Manual Banho e Tosa 2020

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 33

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

1
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO


NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL

2020

Curitiba, 2020
DIRETORIA EXECUTIVA
Gestão 2017-2020

Rodrigo Távora Mira


Médico Veterinário | CRMV-PR nº 03103
Presidente

Nilva Maria Freres Mascarenhas


Médica Veterinária | CRMV-PR nº 02275
Vice-Presidente

Leonardo Nápoli
Médico Veterinário | CRMV-PR nº 03350
Secretário-Geral

Carlos Frederico Grubhofer


Zootecnista | CRMV-PR nº 0273/Z
Tesoureiro
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL


TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL

Os serviços de Estética, Higiene e Embelezamento animal represen-


tam uma fatia significativa do mercado Pet nacional e estão diretamente
relacionados à prestação de assistência técnico-higiênica aos animais.
O presente manual tem por finalidade orientar os responsáveis técnicos
sobre os principais aspectos dessa atividade, a qual compreende a atuação
de diversos profissionais (banhistas, tosadores, recepcionistas, auxiliares).
Nesse sentido, o médico veterinário é fundamental na orientação a todos
os envolvidos no negócio e na segurança do animal, em sentido amplo. A
aplicação das recomendações abaixo demonstra à comunidade em geral a
preocupação com o bem-estar e a saúde dos animais.

Definição - Serviço de estética, higiene e embelezamento animal:


estabelecimento destinado à prestação de serviços de banho, tosa e embe-
lezamento de animais domésticos. (Código CNAE 9609-2/03)

Sinônimos - banho e tosa, “trimming” e “grooming”, estética animal.

4
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

ATRIBUIÇÕES DO RESPONSÁVEL TÉCNICO

O Responsável Técnico (RT) pelo banho e tosa, quando no exercício


de suas funções, deve:

1. Conhecer o Código de Proteção e Defesa do Consumidor:


a. Orientar sobre o serviço de atendimento ao consumidor,
assegurando informações pertinentes a quem solicitar e respeitando
os direitos como consumidores de serviços;
b. Cuidar para que os dispositivos promocionais da empresa
não contenham informações que caracterizem propaganda abusiva
e/ou enganosa, ou que contrariem o Código de Proteção e Defesa do
Consumidor.

2. Orientar e treinar a equipe de funcionários, ministrando-lhes


ensinamentos necessários à sua segurança e ao bom desempenho de suas
funções, especialmente acerca das atividades de manejo, práticas higiêni-
co-sanitárias, manipulação de produtos, técnicas de contenção de animais e
respeito ao bem-estar animal:
a. Realizar reciclagens desses treinamentos, assim como verifi-
cações do aprendizado e aplicações dos conhecimentos;
b. Orientar o proprietário do estabelecimento e os funcioná-
rios quanto à conservação, ao manuseio e ao uso correto dos produ-
tos de acordo com as especificações do fabricante, assim como os
riscos decorrentes de seu manuseio e uso;
c. Orientar sobre riscos das atividades que envolvam animais,
seus resíduos e os produtos de uso veterinário;
d. Orientar sobre vestimentas adequadas e uso de equipa-
mentos de proteção individual e coletiva;
e. Ter pleno conhecimento de todas as questões legais que
envolvem o uso de equipamentos;
f. Orientar os funcionários sobre etologia animal;
g. Orientar sobre zoonoses e outros riscos de acidentes com
animais.

3. Acatar as normas legais referentes aos serviços de vigilância sanitá-

5
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

ria, vigilância ambiental e demais órgãos de fiscalização:


a. Notificar as autoridades sanitárias competentes a ocorrência
de eventos de notificação obrigatória e de interesse à saúde pública.

4. Orientar sobre questões ambientais:


a. Adotar procedimentos de segurança no estabelecimento
quanto aos produtos que ofereçam risco ao meio ambiente, aos ani-
mais ou ao homem, especialmente quando da ocorrência de acidente
que provoque vazamento ou exposição do conteúdo do produto;
b. Elaborar e assegurar a execução do Plano de Gerenciamen-
to de Resíduos de Sólidos, quando se aplicar;
c. Orientar sobre o descarte das embalagens e resíduos;
d. Orientar sobre o destino adequado dos dejetos.

5. Orientar sobre os produtos de uso veterinário e os saneantes:


a. Permitir somente a utilização de produtos devidamente
registrados nos órgãos competentes;
b. Usar produtos destinados aos animais e compatíveis com a
espécie;
c. Assegurar que a armazenagem seja feita de acordo com as
recomendações de rotulagem ou bula do produto, especialmente no
que concerne à exposição à luz, à temperatura e à umidade;
d. Ter conhecimento sobre a origem, mecanismo de ação, vali-
dade e poder residual dos desinfetantes e demais produtos químicos
utilizados.

6. Assegurar a manutenção da saúde, segurança e bem-estar dos


animais no período de sua permanência no estabelecimento:
a. Orientar a disposição das gaiolas, de tal forma que essas
recebam ventilação adequada, assim como sobre o tamanho apro-
priado para o porte do animal;
b. Evitar a presença de animais com potencial risco de trans-
missão de zoonoses ou doenças de fácil transmissão para as espécies
envolvidas;
c. Orientar quanto à necessidade de identificação dos animais
que apresentem sinais de doença ou lesões, assim como os procedi-

6
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

mento a serem adotados;


d. Assegurar a higiene e manutenção das instalações;
e. Orientar sobre a prevenção de fugas e de acidentes, assim
como estabelecer protocolos nesses casos;
f. Orientar a identificação, trabalhar a prevenção e manter
constante atenção à possibilidade da ocorrência de crueldade, abuso
e maus-tratos aos animais;
g. Plano de evacuação em caso de emergência/desastres;
h. Orientar sobre a importância do controle e/ou combate a
pragas e vetores;
i. Orientar sobre o fornecimento de água e de comida aos
animais que permanecerem por período mais prolongado;
j. Definir os critérios sanitários para a entrada dos animais.

