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Notas de Aulas AM III 2015/2016

Ano: 2o Ano - UNICV - 1o Semestre

Modulo VI&VII
Conteúdo
1 Equações diferenciais 1
1.1 Resolução analítica de algumas equações ordinárias de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Equações de variáveis separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Equações lineares de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3 Equações de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.4 Equações de Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.5 Equações diferenciais homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.6 Equações diferenciais exactas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 Problema de valor inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Imagination is more important than kno-
wledge. Knowledge is limited. Imagina-
tion encircles the world.
Albert Einstein

1 Equações diferenciais
Definição 1.1. Chama-se de equação diferencial a uma equação que relaciona as derivadas ou diferenciais de
uma ou mais variáveis dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes.
Observação 1.1. Se a equação diferencial conter uma única variável independente x, i.e, a uma função
do tipo:
F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) = g(x) (1.1)
onde g é uma função que depende apenas de x, denomina-se de equação diferencial ordinária (EDO).
Caso contrário, i.e, se conter mais do que um variável independente, denomina-se de equação diferencial
parcial (EDP).
Exemplo 1.1. São exemplos de EDO’s
dy
1. dx =x
2. y 000 − 3y = 0

São exemplos de EDP’s


∂u
1. ∂t = aš ∂šu
∂t2 , u = u (x, t) (equação de calor)
∂šu ∂šu
2. ∂tš = aš ∂x 2 ,u = u (x, t) (equação de onda)

Observação 1.2. Por vezes é conveniente usarmos a notação

dy d2 y dk y
, , · · · , (1.2)
dx dx2 dxk
em detrimento de
y 0 y 00 · · · , y (k) . (1.3)
Definição 1.2. Designa-se por ordem de uma equação diferencial à maior das ordens das derivadas que nela
aparecem.
Exemplo 1.2. As equações seguintes são de ordem 1, 2 e 3 respectivamente:

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Ano: 2o Ano - UNICV - 1o Semestre

1. y 0 + xy = 0
2. y 00 + xy 0 + y = 0
2
3. (y 000 ) + x2 y = 0.
Nesta que se segue vamos considerar apenas EDO.
Definição 1.3. Uma solução de uma EDO de ordem k, definida num intervako ]a, b[ , podendo a ser −∞ e b +∞,
é uma função contínua, com derivadas parciais até a ordem k, definidas nesse intervalo e que juntamente com as
suas derivadas satisfazem a EDO.
Exemplo 1.3. A curva y = sin (x) é uma solução (explícita) da EDO y 00 + y = 0.
Definição 1.4. Seja f (x)uma função real, definida para todo x pertencente a um intervalo real aberto I, que tenha
derivada de ordem n. A função f designa-se por solução explícita da equação (1.1) em I sse:
1. F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) está definida para todo x pertencente a I
2. F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) = g(x) para todo x pertencente a I.

Problema de verificação de solução


Exemplo 1.4. Verifique se as seguintes funções são soluções da equação y 00 + y = 0.
1. y = sin(x) + cos(x)
2. y = c1 sin(x), c1 ∈ R
3. y = cos(x)
4. y = x2
Resolução:
1. A equação y 00 + y = 0 envolve a derivada de 2.a ordem (y 00 ). Assim, de y = sin(x) + cos(x) obtém-se:

y 0 = cos (x) − sin (x)

y 00 = − sin (x) − cos (x) .


Portanto, é solução já que
− sin(x) − cos(x)+ sin(x) + cos(x) = 0.
| {z } | {z }
y 00 y

2. Analogamente, de y = c1 sin (x) temos:


y 0 = c1 cos (x)
y 00 = −c1 sin (x) .
Portanto, também é solução já que
−c1 sin (x)+ c1 sin (x) = 0.
| {z } | {z }
y 00 y

3. (Exercício)
4. (Exercício).
Definição 1.5. Um relação (implícita) f (x, y) = c diz-se uma solução implícita da equação (1.1) se define pelo
menos uma função real f (x) num intervalo aberto I, tal que f (x) é uma solução explicita de (1.1) em I.

