Etapa Da Educação Infantil: Documento Curricular Do Território Maranhense

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2.

ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Este Documento Curricular do Território Maranhense para a Educação Infantil foi elaborado a
muitas mãos, de modo democrático e participativo, contando com a colaboração de profissionais da
educação de todo o estado. Está em sintonia com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
essa etapa da Educação Básica, homologada pelo Ministério da Educação em dezembro de 2017, e tem
como objetivo nortear as propostas pedagógicas de todas as unidades educativas públicas e privadas
do Maranhão.
A Educação Infantil constitui uma etapa estratégica para o desenvolvimento das pessoas. É impor-
tante destacar que houve uma mudança considerável na concepção que se tinha acerca da infância e
no atendimento prestado no âmbito das instituições que trabalham com as crianças. Historicamente
ofertada no Brasil em caráter assistencialista, a Educação Infantil era reduzida a um espaço voltado ao
ato de guardar e cuidar da criança. Ao longo do tempo essa visão foi sendo reconstruída e atualmente
essa etapa passou a ser compreendida como parte do processo educativo, no qual o binômio cuidar-
-educar é indissociável. Os eixos norteadores das práticas pedagógicas atuais são as interações e as
brincadeiras (BRASIL, 2009).
A Educação Infantil no Brasil vem passando por um forte processo de expansão. Esse movimento
não é recente. Já nas décadas de 1970 e 1980, com as mudanças advindas da urbanização da sociedade
e da entrada da mulher no mercado de trabalho de modo mais massificado, observou-se uma amplia-
ção no atendimento das crianças. Importante mencionar, também, a pressão de movimentos sociais
para que o poder público incluísse essa temática em sua agenda de políticas públicas. Mas é preciso
registrar que esse movimento foi intensificado ao longo das últimas décadas.
A Constituição de 1988 representou um marco na compreensão da Educação Infantil como um
direito das crianças e também contribuiu, junto com o arcabouço legal aprovado posteriormente, para
a ampliação do atendimento a esse público. Com os avanços no reconhecimento da relevância da
Educação Infantil, sua inscrição no cenário legal no campo dos direitos sociais e a expansão da oferta
de vagas em creches e pré-escolas, outras temáticas passaram a ser tratadas de modo mais sistemático,
como a questão da qualidade da educação ofertada às crianças.
Falar de qualidade na Educação Infantil implica considerar uma série de aspectos que, juntos, garan-
tem o direito das crianças de desenvolver todas as suas potencialidades. Isso vai desde a ­infraestrutura
das unidades educativas até o planejamento dos projetos pedagógicos, o currículo a ser implementa-
do, a disponibilização de materiais educativos, além da formação inicial e continuada e condições de
trabalho dos profissionais da educação que se dedicam a essa tarefa. Dessa forma, este material, que
está em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, constitui um
elemento essencial para orientar o trabalho pedagógico no sentido de assegurar os direitos de apren-
dizagem e desenvolvimento das crianças.
O texto está organizado em cinco partes. Inicialmente, a Educação Infantil é analisada no cenário
dos direitos. Em seguida, é apresentada uma reflexão sobre o planejamento da prática pedagógica e o
currículo na Educação Infantil, para em continuidade serem abordados os direitos de aprendizagem
e desenvolvimento, os campos de experiências e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
propostos pela BNCC. Nessa parte, vale destacar a sugestão de uma série de possibilidades de expe-

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riências que as crianças podem e devem vivenciar no ambiente educativo. Na sequência, são tecidas
considerações sobre a avaliação na Educação Infantil. Por fim, é discutida a transição da Educação
Infantil para o Ensino Fundamental.

A Educação Infantil no cenário dos direitos

Atualmente, existe uma importante legislação no Brasil que assegura os direitos das crianças em
vários setores, como educação, saúde, segurança, entre outros. O art. 227 da Constituição de 1988,
com nova redação dada pela Emenda Constitucional no 65, de 2010, é bastante explícito ao registrar
as responsabilidades da família, da sociedade e do Estado:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com


absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionali-
zação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão (CF de 1988, art. 227).

O fato de todos os direitos estarem assegurados pela Constituição de 1988 com relação à educação
e bem-estar das crianças, não significa que só o Estado tem esse dever, e a família não pode de forma
alguma eximir-se dessa responsabilidade. Com isso pode-se dizer que o Estado complementa a ação
da família promovendo subsídios como a criação de políticas para amparo da criança. Essas políticas
devem, entre outras coisas, assegurar o direito à educação por meio das políticas educacionais para a
infância.
Especificamente em relação à educação, a Carta Magna estabelece que a responsabilidade do Estado
deve ser efetivada mediante a oferta de “Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crianças de até 5
anos de idade” (Emenda Constitucional no 53, de 2006) e “Educação Básica obrigatória e gratuita dos
4 aos 17 anos de idade” (Emenda Constitucional no 59, de 2009). Como se vê, o Estado deve ofertar a
Educação Infantil para crianças com até 3 anos de idade em creches, sendo facultada às famílias a matrí-
cula, mas a partir dos 4 anos de idade tanto a oferta quanto a matrícula na pré-escola são obrigatórias.
Importante fazer referência à questão do regime de colaboração instituído pela Constituição no
campo da educação. À União cabe a coordenação da política nacional de educação e o desempenho
da função redistributiva e supletiva, entre outras atribuições. Os municípios devem atuar priorita-
riamente nas etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, ao passo que os estados devem
atuar prioritariamente nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Desse modo, é possível
constatar que a responsabilidade prioritária pela oferta da Educação Infantil cabe aos municípios, o
que não dispensa uma participação ativa tanto da União quanto dos estados.
Outros documentos legais posteriores também reiteram o direito das crianças. É o caso do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), que adicionalmente dá legitimidade aos mecanismos de parti-
cipação e controle social na criação de políticas para a infância. Além disso, há políticas que foram
sendo desenvolvidas ao longo do tempo para garantir a materialização desse direito, como a Política
Nacional de Educação Infantil implementada pelo Ministério da Educação em 1994, com a finalidade
de qualificar o atendimento institucional à criança.

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394/1996), reitera os aspectos tratados
na Constituição e os aprofunda. É sempre oportuno retomar as finalidades da Educação Infantil, de-
talhadas na LDB, conforme apresentado a seguir:

Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o de-
senvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (Redação dada pela
Lei no 12.796/13).

Essa mesma lei denomina a instituição educacional que atende a crianças de 0 a 3 anos de idade
como creche, e a instituição que atende a crianças de 4 a 5 anos de idade como pré-escola. Vale registrar
que a partir da Lei no 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, o Ensino Fundamental passou a ser de nove
anos. Com isso, as crianças de seis anos de idade começaram a frequentar o Ensino Fundamental e
não mais a pré-escola.
Documentos relevantes para o fortalecimento da Educação Infantil foram os Referenciais Curricu-
lares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI), publicados em 1998, com o objetivo de referenciar
e orientar as ações pedagógicas. A ideia dos RCNEI era contribuir com as várias fases do processo
educativo, desde o planejamento até a avaliação das práticas educativas. Nessas práticas, seguramente
questões relacionadas à diversidade e à pluralidade das crianças brasileiras deveriam ser levadas em
consideração.
No ano de 2006, foi elaborada a Política Nacional de Educação Infantil para garantir o direito das
crianças de 0 a 6 anos de idade à educação. Ainda nesse mesmo ano, foram publicados os Parâmetros
Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, volumes I e II, cumprindo o exposto no Plano Na-
cional de Educação (Lei no 10.172/01), relacionado ao estabelecimento de parâmetros de qualidade
nos serviços de Educação Infantil e expresso nas diretrizes da Política Nacional de Educação Infantil
(BRASIL, 2006a).
Outros documentos importantes nesse campo podem ser citados, como os Parâmetros de Qua-
lidade para a Educação Infantil (2008), os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de
Educação Infantil (2008), os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (2009), os Critérios para
um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças (2009) e a Política
de Educação Infantil: Relatório de Avaliação (2009).
Em 2009, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) foram homo-
logadas, em atualização às diretrizes existentes para essa etapa da Educação Básica desde 1999. Vale
reafirmar que esse documento é de caráter mandatório. Acerca da caracterização das instituições que
trabalham com Educação Infantil e da organização dessa etapa, o documento afirma o que segue:

Art. 5o A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-
-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem
estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5
anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por
órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.
§ 1o É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem
requisito de seleção.

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§ 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o
dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula.
§ 3o As crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na Edu-
cação Infantil.
§ 4o A frequência na Educação Infantil não é pré-requisito para a matrícula no Ensino Fundamental.
§ 5o As vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências das crianças.
§ 6o É considerada Educação Infantil, em tempo parcial, a jornada de, no mínimo, quatro horas
diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas diárias, com-
preendendo o tempo total que a criança permanece na instituição (BRASIL, 2009:29).

Importante observar o que as Diretrizes apontam em relação ao currículo. Segundo a Resolução


no 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixou as DCNEI:

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular
as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio
cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento
integral de crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009:18).

O documento defende, em seu art. 4o, que as propostas pedagógicas trabalhadas com as crianças
as coloquem no centro do planejamento curricular, tendo em vista serem elas sujeitos históricos e de
direitos. A criança, conforme destacado em suas interações e vivências “constrói sua identidade pessoal
e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).
Uma referência precisa ser feita ao Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela Lei no 13.005,
de 2014. Esse plano apresenta metas de expansão do acesso e melhoria da qualidade da Educação
Infantil. A meta 1 do PNE previa a universalização da pré-escola, destinada a crianças de 4 a 5 anos,
já em 2016, bem como a ampliação da creche para crianças de até 3 anos de idade, com a perspectiva
de atendimento de 50% dessa população até 2024. Entre as estratégias dessa meta, importa destacar
a que prevê

Estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de formação para


profissionais da educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e propostas pedagógi-
cas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às
teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos (PNE, meta 1,
estratégia 9).