7. Elaborar, manter e organizar os documentos de controle higiênico-


-sanitário do local, mantendo-os disponíveis aos funcionários e à fiscaliza-
ção:
a. Procedimentos Operacionais de Higiene e Limpeza;
b. Controle Integrado de Pragas e Vetores;
c. Manual de Boas Práticas;
d. Registro de ocorrências.

8. Orientar para que o estabelecimento possua formulários de pres-


tação de serviços que propiciem segurança e garantia para si e aos seus
clientes, tais como:
a. Ficha cadastral individual;
b. Registro do serviço higiênico-estético solicitado;
c. Recibo de pagamentos.

9. Orientar o proprietário e os funcionários sobre a proibição de


atendimento clínico, vacinação e prescrição de medicamentos no interior
do estabelecimento comercial:
a. Observar que o não atendimento ao que dispõe o caput
desse item possibilitará a instauração de processo ético-profissional
contra o Responsável Técnico, sem prejuízo de outras medidas legais
cabíveis.

7
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

10. Orientar sobre o transporte dos animais.

11. Manter registros auditáveis de suas orientações, treinamentos e


controles de usos de produtos descritos nos tópicos 2 a 10.

12. Ter conhecimento dos aspectos legais a que estão sujeitos esses
estabelecimentos, especialmente os seguintes:

Dispõe sobre a proteção e do consumidor e dá


Lei nº 8.078 11/09/1990
outras providências.
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
Lei n° 9.605 12/02/1998 derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente, e dá outras providências.
Dispõe sobre serviços comerciais de tosa e
Lei Estadual no 17.949 10/01/2014
banho.
Estabelecimento de regras quanto ao descarte
Lei Estadual no 18.400 19/12/2014 de produtos químicos e biológicos de uso veteri-
nário, seus componentes e afins.
Obriga os pet shops, as clínicas veterinárias e os
hospitais veterinários a informar à Delegacia de
Lei Estadual no 19.246 28/11/2017 Proteção ao Meio Ambiente quando constatarem
indícios de maus-tratos nos animais por eles
atendidos.
Dispõe sobre as infrações e sanções ao meio
ambiente, estabelece o processo administrativo
Decreto nº 6.514 22/07/2008
federal para apuração destas infrações, a dá
outras providências.
Regulamenta a fiscalização de pessoas jurídicas
cujas atividades compreendam a prestação de
Resolução CFMV n° 878 15/02/2008
serviços de estética, banho e tosa e dá outras
providências.
Dispõe sobre Diretrizes Gerais de Responsabili-
dade Técnica em estabelecimentos comerciais de
Resolução CFMV n° 1069 27/10/2014
exposição, manutenção, higiene estética e venda
ou doação de animais, e dá outras providências.
Resolução CFMV n° 1138 16/12/2016 Aprova o Código de Ética do Médico Veterinário.
Define e caracteriza crueldade, abuso e maus-tra-
tos contra animais vertebrados, dispõe sobre a
Resolução CFMV n° 1236 26/10/2018
conduta de médicos veterinários e zootecnistas e
dá outras providências.

8
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

GUIA PARA ELABORAÇÃO DO MANUAL DE BOAS


PRÁTICAS NOS ESTABELECIMENTOS PRESTADORES DE
SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL

A responsabilidade pelos animais durante a prestação do serviço é


de obrigação do estabelecimento. Essa obrigação inicia no recebimento
do animal e segue até a devolução do mesmo ao tutor, além dos impactos
decorrentes do serviço prestado. O Manual de Boas Práticas deve reprodu-
zir a realidade do estabelecimento, descrevendo a sua rotina de trabalho e
anexando os Procedimentos Operacionais Padrão – POPs. Os POPs devem
conter as instruções sequenciais das operações e a frequência de execu-
ção, especificando o nome, o cargo, e/ou a função dos responsáveis pelas
atividades. Devem ser elaborados, datados e assinados pelo responsável
técnico do estabelecimento. O Manual de Boas Práticas deve ficar à disposi-
ção do proprietário, dos funcionários e da fiscalização.
O Manual de Boas Práticas elaborado pelo Responsável Técnico deve-
rá abordar obrigatoriamente:

CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO

1. Razão Social e Nome Fantasia;


2. CNPJ e, se houver, Inscrição Estadual;
3. Endereço;
4. Nome do Responsável Técnico e seu respectivo número de inscri-
ção no CRMV-PR;
5. Autorização de funcionamento, exemplo:
• Alvará sanitário;
• Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
6. Caracterização do Serviço:
• Espécies atendidas;
• Número de animais (média esperada/realizada; máxima;
capacidade por período);
• Serviços oferecidos;
• Horário de funcionamento.

9
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

CONDIÇÕES AMBIENTAIS EXTERNAS

Neste item, deverão estar descritas as áreas circunvizinhas ao estabe-


lecimento como: localização (condições de salubridade e condições urba-
nas - área industrial, área mista, área de comunidade) e as vias de acesso.
Sugere-se incluir foto da área (por exemplo, do Google Imagem Satélite).

Os estabelecimentos devem estar localizados longe de fontes de


ruído excessivo ou de poluição que possam causar ferimentos ou estresse
aos animais.

Os pátios devem ser livres de entulhos, objetos em desuso ou estra-


nhos ao ambiente, a fim de evitar a proliferação de pragas e vetores. A edi-
ficação deve ser fechada e construída de forma a fornecer segurança contra
fugas e permitir o controle das condições ambientais internas.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS INTERNAS (ESTRUTURA FÍSICA,


EQUIPAMENTOS E CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO):

Descrever as áreas internas e os fatores de ambiência de trabalho


que interferem diretamente no serviço. Deve ser anexada a planta baixa do
estabelecimento, se disponível, ou leiaute/croqui. Detalhar todas as depen-
dências do estabelecimento, especificando tamanho, tipo de revestimentos
do piso, paredes e forro, condições de iluminação, ventilação e exaustão,
fontes de abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário, etc.

