Características Do Belting...
Características Do Belting...
Características Do Belting...
PERNAMBUCO - IFPE
LICENCIATURA EM MÚSICA
Belo Jardim - PE
2020
Belo Jardim - PE
2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Biblioteca Prof. Elny Sampaio
CDD 781.63081
Belo Jardim
2020
AGRADECIMENTOS
Sou grato às minhas orientadoras, Rejane Campelo e Nadja Barbosa, tão exigentes
quanto eu, que aceitaram o desafio de acompanhar-me com tanta dedicação, carinho e
competência, principalmente porque o tema escolhido é, ainda, algo polêmico no meio
vocal, embora já esteja sendo discutido com maior frequência. Suas mediações foram de
extrema importância para a realização deste trabalho, uma vez que não é simples falar de
questões que tratam do estudo relacionado às técnicas vocais e às discussões que
permeiam esse campo do conhecimento.
Ainda, sou grato à minha família que, mesmo não compreendendo bem o meu
cansaço e minha ausência, esteve comigo nessa jornada. Apesar de tudo, os amo e respeito
com todo o meu coração. Agradeço também aos meus amigos e amigas pelos abraços
fraternos, pelas experiências e sonhos compartilhados, pelas risadas e conversas que
atenuaram as angústias do cotidiano de um formando e por me encorajarem a fazer o que
eu sempre almejei, que é cantar e ensinar outras pessoas a descobrirem suas vozes.
Por conseguinte, quero deixar meu agradecimento a todos e todas que fazem o
IFPE Campus Belo Jardim, do administrativo à limpeza, que promoveram meu bem-estar
durante meu tempo de formação. Obrigado por me acolherem e por serem tão
competentes no que se propõem. Vocês são muito importantes para o Campus e para nós,
alunos.
RESUMO
O Belting é uma técnica oriunda do teatro musical norte-americano. Todavia, com a
versão e produção dos musicais norte-americanos da Broadway para o português, optou-
se por fazer adaptações, também, das técnicas empregadas na projeção da voz de teatro
musical, considerando a prosódia do idioma. O Belting Contemporâneo é uma técnica
moderna, que tem base na fisiologia da voz, estudo que trata sobre o funcionamento dos
mecanismos usados na produção vocal. Essa técnica defende que com o conhecimento
sobre como se dá a produção da voz, o esforço excessivo é evitado. Além disso, está
pautado no estudo de sub-registros, termo cunhado pelo maestro Marconi Araújo, que
consiste no trabalho de alongamento e encurtamento das pregas vocais somado aos
espaços de ressonância. A presente monografia contempla análises vocais e revisão de
literatura, que tem por objetivo identificar o uso de cinco sub-registros do Belting
Contemporâneo em canções da Música Popular Brasileira e analisar a interpretação de
cantores da atualidade, a saber, Ellen Oléria, Ferrugem, Jorge Vercillo e ajustes vocais
realizados por eles. Para as análises presentes nesse estudo, foram usados como
referenciais teóricos o livro Belting Contemporâneo, do maestro Marconi Araújo e o livro
Musculatura Intrínseca da Laringe, da Dra. Silva Pinho. Sob a ótica dos materiais usados
e, ainda, depois de identificar a presença do Belting nas performances analisadas, foi
possível verificar que o Belting Contemporâneo está presente na interpretação de cantores
da MPB, como opção de recurso interpretativo.
ABSTRACT
Belting is a technique originated from the north american musical theater. However, with
the american musicals version and production from Broadway to Portuguese, it was opted
to do adaptations of the techniques used on the voice projection of musical theater as well,
considering the language prosody. The Contemporary Belting is a modern technique
based on the voice physiology, study that deals with functioning mechanisms used on the
vocal production. This technique defends that with the knowledge about how the voice
production happens, the excessive effort is avoided. In addiction, is based on the sub-
registers study, term created by Marconi Araújo maestro, that consists of the vocal fold
warm-up and cool-down work added to the sounding boards. The present monograph
includes vocal analysis and a literature review, which aims to identify the five sub-
registers used of the Contemporary Belting on Brazilian Popular Music songs and
analyzes nowadays singers interpretation, as Ellen Oléria, Ferrugem and Jorge Vercillo
and vocal adjustments performed by them. For the present analysis in this study were
used as theoretical references, the book Belting Contemporâneo, by maestro Marconi
Araújo and the book Musculatura Intrínseca da Laringe, by Dr. Silva Pinho. Under the
bibliographic vision and also after identifying the presence of Belting in the analyzed
performances, it was possible to verify that the Contemporary Belting is present in MPB
singers, as interpretative resource option.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10
2 MÉTODO .............................................................................................................. 14
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 16
3.1 O que é Belting? ................................................................................................... 16
