Benigno Exame de Recorrencia ST 2021

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Benigno Tiago João

A contribuição do turismo no desenvolvimento da comunidade na província de


Maputo em Moçambique

Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário

Universidade Púnguè
Tete
2021
Benigno Tiago João

A contribuição do turismo no desenvolvimento da Comunidade na província de


Maputo em Moçambique

Artigo Científico a ser entregue no Departamento


de Geociências e Ambiente na Disciplina de
Sociologia do Turismo como requisito de
avaliação de Exame Normal.

Docente: dr Inácio Guirione Yossini Molene

Universidade Púnguè
Tete
2021
Índice
Resumo...............................................................................................................................1
1.Introdução........................................................................................................................2
1.1.Objectivos.....................................................................................................................2
1.1.1.Objectivo Geral..........................................................................................................2
1.1.2.Objectivois.................................................................................................................2
1.2.Metodologia..................................................................................................................2
2. O Turismo e seu ciclo de vida........................................................................................3
2.1.Desenvolvimento Local................................................................................................4
2.2.Contribuições do Turismo para o Desenvolvimento Local..........................................5
3.Análise e Discussão de Dados.........................................................................................6
4.Conclusões e recomendações..........................................................................................8
5. Referências Bibliográficas..............................................................................................9
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Resumo
O artigo apresenta o resultado de uma pesquisa sobre a contribuição do turismo no
desenvolvimento comunitário na província de Maputo em Moçambique. O estudo
centrou-se na avaliação econômica de projetos turisticos (lodges) em Gala e
Madjadjane. Os indicadores usados para avaliar o impacto do turismo na comunidade
são: emprego direto e indireto, além da partilha de benefício. Para avaliar a
sustentabilidade dos lodges foram usados os critérios Custo-benefício, Valor atual
líquido e Taxa de retorno. Os projectos turísticos comunitários são constrangidos
principalmente pela formação deficiente das comunidades em gestão dos lodges.

Palavras-chave: Turismo, comunidade, Maputo/Moçambique, sustentabilidade,


impacto.
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1.Introdução
A presente pesquisa objectivou avaliar o impacto do turismo na economia das famílias
afetadas e suas implicações no contexto social das mesmas. Este estudo vai contribuir
para o enriquecimento em informação documentada sobre o impacto do turismo no
bem-estar das comunidades rurais e sua sustentabilidade em Moçambique e muito em
especial em Matutuine.
A importância do estudo da contribuição do turismo no desenvolvimento comunitário na
província de Maputo em Moçambique, no curso de Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário, na disciplina de Sociologia do Turismo.
De fato a atividade turística é importante para qualquer economia porque o
deslocamento constante de pessoas aumenta o consumo, motiva a diversidade de
produção de bens e de serviços, cria lucros, gera emprego e renda.

O que mais afecta as comunidades é o não envolvimento desta na gestão deste tipo de
iniciativa de desenvolvimento espacial. Tais iniciativas são conduzidas pelo Governo,
setor privado e Bancos de Desenvolvimento (Chonguiça, 2001, p. 4). A comunidade não
participa na tomada de decisões nos processos de promoção do desenvolvimento
econômico que se afirmam ter como objetivo melhorar as suas condições de vida.

1.1.Objectivos
1.1.1.Objectivo Geral
 Compreender o contributo do turismo no desenvolvimento da Comunidade.

1.1.2.Objectivois
 Identificar o ciclo de vida do Turismo;
 Conhecer os Conceitos do Turismo e Desenvolvimento Local;
 Distinguir as Contribuições do Turismo para o Desenvolvimento Local;

1.2.Metodologia
Para a materialização deste artigo teve como base a revisão bibliográfica, onde consistiu
no levantamento, seleção e documentação de artigo que aborda em torno do tema em
destaque, sendo trabalho já publicada distinguindo os livros, modulos, manuais, artigos
científicos e Dissertação com intuito de permitir que o estudante tenha contacto com
materiais ja disponibilizados em vários páginas webs e formaros fisícos.
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2. O Turismo e seu ciclo de vida


O turismo está permeado por uma série de ideias e conceitos ligados ao tema viagens.
Pode remeter ao turista a ideia de férias, ao empreendedor a ideia de lucro, aos
trabalhadores a ideia de geração de emprego e renda e à comunidade autóctone a ideia
de desenvolvimento local (PANOSSO, 2010).

