Apostila Doutrina de Deus
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Apostila Doutrina de Deus
A busca pelo conhecimento de Deus é um desejo do coração do próprio Senhor para Seus
filhos (Os 4:6 e 6:3, 6b). Essa busca, no entanto, não deve ser feita de qualquer maneira ou sob
uma motivação errada. Quando o conhecimento sobre Deus é empreendido apenas pelo
simples desejo de conhecimento, ou como atividade meramente especulativa, a mente não se
contenta com a verdade e acaba elaborando diversas questões sem proveito e embaraçando-se
com dificuldades as quais é incapaz de resolver. Geralmente, é daqui que surge o ceticismo (2
Co 3:6b; Jr 17:9).
Em contraponto a essa motivação incorreta, constata-se, biblicamente, que a fé, “[...] o
firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11:1),
deve ser a base da busca pelo Senhor. “[...] Sem fé é impossível agradar-Lhe, porque é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos
que O buscam” (Hb 11:6).
A crença na existência de Deus é de natureza universal. O estudo comparativo entre as
mais diversas religiões existentes ao longo das eras e em todo o mundo ratifica essa tese. Por
outro lado, existe um número crescente de indivíduos que negam a existência de Deus das mais
variadas formas, entre as quais estão: o ateísmo, o agnosticismo, o deísmo, o materialismo e o
panteísmo.
O ateísmo manifesta-se de diferentes formas; em todas nega a existência de Deus. Há
três vertentes: o ateísmo dogmático, que rejeita veementemente a existência de um ser divino;
o cético, que duvida da capacidade de a mente humana admitir se há Deus; e o capcioso, que
sustenta o argumento de não haver provas válidas da existência de Deus. Apesar dessas
vertentes, os ateus têm, em comum, o sentimento de não precisarem de Deus, resultado de sua
perversão, das limitações de sua inteligência e do desejo de esconder-se do Senhor (Sl 14:1). O
agnosticismo, por sua vez, cujo nome possui origem grega, significa “não saber”. Segundo essa
corrente, o homem não pode saber qualquer coisa sobre Deus, haja vista que as alegadas provas
de Sua existência estão fora do domínio das coisas materiais. Os agnósticos esquecem, ou,
propositadamente, ignoram que os pensamentos e os sentimentos também estão fora do
domínio da materialidade, mas ninguém nega a existência deles. Já o deísmo configura-se como
religião natural, baseada no raciocínio meramente humano. Admite a existência de Deus, mas
rejeita por completo Sua revelação à humanidade. Para os deístas, Deus não possui atributos
morais nem intelectuais; duvidam até que Ele tenha influído na criação do universo. Segundo o
materialismo, a única realidade é a matéria; o ser humano é apenas um animal. Por considerar
os comportamentos físicos e psíquicos do homem como, simplesmente, movimentos da
matéria, defendem que o ser humano não precisa prestar conta de seus atos a ninguém. De
acordo com o Panteísmo, no universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Árvores, pedras, pássaros,
terra, água, répteis, homens, todos são declarados parte de Deus. O Panteísmo confunde Deus
com a natureza, como se a conjuntura de tudo o que existe “resultasse em Deus”.
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A EXISTÊNCIA DE DEUS
CAPÍTULO 2
DECLARADA E RACIONALMENTE COMPROVADA
Num mundo cada vez mais iníquo e sem amor (Mt 24:12), à medida que a humanidade
afasta-se de Deus, os confrontos e os desafios impostos à fé cristã pela secularização e laicidade
dos valores e conceitos tornam-se, dia-a-dia, mais intensos e inevitáveis. Por esse motivo, é de
suma importância que os cristãos de hoje, talvez, como nunca antes, sejam capazes de defender
sua fé de uma maneira firme e, ao mesmo tempo, que revele o imenso amor do Senhor em
Cristo Jesus.
A existência de Deus declarada
A existência de Deus é um fato auto-evidente e uma crença “natural” do homem. A Bíblia
não é um diário sobre o Senhor que reúne todas as respostas aos questionamentos da mente
humana sobre Ele. É por esse motivo que, no primeiro versículo do relato da criação, lê-se: “no
princípio, criou Deus os céus e a terra [ponto final]” (Gn 1:1). Trata-se de uma afirmação
categórica e suficiente ao homem que crê. Aceita-se, pela fé, a existência do Senhor e a
revelação de que “toda Escritura é inspirada por [...]” Ele (2 Tm 3:16).
