Aula Imódulovi Vii
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Modulo VI&VII
Conteúdo
1 Equações diferenciais 1
1.1 Resolução analítica de algumas equações ordinárias de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Equações de variáveis separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Equações lineares de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3 Equações de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.4 Equações de Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.5 Equações diferenciais homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.6 Equações diferenciais exactas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 Problema de valor inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Imagination is more important than kno-
wledge. Knowledge is limited. Imagina-
tion encircles the world.
Albert Einstein
1 Equações diferenciais
Definição 1.1. Chama-se de equação diferencial a uma equação que relaciona as derivadas ou diferenciais de
uma ou mais variáveis dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes.
Observação 1.1. Se a equação diferencial conter uma única variável independente x, i.e, a uma função
do tipo:
F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) = g(x) (1.1)
onde g é uma função que depende apenas de x, denomina-se de equação diferencial ordinária (EDO).
Caso contrário, i.e, se conter mais do que um variável independente, denomina-se de equação diferencial
parcial (EDP).
Exemplo 1.1. São exemplos de EDO’s
dy
1. dx =x
2. y 000 − 3y = 0
dy d2 y dk y
, , · · · , (1.2)
dx dx2 dxk
em detrimento de
y 0 y 00 · · · , y (k) . (1.3)
Definição 1.2. Designa-se por ordem de uma equação diferencial à maior das ordens das derivadas que nela
aparecem.
Exemplo 1.2. As equações seguintes são de ordem 1, 2 e 3 respectivamente:
1. y 0 + xy = 0
2. y 00 + xy 0 + y = 0
2
3. (y 000 ) + x2 y = 0.
Nesta que se segue vamos considerar apenas EDO.
Definição 1.3. Uma solução de uma EDO de ordem k, definida num intervako ]a, b[ , podendo a ser −∞ e b +∞,
é uma função contínua, com derivadas parciais até a ordem k, definidas nesse intervalo e que juntamente com as
suas derivadas satisfazem a EDO.
Exemplo 1.3. A curva y = sin (x) é uma solução (explícita) da EDO y 00 + y = 0.
Definição 1.4. Seja f (x)uma função real, definida para todo x pertencente a um intervalo real aberto I, que tenha
derivada de ordem n. A função f designa-se por solução explícita da equação (1.1) em I sse:
1. F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) está definida para todo x pertencente a I
2. F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) = g(x) para todo x pertencente a I.
3. (Exercício)
4. (Exercício).
Definição 1.5. Um relação (implícita) f (x, y) = c diz-se uma solução implícita da equação (1.1) se define pelo
menos uma função real f (x) num intervalo aberto I, tal que f (x) é uma solução explicita de (1.1) em I.
Exemplo 1.5. Verifique se a família de circunferência de y 2 +x2 = C, C ∈ R0+ é uma solução da equação yy 0 = −x.
Resolução: Aqui a solução é implicita. Para verificarmos a solução devemos ter em conta que y = y (x) .
Derivando ambos os membros segue,
2yy 0 + 2x = 0 ⇔ yy 0 = −x.
√ √ √ √
Por outro lado, y 2 + x2 = C ⇔ y = ± C − x2 . Tem-se que y = f (x) = C − x2 , x ∈ I = ]− c, c[ define uma
solução explícita em I (verifique).
y 0 + xy = 0 (1.5)
y 00 + x2 y = x, (1.6)
as equações (1.7) e (1.8) são exemplos de EDO’s não lineares,
2
(y 0 ) + xy = 0 (1.7)
y 00 + xy 2 = x. (1.8)
Observação 1.3. No caso das EDO’s lineares, note o seguinte:
1. Tanto y como as suas derivadas são de 1.o grau;
2. Não surgem produtos de y ou das suas derivadas;
3. Não figuram funções transcendentes de y (tais como: logaritmos, exponencial, seno, cosseno etc.)
Resolução de uma equação de variáveis separáveis Se M (x) for uma função nula, facilmente conclui-se que
a equação possui solução constante. Por outro lado, se M (x) 6= 0, tem-se,
dy
M (x) + N (y) y 0 = 0 ⇔ N (y) y 0 = −M (x) ⇔ N (y) = −M (x) ⇔ N (y) dy = −M (x) dx.
dx
Mostra-se1 que: ˆ ˆ
N (y) dy = −M (x) dx ⇔ N (y) dy = − M (x) dx. (1.10)
Observação 1.4. Pelo exposto em (1.10) a resolução de uma equação diferencial passa pelo processo de integração
(o que era de se esperar!).