Não há um consenso entre os autores, pesquisadores e instituições ligadas ao setor sobre


uma definição única do turismo. A epistemologia do turismo tem sido tema de pesquisa
de alguns autores e as definições dadas por eles, ainda que bastante esclarecedoras,
trazem limitações quanto a abrangência e a realidade do fenômeno (PANOSSO, 2010).

Leiper (1979) considerava que as definições de turismo podiam ser classificadas em três
grupos: definições econômicas (com enfoque comercial e econômico), definições
técnicas (com enfoque estatístico e de institutos de turismo) e definições holísticas (que
tentam abarcar todos os aspectos envolvidos no turismo).

Panosso Netto (2010), por sua vez, considera que existem três distintas visões sobre o
turismo: a visão leiga, a visão empresarial e a visão acadêmico-científica. A visão leiga
entende o turismo como descanso, férias, viagem etc. A visão empresarial considera as
oportunidades de renda e lucros financeiros advindos da geração de produtos e serviços
oferecidos ao viajante. A visão acadêmico-científica entende que o turismo está
relacionado com possibilidade de inclusão social; desenvolvimento de ações para
minimizar seus impactos negativos e maximizar os positivos; coleta de dados
qualitativos e quantitativos; produção de conhecimentos críticos na busca de sua melhor
compreensão; implantação de políticas públicas de turismo.

Kotler (1988, p. 98) entende que “o ciclo de vida do produto é uma tentativa de
reconhecimento dos estágios distintos na história das vendas do produto”. Segundo o
autor, os produtos passam por quatro diferentes estágios (introdução, crescimento,
maturidade e declínio) que são definidos pelo índice de vendas no mercado. Para Butler
(1980), as destinações turísticas tem um ciclo de vida próprio. A partir de um
entendimento orgânico, o autor afirma que há, primeiramente, um estágio de exploração
da localidade. Nesse estágio o futuro destino não possui infraestrutura específica ao
atendimento dos viajantes que, em pequenos números, não alteram o ambiente físico e
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social e geram pouca ou nenhuma importância econômica para a localidade. O segundo


estágio apresentado por Butler (1980) é chamado de engajamento ou envolvimento, pois
é nesse momento que surgem algumas facilidades aos viajantes e se inicia o processo de
difusão do local. O estágio seguinte é o de desenvolvimento. Segundo o autor (1980) o
mercado local, por meio de propaganda feita em centros emissores de turistas, divulga
produtos e serviços destinados a atender a crescente demanda e, assim, a localidade se
define como um destino turístico. Nessa fase é comum que o número de
turistas exceda o número de habitantes do local. O quarto estágio é o de consolidação,
caracterizado pela diminuição do crescimento do número de turistas e da manutenção e
estabilidade do número absoluto de visitantes – que ainda é maior do que o número de
habitantes. Butler (1980) aponta o quinto estágio como uma fase de estagnação
caracterizada pela percepção dos problemas (ambientais, sociais e econômicos)
relacionados ao elevado número de turistas em relação aos recursos disponíveis no
local. Para o autor, os problemas criados pelo turismo afastam os turistas, fazendo com
que o destino “saia da moda”. A partir do estágio de estagnação, o destino pode seguir
dois caminhos: declinar ou rejuvenescer.

2.1.Desenvolvimento Local
Desse modo, pensar em desenvolvimento local é pensar em modificar a situação atual
de uma localidade tornando-a aperfeiçoada, melhorada, aprimorada. Para tanto é preciso
compreender o ponto de partida, ou seja, a situação atual da localidade e traçar os
objetivos de desenvolvimento, determinando quais melhorias devem ser feitas, o que
deve ser aprimorado e que estado de desenvolvimento se pretende alcançar.
Percebe-se, a partir da perspectiva delineada por Ávila (2000), que o DLe parte da
comunidade para a comunidade. Os interesses da população local, assim como sua
capacidade de gestão e aproveitamento de suas características endógenas e de recursos
exógenos a ela destinados são os fatores preponderantes para que o desenvolvimento
ocorra. Tenório (2007, apud FORTUNATO e SILVA, 2011, p. 92) enfatiza que o
desenvolvimento local “procura reforçar a potencialidade do território mediante ações
endógenas, articuladas pelos seus diferentes atores: sociedade civil, poder
público e mercado” O autor destaca ainda a importância das propostas de
desenvolvimento serem estruturadas e realizadas pelos atores locais e não por politicas
exógenas centralizadoras das decisões. Segundo Long e Ploeg (s.d.), o desenvolvimento
endógeno se fundamenta principalmente, mas não exclusivamente, nos recursos
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disponíveis na localidade, tais como sua potencialidade ecológica, sua força de trabalho
e conhecimento e sua capacidade de vincular produção e consumo.