A Bíblia mostra Deus como o Criador e o sustentador de todas as coisas (Gn 1:1; Hb 1:3),
dirigente dos destinos de indivíduos e nações (Sl 22:28). A maior expressão da existência do
Senhor, no entanto, não está em nenhuma dessas situações e coisas; está em Seu Filho, Jesus
Cristo, “o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15b), “o qual é a imagem do Deus invisível” (Cl
1:15a).
“Deus é Espírito” (Jo 4:24); Ele não pertence à categoria da matéria. Logo, não pode ser
“descoberto” por meio de nenhuma metodologia científica. Apesar disso, é possível comprovar
de forma lógica e racional a existência de Deus. Entre os argumentos utilizados para isso, estão
o argumento cosmológico ou da criação, o ontológico ou da crença universal, o teleológico e o
moral.
O argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que busca uma causa primeira (ou
uma causa sem causa) para o Universo. Por extensão, esse argumento é freqüentemente
utilizado para comprovar, racionalmente, a existência de Deus. A premissa básica é que,
havendo apenas um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém
além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da
causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada, agora, por algo além de si
mesma. Esse raciocínio tem sido utilizado por vários teólogos e filósofos ao longo dos séculos,
desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, passando pela Idade Média com São Tomás de
Aquino, até a atualidade com William Lane Craig1 e outros.
1William Lane Craig (Peoria, 23 de agosto de 1949) é filósofo e teólogo cristão americano. Como filósofo, Craig se
especializou em filosofia da religião, metafísica, e filosofia do tempo. Como teólogo, suas especialidades são estudos sobre o
Jesus histórico e teologia filosófica. Craig fez contribuições importantes para discussões sobre o argumento cosmológico em
favor da existência de Deus, a onisciência divina, teorias do tempo e eternidade e para a historicidade da ressurreição de
Jesus.
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Por sua vez, o argumento ontológico, desenvolvido pelo teólogo e filósofo agostinista
italiano, Anselmo de Cantuária (1033-1109), diz que o homem já possui em si a idéia de um ser
absolutamente perfeito. Essa idéia é inerente à existência humana; e a história dos povos, desde
os primeiros até os atuais, comprova isso.
Já o argumento teleológico, também chamado de prova psicoteológica, defende que o
universo, o mundo e o que neles há revelam inteligência, ordem e propósito sob qualquer
aspecto. Isso denota a existência de Deus como o grande arquiteto e regente de toda a criação.
Finalmente, o argumento moral baseia-se nas noções de moralidade, na existência de
valores morais ou na ocorrência de ações morais para concluir a existência de Deus. Em sua
forma mais simples, esse argumento pode ser esquematizado da seguinte maneira: se Deus não
existe, moralidade não existe. Mas, moralidade existe. Logo, Deus existe. Ele é o idealizador
desses conceitos, baseados em Sua própria natureza e, por isso mesmo, eterno (Sl 119:142).
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O estudo dos “nomes de Deus” é muito importante por permitir a compreensão de quem
o Senhor é. Na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, os nomes não tinham apenas a mera
função de denominar; eles eram usados, principalmente, para expressar o caráter e a índole do
indivíduo, para dar contexto e história a um lugar ou objeto.
É assim que, no tocante a Deus, vários termos hebraicos são usados para identificá-lo. A
seguir, você estudará um pouco sobre os nomes do Senhor. Alguns nomes são usados para se
referirem tanto ao Deus verdadeiro quanto às divindades pagãs, a governantes e a juízes. Por
isso, tais nomes são ditos genéricos. São eles:
● EL2 Berit – “Deus que faz pactos” ou “Deus da aliança” (Gn 31:13 e 35:1-3);
● EL Olam – “Deus eterno” (Gn 21:33; Is 40:28);
● EL Sale – “Deus é minha rocha”, “Deus é o meu refúgio” (Sl 42:9-10);
● EL Ro’l – “Deus da vista” ou “Deus que me vê” (Gn 16:13);
● EL Nosse – “Deus de compaixão” (Sl 99:8);
● EL Qana – “Deus zeloso” (Ex 20:5 e 34:14);
● EL Ne’eman – “Deus de graça e misericórdia” (Dt 7:9);
● EL-Elyon3 – “Deus Altíssimo”;
● EL-Eloah4 – “Deus adorado” (Gn 1:1).
