ser
espaços de atuação profissional.
Nas escolas, as possibilidades recreativas são diversas. Dentre elas,
destacam-se aquelas que voltam suas atividades à exploração das práticas
corporais, na pretensão de um desenvolvimento integral dos estudantes. Além
disso, ocorrem também saídas pedagógicas, que visam ao contato maior com
a natureza ou ao desenvolvimento cultural, como as visitas a museus, teatros
e cinemas, ou, ainda, à perspectiva de oferecer momentos de entretenimento,
como as saídas aos parques aquáticos ou parques de diversão. Com isso,
existem empresas específicas que desenvolvem desde a execução nas insti-
tuições educacionais até o planejamento complexo de viagens a outros locais,
abrangendo o transporte, a hospedagem e o roteiro.
Além desses espaços, também podemos encontrar aquelas atividades que
são desenvolvidas de modo a melhorar a qualidade de vida de certa comuni-
dade. Tais atividades são propostas por organizações governamentais e não
governamentais, geralmente buscando a inclusão social de indivíduos em
situação de vulnerabilidade social. Um erro bastante comum na promoção
dessas atividades é creditá-las à tarefa de simplesmente ocupar o tempo dos
praticantes, como modo de dificultar o acesso às drogas e à criminalidade.
Evidentemente, tais preocupações devem estar pautadas nos programas de
recreação e lazer, entretanto, os objetivos desses programas devem estar
guiados pela superação das desigualdades que geram as situações vulneráveis,
garantindo os desenvolvimentos social, econômico, ambiental e cultural em
determinada comunidade.
Assim, podemos perceber que, geralmente, as atividades recreativas voltam
a sua execução pensando em públicos-alvo específicos. Em grande parte
das vezes, esses sujeitos partilham de interesses parecidos, ou seja, querem
conhecer lugares e culturas novas ou desejam uma imersão maior nos aspectos
naturais ou culturais, ou, também, apenas vivenciar experiências divertidas.
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 13

Estratégias para identificação do público-alvo


em um programa de lazer
Os públicos-alvo são diversos, uma vez que os desejos subjetivos podem
encontrar muitos formatos, variando a cada sujeito. Assim, as estratégias
para definição de um público-alvo passam pelo interesse em que cada grupo
partilha ou percebe em determinados momentos, possibilidades de diversão
e entretenimentos. Ao compararmos sujeitos diferentes, não necessariamente
teremos desejos de praticar atividades recreativas iguais. Enquanto um deles
pode preferir participar de uma sessão de ioga, outo pode desejar participar de
uma descida de rapel, por exemplo. Assim, os anseios de cada um dos sujeitos
participantes de uma atividade de lazer e suas características, como a atividade
laboral que exerce, o estilo de vida que sustenta, a sua relação com outros
sujeitos, a sua fase de desenvolvimento cognitivo e as suas potencialidades
físicas, entre outros fatores, devem ser levadas em consideração. No entanto,
tais diferenças tendem a ser menores quando comparamos indivíduos que
atravessam o mesmo momento histórico e participam da mesma cultura, de-
senvolvendo as mesmas formas de pensar, agir e se expressar. De modo geral,
podemos fazer uma abordagem do público-alvo a partir da faixa etária em que
se encontram, uma vez que algumas características se mostram parecidas.
Nesta seção, discutiremos algumas das particularidades de cada fase da
vida, acompanhadas de atividades-chave que podem ser boas opções em razão
das características desses grupos.

Crianças
As crianças começam a produzir o suas habilidades e competências a partir
dos núcleos sociais que frequentam, ou seja, nos âmbitos familiar e escolar.
Inicialmente, suas brincadeiras se dão de forma individual, tendo pouca ca-
pacidade de interagir com outras crianças e demonstrando temperamento
egoísta. Com o passar do tempo, por volta dos sete anos, desenvolvem uma
pequena habilidade de socialização, deixando de lado o egocentrismo que
carregaram durante seus anos iniciais de vida. As principais característica
da infância são a capacidade e a necessidade de brincar. Quando não estão
comendo, dormindo ou obedecendo a ordens de adultos, as crianças estão
brincando. As brincadeiras, assim como o trabalho para os adultos, ocupam
a maior parte do tempo. Por meio das brincadeiras é que os seres humanos,
em sua infância, tornam-se conscientes de seus corpos e desenvolvem suas
14 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

capacidades motoras (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O brincar ainda serve