3.2 O que é registro médio?....................................................................................... 18
3.3 Belting e MPB....................................................................................................... 19
3.4 Ajustes vocais no estilo Belting ........................................................................... 21
3.5 Musculatura intrínseca da laringe ..................................................................... 21
3.6 Cricoaritenóideos Posteriores (CAP) ................................................................. 22
3.7 Aritenóideos (AA), Cricotirenóideos Laterais (CAL) e TA externos .............. 23
3.8 Tireoaritenóideos (TA) ........................................................................................ 24
3.9 Cricotireóideos (CT) ............................................................................................ 24
3.10 Belting e registros vocais ..................................................................................... 25
4 ANÁLISE APRECIATIVA DOS RESULTADOS ............................................ 28
a. Ellen Oléria – Zumbi (Pure Belting) ................................................................... 28
b. Ellen Oléria – Zumbi (Soul Belting/ Voz Plena) ................................................ 29
c. Ferrugem – Pra Você Acreditar (Covered Belting)............................................ 30
d. Jorge Vercillo – Papel Machê (Speaking) ........................................................... 31
e. Ellen Oléria – Natural Luz Ao Vivo (Health Belting)........................................ 32
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 35
ANEXO A - EXCERTO 1 - ELLEN OLÉRIA - ZUMBI ................................ 37
ANEXO B - EXCERTO 2 - FERRUGEM – PRA VOCÊ ACREDITAR....... 40
ANEXO C - EXCERTO 3 - JORGE VERCILLO – PAPEL MACHÊ .......... 42
ANEXO D - EXCERTO 4 - ELLEN OLÉRIA – NATURAL LUZ ................ 43
10
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que o estudo das técnicas vocais compete a um grupo de profissionais como:
professores, locutores, cantores, atores, entre outros que fazem uso da voz ocupacionalmente.
Além disso, o aprofundamento teórico e prático sobre técnica vocal, anatomofisiologia da voz
e saúde vocal são relevantes para o entendimento desse instrumento de trabalho e para o seu
cuidado e longevidade.
O presente trabalho teve como principal objetivo identificar o uso de cinco sub-registros
do Belting Contemporâneo em canções da Música Popular Brasileira (MPB), em performances
de cantores da atualidade, a saber, Ellen Oléria, Ferrugem e Jorge Vercillo.
Sendo assim, traçamos algumas reflexões: Quais as diferenças entre o belting antigo e
o contemporâneo? Que aspectos anatomofisiológicos da voz compreendem as características
do Belting Contemporâneo? Que aspectos do belting podemos observar na MPB? Que
explicações históricas podemos alcançar sobre o belting no Brasil e qual sua relação com o
canto popular?
Desta forma, partiremos da macro compreensão para o ponto que queremos abordar e,
ainda que de maneira sucinta, todas estas questões nos levarão a uma melhor compreensão da
análise do belting nas vozes e interpretações, as quais selecionamos para este estudo.
entendimento mais rápido da atividade das pregas vocais e outros músculos, bem como das
técnicas empregadas no Belting Contemporâneo, que consistem em somar o trabalho de
alongamento ou encurtamento das pregas vogais aos espaços de ressonância no trato vocal, o
que promove o uso do Belting com mínimo esforço.
O uso do belting ainda é recente, mas podemos supor que veio para ficar, se
considerarmos que vem sendo empregado há mais de dez anos em espetáculos
musicais de grande sucesso no Brasil. Como qualquer técnica vocal, o belting deve
ser adaptado às características do idioma, o que demanda tempo e estudos, e, se
utilizado na canção brasileira, carece de reavaliação. (ELME; FERNANDES, 2014,
p. 7).
Ao considerar que o Belting e o canto popular têm relação com a voz falada, é
importante trazer algumas ponderações sobre esse modo de cantar. Em se tratando do canto
popular no Brasil, Elme e Fernandes (2014, p. 1) dizem que “O canto associado a este tipo de
canção formou-se durante o século XX, período em que se estruturaram diferentes maneiras de
utilização da voz através de intérpretes com gestos vocais personalizados.”. Assim, percebeu-
se que esses intérpretes usavam a região da voz falada para a emissão do canto.
Ainda, essa maneira de cantar como se fala, também tem marcas nos anos de 1950,
quando a Bossa Nova foi protagonizada por João Gilberto, que inovou o canto popular urbano.
Ele buscou uma “íntima aproximação entre o canto e a fala coloquial, ao fazer uso do bloco
voz/violão, uma só unidade interpretativa de seu ‘canto breve’, um só ente estético, sem
vibratos, portamentos e prolongamentos de notas” (LATORRE, 2012, p. 86).
1
Mário Reis (Mário da Silveira Reis), cantor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 31/12/1907 e faleceu em
4/10/1981.
12
a voz falada, o que possibilita o uso do Belting como impulsor da projeção dessa voz coloquial,
também encontrada no canto popular.
