Doenças Renais
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ii. Definições
Insuficiência renal: incapacidade dos rins de proceder à carga diária de excreções.
Doença renal em estágio terminal: inabilidade do rim para eliminar os produtos a serem
excretados, manter o balanço de fluidos e electrólitos e produzir hormonas.
Síndrome nefrítica: síndrome de hematúria, hipertensão e perda leve de função renal que
decorre da inflamação das alças capilares dos glomérulos.
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iii. Fisiopatologia renal
A principal função renal é manter o equilíbrio homeostático com relação aos líquidos,
electrólitos e solutos orgânicos.
Esta tarefa é realizada pela filtração contínua de sangue e pelas alterações (secreção e
reabsorção) neste líquido filtrado.
O rim recebe 20% do débito cardíaco, o que permite a filtragem de cerca de 1600 L/dia de
sangue. Cerca de 180 L de líquido (ultrafiltrado) são produzidos na filtragem deste sangue
e, por meio dos processos activos de reabsorção de determinados componentes e
secreção de outros, a composição deste líquido é alterada em 1,5 L de urina excretada em
média por dia.
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iii. Fisiopatologia renal
A existência de estrutura única, as diferenças na permeabilidade entre os vários
segmentos e a resposta ao controlo hormonal permitem que o tubo produza índice final de
urina que pode variar amplamente nas concentrações de sódio, potássio e outros
electrólitos; na osmolaridade; no pH e no volume.
Finalmente, a urina final é afunilada nos tubos colectores comuns e na pelve renal.
Esta última estreita-se num único ureter por rim, e cada ureter leva urina para dentro da
bexiga, onde esta se acumula antes de ser eliminada.
O volume urinário mínimo capaz de eliminar quantidade relativamente fixa de 600 mOsm
de soluto corresponde a 500 mL, supondo-se que o rim seja capaz de atingir a
concentração máxima.
O volume urinário inferior a esse valor por dia é denominado oligúria, de maneira que é
impossível, nesse caso, eliminar toda a excreção diária.
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iii. Fisiopatologia renal
A maior parte da carga de solutos consiste em excreções nitrogenadas oriundas
amplamente dos produtos finais do metabolismo das proteínas.
Caso esses produtos normais de excreção não sejam eliminados de maneira apropriada,
reúnem-se em quantidades anormais no sangue, uma condição denominada azotemia.
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iv. Doenças glomerulares
As funções do glomérulo que se destacam com relação à doença abrangem produzir um
ultrafiltrado adequado e impedir que determinadas substâncias sejam nele incluídas.
Síndrome nefrítica
A síndrome nefrítica incorpora as manifestações clínicas de um grupo de doenças
caracterizadas pela inflamação das alças capilares do glomérulo.
Síndrome nefrítica: síndrome de hematúria, hipertensão e perda leve de função renal que
decorre da inflamação das alças capilares dos glomérulos.
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iv. Doenças glomerulares
A manifestação primária é a hematúria (sangue na urina), condição decorrente da
inflamação capilar que danifica a barreira glomerular às células sanguíneas.
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iv. Doenças glomerulares
Terapia nutricional
- tentar manter o bom estado nutricional enquanto há tempo para que a doença se resolva
espontaneamente.
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iv. Doenças glomerulares
Síndrome nefrótica
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iv. Doenças glomerulares
Mais de 95% dos casos de síndrome nefrótica originam-se de 3 distúrbios sistémicos:
- diabetes mellitus, lúpus eritematoso sistémico e amiloidose
Embora a função renal possa deteriorar-se durante o curso dessas disfunções, esta não é
uma característica consistente.
Terapia nutricional
Os doentes são tratados primariamente por meio de dietas com baixo teor de sódio,
diuréticos e estatinas para hiperlipidemia reduzida.
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iv. Doenças glomerulares
Principais objectivos:
- controlar os sistemas associados à síndrome - edema, hipoalbuminemia e hiperlipidemia
- diminuir o risco de progressão para a insuficiência renal
- e manter as reservas nutricionais
Os doentes com deficiência proteica grave e que continuam a perder proteína podem
necessitar de longo período de assistência nutricional cuidadosamente supervisionada.
A dieta deve tentar fornecer proteína e energia suficientes para manter um balanço de
nitrogénio positivo e estimular o aumento na concentração de albumina plasmática e o
desaparecimento de edema.