Exemplo 1.7. Resolva a equação −x + yy 0 = 0
Solução: Vamos começar por separar variáveis. Então,
dy dy
−x + yy 0 = 0 ⇔ −x + y =0⇔y = x ⇔ ydy = xdx
dx dx
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0
onde M e N são homogêneas do mesmo grau.
Teorema 1.1. Se M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 for uma EDO homogênea, então ela pode ser transformada numa
equação de variáveis separáveis mediante a substituição y = vx onde v é derivável em x.
Demonstração. (Exercício)
Observação 1.5. Repare que sendo y = vx, tem-se que dy = vdx + xdv.
2 2
Exercício 1.3. Resolva a equação homogênea
x − y dx + xydy = 0
2 2
Resolução: Sendo M = x − y e N = xy homogêneas de grau 2, segundo o teorema anterior, a substituição
y = vx transforma a equação numa equação de varáveis separáveis. Então temos,
1
x2 − v 2 x2 dx + xvx (vdx + xdv) = 0 ⇔ x2 dx + x3 vdv = 0 ⇔ dx = −vdv
x
´ 1 ´ 2
⇔ dx = − vdv ⇔ v 2 + ln |x| = C, C ∈ R
x
Na variável y, a família de soluções fica definida por
y 2 2
+ ln |x| = C, C ∈ R
x2
1 Veja bibliografia
dy ´ P (x)dx ´ ´
d P (x)dx P (x)dx dy
(µy) = e + yP (x) e =e + P (x) y (x) . (1.14)
dx dx dx
(a) y 0 + y = ex
(b) y 0 + ytg(x) = 1.
dt
(1 − n) (Q − P t) = (1.23)
dx
e
dt
+ [(1 − n) P ] t = (1 − n) Q (1.24)
dx
que é linear na variável t.
Exemplo 1.10. Resolva a EDO de Bernoulli y 0 + x1 y = xy 2
1
Resolução: Multiplicando ambos os membros da equação por y2 obtém-se
y0 11
y2
+ =x (1.25)
xy
1 dt dy
Considerando t = y 1−2 = y (donde dx = − y12 dx ) obtém-se,
dt 1
− t = −x
dx x
que é uma EDO linear de primeira ordem nas variáveis t e x. Seja então, P (x) = − x1 e Q (x) = −x temos que
´ −1
µ (x) = e P (x)dx
= eln |x| = |x|−1 .
De ˆ ˆ
x
µQdx = − dx = −|x| + c1
|x|
vem que
ˆ
1
t= µQdx = |x| (− |x| + c1 ) = −x2 + Cx, C ∈ R
µ
Assim, a solução da equação é
1 1
y= = , C ∈ R.
t −x2 + Cx
Exercício 1.5. Verifique a solução da equação diferencial do exemplo anterior.
y = y1 + v −→ y 0 = y10 + v 0 (1.27)
a solução desta equação a determinar é obtida então a partir da substituição de (1.27) em (1.26). Então fica
dy
= p(x) + q(x)y + r(x)y 2
dx
y10 + v 0 = p(x) + q(x)(y1 + v) + r(x)(y1 + v)2
0
v + [p(x) + q(x)y1 + r(x)y12 ] = r(x)y12 + 2r(x)y1 v + r(x)v 2
| {z }
(1.28)
Resolução: Trata-se de uma equação de Riccati e para a resolver usamos a seguinte substituição
1 1
y=v+ → y0 = v0 − .
x x2
1 C − x2 1 2x
1 = ⇒y− =
y− x
2x x C − x2
2x 1
y(x) = 2
+ . (1.34)
C −x x
A função (1.34) constitui assim a solução geral da equação diferencial (1.30) na sua forma explícita.