Vale ressaltar que a LDB já apontava, em seu art. 26, que os currículos da Educação Infantil de-
veriam ter uma base nacional comum, “a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos” (Redação dada pela Lei no 12.796/13).
Nesse sentido, foi importante a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a
Educação Infantil, ocorrida em dezembro de 2017. Na BNCC, a Educação Infantil tem destaque como
instrumento de transformação humana, emancipação social e cidadania. Para o seu fortalecimento

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e disseminação é preciso que políticas públicas sejam implementadas e responsabilidades com esse
público sejam assumidas.
Tendo em vista que as instituições de Educação Infantil são espaços com a finalidade tanto de
cuidar quanto de educar das crianças de 0 a 5 anos, a BNCC, por meio de sua estrutura, considera o
desenvolvimento da criança em seus diferentes aspectos e apoia-se nos princípios éticos, políticos e
estéticos expressos nas DCNEI.
As proposições da BNCC concebem a escola como instituição cuja finalidade é possibilitar o
crescimento humano nas suas relações interpessoais, bem como propiciar a apropriação do conhe-
cimento historicamente elaborado, tendo como referência a realidade do educando. Desse modo, o
objetivo maior da escola é contribuir para a formação de cidadãos capazes de analisar, compreender e
intervir no mundo em que vivem, buscando sempre alcançar o bem-estar no plano pessoal e coletivo
(BRASIL, 2017).
Vale destacar que no final de 2018, ano de construção do presente documento maranhense, mais
dois documentos foram divulgados pelo Ministério da Educação em consonância com a BNCC
­(BRASIL, 2017), a saber: Campos de Experiências: efetivando direitos e aprendizagens na Educação
Infantil (OLIVEIRA, 2018) e Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação Infantil, uma revisão
do documento de 2008.
É necessário reafirmar que, apesar de uma legislação e documentação tão consistente no âmbito
da Educação Infantil, são as práticas docentes no cotidiano das instituições, embasadas por esses
materiais escritos, que irão legitimar o trabalho nessa etapa e os direitos das crianças, de aprender, de
se desenvolver e ser feliz nas creches e pré-escolas brasileiras e do Estado. Essas práticas pedagógicas
devem ser apoiadas por condições de trabalho que valorizem os professores e outros profissionais da
educação.
A escola é um espaço vivo e democrático. Deve garantir o acesso ao ensino de qualidade, favorecendo
a permanência do aluno e a inclusão social. É importante que essa instituição propicie práticas coletivas
de discussão e participação de toda comunidade escolar; que oportunize o acesso ao conhecimento, sua
construção e recriação permanente; que envolva a realidade das crianças, suas experiências, saberes e
culturas; e que possa, ainda, estabelecer a necessária relação entre teoria e prática.
A instituição de Educação Infantil é um espaço em que profissionais especializados gestam uma
ação educativa comprometida com o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Nesse espaço, por
meio do brincar, são criadas situações cotidianas que favorecem a construção da identidade das crian-
ças, da imagem que elas possuem de si mesmas e do mundo que as rodeia. Ao experimentar diversas
vivências, a criança realiza aprendizagens que contribuem para o desenvolvimento de funções sociais
e cognitivas, na perspectiva da interação social e do desenvolvimento socioemocional.
Considerando todas essas premissas conceituais, legais e pedagógicas, o Documento Curricular
do Território Maranhense para a Educação Infantil, em consonância com a BNCC, apresenta como
eixos integradores das práticas pedagógicas a interação e a brincadeira. Para assegurar os seis direitos
de aprendizagem e desenvolvimento no cotidiano das instituições de Educação Infantil (conviver,
brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se), são trabalhados os cinco campos de experiências
apontados neste documento (o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e
formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; e espaços, tempo, quantidades, relações e transforma-
ções), assim como os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, por faixa etária.

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O documento, também em sintonia com a BNCC, trabalha com as seguintes faixas etárias: bebês
(0 a 1 ano e 6 meses) e crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses), ambos atendidos
no âmbito de creches, e crianças pequenas (4 a 5 anos e 11 meses), atendidas em pré-escolas.
As instituições de Educação Infantil devem concretizar projetos de aprendizagem focados na
formação da identidade da criança, em especial com base em vivências lúdicas. Vale destacar a im-
portância de garantir a unidade do trabalho de toda a comunidade educativa, inclusive da família,
desenvolvendo ações que fortaleçam a identidade da instituição educacional, integrando princípios,
valores e práticas que dialoguem entre si na busca da formação da criança crítica e reflexiva, que se
expresse por diferentes linguagens e conheça a si e ao mundo de forma curiosa e questionadora. Assim,
é necessário promover momentos de discussão, reflexão e estudo permanente deste documento e de
outros que norteiam as práticas na Educação Infantil.
Como um direito humano e social de todas as crianças, os sistemas e redes de ensino, assim como
as instituições que trabalham com esse público, devem atentar fortemente para a questão da inclusão.
Esta é, com efeito, uma responsabilidade e um compromisso que fazem parte da função social da es-
cola. Os princípios da escola inclusiva encontram respaldo na LDB de 1996, entre outras legislações,
quando em seu art. 58 aponta que a educação especial deve ser “oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação” (Redação dada pela Lei no 12.796/13).
Cabe mencionar a necessidade de que as instituições educativas trabalhem com o suporte do
atendimento educacional especializado (AEE), sendo esse atendimento realizado nas próprias uni-
dades de Educação Infantil. O AEE voltado para as crianças considera, sobretudo, a importância da
brincadeira e da interação para o desenvolvimento das competências e habilidades socioafetivas,
intelectuais e psicomotoras das crianças no próprio contexto da Educação Infantil. Assim, faz-se
necessária a construção de estratégias pedagógicas e de acessibilidade para o pleno desenvolvimento
das crianças.
O AEE para as crianças, assim como para os demais alunos de outros níveis e etapas de escolari-
dade, não substitui o ensino comum. É um serviço complementar/suplementar e que, no contexto da
Educação Infantil, ocorre nos espaços da unidade educativa, no ambiente comum a todas as crianças,
onde suas necessidades específicas são e devem ser atendidas. Esse atendimento, portanto, deve ser
realizado junto à turma das crianças, a fim de promover sua plena participação e a construção de sua
autonomia e independência.
As crianças serão atendidas na sala de recursos multifuncionais quando houver a necessidade de
utilizar outros recursos específicos para suas necessidades, e sempre que esses não possam ser integra-
dos à rotina da sala da Educação Infantil. Salvo esse aspecto, o AEE para as crianças deve ser realizado
preferencialmente nos próprios ambientes dos centros de Educação Infantil, como berçários, solários,
parquinhos, salas de recreação, refeitórios, entre outros espaços.
É preciso, pois, garantir que a criança seja atendida e respeitada como sujeito de direitos (BRASIL,
1988; BRASIL, 1994; BRASIL, 2009), que tem voz. Para isso, é fundamental a sensibilidade do professor
dessa etapa, que deve perceber e ouvir os bebês e crianças como seres dotados de capacidades, conside-
rando seus desejos, potencialidades, necessidades e aprendizagens. Sua prática pedagógica deve estar
voltada para a conquista de diferentes maneiras de fazer das crianças, observando suas características
individuais e a diversidade de meninos e meninas da Educação Infantil.

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Em linhas gerais, espera-se que a escola, enquanto instituição socializadora do saber, cumpra a
função básica de oportunizar às crianças situações de acesso à aprendizagem de maneira formal, ins-
titucionalizada e apoiada nos referenciais da ética, cidadania e dignidade, ampliando a cultura trazida
pelas crianças e a própria cultura da instituição escolar.

Planejamento da prática pedagógica: o currículo em ação na Educação Infantil

O planejamento é uma atividade estratégica em todas as etapas e modalidades de ensino. Para as-
segurar os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil, é importante
que o fazer pedagógico tenha intencionalidade. Nessa etapa, o ato de cuidar e educar constitui duas
faces de uma mesma ação a ser desenvolvida com a atenção necessária, desde a forma como o espaço
educativo é organizado até a seleção dos materiais, as intervenções do professor durante as atividades,
entre outros aspectos. Conforme o Parecer no 20/09, que fixa as DCNEI (BRASIL, 2009:10):

Um bom planejamento das atividades educativas favorece a formação de competências para a criança
aprender a cuidar de si. No entanto, na perspectiva que integra o cuidado, educar não é apenas
isto. Educar cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a curiosidade,
a ludicidade e a expressividade infantis.

Ainda sobre planejar, Ostetto (2000:14) destaca que:

O planejamento é um recurso para a organização do espaço, do tempo, dos materiais, das atividades,
das estratégias de trabalho que trazemos e das que surgem em nossa relação com as crianças. É
ainda o instrumento que ajuda na organização do diálogo entre as expressões infantis e a cultura
vigente no mundo social mais amplo; contribui para que você possa contornar dificuldades de
organização do trabalho. Marca a intencionalidade do processo educativo, que está presente na
elaboração do planejamento: nas escolhas que fazemos, nos caminhos que traçamos.

O planejamento no contexto de creches e pré-escolas possui especificidades. Nessa etapa da edu-


cação, é essencial considerar o valor das interações e das experiências que provoquem a curiosidade, o
estabelecimento de relações entre aquilo que as crianças conhecem e o que ainda lhes é novo, a desco-
berta a partir de situações nas quais tenham a oportunidade de escolha, de exercitar a sua autonomia,
conhecendo a si próprias (suas necessidades, preferências, desejos), aos outros e às “coisas” do mundo
que as cerca. Isso significa que aprender, na Educação Infantil, deve ser sempre uma experiência de
conhecimento de si e do mundo.
É importante e necessário proporcionar às crianças diferentes experiências: de vivências coletivas
com outros grupos, de brincadeiras, de escolher propostas de atividades das quais queiram participar,
de trabalho em pequenos grupos, todas estas em espaços diferentes da escola, com materiais diversos e
organizados pelo professor em seu planejamento. Portanto, as ações e práticas precisam ser planejadas,
vendo a criança como o centro do processo educativo (BRASIL, 2009).
O ato de planejar precisa ser bem cuidado e refletido, pois deve ter um caráter flexível também
porque a ação pedagógica só é verdadeiramente pedagógica se for “ajustada” às crianças às quais se

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destina: às suas possibilidades e necessidades de aprendizagem, às suas hipóteses, às suas estratégias
pessoais para resolver os problemas apresentados pelas diferentes atividades propostas na rotina e daí
por diante.
A elaboração, a implementação e a avaliação do planejamento pedagógico, seja semanal, mensal ou
por períodos mais longos de atividades permanentes (exemplo: acolhida)/ocasionais (banho de man-
gueira) e projetos (projetos que surgem das curiosidades da turma; projetos da instituição; projetos da
comunidade), devem privilegiar rotinas flexíveis, criativas, fugindo de rotinas mecânicas e sem sentido
para as crianças, conforme o Parecer 20/2009, que aprovou as Diretrizes Curriculares de 2009. Além
disso, devem ser seguidas as orientações contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa-
ção Infantil, de modo a assegurar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento contidos na BNCC.
As Diretrizes, em seu art. 3o, concebem o currículo “como um conjunto de práticas que buscam
articular as experiências e saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio
cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de
crianças de 0 a 5 anos de idade”. Desse modo, fica evidente a relação necessária entre os conhecimentos
que as crianças já possuem de si, dos outros e do mundo, com os demais conhecimentos construídos
pela sociedade, ao longo da história.
Vale registrar que as propostas pedagógicas, os currículos e as práticas pedagógicas cotidianas
na Educação Infantil devem estar alinhadas com alguns princípios, como apontado nas DCNEI e na
BNCC, a saber: éticos, políticos e estéticos. Segundo o art. 6o desse documento legal, os princípios
éticos são aqueles “da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum,
ao meio ambiente, às diferentes culturas, identidades e singularidades”; os princípios políticos são os
“dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática”; os princípios
estéticos, por fim, são os “da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão
nas diferentes manifestações artísticas e culturais” (BRASIL, 2009).
Esses princípios não podem ser ensinados ao se dar “aulas” sobre eles, mas são aprendidos e incor-
porados pelas crianças nas interações que acontecem com os adultos da instituição que frequentam
desde bebês. É por meio de relações e interações de qualidade, respeitosas, democráticas e de con-
fiança que os princípios são vivenciados e socializados entre crianças e adultos (professores, famílias
e funcionários). Dessa forma, as práticas pedagógicas nesse contexto devem perceber bebês e crianças
como sujeitos holísticos, inteiros, potentes,

de modo a não fragmentar a criança nas suas possibilidades de viver experiências, na sua compre-
ensão do mundo feita pela totalidade de seus sentidos, no conhecimento que constrói na relação
intrínseca entre razão e emoção, expressão corporal e verbal, experimentação prática e elaboração
conceitual. As práticas envolvidas nos atos de alimentar-se, tomar banho, trocar fraldas e contro-
lar os esfíncteres, na escolha do que vestir, na atenção aos riscos de adoecimento mais fácil nessa
faixa etária, no âmbito da Educação Infantil, não são apenas práticas que respeitam o direito da
criança de ser bem atendida nesses aspectos, como cumprimento do respeito à sua dignidade
como pessoa humana. Elas são também práticas que respeitam e atendem ao direito da criança
de apropriar-se, por meio de experiências corporais, dos modos estabelecidos culturalmente de
alimentação e promoção de saúde, de relação com o próprio corpo e consigo mesma, mediada
pelas professoras e professores, que intencionalmente planejam e cuidam da organização dessas
práticas (BRASIL, 2009:9-10).

