PROJECTO
PROJECTO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Docentes:
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Felizarda Reginaldo Almeida
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Índice
I. Introdução........................................................................................................................................5
1.1 Problema............................................................................................................................................6
1.3. Objectivos....................................................................................................................................8
1.4. Hipoteses.....................................................................................................................................8
1.5. Justificativa..................................................................................................................................8
Escola......................................................................................................................................................9
2. Abandono escolar................................................................................................................................9
Orçamento.............................................................................................................................................27
Cronograma...........................................................................................................................................28
Referências bibliográficas.....................................................................................................................29
APÊNDICES E ANEXOS.....................................................................................................................32
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
I. Introdução
O presente projecto tem como tema: O presente projeccto tem como tema O abandono Escolas
das meninas na na Escola Primária do 1º e 2º Graus de Inhamussua .
O presente estudo tem a seguinte estrutura: O primeiro capítulo é composto pela introdução,
tema, problema, objectivo geral e objectivos específicos, perguntas de pesquisa e justificativa. O
segundo capítulo é da revisão da literatura, como forma de garantir a sustentabilidade e
consistência do estudo; O terceiro capítulo é da metodologia e descreve a abordagem
metodológica, a população e a amostra, a caracterização da amostra, instrumentos de recolha de
dados, análise e tratamento dos resultados, aspectos éticos e limitações do estudo; o quarto
capítulo faz a apresentação e análise dos resultados, começando pela descrição da escola; por
fim, o último capítulo é de conclusão e recomendações.
1.1 Problema
Segundo Costa (s/d), uma questão relacionada com a educação que tem merecido especial
atenção nos últimos tempos é o abandono escolar. Esta acarreta consequências nefastas para a
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sociedade em geral, pelo que se torna urgente implementar mecanismos de sua redução no
sistema de ensino.
Este problema, abandono escolar, é, também, partilhado por Ferrão (2000) como citado em
Vasconcelos (2013) que argumenta nos seguintes termos:
O abandono escolar pode conjugar na sua génese diversos factores que podem ser de natureza
individual, familiar e relacionados com o meio envolvente, associando-se, na maioria dos
casos, a situações de pobreza, o que levam as famílias a deixarem mais rapidamente de
investir no sistema escolar, encaminhando as crianças para tarefas, remuneradas ou não, do
mundo do trabalho.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados em 2001 mostram que o abandono
escolar nas zonas rurais do país, se verifica com maior vigor nos alunos com idades que variam
dos treze aos dezasseis anos. Os mesmos dados apontam como principais causas do abandono a
onerosidade dos estudos, a pouca ou quase nula importância que a escola tem para a vida das
pessoas e a distância longa que os alunos tinham que percorrer, diariamente, para chegar na
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escola. O motivo mais frequentemente indicado nas faixas etárias entre os seis e os doze anos
foi a distância, enquanto dos treze aos dezassete foi o casamento prematuro (INE, 2001).
As causas de abandono escolar citadas pelo INE são quase as mesmas constatadas no estudo
feito pela UNESCO (2012). O INE apresenta as causas em referência, por idade e género e
destaca a distância que separa o aluno da escola como uma das principais causas.
A taxa de desistência dos alunos da Escola Secundária de Doane (2012 -2014) apresenta até
2014 números de casos de abandono escolar completamente reduzidos. É neste contexto que se
colocou a seguinte pergunta de partida:
Quais são os mecanismos implementados pela Escola Secundária de Doane na redução das
taxas de abandono escolar dos alunos da 8ª, 9ª e 10ª Classe?
I.3. Objectivos
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Identificar os mecanismos que a Escola Primária do 1º e 2º Graus de Inhamussua utiliza
para reduzir o abandono escolar dos alunos de sexo femenino;
Verificar a situação ambiental interna e externa da Escola Primária do 1º e 2º Graus
Inhamussua
I.4. Hipoteses
Em funcao do problema em etudo no presente projecto, surge as seguintes hipoteses:
I.5. Justificativa
Em Moçambique, mais concretamente nas zonas rurais verifica-se com maior incidência, o
problema de abandono escolar das alunasdevido a vários factores, sejam eles individuais,
familiares, económicos, casamentos prematuros, entre outros.