2EL significa “Deus”, “aquele que vai adiante”, “que começa as coisas”; é o nome mais usado na Bíblia para mencionar as
divindades pagãs. Em relação ao Deus de Israel, no entanto, é usado com várias combinações distintivas as quais revelam
atributos.O nome “EL” só é encontrado escrito dessa forma nas versões da Bíblia em hebraico. Nas Bíblias em português, está
sempre transliterado para “Deus”.
3“Elyon” é um adjetivo derivado do verbo hebraico “alá”, que significa “subir”, “ser elevado” e designa o Senhor como alto e
excelente, o Deus glorioso. Era assim que Melquisedeque conhecia Deus (Gn 14:19-20).Em Isaías 14:14, o nome “Elyon”
aparece sozinho. Já nas passagens de Números 24:16; Deuteronômio 32:8; Salmos 7:17/ 9:2/ 57:2; Daniel 7:18, 22 e 27, esse
vocábulo aparece combinado com outros nomes de Deus. Em ambas as situações, entretanto, verifica-se apenas o termo
“Altíssimo” nas versões das Escrituras em português.
4 “Eloah”, assim com “Elyon”, deriva da substantivação do verbo “alá” e significa “ser adorado”, “ser excelente”, “ser temido
e reverenciado”. Aparece 57 vezes no Antigo Testamento. Já “Elohim”, a forma plural desse vocábulo, aparece 2498 vezes e é
usado, em Gênesis 1:1, para expressar o conceito universal da Deidade.
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Foi muito utilizado no Antigo testamento, em especial, no período dos grandes patriarcas
(Gn 17:1 e 49:25; Nm 24:4; Rt 1:20, 21; Sl 91:1; Is13:6; Ez 1:24; Jl 1:15). “Adhonay” ou,
simplesmente, “Adonai” (do hebraico, “Senhor”), muito mais que um pronome de tratamento, é
um substantivo próprio e expressa a soberania de Deus no Universo (Gn 18:3; Is 3:18 e 6:1; Dn
9:16). Para os judeus, tanto “Adhonay” como “Yaweh” (do hebraico, também significa “Senhor”)
são nomes que não devem ser pronunciados no cotidiano para não haver risco de o nome de
Deus ser dito em vão. Por isso, eles, comumente, usam “Adhom”, de onde vem “Adhonay” e
cujo significado literal é “Mestre”. “Yaweh” é o nome com o qual Deus se revelou a Moisés (Ex
3:13-15). No hebraico, “Yaweh” é escrito com as consoantes “יהוה, transliteradas5 em “YHWH”,
traduzidas6em “Javé” ou “Senhor” na língua portuguesa. Por temor, os judeus evitam ao
máximo a pronúncia desse vocábulo, substituindo-o por “há’Shem” cujo significado é “o Nome”.
No Salmo 68:4, observa-se o nome “Yaweh” sob a forma abreviada “Já 7”, versão
traduzida do verbo transliterado “hayah” (do hebraico, “ser”). Em outros Salmos, registra-se a
presença desse sufixo na expressão “hallelujah” (“aleluia”; “louvai ao Senhor”). Isso ocorre,
porque a origem do nome “YHWH” está no verbo “hayah” (Ex 3:14) cuja aplicação inclui, de uma
só vez, os três tempos verbais – presente, passado e futuro –, demonstrando a eternidade do
Senhor. É interessante notar também que, em algumas traduções, o nome “YHWH” aparece
como “Jeová”. Isso se deve ao fato de os rabinos, com o objetivo de facilitarem a pronúncia do
hebraico clássico, terem vocalizado o Antigo Testamento por volta do século IX d.C., isto é,
terem acrescentado vogais em uma língua que, originalmente, não possuía tais fonemas. A
vocalização do tetragrama “YHWH”, no entanto, guarda um objetivo diferente; o de lembrá-los
de não pronunciar o nome de Deus em vão. Por esse motivo, eles inseriram as vogais de
“Adhonay” em “YHWH”. O resultado foi “Yehowah”. Durante muito tempo, por desconhecerem
todo esse contexto, os tradutores verteram “Yehowah” para a descrição mais próxima de sua
pronúncia, originando a palavra “Jeová”.
