Ligas Magnéticas Ok

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LIGAS MAGNÉTICAS

1.1. - Introdução

Existem, fundamentalmente, duas razões pelas quais se recorre a materiais para


aproveitamento das suas propriedades magnéticas na eletrotécnia.

A primeira é a permeabilidade elevada dos materiais ferromagnéticos, que permite a


realização de circuitos magnéticos de baixa relutância nos quais se pode estabelecer um
fluxo apreciável à custa de uma força magnetomotriz relativamente baixa.

A segunda é a remanência, ou seja, a memória de acontecimentos ocorridos,


conseqüente do fenômeno da histerese magnética.

Os elementos ferromagnéticos são o ferro, o níquel e o cobalto, que industrialmente


nunca são utilizados em seu estado puro, e sim sob a forma de ligas. Destas existem
tipos com propriedades muito diferentes, e que determinam o seu emprego na indústria.
Tais propriedades dependem não só da constituição das ligas como dos tratamentos
térmicos a que são submetidas. Nos meios ferromagnéticos, o valor da permeabilidade
relativa pode tomar valores muito diferentes da unidade e, além disso, é variável com o
valor do campo magnético a que o material está sujeito.

Na Fig. 1.A são apresentadas curvas típicas de magnetização dos elementos


ferromagnéticos e de algumas de suas ligas. De modo geral as ligas ferromagnéticas
podem ser classificadas em:

· ligas de ferro-silício (baixas perdas, alta permeabilidade);


· ligas para ímãs permanentes (força coercitiva elevada);
. ligas para aplicações especiais;

Fig. 1.A - Curva de magnetização de diversos materiais ferromagnéticos

Pode-se observar que a liga 50% Co - 50% Fe apresenta permeabilidade magnética mais
elevada que qualquer dos dois metais puros que a constituem. A liga 50% Ni - 50% Fe
permite obter uma densidade de fluxo B praticamente constante para valores de força
magnetizante H superiores a 20 Oersteds. Propriedade semelhante apresenta o metal
monel (aproximadamente 67% Ni, 28% Cu e 5% de outros metais, inclusive Fe, Mn, Si).

De todos os elementos ferromagnéticos, o mais importante e mais largamente empregado


é o ferro, constituinte essencial de todos os circuitos magnéticos das máquinas elétricas
(sob a forma de ligas de ferro-silício) e de todas as peças estruturais das mesmas (aço
fundido ou laminado, ferro fundido).
O níquel e o cobalto têm seu maior emprego como constituintes auxiliares de ligas a base
de ferro.

Vários elementos não ferromagnéticos são utilizados para melhorar as qualidades das
ligas de ferro (alumínio, arsênico, cério, cromo, molibdênio, silício, tório, titânio,
tungstênio).

O ferro é sujeito ao envelhecimento, do qual são praticamente isentas as ligas que


contém 1,5% de silício ou mais.

1.2 – Ferro

O ferro puro é um material ferromagnético de boa permeabilidade, ciclo histerético estreito


e baixa resistividade.

Tais propriedades conferem-lhe boas características para a constituição de circuitos


magnéticos, apenas com o inconveniente de permitirem elevadas correntes de Foucault
quando em regime de magnetização variável, portanto, perdas de certo modo elevadas
nestas circunstâncias, particularmente nas de magnetização alternada.

Existem vários processos tecnológicos para a obtenção do ferro puro, quer como material
de primeira fusão, quer por afinação num forno Siemens-Martin, quer, ainda, por processo
eletrolítico. Em qualquer dos casos, as propriedades magnéticas podem ser melhoradas
por intermédio de um recozimento, tendo a respectiva temperatura importante influência
no valor das características do material.

O ferro puro para aplicações industriais contém sempre pequenas percentagens de outros
elementos: carbono, manganês, silício e, mesmo, cobre e alumínio, os quais afetam mais
ou menos as suas propriedades magnéticas.

Assim, a permeabilidade é reduzida pela presença destes elementos, especialmente do


carbono e, em menor medida, do cobre e do silício. No que respeita à área do ciclo
histerético, o carbono alarga-a enquanto que o silício provoca uma alteração muito
pequena.

Apesar das suas boas características magnéticas, o ferro puro não tem uma larga
aplicação na eletrotécnia.

Os aços são definidos como ligas ferro-carbono impuras e de baixo teor de carbono. A
maioria deles contém de 0,1 a 1,5% em peso, todos os aços comerciais têm também
outros elementos metálicos e não-metálicos, alguns resultantes de adições intencionais e
outros provenientes do minério de origem ou, ainda, absorvidos durante o processo de
fabricação.

1.3 – Diagrama de Fases do Ferro – Carbeto de Ferro (Fe – Fe3C)

O Ferro puro, quando aquecido, experimenta duas mudanças em sua estrutura cristalina
antes de se fundir. Na temperatura ambiente sua forma estável é cúbica de corpo
centrada (CCC) e chamada de ferrita ou ferro a. A 912o C a ferrita sofre uma mudança
polimórfica para a estrutura cúbica de face centrada (CFC) e passa a se chamar austenita
ou ferro g. A austenita persiste até a temperatura de 1394o C, a partir da qual a estrutura
volta a ser CCC e se chamada de ferrita, a qual finalmente se funde na temperatura de
1538o. C. Todas estas mudanças podem ser observadas no eixo vertical esquerdo na
figura 2.12. O percentual de carbono no eixo da composição nesta figura vai até 6,7 %
(no peso) de Carbono.