Dado o exposto, é possível dizer que as técnicas do Belting Contemporâneo podem ser
usadas em canções da MPB como recurso interpretativo, visto que essa técnica, ainda que
oriunda do teatro musical norte-americano, pode ser identificada em interpretações de artistas
da MPB. Por isso, o trabalho desenvolvido tem como base a identificação de características do
Belting Contemporâneo, sobretudo, em canções da Música Popular Brasileira, segundo uma
revisão de literatura, tendo como ponto de partida a obra de Araújo (2013).
No Brasil, há carência de literaturas que trate sobre o Belting. Além disso, a falta de
bibliografias brasileiras que considere a aplicação do Belting no canto popular brasileiro é ainda
maior. No tocante a esse assunto, percebi que o Belting ainda é um tema controverso entre
muitos profissionais da voz e isso me motivou ainda mais a aprofundar-me no tema e a
desenvolver a presente pesquisa.
Estudando técnica vocal há mais de quatro anos, junto com minha professora de canto,
passei a identificar problemas técnicos na minha voz, como voz presa, fraca, rouca, sem alcance
preciso de agudos etc. Dentre esses problemas técnicos, o que mais foi observado pela minha
professora foi que eu tinha a "voz presa na garganta".
No que se refere a tirar a voz da garganta, ainda, assisti a um vídeo falando sobre Belting
e vi que ele tem relação com essa temática e com o alcance de agudos. O primeiro procedimento
a ser feito foi a experimentação dos exercícios propostos na minha própria voz, a fim de testar
os resultados nos meus estudos de técnica vocal.
13
No processo, me deparei com o canal Revolução Vocal, produzido por Beto Sorolli2,
que trata do assunto. Como alcançar agudos também era uma das minhas dificuldades, continuei
buscando mais sobre o assunto e fui experimentando os exercícios e me interessando cada vez
mais pelo Belting.
Ao comprovar os resultados obtidos ora a curto prazo, ora a longo prazo, comecei a
compreender que à medida que eu ia entendendo o que sentia dentro do meu corpo ao cantar,
ia ficando mais fácil de reproduzir as notas agudas que não me arriscava antes, ou que me
arriscava mas não saiam da maneira desejada. Geralmente eram agudos “sujos”, gritados e com
visível esforço.
Esta pesquisa poderá contribuir de modo científico para cantores, professores de canto,
fonoaudiólogos e demais profissionais da voz que se interessem pelo entendimento do Belting,
visto que esse é um tema em constante crescimento nas discussões sobre voz cantada.
Além disso, esta pesquisa colaborou cientificamente e tecnicamente para minha atuação
enquanto cantor, professor de canto e pesquisador no processo final de graduação, bem como
2
Cantor, ator, professor de canto de Belo Horizonte, criador do projeto Revolução Vocal, através do canal Beto
Sorolli no Youtube, Revolução Vocal no Instagram, fundador do curso online de Belting e professor capacitado
em Belting Contemporâneo pelo método do Maestro Marconi Araújo.
3
Curso on-line de técnica vocal voltado à prática de Belting Contemporâneo, sob a orientação do professor de
canto Beto Sorolli.
14
pretende servir de inspiração para aqueles que estão iniciando na jornada de estudos
concernentes ao Belting no canto popular.
2 MÉTODO
As análises vocais foram feitas em determinados trechos das canções "Zumbi" de Jorge
Ben Jor, só que na interpretação de Ellen Oléria, "Pra Você Acreditar", de Cleitinho Persona e
Lucas Morato, na voz de Ferrugem, "Papel Machê" de João Bosco, na interpretação de Jorge
Vercillo e "Natural Luz", de Ellen Oléria.
As músicas foram escolhidas por meio da busca de vídeos no YouTube. Vídeos esses
que eu já tinha assistido antes de realizar essa pesquisa. Os escolhi porque, fazendo o Curso
On-line de Belting, eu quis analisar várias performances de cantores e cantoras que admiro, a
fim de identificar os sub-registros aprendidos.
Para a realização das análises, contei, também, com a ajuda do professor Beto Sorolli,
que confirmou minhas observações e corrigiu outras sobre o Belting nos trechos que
analisamos. Eu mandei para ele os trechos e perguntei se neles estava sendo usado tal sub-
registro. Consegui ser assertivo em algumas observações, de primeira. Contudo, houve um
trecho específico da análise em que eu pensei que foi usado um sub-registro e, na verdade, tinha
características de outro. Nesse momento, o Beto corrigiu meu ponto de vista.
No que tange à correção pelo Beto, destaco aqui o momento em que enviei para ele o
trecho da música "Pra Você Acreditar", interpretada por Ferrugem. E, no trecho em análise, eu
perguntei se o que ele usava era Pure Belting, pois, para mim, soou como esse sub-registro e o
Beto disse que não e que era pra eu escutar mais uma vez e tentar prestar um pouco mais de
15
atenção. Nesse momento, perguntei a ele qual era então e ele me falou algo que nunca
esquecerei: "você quer o peixe ou quer aprender a pescar?". E Eu escolhi “aprender a pescar” e
ouvi mais uma vez o trecho. Por fim, identifiquei que o Ferrugem usou Covered Belting e o
professor de canto confirmou minha análise.