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Os currículos e propostas curriculares das unidades de Educação Infantil devem ser documentos
vivos, que precisam ser construídos de modo coletivo e, além disso, necessitam de uma revisão perma-
nente no sentido de aperfeiçoar as condições de aprendizagem criadas para as crianças. Precisam estar
articulados às práticas culturais de determinado grupo social, no tempo e no espaço, já que expressam
uma cultura e como tal não podem estar desvinculados do contexto social mais amplo.
Diante disso é fundamental a organização de espaços e tempos inclusivos, ricos, desafiadores e
estimulantes, de modo que todas as crianças participem e se beneficiem em seu processo de desen-
volvimento. Para isso todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, emocionais
e sociais, devem ser compreendidas como sujeitos com potencialidades e capacidades, bem como
sujeitos que apresentam ritmos de aprendizagem diferentes, sendo necessário e fundamental di-
versificar as atividades e as estratégias que considerem, sobretudo, as particularidades dos ritmos
infantis.
As DCNEI estabelecem como eixos norteadores das práticas pedagógicas as interações e as
brincadeiras (BRASIL, 2009). Esses eixos devem garantir às crianças experiências que promovam o
conhecimento de si e dos outros, incentivem a curiosidade, promovam interações significativas, além
do acesso a conhecimentos sobre a realidade brasileira, cuidado com o meio ambiente, entre outros.
Essas brincadeiras podem ser organizadas por meio de jogos tradicionais, jogos de regras e faz de
conta, no parque ou espaços externos. O professor, como adulto referência na creche ou pré-escola,
pode investir para que, aos poucos, as crianças desenvolvam atitudes de cooperação e, cada vez mais,
também sua imaginação, ampliando seus repertórios de brincadeiras e jogos.
É brincando com outras crianças, com adultos ou mesmo sozinhas que elas exploram o mundo,
organizam seu pensamento, elaboram seus afetos, investem em iniciativas, representando diferentes
papéis e situações sociais. É nessa direção que deve ser orientado o trabalho pedagógico, planejado no
cotidiano das instituições pelo professor, com apoio de uma gestão pedagógica. Utilizando novamente
as considerações do Parecer no 20/09, p. 15:

As crianças precisam brincar em pátios, quintais, praças, bosques, jardins, praias, e viver expe­
riências de semear, plantar e colher os frutos da terra, permitindo a construção de uma relação
de identidade, reverência e respeito para com a natureza. Elas necessitam também ter acesso a
espaços culturais diversificados: inserção em práticas culturais da comunidade, participação em
apresentações musicais, teatrais, fotográficas e plásticas, visitas a bibliotecas, brinquedotecas, mu-
seus, monumentos, equipamentos públicos, parques, jardins.

Como citado acima, é fundamental planejar situações em que se usem espaços livres nas áreas
externas e que essas áreas se configurem em propostas de interação de crianças com diferentes idades.
Atividades como jogos e brincadeiras cantadas são boas situações para tanto. São bem-vindos jogos
que permitam a socialização, a integração entre as crianças com o meio, garantindo o movimento
amplo, a autonomia, a cooperação, a experimentação.
Nessa perspectiva, o espaço físico concebido como um ambiente de aprendizagem tem um papel
fundamental no processo educativo. É nele que as crianças interagem entre si e com os adultos e, a
depender de como esteja organizado, pode possibilitar desafios compatíveis com suas possibilidades
de construção do conhecimento.

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Tendo essas ideias e concepções (re)afirmadas, planejar as ações a serem realizadas nas creches e
pré-escolas, com bebês e crianças, significa construir um currículo que acontece no e do cotidiano,
com a participação de todos os sujeitos envolvidos, numa relação democrática e de solidariedade.
Dessa forma, o principal papel do professor é apoiar bebês e crianças, ao longo de todas as suas ex-
periências cotidianas na Educação Infantil, em aprender a estabelecer uma relação positiva consigo,
fortalecendo sua autoestima, com o outro, criando interesse e curiosidade por conhecer o mundo,
familiarizando-se com diferentes linguagens, aprendendo a aceitar e acolher as diferenças entre as
pessoas (BRASIL, 2009).

Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, os campos de experiências,


e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

Um dos grandes avanços na Educação Infantil foi a definição de direitos de aprendizagem e de-
senvolvimento para as crianças, pois é através deles que os docentes irão repensar estratégias para a
prática pedagógica. A finalidade é assegurar às crianças as condições de aprendizagem em diversos
ambientes, por meio da vivência de desafios e construção de significados do mundo ao seu redor.
É importante que os professores conheçam e busquem estratégias para garantir o desenvolvimen-
to desses direitos de forma democrática. Conforme a Base Nacional Comum Curricular, são seis os
direitos de aprendizagens: conviver, brincar, explorar, participar, expressar e conhecer-se. Tais direitos
podem ser assim detalhados:

–– conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, construindo vínculos
afetivos, reconhecendo e respeitando as diferentes identidades;
–– brincar com diferentes parceiros, reconhecendo o sentido do singular, do coletivo, da autonomia
e da solidariedade, compartilhando brinquedos e espaços. Brincar com jogos de regras simples,
de faz de conta, entre outros; participar das brincadeiras de diferentes épocas e culturas, respei-
tando regras e combinados;
–– explorar diferentes formas de interação com pessoas e grupos sociais diversos, ampliando a sua
sensibilidade em relação aos outros, suas diferentes características individuais, respeitando-as;
explorar sua imagem, comparando-a com a imagem de outras pessoas. Explorar os papéis de
cuidar dos companheiros e de ser cuidado por eles. Explorar o mundo físico e social por meio
de todos os sentidos; explorar as brincadeiras de diferentes épocas e culturas; explorar o mundo
físico e social por meio de todos os sentidos;
–– participar ativamente das situações do cotidiano, tanto daquelas ligadas ao cuidado de si e do
ambiente quanto das relativas às atividades propostas pelo(a) professor(a), e às decisões da escola
de forma individual ou coletiva; participar com independência e autonomia em situações diversas;
participar de situações de auto-organização, como vestir-se ou desnudar-se; participar de jogos
interativos com adultos e crianças; participar de situações que envolvam a autoproteção e a co-
laboração com o outro; participar de práticas culturais que envolvam saberes e conhecimentos;
–– expressar às outras crianças e/ou adultos suas necessidades, emoções, desejos, preferências, inte-
resses, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, oposições, histórias e pensamentos
de modo autônomo e criativo; expressar-se por meio de diferentes linguagens;

62 Etapa da Educação Infantil

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–– conhecer-se e construir uma identidade pessoal e cultural como membro de diferentes grupos,
valorizando as próprias características e as das outras crianças e adultos, não compartilhando
visões preconceituosas e discriminatórias; conhecer o próprio corpo, suas características físicas,
reconhecendo-se ao ser chamado pelo nome; conhecer suas potencialidades, desenvolven-
do a autoconfiança; conhecer as pessoas e o espaço ao seu redor com as diferentes culturas,
relacionando-as com seu cotidiano e em outros contextos; conhecer e respeitar as diferentes
composições familiares.

Para possibilitar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças no cotidiano


das instituições de Educação Infantil, a BNCC estabelece cinco campos de experiências, a saber: eu,
o outro e o nós; corpos, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento
e imaginação; espaço, tempos, quantidades, relações e transformações. Tais campos foram funda-
mentados dentro das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) de 2009,
em que orienta-se que os saberes e conhecimentos propícios às crianças sejam associados às suas
experiências.
Não há uma ordem de prioridade por campo; os mesmos são complementares e interligados,
mantendo assim o equilíbrio no planejamento do professor, de forma a compreender as possibilidades
e oportunidades que bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas devem ter de aprender e se
desenvolver.
A noção de campos de experiências, trabalhada pela BNCC, propõe uma mudança na lógica do
currículo. Se antes esse documento era centrado na organização de conteúdos preestabelecidos, agora
passa a ser centrado na experiência da própria criança.
A problematização da prática didático-pedagógica do professor no cotidiano da unidade educativa
deve ser um exercício contínuo de reflexões sobre o currículo multicultural direcionado a diversas
abordagens, oportunizando ao sujeito espaço de vivências e reflexões, contribuindo na formação do
cidadão reflexivo, crítico e protagonista no seio da sociedade. De acordo com Faria (2012:79):

Foi essa concepção integradora que nos levou a propor algumas experiências relacionadas a saberes
e conhecimentos que contemplem as múltiplas relações das crianças com os conhecimentos da
natureza e cultura, mediadas pelas linguagens. Essas experiências que serão propostas, longe de
esgotarem as infinitas possibilidades de trabalhos com as crianças da Educação Infantil, pretendem
apenas provocar os professores a abrir ou ampliar o leque de propostas a serem feitas a elas, de
acordo com suas características e a realidade sociocultural na qual se inserem.

Nesse processo, é fundamental o desafio e propósito de um currículo integrado, que seja compro-
metido com a qualidade social da educação e que considere a regionalidade do estado e as diversidades
que compõem as infâncias, contrapondo-se às desigualdades (étnicas, raciais, de gênero, econômicas,
geográficas e religiosas). É preciso propor um espaço integrador coletivo na Educação Infantil, que
trabalhe conhecimentos e que ultrapasse os muros das instituições educativas, tendo como referência
a realidade social da criança. Essa construção deve estar contemplada no processo participativo de
elaboração dos projetos político-pedagógicos (PPP) das escolas.
A seguir, cada um dos campos de experiências será tratado de forma mais específica. Inicialmente
esses campos são fundamentados e, em seguida, apresentados a partir de um organizador curricular.