Figura 1.B – Diagrama de fases do Fe – Fe3C

O carbono é uma impureza intersticial no ferro e forma uma solução sólida tanto com a
ferrita a quanto com a d, além de com a austenita. Na ferrita a, CCC, somente pequenas
quantidades de carbono são solúveis (máximo de 0.022 % em peso a 727º C). O baixo
limite de solubilidade pode ser explicado pela forma e tamanho dos espaços intersticiais,
que dificultam a acomodação de átomos de carbono. Mesmo em baixos percentuais a
presença de carbono influencia significativamente as propriedades mecânicas da ferrita.

Já a solubilidade máxima do carbono na austenita (ou ferro g) é de 2,14 % em 1147º C.


Esta solubilidade maior é explicada pelos maiores interstícios nesta faixa de temperatura,
o que deve ser lembrado nos tratamentos térmicos dos aços. Vale lembrar que a
austenita é não magnética.

Quando o limite de solubilidade do carbono no ferro (alfa) é excedido, há a formação de


cementita (Fe3C). Como indicado na figura 2.12, a cementita também irá coexistir com a
fase g na faixa de temperaturas entre 727 e 1147º C. Mecanicamente a cementita é muito
dura e quebradiça. No diagrama de fases da figura 2.12 também pode ser observado que
a mistura eutética ocorre a 1147º C para 4,3% de C. Quando esta mistura se solidifica,
haverá a formação de duas fases, austenita e cementita. Subseqüente resfriamento
levaria a novas mudanças de fase.

Ligas de ferro-carbono entre 0.0008 e 2.14% de peso de carbono são classificadas como
aços. A microestrutura da maioria dos aços se constitui de ferro a e cementita. Na prática
o percentual de carbono nos aços raramente excede 1%.
1.4 - Ligas de Ferro-Silício

Estas ligas contêm até 6,5% de silício e algumas impurezas (carbono, enxofre, fósforo,
manganês) associadas ao ferro, que é o principal constituinte. Suas propriedades
magnéticas e sua resistividade dependem da constituição e dos tratamentos térmicos.

A adição de silício ao ferro permite aumentar a resistividade (reduzindo as perdas pelas


correntes de Foucault), reduzir as perdas de histerese e o envelhecimento.

Estas ligas são geralmente fabricadas sob a forma de tiras ou chapas. O percentual de
silício depende da aplicação, já que a presença do silício tem o inconveniente de
encarecer o ferro e de torná-lo quebradiço, sendo este o fato que limita a percentagem de
silício empregada. Nos transformadores, que são máquinas estáticas, usam-se as
percentagens mais altas e nos motores e geradores, máquinas rotativas, valores mais
baixos.

Com processamento adequado, na laminação e no tratamento térmico, são produzidas


chapas com propriedades magnéticas melhores segundo uma direção preferida. Sua
permeabilidade magnética nessa direção pode ser cerca de duas vezes maior que nas
chapas de tipo clássico, e as perdas no ferro muito menores.

1.5 - Ímãs Permanentes

Os ímãs permanentes devem apresentar um elevado magnetismo residual, o que é típico


de materiais magnéticos ditos duros. O laço de histerese de e ser largo e bastante alto.
Além disso, devem manter por um tempo suficientemente longo o magnetismo residual
(Br), sem alterá-lo sensivelmente perante variações de temperatura e ação de forças
mecânicas.

Existem atualmente diversos materiais utilizados na fabricação de ímãs permanentes. A


Tabela 2.A apresenta alguns exemplos, que incluem algumas ligas metálicas e uma
ferrite.

Tabela 2.A - Materiais Empregados na Fabricação de Ímãs Permanentes


Os núcleos de ferrite são formados sinterizando misturas de óxidos metálicos (X O +
Fe2O3, X podendo ser qualquer dos elementos Mn, Zn, Ba, Mg, Co, Cu). Os valores
característicos variam com o tratamento.

As ferrites assemelham-se a materiais cerâmicos, não sendo metálicas, apresentam


resistividade muito alta (da ordem de um milhão de vezes a dos materiais metálicos). Os
núcleos de ferrite são usados para altas freqüências (a resistividade é de enorme
importância para permitir o funcionamento com as elevadas freqüências). Alguns tipos de
ferrite, como as de Mn-Mg, apresentam laço de histerese quase retangular, tendo larga
aplicação como memórias de computador.

1.6 - Ligas Ferromagnéticas Diversas

As ligas de ferro-níquel apresentam larga variedade de propriedades magnéticas.


Partindo do teor do níquel igual a zero, a permeabilidade aumenta ligeiramente à medida
que aumenta a percentagem de níquel, para depois cair a zero (material não-magnético)
quando a liga contém 30% de níquel.

Continuando a aumentar a percentagem deste metal, a permeabilidade cresce novamente


ate cerca de 70%, para depois tornar a cair. Algumas dessas ligas têm aplicação em
telefonia e rádio.

As ligas Fe-Ni com 78,5% Ni (permalloy) desenvolvidas nos laboratórios Bell, apresentam
alta permeabilidade e baixa perda de histerese com forças magnetizantes fracas.

A liga Fe-Ni com 48% de Ni (deltamax, orthonic) convenientemente tratada possui alta
permeabilidade laço de histerese retangular na direção de laminação.

Ligas Fe-Ni com 40 a 55% Ni possuem permeabilidade magnética moderada, mas


praticamente constante para uma larga faixa de densidade de fluxo (isoperm, conpernik).

Perminvar é o nome de uma série de ligas Co-Ni-Fe que apresentam também essa
característica de permeabilidade constante.

Para a maior parte das aplicações convém que as propriedades magnéticas dos materiais
variem pouco com a temperatura. Há porém casos particulares em que interessa obter,
pelo contrário, a variação de uma característica magnética do material com a temperatura
para efeitos de correção (shunts termomagnéticos) ou para efeitos de comando (relés
termomagneticos). São também as ligas ferro-níquel ou ferro-cobalto que exibem estas
propriedades.

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