como facilitador cognitivo e afetivo da criança, tornando-a capaz de analisar
e compreender o mundo que a cerca.
Partindo desse pressuposto, uma proposta de atividades recreativas deve
oportunizar uma aquisição maior de movimentos, explorando ao máximo
seus corpos nas mais diversas situações que existem sem que sejam repri-
midas, oportunizado as ações a todos, para que haja uma aquisição ampla
de movimentos (não havendo movimento ou ação considerada errada) e o
respeito às regras de jogos simples que podem ser abordados. Nessa fase, as
crianças já têm conhecimento sobre os jogos, com as regras e a importância
delas neste contexto, podendo sugerir alterações ou, até mesmo, criar regras
e jogos novos, desenvolvendo, assim, certa autonomia e democratização. No
final da infância, a separação que havia referente a meninos e meninas tende
a se amenizar, possibilitando atividades em grandes grupos. Zotelle (2007)
indica alguns elementos que devem estar presentes em atividades recreativas
para a infância:
Até os 6 anos:

„„ Representação: atividades que envolvam a criação em algum cenário


(faz de conta).
„„ Muita movimentação: atividades de movimentos amplos, como correr,
saltar, rolar, etc.
„„ Brincadeiras/pequenos jogos: jogos com poucas regras, como chutar
uma bola, pular uma corda, etc.
„„ Cantos: cantar músicas conhecidas pela criança.
„„ Imitações de situações conhecidas: recriar cenários por meio da ex-
pressão corporal e da verbalização.
„„ Estimulação: atividades que explorem os cinco sentidos, como expe-
rimentar alimentos vendado.

A partir dos 6 anos:

„„ Brincadeiras em duplas: atividades em que os materiais devem ser


compartilhados, como passar um balão ao amigo.
„„ Atividades em equipe: pique-bandeira, jogos cooperativos, etc.
„„ Desafios e contestes: amarelinha, escalar uma minipista de rapel, etc.
„„ Atividades de ação: realizar um circuito com ações amplas diversas.
„„ Atividades de raciocínio: jogo da memória, quebra-cabeças, etc.
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 15

„„ Pequenos jogos: jogos com poucas regras, que podem inclusive ser
criados pelas próprias crianças.
„„ Grandes jogos adaptados: tagrugby, minivoleibol, basquetebol sem
quicar, etc.
„„ Integração: rodas musicais, jogos tradicionais, etc.

Adolescentes
A adolescência é o marco principal para a diferenciação e as experimenta-
ções orgânicas acerca da maturação biológica que acometem os adolescentes
(SARAIVA, 2005). A puberdade é marcada, essencialmente, pelo acelerado
desenvolvimento de altura e massa corporal do indivíduo. Para Gallahue e
Ozmun (2005), o genótipo define os limites da capacidade de crescimento
(medidas corporais lineares, maturação esquelética, maturação sexual e tipo
de corpo), enquanto o fenótipo, ou seja, as condições ambientais que cercam
o indivíduo, determinará se tais limites serão alcançados. Nesse sentido,
algumas manifestações corporais referentes à puberdade começam a aparecer
inicialmente nas meninas, tornando-se oportuno o momento para revelar esse
assunto “novo” e refletir sobre o próprio corpo, encorajando-as a aceitar essas
alterações corporais que começarão a ocorrer. Espera-se que aos 15 anos as
características físicas de meninos e meninas já estejam bem definidas, embora
possa ocorrer ainda um aumento corporal até os 18 anos de idade. No âmbito
social, o adolescente sofre constantes mudanças, o que pode fortalecer a dis-
criminação pelas características pessoais de cada um. Os jogos desportivos
são importantes ferramentas no processo de socialização da adolescência
(GALLAUE; OZMUN, 2005). Neles, o indivíduo passa a perceber as diferen-
ças, aceitando-as, respeitando-as e se reconhecendo como diferente.
Em geral, os adolescentes apresentam diferença entre os sexos em relação às
habilidades motoras. Além disso, as mudanças corporais que ocorrem durante
essa fase podem apresentar desigualdades significativas no comportamento
motor entre indivíduos do mesmo sexo, fazendo com que os que não têm uma
competência motora muito apurada apresentem uma aversão às atividades
físicas. Embora já prefiram atividades em grupos do que individuais, ainda
necessitam estar próximos a amigos e colegas com quem se identificam mais,
o que pode dificultar a socialização entre sujeitos de gostos opostos. Ainda, a
adolescência é um período fundamental de reconhecimento dos sujeitos, em
que a construção do seu papel no mundo vai sendo potencializada. Assim,
necessitam de uma autoafirmação constante, mostrando suas habilidades
16 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

e interesses. Zotelle (2007) indica algumas atividades que podem ser mais
apropriadas ao público adolescente:

„„ Esportes: futebol, voleibol, rugby, badminton, etc.


