Os Conflitos Entre Machismo E Feminismo Na Educacao Por Rousseau E Wollstonecraft
Os Conflitos Entre Machismo E Feminismo Na Educacao Por Rousseau E Wollstonecraft
Os Conflitos Entre Machismo E Feminismo Na Educacao Por Rousseau E Wollstonecraft
ROUSSEAU E WOLLSTONECRAFT
Jorge-Américo Vargas-Freitas
Abstract: The research drives itself to conflict the machismo position of Rousseau against
the feminist disposition of Wollstonecraft about education, exploring the notions exposed,
respectively, in Emile, or on education and A vindication of the rights of woman . To
conduct such enterprise, the study examine the perspectives expressed in the Book V and
in the Chapter 5 of each work. Thus, will be represented the dialogue between both
philosophies.
Introdução
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historicamente premeditado à submissão. Ou seja, a educação pedagógica para ambos é,
conceitualmente, o instituto fundamental para o condicionamento negativo ou positivo da
mulher.
Livro Quinto
Assim, Rousseau estipula uma série de deveres femininos que devem ser educados
desde a infância à menina para formar o perfil desejável aos homens nas mulheres.
Capciosamente, ao cumprir esses dados desígnios, a mulher sucede em servir ao homem e,
simultaneamente, falha em alcançar seus verdadeiros objetivos. Portanto, desde a
juventude, a subjetividade feminina é preparada para realizar um objetivo que tem como
propriedade básica a impotência da feminilidade.
Rousseau perfila um tipo de mulher ideal que tem como definição a negação de sua
própria natureza. Para ele é sensato que a mulher deixe de ser o que é para ser o que, em
sua opinião, ela deveria ser. A imposição social sobre a moral feminina, logo, aceita mais
a mulher quanto menos ela aprimora sua natureza, quer dizer, a condecoração de seu erro,
destina a mulher à falha.
Desse modo, a mulher fica a mercê tanto do indivíduo com quem se casa quanto da
coletividade julgadora de seus comportamentos, devendo, portanto, ela mesma suspeitar
de seus próprios modos. Concordando com o sistema de Rousseau, é presumível que a
mulher aprenda a compreender o sofrimento, a injustiça e todos os males provocados pelo
querer do homem. Submissa às vontades do homem e não às próprias, a decepção passa a
ser uma consequência natural de suas ações e das situações às quais deve se prestar.
Todavia, Rousseau com essa didática, que se educa em casa, na escola e na rua, a
fim de controlar os instintos da feminilidade, ainda é capaz de colocar que a beleza é o
dote moderador da mulher em relação aos dons do homem. Tal prepotência invalida os
demais adjetivos possíveis e limita a mulher a ser talentosa apenas naquilo que mais
convém ao homem, plenipotente. Consequentemente, a igualdade não é o fim a que se
motiva a doutrina.
Enquanto um homem pode se dedicar livremente aos afazeres que lhe interessem
subjetiva e objetivamente, aprimorando suas capacidades, as mulheres se enveredam pelo
ramo das preocupações comportamentais. A psicologia feminina proposta por Rousseau é
subvertida por interesses fúteis no que a mulher precisa se predispor a atrair a atenção do
homem. A reprogramação dos hábitos em coerência aos padrões estereotípicos serve como
motor alienante que age sorrateiramente na subconsciência da mulher.
Capítulo 5
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Wollstonecraft, diante da opinião de Rousseau, devido à prepotência do filósofo, não
pode deixar de reagir dialeticamente, na constatação dos exageros de sua filosofia e pela
crítica direta à sua opinião. A noção de se domesticar o gênero feminino conforme os
feitios do gênero masculino está embutida na própria programação pedagógica masculina,
sendo a educação feminina subproduto desvirtuado intencionalmente. A filósofa nota uma
contradição basilar em tal tipo de doutrina, pois, não é possível sustentar a superioridade
do homem se ele é dependente da assistência feminina, uma vez que aquele pretende
domesticar essa com a finalidade de que a mulher sirva para suprir carências notoriamente
confirmadas pelo filósofo.
Interessante é que tal constatação trivial não é fundamental para a doutrina feminista
de Wollstonecraft, mas é essencial para indicar contradições imaturas constantes da
própria literatura do filósofo. Ela esclarece que, se realmente é a satisfação do homem o
dever da mulher, então, devido à extrema facilidade com que a mulher lida com tais
atributos e a enorme dificuldade do homem em garantir suas vontades, é incabível falar
em superioridade masculina e em inferioridade feminina. Quer dizer, em outras palavras,
para se dedicar a algo que já faz tão bem, não seria uma demanda se especializar
didaticamente em tais atividades; pejorativamente, é possível indagar o intuito de tal
pedagogia não se destinar, senão, a controlar os potenciais femininos para certificar a
superação masculina.
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como nota Wollstonecraft, afinal, a satisfação de ambos depende de consenso, equilíbrio,
harmonia. Realmente, não há nada nestas classes conceituais que diferencie os sexos a
ponto de justificar a desigualdade de oportunidades.
Wollstonecraft explica como a diferenciação dos sexos começa desde cedo com o
intuito de estabelecer as distinções sociais entre o homem e a mulher. Enquanto o menino
é intimado a assumir sua masculinidade, a menina é intimada a assumir sua feminilidade.
Porém, como as habilidades potenciais humanas são divididas entre os gêneros, o
procedimento masculino se torna vantajoso, a pena feminina, desvantajosa.
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homens, causalmente, consolidam a desigualdade. O costume e a tradição, sozinhos,
perfazem a mutação, como registra Wollstonecraft.
Para Wollstonecraft, toda perversidade embutida neste sistema pedagógico por si só,
é condição suficiente para invalidar a dignidade da fórmula para determinar o certo e o
errado. O princípio racional malfazejo, em si mesmo, porta erros bastantes para não ser
confiável. Por isso, é infundável crer que, pelas razões expressas por Rousseau, deva o
homem agir sobre a mulher como bem entender.
Um sistema vicioso como o proposto, que tem como definição levar a mulher à
falha, não pode esperar, sob pena de contradição, que alguém sucederá nestas condições.
O desequilíbrio provocado no âmago da feminilidade desvirtua a natureza da mulher a
ponto de criar um novo ser, alienígena à essência da natureza. Um ser condicionado pela
criatura, não pelo criador, certamente, apresenta defeitos incontroláveis e esperar que uma
espécie experimental de indivíduo possa ser apropriada a satisfazer as necessidades
humanas parece ser absurdo, como deixa claro Wollstonecraft.
Conclusão
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Não obstante, o diálogo filosófico se mostrou feliz por trazer às letras o sentido
racional preciso. O desequilíbrio planejado por Rousseau acaba servindo como pretexto
para o esclarecimento de ideias claras e nítidas sobre como a feminilidade passiva se
efetivou na histórica. O equilíbrio, neste contexto, é o clamor de Wollstonecraft que,
apesar de parecer pouco, pretende outros destinos para a educação, como instrumento
promotor da igualdade entre os gêneros.
Bibliografia