Uma vez que a Escola Primária do 1º e 2º Graus de Inhamussua tem tido sucesso na redução das
taxas de abandono escolar o estudo explorou os mecanismos que a mesma utiliza para reduzir o
fenómeno em análise.
Este estudo é de extrema importância: a nível social contribuirá para o esclarecimento das reais
causas de abandono escolar nas escolas e na sociedade. Na parte académica, espera-se que os
seus resultados sirvam de estratégias a serem aplicadas pelas escolas que enfrentam abandono
escolar por parte das aluna.
Ademais, a escolha do tema em estudo prende-se com o facto de se constatar o abandono escolar
de muitas meninas devido a casamentos prematuros e/ ou exploracao.
Escola
A literatura assegura que o termo escola deriva do latim schola e refere-se ao estabelecimento
onde se dá qualquer género de instrução.
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Segundo Diogo (1998), escola é um veículo de transformação social e económico, podendo o
estabelecimento de ensino, em parceria com as famílias e outros agentes comunitários
desencadearem movimentos sociais que contrariem os constrangimentos impostos pelas forças
produtoras.
Lima (2003) define escola como uma organização complexa composta de relações formais e
informais entre membros docentes e entre estudantes. Constituem um sistema social diverso e
complexo com um conjunto de partes interdependentes.
Para a compreensão eficaz do conceito escola, aliou-se à definição de Lima, pois o autor procura
definir a escola com base em elementos que a constitui, evidenciando o tipo de relações que os
mesmos podem ter dentro da escola.
2. Abandono escolar
Segundo o dicionário online da Língua Portuguesa, o termo abandono refere-se à acção de
deixar uma coisa, uma pessoa, uma função, um lugar
esquecimento, renúncia
sendo, no contexto escolar, o termo abandono significa deixar de frequentar a escola, de estudar,
esquecer ou livrar-se da escola.
Assim, o abandono escolar corresponde à partida do aluno do meio escolar sem concluir o grau
de ensino em frequência por razões que não sejam a transferência ou a morte (Benavente et.al.,
1994; Santos, 2010).
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idade legal para o fazer, para se dedicarem a outras actividades de interesse individual ou
colectivo.
Para Gomes (1999); Arraes e Maitê (2015), o AE é o processo de deixar de estudar por um
determinado período e retornar aos estudos. Tavares (1990) acrescenta que o período de
abandono pode ser o final do ano lectivo.
Os conceitos trazidos por Gomes Arraes e Maitê são tidos como completos, pois diferentes dos
outros, evidenciam que os alunos que deixam a escola podem voltar ou não para estudar; os
outros conceitos não fazem esta referência, limitam-se apenas em referir a saída do aluno da
escola por motivos implícitos.
Apesar desta ligeira diferença, em todos conceitos, constatou-se que o abandono escolar se refere
ao momento em que os alunos deixam de frequentar a escola antes de completar o nível escolar
exigido, para se dedicarem as outras actividades.
Por um lado percebe-se que os alunos abandonam a escola por iniciativa própria, facto que
acontece com frequência quando estes revelam fracasso a nível individual, familiar ou cultural,
por outro lado, abandonam a escola por vontade imprópria, ou seja, quando se sentem excluídos
em algumas esferas da vida: económica, social ou quando são perseguidos e estigmatizados na
escola.
Benevante (1994) caracteriza o AE indicando as características dos alunos que estão em risco de
abandonar a escola. Segundo a autora, estão em risco de abandonar a escola,
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Os alunos filhos de agricultores, de operários, de artesões, de emigrantes e pertencentes a
minorias étnicas;
Alunos com atraso de escolaridade, que revelam ausência de ambição escolar, de
interesse pela escola, pelo material escolar e pelas aulas e ambições quanto ao mundo de
trabalho;
Os alunos mais velhos que os outros, que não parece ser apoiado pela família, que vive
no meio familiar intelectualmente desfavorecida e tem um claro rendimento escolar
insuficiente;
A falta de apoio dos professores, a falta de encorajamento, a falta de confiança dos alunos
em relação aos docentes, a ausência de empatia e de real interesse recíproco.