2.2.Contribuições do Turismo para o Desenvolvimento Local


Considerando que as localidades podem utilizar seus potencias e as habilidades,
capacidades e competências dos sujeitos que as integram para desenvolverem-se de
forma endógena, pressupõe-se que localidades com potenciais turísticos podem
desenvolver-se a partir de estratégias que busquem o incremento da economia local e a
melhoria da qualidade de vida de sua população a partir da otimização de suas
características naturais, histórias e culturais.

Ainda que a Organização Mundial do Turismo (OMT) tenha proposto algumas


diretrizes éticas que direcionam a atividade turística em comunidades locais, tais como:
“comunidades locais se associarão às atividades turísticas e terão uma participação
equitativa nos benefícios econômicos, sociais e culturais que referem, especialmente na
criação direta e indireta de emprego que ocasionem” (OMT, 1999, p. 6), fica claro que
seus pressupostos partem de fora para dentro, ou seja, de políticas e empreendimentos
exógenos à comunidade e que são orientados a incluírem os sujeitos autóctones em seus
projetos. Não se trata de desqualificar a ajuda exógena ou de conferir créditos
negativos a todos os planos e projetos exteriores à comunidade. Trata-se, sobretudo, de
desenvolver o turismo guiado por valores locais e orientado para a minimização das
agressões à cultura local e ao ambiente natural – lugar de moradia do autóctone -, assim
como de reduzir a dependência econômica externa.

Segundo Salvatierra e Mar (2012), os projetos turísticos de desenvolvimento local


devem estar focados nos interesses individuais e coletivos dos sujeitos e devem ser
pautados em estratégias endógenas, pertencentes e plenamente assumidos pelo tecido
social local, uma vez que são os atores locais e seu território que devem ser
desenvolvidos de forma a gerar benefícios presentes e futuros.

Segundo Fortunato e Silva (2011, p. 85), a atividade turística tem se tornado uma prática
presente em comunidades tradicionais, constituindo assim “um novo segmento do
mercado turístico que trabalha as potencialidades dos povos originários tornarem-se
reconhecidos como importantes na sociedade contemporânea”. Os autores afirmam que
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essa modalidade de turismo pode promover o desenvolvimento local através da


valorização dos patrimônios naturais e culturais da comunidade, desde que destacadas
as potencialidades endógenas do território e de seus atores. Ainda que recentes, as
teorias sobre o turismo de base comunitária têm trazido à tona perspectivas
positivas de DLe em comunidades periféricas, tradicionais e/ou rurais, porém, são
poucos os estudos sobre monitoramento e medição de resultados obtidos com essa
modalidade de turismo.

Vila, Costa e Rovira (2010) afirmam que muitos indicadores têm sido criados, porém,
em sua grande maioria, os indicadores apresentam limitações comuns: não fornecem
quaisquer informações sobre as causas específicas ou sobre o que deve ser feito
futuramente a partir de seus resultados. Assim, deve-se pensar em métodos capazes de
estabelecer relações diretas entre os resultados obtidos e as estratégias do destino. A
mensuração dos resultados dos processos de desenvolvimento local em relação à
implantação do turismo pode ser obtida através de pesquisas qualitativas de diversas
naturezas: etnográfica, fenomenológica, heurística, pesquisa participativa, pesquisa-
ação, entre outras metodologias.

3.Análise e Discussão de Dados


As pesquisas feitas indicam que a relação entre a comunidade e o desenvolvimento do
turismo é dada pela forma como a comunidade está envolvida com os lodges. Para o
caso em estudo, verifica-se que as comunidades se envolvem no turismo através do
desenvolvimento de actividades ligadas à construção das infraestruturas do lodge, como
trabalhadores do mesmo, como guias dos turistas, como fornecedores de produtos agro-
pecuários e de artesanato. Porém, o nível de relacionamento entre ambos (comunidade e
o desenvolvimento desta atividade) é fraco.
Quanto aos impactos do turismo a comunidade observa se uma das mudanças referidas
na comunidade foi o envolvimento da comunidade na gestão dos recursos naturais
através da criação de grupos de interesse. Com a formação destes grupos introduziu-se
uma nova forma de organização da comunidade para levar a cabo atividades que
buscam desenvolver de forma sustentável a comunidade uma vez que se encontram na
área da reserva especial de Maputo.
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Os grupos de interesse beneficiaram-se de treinamento e capacitação de modo a levar


avante as várias oportunidades que iam surgindo. Dos grupos de interesse formados, os
de turismo, de apicultura e de artesanato receberam treinamento.

