04 - o Iluminismo No Teatro

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Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Piauí

Unidade de Educação Técnica e Profissional


4º Gerência Regional de Educação
Escola Técnica Estadual de Teatro Profº José Gomes Campos
PROFº Roberthy Souza - DISCIPLINA: História do Teatro II - MÓDULO II

O ILUMINISMO NO TEATRO – o que foi, principais pensadores e características

O Iluminismo foi um movimento intelectual, filosófico e cultural que surgiu durante os


séculos XVII e XVIII na Europa e defendia o uso da razão contra o antigo regime e pregava
maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas,
econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
Os filósofos e economistas que difundiam essas ideias julgavam-se propagadores da luz
e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de iluministas.
Qual o contexto do Iluminismo?
Chamado de “século das luzes”, o Iluminismo pode ser entendido como uma ruptura com
o passado e o início de uma fase de progresso da humanidade. Essa fase é marcada por uma
revolução na ciência, nas artes, na política e na doutrina jurídica, por exemplo.
Nessa época, o mundo começava a passar por transformações. O Renascimento permitiu
o desenvolvimento cultural e intelectual baseado nos ideais de liberdade política e econômica
defendidos pela crescente burguesia. O poder das monarquias passou a ser criticado, os
valores da igreja foram questionados e o Antropocentrismo colocou o homem como centro das
questões. O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços econômicos, a Revolução Industrial
abriu caminhos para a produção e expansão dos mercados e mudanças políticas que
acabaram na Revolução Francesa. O Mercantilismo característico da época anterior deu lugar
para a liberdade econômica sem a intervenção do Estado.
Como surgiu o Iluminismo?
O Iluminismo surgiu como uma reação ao Absolutismo que dominava a Europa até então.
No Absolutismo todo o poder se concentrava na figura do rei, que vivia com luxos pagos pela
classe mais pobre através de impostos.
Os pensadores iluministas queriam trazer a humanidade para a luz da razão, iam contra o
domínio da igreja católica e da monarquia absolutista, defendendo o uso da ciência e da razão,
assim como maior liberdade nos campos da política e economia. Muitos deles eram contra a
religião instituída, mas não eram ateus, eles acreditavam que o homem chegaria a Deus por
meio da razão.
Ao contrário do que pregava a religião, os intelectuais iluministas defendiam que o
homem era o detentor do seu próprio destino e que a razão deveria ser utilizada para a
compreensão da natureza humana. A razão era, portanto, elemento central dos ideais
iluministas, afinal, somente a racionalidade poderia validar o conhecimento. Eles acreditavam
que a educação, a ciência e o conhecimento eram a chave para essa libertação.
Durante a Idade Média, a sociedade europeia foi marcada por forte influência da igreja
católica, que defendia uma visão teocêntrica da sociedade e boa parte do conhecimento era
fruto das crenças religiosas, de profecias e do próprio imaginário das pessoas. Entre o final
deste período e início da Idade Moderna, o progresso da ciência começou a colocar em
questão muitos conhecimentos e o próprio entendimento do mundo proposto pela religião.

Quais as principais características do Iluminismo?

• A razão era considerada o fator primordial e legítimo para o alcance da verdade e do


conhecimento;
• Avanço da ciência e do teatro;
• Ignorava qualquer crença religiosa que fosse contrária à evidência científica;
• Oposição ao Absolutismo, ao Mercantilismo, as vantagens da nobreza e a igreja católica;
• Defesa de maior liberdade política e econômica (sem interferência do Estado);
• Predomínio da burguesia;
• Deus está presente na natureza e no próprio homem;
• O questionamento das coisas e das verdades era valorizado. Também era imprescindível
realizar a investigação com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a política,
economia e sociedade.
O teatro de fato na época do Iluminismo