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Exemplo 1.5. Verifique se a família de circunferência de y 2 +x2 = C, C ∈ R0+ é uma solução da equação yy 0 = −x.
Resolução: Aqui a solução é implicita. Para verificarmos a solução devemos ter em conta que y = y (x) .
Derivando ambos os membros segue,

2yy 0 + 2x = 0 ⇔ yy 0 = −x.
√ √ √ √
Por outro lado, y 2 + x2 = C ⇔ y = ± C − x2 . Tem-se que y = f (x) = C − x2 , x ∈ I = ]− c, c[ define uma
solução explícita em I (verifique).

Exercício 1.1. Verifique que a relação xy = 1 é uma solução implícita de


dy 1
=− 2 (1.4)
dx x
em I = R\{0} .
Definição 1.6. A equação (1.1) diz-se ordinária linear se a função F for linear nas variáveis y, y 0 , y 00 , · · · , y (k) .
Caso contrário, diz-se não linear.
Exemplo 1.6. As equações (1.5) e (1.6) são exemplos de EDO’s lineares,

y 0 + xy = 0 (1.5)

y 00 + x2 y = x, (1.6)
as equações (1.7) e (1.8) são exemplos de EDO’s não lineares,
2
(y 0 ) + xy = 0 (1.7)

y 00 + xy 2 = x. (1.8)
Observação 1.3. No caso das EDO’s lineares, note o seguinte:
1. Tanto y como as suas derivadas são de 1.o grau;
2. Não surgem produtos de y ou das suas derivadas;

3. Não figuram funções transcendentes de y (tais como: logaritmos, exponencial, seno, cosseno etc.)

1.1 Resolução analítica de algumas equações ordinárias de primeira ordem


Nem sempre, é possivel encontrar uma solução analítica de uma EDO. Além disso, as soluções quando existem,
aparecem muitas vezes na forma implícita (como no exemplo 1.5). No entanto, existem métodos especiais para a
sua resolução, como o método numérico (poderá aprender em análise de númerica). As soluções de uma EDO são
extremamente importantes devido às suas aplicações em ciências e engenharias. Para informações sobre aplicações
veja as bibliografias (???). Vamos ver de seguida equações diferenciais especiais (a qual se conhece pelo menos um
método de resolução) e alguns métodos para a sua resolução.

1.1.1 Equações de variáveis separáveis


Definição 1.7. A uma equação do tipo:

M (x) + N (y) y 0 = 0, (1.9)


onde M depende somente de x e N depende somente y chamamos de EDO de variáveis separáveis.

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Resolução de uma equação de variáveis separáveis Se M (x) for uma função nula, facilmente conclui-se que
a equação possui solução constante. Por outro lado, se M (x) 6= 0, tem-se,
dy
M (x) + N (y) y 0 = 0 ⇔ N (y) y 0 = −M (x) ⇔ N (y) = −M (x) ⇔ N (y) dy = −M (x) dx.
dx
Mostra-se1 que: ˆ ˆ
N (y) dy = −M (x) dx ⇔ N (y) dy = − M (x) dx. (1.10)

Observação 1.4. Pelo exposto em (1.10) a resolução de uma equação diferencial passa pelo processo de integração
(o que era de se esperar!).
Exemplo 1.7. Resolva a equação −x + yy 0 = 0
Solução: Vamos começar por separar variáveis. Então,
dy dy
−x + yy 0 = 0 ⇔ −x + y =0⇔y = x ⇔ ydy = xdx
dx dx

Integrando cada uma das partes, temos:


ˆ ˆ
y2 x2
ydy = − xdx ⇔ = − + c1 ⇔ y 2 + x2 = C, C ∈ R+
0.
2 2
Há equações que podem tornar-se separáveis mediante mudança de variáveis.
Definição 1.8. Uma funçao f = f (x, y) diz-se homogênea de grau n sse ∀ t > 0 e (x, y) onde f está definida,
tem-se
f (tx, ty) = tn f (x, y). (1.11)
Exemplo 1.8. Mostre que a função M (x, y) = x2 − y 2 é homogênea de grau 2. 
2 2
Resolução: De facto, M (tx, ty) = (tx) − (ty) = t2 x2 − t2 y 2 = t2 x2 − y 2 = t2 M (x, y) . Logo, segundo a
definição anterior M é homogênea de grau 2.
Exercício 1.2. Mostre que a função N (x, y) = xy é homogênea de grau 2.
Definição 1.9. Uma EDO homogênea é uma equação do tipo