Os trechos das canções foram editorados no programa Finale 2014, nos quais foram
escritas a melodia, a letra e a harmonia. Cada canção analisada nesta pesquisa foi devidamente
ensaiada e apresentada em formato de recital, a fim de mostrar na prática o uso do Belting
Contemporâneo nos mesmos trechos analisados.
O livro de Araújo (2013) traz em sua essência sete sub-registros: Subgrave, Pure
Belting, Soul Belting, Covered Belting, Health Belting, Speaking e Top Voice. Porém, neste
estudo, apenas cinco deles foram identificados e analisados: Pure Belting, Soul Belting,
Covered Belting, Health Belting e Speaking. As observações contidas nas análises foram feitas
em consonância com fundamentos encontrados no livro de Araújo (2013).
Para a realização desta pesquisa, foi usado também o Diagrama do Hirano4, que se ocupa
em ilustrar como os registros vocais acontecem, segundo o equilíbrio TA/CT, descrito no livro
de Araújo (2013) e no livro de Pinho (2019). Contudo, a imagem utilizada foi tirada do material
de apoio do Curso On-line de Belting com Beto Sorolli. No diagrama aqui apresentado, foi
escrito cada um dos sub-registros apontados e analisados neste trabalho, considerando a
atividade dos músculos TA e CT e o equilíbrio entre eles.
4
Dr. Minoru Hirano, de Kurume, Japão, é uma figura fundamental da Laringologia moderna. Faleceu subitamente
em 19 de dezembro de 2017. Ele é amplamente conhecido por suas contribuições originais para a anatomia da
prega vocal funcional. Disponível em: https://alahns.org/obituary/minoru-hirano-md-phd/ Acesso: 21/07/2019.
16
.
(Fonte: material de apoio do Curso on-line de Belting com Beto Sorolli).
É importante notar que os sub-registros Pure Belting, Covered Belting e Soul Belting se
encontram no registro modal médio de borda densa, porque têm maior massa de TA, porém
com participação de CT. Por outro lado, o Speaking e o Health Belting se encontram no registro
médio de borda tênue, pois são sub-registros com comando de CT, mas com participação ativa
de TA.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Podemos definir o Belting tecnicamente como uma voz de laringe um pouco mais
alta, de espaço faríngeo mais restrito resultando acusticamente em um som muito
brilhante (Pure Belting). A participação muscular é predominantemente de TA, mas
com muita participação de CT, dentro do registro modal médio onde o TA já permite
mais alongamento pelo CT, e não no registro de peito! A base da ressonância é
orofaríngea. (ARAÚJO, 2013, p. 45).
17
Além disso, quando se fala de Belting Contemporâneo, vale salientar que este trabalha
com o estudo de sub-registros, termo criado por Araújo (2013), que tem a ver com uma
subdivisão do registro modal médio em sub-registros de borda densa e de borda tênue. Por isso,
há uma diferença entre registros vocais e sub-registros. Os primeiros tratam da atividade
muscular de alongamento e/ou encurtamento das pregas vocais enquanto os sub-registros se
referem à atividade das pregas vocais somada aos espaços de ressonância: laringofaringe/
hipofaringe, orofaringe e nasofaringe/ rinofaringe.
Dentre as definições que existem sobre o Belting, Costa e Duprat (2008) dizem que ele
se caracteriza pela sua projeção e clareza, bem como pela sonoridade de alta energia. Além
disso, os autores dizem que mesmo que as técnicas de Belting estejam presentes em vários
estilos musicais, foi no teatro musical que ele foi consagrado.
O professor já citado, Beto Sorolli, afirmou que Belting é “[...]uma técnica vocal, [...]um
jeito de cantar, [...]é um jeito diferente de usar a voz e para isso fazemos ajustes no trato vocal”
(SOROLLI, 2020). Ainda, segundo ele, “Belting Contemporâneo é uma técnica moderna
pontuada na fisiologia da voz que te ajuda a ter o máximo resultado da sua voz com o mínimo
esforço” (SOROLLI, 2020).
Além disso, importante salientar que o Belting tem afinidade com a voz falada. Por isso,
Phillips (2013) orienta a trabalhar os sons da fala como um pré-requisito para o estudo mais
efetivo de Belting. Segundo ela, “O Belting saudável é possível, caso se dedique a realmente
trabalhar em sua voz falada para se preparar para os sons de alta energia. A boa técnica o impede
de ter que usar uma voz de peito pesada para produzir os sons do Belting” (PHILLIPS, 2013,
p. 171).