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iv. Doenças glomerulares
Proteína:
Redução na ingestão de proteína de apenas 0,8g/kg/dia pode diminuir a proteinúria sem
afectar adversamente a albumina sérica.
Com o objectivo de permitir o uso ideal de proteína, 50 – 60% deve provir de fontes de alto
valor biológico (AVB) e a ingestão de energia deve corresponder a cerca de 35 kcal/kg/dia
para adultos e 100 a 150 kcal/ kg/ dia para crianças.
Lípidos:
A importante consequência da hipercolesterolemia conta com o potencial para induzir DCV.
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iv. Doenças glomerulares
Sódio:
O edema, a manifestação mais clinicamente aparente deste grupo de doenças, indica um
estado de sobrecarga corporal total de sódio.
Contudo, em virtude da baixa pressão oncótica no volume de sangue circulante que resulta
da hipoalbuminemia, esse volume pode ser reduzido.
Dessa maneira, o controlo de edema neste grupo de doenças não deve ser completo, deve
contar até certo ponto com o espaço elástico máximo extracelular e vincular apenas
restrição moderada de sódio, cerca de 3g por dia.
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v. Doenças tubulares e intersticiais
Em grande proporção, as funções dos tubos renais os tornam susceptíveis à lesão.
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vi. Insuficiência renal aguda
Caracterizada pela redução súbita na taxa de filtração glomerular ou na quantidade de
filtrado por unidade nos nefrónios e pela alteração na capacidade do rim de eliminar a
carga diária de excreção metabólica.
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vi. Insuficiência renal aguda
Algumas causas de insuficiência renal aguda
Pré-renal:
- desidratação grave e colapso circulatório
Intrínseca:
- necrose tubular aguda: trauma, cirurgia, septicemia
- nefrotoxicidade: antibióticos, agentes de contraste e outras substâncias
- distúrbios vasculares: enfarto renal bilateral
- glomerulonefrite aguda de qualquer causa: infecção pós-estreptocócica e lúpus
eritematoso sistémico
Obstrução pós-renal:
- hipertrofia prostática benigna com retenção urinária, carcinoma de bexiga ou próstata,
cancro retroperitoneal ou pélvico, cálculos ureterais e obstrução bilateral.
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vi. Insuficiência renal aguda
Etiologia
- Exposição a agentes tóxicos Tratamento médico
- Reacção alérgica a agentes Leve (toxicidade por agentes)
- Glomerulonefrite progressiva - remoção da droga
- Necrose tubular aguda isquémica Grave (necrose tubular aguda isquémica)
- Intrínseca - diálise
(doenças dentro do parênquima renal) - nutrição parentérica total
- reposição de electrólitos
Fisiopatologia Grave
(necrose tubular aguda isquémica)
- destruição tecidual
- acidose
- uremia
- hipercalemia
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vi. Insuficiência renal aguda
Os doentes com IRA decorrente de toxicidade por substâncias em geral recuperam-se
rapidamente após a interrupção destas.
O índice de mortalidade associado à necrose tubular aguda isquémica causada por choque
corresponde a cerca de 70%.
Na maioria das vezes, esses doentes são altamente catabólicos e a destruição tecidual
extensiva ocorre nos estágios iniciais.
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vi. Insuficiência renal aguda
A fase de recuperação (diurética) caracteriza-se inicialmente pelo aumento no débito
urinário e, em seguida, pelo retorno da eliminação de excretas.
Durante esse período, a diálise pode ser necessária e deve-se atentar para o balanço de
líquidos e electrólitos e para a reposição apropriada.
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vi. Insuficiência renal aguda
Diálise peritoneal: método de remoção de produtos de excreção do sangue no qual a
difusão os carrega através da membrana peritoneal semipermeável para o interior do
dialisado; pode ser ambulatória contínua ou cíclica contínua.
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vi. Insuficiência renal aguda
A necessidade de equilibrar as necessidades de proteína e energia com o tratamento
de acidose e excreção nitrogenada excessiva é uma questão bastante complicada.
A mortalidade por IRA é alta, especialmente entre aqueles que estão desnutridos.
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vi. Insuficiência renal aguda
Terapia nutricional
No estágio inicial da IRA, quando poucos doentes podem tolerar as alimentações orais em
decorrência de vómitos, diarreia ou estase gástrica, as preparações intravenosas podem
ser úteis para reduzir o catabolismo de proteínas.