A criança, ao crescer numa sociedade, nota pela sua experiência que a posição social esta
relaciona com o poder; as pessoas vão subindo de estatuto com idade; os mais jovens pedem
sempre conselho aos mais velhos, porque se supõe que eles saibam mais. A educação escolar faz
com que alguns com estatuto atribuído mais baixo adquirem mais conhecimentos que os
familiares mais velhos.
Segundo Edsmose, citado por Vandelbo (1999), o estudo feito na zona rural, encontrou-se que há
valores contraditórios no processo de socialização na esfera doméstica e na esfera escolar. Os
jovens começam a desrespeitar quer os valores culturais e até mesmo familiares constituindo
assim uma ameaça às relações do poder social estabelecido
Na realidade, nas sociedades rurais, as crianças não só podem sobreviver sem a competência
escolar (por ser a agricultura uma base fundamental de sobrevivência) mas também, pouco ou
nenhum uso faz dela já que pouco há para se ler e para se escrever
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Segundo Bourdeau citado por Pinto (1995), a escola transmite cultura das classes dominantes a
escola ao mistificar a imposição que faz da cultura dominante como sendo cultura universal, está
a exercer a violência simbólica. Como assim?
Duma maneira geral, todas as pessoas que aparecem nos livros estão bem vestidas, usam sapatos,
vivem em casas de cimento, tem carros e assim por diante, e se mostra a vida no campo,
encontra-se as machambas bem tratadas, trabalham a terra com ajuda de animais de tracção e
tractores. Será que é esta a vida de campo? Não! Então, perante esta realidade, qual será a
reacção dos pais? Para nos mostrar a reacção dos pais perante esta situação, a obra, eu mulher
em Moçambique reza: devido a falta de confiança na qualidade de ensino, os pais sustentam
que as raparigas estão a perder tempo na escola, tempo este que é preciso, pois pode ser dedicado
a actividades agrícolas e domésticas para a preparação de casamento (situação do meio rural).
(
) as raparigas que vão a escola pensam em satisfazer as novas necessidades tais como cinema,
discotecas e outras diversões. Alguns pais fazem associações do tipo escola discoteca
prostituição (situação do meio urbano) . (op. Cit. P. 189).
2.2.CASAMENTO
Casamento prematuro porque este é o factor mais preocupante. Muitas raparigas casam antes de
concluir o nível primário.
Segundo explica Vendelbo (1999), muitos alunos começaram a estudar ou mais jovens ou
demasiado velhos (a maior parte) porque a família não toma em conta a idade cronológica (que
raras vezes sabem) mas uma avaliação de maturidade social. Não é de admirar que as crianças
entrem na escola com oito a doze anos na primeira classe. Se este for o caso das raparigas,
devido as tradições, os pais fazem tudo o que lhes é possível para casar as suas filhas logo após a
primeira menstruação mesmo se isto se realize com apenas 11 ou 12 anos.
Para obter dinheiro ou bens através dela, os pais precisam de casar as suas filhas ainda virgens.
No que tange ao rito de iniciação, o ritual feminino enaltece o início da vida sexual e, desta
maneira, os rituais podem levar as meninas a experimentar o sexo. Se porventura o praticarem e
se engravidarem, na escola são interditas de frequentar o curso diurno podendo estudar somente
no curso nocturno. Se o lugar onde ela mora é distante da escola ou mesmo, não existe o curso
nocturno, a solução é de abandonar a escola.
b) A MANEIRA COMO A SOCIEDADE OLHA PARA O GÉNERO (MULHERES)
Culturalmente, o preconceito de que as mulheres são feitas só para o casamento pode influir na
educação. Diz-se que educar a rapariga há menor retorno de investimento.