Uma vez que o Belting se encontra no registro modal médio, cabe um esclarecimento
mais detalhado a respeito desse registro vocal. Sendo assim, entende-se que a voz média é a
ponte entre a voz de peito e de cabeça. (PHILLIPS, 2013).
Ainda se tratando da voz média, Phillips (2013) faz várias considerações importantes
para o entendimento desse registro vocal sob a perspectiva da fisiologia. A autora considera
19
que “Músculos específicos criam a voz de cabeça e de peito; esses grupos musculares trabalham
juntos para produzir a voz média” (PHILLIPS, 2013, p. 129).
Como foi dito anteriormente, um determinado grupo muscular atua mais ativamente
para resultar na voz de peito e outro grupo muscular trabalha para produzir da voz de cabeça.
Fisiologicamente falando, não há possibilidade de “misturar” uma atividade muscular com
outra, pois as pregas vocais não conseguem fazer os movimentos de alongamento e
encurtamento ao mesmo tempo, o que refuta definições como mix voice e voz mista, por
exemplo.
O registro médio tem a ver com o equilíbrio dessas musculaturas, isto é, um equilíbrio
na atividade de alongamento e encurtamento das pregas vocais. Desse modo, não é possível
“misturar” o registro denso e tênue para originar outro registro, que seria o médio, no caso. É
recomendado que nós, professores de canto tenhamos cuidado com certas definições, pois
podem confundir o aluno e a aluna de canto e até mesmo nós, mediadores do conhecimento.
O termo MPB surgiu em meados da década de 1960 e passou a designar uma música
feita por compositores universitários, músicos burgueses, membros de uma elite social
e intelectual, principalmente. Estes, então, menosprezavam os outros gêneros, tendo-
os como inferiores; desdenhavam o samba, a música romântica, caipira, o rock,
citando alguns dos gêneros. (COUTEIRO, 2012, p. 27)
20
A técnica de MPB (supõe-se a técnica que os cantores deste estilo usam) não tem nada
a ver com Belting. Uma música para ser cantada ao pé do ouvido, como Bossa Nova,
com a maior aproximação do microfone possível, não tem características nem de
sopro e nem tímbricas relacionadas a ópera ou teatro musical. (ARAÚJO, 2013, p.
27).
Para uma maior elucidação sobre o exemplo citado, concorda-se que na Bossa Nova não
se faz necessário o uso de Belting, uma vez que esse gênero musical não pede a potência da
referida técnica. Contudo, cabe aprofundar-se um pouco mais sobre a definição e versatilidade
da MPB.
Não obstante, a definição atual de MPB é mais abrangente no que se refere aos gêneros
musicais. Lima (2018, p. 5) alegou que “A MPB, portanto, não é mais um gênero musical, mas
um movimento que destaca e reúne gêneros musicais distintos, uma espécie de guarda-chuva
que abarca outros gêneros musicais [...]”. Além disso, Couteiro (2012) também dissertou sobre
a definição atual do termo MPB. Segundo a autora,
Consonante a isso, cabe trazer uma colocação de Araújo (2013), quando o próprio cita
a possibilidade de trabalhar as técnicas do Belting com alunos de canto popular, referindo-se à
MPB:
“O professor desse tipo de técnica pode até fazer uso do canto lírico e do Belting como
formadores de um aparelho vocal mais resistente e maleável, mas deve saber adaptar
essas técnicas de uma maneira efetiva sem que ocorra o surgimento do que eu chamo
de “sotaque vocal”. (ARAÚJO, 2013, p. 27).
Segundo Araújo (2013), “O “sotaque vocal” aparece, por exemplo, quando se escuta um
cantor lírico tentando cantar uma peça popular e deixando que a sua formação apareça na
performance” (ARAÚJO, 2013, p. 27). Dessa forma, conclui-se que é importante estudar as
possibilidades de uso do Belting dentro do repertório proposto.
21
Desse modo, com o passar do tempo e com o estudo dessas técnicas, viu-se que “Apesar
de ser característico do teatro musical, podemos encontrar a técnica belting em outros estilos,
tais como: o gospel, o soul, o country e a música sertaneja, dentre outros” (COSTA, 2017, p.
50). Ainda, o Belting pode ser observado em “[...] muitas das músicas étnicas ao redor do
mundo, spirituals, blues, rock, gospel, jazz, teatro musical e mesmo no samba” (COSTA, 2008,
p. 1).
Diante do exposto, percebe-se que o Belting tem aplicabilidade no canto popular, uma
vez que esse modo de cantar aproximado à fala é característica predominante de ambos.
Contudo, recomenda-se que haja consciência no estudo e aplicação do Belting nos diferentes
gêneros musicais, pois nem todas as canções pedem as particularidades dessa técnica. Para
tanto, é preciso que o cantor e a cantora tenham alguns conhecimentos musicais e vocais
trabalhados, como a percepção musical, afinação, apropriação dos registros vocais, bem como
o conhecimento básico em anatomofisiologia da voz.