com
∂P ∂Q
(x, y) = (x, y) (1.36)
∂y ∂x
onde existe uma função F = F (x, y) tal que
∂F
∂x (x, y) = P
∂F
∂y (x, y) = Q
então a função F = F (x, y) é a chamada de função potencial. A resolução da equação (1.35) passa por
encontrar a função F. A solução é dada, na forma implícita, por
F (x, y) = c, c ∈ R (1.38)
Para resolver este tipo de equações usamos uma das seguintes identidades:
ˆ
∂F
(x, y) = P ⇔ F = P (x, y) dx + φ(y). (1.39)
∂x
ˆ
∂F
(x, y) = Q ⇔ F = Q (x, y) dy + ψ(x). (1.40)
∂y
ˆ ˆ
∂F
(x, y) = P ⇔ F = P (x, y) dx + φ(y) ⇔ F = (2x + 3) dx + φ(y),
∂x
donde
F = x2 + 3x + φ (y) (1.42)
∂F
(x, y) = Q ⇔ 0 + φ0 (y) = 2y − 2. (1.43)
∂y
Assim, obtém-se
φ0 (y) = 2y − 2 ⇔ φ (y) = y 2 − 2y. (1.44)
Finalmente, a solução geral é
x2 + 3x + y 2 − 2y = C, C ∈ R. (1.45)
2x + y 2 dx + (2xy + y) dy = 0
(2xy + 3y) dx + 4y 3 + x2 + 3x + 4 dy = 0
∂P ∂Q
EXACTAS P (x, y)dx + Q (x, y) dy = 0, com ∂y (x, y) = ∂x (x, y)
dy
= 2x, y (0) = 2. (1.47)
dx
Para resolver (1.47) vamos considerar a solução geral de (1.46)
y = x2 + C (1.48)
y(0) = 2 ⇔ 02 + C = 2 ⇔ C = 2. (1.49)
Observação 1.9. A solução do exercício (ilustrado na figura) é única (leia o teorema 1.2) . Os PVIs são muito comuns
em problemas da física (e não só!). Se todas as condições suplementares disserem respeito a um determinado valor
da variável independente, diz-se que se está perante a um problema de valores iniciais (PVI). Se todas as
condições suplementares disserem respeito a dois valores di+stintos da variável independente, diz-se que se está na
presença de um problema de valores de fronteira (PVF). Repare, no entanto, que para equações diferenciais
de primeira ordem só tem lugar os PVIs (porquê?).
Exemplo 1.12. O problema de resolver
é um exemplo de PVF.
Existência e Unicidade
Definição 1.13. Para uma EDO de 1.a ordem
Um problema de valor inicial (PVI) é tal que dados x0 fixo e as constantes fixas a0 e a1 , devemos obter uma função
y = y (x) que satisfaz a equação dada e as condições pré-fixadas, i.e.,
0
F (x, y, y ) = g (x)
(1.53)
y(x0 ) = a0
Resolução
Vamos começar por resolver y 0 = 2x. Ora,
ˆ ˆ
dy
y 0 = 2x ⇔ = 2x ⇔ dy = 2xdx ⇔ dy = 2xdx ⇔ y = xš + c, c ∈ R. (1.55)
dx
Para concluir o exercício, devemos ter em conta que y(0) = 2. Desta forma, obtemos o valor da constante c. De
facto,
y(0) = 2 ⇔ 0š + c = 2 ⇔ c = 2, (1.56)
donde obtemos a solução geral
y(x) = xš + 2. (1.57)
Teorema 1.2. (Existência e unicidade de solução) Suponha que as funções f e ∂f ∂y são contínuas em algum retângulo
α < t < β, γ < y < γ contendo o ponto (t0 , y0 ) . Então, em algum intervalo t0 −h < t < t0 +h contido em α < t < β
existe uma única solução do problema de valor inicial (PVI)
y(2) = 2
Resolução: Comecemos por resolver a EDO de variáveis separáveis associada a este PVI:
1 dy dx
y0 + y = 0 ⇔ =− ⇔ ln |y| = − ln |x| + c1 ⇔ ln |y| + ln |x| = c1 ⇔ ln |yx| = c1 ⇔ yx = ec1 = C, c1 ∈ R
x y x
e C ∈ R+ .
Como y(2) = 2, temos que 2 × 2 = C, ou seja, C = 4.
A solução deste PVI é yx = 4.
Exercício 1.7. (Suplementares) Resolva os seguintes PVIs:
1. (x + y + 2) dx − xdy = 0, y (1) = 10
2
2. x3 y 0 + 2y = e1/x , y (1) = e
1
3. y 0 + y = 0, y (2) = 2
x
4. y 0 + (2x − 1) y = 0