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Segundo Afonso et al (1994), os pais pensam que as raparigas, uma vez casadas, tornam-se da
responsabilidade da família do marido. Assim, o investimento feito pelos seus pais não resulta
em nenhum lucro para a sua própria família. É pensamento comum que os rapazes devem ser
bem preparados porque serão eles a providenciar o bem-estar da família. Uma senhora
entrevistada diz frequentei-me a escola, mas o meu pai tirou-me da escola dizendo que eu não
podia estudar como se fosse rapaz. Quem vai a escola são os rapazes, dizia ele (id.ibid). Como
já fiz referência no princípio de trabalho, as pessoas tem um conceito negativo do género
feminino desde muito tempo. As mulheres foram inculcadas por este pensamento
3. CAUSAS SOCIO-ECONOMIAS.
3.1. INSUCESSO ESCOLAR (REPETÊNCIA)
Um aluno pode abandonar a escola com reprovações repetidas, isto mostra que, segundo os pais,
ele não tinha capacidade para a escola. Reprovações sucessivas significam também que a criança
vai crescendo e talvez chegue na fase à idade adulta já na 3ª classe. Segundo Palme (1992),
manter as crianças na escola apesar de repetidas repetências também significa um custo
considerável para a família. E, normalmente, são as raparigas que têm que têm alto número de
repetências. Porque as raparigas têm altas taxas de reprovação?
Nas cidades, com o avanço das tecnologias modernas, há aqueles que crêem que o fraco
aproveitamento pedagógico, as vezes é associado a diversões. Nas zonas rurais, o ambiente é
outro. A rapariga deve ajudar a mãe nos trabalhos domésticos, ajudar a família no trabalho
agrícola, que por vezes tem pouco tempo para estudar as lições. Como espelho disso, há muitas
repetências e consequentemente, abandono escolar em escala maior para as raparigas do que os
rapazes.
3.2. O FACTOR PROFESSOR
A falta e a exiguidade de professoras no ensino primário sobretudo nas zonas rurais faz com que
as raparigas não vejam o que possam ganhar com a escola. Por outro lado, os pais não vêm a
escola como um lugar seguro do qual as suas filhas possam passar a maior parte do dia. A
presença das professoras seria uma forma de os pais depositarem confiança na escola e, também,
perceberem que estudando, as suas filhas poderão ser professoras no futuro. Um outro factor que
influi na forma particular no abandono escolar das raparigas é o assédio ou abuso sexuais
protagonizados não só pelos professores mas também pelos colegas.
Dizer que são os professores que apenas procuram as alunas, as vezes não tem sido verdade
porque se as raparigas não têm notas para passar de classe, elas mesmas procuram professores.
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3.3. POBREZA
A escola pode causar abandono escolar quando for autoritária e não for atractiva assim
como quando apresentar insuficiência, despreparo e/ou ausência de motivação por parte
dos professores, o que provoca desmotivação generalizada, fazendo com que muitos
alunos se sintam como corpos estranhos, contribuindo para a sua desagregação. O
elevado número de alunos por turma dificulta o seu controle, perpetua a anarquia,
diminui o rendimento individual e baixa as expectativas dos alunos em relação à escola.
O aluno: torna-se factor que determina a causa de abandono escolar quando se observa
nele o desinteresse, indisciplina e problemas de saúde (Fontes, 2002, p.11) . No mesmo
contexto, Lemmer (2006) apresenta a variável comportamentos estudantis como causa de
abandono: o abuso de substâncias ou drogas e álcool e absentismo associam-se ao fraco
aproveitamento pedagógico, por conseguinte ao abandono escolar.
Os pais: Constituem a causa de abandono escolar à medida que se desinteressam pela
educação dos seus filhos (Fontes, 2002). Nesta esteira de ideia, sustenta-se que o baixo
nível de escolaridade dos pais, especialmente das mães, tem um efeito negativo sobre o
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aproveitamento dos estudantes
as experiencias educativas dos próprios pais moldam
também as expectativas que eles têm para os seus filhos (Lemmer, 2006).
Assegura-se que o desinteresse, o baixo nível de escolarização e o nível de educação que os pais
têm pode influenciar negativamente a escolaridade dos seus educandos. Entende-se ser normal
para pais que estão nestas condições, principalmente nas zonas rurais, valorizarem mais o
trabalho do campo: agricultura, pastorícia, comércio, dentre outras actividades remuneráveis do
que estudar.