Alguns doentes podem ser tratados com nutrição entérica, dependendo do grau de
gravidade dos sintomas mas a maioria dos casos deve-se utilizar a via intravenosa.
Assim, reduz-se o catabolismo das proteínas e a produção de ureia a um mínimo até que o
doente possa tolerar a alimentação oral.
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vi. Insuficiência renal aguda
Proteína
Uma grande sobrecarga de proteínas pode requerer diálises mais frequentes, na maior das
vezes num doente que não é hemodinamicamente estável e está em alto risco de
complicações de diálise.
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vi. Insuficiência renal aguda
Energia
Podem ser estimadass por calorimetria indirecta na maioria das unidades de cuidados
intensivos.
Caso este equipamento não esteja disponível, as necessidades energéticas devem ser
estimadas em 30 a 40 kcal por kg de peso seco por dia.
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vi. Insuficiência renal aguda
Caso se utilize diálise peritoneal ou terapia de reposição renal contínua, a quantidade de
glicose absorvida, pode levar ao acréscimo significativo de energia na ingestão alimentar
diária e precisa, então, ser calculada.
Pode-se utilizar uma dieta de elevado teor energético e baixo teor proteico nos casos em
que a diálise ou a hemofiltração estão indisponíveis.
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vi. Insuficiência renal aguda
Exemplo do cálculo dos requerimentos de líquidos na IRA
Perdas
Débito urinário medido nas 24h anteriores → - 200mL
Perda insensível de água em 24h
(varia com a humidade ambiente e a temperatura corporal) → - 500 mL
Perda de água total em 24h → - 700mL
Entrada
Água produzida pelo metabolismo em 24h
(admitindo-se que o catabolismo e a perda de peso não estejam a ocorrer) → 500mL
Água para permitir o ganho de líquido → 1000mL
Água na dieta usual em 24h → 500mL
Ingestão de líquido adicional em 24h para repor as perdas na urina → 200mL
Ganho total de líquido em 24h → 1700mL
Ganho total de líquido – perda de líquido total = ganho de líquido por 24h
→ 1700 – 700 = 1000mL
Ganho de líquido em 24h x 2 dias entre as diálises
→ 1000 x 2 = 2L de líquido ganho entre os tratamentos de diálise
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vi. Insuficiência renal aguda
Tendo em conta os numerosos agentes intravenosos assim como o sangue e os produtos
sanguíneos necessários para a doença subjacente, o desafio no tratamento de doentes
nesta condição passa a ser como cessar a ingestão de líquido o máximo possível
enquanto se fornecem proteínas e energia adequadas.
Por esse motivo, todo o líquido acima da perda diária calculada deve ser instituído numa
solução equilibrada de sal.
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vi. Insuficiência renal aguda
Potássio
A maior parte da excreção do potássio e do seu balanço consiste em função normal do rim.
Quando essa função está prejudicada, o balanço de potássio deve ser cuidadosamente
avaliado.
Além das fontes dietéticas, todos os tecidos corporais contêm grandes quantidades desse
componente. Assim, a destruição do tecido pode levar a sobrecarga considerável.
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vi. Insuficiência renal aguda
O controlo dos níveis de potássio sérico entre as administrações de diálise conta
principalmente com as infusões intravenosas de glicose, insulina e bicarbonato, de modo
que todos estes são úteis para mover o potássio para o interior das células.
O sódio trocado leva à sobrecarga de volume, que também deve ser controlada em
particular pela diálise durante a insuficiência renal.
Tratamento nutricional
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vi. Insuficiência renal aguda
Proteína:
0,8 – 1 g/kg peso ideal, aumentando conforme a TFG volta ao normal;
60% AVB
Energia:
30 – 40 kcal/ kg de peso seco
Potássio:
30 – 50 mEq/dia na fase oligúrica (dependendo do débito urinário, da diálise e do nível de
K+ sérico); repor as perdas na fase diurética
Líquido: repor o débito do dia anterior (vómitos, diarreia, urina) em mais 500mL.
Uma grande variedade de lesões renais caracteriza-se pelo declínio lento e estável na
função renal.
Não está claro o motivo pelo qual um indivíduo pode permanecer com DRT por vários
meses a anos, enquanto outros progridem rapidamente para DRT e insuficiência renal e
diálise.
Entretanto, foi reconhecida em toda a doença renal a perda de metade a 2/3 da função
renal, independente da doença subjacente, resultando, posteriormente, na perda
progressiva dessa função.