De acordo com Pinho (2019, p. 20) “os músculos intrínsecos da laringe controlam a
frequência e a intensidade da voz, por promoverem tensão das pregas vocais, modificações da
massa vibrante e variações na pressão aérea subglótica”. De modo mais claro, a musculatura
intrínseca da laringe é responsável pela abdução (abertura), adução (fechamento) e tensão
22
(alongamento ou encurtamento) das pregas vocais. Vale salientar que cada uma dessas
atividades acontece graças ao trabalho de músculos específicos.
A atividadade de abertura da glote (espaço entre as pregas vocais) acontece para permitir
a passagem de ar para os pulmões. O fechamento se trata da adução das pregas vocais
(fechamento da glote), que é incontestável para a produção da voz. Ademais, a atividade de
fechamento controla a passagem do ar que vem dos pulmões, fazendo com o que a voz seja
mais fraca ou mais forte (PINHO, 2019).
Por fim, vale salientar que quando a autora usa o termo “variações na pressão aérea
subglótica”, ela se refere às mudanças na pressão de ar que acontece abaixo das pregas vocais,
isto é, com o ar que vem dos pulmões.
Pacheco e Baê (2006) descrevem a ação dos músculos intrínsecos de maneira minuciosa,
discriminando-os como adutores, abdutores e tensores. Segundo as autoras, os músculos
abdutores (que abrem as pregas vocais) denominam-se Cricoaritenóideos Posteriores (CAP).
“Sua contração movimenta as cartilagens aritenóides para fora abrindo as pregas vocais durante
a inspiração. Portanto, sua atividade fica reduzida no momento da fonação” (PACHECO; BAÊ,
2006, p. 39).
As autoras afirmam que os CAP são responsáveis por abrir as pregas vocais no momento
que o ar entra no corpo, o que permite a entrada de ar para os pulmões. Como dito anteriormente,
a atividade desse músculo fica reduzida durante a fonação. Isso não quer dizer que a atividade
desses músculos seja inexistente. Pinho (2019, p. 23) ponderou que “apesar de serem
predominantemente abdutores, os músculos CAP também são ativados durante a fonação”.
No que se refere aos músculos adutores (que fecham as pregas vocais), Pinho (2019, p.
30) explicou que “os músculos adutores AA (aritenóideos), CAL (cricoaritenóideos laterais) e
TA externos (tireoaritenóideos externos ou porção muscular de TA) fecham a glote e controlam
as diferenças na intensidade vocal por variações no grau de adução glótica”.
Como dito anteriormente, os músculos que se ocupam do fechamento das pregas vocais,
controlam a intensidade vocal e o tipo de fechamento que pode ocorrer durante o uso da voz.
TA interno
TA externo
O TA externo, como dito anteriormente, participa da adução das pregas vocais, isto é,
no seu fechamento. E o TA interno, se ocupa da tensão das pregas vocais, promovendo seu
encurtamento, do que resultam os sons graves da voz (ARAÚJO, 2013).
No que se refere a uma definição do termo “registros vocais”, Silva (2016) afirma que
“registros são regiões perceptivamente distintas de qualidade de voz, com frequências e
intensidades específicas" (apud Titze, 1994, p. 199). Além disso, Pacheco e Baê (2006, p. 63)
ressaltam que esse termo “[...] tem sido definido como uma série de tons que fazem parte de
um conjunto de notas de diferentes frequências, mas que do ponto de vista de sua percepção
auditiva possuem características parecidas”.
Em resumo, os registros vocais são conjuntos de notas de alturas diferentes, que fazem
parte do mesmo grupo, pois têm características semelhantes entre si. Cada um desses grupos
resultam do equilíbrio na atividade da musculatura intrínseca da laringe (TA e CT), decorrente
do alongamento ou encurtamento das pregas vocais. Araújo (2013, p. 15) afirmou que “dentro
do registro modal, à medida que a voz se torna mais aguda, o equilíbrio TA/CT pode gerar os
sub-registros chamados de peito, médio e de cabeça”.
Pacheco e Baê (2006) trazem em seu livro alguns grupos de notas para ilustrar os
registros vocais para vozes masculinas e femininas. Segundo as autoras, apesar das frequências
serem diferentes, elas pertencem a um mesmo grupo de notas que quando cantadas, provocam
sensações de ressonância abaixo ou acima das pregas vocais, ajudando o cantor a identificar os
26
registros. As sensações abaixo das pregas vocais podem ser definidas como subglóticas e, acima
delas, supraglóticas.
Retirada do livro Canto: equilíbrio entre corpo e som, Claudia Pacheco e Tutti Baê, 2006, p. 63.
Retirada do livro Canto: equilíbrio entre corpo e som, Claudia Pacheco e Tutti Baê, 2006, p. 64.
