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INSTITUTO ................

ACADÊMICO

LUDICIDADE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CIDADE/ESTADO
SETEMBRO DE..........
ACADÊMICO
RESUMO
Tamanho 10 e espçto simples

Palavras-chave:
1 INTRODUÇÃO
É indiscutível a necessidade da existência de brincadeiras para o
desenvolvimento da criança, tanto nos aspectos físicos quanto intelectuais,
emocionais e motores. Na história da humanidade as brincadeiras sempre estiveram
presentes, desde os tempos mais remotos.
O brincar é uma necessidade que todo indivíduo tem, e não deve ser visto
apenas como diversão, uma vez que isso lhe causa prazer. Prazer e brincar não se
dissociam jamais. As brincadeiras são atividades que desenvolvem a comunicação e
a expressão entre as pessoas, associando pensamentos e ações, fantasias e
experiências diversas, que contribuem para a vida adulta de cada indivíduo.
É por meio das atividades lúdicas e dos jogos que se dá a relação da criança
com o mundo. Através do lúdico ela forma conceitos, seleciona ideias e se socializa,
desenvolvendo suas habilidades de forma natural, pois brincando ela aprende a
comunicar-se com outras crianças, ampliando suas relações sociais, interações e
formas de comunicação, sem medo e sempre com prazer.
Os estudiosos da área da Educação afirmam que, apesar das brincadeiras
ajudarem muito no desenvolvimento das crianças, estão se tornando cada vez mais
escassas nas escolas, principalmente por falta de profissionais que buscam no
lúdico as ferramentas necessárias para o desenvolvimento dos alunos em sala de
aula.
Durante observações praticadas em um estágio em Educação Infantil,
realizado por este acadêmico, surgiram questões sobre como facilitar o aprendizado
das crianças. Pesquisando-se sobre métodos de ensino chegou-se até a ludicidade.
Então surgiram mais questões: Quais atividades podem ser consideradas lúdicas?
Qual o propósito didático das brincadeiras? Como relacionar brincadeiras e
conteúdos nas aulas? Qual a Importância do lúdico para a aprendizagem? O
que a ludicidade proporciona para o desenvolvimento das crianças?
Nessa premissa este trabalho buscou como objetivo geral analisar a
importância do lúdico no desenvolvimento e aprendizagem da criança em fase
escolar. E como objetivos específicos:
• Apresentar o brincar como ferramenta de aprendizagem;
• Esclarecer que as atividades lúdicas são quesitos indispensáveis no
processo de ensino e aprendizagem;
• Resgatar a importância do lúdico para o processo ensino-
aprendizagem;
Justifica-se o trabalho pela grande relevância que o lúdico possui no
desenvolvimento motor e psíquico das crianças, uma vez que o brincar faz parte do
cotidiano da criança, e através dele ela se desenvolve plenamente, cresce como ser
social e aprende a criar, seguir e respeitar regras de convívio social. Soma-se a isso
a necessidade de implantá-lo cada vez mais em sala de aula para se evitar o
sedentarismo infantil.
O presente trabalho é composto por cinco seções. A primeira é a introdução,
onde se expõe o tema abordado no trabalho. Na segunda apresenta-se o processo
metodológico utilizado na realização do estudo para se chegar ao objetivo geral
definido. A terceira seção constitui-se na fundamentação teórica, utilizada para
embasamento do trabalho e com base em diversos autores. Na quarta seção
apresentam-se as considerações finais e as referências utilizadas estão expostas na
quinta seção.
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Este estudo tem caráter bibliográfico exploratório, cujo tema tratado é uma
questão bastante discutida entre vários teóricos da área educacional, na atualidade.
A revisão de literatura, ou pesquisa bibliográfica, é a análise crítica, ampla e
meticulosa das publicações ocorridas de certa área do conhecimento (TRENTINI;
PAIM, 1999). Para Lakatos; Marconi (2010) esse tipo de pesquisa busca colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito sobre determinado
assunto.
Após a coleta de material e leitura dos dados, as principais informações
foram selecionadas, analisadas e compreendidas, para ampliação do conhecimento
do tema estudado. Serão apresentadas e discutidas nos próximos capítulos deste
estudo.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo são abordados de forma simples vários conceitos relacionados
ao tema ludicidade, com a finalidade de fundamentar e explorar o entendimento do
tema proposto neste trabalho.
3.1 Definição de Lúdico/Ludicidade
Lúdico vem do latim ludus que, conforme afirma Huizinga (2004, p. 41)
“abrange os jogos infantis, a recreação, as competições, as representações
litúrgicas e teatrais, e os jogos de azar”.
No dicionário Novo Aurélio encontra-se a definição de lúdico como “relativo a
jogo ou divertimento”, “que serve para divertir ou dar prazer”, “relativo a qualquer
atividade que distrai ou diverte”, para a Pedagogia é “relativo a brincadeiras e
divertimentos, como instrumento educativo” (FERREIRA, 1999).
Para Almeida (2003) ludicidade é todo e qualquer movimento que objetiva
produzir prazer quando de sua execução, ou seja, divertir o praticante.
Para Kishimoto (2010) o lúdico engloba a proposta de jogos, brinquedos e
brincadeiras, fazendo-se a integração do lúdico com os conteúdos curriculares
propostos, para que todos possam aprender com prazer.