Construção, separação das áreas e fluxo de trabalho:

Descrever as áreas e os fluxos entre elas. Exemplo de áreas:


• recepção;
• ambiente de tosa: destina-se ao corte de pelos dos animais[1];
• ambiente para banhos[2];
• ambiente para secagem e penteado[3];
• ambiente de espera: destinado à manutenção dos animais antes
e depois do banho.

10
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Descrever as etapas do serviço, contemplando a recepção, o passo a


passo do serviço até a entrega dos animais. As etapas devem ser apresenta-
das, preferencialmente, em forma de esquema.

As áreas devem ser concebidas para minimizar o risco de lesões, a


transmissão de doenças, o roubo, a fuga ou a interferência por pessoas não
autorizadas. As instalações físicas do estabelecimento deverão minimizar a
ocorrência de infecções e garantir o bem-estar animal, além de favorecer a
operacionalização da unidade.

Caso existam fontes de ruídos que possam causar sofrimento aos


animais e que não podem ser eliminadas, devem ser adotadas medidas
paliativas, a fim de manter os ruídos em níveis aceitáveis.

O local deve dispor de alojamentos adequados para acomodar todos


os animais presentes.

Todas as superfícies do estabelecimento onde se mantenham ou


manipulem animais devem ser impermeáveis e de fácil higienização (quan-
do pintadas, utilizar tinta não tóxica), permitindo limpeza e desinfecção de
forma eficaz. As superfícies devem ser resistentes a desinfetantes e outros
produtos de limpeza. As paredes devem ser lisas, não absorventes e re-
sistentes à umidade e ao impacto. Não devem desenvolver rachaduras ou
fissuras com facilidade.

As superfícies internas dos alojamentos para animais devem ser


construídas com materiais impermeáveis, sólidos e laváveis. As junções
de paredes/piso devem ser seladas para facilitar a limpeza e desinfecção.
Os alojamentos para animais devem ser concebidos de forma a permitir a
verificação imediata/direta dos animais no interior, possibilitando a limpeza
regular (imediatamente após a identificação da sujidade) e pronto forneci-
mento/controle de água. Os alojamentos de gatos devem contar com caixa
sanitária. Deve ser colocada uma quantidade suficiente de material absor-
vente adequado, como substrato comercial ou papel picado.

Os locais de banho devem ser, além de impermeáveis e de fácil

11
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

higienização, resistentes a riscos (arranhões/criação de irregularidades) e de


fácil drenagem. Não devem permitir o acúmulo de água e resíduos. Deve
haver uma superfície antiderrapante no chão, à frente da banheira, para o
banhista.

As mesas de preparação e secagem devem ser seguras, resistentes e


em bom estado de funcionamento. Os tampos das mesas devem ser equi-
pados com uma superfície antiderrapante que seja fácil de limpar. A girafa
e outros equipamentos de contenção, pelos quais o animal de estimação é
contido, devem ser amigáveis, confortáveis e, principalmente, seguros.

As máquinas de secagem de animais devem ser seguras e de fácil


higienização. Semelhante aos alojamentos, o equipamento deve permitir
espaço suficiente para os animais permanecerem em pé, deitarem de lado
com os membros esticados, movimentarem-se livremente, esticarem com-
pletamente e descansarem. Deve permitir plena visualização dos animais,
permitindo acompanhamento constante.

Recomenda-se que comércio de medicamentos veterinários e o servi-


ço de banho e tosa não tenham dependências em comum com as áreas de
saúde animal (consultório, ambulatório, clínica ou hospital).

Na recepção deve existir local para armazenamento de registros (ou


sistema) e para exibição de informações para os clientes, assim como expo-
sição dos documentos oficiais em local visível.

As instalações devem incluir instalações sanitárias para o pessoal e


acessibilidade, conforme normativas vigentes. Sugere-se consultar a Lei
Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que Institui a Lei Brasileira de In-
clusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/
Lei/L13146.htm. Lembramos que o local também deve dispor de material e
equipamentos de segurança.

12
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Proteções contra fugas:

Descrever as barreiras contra a fuga de animais.

• As aberturas de cada ambiente devem ser trancáveis.


• Cada gaiola deve ter dispositivo de fechamento seguro que não
permita aos animais abrirem-na.
• Qualquer dispositivo de segurança deve permitir o rápido acesso
aos animais e pronta saída da equipe, em caso de emergência.

Condições das instalações e funcionamento:

Ventilação e exaustão

Descrever os meios de ventilação: artificiais (exaustores, equipamen-


tos e filtros para climatização) e naturais (aberturas nas paredes e janelas)
que asseguram o conforto térmico aos animais e aos funcionários.

A ventilação deve ser suficiente para evitar a umidade e minimizar


odores nocivos, contudo evitando formação de correntes de ar.

Temperatura e umidade

Determinar a faixa de temperatura e umidade aceitável para cada


ambiente. A temperatura deve ser controlada para evitar o desconforto
dos animais. Animais jovens e mais velhos requerem atenção especial em
relação à temperatura.

Iluminação

Descrever a iluminação (natural ou artificial) e, se possível, o nível a


ser estabelecido.

A luz artificial deve ser fornecida, quando necessário, para permitir


que as áreas de alojamento dos animais sejam completamente limpas e os
animais controlados. Também é importante que se tenha iluminação ade-

13
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

quada na área onde se manipulam os animais.

A iluminação deve ser a mais próxima possível, em duração e intensi-


dade, às condições naturais.

As luminárias, os interruptores, as tomadas e outros elementos in-


tegrantes das salas de alojamento dos animais deverão ser vedados para
impedir o acúmulo de sujidades, microrganismos e abrigo de insetos.

Poluição sonora

Descrever as origens, os níveis de ruído e os controles/monitorização.


Neste caso, podem ser descritas as medidas preventivas que garantam a
saúde do trabalhador, como o uso de protetor auricular, e diminuição do
estresse dos animais.