Segundo afirmou Araújo (2013), “[...] a maioria dos teóricos da voz define os registros
vocais como sendo três: O registro basal, o registro modal, que pode ser dividido em peito,
médio e cabeça, e o registro elevado, às vezes chamado de falsete” (ARAÚJO, 2013, p. 15).
Ainda, segundo ele, no canto os registros modal e elevado são os mais usados.
da musculatura intrínseca da laringe. Araújo (2013) traz em seu livro esses registros e o
equilíbrio dos músculos TA e CT em cada um deles. Como ele afirma, os registros vocais para
homens e mulheres são:
Ainda, no que se refere aos registros vocais, Araújo (2013) trouxe em sua obra
terminologias mais atuais: fry (basal), registro modal: peito (denso), médio, cabeça (tênue) e
falsete (registro elevado). Acima destes, estão os registros de flauta e Whistle (ARAÚJO 2013).
Pinho (2019) explicou a importância de adotar nomenclaturas mais cabíveis aos registros
vocais. Segundo a autora,
Optamos por substituir o nome “sub-registro de peito” por “registro denso”, por
associação à forma arredondada e densa que a borda livre das pregas vocais assume
nessa situação. A onda mucosa é ampla, em toda sua extensão vibrante [...] Ao sub-
registro de cabeça optamos pela utilização do termo “registro tênue”, por associação
à forma pouco espessa que a borda livre das pregas vocais assume nessa situação. A
onda mucosa é atenuada pela redução da extensão vibrante da mucosa das pregas
vocais [...]. Ao sub-registro médio manteremos a nomenclatura “registro médio”
(Lembrando que os três, recém-nomeados registro denso, médio e tênue, são
subdivisões do registro modal) (PINHO, 2019, p. 58).
Anexo A - Excerto 1
O excerto mostra o momento em que a cantora parece fazer uso do Pure Belting. O sub-
registro catalogado tem esse nome “Belting Puro”, porque se associa às vozes americanas
(ARAÚJO, 2013), isto é, à forma como eles falam. O Pure Belting é uma voz de laringe mais
alta com “participação predominante de TA, mas com muita participação de CT.” (ARAÚJO,
2013, p. 51).
Este sub-registro apresenta um som metálico (ARAÚJO, 2013) e, por ter maior massa
de TA, pode ser confundido com voz de peito. No que tange a estética e os espaços de
ressonância, já foi dito que o Belting é predominantemente orofaríngio e é possível perceber
que a cantora parece usar bastante esse espaço. Quanto ao formato da boca, a artista mostra os
dentes superiores, conferindo um leve "sorriso" e a língua está relaxada nos dentes inferiores,
ajustes que podem ser observados em cantores e cantoras que usam as técnicas usadas no
Belting.
Além desses ajustes, no trecho destacado Ellen também parece usar um som nasal (uso
de rinofaringe) somado ao espaço orofaríngio, uma vez que este último é o espaço predominante
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do Belting. Tudo isso conferiu uma interpretação mais rica quanto ao que a artista demonstrou
em sua performance.
Por fim, pode-se concluir que, se tratando do Pure Belting, a cantora pode ter usado o
equilíbrio de alongamento e encurtamento das pregas vocais, somado aos espaços orofaríngio
(predominantemente) e rinofaríngeo. Julgando pelo som produzido, ela parece estar com a
laringe alta, característica forte do Belting puro. Link para acesso:
Ainda em sua interpretação da música “Zumbi”, a cantora parece usar Soul Belting em
várias partes, mas, para exemplificar esse sub-registro, destacou-se aqui o trecho em que ela
cantou “Eu, eu quero ver, eu quero ver”.
Anexo A - Excerto 2
Araújo (2013) catalogou esse sub-registro como tendo uma sonoridade mais escura e
potente, sendo facilmente confundido com uma voz de peito mais elevada, mas continua sendo
registro médio, e, inclusive, o Soul Belting soa como uma ponte para os agudos do Health
Belting (ARAÚJO, 2013). Segundo o citado autor:
“O Soul Belting é um tipo de Pure Belting que, pelo uso da meia-cobertura masculina,
retarda a elevação da laringe permitindo à cantora subir mais uma quarta na sua
tessitura de Belting, deixando que a sonoridade de Pure Belting só se estabeleça no
limite agudo da mesma” (ARAÚJO, 2013, p. 61).
O trecho destacado sugere uma voz potente, encorpada e com alcance de agudos com
uma maior extensão, comparada ao Pure Belting. Isso pode ter acontecido porque nesse sub-
registro há a meia cobertura (ARAÚJO, 2013), ou seja, a elevação do palato mole, o que
condiciona o abaixamento da laringe, permitindo um alcance maior das notas agudas e uma voz
mais "cheia", digamos assim.