Durante o século XVII o teatro era um entretenimento da aristocracia e nobreza. As peças


teatrais faziam sucesso no interior e depois seguiam para serem apresentadas em Paris. Como
montar uma peça teatral era um investimento excessivamente caro, o patrocínio o Rei se
tornava imprescindível.
Na época do reinado de Luís XIV, devido as guerras caras, o investimento na construção
do palácio de Versailles, e posteriormente a radicalização religiosa do rei fez com que algumas
companhias de teatro caíssem em desgraça. Apesar desses problemas enfrentados pelo
teatro na França em geral, foi nessa época que viveu o famoso dramaturgo Jean-Baptiste
Poquelin, mais conhecido como Molière.
Jean-Baptiste Poquelin, Molière, veio de uma família de mercadores e no início de sua
carreira fundou a companhia de teatro Illustre Théâtre, que acabou não tendo sucesso. Entre
1653-1655 Molière criou a sua primeira grande comédia L’Étourdi ou les Contretemps em Lyon
na França. Em 1659, o dramaturgo estreia a peça Les Précieuses ridicules, interpretando o
criado Mascarille. Essa peça em um ato fazia uma grande sátira ao esnobismo e aos costumes
dos nobres nos salões de Paris.
O sucesso foi tanto que na época diziam que as pessoas vinham a vinte léguas de Paris
somente pra se divertir. Sua quarta grande comédia foi a L’École des femmes na qual ele
desafia as ideias de casamento e status das mulheres. Sua quinta comédia foi uma das mais
polêmicas de sua carreira, intitulada Le Tartuffe ou l’Imposteur, que coloca a religião sob uma
luz cômica e coloca a questão da separação da Igreja e do Estado, por causa disso Luís XIV
proibiu essa peça de ser encenada.

Em sua defesa, Moliére escreveu num panfleto:

“Sendo o dever da comédia corrigir os homens enquanto os entretém, acreditava que, no


trabalho em que me encontro, nada melhor do que atacar com pinturas ridículas os vícios de
meu século; e como a hipocrisia é sem dúvida uma das mais usadas, a mais inconveniente e
a mais perigosa, tive, senhor, o pensamento de que não prestaria um pouco de serviço a todas
as pessoas honestas de seu reino, se Eu estava fazendo uma comédia que denunciava os
hipócritas e colocava devidamente em vista todas as caretas estudadas dessa gente
excessivamente boa, toda a malandragem encoberta por esses devotos falsificadores, que
querem pegar homens com zelo falso e instituição de caridade sofisticada.”

Quais os principais pensadores do Iluminismo?

Os filósofos iluministas começaram a surgir na França em meados do século XVII. A


palavra iluminismo remete ao movimento que desejava clarear, iluminar a sociedade europeia
que, para os pensadores da época, encontrava-se nas trevas, principalmente por causa de
crenças religiosas da igreja católica.
Conhecer um pouco desses pensadores vai ajudar a entender as razões pelas quais
surgiram o Iluminismo.
Veja quais foram os principais pensadores iluministas, seus ideais e principais obras:
John Locke (1632-1704)
John Locke foi um filósofo inglês que defendia a
liberdade de expressão, um dos mais importantes
filósofos iluministas e fundador do empirismo e do que
hoje chamamos de liberalismo. Como representante
do individualismo liberal, defendeu a monarquia
constitucional e representativa, que foi a forma de
governo estabelecida na Inglaterra, depois da Revolução de 1688. Locke afirmava que o
conhecimento era proveniente da experiência, tanto de origem externa, nas sensações, quanto nas
internas, através das reflexões. Ou seja, defendia a ideia de que homem era uma folha em branco,
que se preenchia apenas com as experiências, pois depois que começamos a perceber tudo em
volta, surgem as ideias sensoriais.
Principais Obras
➢ Cartas sobre a tolerância (1689)
➢ Ensaio sobre o entendimento humano (1690)
➢ Pensamentos sobre a educação (1693

Voltaire (1694-1778)

Voltaire, pseudônimo literário de François Marie


Arouet, foi um filósofo e escritor francês que tem sua
imagem marcada como símbolo do Movimento
Iluminista. Defensor das liberdades individuais e da
tolerância, foi uma das principais inspirações da
Revolução Francesa. Para ele, deve ser garantido às
pessoas o direito à liberdade de expressão, a liberdade religiosa e a liberdade política. Para o
pensador, o progresso da sociedade somente viria com o reconhecimento dessas liberdades
individuais e com o respeito e a tolerância a todas as formas de pensar. Voltaire acreditava que o
ser humano deveria ser livre para expressar sua vida criativa, sem interferências de cunho moral e
religioso. Ele era contra o absolutismo e a favor da separação entre igreja e Estado. Foram mais de
70 obras em forma de livros, peças de teatro, romances, poemas e outros.
Principais Obras