M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0
onde M e N são homogêneas do mesmo grau.
Teorema 1.1. Se M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0 for uma EDO homogênea, então ela pode ser transformada numa
equação de variáveis separáveis mediante a substituição y = vx onde v é derivável em x.
Demonstração. (Exercício)
Observação 1.5. Repare que sendo y = vx, tem-se que dy = vdx + xdv.
2 2

Exercício 1.3. Resolva a equação homogênea
 x − y dx + xydy = 0
2 2
Resolução: Sendo M = x − y e N = xy homogêneas de grau 2, segundo o teorema anterior, a substituição
y = vx transforma a equação numa equação de varáveis separáveis. Então temos,
 1
x2 − v 2 x2 dx + xvx (vdx + xdv) = 0 ⇔ x2 dx + x3 vdv = 0 ⇔ dx = −vdv
x
´ 1 ´ 2
⇔ dx = − vdv ⇔ v 2 + ln |x| = C, C ∈ R
x
Na variável y, a família de soluções fica definida por
y 2 2
+ ln |x| = C, C ∈ R
x2
1 Veja bibliografia

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1.1.2 Equações lineares de primeira ordem


Definição 1.10. A uma equação do tipo
dy
+ P (x) y (x) = Q (x) (1.12)
dx
em que P e Q são funções contínuas num dado intervalo contido em R, designamos por EDO linear de primeira
ordem.
Observação 1.6. Repare que se Q(x) for nula, a equação (1.12) é uma EDO de variáveis separáveis.

Resolução de equações lineares de primeira ordem


Para resolver uma´ equação linear de 1.a ordem, considera-se primeiro a forma padrão (1.12) e a seguir o seguinte:
seja µ(x) = e P (x)dx o que designamos de factor integrante. Em geral, resolve-se a equação multiplicando
ambos os membros pelo factor integrante.
Demonstração. De facto,
´ ´
 
P (x)dx dy P (x)dx
e + P (x) y (x) = Q (x) e . (1.13)
dx
O primeiro membro da equação (1.13) é a derivada do produto de µ por y. Pois,

dy ´ P (x)dx ´ ´
 
d P (x)dx P (x)dx dy
(µy) = e + yP (x) e =e + P (x) y (x) . (1.14)
dx dx dx

Assim, a equação (1.12) escreve-se da forma


d
(µy) = Q (x) µ (x) , (1.15)
dx
donde ˆ
1
y (x) = µQdx. (1.16)
µ

Exemplo 1.9. Resolva a equação


xy 0 − 2y = x2 . (1.17)
Resolução:
Primeiro vamos escrever a equação na forma standard (1.12). Se x 6= 0, tem-se que
2
xy 0 − 2y = x2 ⇔ y 0 − y = x,
x
´ 1
onde P (x) = − x2 e Q (x) = x. Assim, µ = e−2 x dx = e−2 ln|x| = 1
x2 . E portanto, a solução é
ˆ
x
y = x2 dx = x2 (ln |x| + c) . (1.18)
x2
Exercício 1.4. (Para praticar)
1. Considere c = 2 em (1.18) e verifique que a função encontrada é uma solução de (1.17)
2. Resolva as seguintes EDO’s lineares de primeira ordem:

(a) y 0 + y = ex
(b) y 0 + ytg(x) = 1.

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1.1.3 Equações de Bernoulli


Definição 1.11. Uma equação diferencial de Bernoulli é uma equação da forma

y 0 + P (x) y = Q (x) y n , (1.19)

com n 6= 0 e n 6= 1 onde P (x) e Q (x) são funções contínuas.


Observação 1.7. Note que se n = 0 obtemos uma equação diferencial linear de primeira ordem e n = 1
obtemos uma equação separável.

Resolução da equação de Bernoulli


A equação de Bernoulli será resolvida segundo os seguintes passos:
1
1. Multiplicar a equação por yn .