Não é necessário que haja brinquedos em sala de aula para que se possa
realizar uma aula lúdica. Ludicidade está diretamente relacionada com a
atitude do professor, seu envolvimento com a construção do conhecimento
dos discentes. Assim, é preciso que se supere o olhar do lúdico apenas
como sinônimo de jogos e brincadeiras. Se o educador proporciona
momentos de prazer e entrega dos estudantes, situações de integração em
que todos estão envolvidos em prol da consecução de algo, isso é sem
dúvida uma aula lúdica. (MELO, 2018, p. 36)

3.2 A Importância do Brincar


“Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer
em viver” (Machado, 2001, p. 51).

Brincar é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos,


em diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento
econômico. Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em
todas as épocas e também não permanecem imutáveis através dos tempos.
Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários
fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado
pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e
tecnológica, os jogos e as brincadeiras são, assim, transformados
continuamente (LEITÃO, 2008, p. 06)

Vivenciar e experienciar o brincar, de maneira prazerosa e criativa, colabora


para o desenvolvimento infantil em todos os aspectos e permite que as crianças
vivam a infância de forma mais plena (Lira, 2011, p. 14777).
Segundo estudos da Psicologia baseados numa visão histórica e social dos
processos de desenvolvimento infantil, que tem em Vygotsky um dos seus
principais representantes, o brincar é uma atividade humana criadora, na
qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas
possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças,
assim como de novas formas de construir relações sociais com outros
sujeitos, crianças e adultos (RODRIGUES, 2009, p. 18).

O mesmo autor afirma que brincar é, portanto, uma importante experiência


de cultura e um complexo processo interativo e reflexivo que amplia os
conhecimentos da criança sobre o mundo e sobre si mesma (RODRIGUES, 2009,
p.22).

Nas brincadeiras, a criança experimenta sentimentos diferentes (amor,


confiança, solidariedade, união, proteção; mas, pode também sentir inveja,
frustrações, rejeição, entre outros). Quase sempre existe o incentivo à
curiosidade, o estímulo à descoberta, à competição, propondo vivências que
traduzem simbolismos do mundo adulto e do mundo infantil, onde a criança
interage, busca soluções, coloca-se inteira, manipula problemas, descobre
caminhos, desenvolve-se como ser social exige sua participação ativa no
processo para um crescimento sadio, liberador de energias e de conflitos,
onde o equilíbrio pode ser encontrado no dia a dia (NALLIN, 2005, p.11).