Alunos que assumem esta postura relegam a escola para o segundo plano e por
conseguinte fracassam nas provas, sentem-se frustrados e abandonam a escola.
Social: O factor social, isto é, quando o aluno se depara com situações de trabalho com
incompatibilidade de horário para os estudos, agressão entre os alunos e violência em
relação a gangues (Fontes, 2002, p.12). Para consolidar esta posição, evoca-se, como
factor ambiental ou social do aluno, a falta de escolas, as grandes distâncias entre a
escola e casa bem como a falta flexibilidade nos horários das aulas e do ano escolar, de
forma a fazerem face às necessidades das populações locais (Lemmer, 2006, p.82).
Geralmente, um aluno que se depara com os problemas de carácter social não conclui a escola
com sucesso, pois é arriscado percorrer longas distâncias numa zona sem transporte e com
guengues e muitas das vezes depois de trabalho, como é costume nas zonas rurais. Esta
situação, efectivamente cansativa, desencoraja a continuidade com os estudos influenciando um
abandono escolar sem hesitações.
Portanto, são vários os factores que podem contribuir para o abandono escolar e o presente
estudo não pode esgotá-los, porém importa realçar o estatuto socioeconómico e sexo trazidos por
Lemmer (2006), pois parecem fundamentais para o suporte da pesquisa.
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Sexo: A divisão de trabalho em sexo dentro da família ou da sociedade influencia a
persistência na escola.
Nalgumas regiões, os rapazes abandonam mais cedo para tomarem conta de
rebanhos e desempenharem outras tarefas enquanto as raparigas abandonam
porque, nas famílias rurais e de baixo rendimentos, são necessárias em casa para
tomarem conta dos irmãos mais novos, fazerem os trabalhos domésticos e tarefas
na agricultura. Também é habitual em escolas por todo o mundo que as raparigas
sejam excluídas quando engravidam ou casam cedo (Lemmer, 2006).
A autora sustenta, ainda, que nas zonas urbanas o abandono escolar aumenta a pobreza e a
marginalização enquanto nas zonas rurais produz insegurança cultural e inferioridade sem criar
capacidade de desenvolvimento pessoal e intervenção social (Benevante, 1994).
Para Furtado (2007), o abandono escolar tem consequências físicas, emocionais, sociais ou
educacionais:
Físicas quando possui um auto conceito depreciativo, achando-se feio, sem jeito e
com sentimentos de estigmatização (auto desvalorização);
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consequências que se correlacionam com o uso de drogas e álcool, com doenças
sexualmente transmissíveis, com início precoce da vida sexual, baixa auto - estima e
auto - eficácia, com probabilidade maior de depressão, stress, estilo explicativo
pessimista, baixo desempenho académico e baixas habilidades sociais e futuro
comportamento anti-social: mentir, roubar, agredir;
Educacionais: Na educação o abandono escolar por parte dos alunos engrossa a lista
de analfabetismo e diminui a lista dos que concluem a escolaridade mínima,
contribuindo, deste modo, para o insucesso escolar.
Segundo Lemmer (2006), quase toda a gente concorda que as pessoas que abandonam a escola
prematuramente estão em maior desvantagem no mercado de trabalho, á medida que as
economias se desenvolvem. Por sua vez, Natriello (1994) fala de consequências cognitivas e
sustenta que as capacidades cognitivas dos jovens que permaneceram na escola melhoram mais
do que as dos que abandonaram a escola.
No que tange às consequências económicas e sociais, assegura-se que os jovens que
abandonaram a escola têm menor sucesso no mercado de trabalho, ganham menos quando
estiverem empregados, têm maior probabilidade de se envolverem em actividades criminosas,
gozam de menos saúde e requerem mais serviços governamentais, como assistência social e
cuidados de saúde (Lemmer, 2006).
Portanto, estas consequências não têm nada de positivo aos jovens que abandonam a escola, se
não prejuízos em todas esferas da sua vida. A partir da explanação dos autores supraditos,
constatou-se que estas consequências podem-se fazer sentir a nível individual, familiar, escolar e
até social.