2. Considerar a mudança de variável t = y 1−n onde obtém-se que


dy dt
(1 − n) y −n = (1.20)
dx dx
dy
3. Vamos obter (1.19) em ordem a dx :
dy
= Qy n − P y (1.21)
dx
4. Subsituindo (1.21) em (1.20) obtém-se
dt dt
(1 − n) y −n (Qy n − P y) = ⇒ (1 − n) Q − P y 1−n =

(1.22)
dx dx

5. Sabendo que t = y 1−n temos:

dt
(1 − n) (Q − P t) = (1.23)
dx
e
dt
+ [(1 − n) P ] t = (1 − n) Q (1.24)
dx
que é linear na variável t.
Exemplo 1.10. Resolva a EDO de Bernoulli y 0 + x1 y = xy 2
1
Resolução: Multiplicando ambos os membros da equação por y2 obtém-se

y0 11
y2
+ =x (1.25)
xy
1 dt dy
Considerando t = y 1−2 = y (donde dx = − y12 dx ) obtém-se,

dt 1
− t = −x
dx x
que é uma EDO linear de primeira ordem nas variáveis t e x. Seja então, P (x) = − x1 e Q (x) = −x temos que
´ −1
µ (x) = e P (x)dx
= eln |x| = |x|−1 .

De ˆ ˆ
x
µQdx = − dx = −|x| + c1
|x|

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vem que
ˆ
1
t= µQdx = |x| (− |x| + c1 ) = −x2 + Cx, C ∈ R
µ
Assim, a solução da equação é
1 1
y= = , C ∈ R.
t −x2 + Cx
Exercício 1.5. Verifique a solução da equação diferencial do exemplo anterior.

1.1.4 Equações de Riccati


Uma equação não-linear de primeira ordem denomina-se equação de Riccati se for do tipo
dy
= p(x) + q(x)y + r(x)y 2 (1.26)
dx
onde p(x), q(x) e r(x) são três funções que dependem de x. Conhecendo uma solução particular da equação,
suponhamos y1 , a mudança de variável y = y1 + v transforma a equação de Riccati numa equação de Bernoulli. De

y = y1 + v −→ y 0 = y10 + v 0 (1.27)

e supondo que y1 é solução da equação de Riccati (1.26), isto é,

y10 = p(x) + q(x)y1 + r(x)y12 (1.28)

a solução desta equação a determinar é obtida então a partir da substituição de (1.27) em (1.26). Então fica

dy
= p(x) + q(x)y + r(x)y 2
dx
y10 + v 0 = p(x) + q(x)(y1 + v) + r(x)(y1 + v)2
0
v + [p(x) + q(x)y1 + r(x)y12 ] = r(x)y12 + 2r(x)y1 v + r(x)v 2
| {z }
(1.28)

+ q(x)v + q(x)y1 + p(x)


0
v = 2r(x)y1 v + r(x)v 2 + q(x)v
⇒ v 0 + [−2r(x)y1 − q(x)] v = r(x) v 2 . (1.29)
| {z } |{z}
θ(x) φ(x)

A equação (1.29) é, portanto, uma equação de Bernoulli, com n = 2.

Exemplo: Encontre a solução geral da seguinte equação seguinte


1 1
y0 = − − y + y 2 , x > 0, (1.30)
x x
1
com y1 = x uma solução particular da equação dada.

Resolução: Trata-se de uma equação de Riccati e para a resolver usamos a seguinte substituição
1 1
y=v+ → y0 = v0 − .
x x2

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Substituindo na equação de Riccati obtemos


1 1 1 1 1
v0 − 2
= − − (v + ) + (v + )2
x x x x x
0 1 1 v 1 2 v 1
v − 2 =− − − 2 +v +2 + 2
x x x x x x
0 1 2
=v − v=v , (1.31)
x
com (1.32) uma equação de Bernoulli. De (1.32)
1 −1
−v −2 v 0 + v = −1, (1.32)
x
considerando w = v −1 e consequentemente w0 = −v −2 v 0 e substituindo em (1.32) fica
1
w0 + w = −1, (1.33)
x
onde (1.33) é uma equação linear.