Ruídos excessivos e inapropriados podem ser estressantes e, algu-


mas vezes, danosos para a saúde animal e humana. Deve ser respeitado o
limite máximo de decibéis (dB) x tempo de exposição, conforme normativas
vigentes (ex: Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho) e refe-
rências técnicas, o qual deve ser considerado a partir de um ponto próxi-
mo ao trabalhador ou ao animal. A fonte de ruído deve ser analisada para
verificar a adoção de possíveis medidas mitigatórias. Mesmo ruídos abaixo
desses valores máximos devem ter frequência e duração menores possíveis.

Deve ser orientado ao responsável legal a verificação das condições


da saúde do trabalhador com técnico habilitado.

Os ambientes de espera devem ficar posicionados de forma a mini-


mizar a chegada dos ruídos. Os ruídos nesse ambiente devem ficar dentro
da faixa de conforto dos animais.

Água e Drenagem

Descrever origem e qualidade da água para os banhos e para a in-


gestão dos animais. Devem estar disponíveis saídas de água quente e fria.

14
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Descrever a drenagem (esgotos). Os ralos devem ser sifonados, pos-


suir tampas escamoteáveis e dimensão adequada para o eficiente escoa-
mento das águas de lavagem.

Visibilidade dos procedimentos e registro das imagens

Conforme Lei Estadual nº 17.949/2014:

Art. 2 º A tosa e o banho somente poderão ser realizados em locais


que possibilitem aos clientes e visitantes do estabelecimento a visão
total dos serviços.
Art. 3 º No prazo de dois anos, a contar da publicação desta Lei, todos
os estabelecimentos comerciais que prestem os serviços de tosa e
banho em cães e gatos domésticos, independente do normatizado
pelo art. 2º desta Lei, deverão instalar sistema de câmeras que fil-
mem os serviços prestados e que permitam o acompanhamento dos
serviços pelos clientes através da Rede Mundial de Computadores
(internet).
Parágrafo único. As gravações (filmes) deverão ser armazenadas e
guardadas adequadamente por seis meses após a realização das
mesmas.

Adequações, manutenção e condições de funcionamento dos


equipamentos:

Descrição dos equipamentos utilizados (quantidade, tipo, modelo e


material)

Devem ser descritos todos os equipamentos e as exigências de cada


um.
• As banheiras devem ser providas de água quente e fria.
• A mesa de tosa deve ser estável, de fácil higienização e com su-
perfície antiderrapante.
• Todos os equipamentos devem estar em adequado estado de
conservação (livres de ferrugem, sem pontas vivas ou espaços
para prender cabeças ou extremidades).

15
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Obs: Fornecimento de energia - Deve ser orientado ao responsável


legal a verificação com profissional habilitado se a rede elétrica está di-
mensionada de modo a suportar os diferentes tipos de equipamentos que
estão/serão instalados. O cálculo de dimensionamento de carga deverá
contemplar uma margem de segurança para uma provável expansão das
instalações e equipamentos. Visto a exposição ao risco e a possibilidade
de exposição à água e a grande umidade do ambiente, os interruptores e
tomadas deverão ser aterrados e vedados, conforme orientação de técnico
habilitado.

Programa de manutenção preventiva

Deve incluir de quanto em quanto tempo deve ser realizada a manu-


tenção e os responsáveis pela verificação e pela execução;

• Orientação e cuidados de uso;


• Identificação de problemas nos equipamentos;
• Limpeza e higiene dos equipamentos e instalações.

Compreende o plano de sanitização utilizado e a forma de seleção


dos produtos usados pelos estabelecimentos. Entende-se por desinfecção
qualquer operação de redução, por método físico e/ou agente químico, do
número de microrganismos em nível que minimizem os riscos de infecções.
As instalações, equipamentos, móveis e utensílios devem ser mantidos lim-
pos e bem conservados.

POP de Higiene e Limpeza das instalações, equipamentos, móveis e


utensílios

Ao se descrever o plano de sanitização, serão estabelecidos os Proce-


dimentos Operacionais Padrão (POP) de Higiene e Limpeza das instalações,
equipamentos, móveis e utensílios.

As áreas de manutenção de animais, de banho, de secagem e de tosa


devem ser limpas e desinfetadas no mínimo uma vez ao dia para manter o
conforto dos animais e o controle de doenças. Os alojamentos devem ser

16
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

mantidos secos após a limpeza.

Fezes e urina devem ser imediatamente removidas. As bandejas sani-


tárias devem ser limpas e desinfetadas regularmente.

Os produtos de limpeza e desinfetantes devem ser escolhidos de


acordo com a finalidade, a segurança e a eficácia. Deve-se ter atenção à
correta diluição dos produtos, pois concentrações baixas não são eficientes
e concentrações altas podem irritar ou intoxicar os animais. Deve ser dada
atenção a produtos que podem ser tóxicos aos animais, em especial quan-
do prestarem serviço a gatos.

POP do Controle integrado de pragas e vetores

Sistema de ações preventivas e corretivas destinadas a impedir a atra-


ção, o abrigo, o acesso e/ou a proliferação de vetores e pragas urbanas.

Os produtos químicos utilizados para controle de pragas devem ser


registrados nos órgãos competentes e de acordo com as instruções do
fabricante. Como alguns biocidas são tóxicos para cães e gatos, ​​devem ser
utilizados somente sob supervisão profissional.

No caso de terceirização do controle químico, o estabelecimento de-


verá manter comprovante de execução do serviço fornecido pela empresa
especializada. O comprovante deve possuir as informações estabelecidas
nas legislações sanitárias.

Aquisição, controle, armazenamento, utilização e descarte de


produtos e resíduos:

Aquisição e controle

Os produtos devem ser adquiridos de fornecedores credenciados.


Para o credenciamento dos fornecedores, devem ser verificadas a inscrição
e a regularidade com os órgãos oficiais. Os produtos devem ser licencia-
dos/registrados nos órgãos competentes e destinados à espécie e à fina-

17
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

lidade apropriada. Deve ser mantido registro dos produtos utilizados no


estabelecimento.