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Esse organizador é composto por partes correspondentes à idade das crianças, divididas em bebês
(0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas
(4 anos a 5 anos e 11 meses). Em síntese, para cada faixa etária são apresentados os campos de expe­
riências; os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento; e algumas possibilidades de experiências.

1. O eu, o outro e o nós

No campo de experiência “o eu, o outro e o nós” é possível observar a importância da construção


e desenvolvimento da identidade da criança. As experiências proporcionadas devem ensiná-las a viver
e conviver de forma democrática dentro dos mais variados contextos sociais, propondo uma educa-
ção que as impulsione a refletir sobre a diversidade, respeito ao outro, desenvolvendo sua autonomia.
Conforme apontado na BNCC:

É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio
de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes,
com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na
instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os
outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais
(BRASIL, 2017:38).

A grande conquista da criança em seu processo de desenvolvimento é a formação do seu eu, da


própria identidade, que continua a ser construída durante a vida inteira. A criança aprende a afirmar a
sua personalidade quanto aos seguintes aspectos: a) socialização; características individuais; autonomia;
independência; autoestima; bem-estar físico e emocional, auto-organização; b) formação do caráter e
valores humanos – respeito, solidariedade, compreensão, cooperação, companheirismo. A dimensão
prática dessa questão é imensurável.

Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças cons-
troem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o
meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças
entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes
atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas.
Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar
sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres
humanos (BRASIL, 2017:38).

A partir do cotidiano da vida escolar, as crianças formulam questionamentos sobre os eventos da


vida, sobre transformações, sobre o ambiente, sobre a cultura, sobre o futuro e o passado. Ao mesmo
tempo formulam questões sobre o mundo e sobre a existência humana. Os muitos “porquês” repre-
sentam o impulso em compreender a vida que as circunda, as experiências que são oportunizadas,
ajudando-as na construção do valor de suas ações.

64 Etapa da Educação Infantil

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Campo de experiências: o eu, o outro e o nós
Grupo 1 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Vivência de atitudes relativas a acolhimento, respeito, colaboração e partilha
com o próximo.
Apreciação de si mesmo em frente a um espelho, observando-o e identificando
seu perfil característico, relacionando-se com a própria imagem e com a do
outro.

(EI01EO01) Perceber que suas ações têm efeitos nas Expressão de múltiplas linguagens, tais como gestos, fala, ruídos, sons, músi-
outras crianças e nos adultos. cas, danças em acolhidas e outros tempos e espaços da rotina, além de rodas
de conversa.
(EI01EO02) Perceber as possibilidades e os limites
de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais Participação de manifestações culturais exprimindo seus sentimentos e emoções
participa. de acordo com sua diversidade cultural.

(EI01EO03) Interagir com crianças da mesma faixa Colaboração com as regras e rotinas diárias no ambiente de convivência para
etária e adultos ao explorar espaços, materiais, objetos, um melhor relacionamento com o outro.    
Bebês

brinquedos. Participação nas brincadeiras de diferentes épocas e culturas locais, como:


(EI01EO04) Comunicar necessidades, desejos e emo- bumba meu boi, côco, cacuriá, quadrilha, jornada, pêla.
ções, utilizando gestos, balbucios, palavras. Participação em situações para ouvir e emitir diversos sons, através de instru-
(EI01EO05) Reconhecer seu corpo e expressar suas mentos musicais de brinquedos ou recicláveis.
sensações em momentos de alimentação, higiene, Envolvimento com outras crianças na realização de diferentes brincadeiras como
brincadeira e descanso. imitações e gestos de animais, brincadeiras de roda e danças.
(EI01EO06) Interagir com outras crianças da mesma Exploração de todos os tipos de situações no cotidiano (sentir o cheiro da
faixa etária e adultos, adaptando-se ao convívio social. comida para saber qual será a refeição do dia).

Utilização de instrumentos da cultura voltado ao cuidado pessoal e às práticas


sociais como: pentes, objetos de higiene, descarga, papel higiênico, penico,
sanitário, talheres, louças e outros utensílios.
Participando de atividades com o grupo de crianças e adultos. Ouvindo os
colegas, aprendendo a dividir objetos, a ajudar e pedir a ajuda ao outro.

Campo de experiências: o eu, o outro e o nós


Grupo 2 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Participação de desafios por meio de brincadeiras e tarefas, demonstrando
satisfação e elogiando os colegas, independentemente do resultado.
Participação na escolha de brincadeiras, dos espaços e materiais, ampliando
(EI02EO01) Demonstrar atitudes de cuidado e solida- a linguagem e elaborando conhecimentos.
riedade na interação com crianças e adultos.
Compreensão progressiva de que os materiais de uso coletivo do ambiente
(EI02EO02) Demonstrar imagem positiva de si e con- escolar devem ser partilhados por todos.
fiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades
e desafios. Participação de roda de conversa com diálogos e músicas, além de contos e
Crianças bem pequenas

recontos.
(EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com
crianças da mesma faixa etária e adultos. Participação de experiências que envolvam atitudes de respeito para com o
outro, valorizando suas falas e expressões;
(EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos,
buscando compreendê-los e fazendo-se compreender. Participação em ações com o tema diversidade, em que possam identificar as
diferenças humanas, valorizando a diversidade (fotografia, recortes, desenhos).
(EI02EO05) Perceber que as pessoas têm características
físicas diferentes, respeitando essas diferenças. Colaboração na elaboração de regras de convivência do dia a dia.
(EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social Colaboração na organização de brinquedos e materiais de uso coletivo.
nas interações e brincadeiras.
Resolução de conflitos com a orientação de um adulto.
(EI02EO07) Resolver conflitos nas interações e brinca-
deiras, com a orientação de um adulto. Discussão e construção de regras simples pelas crianças em jogo e brincadeiras.
Demonstração de carinho e respeito para com o próximo, participando de
regras de convivência e aprendendo gradativamente a trabalhar em equipe
sabendo ouvir, dividir, pedir ajuda.

Documento Curricular do Território Maranhense 65

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Campo de experiências: o eu, o outro e o nós
Grupo 3 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Participação em passeios e/ou visitas a outras comunidades/bairros para
contato com grupos diversos.
Interação por meio de atividades lúdicas (jogos, brincadeiras dinâmicas), esti-
mulando essas relações de interação.
Participação em pesquisa junto com as crianças sobre as origens, raízes e
(EI03EO01) Demonstrar empatia pelos outros, perce- costumes culturais da família e da comunidade.
bendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, Exploração da própria imagem por meio de espelhos, folhas laminadas, víde-
necessidades e maneiras de pensar e agir. os, fotografias e desenhos, comparando-a com a imagem de outras pessoas.
(EI03EO02) Agir de maneira independente, com Exploração de materiais para a construção da sua identidade e das outras
confiança em suas capacidades, reconhecendo suas crianças.
conquistas e limitações. Vivências com recursos midiáticos para que as crianças possam se expressar,
contando e recontando histórias exercitando sua linguagem oral e escrita por
(EI03EO03) Ampliar as relações interpessoais, desenvol-
Crianças pequenas

meio de desenhos e pinturas.


vendo atitudes de participação e cooperação.
Exploração da própria imagem comparando-a com a imagem de outras pessoas.
(EI03EO04) Comunicar suas ideias e sentimentos a
Realização de exposições de objetos e/ou desenhos feitos pelas próprias crianças
pessoas e grupos diversos.
que expressem as suas preferências e a marca como sujeito.
(EI03EO05) Demonstrar valorização das características Realização de brincadeiras de faz de conta, proporcionando que assumam
de seu corpo e respeitar as características dos outros diferentes papéis, criando cenários, diálogos e tramas diversas, que permitam
(crianças e adultos) com os quais convive. significar e ressignificar o mundo social.
(EI03EO06) Manifestar interesse e respeito por dife- Expressão corporal, utilizando-se de espelhos, câmeras fotográficas, músicas etc.
rentes culturas e modos de vida. Exercícios favorecendo o reconhecimento de sua imagem no espelho e de seus
(EI03EO07) Usar estratégias pautadas no respeito objetos pessoais como elemento de identidade.
mútuo para lidar com conflitos nas interações com Organização da sala pelas crianças após a utilização dos materiais e expe­
crianças e adultos. riências diárias.
Acesso aos equipamentos culturais das proximidades da instituição (praças,
centros culturais, associações, ONGs etc.).
Participação das brincadeiras de diferentes épocas e culturas, valorizando
principalmente as regionais.
Construção de regras simples pelas crianças em jogos e brincadeiras.

2. Corpo, gestos e movimentos

No campo de experiências “corpo, gestos e movimentos” é abordada a linguagem corporal das


crianças, tanto no seu movimentar humano quanto na sua prática, funcional e sensorial, de forma
lúdica, expressiva e artística. Esse campo é assim apresentado na BNCC:

Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados
ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro,
sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade.
Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de
conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem
(BRASIL, 2017:39).

O movimento se torna necessário para a inserção da criança na produção cultural, contribuindo


para o processo de construção do sujeito.

As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e
movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a
consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação

66 Etapa da Educação Infantil

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Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas
pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão.
Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam,
sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo
repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados
modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar,
escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr,
dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017:39).

Os gestos e as mímicas faciais são meios utilizados pelas crianças para se comunicarem, se expressarem
e interagirem com o apoio do corpo. Dessa forma, os primeiros sinais de aprendizagem na infância são
evidenciados por meio do tato, do gesto, do movimento, do jogo, enfim, das construções elaboradas por
elas. O movimento assume um importante papel para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

Campo de experiências: corpo, gestos e movimentos


Grupo 1 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Participação de brincadeiras que despertem a curiosidade dos bebês como:
(EI01CG01) Movimentar as partes do corpo para expri- cobrir o rosto com a mão ou um pano e perguntar ao bebê pela pessoa e em
mir corporalmente emoções, necessidades e desejos. seguida descobrir o rosto e mostrar que o mesmo acertou ou achou.
(EI01CG02) Experimentar as possibilidades corporais Participação em brincadeiras que possibilitem os bebês se deslocarem em um
nas brincadeiras e interações em ambientes acolhe- ambiente propício (macio), se necessário mostrar um brinquedo que chame
dores e desafiantes. sua atenção para que se locomova em busca do objeto.
Participação de situações coletivas de danças ou outras formas corporais.
Bebês

(EI01CG03) Imitar gestos e movimentos de outras


crianças, adultos e animais. Participação de manifestações culturais de bumba meu boi, quadrilha e outras.
(EI01CG04) Participar do cuidado do seu corpo e da Movimentação das partes do corpo para expressar desejos, necessidades e
promoção do seu bem-estar. emoções.
Realização de jogos e brincadeiras de imitar outros bebês, gestos e movimentos
(EI01CG05) Utilizar os movimentos de preensão, en- de animais e adultos.
caixe e lançamento, ampliando suas possibilidades de
manuseio de diferentes materiais e objetos. Participação de vivências cotidianas de higiene pessoal e bem-estar individual
e coletivo.