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vii. Insuficiência renal progressiva
Actualmente acredita-se que, em resposta à diminuição na TFG, o rim é submetido a uma
série de adaptações para preveni-la.
Apesar de, em curto prazo, ocorrer melhoria da taxa de filtração, a longo prazo,
evidenciam-se perda acelerada dos nefrónios e insuficiência renal progressiva.
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vii. Insuficiência renal progressiva
Terapia nutricional
Proteína
Tem-se defendido o papel da proteína da dieta como o factor que aumenta a pressão
glomerular e leva, dessa maneira, à perda acelerada da função renal.
Com o propósito de preservar a função renal recomenda-se a restrição proteica no
tratamento de doentes com insuficiência renal leve a moderada.
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vii. Insuficiência renal progressiva
A maioria dos estudos ressalta que a hipertensão sistémica, um outro factor que acelera a
perda progressiva da função renal, deve ser bem controlada para produzir benefícios pela
restrição proteica.
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viii. Doença renal em estágio terminal
A doença renal em estágio terminal pode resultar de grande variedade de diferentes
doenças renais.
A grande maioria dos doentes que evoluem para doença renal em estágio terminal (DRT)
tem diabetes mellitus, hipertensão ou glomerulonefrite.
Junto à doença surge uma série de problemas relacionados com a incapacidade do rim:
- excretar os produtos de excreção,
- manter o balanço de líquidos e electrólitos e
- produzir hormonas.
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viii. Doença renal em estágio terminal
Uremia
As manifestações são muitas vezes não específicas e variam de doente para doente.
Contudo, como regra, níveis de nitrogénio ureico sanguíneo (BUN) > 100 mg/dL e creatina
10 – 12 mg/dL estão normalmente bastante próximos deste limiar.
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viii. Doença renal em estágio terminal
Etiologia Tratamento médico
- hipertensão - diálise: hemodiálise e diálise peritoneal
- diabetes mellitus - transplante de rim
- glomerulonefrite - substâncias imunossupressoras
- suporte psicológico
Fisiopatologia - tratamento conservador: tratamento
- Incapacidade de: excretar produtos realizado por meio de orientações
residuais; manter o balanço de líquidos e importantes, medicamentos e dieta,
electrólitos; produzir hormonas visando conservar a função dos rins que
- Uremia: nível inaceitável de resíduos já têm perda crónica e irreversível,
nitrogenados tentando evitar, o máximo possível, o
- Sintomas: mal-estar, fraqueza, náuseas início da diálise.
e vómitos, caibras musculares e coceira,
gosto metálico na boca, comprometimento
neurológico
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viii. Doença renal em estágio terminal
Tratamento nutricional
Objectivos:
- prevenir deficiências de nutrientes e manter o bom estado nutricional (e, no caso de
crianças, crescimento) por meio da ingestão adequada de proteínas, energia, vitaminas e
minerais.
- controlar o edema e o desequilíbrio electrolítico pela regulação do consumo de sódio,
potássio e líquido (usualmente, restrição de sódio e potássio).
- prevenir ou atrasar o desenvolvimento de osteodistrofia renal pelo controlo da ingestão de
cálcio, fósforo e vitamina D (uso de suplementação de ligantes de fosfato e cálcio).
- capacitar o doente a ingerir um dieta palatável, atraente e adequada ao seu estilo de vida.
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viii. Doença renal em estágio terminal
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viii. Doença renal em estágio terminal
Alimentação entérica
Resultados bem-sucedidos com fórmulas-padrão usadas na maioria dos casos.
Estas devem ser administradas antes de tentar uma fórmula especial porque apresentam
em geral, custo mais baixo e menor osmolaridade do que os produtos renais específicos.
Caso surjam preocupações quanto a electrólitos ou líquidos, pode-se adoptar uma fórmula
específica para doentes renais.
Nutrição parentérica
Quando o doente com DRT torna-se crítico, com dificuldades para manter uma ingestão
oral adequada e, quando a alimentação por sonda não é aconselhável em decorrência de
complicações gastrointestinais.
É similar a administrada a outros doentes desnutridos.
Os doentes parecem tolerar bem as infusões de aminoácidos regulares.
Na prática costuma-se administrar uma preparação vitamínica padrão.