Armazenamento

Deve compreender as informações sobre a forma de armazenamen-


to dos produtos, visando garantir a sua qualidade. Os produtos devem
ser armazenados de forma organizada, setorizada e dentro das condições
recomendadas. Deve ser mantido plano de controle de vencimento dos
produtos.

Utilização

Devem ser descritos os cuidados, finalidade, modo de utilização e


equipamentos necessários. Devem estar descritas também as condutas em
casos de acidente (ex: contato com os olhos).

Os produtos devem ser usados de acordo com a recomendação


do fabricante, visto que a diluição exagerada pode gerar ineficiência e a
concentração exagerada pode ser tóxica aos animais e às pessoas, causar
mais impacto ambiental e danificar superfícies, além de aumentar os custos.
Não negligenciando os agentes tóxicos para as demais espécies, deve-se
ter atenção com gatos, visto que a gama de produtos tóxicos para a espécie
é mais ampla.

Descarte e Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Descrever o gerenciamento dos resíduos de serviços nas etapas de


geração, separação, acondicionamento, armazenamento (interno e externo,
se houver), transporte e destino final, seguindo a legislação vigente.

18
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

ANIMAIS

Recepção dos animais

Descrever local de recepção e procedimentos. Os dados mínimos


para o registro na recepção estão descritos no item específico Informações
do Registro.

Descrever os cuidados no recebimento dos animais.

Listar os documentos necessários na admissão. Antes da admissão,


devem ser verificados e anotados eventuais problemas com o animal, tais
como alergias, ferimentos, cuidados especiais, infecções, etc. A situações
devem ser comunicadas ao responsável técnico, o qual irá orientar os cuida-
dos específicos.

A política do estabelecimento sobre a prévia exigência de vacinação


e outros critérios sanitários deve ser exibida ao público.

Recomenda-se que sejam removidas, no momento da admissão, co-


leiras (e outros apetrechos) susceptíveis de se enroscarem ou de ser perdi-
das.

Manutenção dos animais

Descrever a separação de alojamentos pré e pós higienização.

Determinar o tamanho adequado de gaiola para cada animal. O es-


paço das gaiolas deve ser suficiente para os animais permanecerem em pé,
deitarem de lado com os membros esticados, movimentarem-se livremente,
esticarem completamente e descansarem. Caso seja prevista permanência
maior dos animais, deve ser ampliado o tamanho dos alojamentos. As gaio-
las devem ser planejadas de forma a facilitar o acesso aos animais.

Os latidos dos animais podem ser reduzidos pelos seguintes méto-


dos:

19
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

• Manter próximos apenas animais que se tolerem;


• Limitar o estímulo externo;
• Alojar animais sozinhos ou em pares compatíveis. Os animais
devem ser sempre mantidos isolados, exceto para animais com-
patíveis da mesma espécie que já convivam juntos e, apenas, se
houver autorização dos tutores/responsáveis legais.
• Os gatos não devem ser mantidos na mesma jaula que os cães,
mesmo que sejam da mesma família.

Os gatos devem ser mantidos afastados dos cães, pois podem se


estressar com o ladrar.

As condições ambientais devem estar descritas no item de condições


ambientais internas. Animais idosos e muito jovens, que são mais sensíveis
do que outros às mudanças de temperatura, podem exigir a prestação de
aquecimento ou arrefecimento.

Descrever a forma, o controle (verificação) e a frequência de forneci-


mento de água e, quando for o caso, de alimentação. Os alojamentos de-
vem ser organizados para que o pessoal possa ver e acessar com segurança
todas as áreas. Se o animal, por qualquer motivo, necessitar passar a noite
no local, deve ser alimentado e oferecida a oportunidade de se exercitar.

Deve existir um responsável presente enquanto os animais são man-


tidos no local. Caso não seja possível, recomenda-se encaminhar o animal
para estabelecimento com hospedagem.

Contenção e manutenção dos animais durante os procedimentos

Descrever detalhadamente os métodos de contenção física dos


animais, com atenção especial às contenções durante os procedimentos de
banho, tosa e secagem. Devem estar descritos também os principais riscos
de cada contenção e os cuidados para minimizá-los.

Os cães podem ser amordaçados durante a sua manipulação, desde

20
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

que sejam capazes de respirar livremente, que a mordaça não cause lesão e
que não ocorra estresse que possa colocá-los em risco.

Nenhum animal de estimação deve ser deixado sem supervisão, prin-


cipalmente enquanto estiver nas mesas ou nas banheiras. Durante a perma-
nência nas máquinas de secagem, o animal deve ser monitorado de perto e
com frequência para garantir sua segurança e conforto.

Deve-se ter cuidado especial com animais com doenças cardiovascu-


lares ou respiratórias, assim como com animais suscetíveis ao estresse.

A manipulação dos animais deve ser realizada somente por pessoal


capacitado que utilize métodos adequados para evitar dor ou sofrimento e
promover estímulos positivos.

Identificação de problemas e condutas[4]:

O manual deve prever a identificação de problemas nos animais. É


importante ressaltar que essa identificação não deve ser diagnóstica ou ge-
rar qualquer orientação de tratamento. Devem estar descritas as condutas a
ser adotadas pelo estabelecimento em casos especiais, tais como:

Identificação e segregação de animais com suspeita de doenças


infectocontagiosas, doenças de pele e presença de ectoparasitas

A lista de verificação do estado geral do animal, que não deve ser


confundida com consulta/atendimento clínico, pode ser realizada no banho
e tosa. Contudo, conforme o inciso XIX do art. 8o do anexo da Resolução
CFMV nº 1138/16:

Art. 8º É vedado ao médico veterinário:

XIX - atender, clínica e/ou cirurgicamente, realizar procedimento ambulatorial ou


receitar, em estabelecimento comercial ou em locais que estejam em desacordo com a
legislação vigente;

À critério do médico veterinário responsável técnico, os animais co-


nhecidos ou com suspeita de doenças transmissíveis devem ser encaminha-

21
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

dos para clínica veterinária.