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Dado o exposto, vale salientar que a cantora manteve os mesmos ajustes quanto ao
formato da boca, mostrando os dentes superiores num "sorriso" e língua relaxada. Contudo, é
perceptível que ela relaxou a mandíbula nesse trecho, conferindo uma abertura vertical da boca.
O cantor Ferrugem, em um pocket show, na música “Pra Você Acreditar” parece usar
um Covered Belting no trecho “Você me faz tão bem, você me faz tão bem”, cujo sub-registro
“apresenta posição laríngea levemente mais baixa, permitindo a manobra da cobertura,
tornando a sonoridade mais redonda e mais leve” (ARAÚJO, 2013, p. 50). Araújo considera
esse sub-registro como sendo o Belting masculino (ARAÚJO, 2013).
Anexo B - Excerto 3
uma qualidade mais "arredonda" à voz. Além disso, notou-se que o uso de Covered possibilitou
um alcance maior a notas agudas com mais conforto e brilho. Como sendo um sub-registro mais
agudo que o Pure e o Soul, notou-se, também, que o artista usou Covered em todas as partes
mais agudas da canção analisada.
Anexo C - Excerto 4
Speaking (do inglês – falando) é uma voz de laringe média e espaço faríngeo maior,
resultando num som mais redondo que o Pure Belting. “O “Speaking” soa como uma voz
falada, mas próxima do registro de cabeça, normalmente doce, mas aberta, sem a cobertura [...]”
(ARAÚJO, 2013, p. 51). Nesse sub-registro há um maior comando do CT, mas com muita
participação de TA, dentro do registro modal médio (ARAÚJO, 2013).
Ademais, o Speaking é uma voz de laringe média, com espaço faríngeo maior que o
Pure Belting, o que resulta num som mais redondo que este último. "A base da ressonância é
rino-orofaríngea" (ARAÚJO, 2013, p. 47). Isso quer dizer que os espaços predominantes nesse
sub-registro são a orofaringe e rinofaringe.
Por fim, esse sub-registro é bem agudo, mas é preciso que não seja confundido com voz
de cabeça (ARAÚJO, 2013). Vale salientar que, quanto ao formato da boca, Jorge Vercillo
apresenta mandíbula relaxada, lábios que articulam bem cada palavra cantada, ora em formato
"oval" ora em forma de leve "sorriso", mostrando um pouco dos dentes superiores e língua
relaxada nos dentes inferiores.
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Anexo D - Excerto 5
Araújo (2013) catalogou esse sub-registro como Health Belting (health: do inglês, saúde
ou saudável) porque ele se encontra no registro modal médio e há o comando de CT
(musculatura dos agudos) e menos de TA (musculatura dos graves), o que resulta em uma massa
sonora potente (e não com força), porém confortável.
Além disso, Araújo explicou que “O Health Belting é um tipo de Speaking onde o som
é mais metálico, mais próximo do Pure Belting, mas ainda com predominância do CT e adição
de adutores como o TA externo5, CAL6 e AA7.” (ARAÚJO, 2013, p. 51). A ação desses
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Tireoaritenóideo externo: músculo envolvido na adução das pregas vocais.
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Cricoaritenóideos laterais: principais adutores das pregas vocais. O CAL aduz, abaixa e alonga as
pregas vocais.
7
Aritenóideos: aproximam e aduzem as cartilagens aritenóideas.
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músculos confere um aumento no fechamento das pregas vocais, o que caracteriza, também,
esse sub-registro. Ele ainda afirma que a elevação da laringe em níveis confortáveis é muito
importante na caracterização do Health.
Nesta pesquisa foi possível verificar que o Belting, ainda que oriundo do teatro musical
norte-americano, pode ser identificado em canções da Música Popular Brasileira, abrangendo
diversos gêneros musicais, partindo principalmente do ponto de vista do Belting
Contemporâneo.
De modo mais claro, tem a ver com a soma de espaços de ressonância e as atividades
de alongamento ou encurtamento das pregas vocais para obter o que Araújo (2013) chama de
sub-registros do Belting Contemporâneo. Ainda, é relevante lembrar que cada sub-registro, seja
por questões estéticas, de conforto ao cantar, ou por ambos, deve ser estudado, praticado e
executado de maneira consciente.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além dos ajustes físicos observados, foi possível identificar características do Belting
Contemporâneo nas vozes dos artistas, que corresponderam aos resultados sonoros dos sub-
registros analisados. Isso nos leva a concluir que o Belting pode ser usado como recurso
interpretativo, ainda que esse jeito de cantar seja oriundo do teatro musical.
Por conseguinte, este trabalho contribuiu de maneira muito significativa para a minha
prática como cantor e pesquisador, bem como para a minha formação docente, no que se refere
à apropriação de conhecimentos e habilidades necessários para um ensino de canto popular
mais abrangente, que não se ocupa apenas com ensino de técnicas e vocalizes, mas também
com o entendimento da suas funções para a construção de uma voz saudável para o canto.
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REFERÊNCIAS
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