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viii. Doença renal em estágio terminal
Nutrição parentérica intradialítica
Nutrição suplementar que requer que o doente tenha um mínimo de tracto gastrointestinal
a funcionar e só fornece em média 500 kcal / dia ou cerca de 1000 kcal a cada tratamento
de hemodiálise.
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viii. Doença renal em estágio terminal
Escolha da terapia adequada
Como em qualquer doença crónica, os doentes que melhor se cuidam são aqueles que
controlam adequadamente a sua condição e fazem as suas próprias opções médicas.
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ix. Hemodiálise
Hemodiálise: método mais comum, em que o sangue passa pela membrana
semipermeável do rim artificial e os produtos de excreção são removidos por difusão e os
líquidos por ultrafiltração.
Requer acesso permanente à corrente sanguínea por meio de uma fístula criada por
cirurgia para conectar uma artéria a uma veia.
O acesso temporário através dos cateteres subclávios é comum até que o acesso
permanente do doente possa ser criado ou maturar. Os problemas com a infecção tornam
indesejável o uso desses cateteres.
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ix. Hemodiálise
O teor de electrólitos no líquido da diálise é similar ao do plasma normal. Os produtos de
excreção e os electrólitos movem-se por difusão, ultrafiltração e osmose do sangue para o
dialisado e, então, são removidos.
Proteína: 1,2 g / kg e cerca de 50% AVB, para compensar as perdas pelo dialisado.
Dieta para doente em hemodiálise
(deve permitir o mínimo de 4% de ganho de peso em líquido entre as diálises)
- limitar produtos lácteos a uma porção por dia
- limitar frutas, hortícolas e sumos a seis porções por dia
- limitar sódio a 2000-3000 mg/dia, evitar alimentos processados, não usar sal nas
preparações.
- limitar água e outros líquidos conforme o necessário para prevenir ganhos de água de
acima de 2 kg entre tratamentos.
- não limitar a água se o sódio não for restringido.
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x. Diálise peritoneal (DP)
Diálise peritoneal: utiliza a membrana semipermeável do peritoneu.
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x. Diálise peritoneal (DP)
DP cíclica contínua
- tratamento é realizado à noite por meio de um aparelho que executa as trocas.
- durante o dia, os doentes podem manter uma única troca de dialisado na cavidade
peritoneal por período prolongado (chamado de longa interrupção), talvez o dia todo.
- várias combinações de DP ambulatorial contínua e DP cíclica contínua são possíveis e
serão relatadas como DP.
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x. Diálise peritoneal (DP)
Para os doentes com DP, as recomendações são mais liberais para líquido, sódio e
potássio porque a terapia é contínua e maior quantidade destes produtos é removida.
A perda de sódio pode ser de até 6g/dia e assim os doentes podem precisar de ingestões
mais elevadas desse componente.
Complicações:
peritonite, hipotensão que requer reposição adicional de líquido e sódio e ganho de peso.
Pode ser desejável em doentes que estão abaixo do peso mas eventualmente a ingestão
dietética ou a actividade terão de ser modificadas levando-se em conta a energia
absorvida pelo dialisado.
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x. Diálise peritoneal (DP)
Dialisado: solução utilizada na diálise para remover os produtos de excreção do sangue;
apresenta teor de electrólitos similar ao do plasma que pode ser ajustado para aumentar
ou diminuir a concentração plasmática de potássio, cálcio, sódio, glicose e bicarbonato.
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xi. Transplante renal
Se o transplante for antecipado, é importante manter o estado nutricional ideal, de modo
que o doente seja um bom candidato à sua realização.
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xi. Transplante renal
Terapia nutricional
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xi. Transplante renal
A ciclosporina e o tacrolimo relacionam-se com:
- hipercalemia,
- hipertensão e
- hiperlipidemia.
As doses das medicações usadas pós-transplante diminuem com o decorrer do tempo até
que se atinja um nível de manutenção.
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xi. Transplante renal
1.º mês pós-transplante:
- alto teor proteico de 1,3 – 1,5 g / kg de peso corporal
- 30 – 35 kcal / kg para prevenir o balanço nitrogenado negativo
- 1,6 – 2 g / kg de proteína (para necessidades elevadas como febre, infecção e stress
cirúrgicos ou traumáticos)
- restrição moderada de sódio 80 – 100 mEq/dia minimiza a retenção de líquido e ajuda a
controlar a pressão sanguínea.