Identificação de animais suscetíveis ao estresse e com necessidade


de cuidados especiais

À critério do médico veterinário responsável técnico, os animais


conhecidos ou com suspeita de ser suscetíveis ao estresse e/ou com ne-
cessidade de cuidados especiais, podem não ser atendidos ou passar por
atendimento diferenciado.

Identificação de animais agressivos

À critério do médico veterinário responsável técnico, os animais


conhecidos ou com suspeita de ser agressivos podem não ser admitidos ou
passar por atendimento diferenciado.

Identificação de animais com calendário vacinal atrasado e orienta-


ção para atendimento em estabelecimentos de saúde veterinária (consul-
tórios, clínicas e hospitais)

Quando for identificado que o animal apresenta vacina em atraso,


o cliente deve ser orientado a procurar um estabelecimento veterinário
de saúde. Como citado anteriormente, é vedado ao médico veterinário
atender, clínica e/ou cirurgicamente, realizar procedimento ambulatorial
ou receitar, em estabelecimento comercial ou em locais que estejam em
desacordo com a legislação vigente. A carteira de vacinação deve seguir a
Resolução CFMV 844/06, ou outra que venha a substituí-la.

Conforme critérios de recepção dos animais estabelecidos pelo


responsável técnico, os animais com vacinas atrasadas e sem certificação
correta de vacinação podem não ser admitidos.

Procedimentos em casos de acidentes/emergências médicas com os


animais

O responsável técnico deve estabelecer o Procedimento Padrão em

22
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

caso de emergência. Deve ser dada prioridade para a ordem de ações e


o local de atendimento solicitados pelo cliente. Caso não conste a escolha
do cliente, deve ser seguida a ordem do Procedimento Padrão. Em todas as
opções, a vida do animal deve ser prioridade.

Nos casos com risco de vida imediato (emergências), o médico vete-


rinário poderá iniciar o atendimento no local. Contudo, assim que possível,
deve ser chamada uma ambulância ou haver o encaminhamento do animal
para um estabelecimento com suporte adequado. Como citado anterior-
mente, é vedado ao médico veterinário atender, clínica e/ou cirurgicamen-
te, realizar procedimento ambulatorial ou receitar, em estabelecimento co-
mercial ou em locais que estejam em desacordo com a legislação vigente.

Plano de emergência em desastres (evacuação de emergência)

Definir principais riscos do local - avaliação de risco (incêndios, inun-


dação, contaminações, intoxicações), os planos de evacuação e de atendi-
mento emergencial e o destino inicial dos animais.

O objetivo deste plano de evacuação é dotar as instalações/recinto


de um nível de segurança eficaz numa situação de emergência e preparar e
organizar os meios humanos para promover, o mais rápido possível, a saída
de todos os animais desse mesmo recinto e alertar as entidades competen-
tes e os responsáveis pelos animais.

Identificação de Maus-Tratos aos Animais

Descrever os procedimentos a serem adotados quando identificados


indícios de maus-tratos aos animais. Conforme Lei Estadual nº 19.246, de
28 de novembro de 2017:

Art. 1º Obriga os pet shops que prestam o serviço de banho e tosa, as clínicas veteri-
nárias, os consultórios veterinários e os hospitais veterinários localizados no Estado do
Paraná a informar imediatamente à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente – DPMA,
da Polícia Civil do Paraná, através de ofício físico ou comunicação digital, quando detec-
tarem indícios de maus tratos nos animais atendidos.

Parágrafo único. O ofício de informação ou a comunicação digital dirigidos à DPMA


deverão conter as seguintes informações:

23
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

I - qualificação contendo nome, endereço e contato do acompanhante do animal pre-


sente no momento do atendimento;

II - relatório do atendimento prestado, contendo a espécie, raça e características físicas


do animal, descrição de sua situação de saúde na hora do atendimento e os respectivos
procedimentos adotados.

Art. 2º O Poder Executivo regulamentará a fiscalização e a execução do disposto na


presente Lei.

O responsável técnico deve estabelecer protocolo para identificação


de possíveis casos de maus-tratos aos animais. Sempre que identificado
possíveis maus-tratos, o responsável técnico (ou outro médico veterinário
indicado pelo responsável técnico) deve ser comunicado para tomar as
medidas legais cabíveis. Conforme legislação que se aplique ao caso em
comento.

As condutas do responsável técnico estão previstas na Resolução


CFMV 1236/18:

Art. 4º - É dever do médico veterinário e do zootecnista manter constante atenção à


possibilidade da ocorrência de crueldade, abuso e maus-tratos aos animais.

§ 1° - O médico veterinário e o zootecnista têm o dever de prevenir e evitar atos de


crueldade, abuso e maus-tratos, recomendando procedimentos de manejo, sistemas de
produção, criação e manutenção alinhados com as necessidades fisiológicas, comporta-
mentais, psicológicas e ambientais das espécies.

§ 2° - O médico veterinário deve registrar a constatação ou suspeita de crueldade, abu-


so ou maus-tratos no prontuário médico, parecer ou relatório, e o zootecnista, em termo
de constatação, parecer ou relatório, para se eximir da participação ou omissão em
face do ato danoso ao(s) animal(is), indicando responsável, local, data, fatos e situações
pormenorizados, finalizando com sua assinatura, carimbo e data do documento. Tal do-
cumento deve ser remetido imediatamente ao CRMV de sua circunscrição, por qualquer
meio físico ou eletrônico, para registro temporal, podendo o CRMV enviar o respectivo
documento para as autoridades competentes.

§ 3° - Caso a constatação ou suspeita de crueldade, abuso e/ou maus-tratos recaia so-


bre médico veterinário ou zootecnista, a comunicação deve ser feita também ao CRMV
pertinente ao(s) profissional(is).

Animais com prescrição de banhos terapêuticos

Os banhos terapêuticos (com medicamentos ou produtos com princí-


pios medicamentosos) só podem ser realizados sob prescrição do médico

24
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

veterinário. Os medicamentos (produtos medicamentosos) utilizados no


banho terapêutico deverão estar sempre acompanhados por receituário
prescrito por médico veterinário.