Mahony (2002, p. 90), embora se refira ao fato de não haver oportunidades de emprego
diretas provenientes do turismo na comunidade de Makuleke, reconhece que várias
oportunidades de novos empregos, não ligadas diretamente ao investimento turístico,
têm emergido como resultado da injeção de donativos e fundos do estado para aquela
área pelo fato de ser um local de conservação, como é o caso das comunidades em
estudo. O emprego é um importante fator econômico numa região para que a
comunidade evolua, pois garante salários para o sustento familiar (Blom, 2000, p.184-
186). Nas comunidades estudadas, apenas os trabalhadores do lodge de Gala tinham
salário mensal bem definidos.
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4.Conclusões e recomendações
Souza (1999) reafirma a importância que o turismo tem como motor de
desenvolvimento local desde que as potencialidades endógenas sejam contempladas.
Segundo o autor, deve-se pensar o local a partir de uma dimensão sócio espacial que
suponha prioritariamente a conquista da felicidade e que não permita a exclusão social e
a degradação ambiental

Fortunato e Silva (2011) também entendem que o turismo pode ser fator de
desenvolvimento local desde que planejado de forma endógena. Segundo os autores a
abordagem endógena possibilita a articulação entre os atores envolvidos na comunidade
e na atividade turística e “a inserção de seus empreendimentos associativos e/ou
individuais, comunitários, urbanos e rurais, propõe uma nova dinâmica de integração
socioeconômica, de reconstrução e fortalecimento do tecido social imerso na arena
turística”.
A pesquisa sobre o turismo como fator de desenvolvimento local deve ser incrementada
em lugares em que novos projetos possam surgir, naqueles em que o turismo já está em
implantação ou em desenvolvimento e ainda, em locais turísticos que se encontram nas
últimas fases de seu ciclo de vida. O rejuvenescimento do destino é possível, e o
desenvolvimento que pode acompanhá-lo dependerá de planejamento, engajamento e
participação do público mais interessado no local: os autóctones e aqueles que ali
vivem. Assim, é imprescindível que continuem sendo feitos estudos que apontem os
caminhos adequados para que o turismo possa contribuir para o desenvolvimento local.
Melhorar a qualidade de vida dos envolvidos neste fenômeno deve ser preceito básico
para lugares que vislumbraram no turismo uma possibilidade de desenvolvimento local.

Para tanto, deve ser considerado aqui o incremento econômico, o aumento das
capacidades e habilidades dos habitantes, melhorias na infraestrutura local, respeito aos
costumes e tradições e preservação do meio ambiente natural.
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5. Referências Bibliográficas
ÁVILA, V. F. Cultura de subdesenvolvimento e desenvolvimento local. 1ªEd, UVA
editora, Rio de Janeiro, Brazil, 2006.

BUTLER, R. W. The Concept of a Tourist Area Cycle of Evolution: Implications for


Management of Resources. Canadian Geographer. 1980, p. 5-12.

CHONGUIÇA, E. “Review and analysis of specific transboundary natural resource


management [online] Disponivel na internet via http://www.iucnrosa.org.zw, data:
30/08/2021

FORTUNATO, R. A; SILVA, L. S. Os significados do turismo comunitário indígena


sob a perspectiva do desenvolvimento local: o caso da reserva de desenvolvimento
sustentável do Tupé, vol 5, n.2, 2011, p. 85-100.

KOTLER, P. Marketing Management. New Jersey: Prentice-Hall, 1988.

LONG, A.; PLOEG, J. D. Born from within: practice and perspectives of endogenous
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SALVATIERRA, N. M. e MAR, I. C. Construcción de servicios turísticos a nivel local


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VILA, M.; COSTA, G.; ROVIRA, X. The creation and use of scorecards in tourism
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