„„ Gincanas de múltiplas dificuldades: envolvendo a competição e a
cooperação, por meio de atividades terrestres e aquáticas, em jogos
que envolvam as habilidades motoras ou cognitivas.
„„ Atividades junto à natureza: envolvendo algum risco, mesmo sim-
bólico, que os desafiem a algum objetivo, como tirolesa, rapel, rafting,
escaladas, etc.
„„ Grandes jogos com grande complexidade: xadrez ou jogos digitais,
por exemplo.
„„ Demonstração de habilidades pessoais: concursos de talentos, shows
musicais, campeonatos de manobras de skates e concursos de conhe-
cimento sobre filmes, músicas e séries de interesse dos adolescentes.

Adultos
Na fase adulta, a maioria dos indivíduos se encontra inserida no mercado de
trabalho. Com isso, o tempo destinado ao lazer de forma individual se encon-
tra restrito aos momentos de descanso, tendo que ser dividido entre outras
tarefas, como o tempo destinado ao convívio familiar, pagar contas, realizar
compras, entre outros afazeres que acometem cotidianamente os indivíduos
que se encontram nessa fase. Esse período é marcado por uma revalorização
dos jogos, isto é, o esporte e os jogos não se encontram cotidianamente pre-
sentes, como eram na adolescência e na infância, sendo restrito a momentos
pontuais, como forma de obter melhor qualidade de vida ou fugir das cargas
de trabalho que podem ser estressantes (SILVA; GONÇALVES, 2017). Nesse
sentido, as atividades recreativas que englobem aspectos físicos podem partir
da supervalorização da estética, característica dessa fase.
As habilidades cognitivas, físicas e sociais estão em sua plenitude na fase
adulta. Com isso, há uma preferência maior por atividades em grupos, que
promovam a interação entre sujeitos de diferentes gostos e sexos, e a aceitação
da derrota e da vitória parece ser abordada com maior facilidade. Os adultos
apresentam adesão rápida a algumas ferramentas e atividades que aparecem
fortemente na mídia, como adotar uma dieta específica ou realizar atividades
físicas que se expandem na sociedade. Zotelle (2007) aponta algumas atividades
que podem ser proporcionadas aos adultos:
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 17

„„ Esportes: em especial, aqueles que já fazem parte do rol de conhe-


cimento das pessoas, como o futebol, o voleibol, o basquetebol, etc.
„„ Atividades em grupo: jogos e campeonatos com times mistos, rodas
de conversas, etc.
„„ Atividades lúdicas de grande participação: jogos cooperativos, em
que todos se sintam valorizados e o respeito impere.
„„ Atividades de salão: dinâmicas em grupos, que podem ser realizadas
nas próprias empresas em que os adultos desenvolvem suas jornadas
profissionais, buscando aperfeiçoar competências específicas.
„„ Jogos de sorte e azar: cassinos, bingos, etc.
„„ Modismos: possibilitar atividades que ganharam maior exposição nos
últimos anos, como o treinamento funcional.
„„ Reuniões: atividades festivas, que promovam momentos em que as
pessoas possam conversar.
„„ Gincanas: atividades que explorem habilidades diversas, como os
aspectos físico e os conhecimentos gerais.
„„ Atividades culturais: cinemas, teatros, shows musicais, museus, etc.
„„ Viagens: passeios a cidades novas, onde os aspectos culturais se dife-
renciam do local de origem dos adultos, promovendo a exploração e a
aquisição de novas experiências.

Idosos
Com o avanço da idade, as habilidades motoras e cognitivas, assim como
as funções fisiológicas, começam a declinar. Por isso, é bastante comum os
idosos diminuírem o nível de participação na sociedade como costumavam
fazer durante a fase adulta, acometendo em poucos momentos de alegria e
integração. Assim, as atividades para esse público devem ser pensadas levando
em consideração todos os aspectos que envolvem a velhice. As atividades
não podem ser muito extenuantes ou apresentarem um nível de exigência de
movimentos muito rápidos. Como características aos grupos idosos, existe a
necessidade de atividades de socialização e valorização da atividade física e
das vivências sociais. Além disso, há um aumento na dificuldade de aceitação
de erros e acertos de outras pessoas (SILVA; GONÇALVES, 2017).
18 Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer

Atualmente, o número de habitantes brasileiros com mais de 60 anos ultrapassa os 26


milhões, sendo 50% maior que há uma década. A previsão para 2028 é de que esse
número continue crescendo, ultrapassando 38 milhões de pessoas.