Campo de experiências: corpo, gestos e movimentos


Grupo 2 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidade de experiências
Identificação de alguns sons produzidos pelo corpo, pela natureza ou pela
ação do homem, como: barulho de máquinas, carro, motores, entre outros.
Descoberta de como alguns gestos implicam produção sonora: raspar, assobiar,
bater palmas, tamborilar, deslizar etc.
(EI02CG01) Apropriar-se de gestos e movimentos de
sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras. Desenvolvimento de hábitos relacionados a diferentes situações: higiene
pessoal, saúde, bem-estar etc.
(EI02CG02) Deslocar seu corpo no espaço, orientando- Recorte com as mãos, com tesouras.
-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo,
Crianças bem pequenas

dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e Pintura com os dedos, com pincel de pelo.
atividades de diferentes naturezas. Exploração de leitura de imagens mais complexas (com vários elementos).
(EI02CG03) Explorar formas de deslocamento no es- Realização de modelagem livre e/ou direcionada.
paço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos Colagens, com diferentes materiais, incluindo elementos regionais/locais.
e seguindo orientações. Brincadeiras livres nos espaços da unidade escolar.
(EI02CG04) Demonstrar progressiva independência no Participação em brincadeiras que envolvam ações como: arrastar, levantar,
cuidado do seu corpo. subir, descer, passar por dentro, por baixo, saltar, rolar, virar cambalhotas e
demais expressões dos movimentos.
(EI02CG05) Desenvolver progressivamente as habili-
dades manuais, adquirindo controle para desenhar, Realização de diferentes movimentos corporais, compreendendo gradativa-
pintar, rasgar, folhear, entre outros. mente a lateralidade (direita e esquerda) e a noção de espaço (frente, atrás,
em cima, embaixo) de forma lenta, moderada e acelerada, por meio de músicas
e brincadeiras.
Comparação de medidas (maior, menor, curto/comprido, grande /pequeno,
mesmo tamanho, alto/baixo, largo/estreito), fazendo uso de materiais concretos.

Documento Curricular do Território Maranhense 67

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Campo de experiências: corpo, gestos e movimentos
Grupo 3 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Exploração das possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se
nas brincadeiras e nas demais situações de interação.
Vivências de jogos e brincadeiras que envolvam o corpo (empurrar, empilhar,
pular, jogar, correr, arrastar-se, engatinhar, rolar, andar, equilibrar-se, subir, des-
cer, passar por baixo, por cima, por dentro, por fora, sentar, arrastar, engatinhar,
rolar, ficar em pé com apoio, andar, correr, pular, chutar, saltar, rodar, dançar,
marchar, subir escadas, ultrapassar obstáculos, passar por dentro, equilibrar-se,
abraçar, esconder, passar por circuitos, túneis, trilhas etc.).
Brincadeiras de imitação e que produzam sons com o próprio corpo.
Brincadeiras no espaço externo da instituição, usando diversos materiais/
brinquedos (bolas, bambolês, latas, garrafas, cordas etc.).
Exploração de materiais e objetos de diversas formas: pegar, encaixar, empilhar,
escrever, puxar, segurar, enfileirar, agrupar, chutar, arremessar etc.
(EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de Utilização de jogos de construção (casinhas, pontes, torres e outros jogos de
expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto montar).
nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, Manipulação e criação de formas com massa de modelar, argila, areia, gesso
dança, teatro, música. e outros materiais.
(EI03CG02) Demonstrar controle e adequação do Uso das novas tecnologias (usar microfones, gravar histórias, utilizar projetores
uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e de imagem).
Crianças pequenas

reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras Vivência nas experiências de calçar e descalçar-se utilizando sapatos ou sandálias
possibilidades. com fivelas, cadarços etc.
(EI03CG03) Criar movimentos, gestos, olhares e mími- Uso de equipamentos de informática pelas crianças: computadores, tablets,
cas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como celulares, jogos e aplicativos educacionais.
dança, teatro e música. Brincadeiras de faz de conta que possibilitem às crianças assumir diferentes
(EI03CG04) Adotar hábitos de autocuidado relacionados papéis, criando cenários, diálogos e tramas.
a higiene, alimentação, conforto e aparência. Vivência de momentos de expressão facial, corporal, através de espelhos,
fotografias, canções etc.
(EI03CG05) Coordenar suas habilidades manuais no
atendimento adequado a seus interesses e necessi- Observação da própria imagem no espelho, e imitação dos gestos dos colegas.
dades em situações diversas. Filmagem de dramatização das crianças e posterior reprodução para elas.
Exploração do ambiente físico por meio de situações de orientações espaciais.
Movimento livre do corpo possibilitando o desenvolvimento de gestos e ritmos
criativos e estéticos pelas crianças.
Exploração e expressão por meio da prática artística como: o teatro, a dança,
a música, bem como as demais formas de expressão para que sejam vividas
como fonte de prazer, cultura e possibilidade de as crianças se expressarem
corporalmente.
Apreciação e interação com a diversidade cultural brasileira e maranhense e
suas origens por meio da dança (capoeira, maracatu, maneiro pau, pau de fitas,
entre outras) e brincadeiras tradicionais (“eu sou pobre, eu sou rica”, “lagarta
pintada”, peteca, cirandas etc.).
Brincadeiras que incluam práticas de esportes conhecidos pelas crianças em
seu meio social.

3. Traços, sons, cores e formas

O campo de experiências “traços, sons, cores e formas” aponta para a relevância de ambientes que
estimulem a criatividade das crianças, a exploração e a valorização da multissensorialidade, o prota-
gonismo e o prazer contínuo das crianças pelas descobertas. Na BNCC, esse campo é apresentado da
seguinte forma:

Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no


cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas,
vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem,
colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base
nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções

68 Etapa da Educação Infantil

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artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos,
danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos mate-
riais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas,
as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e
da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das
crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a
favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crian-
ças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem
suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas
(BRASIL, 2017:39).

Esse campo comporta experiências com as múltiplas linguagens e suas formas de expressão, que
necessitam de ambientes ricos de significados, que se constituem de imagens, cores, sons, traços e que
compõem a diversidade de linguagens, as quais as crianças utilizam para se expressar, se comunicar
e interagir com o meio.

Campo de experiências: traços, sons, cores e formas


Grupo 1 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Criação de bandinha para o manuseio de instrumento musical, resgatando as
cantigas tradicionais que fazem parte da nossa cultura nacional e local.
Brincadeiras de cantar batendo “palmas”.
Observação dos sons produzidos por carrilhões de vento e molho de chaves.
(EI01TS01) Explorar sons produzidos com o próprio
corpo e com objetos do ambiente. Exploração de diversas formas de sons e movimentos gestuais.
Participação de momentos musicais de repertório adequado à faixa etária,
(EI01TS02) Traçar marcas gráficas, em diferentes supor- utilizando instrumentos musicais convencionais.
Bebês

tes, usando instrumentos riscantes e tintas.


Apreciação de músicas locais e regionais.
(EI01TS03) Explorar diferentes fontes sonoras e mate- Exploração de diferentes instrumentos musicais.
riais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções,
músicas e melodias. Participação em brincadeiras cantadas utilizando o corpo para produzir sons.
Participação de situações de expressões artísticas de releitura de história em
telas, manuseando diferentes instrumentos riscantes, massas e tintas.
Vivência de repertórios musicais em gêneros, estilos, épocas e culturas dife-
rentes, criando diferentes sons.

Campo de experiências: traços, sons, cores e formas


Grupo 2 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Manipulação de instrumentos musicais convencionais variados (bandinha rít-
mica, flauta, tambor, caixa triângulo, entre outros), e não convencionais (colher,
chocalho, apito, entre outros), explorando as possibilidades sonoras de instru-
(EI02TS01) Criar sons com materiais, objetos e instru-
mentos musicais diversos, batendo, sacudindo, chacoalhando, empurrando.
mentos musicais, para acompanhar diversos ritmos
Crianças bem pequenas

de música. Participação de apresentações musicais dentro e fora das unidades escolares.


(EI02TS02) Utilizar materiais variados com possibi- Participação de brincadeiras de rodas, acalantos, parlendas, trava-línguas e
lidades de manipulação (argila, massa de modelar), outras, percebendo o ritmo e a rima.
explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas Envolvimento com a confecção de instrumentos sonoros e musicais, fazendo
e volumes ao criar objetos tridimensionais. uso de materiais recicláveis a que tem acesso.
(EI02TS03) Utilizar diferentes fontes sonoras disponí- Exploração da caixa mágica com objetos de diferentes formas, cores e texturas.
veis no ambiente em brincadeiras cantadas, canções, Utilização e contato direto com massa/argila para fazer bolinhas e objetos
músicas e melodias. imaginários.
Exploração de elementos das artes visuais: forma, cor, textura, volume, espaço,
no ambiente, nos materiais, objetos, paisagens e outros.

Documento Curricular do Território Maranhense 69

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 69 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: traços, sons, cores e formas
Grupo 3 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Vivência com cantiga de roda e de ninar, parlendas, músicas dentro e fora do seu
cotidiano (gêneros: MPB, marchinhas, jazz, rock, clássicos, regionais diversas...).
Manuseio de objetos que emitam sons (latas, chocalho, madeira, quengas de
coco, plásticos, cones feitos com papel etc.), acompanhando ou não ritmos
musicais.
Manuseio de instrumentos musicais (tambor, corneta, pandeiro, flauta etc.).
Apreciação de sons produzidos pela própria voz (balbucios, gritinhos, sopro
etc.) e pelo corpo, utilizando microfones e gravadores.
Utilização de recursos midiáticos, como: CDs, DVDs, rádios, computadores,
entre outros, nos diferentes tempos da rotina.
Resgate de cantigas tradicionais que fazem parte da nossa cultura, configurando
o conhecimento sociocultural.
Ampliação das percepções indicadas pelas crianças relativas aos sons dos
ambientes (barulho de avião, de carro, de moto, buzinas, motores de liquidi-
ficador, animais).
Utilização de materiais apropriados para experiências com artes plásticas:
esculturas (utilizando massa de modelar, argila, areia molhada, entre outros);
desenho (lápis de cor e de cera, giz, carvão, bem como diversidade de suportes);
(EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, pintura (pincéis, esponjas, tintas de cores variadas); recorte e colagem (materiais
objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras diversos como: papéis variados, EVA, fitas, tecidos etc.);
Crianças pequenas

de faz de conta, encenações, criações musicais, festas. Sessões de fotografia pelas crianças, propiciando a apreciação por elas das
(EI03TS02) Expressar-se livremente por meio de dese- imagens captadas (utilizando-se de datashow, exposições fotográficas etc.).
nho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando Utilização de recursos tecnológicos como filmes/vídeos/musicais apropriados
produções bidimensionais e tridimensionais. à idade delas.
(EI03TS03) Reconhecer as qualidades do som (intensi- Produções individuais e coletivas das crianças (desenho, pinturas, esculturas
dade, duração, altura e timbre), utilizando-as em suas etc.).
produções sonoras e ao ouvir músicas e sons. Utilização de recursos para teatralizar (deboches, fantoches, teatro de sombras,
mamulengos, marionetes, mímica, imitação, máscara).
Improviso de cena, utilizando o repertório vocal, corporal e emotivo.
Apreciação de espetáculos artísticos dentro e fora da instituição.
Brincadeira livre com tintas, experimentando as sensações (pintar com as mãos,
pintar o corpo, o papel, misturar tintas) e utilizando diferentes tipos de papéis,
texturas, superfícies e objetos.
Vivências em brincadeiras, danças, cantigas de roda e outras manifestações
da cultura popular regional.
Apreciação de diferentes tipos de música e a expressão por meio de gestos,
ritmos e cantos.
Vivência de situações em que as crianças criem gestos, façam mímicas, reali-
zem expressões corporais e sigam ritmos espontâneos, ao som de músicas e
brincadeiras (“seu mestre mandou”, “cadê o bolinho que estava aqui?” etc.).
Vivências de faz de conta e imitação a partir de sons, gestos e movimentos.
Atividades com balões cheios para produções de sons graves e agudos.
Participação de “show de talentos” na escola utilizando instrumentos confec-
cionados pelas próprias crianças.