➢ Édipo (1718) ➢ Conselhos a um jornalista (1737)


➢ Cartas Filosóficas (1734)
➢ Cândido, ou O Otimismo (1759) ➢ Dicionário Filosófico (1764)
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Filósofo suíço mais popular da Revolução


Francesa, defendia a democracia direta onde cada
indivíduo seria capaz de participar de todas as
decisões políticas, ou seja, fazer prevalecer a
soberania popular. Jean Jacques Rousseau foi um
dos principais influenciadores da formação do pensamento político e educacional moderno. Ao
contrário de todos os outros iluministas, Rousseau não acreditava no individualismo, indo contra as
teorias liberalistas da época. Para ele, com a igualdade não seria possível que as pessoas tivessem
propriedades privadas, e que o bem estar social só seria possível se a posse de bens acabasse.
Principais Obras
➢ Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens (1755)
➢ Discurso Sobre as Ciências e as Artes (1755)
➢ Julie ou a Nova Heloísa (1761)
➢ O Contrato Social (1762)

Montesquieu (1689-1755)
Conhecido principalmente pela sua teoria de
separação de poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário), como é hoje no Brasil, esse filósofo
francês fez parte da primeira geração de
pensadores iluministas e atuou principalmente no
ramo da política e da psicologia. Montesquieu foi
um dos mais importantes filósofos e pensadores do
iluminismo francês. Além disso, foi um crítico do absolutismo e do catolicismo e defensor
da democracia, sendo sua obra mais destacada O Espirito das Leis, um tratado de teoria política,
no qual aponta para a divisão dos três poderes.

Principais Obras
➢ Cartas Persas (1721)
➢ Considerações sobre as Causas da Grandeza dos Romanos e de sua Decadência (1734)
➢ O Espírito das Leis (1748)
Denis Diderot (1713-1784)

Sabe a enciclopédia (aquela que existia


antes de existir o Google)? Devemos a este
escritor e filósofo iluminista francês a criação da
primeira enciclopédia do mundo. Como um
grande defensor da expansão do conhecimento,
o escritor passou boa parte da sua vida
organizando pensamentos e conhecimentos da época, para divulgar a filosofia iluminista no mundo.
Denis Diderot consagrou-se como um grande escritor e fez da literatura o seu ofício, o que
valeu uma vasta produção literária. Acreditava na razão como guia, da qual a filosofia deveria se
alicerçar para desvendar a verdade e constituir um sólido conhecimento.
Principais Obras
➢ Pensamentos Filosóficos (1746) ➢ A Religiosa (1760)
➢ As Joias Indiscretas (1748) ➢ O Sobrinho de Rameau (1762)
➢ Encyclopédie (1751-1772) ➢ Jacques, o Fatalista e Seu Mestre (1773)

Adam Smith (1723-1790)


Considerado o pai da economia moderna,
Adam Smith foi um filósofo e economista
escocês e o nome mais importante quando se
trata de liberalismo econômico.
Publicou sua principal obra, A Riqueza das
Nações, que teve importância fundamental
para o nascimento da economia política liberal
e para o progresso de toda a teoria econômica. Pregava a não intervenção do Estado na economia
e um Estado limitado às funções de guardião da segurança pública, mantenedor da ordem e
garantia da propriedade privada. Suas Principais Obras foram:
➢ Teoria dos Sentimentos (1759) ➢ Ensaio sobre Temas Filosóficos (1795)
➢ A Riqueza das Nações (1776)

Referências
FAÇANHA, Luciano da Silva. Diderot e Rousseau: sobre uma suposta conversa acerca dos
solitários no romance filosófico moderno. São Paulo: ANPOF, 2017. p. 231-258.

GARCIA, Cláudio Boeira. As cidades e suas cenas: a crítica de Rousseau ao teatro. Editora
UNJUI, Rio Grande do Sul, 1999.

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