Também é comum nesses grupos a presença de patologias, como diabetes,


hipertensão arterial, osteoporose, entre outras, que devem ser pensadas ao
propor alguma atividade que possa apresentar riscos quando associada às
doenças apresentadas. No entanto, ainda que se perceba uma regressão das
habilidades físicas e cognitivas, o indivíduo idoso ainda é dotado de diversas
potencialidades, as quais sempre devem ditar as propostas de atividades físicas.

„„ Esportes adaptados: valorizando a participação em atividades físicas


em detrimento dos resultados.
„„ Atividades recreativas: atividades que promovam a participação de
todos, como um chá, um banho de piscina ou de rio, etc.
„„ Atividades manuais: atividades que explorem os processos cognitivos
e a mobilização de pequenos grupos musculares, como as atividades
de pintura, artesanato, etc.
„„ Jogos de salão: pequenas dinâmicas que não envolvam tarefas muito
complexas ou explicações muito extensas.
„„ Festas: danças e músicas que façam um resgate cultural e que valorizem
as pessoas idosas.
„„ Atividades junto à natureza: piqueniques, por exemplo, que buscam
a integração em locais de tranquilidade e exuberância natural.
„„ Viagens: passeios, excursões e cruzeiros marítimos que busquem mo-
mentos de socialização e diversão.

Assim, como podemos perceber, as formas de obter características de


um público-alvo específico podem partir da idade em que se encontram tais
pessoas. Além disso, outras variáveis também devem ser levadas em consi-
deração, como, conforme abordado, as atividades laborais que exerce, o nível
socioeconômico, os interesses subjetivos por atividades culturais e específicas,
entre outros fatores.
Esses diferentes públicos e as diversas intencionalidades que as atividades
lúdicas podem exercer sobre os sujeitos e a sociedade encontram nas áreas
Elaboração de atividades recreativas e trabalhos relacionados ao lazer 19

do conhecimento explicações diversas a tal fenômeno. Com isso, conhecer


cada uma das abordagens da ludicidade facilita a exploração das atividades
recreativas, que podem resultar na busca de uma maior qualidade de vida. Da
mesma forma, compreender cada local de manifestação das atividades lúdicas
nos dá pistas para entender os desejos e anseios de cada parcela social. Ainda,
identificar o público-alvo, seja por meio de diversas variáveis, mas, sobretudo,
da faixa etária em que se encontra cada sujeito, facilita a identificação do seu
nível de desenvolvimento físico, afetivo e social, potencializando a prescrição
de atividade e programas voltados à recreação e ao lazer, de modo a atingir
os objetivos que possam promover um bem estar-social.

CAMPOS, L. M; GONÇALVES, M. Introdução ao turismo e hotelaria. São Paulo: SENAC, 1998.


GALLAUE, D; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças,
adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999.
LETTIERI, F. Acampamento com a garotada. São Paulo: Ícone, 1999.
MASSA, M. Ludicidade: da etimologia da palavra à complexidade do conceito. Aprender
– Cad. de Filosofia e Psic. da Educação, Vitória da Conquista, ano 9, n. 15, p. 111-130, 2015.
SARAIVA, M. C. Coeducação física e esportes: quando a diferença é o mito. 2. ed. Ijuí:
Unijuí, 2005.
SAVIANI, D. Pedagogia: o espaço da Educação na Universidade. Cadernos de Pesquisa,
São Paulo, v. 37. n. 130, p. 99-134, jan./abr. 2007.
SILVA, T. A.; GONÇALVES, K. G. F. Manual de lazer e recreação: o mundo lúdico ao alcance
de todos. São Paulo: Phorte, 2017.
ZOTELLE, R. Atividades recreativas. São Paulo: SENAC, 2007.

Leituras recomendadas
GALBRAITH, J.; DOWNEY, D.; KATES, A. Projetos de organização de dinâmicas. Porto
Alegre: Bookman, 2011.
MACEDO, L.; PETTY, A. L.; PASSOS, N. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
WATT, D. Gestão de eventos em lazer e turismo. Porto Alegre: Bookman, 2007.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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