EQUIPE

Descrição da equipe

Devem estar registrados no manual o nome e as qualificações dos


funcionários (formação, treinamentos, cursos, etc).

Seleção da equipe

Deve ter uma orientação geral sobre os critérios para a seleção dos
funcionários, para servir de norteador na contratação e também no progra-
ma de treinamento.

É essencial que todos os selecionados tenham respeito pelos animais


no sentido amplo. Isso inclui entendimento que os animais:

• São seres sencientes, isso é, sujeitos às experiências positivas e


negativas;
• São considerados como membros da família por grande parte
dos tutores, existindo forte ligação afetiva entre eles;
• Têm potencial risco de agressão contra as pessoas;
• São potenciais fontes de zoonoses.

Recomenda-se que o pessoal selecionado já tenha algum conheci-


mento do comportamento das espécies atendidas, especialmente no que
refere a bem-estar animal e manejo dos animais.

Os funcionários que trabalham diretamente nas etapas de banho e


tosa devem ter conhecimento dos requisitos de higiene e padrões de tosas
das diferentes raças. Ter experiência prévia ou treinamento formal na área
também deve ser considerado na escolha.

25
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Deve ser orientado ao responsável legal a verificação das condições


da saúde do trabalhador com técnico habilitado. Sempre que identificar o
não uso de Equipamentos de Proteção Individual indicados, o responsável
técnico deverá orientar o responsável legal e o funcionário do estabele-
cimento. De forma geral, são indicados protetores auriculares, protetores
oculares, máscaras, luvas e aventais impermeáveis.

Compromisso da equipe

Todos os funcionários devem estar cientes da Lei Federal nº 5517/68


(exercício da medicina veterinária), da Lei Federal nº 5550/68 (exercício da
zootecnia) e da Lei Federal nº 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais). Sugere-
-se incluir modelo de termo de compromisso em relação ao exercício ilegal
e das práticas que possam caracterizar crimes da maus-tratos aos animais.

Apesar de ser importante que os funcionários tenham conhecimento


básico sobre questões de saúde animal (identificação preliminar de pos-
síveis problemas), os mesmos nunca devem diagnosticar, fazer procedi-
mentos diagnósticos, sugerir tratamento ou tomar qualquer outra ação que
caracterize prática clínica. Qualquer alteração identificada deve ser comuni-
cada ao Responsável Técnico ou sugerido o encaminhamento para consulta
médico veterinária.

Os funcionários devem estar cientes das suas responsabilidades e ser


competentes para realizá-las.

Treinamento da equipe

Deve estar descrito o programa de atualizações/treinamentos/recicla-


gens periódicos dos funcionários, assim como avaliação do conhecimento e
das capacidades aprendidas.

Toda equipe deverá passar por treinamento específico envolvendo


normas atualizadas, etologia básica, manejo etológico e bem-estar animal,
higiene, cuidados básicos de saúde e prevenção de zoonoses, descarte

26
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

de resíduos, prevenção de acidentes e fugas, identificação de maus-tratos,


entre outros. Os funcionários devem ter conhecimento profundo e amplo
acesso ao Manual de Boas Práticas elaborado pelo responsável técnico.

No início da atividade do funcionário (da contratação ou da mudança


de função/atividade), o responsável técnico deverá acompanhar suas ações
para verificar se está adequada. O acompanhamento deve ser realizado
periodicamente.

Devem ser mantidos os registros de todos os treinamentos/acompa-


nhamentos/reciclagens/atualizações.

MANUTENÇÃO DE REGISTROS E DOCUMENTOS A SER


EXPOSTOS

Informações do Registro

As seguintes informações devem ser registradas em relação a cada


animal admitido:

• Nome do animal;
• Número do microchip ou da tatuagem - se houver;
• Nome, endereço e telefone de contato do seu tutor;
• Descrição do animal, incluindo:
i. espécie;
ii. sexo;
iii. raça ou tipo;
iv. cor;
v. idade;
vi. características distintas.
• Serviços solicitados;
• Horário previsto para entrega do animal;
• Identificação de quaisquer pertences trazidos com o animal;
• Estado de vacinação/ condição sanitária e outros registros de
observações sobre a condição do animal;

27
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

• Nome e telefone de contato do médico veterinário que normal-


mente assiste ao animal;
• Sequência de condutas solicitadas pelo cliente em caso de emer-
gência. (Ex: 1o - levar à clínica especificada; 2o - ligar para o tutor;
3o ....).
Os animais devem ser identificados pelo nome do tutor imediata-
mente após a sua chegada no local. Recomenda-se que sejam removidas,
no momento da admissão, coleiras e outros apetrechos suscetíveis de se
enroscarem ou de ser perdidos.

Registro do serviço

Recomenda-se fazer um contrato simples de prestação de serviço, no


qual deve constar exatamente o serviço que foi solicitado e o prazo máximo
para retirada do animal.

No momento da admissão do animal, deve ser feita uma lista de ve-


rificações (check-up) do animal que conste eventuais problemas, tais como
alergias, ferimentos, cuidados especiais, infecções, etc. A verificação deve
ser realizada na frente do cliente. Caso o tutor não queira acompanhar a
verificação do animal, recomenda-se que o mesmo assine que lhe foi opor-
tunizado o acompanhamento e que o mesmo dispensou.

Documentos e informações a ser expostos

Documentos do CRMV-PR:

• deve ser mantido exposta a Anotação de Responsabilidade Técni-


ca (ART) homologada pelo CRMV-PR;
• se o estabelecimento tiver registro no CRMV-PR, Certificado de
Regularidade deve ser exposto em local visível;
• os estabelecimentos devem fixar placa em local visível com nome
do médico veterinário que têm a seu serviço.

Documentos de outros órgãos:

28
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

• deve ser verificado junto aos órgãos competentes, e descritos no


manual, quais documentos devem ser mantidos expostos.