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Trabalhar com as autoridades da educação locais e as associações de pais e encarregados
de educação para combater as causas de abandono escolar que estão relacionadas com o
sistema de educação e a escola, como exemplo: Bullying, expulsão de raparigas grávidas,
baixo nível de ensino, falta de facilidades para alunos com deficiência, falta de disciplina
práticas ou técnicas relevantes, possivelmente propinas ou outros encargos e
fornecimento de refeições escolares, falta de segurança, fraca infra-estrutura e
assiduidade dos professores;
Estas são práticas que se vivem na escola e que o seu desenvolvimento contribui para o
abandono escolar do aluno, pois ninguém aguenta com agressões, violência, fome e
outros comportamentos desencorajadores
Trabalhar conjuntamente com outras entidades (exemplo Organizações não
Governamentais - ONG) para combater outras razões do abandono escolar, tais como o
trabalho infantil, trabalho doméstico ou casamento precoce e submeter problemas de
natureza nacional à atenção das autoridades nacionais por exemplo, leis que permitam às
raparigas casar em idade muito jovem ou exijam a certidão de nascimento para admissão
a uma escola. Concorda-se ser sempre importante trabalhar com instituições
comprometidas com o bem-estar social. Acredita-se que a acção destas instituições no
contexto escolar pode incentivar os alunos a continuar com os estudos, reduzindo, desta
feita, o abandono escolar.
De acordo com Lemmer (2006: 84), muitos investigadores incluindo Smith e Martin (1997: 16)
apoiam a noção de que os programas bem sucedidos podem reduzir o abandono escolar desde
que incluam sete componentes:
Identificação e intervenção atempadas;
Atenção individualizada intensiva;
Treino em competências pessoais e sociais que poderia incluir acções sobre auto-estima,
lidar com o stress, auto responsabilização e relacionamento com os outros;
Atenção à formação que inclui assistência especifica a determinadas matérias, bem como
questões como competências de resolução de problemas e tomadas de decisão;
Envolvimento dos pares onde os jovens em risco aprendem a ensinar actividades de auto-
estima, por exemplo, a estudantes mais novos;
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Envolvimento dos pais onde são dadas oportunidade para pais e filhos comunicarem e os
pais aprendem técnicas de vida e formas que lhes permitam apoiar os seus filhos;
Ligação ao mundo do trabalho.
Nas zonas rurais, por exemplo, onde os pais se ocupam com actividades agro-pecuárias e têm
somente os seus filhos para ajudá-los é difícil de se ver cumprir. Todavia, se houvesse
possibilidade de aplicar seria uma valia para a redução de abandono escolar.
De acordo com Comer (1984), o envolvimento dos pais na escola mostra aos alunos que o
aprendizado formal e o bom desempenho escolar são importantes, resultando em um ambiente
escolar positivo, conduzindo ao aprendizado. Além do mais, com o envolvimento dos pais na
escola, os conflitos da escola com os familiares tendem a reduzir, melhorando ainda mais o
ambiente escolar.
Conforme os autores supracitados, a boa relação entre a escola e os pais e/ou encarregados de
educação proporciona melhorias, em todos os aspectos do ensino e aprendizagem dos alunos. É
no contexto desta preciosa relação que os alunos encontram motivação suficiente para serem
assíduos e dedicados às aprendizagens, facto que pode resultar, principalmente, na redução das
taxas de AE dos alunos e na melhoria contínua da sua aprendizagem.
Segundo Becher (1984), os pais que estão envolvidos na escolaridade dos filhos desenvolvem
uma atitude mais positiva com relação a escola e com relação a si mesmos, se tornam mais
activos na sua comunidade e tendem a melhorar seu relacionamento com os filhos.
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sendo, além de beneficiar os alunos, a relação em causa ajuda também os pais a desenvolver uma
postura de desenvolvimento. O desenvolvimento de uma atitude mais positiva dos pais em
relação à escola é um aspecto bastante fundamental para os alunos, pois será possível transferir
esta atitude aos alunos e influenciá-los para se dedicarem mais a escola do que às actividades de
interesse individual ou familiar.