4. Escuta, fala, pensamento e imaginação

O campo de experiências “escuta, fala, pensamento e imaginação” envolve a oralidade, a escuta, o


estímulo ao pensamento e à imaginação, que devem ser fomentados na Educação Infantil. Isso ocorre,
entre outras iniciativas, por meio da participação das crianças em diversificadas experiências com a
língua materna. Conforme exposto na BNCC:

Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pes­


soas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu

70 Etapa da Educação Infantil

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 70 30/01/2019 17:32:27


corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido
com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu
vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua mater-
na – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é
importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando
sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas
descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as
múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a
um grupo social (BRASIL, 2017:40).

Importante ressaltar que as crianças necessitam do contato com indivíduos a fim de criar vínculos
e constituir um canal comunicativo. É no convívio com o outro que as crianças exercitam sua fala e o
desenvolvimento das demais linguagens. Tal como posto na BNCC:

Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar
a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e
escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais
da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita
deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As expe­
riências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças,
contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação
do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis
etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre
ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de
livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que
se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas
espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de
representação da língua (BRASIL, 2017:40).

As Diretrizes de 2009 orientam que “na pequena infância, a aquisição e o domínio da linguagem
verbal estão vinculados à constituição do pensamento, à fruição literária, sendo também instrumento
de apropriação dos demais conhecimentos” (BRASIL, 2009:24). A prática pedagógica precisa ter uma
organização de espaços, tempos e materiais que facilitem as interações, para que as crianças possam se
expressar, imaginar, criar, comunicar, organizar pensamentos e ideias, bem como brincar e trabalhar
em grupo e individualmente.
Esse campo de experiências se articula com os demais. Apesar de a escrita ser uma linguagem
extremamente valorizada na sociedade atual, na Educação Infantil as crianças necessitam vivenciar
todas as linguagens humanas, pois estão descobrindo ainda o mundo e precisam de muitas formas de
expressão. Por outro lado, também é preciso mencionar que por muito tempo houve incompreensões
em relação ao trabalho com a leitura e escrita nessa etapa, negando, muitas vezes, o acesso a essas
linguagens aos bebês e crianças, como se esses sujeitos não fossem capazes de participar de situações
de letramento. É preciso que os professores dessa etapa compreendam que é direito das crianças terem
acesso à linguagem escrita por meio de práticas sociais com sentido de leitura e escrita.

Documento Curricular do Território Maranhense 71

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 71 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: escuta, fala, pensamento, imaginação
Grupo 1 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Brincadeiras com músicas, livros e suportes variados; simulação da leitura por
meio da brincadeira de faz de conta, manuseando suportes textuais de acordo
com seu interesse.
Exploração do cantinho de leitura, folheando livros e revistas, simulando a
leitura por meios de imagens.
Apreciação de imagens, reconhecendo os elementos da história.
Utilização de música e sons diversos onde os nomes das crianças sejam enfa-
tizados com frequência, aguçando os órgãos do sentido.
Observação de leituras de poemas contados, dramatizados, interpretados
(EI01EF01) Reconhecer quando é chamado por seu através de imagens, aguçando a percepção dos bebês.
nome e reconhecer os nomes de pessoas com quem
convive. Participação em atividades culturais de interação com a utilização de músicas
infantis e cantigas de roda.
(EI01EF02) Demonstrar interesse ao ouvir a leitura de
poemas e a apresentação de músicas. Exploração dos movimentos gestuais, corporais, explorando a lateralidade, co-
ordenação motora, expressando emoções, sentimentos, ampliando o processo
(EI01EF03) Demonstrar interesse ao ouvir histórias lidas de interação e afetividade.
ou contadas, observando ilustrações e os movimentos
de leitura do adulto-leitor (modo de segurar o portador Manipulação de suportes com fotos dos amigos e familiares.
e de virar as páginas).
Apreciação de poemas dramatizados pela professora e demais envolvidos.
(EI01EF04) Reconhecer elementos das ilustrações de
Brincadeiras musicais que envolvam imitações de gestos e movimentos.
histórias, apontando-os, a pedido do adulto leitor.
Apreciação e interação durante o momento da roda de leitura de diferentes
Bebês

(EI01EF05) Imitar as variações de entonação e gestos


gêneros visuais com utilização de imagens, vídeos, dramatizações, teatro etc.
realizados pelos adultos, ao ler histórias e ao cantar.
Interação e exploração de diversos suportes e instrumentos de escrita (cartazes,
(EI01EF06) Comunicar-se com outras pessoas usando
calendário, chamadinha, rótulos etc.).
movimentos, gestos, balbucios, fala e outras formas
de expressão. Observação de manuseio de materiais impressos, como livros, histórias em
quadrinhos, fotografias e imagens.
(EI01EF07) Conhecer e manipular materiais impressos
e audiovisuais em diferentes portadores (livro, revista, Realização de atividades com brincadeiras, formando um círculo com as crian-
gibi, jornal, cartaz, CD, tablet etc.). ças, e brincando de dentro e fora para que percebam na prática estes termos.
(EI01EF08) Participar de situações de escuta de textos Utilização de materiais concretos como jogos de encaixe para desenvolvimento
em diferentes gêneros textuais (poemas, fábulas, con- da coordenação motora dos alunos.
tos, receitas, quadrinhos, anúncios etc.).
Contribuições de experiência sobre a habilidade.
(EI01EF09) Conhecer e manipular diferentes instru-
mentos e suportes de escrita. Utilização cotidiana do suporte calendário, vivenciando a função social deste
com os bebês, orientando-os sobre as sequências temporais dos dias: amanhã,
hoje, ontem.
Brincadeira com a sonoridade das palavras, explorando-a, refletindo sobre ela
e estabelecendo relações com sua representação escrita.
Exploração de livros e materiais diversos (plásticos, tecido, borracha, papel).
Presenciar situações significativas de leitura e escrita, vivenciando jogos e
brincadeiras envolvendo a escrita.
Visualização cotidiana do nome próprio nos objetos pessoais (escova de dente,
toalha, copo) para progressiva identificação pelos bebês de seus pertences.

72 Etapa da Educação Infantil

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 72 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: escuta, fala, pensamento, imaginação
Grupo 2 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Participação de rodas de conversas com outras crianças e com adultos relatando
suas experiências cotidianas, seus sentimentos e modo de vida.
Manipulação de textos e participação de situações de escuta para ampliar seu
contato com diferentes gêneros textuais (parlendas, histórias de aventuras,
tirinhas, cartazes, cardápios, notícias, lista de compras etc.).
Uso de roda de conversa, leitura dinâmica e interpretação oral com identificação
de personagens e enredos.
Identificação gradativa das diferentes tecnologias que veiculam comunicação:
(EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressan- rádio, TV, jornal, revista etc.
do seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
Uso de imagens, dramatização, objetos, símbolos, desenhos e sinais, como
(EI02EF02) Identificar e criar diferentes sons e re- forma de representação.
conhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e
textos poéticos. Relato do seu modo de brincadeiras, passeios, visita aos parentes, entre outros,
suas vivências, seus gostos e desagrados na busca de entender o significado
(EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a do que elas constroem.
leitura de histórias e outros textos, diferenciando escri-
ta de ilustrações, e acompanhando, com orientação do Diálogo e expressão oral de desejos e necessidades durante os diversos mo-
adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, mentos da rotina, tais como: roda de conversa, parque, alimentação, higiene,
da esquerda para a direita). entre outras.
Crianças bem pequenas

(EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos Expressão livre de suas ideias, participação de discussões de temáticas estudadas
da história narrada, identificando cenários, personagens pelo grupo e outros assuntos do seu interesse.
e principais acontecimentos. Manuseio de diferentes suportes textuais, de acordo com seu interesse, simu-
(EI02EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, lando a leitura por meio da brincadeira livre e do faz de conta.
histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc. Exploração dos gêneros textuais de forma sistemática, enfatizando suas sin-
(EI02EF06) Criar e contar histórias oralmente, com base gularidades; realizando leitura de imagens (objetos, cartazes, rotina escolar,
em imagens ou temas sugeridos. crachás com fotos dos colegas, do/a professor(a), etc.).

(EI02EF07) Manusear diferentes portadores textuais, Manutenção de contato com diversos tipos de linguagem e gêneros, estimulando
demonstrando reconhecer seus usos sociais. sua capacidade de comunicação e expressão de suas vivências, encantando-
-se com os textos literários e pelas estratégias lúdicas que o professor adota.
(EI02EF08) Manipular textos e participar de situações
de escuta para ampliar seu contato com diferentes Criação de um ambiente letrado, em que se possa manusear e explorar diversos
gêneros textuais (parlendas, histórias de aventura, portadores textuais, além de expor as diferentes formas de escrita infantis (de
tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias etc.). acordo com as hipóteses de escritas das crianças) e escritas convencionais.

(EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e su- Contação de histórias, troca de livros, manuseio de diferentes textos, valorizando
portes de escrita para desenhar, traçar letras e outros leitura como fonte de prazer e entretenimento.
sinais gráficos. Identificação da escrita do ambiente social.
Apreciação de atividades escritas com diferentes funções sociais.
Participação de experiências em que se sinta motivado a realizar escritas
autônomas.
Desenvolvimento de habilidades gráficas, tendo, gradativamente, o controle
do movimento das mãos.
Envolvimento em situações de escrita, manuseando coletivamente letras
móveis, com mediação do professor.