Recomenda-se a exposição ao público da política da empresa sobre


os critérios de recepção de animais, como as vacinações exigidas.

TRANSPORTE DE ANIMAIS

Devem estar descritos as principais orientações e procedimentos


para o transporte dos animais, como o manejo, a contenção, o treinamento,
os cuidados, os Procedimentos Operacionais de Higienização do veículo, as
medidas para minimizar as fugas e os acidentes. Semelhante ao que aconte-
ce na recepção do estabelecimento, devem ser estipulados critérios de não
admissão para o transporte e atendimento.

Seguem algumas recomendações de transporte de cães, baseados


no Código de Bem-estar de Cães da Nova Zelândia[5]:

• Utilização de veículos especialmente projetados/adaptados;


• Adequada ventilação, contudo, protegidos de intempéries, fuma-
ça e poeira;
• O piso deve ser antiderrapante para ajudá-los a manter o equilí-
brio;
• Os animais devem possuir espaço compatível com o porte e estar
protegidos de interações agressivas com outros animais;
• As gaiolas devem estar fixadas e o veículo conduzido com cuida-
do para diminuir o risco de deslocamento e, consequentemente,
de acidentes;
• O interior da gaiola deve ser projetado para evitar lesões aos
animais;
• Os funcionários devem ser devidamente treinados para manipula-
ção dos animais;
• Os animais devem ser monitorados para situações de risco e
estresse durante o transporte;
• As instalações devem ser de fácil higienização.

29
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

Os animais devem ser transportados no menor tempo possível, evi-


tando permanência desnecessária dentro da caixa de transporte. Eles não
devem ser mantidos em veículos estacionados ao sol ou no tempo quente
sem ventilação e sombra adequada. Os animais necessitam de observação
constante. Animais idosos e muito jovens, que são mais sensíveis que outros
a mudanças de temperatura, podem requerer aquecimento ou resfriamen-
to.

Nome do Responsável Técnico, número de inscrição, data e assinatu-


ra.

30
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

REFERÊNCIAS

BRASIL (1969), Lei Federal nº 5517, de 23 de outubro de 1968,


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5517.htm

BRASIL (1969), Lei Federal nº 5550, de 04 de dezembro de 1968,


http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/1950-1969/L5550.htm

BRASIL (1990), Lei Federal nº 8078, de 11 de setembro de 1990,


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm

BRASIL (1998), Lei Federal nº 9605, de 12 de fevereiro de 1998,


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm

BRASIL (2015), Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015,


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RIO GRANDE DO


SUL (2015), Guia para a elaboração do Manual de Boas Práticas em Estabe-
lecimentos de Higiene, Estética, Banho e Tosa Animal

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (2014), Resolução CFMV


nº 878, de 15 de fevereiro de 2008,
http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/310

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (2014), Resolução CFMV


nº 1069, de 27 de outubro de 2014,
http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/454

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (2016), Resolução CFMV


nº 1138, de 16 de dezembro de 2016,
http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/508

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (2016), Resolução CFMV


nº 1236, de 26 de outubro de 2018,
http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/903

31
MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RESPONSÁVEL TÉCNICO NO SERVIÇO DE HIGIENE E ESTÉTICA ANIMAL | CRMV-PR

MINISTÉRIO DO TRABALHO (1978), Norma Regulamentadora 15 (Portaria


MTb n.º 3.214), de 08 de junho de 1978, http://trabalho.gov.br/seguranca-
-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras/norma-re-
gulamentadora-n-15-atividades-e-operacoes-insalubres​

MIRACCA, R.B. (2016) Elaborando o Manual de Boas Práticas, http://www.


crmvsp.gov.br/arquivo_midia/palestras/Manual_de_boas_praticas.pdf

NEW SOUTH WALES (1996), NSW Animal Welfare Code of Practice No 8


- Animals in pet grooming establishments https://www.dpi.nsw.gov.au/ani-
mals-and-livestock/animal-welfare/general/codes-of-practice/aw-code-8

NEW ZEALAND (2018), Animal Welfare (Dogs) Code of Welfare 2018,


https://www.mpi.govt.nz/dmsdocument/1428/loggedIn

PARANÁ (2014), Lei Estadual nº 17.949, de 10 de janeiro de 2014,


http://portal.alep.pr.gov.br/modules/mod_legislativo_arquivo/mod_legis-
lativo_arquivo.php?leiCod=43928&tplei=0&tipo=L

PARANÁ (2014), Lei Estadual nº 18.400, de 19 de dezembro de 2014,


http://portal.alep.pr.gov.br/modules/mod_legislativo_arquivo/mod_legis-
lativo_arquivo.php?leiCod=46352&tplei=1&tipo=L

PARANÁ (2017), Lei Estadual nº 19.246, de 28 de novembro de 2017,


http://portal.alep.pr.gov.br/modules/mod_legislativo_arquivo/mod_legis-
lativo_arquivo.php?leiCod=51127&tplei=0&tipo=L

[1] Recomenda-se área mínima de 2,00 m2; o piso deve ser impermeável, liso e resistente a desinfetantes; as
paredes devem ser impermeabilizadas até a altura de 2,00 m.
[2] Recomenda-se piso impermeável e resistente a desinfetantes; as paredes devem ser impermeabilizadas
até a altura de 2,00 m; a banheira deve ter paredes lisas e impermeáveis; o escoamento das águas servidas
deve ser ligado diretamente à rede de esgoto, sendo o da banheira provido de caixa de sedimentação; a
área mínima dever ser 2,00 m.
[3] Recomenda-se piso liso, impermeável e resistente aos desinfetantes; as paredes devem ser impermeabili-
zadas até 2,00 m de altura.
[4] Todos os casos devem ser passados para avaliação veterinária.
[5] Animal Welfare (Dogs) Code of Welfare 2018. Disponível em: https://www.mpi.govt.nz/dmsdocu-
ment/1428/loggedIn

32

Você também pode gostar