Epstein, num estudo feito em 1988, identificou algumas áreas nas quais pais podem e devem ser
envolvidos na escola. Estas áreas são: programas educacionais direccionados aos pais de alunos;
comunicação consistente com professores e outros profissionais da escola; envolvimento directo
dos pais nas actividades escolares; envolvimento dos pais em actividades educativas
desenvolvidas em casa e envolvimento dos pais nas decisões da escola. Como condição para que
esta relação seja efectiva, aponta-se que deve haver, entre a escola e os pais e/ou encarregados de
educação, a existência de um objectivo comum; equivalência entre participantes; participação
de todos; compartilhamento de responsabilidades; compartilhamento de recursos e voluntarismo
(Friend& Cook, 1990, p. 169).
Por isso, esta parceria escola e pais deve ser vista, especialmente, pelas direcções das escolas
como potencial mecanismo para se reduzir as taxas de AE e para, consequentemente, se melhor o
ensino e aprendizagem dos alunos. Esta colaboração pode ajudar a identificar e resolver grande
parte dos que causam o AE por parte dos alunos.
De acordo com Krasnow (1990), a falta de participação ocorre porque durante o planeamento
destas actividades, as necessidades e interesses das famílias dos alunos não são consideradas. A
falta de colaboração entre escola e pais pode, conforme se referiu ao longo deste capítulo,
resultar numa clara falta de interesse pela escola por falta dos pais e por conseguinte nos alunos.
Este facto pode levar as ausências permanentes as aulas, por fim o abandono da acção educativa.
Olhando, ainda, a constatação de Krasnow, se entende que às escolas, urge assegurar com os pais
uma relação equivalente e extinguir o complexo de superioridade que, possivelmente, reina no
seio de alguns profissionais da mesma que, pois pode influenciar na falta de consideração dos
interesses e necessidades das famílias. Uma das formas que se pode recorrer para contrariar este
complexo desajustado e investir por um ensino e aprendizagem melhorado, os pais devem ser
vistos, na escola, como parceiros e co-decisores de toda acção educativa, e não como simples
auxiliares (Barroso, s/d).
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2.3 Abandono escolar em Moçambique
Em Moçambique o fenómeno de abandono escolar continua sendo um desafio para os fazedores
das políticas educativas. Embora se tenha registado uma diminuição ao longo dos últimos anos, o
abandono escolar continua a ser um problema social, cujas consequências se fazem sentir,
especificamente, quer no percurso pessoal e profissional quer no próprio mercado de trabalho.
Relevância do ensino: o calendário escolar nas zonas rurais não segue o ciclo agrícola.
Portanto durante os meses da colheita, os pais têm que tirar os seus educandos da escola
para lhes ajudar no processo de colheita e comercialização do produto produzido.
Constata-se que o calendário agrícola em menção, não somente prejudica a escolaridade
do aluno no período de colheita, prejudica também na época de cultivo e sementeira, pois
é uma fase em que se exige, na machamba, muito esforço. Por seu turno, os pais
socorrem-se da ajuda dos filhos para o desenvolvimento desta actividades, facto que
provoca ausências constantes dos alunos na escola, e isto contribui para o abandono
escolar por parte dos alunos.
O mesmo relatório sustenta, ainda que, de forma semelhante, durante o período dos ritos
de iniciação para os jovens rapazes e raparigas, as crianças tentam a não frequentarem a
escola. O calendário escolar não segue o calendário destas celebrações tradicionais que
são culturalmente, significativas, especialmente nas províncias do norte do país. Para
além disso, após as cerimónias, os rapazes e as raparigas que se consideram, agora,
homens e mulheres, pois assim são considerados pelo resto da comunidade,
frequentemente não regressam à escola.
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Entende-se que os alunos que optam por esta via de ganhar a vida têm menos
oportunidade de fazer os trabalhos de casa, rever as lições, dominar o necessário, para
além disso, podem também adquirir o gosto pelo trabalho e ganhar dinheiro ao invés de
irem a escola.