O fator integrante (1.33) será ˆ 


1
µ(x) = exp dx = eln |x| .
x
Sendo a condição inicial x > 0, o fator integrante será µ(x) = x. Assim, a solução da equação (1.33) será
ˆ 
1
w(x) = −1 · µ(x)dx + C ,
µ(x)

com C uma constante real. Então fica:


 ˆ 
1
w(x) = − x · dx + C
x
 2
C − x2

1 x
= − +C = .
x 2 2x

Ainda, considerando que w = v −1 e v = y − x1 , fica

1 C − x2 1 2x
1 = ⇒y− =
y− x
2x x C − x2

2x 1
y(x) = 2
+ . (1.34)
C −x x
A função (1.34) constitui assim a solução geral da equação diferencial (1.30) na sua forma explícita.

1.1.5 Equações diferenciais homogêneas


1.1.6 Equações diferenciais exactas
Definição 1.12. Uma EDO y 0 = f (x, y) chama-se exacta se pode ser escrita na forma

P (x, y)dx + Q (x, y) dy = 0, (1.35)

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com
∂P ∂Q
(x, y) = (x, y) (1.36)
∂y ∂x
onde existe uma função F = F (x, y) tal que

∂F
 ∂x (x, y) = P

 ∂F

∂y (x, y) = Q

Observação 1.8. Seja F = F (x, y) . Se F é tal que



∂F
 ∂x (x, y) = P

(1.37)
 ∂F

∂y (x, y) = Q

então a função F = F (x, y) é a chamada de função potencial. A resolução da equação (1.35) passa por
encontrar a função F. A solução é dada, na forma implícita, por

F (x, y) = c, c ∈ R (1.38)

Para resolver este tipo de equações usamos uma das seguintes identidades:
ˆ
∂F
(x, y) = P ⇔ F = P (x, y) dx + φ(y). (1.39)
∂x
ˆ
∂F
(x, y) = Q ⇔ F = Q (x, y) dy + ψ(x). (1.40)
∂y

Exemplo 1.11. Resolva a EDO exacta (2x + 3) dx + (2y − 2) dy = 0


Resolução: Primeiro vamos verificar que ela é exacta. Seja P (x, y) = 2x + 3 e Q(x, y) = 2y − 2, temos
∂P ∂Q
(x, y) = (x, y) = 0. (1.41)
∂y ∂x
Para a resolução vamos procurar a solução da equação usando uma das identidades, diga-se (1.39). Obtemos o
seguinte:

ˆ ˆ
∂F
(x, y) = P ⇔ F = P (x, y) dx + φ(y) ⇔ F = (2x + 3) dx + φ(y),
∂x
donde
F = x2 + 3x + φ (y) (1.42)

Como encontrar o φ(y)?


∂F
Usamos a função encontrada em (1.42) e o facto de ∂y (x, y) = Q, ou seja,

∂F
(x, y) = Q ⇔ 0 + φ0 (y) = 2y − 2. (1.43)
∂y
Assim, obtém-se
φ0 (y) = 2y − 2 ⇔ φ (y) = y 2 − 2y. (1.44)
Finalmente, a solução geral é
x2 + 3x + y 2 − 2y = C, C ∈ R. (1.45)

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Exercício 1.6. (Praticar)


1. Verifique que a equação diferencial

2x + y 2 dx + (2xy + y) dy = 0


é exacta e determine a sua solução.


2. Resolva a equação do exemplo anterior usando (1.40).
3. Considere a equação diferencial :

(2xy + 3y) dx + 4y 3 + x2 + 3x + 4 dy = 0


(a) Mostre que se trata de uma equação diferencial exacta;


(b) Determine a solução geral da equação diferencial dada.

Resumo de equações Diferenciais de Primeira Ordem


Método Tipo de Equação
VARIÁVEIS SEPARÁVEIS M (x)dx + N (y)dy = 0

HOMOGÊNEAS M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0, onde M e N são homogêneas de grau n

LINEARES DE 1a ORDEM y 0 + P (x) y = Q (x)

BERNOULLI y 0 + P (x) y = Q (x) y n , com n 6= 0, n 6= 1

∂P ∂Q
EXACTAS P (x, y)dx + Q (x, y) dy = 0, com ∂y (x, y) = ∂x (x, y)