Assim como ocorre com “EL”, o nome “Yaweh” aparece associado a outros nomes que
revelam a natureza de Deus e as circunstâncias de Sua revelação. Eis alguns deles:
Embora o Senhor possa estar em todo lugar (imensidade), Ele não habita nem se
manifesta em todo lugar (onipresença).A onisciência - Deus é onisciente, Ele conhece todas as
“Trindade” é a doutrina cristã segundo a qual Deus, embora seja um em Sua essência,
compõe um governo que subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não são três
deuses; são três Pessoas e um só Deus. Por isso, o cristianismo é considerado uma religião
monoteísta, a saber, cuja crença está em um só Deus.
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Ao observar essa doutrina apenas sob esse aspecto mais denotativo, pode haver alguma
dificuldade de compreensão em relação ao caráter monoteísta da fé cristã. Entretanto, quando
a Trindade é vista de “maneira comparada e ilustrada”, essa dificuldade não permanece: a
molécula de água (H2O), por exemplo, é formada por três átomos: dois de hidrogênio (H) e um
de oxigênio (O). Além disso, apesar de ser um só composto, ela aparece sob três estados físicos:
sólido (gelo), líquido e gasoso. Outra ilustração interessante refere-se às esferas de governo
constituídas sobre uma nação: são três poderes igualmente importantes e com funções
diferentes, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário; não obstante, um só governo. Uma última
análise comparada pode ser feita com o ser humano. O homem é um, porém é tricotômico, ou
seja, constituído de três partes: espírito, alma e corpo.
É interessante notar que a palavra “Trindade” não aparece no Novo Testamento. Ela é
uma expressão teológica datada do século II d.C.. Independentemente, é uma palavra de caráter
bíblico fundamentada não só no Novo como também no Antigo Testamento.
No caso do Velho Testamento, a palavra utilizada para “Deus”, em Gênesis 1:1, é “Elohim”,
plural de “Eloah”, que, conforme estudado, guarda em si o conceito universal da deidade. Em
vários outros textos do Antigo Testamento, pode-se observar prenúncios da revelação da
Trindade. Em Números 6:24-26, por exemplo, quando o Senhor definiu a maneira como os filhos
de Israel deveriam ser abençoados, para cada uma das três bênçãos, a palavra “Senhor” era
pronunciada. Semelhantemente, na tríplice doxologia 11 de Isaías 6:3, os serafins “[...] clamavam
uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está
cheia da Sua glória”. Apesar de rejeitarem a noção de Trindade, os judeus não messiânicos
possuem um hino tradicional e muito antigo cuja letra também anuncia a verdade dessa
doutrina: “shema Yisrael, Adhonay Elohenu Adhonay Echad [...]”, que traduzido é: “ouve Israel,
nosso Deus é o único Senhor [...]”. A palavra “Echad” descreve o numeral um (1) como sendo
composto, isto é, em cuja formação há vários (pelo menos dois) elementos. Por isso, a tradução
mais correta de “Adhonay Echad” seria algo como “o Senhor é uma unidade composta”.
Entretanto, também por uma questão de métrica e musicalidade, traduziu-se como “é o único
Senhor”.
A narrativa neotestamentária, por sua vez, logo em seu início, em Mateus 3:16-17,
confirma a verdade e o fundamento bíblico dessa doutrina. Isso ocorre, também, em diversas
passagens, especialmente nas de Mateus 28:19 e de 2 Co 13:13.
PROVA DATA:
_____/_____/________
11Doxologia: prece ou cântico cujo fim é glorificar a Deus (definição segundo o Dicionário Online da Língua Portuguesa,
www.dicio.com.br).
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5. DIGA DE ONDE VEM A EXPRESSÃO TRADUZIDA JÁ, JAVÉ, JEOVÁ E QUAL A RELAÇÃO DELAS COM AS
PALAVRAS HEBRAICAS: “HALLELUJAH E ADHONAY”?
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6. CITE PELO MENOS TRÊS ATRIBUTOS DE DEUS: NÃO RELACIONAIS, ATIVOS, MORAIS!
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