Adequação e qualidade das infra-estruturas escolar: um dos problemas que a maior parte
das escolas enfrenta é a falta de mobiliário, especialmente carteiras. Muitos alunos têm
que se sentar no chão, durante as aulas. Esta e outras situações, directo ou indirectamente
contribuem para o abandono escolar por parte do aluno.
Face a este fenómeno, o Governo de Moçambique tem vindo a introduzir algumas medidas para
erradicar o abandono escolar. O esforço promovido pelo Governo assim como pelas escolas se
concretizam através de:
Aumento da eficácia interna, ou seja actualizar e implementar um sistema de
bolsas ou de isenção do pagamento de propinas para assegurar que os alunos com
mérito não abandonem a escola por razões económicas, de género, ou por outros
motivos; Criação de mais vagas no ensino presencial (diurno) para absorver os
alunos que concluem a 7a ou a 10a classe (Plano Estratégico da Educação, 2012-
2016, p: 84-86).
Diferentes escolas do ensino secundário têm desenhado e implementado estratégias com vista a
combater a problemática do abandono escolar. Não obstante, em muitas escolas do país, a
problemática de abandono escolar está aquém de ser ultrapassado, carecendo por isso de análises
mais profundas.
21
Capítulo III: Metodologia
De acordo com Rodrigues (2007), metodologia é um conjunto de abordagens, técnicas e
processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objectiva do
conhecimento, de uma maneira sistemática.
Para o alcance dos objectivos acima descritos, será pertinente optar pelas técnicas de recolhe de
dados, como a observação e a pesquisa bibliográfica.
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Assim, esta técnica foi considerada a mais apropriada tendo-se usado como estudo de caso a
Escola Secundária de Doane.
3.3.1 Questionário
De acordo com Lakartos e Marconi (2003, p. 199), o questionário é um instrumento de colecta
de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador.
3.3.2 Entrevista
Na óptica de Gerhard e Silveira (2009), a entrevista estruturada segue um roteiro previamente
estabelecido, onde as perguntas são predeterminadas e não abre espaço para outras questões que
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podem vir a surgir durante a entrevista. Na mesma esteira de ideia, Marconi e Lakatos (2003)
enfatizam que a entrevista estruturada permite obter dos entrevistados diferentes respostas às
mesmas perguntas.
Esta técnica foi aplicada ao Director Pedagógico do 1º ciclo da ESD, e oferece informações
detalhadas a respeito da problemática de abandono escolar e seus mecanismos de redução.
Orçamento
Material Quantidade Preço Unitário (Mt) Total (Mt)
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Cronograma
ACTIVIDADES Fev Fev. Mar Mar. Abr Julio
.
1. Apresentação da proposta X
3. Aquisição do material X X
4. Execução do projecto X X X
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Referências bibliográficas
FDC (2000), Relatório seminário de debate sobre a educação da rapariga, Maputo.
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Caetano, L. (2012). Metodologia de pesquisa e métodos. Universidade Pedagógica.
Maputo.
Cesar, A. (s/d). Método do estudo de caso (Case Studies) ou método do caso
(TeachingCases)?Uma análise dos dois métodos no Ensino e Pesquisa em
Administração. Mackenzie.
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28
APÊNDICES E ANEXOS
30
Caro Professor,
O presente questionário constitui um dos passos para o estudo que se pretende realizar no
âmbito do trabalho da Organização e Gestão da Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. Com fins exclusivamente académicos, tem como objectivo analisar o problema de
Abandono Escolar dasmeninas.
É de toda a conveniência que responda com o máximo de rigor e honestidade, pois só assim é
possível que a sua escola aposte numa melhoria contínua dos seus serviços.
A4. Na sua opinião, quais são as causas para os alunos desta ESD abandonarem a escola?
30
31
1.Casamentos prematuros 1 2 3 4 5
2.Falta de interesse pela escola 1 2 3 4 5
3. Superlotação das turmas 1 2 3 4 5
4. Fraco aproveitamento pedagógico 1 2 3 4 5
5.A(s) família(s) não acham a escola 1 2 3 4 5
importante
6. Problemas com os professores 1 2 3 4 5
7. Problemas com os colegas 1 2 3 4 5
31