Para Barros (2009, p.54) o momento do brincar “deve ser percebido como
uma atividade essencial e potencializadora do desenvolvimento, e que proporciona à
criança durante seu processo a capacidade de ler o mundo adulto, opinando e
criticando-o”.
Oliveira (2010, p. 26) afirma “não se pode falar de educação de crianças
sem se falar do brincar, este é um “processo” que atua de forma significativa no
desenvolvimento da criança”. Para o mesmo autor o brincar não pode desmembra-
se da escola, principalmente dos centros de educação infantil. De outro modo, nega-
se à criança o seu direito de ser quem é, um individuo em desenvolvimento pleno,
que se constrói em meio a ludicidade.
As atividades lúdicas integram-se ao dia a dia das pessoas desde a.C.,
forma individual ou coletiva, sempre obedecendo ao espírito e a cultura de cada
época (LEITÃO, 2008, p. 10).
3.3 O Lúdico na Aprendizagem
A aprendizagem é um processo longo e contínuo, que se inicia com
nascimento e só termina com a morte do indivíduo, que evolui a partir dos vínculos e
laços firmados com a família e com a sociedade e aprimora-se no ambiente
educacional através do ensino científico. (Souza, 2016, P. 10).
Ao pensar no lúdico como meio educacional, é preciso situá-lo a partir da
definição de objetivos mais amplos. Para Friedmann (1996) a escola é um elemento
de transformação da sociedade, e tem como função contribuir para que essas
transformações se efetivem, junto com outras instâncias da vida social. Então, o
trabalho da escola deve considerar as crianças como seres sociais e trabalhar com
elas no sentido de que sua integração na sociedade seja construtiva.
Para Fortuna (2000) é necessário o professor encontrar o equilíbrio entre o
cumprimento de suas funções pedagógicas e psicológicas, pois isso contribuirá para
o desenvolvimento da subjetividade e para a construção do ser humano autônomo e
criativo. Portanto, se o professor conseguir conciliar os objetivos pedagógicos com
os desejos do aluno a sala de aula será vista por eles como um lugar prazeroso, de
brincar.
Conforme afirmam Ivo; Oaigen (2015, p.120) não se pode afirmar que o
aluno só aprende brincando, mas as brincadeiras facilitam muito o processo de
aprendizagem e motiva-os para o novo. Para os autores a ludicidade deve ser posta
em prática em forma de aliada à aprendizagem, para que traga ao aluno significado
ao que se aprende.
A ludicidade como forma de aprendizagem é um estímulo para o educando,
pois ela estimula várias áreas do desenvolvimento infantil, como cognitiva, motora e
afetiva. Também desperta as potencialidades através do meio em que a criança se
encontra e dos conteúdos a serem passados, de formas eficientes que causem
estímulos para o aprendizado (PIERS; LANDAU, 1990).
Para Leitão (2008, p. 08) pensar sobre o papel do jogo e da brincadeira na
educação é, antes de tudo, considerá-los uma forma de atividade que não só
acompanha a história do homem, mas também apresenta situações desafiadoras
que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem escolar.
3.4 O Professor e o Lúdico
“Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que
tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender” (CURY, 2003, p.
17).
Para Almeida (2003) numa visão mais poética, o lúdico deveria ser visto
como uma “jóia didática” a ser requisitada por todo professor, uma vez que traz
diversas possibilidades de educar, seja por meio de jogos, brincadeiras, ou do
teatro, pintura, desenho, e outros. Cada criança possui uma maneira de aprender.
Em vista disso, a escola deve ter várias formas de ensinar para que ela consiga
alcançar a todos, valorizando as individualidades e especificidades. Assim, dentre
outras formas e métodos adotados, o lúdico pode e deve ser visto pelo professor
como uma possibilidade a mais no processo educativo.

Os docentes possuem um papel essencial no desempenho dos esforços


para atingir uma educação de qualidade para todas as crianças. Em muitos
países, crianças ficam fora da escola sem adquirir competências básicas,
porque não possuem um número suficiente de professores qualificados e
isso tem consequências negativas para as crianças e o desenvolvimento da
sociedade. Os professores são peças fundamentais para alcançarmos
metas de educação, em que os governos se comprometem a proporcionar
uma educação de qualidade a todas as crianças. (MIRANDA; SANTOS;
RODRIGUES, 2014, p. 19).