1.2 Problema de valor inicial


Problema 1.1. Considere-se o problema de determinar a função y = f (x) que é solução da equação diferencial
dy
=x (1.46)
dx
mas que passa no ponto de coordenadas (x, y) = (0, 2) e cuja reta tangente ao seu gráfico tem declive 2x em cada
ponto. Um problema do tipo, desgina-se por problema de valor inicial (PVI) e pode-se reprensentar por,

dy
= 2x, y (0) = 2. (1.47)
dx
Para resolver (1.47) vamos considerar a solução geral de (1.46)

y = x2 + C (1.48)

e a condição que permite determinar a constante C,

y(0) = 2 ⇔ 02 + C = 2 ⇔ C = 2. (1.49)

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Notas de Aulas AM III 2015/2016
Ano: 2o Ano - UNICV - 1o Semestre

Observação 1.9. A solução do exercício (ilustrado na figura) é única (leia o teorema 1.2) . Os PVIs são muito comuns
em problemas da física (e não só!). Se todas as condições suplementares disserem respeito a um determinado valor
da variável independente, diz-se que se está perante a um problema de valores iniciais (PVI). Se todas as
condições suplementares disserem respeito a dois valores di+stintos da variável independente, diz-se que se está na
presença de um problema de valores de fronteira (PVF). Repare, no entanto, que para equações diferenciais
de primeira ordem só tem lugar os PVIs (porquê?).
Exemplo 1.12. O problema de resolver

y 00 − y = ex , y (0) = 1; y 0 (0) = 1; (1.50)

é um exemplo de PVI. O problema de resolver

y 00 − y = ex , y (0) = 1; y 0 (1) = 1; (1.51)

é um exemplo de PVF.

Existência e Unicidade
Definição 1.13. Para uma EDO de 1.a ordem

F (x, y, y 0 ) = g (x) (1.52)

Um problema de valor inicial (PVI) é tal que dados x0 fixo e as constantes fixas a0 e a1 , devemos obter uma função
y = y (x) que satisfaz a equação dada e as condições pré-fixadas, i.e.,

0
F (x, y, y ) = g (x)

(1.53)

y(x0 ) = a0

Exemplo 1.13. Resolva o seguinte PVI 


0
y = 2x

(1.54)

y(1) = 2

Resolução
Vamos começar por resolver y 0 = 2x. Ora,
ˆ ˆ
dy
y 0 = 2x ⇔ = 2x ⇔ dy = 2xdx ⇔ dy = 2xdx ⇔ y = xš + c, c ∈ R. (1.55)
dx
Para concluir o exercício, devemos ter em conta que y(0) = 2. Desta forma, obtemos o valor da constante c. De
facto,

y(0) = 2 ⇔ 0š + c = 2 ⇔ c = 2, (1.56)
donde obtemos a solução geral
y(x) = xš + 2. (1.57)
Teorema 1.2. (Existência e unicidade de solução) Suponha que as funções f e ∂f ∂y são contínuas em algum retângulo
α < t < β, γ < y < γ contendo o ponto (t0 , y0 ) . Então, em algum intervalo t0 −h < t < t0 +h contido em α < t < β
existe uma única solução do problema de valor inicial (PVI)

y 0 = f (x, y) , y (t0 ) = y0 . (1.58)


Demonstração. (veja a bibliografia)

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Notas de Aulas AM III 2015/2016
Ano: 2o Ano - UNICV - 1o Semestre

Exemplo 1.14. Resolva o seguinte problema de valor inicial


1

0
 y + xy = 0



y(2) = 2

Resolução: Comecemos por resolver a EDO de variáveis separáveis associada a este PVI:
1 dy dx
y0 + y = 0 ⇔ =− ⇔ ln |y| = − ln |x| + c1 ⇔ ln |y| + ln |x| = c1 ⇔ ln |yx| = c1 ⇔ yx = ec1 = C, c1 ∈ R
x y x
e C ∈ R+ .
Como y(2) = 2, temos que 2 × 2 = C, ou seja, C = 4.
A solução deste PVI é yx = 4.
Exercício 1.7. (Suplementares) Resolva os seguintes PVIs:

1. (x + y + 2) dx − xdy = 0, y (1) = 10
2
2. x3 y 0 + 2y = e1/x , y (1) = e
1
3. y 0 + y = 0, y (2) = 2
x
4. y 0 + (2x − 1) y = 0

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