Documento Curricular do Território Maranhense 73

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 73 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: escuta, fala, pensamento, imaginação
Grupo 3 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Manuseio de livros infantis em que as crianças em roda de conversa irão dia-
logando entre si sobre as ilustrações, identificando imagens, letras e palavras.
Dramatização teatral, aguçando a oralidade e a linguagem corporal.
Declamação de poemas, canções e rimas, expressando seus sentimentos e
desejos, se colocando como personagem principal.
Invenção de brincadeiras de faz de conta, interagindo com outras crianças e
adultos.
Criação de canções expressando-se e desenvolvendo gestos e movimentos que
(EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos
tenham significado em seu universo imaginário.
sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e
escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e Interação das crianças com os diferentes gêneros textuais, criando uma prática
outras formas de expressão. contínua em que tenham a oportunidade da leitura, escrita, desenhos, brinca-
deiras e reconto de histórias.
(EI03EF02) Inventar brincadeiras cantadas, poemas e
Dramatização de situações do dia a dia e brincadeiras cantadas (trava-línguas,
canções, criando rimas, aliterações e ritmos.
cantigas, quadrinhas) no sentido de manifestar as experiências vividas e ouvidas.
(EI03EF03) Escolher e folhear livros, procurando Participação em jogos e brincadeiras de linguagem, explorando a sonoridade
orientar-se por temas e ilustrações e tentando identi- das palavras (sons, rimas, sílabas, aliteração).
ficar palavras conhecidas.
Participação coletiva de leitura e escrita de listas, bilhetes, recados, convites,
(EI03EF04) Recontar histórias ouvidas e planejar coleti- cantigas, textos, receitas e outros gêneros textuais, tendo o professor como
vamente roteiros de vídeos e de encenações, definindo leitor e escriba.
os contextos, os personagens, a estrutura da história. Diferenciação de desenho de letra/escrita, relacionando-a à função social.
Crianças pequenas

(EI03EF05) Recontar histórias ouvidas para a produção Vivência de momentos de pseudoleitura, tendo como parâmetro o compor-
de reconto escrito, tendo o professor como escriba. tamento leitor do professor.
Dramatização de situações do dia a dia e narrativas: textos literários, informa-
(EI03EF06) Produzir as próprias histórias orais e escritas
tivos, trava-línguas, cantigas, quadrinhas, notícias.
(escrita espontânea), em situações com função social
significativa. Identificação de personagens, cenários, trama, sequência cronológica, ação e
intenção dos personagens.
EI03EF07) Levantar hipóteses sobre gêneros textuais
Criação de histórias orais e escritas (desenhos), em situações com função
veiculados em portadores conhecidos, recorrendo
social significativa.
a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura.
Participação de momentos de criação de símbolos e palavras com a intenção
(EI03EF08) Selecionar livros e textos de gêneros co- de identificar lugares e situações e elementos da rotina.
nhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua
Criação e contação de histórias ou acontecimentos oralmente, com base em
própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses
imagens ou temas sugeridos.
textos, como a recuperação pela memória, pela leitura
das ilustrações etc.). Diferenciação de desenho, letra e número em suas produções espontâneas.
Levantamento de hipótese em relação à linguagem escrita, realizando re-
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem
gistros de palavras e/ou quantidades por meio da escrita espontânea e/ou
escrita, realizando registros de palavras e textos, por
convencional.
meio de escrita espontânea.
Manuseio de livros, revistas e outros portadores de textos e participação em
diversas situações reais nas quais seus usos se fazem necessários.
Participação em rodas de conversa para expressarem suas hipóteses sobre
“para que servem” os diferentes gêneros textuais como: receita, classificados,
poesia, bilhete, convite, bula e outros.
Criação de histórias a partir da leitura de ilustrações e imagens para desenvol-
verem a criatividade e a imaginação.
Narração de histórias ouvidas utilizando somente a memória como recurso.

5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

O campo de experiências “espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” integra vivências


que proporcionam à criança, na sua relação com o meio ambiente, investigar, questionar, comunicar
quantidades, explorar o espaço e os objetos, estabelecendo relações entre eles, transformando-os e
ressignificando-os, a partir das brincadeiras, das interações e do estímulo com materiais e espaços
variados. Nos termos da BNCC:

As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído


de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos

74 Etapa da Educação Infantil

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 74 30/01/2019 17:32:27


espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram
também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os ani-
mais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de
sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas
que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a
diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também
se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de
distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais
cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa
promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar
e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às
suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as
crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu
cotidiano (BRASIL, 2017:40).

Por meio de práticas cotidianas permeadas de situações significativas e estruturadas de experiências


em que as crianças são protagonistas, elas têm oportunidade de quantificar, medir, formular hipóte-
ses, solucionar problemas, comparar e orientar-se no espaço e no tempo, com ricas possibilidades de
conexão com o aparato científico e tecnológico, além de aprender a valorizar a vida no planeta.

Campo de experiências: espaços, tempos, quantidades, relações e transformações


Grupo 1 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Exploração do ambiente, manifestando curiosidade e interesse por plantas,
animais e tudo à sua volta.
Exploração de descoberta das propriedades de objetos e materiais (odor, cor,
sabor, temperatura, texturas, ruídos e sons diversos).
Manipulação de materiais diversos e variados, utilizando movimentos de
preensão.
Experimentação de situações-problema do seu cotidiano.
(EI01ET01) Explorar e descobrir as propriedades de
Exploração de diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brinca-
objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura).
deiras (em danças, balanços, escorregadores etc.).
(EI01ET02) Explorar relações de causa e efeito (trans- Construção da linha do tempo da criança (desenhos, pintura, fotos etc.).
bordar, tingir, misturar, mover e remover etc.) na
Participação dos familiares através de relatos do nascimento da criança e outros.
interação com o mundo físico.
Exploração da linha de peso e altura da criança através da carteira de vacinação.
(EI01ET03) Explorar o ambiente pela ação e observação,
Realização de atividades com garrafas sensoriais para bebês, com o objetivo
manipulando, experimentando e fazendo descobertas.
de ampliar sua coordenação motora, sua concentração e sua percepção visual
Bebês

(EI01ET04) Manipular, experimentar, arrumar e explorar sonora e tátil.


o espaço por meio de experiências de deslocamentos Conhecimento e interação com animais de estimação dentro do ambiente
de si e dos objetos. escolar.
(EI01ET05) Manipular materiais diversos e variados Realização de experiências para que os bebês sintam diferentes consistências,
para comparar as diferenças e semelhanças entre eles. temperaturas, texturas, cheiros.
Interação com diferentes materiais não estruturados como o “cesto dos
(EI01ET06) Vivenciar diferentes ritmos, velocidades
tesouros”.
e fluxos nas interações e brincadeiras (em danças,
balanços, escorregadores etc.). Brincadeira de “esconde-esconde”, desenvolvendo o aprendizado, promovendo
o deslocamento do corpo e dos objetos.
Brincadeira com vários modelos de brinquedos, devendo ser privilegiados
aqueles com materiais naturais, panos e peças de madeira.
Brincadeira de desafios com obstáculos, incentivando os bebês a buscarem
objetos e/ou chegarem ao final do circuito proposto.
Brincadeiras do túnel favorecendo o deslocamento, tonificando a musculatura
de braços, pernas e tronco.

Documento Curricular do Território Maranhense 75

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 75 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Grupo 2 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Invenção de brincadeiras de faz de contas, interagindo com outras crianças
e adultos
Compreensão de diversos ritmos, conseguindo desenvolver coreografias de
(EI02ET01) Explorar e descrever semelhanças e diferen- acordo com os sons ouvidos e emitidos.
ças entre as características e propriedades dos objetos
(textura, massa, tamanho). Criação de canções para expressar-se, desenvolvendo gestos e movimentos
que tenham significado em seu universo imaginário.
(EI02ET02) Observar, relatar e descrever incidentes
do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, Exploração dos recursos naturais, para diferenciação de cores, formas e texturas.
chuva etc.). Realização de atividades como venda nos olhos, para localização de objetos
(EI02ET03) Compartilhar, com outras crianças, situa- escondidos na sala seguindo as referências dadas pelo professor;
ções de cuidado de plantas e animais nos espaços da Trabalho com blocos lógicos, exploração das formas geométricas com o próprio
instituição e fora dela.
Crianças bem pequenas

mobiliário da sala (tamanhos, peso e posição).


(EI02ET04) Identificar relações espaciais (dentro e fora, Comparação de dois em dois objetos de tamanhos e espessuras diferentes para
em cima, embaixo, acima, abaixo, entre e do lado) e observarem e dizer se está em cima ou embaixo de alguma mesa.
temporais (antes, durante e depois).
Vivência de atividades com caixas, potes, garrafas para trabalhar com conceitos
(EI02ET05) Classificar objetos, considerando determi- de dentro e fora.
nado atributo (tamanho, peso, cor, forma etc.). Vivência de conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem
(EI02ET06) Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar), de forma convencional e não
antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, convencional.
rápido, depressa, devagar). Contagem oral de objetos, pessoas, livros, entre outros, em contextos diversos,
(EI02ET07) Contar oralmente objetos, pessoas, livros com suporte do professor.
etc., em contextos diversos. Vivência de momentos de construção de gráficos e tabelas em situações do
(EI02ET08) Registrar com números a quantidade de cotidiano.
crianças (meninas e meninos, presentes e ausentes) e Exploração de diversos materiais regionais e não regionais, estabelecendo
a quantidade de objetos da mesma natureza (bonecas, contagens e relações de comparação.
bolas, livros etc.).
Conhecimento de si mesmo por meio dos números que fazem parte da vida
(idade, aniversário, telefone).
Reconhecimento de numerais em placas, outdoors e fachadas.

76 Etapa da Educação Infantil

Documento_Curricular_Territorio_Maranhense.indb 76 30/01/2019 17:32:27


Campo de experiências: espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Grupo 3 Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Possibilidades de experiências
Experiências de culinária em que as crianças manipulam ingredientes de acordo
com sua realidade, observando suas transformações, degustando o que foi
produzido por eles.
Oficinas de construção e manipulação de instrumentos musicais.
Participação de momentos culturais que envolvam movimentos corporais
(danças, comidas típicas, entre outras).
Utilização de diferentes fontes para encontrar informações relativas à natureza,
seus fenômenos e sua conservação, como livros, revistas, pessoas da comuni-
dade, fotografias, filmes ou documentários etc.
Registro de informações por meio de desenhos, textos orais ou escritos (escrita
espontânea), fotografia etc.
Auxílio na construção de hortas, jardins, sementeiras, para observação, expe-
rimentação e cuidado com as plantas.
Participação de situações de cuidado com o meio ambiente, preservação de
plantas, cuidado com animais, separação de lixo, economia de água, recicla-
gem e outros.
Leitura e uso de mapas simples para localizar objetos ou espaços.
(EI03ET01) Estabelecer relações de comparação entre Exploração do espaço escolar e do entorno, fazendo registros de suas obser-
objetos, observando suas propriedades. vações.