Almeida (1992) afirma que é necessário que o educador tenha em mente


que ao desenvolver o conteúdo programático por intermédio do ato de brincar não
expressa que está ocorrendo um descaso ou desleixo com a aprendizagem do
conteúdo formal. Pelo contrário, desenvolver o conteúdo mediante a proposição de
atividades lúdicas o educador está trabalhando com o processo de construção do
conhecimento, respeitando o estágio do desenvolvimento da criança, e de forma
agradável e significativa para o educador.
Afirmam Soares; Rubio (2012) que na atualidade os educadores precisam ser
mais do que bons professores, necessitam ser facilitadores do aprendizado,
trabalhando com novas técnicas e de maneira ampla, para visualizar o aluno como
um ser constituído de inteligência e emoção.
3.5 Ludicidade do Ponto de Vista Legal
A Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação
Nacional trouxeram benefícios inegáveis à política educacional para a educação,
sobretudo na infância.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96)
estabeleceu a Educação Infantil como a primeira etapa da educação básica, assim
como afirmam as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil, delineando
diretrizes voltadas a esse nível de ensino (MELO, 2018, p. 32). O autor afirma ainda
que
o atendimento à criança de zero a seis anos só foi reconhecido na
Constituição Federal de 1988, e as escolas de Educação Infantil (creches e
pré-escolas) passaram a ser, do ponto de vista legal, dever do estado e
direito da criança. Também o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA –
(1990) destaca esses direitos.

Conforme o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (RCNEI)

Na instituição de Educação Infantil pode-se oferecer as crianças condição


para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de
situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos
adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de
natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de
desenvolvimento infantil (BRASIL, 1998, p. 23).
As atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a autoestima das
crianças ajudando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma
criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados
modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas
significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular
de constituição infantil. (BRASIL, 1997, p. 27).

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI) têm


caráter mandatório, ou seja, devem ser observadas e seguidas por todas as
instituições brasileiras de Educação Infantil (BRASIL, 2010). Tais diretrizes orientam,
no seu art. 9º, que “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da
Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e as
brincadeiras”.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da Educação Infantil


(1997)

As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que


possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos
de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a
ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.

Dentre as inovações propostas nos PCNs está a de trabalhar com jogos


educativos. De acordo com esse documento os jogos são indicados como recursos
pedagógicos, não somente para educação física e matemática, mas para todas as
áreas do conhecimento. O volume 3 de Matemática (1997, p. 35) enfatiza a
importância dos jogos para diferentes aprendizagens

Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se
repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia
(jogos simbólicos): os significados das coisas passam a ser imaginados por
elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens,
criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem as regras e
dar explicações.
O volume 7 de Educação Física expõe que
A maneira de brincar e jogar sofre uma profunda modificação no que diz
respeito à questão da sociabilidade. Ocorre uma ampliação da capacidade
de brincar: além dos jogos de caráter simbólico, nos quais as fantasias e os
interesses pessoais prevalecem, as crianças começam a praticar jogos
coletivos com regras, nos quais têm de se ajustar às restrições de
movimentos e interesses pessoais. Essa restrição é a própria regra.
(BRASIL, 1997, p. 60).

