Pós 3
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PESSOAL
Introdução
Neste capítulo, será abordada a constituição do eu na teoria psicanalítica,
a partir de três autores principais: Freud, Lacan e Dolto. Buscaremos o
entendimento das relações entre o inconsciente e a consciência nas
dimensões tópica, dinâmica e econômica do psiquismo, com as teorias
dos domínios e das ações do psiquismo. Iniciaremos com a constituição
do eu, buscando a compreensão do estado de desamparo caracterís-
tico do recém-nascido até a sua inserção no mundo — via os sistemas
percepção-consciência.
Freud, a partir de 1920, com a segunda tópica da psicanálise, am-
plifica o entendimento sobre o eu — que inicialmente era somente
consciência — para um entendimento de que o ego, como represen-
tante da personalidade, é o eu do indivíduo. Este último toma decisões
e controla ações considerando as condições objetivas da realidade e se
desenvolve desde o nascimento. Lacan, por sua vez, a partir de 1936,
postulou uma nova abordagem, na qual o eu pode ser compreendido
como instância do imaginário, durante o estádio do espelho. Em 1984,
Dolto especifica diferenças fundamentais entre a imagem do corpo e o
esquema corporal, no qual a imagem do corpo é o principal elemento
na constituição do eu.
2 Conceito e princípios da imagem pessoal
[...] para que o sujeito possa, a partir dessa imagem, [...] existir como su-
jeito do desejo, sujeito falante e sujeito do inconsciente, é fundamental o
cruzamento simultâneo entre a imagem especular e a palavra enquanto
lei mediadora. [...] Dessa forma, haveria uma articulação do corpo com o
espaço e a linguagem.
Narcisismo
O termo “narcisismo”, na tradição grega, significa o amor de uma pessoa por si
mesma. A lenda e o protagonista chamado Narciso foram afamados por Ovídio na
terceira parte de suas Metamorfoses.
Diz a lenda: Narciso era de uma beleza singular, filho do deus Césifo, protetor do
rio de mesmo nome, e da ninfa Liríope. Atraía várias ninfas, entre elas Eco, a quem
rechaçou. Eco, no desespero, suplicou à deusa Nêmesis que a vingasse. Numa caçada,
Narciso parou para se refrescar numa fonte de águas claras e quando percebeu seu
reflexo na água, pensou inicialmente estar vendo outra pessoa; ficou paralisado, não
conseguia desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Mergulhou os braços na água
para abraçar aquela imagem que não parava de se distanciar. Estava apaixonado por
si mesmo e esse era um desejo impossível. Chorou e percebeu que ele era o objeto
de seu amor. Quis, então, desesperadamente se separar de sua própria pessoa e se
feriu até sangrar e morrer.
Fonte: Roudinesco e Plon (1998, p. 530).
A criança que ouve conhece a si mesma por quem lhe fala; e, dia após dia,
este encontro personaliza, sendo ela representada, auditivamente, através
de fonemas de seu nome pronunciado por esta voz, pelas percepções que ela
reconhece e que fazem a especificidade daquela pessoa (a mãe) repetidamente
reencontrada (DOLTO, 2008, p. 122).
Leituras recomendadas
SECCHI, K. Representação social e imagem do corpo feminino. 2006. 166 f. Dissertação (Mestrado
em Psicologia)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/88572>. Acesso em: 18 out. 2018.
TOLLER, K. S.; SALBEGO, J. Z. A representação da beleza feminina como estratégia
persuasiva e ideológica no comercial do Boticário. In: SALÃO INTERNACIONAL DE
ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, v. 3, n. 2, 2011, [S.l.]. Anais... [S. l.]: Universidade Federal
do Pampa, 2011. Disponível em: <http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/
view/3768>. Acesso em: 18 out. 2018.
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