(EI03ET02) Observar e descrever mudanças em di- Participação de situações que envolvam a medição da altura de si e de outras
ferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, crianças, por meio de fitas métricas e outros recursos.
em experimentos envolvendo fenômenos naturais e Comparação de tamanhos entre objetos, registrando suas constatações ­e/ou
artificiais. da turma.
(EI03ET03) Identificar e selecionar fontes de informa- Observação das transformações produzidas nos alimentos durante o cozimento,
ções, para responder a questões sobre a natureza, seus fazendo registros espontâneos e/ou convencionais.
fenômenos, sua conservação. Identificação das características geométricas dos objetos, como formas, bidi-
Crianças pequenas

(EI03ET04) Registrar observações, manipulações e me- mensionalidade e tridimensionalidade em situações de brincadeira, observando
didas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro imagens e ambientes e em suas produções artísticas.
por números ou escrita espontânea), em diferentes Organização de materiais e brinquedos em caixas de acordo com critérios
suportes. definido.
(EI03ET05) Classificar objetos e figuras de acordo com Organização de materiais e brinquedos em caixas de acordo com critérios que
suas semelhanças e diferenças. a própria criança escolher, de acordo com suas hipóteses de classificação.
(EI03ET06) Relatar fatos importantes sobre seu nasci- Exploração do espaço por meio da percepção de noções de profundidade,
mento e desenvolvimento, a história dos seus familiares analisando objetos, formas e dimensões.
e da sua comunidade. Exploração de objetos pessoais e do meio em que vive, conhecendo suas
características, propriedades e função social para que possam utilizá-los de
(EI03ET07) Relacionar números às suas respectivas forma independente, de acordo com suas necessidades.
quantidades e identificar o antes, o depois e o entre
em uma sequência. Relato de fatos de seu nascimento com apoio de fotos e entrevista com fa-
miliares para descobrir aspectos importantes de sua vida: onde nasceu? Em
(EI03ET08) Expressar medidas (peso, altura etc.), cons- que hospital? Como foi? Quanto pesava? Quanto media? Foi amamentado?
truindo gráficos básicos.
Construção da linha do tempo com auxílio da família ou do professor, utili-
zando fotos.
Representação numérica e das quantidades identificadas em diferentes situa-
ções, fazendo a relação entre número e quantidade.
Contagem oral nas diferentes atividades lúdicas como parlendas, músicas e
adivinhas, desenvolvendo o reconhecimento de quantidades.
Uso de unidades de medidas convencionais ou não para comparar distâncias
ou tamanhos, medindo comprimentos utilizando passos e pés através de jogos
e brincadeiras.
Representação de quantidades (de meninas, meninos, objetos, brinquedos,
bolas e outros) por meio de desenhos e registros gráficos (riscos, bolinhas,
numerais e outros).
Realização de contagem oral por meio de diversas atividades do dia a dia,
brincadeiras e músicas que as envolvam.
Construção de gráficos a partir dos registros de medições de altura, massa e
registros de quantidades.
Leitura de gráficos coletivamente, comparando informações desses instrumentos
dentro do contexto da criança.

Documento Curricular do Território Maranhense 77

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A avaliação na Educação Infantil

A avaliação é uma atividade importante em qualquer processo educativo. Seu objetivo deve ser
conhecer melhor em que estágio as crianças estão e identificar de que modo é possível atuar de maneira
mais efetiva para assegurar o seu pleno desenvolvimento. Assim, constitui um recurso pedagógico adi-
cional para os professores e coordenadores pedagógicos ou diretores de unidades de Educação Infantil.
A avaliação na Educação Infantil deve incidir diretamente no planejamento das atividades diárias
promovidas pelo professor junto às crianças, devendo subsidiar elementos que ampliem as aprendi-
zagens e experiências apresentadas por elas, contribuindo também para suas manifestações, desejos
e necessidades.
Vale ressaltar que a avaliação nesta etapa da Educação Básica possui algumas especificidades que
devem ser observadas. A mais importante delas é o fato de que os procedimentos avaliativos não de-
vem ter caráter de classificação ou promoção das crianças de uma fase a outra. Sua finalidade maior
é educativa.
A LDB de 1996 estabelece que a Educação Infantil precisa ser organizada com base em algumas
regras comuns, entre elas “avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das
crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental” (incluído pela
Lei no 12.796/13). Assim, o foco da avaliação está voltado para o registro de todas as conquistas, avan-
ços, dificuldades e desafios enfrentados pelas crianças, com a finalidade de observar seu progresso no
processo de ensino e aprendizagem.
Importante, ainda, considerar o disposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil de 2009, que reitera que “as instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem
objetivo de seleção, promoção ou classificação”. Conforme detalhado no documento, essa avaliação
deve garantir:

I – a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no
cotidiano;
II – utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias,
desenhos, álbuns etc.);
III – a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas
aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação
Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/
Ensino Fundamental);
IV – documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto
às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
V – a não retenção das crianças na Educação Infantil.

Essa passagem mostra a importância de, por um lado, propiciar experiências educativas cheias
de significados para as crianças e, por outro, registrar seu desenvolvimento ao longo das atividades,
apontando desafios e progressos e, sobretudo, estimulando suas potencialidades.

78 Etapa da Educação Infantil

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A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Ao longo de seu desenvolvimento, a criança passa por vários períodos de transição. Uma das mais
importantes diz respeito ao período em que deixa o convívio familiar e passa a fazer parte do ambiente
escolar, convivendo com outras crianças da mesma faixa etária. Outro momento significativo é a pas-
sagem da creche para a pré-escola, quando a criança já adquiriu vivências e experiências diversificadas.
Após a conclusão da primeira etapa da Educação Básica, a criança entra em um novo ciclo de de-
safios. O novo ambiente escolar é cheio de exigências e de regras de condutas com as quais ela, muitas
vezes, não está familiarizada. Assim, é necessário que essa transição seja feita de modo tranquilo e sem
traumas, pois em alguns casos exige-se da criança um domínio de alfabetização e letramento sem que
ela ainda tenha a maturidade necessária para tal.
Importante a observação de que:

Educação Infantil e Ensino Fundamental são frequentemente separados. Porém, do ponto de vista
da criança, não há fragmentação. Os adultos e as instituições é que muitas vezes opõem Educação
Infantil e Ensino Fundamental, deixando de fora o que seria capaz de articulá-los: a experiência
com a cultura. Questões como alfabetizar ou não na Educação Infantil e como integrar Educação
Infantil e Ensino Fundamental continuam atuais. Temos crianças, sempre, na Educação Infantil e
no Ensino Fundamental (KRAMER, 2007:19).

Assim, esse período de transição deve ser compreendido como um processo contínuo e não frag-
mentado, pois as crianças da Educação Infantil são as mesmas que irão para o Ensino Fundamental,
tornando necessário criar ambientes e práticas que respeitem as características de cada faixa etária,
ao mesmo tempo que promovam aprendizagens compatíveis com suas necessidades. O foco deve ser
sempre o bem-estar e o desenvolvimento integral das crianças nas diferentes etapas, a partir da arti-
culação entre cuidar e educar, que deve perpassar toda a Educação Básica.
Segundo Zabalza (1998:32):

A criança, ao deixar a Educação Infantil, deve possuir um repertório de experiências e destrezas


mais amplo, rico e eficaz, que expresse o trabalho educativo realizado durante os primeiros anos
de escolaridade. Não se trata apenas de que a criança seja feliz e esteja sendo cuidada durante esses
anos. Trata-se de fazer justiça ao seu potencial de desenvolvimento durante anos que são cruciais.

Essa transição, como qualquer outra, requer atenção e cuidado por parte da família e dos educadores.
Quando a escola oferece em um mesmo espaço as duas etapas – Educação Infantil e Ensino Funda-
mental –, há possibilidade de essa transição acontecer de forma mais tranquila, porque as crianças já
têm convivência com as pessoas dos dois espaços, sendo necessário dar atenção especial à alteração
da rotina escolar. Mas quando as instituições de Educação Infantil e do Ensino Fundamental estão
em prédios distintos, esse processo se torna mais complexo, sendo necessário que os educadores das
duas etapas e instituições promovam ações para minimizar possíveis transtornos e­ /ou dificuldades.
Gestores e professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental necessitam estabelecer um
diálogo sobre a transição entre as duas etapas, traçando métodos e estratégias para o desenvolvimento
integral do educando. Isso requer a revisão do projeto político-pedagógico para que contemple as

Documento Curricular do Território Maranhense 79

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respectivas especificidades, visando o desenvolvimento e a aprendizagem em suas diferentes faixas
etárias.
Conforme bem ressaltado no texto da BNCC:

A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio
entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendi-
zagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem
com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. Torna-se necessário
estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes,
de modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma
perspectiva de continuidade de seu percurso educativo (BRASIL, 2017:51).

Desse modo, é necessário buscar estratégias para garantir que os processos de aprendizagem viven-
ciados pelas crianças da Educação Infantil tenham continuidade sem mudanças abruptas no Ensino
Fundamental, no sentido de respeitar seus estágios peculiares de desenvolvimento e concretizar seu
direito à educação.

Referências

BRASIL. Constituição Federal de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/constituicao/constituição.htm>.
_________. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. Estatuto da Criança e do Ado-
lescente. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8069-13-julho-1990-
-372211-publicacaooriginal-1-pl.html>.
_________. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
_________. Ministério da Educação. Propostas pedagógicas e currículo em Educação Infantil: um diag-
nóstico e a construção de uma metodologia de análise. Brasília, DF: MEC/SEF/DPE/COEDI, 1996.
_________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil. V. 1. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto,
Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
_________. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares – Estratégias para a educação
de alunos com necessidades educacionais especiais. Ministério da Educação e do Desporto. Brasília:
MEC/SEF/SEESP, 1998.
_________. Saberes e práticas da inclusão: Educação Infantil. Ministério da Educação. Brasília: MEC/
SEESP, 2004.
_________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade
para a Educação Infantil. V. 1. Brasília, DF, 2006.
_________. CNE. Resolução no 5, de 17 de dezembro de 2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil.
_________. Lei no 12.976, de 4 de abril de 2013. Altera a lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais
da educação e dar outras providências. Brasília, 2013.

80 Etapa da Educação Infantil

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_________. Lei no 13.005 de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>.
_________. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Brasília:
MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br /wp-content/uploads/2018/02/
bncc-20dez-site.pdf>.
FARIA, Vitória Líbia Barreto de. Currículo na Educação Infantil: diálogo com os demais elementos da
Proposta Pedagógica/Vitória Faria, Fátima Salles. 2a ed. São Paulo: Ática, 2012.
KRAMER, S.; LEITE, M. I.; NUNES, M. F.; GUIMARÃES, D. Infância e Educação Infantil. 6a ed.,
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KRAMER, Sônia. A infância e sua singularidade. BRASIL. Ministério da Educação. Ensino Fundamen-
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Secretaria da Educação Básica, 2007. p. 13-23.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. O currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas
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Documento Curricular do Território Maranhense 81

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