3.6 O Lúdico para alguns Autores.


Segundo Luckesi (2005) a vivência lúdica de uma atividade exige uma
entrega total do ser humano. Então, a ludicidade caracteriza-se pela plenitude da
experiência. O autor afirma ainda que é um estado interno do sujeito que age e/ou
vivencia situações lúdicas, relacionadas à atitude interna do indivíduo que
experimenta uma experiência de integração entre seu sentir, seu pensar e seu fazer.
Para Piaget (1982) o desenvolvimento da criança acontece através do
lúdico, pois ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de
equilíbrio com o mundo. Segundo ele o jogo constitui-se em expressão e condição
para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e
podem transformar a realidade.
Discordante de Piaget, Vygotsky considera que o desenvolvimento ocorre ao
longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo
dela. Para ele o sujeito não é ativo nem passivo, é interativo. Ainda, que as maiores
aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, as quais no futuro tornar-
se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. Para o autor “é no brinquedo que
a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual
externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não pelos incentivos
fornecidos pelos objetos externos” (VYGOTSKY, 2003, p. 126).
Para Alves (1987) lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua
própria ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras
preestabelecidas, nem velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos,
vislumbrando outros possíveis. A ludicidade é um processo gradativo e contínuo,
usado hoje como uma preparação para o amanhã ainda inexistente.
As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam
que elas auxiliam poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas
as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a
motricidade e a sociabilidade são indispensáveis, sendo a afetividade a que constitui
a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da
criança (NEGRINI, 1994. p. 19).
Afirma Kishimoto (2010, p. 11) que a criança é “portadora de uma
especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as
brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração”. Para esse autor, se
considerarmos que a criança na pré-escola aprende de modo intuitivo, e adquire
noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro
com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo
desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la.
Entretanto há divergências de pensamentos entre os autores. Brougère
afirma
A criança está inserida, desde o seu nascimento, num contexto social e
seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável. Não
existe na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de
relações interindividuais, portanto de cultura. É preciso partir dos elementos
que ela vai encontrar em seu ambiente imediato, em parte estruturado por
seu meio, para se adaptar às suas capacidades. A brincadeira pressupõe
uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar. A brincadeira não é inata,
pelo menos nas formas que ela adquire junto ao homem. A criança pequena
é iniciada na brincadeira por pessoas que cuidem dela, particularmente sua
mãe. (BROUGÈRE, 2010, p. 104).

O autor supracitado afirma que, até o presente momento, nenhum estudo


pode comprovar os benefícios que a ludicidade traz para a criança e sua
aprendizagem. Em contrapartida, argumenta Moyles (2002) que, mesmo não tendo
nada certo, pode-se afirmar que, pelo menos, a brincadeira mantém a criança em
movimento.
Para o Froebel “o brincar e o jogo” constituem o mais alto grau de
desenvolvimento da criança durante esse período. Jamais se devem considerar os
jogos infantis como coisa frívola e sem interesse, pois as qualidades naturais da
criança e a maneira como ela vive essa fase da infância, influenciarão diretamente
nas suas relações com o mundo. O educador afirma que a educação mais eficiente
é aquela que proporciona atividade, auto expressão e participação social às crianças
(LEITÃO, 2008, p. 20).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ludicidade, vista até pouco tempo como algo sem grande importância no
processo de desenvolvimento humano, hoje é estudada como parte fundamental
desse processo, fazendo com que cada vez mais se produzam estudos de cunho
científico para entender sua dimensão no comportamento humano, e se busquem
novas formas de intervenção pedagógica como estratégia favorecedora de todo
processo educacional.
A revisão bibliográfica realizada para esse estudo mostrou-se de grande valia,
pois revelou a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento
humano em seus diversos aspectos. Notou-se que a relação família, escola e toda a
comunidade escolar deve estar em sintonia e bem estruturada, porque essa relação
exerce papel relevante na formação da vida da criança.
A criatividade da criança precisa ser trabalhada e desenvolvida, e é por meio
de trabalho corretamente realizado nas escolas que isso será possível. No convívio
com outras pessoas é que a criança adquire experiência, experimenta, compara,
inventa, registra, descobre, pergunta, troca informações, reformula hipóteses e
evolui no seu desenvolvimento e aprendizagem, arquitetando o seu conhecimento
sobre o mundo e desenvolvendo sua inteligência.
No desenvolver deste estudo notou-se que há enorme quantidade de
material de qualidade, vários estudos realizados por vários teóricos da área
educacional, mas nota-a resistência de alguns autores a que o lúdico seja incluído
como parte do planejamento pedagógico realizado pelos professores.
Este estudo permitiu compreender o quanto o lúdico pode contribuir para a
Educação, levando a criança a conhecer, compreender e construir seus próprios
conhecimentos, dando-lhe a oportunidade de ser cidadã ao adquirir diferentes
conhecimentos e habilidades.
Os dados coletados levaram à aquisição de informações relevantes e
reveladoras. Diante de tais dados é necessário realizar-se questionamentos acerca
da prática educativa, conduzindo-se à reflexão do assunto.
Afirma-se que os objetivos deste estudo foram alcançados de forma plena. A
proposta apresentada serve como guia para outros estudos, pois é conveniente à
realidade escolar atual, indo de encontro às necessidades da criança e da
sociedade.
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