Meses seguintes:
- 1 g / kg de peso corporal de proteína
- ingestão energética suficiente para atingir e manter o peso adequado à estatura
- o consumo de sódio é individualizado com base na retenção de líquidos e na pressão
sanguínea
Uma vez que a maioria dos receptores de rim necessita de restrição de líquido durante a
diálise, será necessário relembrá-los da importância da manutenção da ingestão de fluidos
após transplante.
A maior parte dos receptores de rim possui índices elevados de triglicerídeos e/ou
colesterol sérico. A etiologia desta hiperlipidemia é multifactorial.
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xi. Transplante renal
Tratamento:
- restrição calórica para excesso de peso,
- ingestão limitada de colesterol para < 300 mg/dia e
- lípidos totais limitados.
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xii. Nefrolitíase
A nefrolitíase, ou a presença de cálculos renais, é um distúrbio que acomete
significativamente a população em geral.
O risco é duas vezes maior naqueles com história familiar de cálculos renais.
Fisiopatologia
A formação de cálculos renais é um distúrbio complexo que consiste em saturação,
supersaturação; nucleação; crescimento de cristal ou agregação; retenção de cristal; e
formação de cálculo na presença de promotores, inibidores e complexos na urina.
Os cálculos de cálcio são os mais comuns: oxalato de cálcio (60%), oxalato de cálcio e
fosfato de cálcio (10%), fosfato de cálcio (10%), ácido úrico (5-10%), estruvita (5-10%) e
cistina (1%).
O baixo volume urinário é o único factor de risco significativo para a urolitíase.
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xii. Nefrolitíase
Factores de risco urinário para o desenvolvimento de cálculos
Risco maior: volume urinário reduzido, oxalato, ácido úrico, pH ácido, estase e cálcio.
Risco menor: volume e fluxo urinário elevados, citrato, glicoproteínas e magnésio.
Tratamento médico
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xii. Nefrolitíase
Causas e composição dos cálculos renais
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xii. Nefrolitíase
Informação básica e avaliação metabólica da urolitíase
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xii. Nefrolitíase
Volume de líquido e de urina
De modo que, a sua correcção com elevada ingestão de líquidos deve ser o foco no
tratamento de todos os tipos de cálculo renal.
O objectivo é manter os solutos urinários na zona subsaturada para inibir a nucleação pelo
aumento do volume urinário e pela redução de carga de soluto.
A alta taxa de fluxo urinário tenderá a eliminar alguns cristais formados, de modo que o
volume urinário correspondente a 2-2,5L/dia tem mostrado prevenir a recorrência de
cálculo.
Para atingir volume urinário de 2-2,5L/dia, necessita-se da ingestão de 250mL de líquido a
cada refeição, entre as refeições e antes de dormir.
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xii. Nefrolitíase
A hidratação durante as horas de sono é importante para romper o ciclo de uma urina
“mais concentrada” pela manhã.
Pode-se necessitar até mesmo de alta ingestão de líquidos, tanto quanto 3L/dia, para
compensar a perda pela via gastrointestinal e a transpiração excessiva por exercício
vigoroso ou por ambiente excessivamente quente ou seco.
O consumo de café, chá, cerveja e vinho estão associados a risco reduzido de formação
de cálculos, mas o sumo de toranja não.
Refrigerantes e bebidas à base de cola, que contêm ácido fosfórico, também devem ser
evitados em razão dos efeitos acidificantes da urina.
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xii. Nefrolitíase
Apesar de alto teor de oxalato contido no chá, quando este é ingerido com leite, não
parece aumentar a formação de cálculo.
Recomenda-se consumir quantidade moderada de chá por semana (cerca de 2 xícaras por
dia) combinada com leite.
Os chás herbais têm menor conteúdo de oxalato e representam uma alternativa aceitável.
Hipercalciúria
Valor médio do cálcio urinário em excesso de 300mg/dia nos homens e 250mg nas
mulheres, ou 4 mg/kg/dia para ambos numa recolha de urina aleatória do doente com dieta
não restritiva.
Hiperoxalúria
Presença na urina de quantidade de oxalato superior a 40mg/dia.
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xii. Nefrolitíase
Factores dietéticos associados ao risco de cálculos de cálcio
Risco maior: proteína animal, oxalato, sódio e vitamina C.
Risco menor: cálcio, potássio, magnésio, ingestão de líquido, fibra/fitato e vitamina B6.
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xii. Nefrolitíase
Recomendações dietéticas e Líquidos
monitorização da urina de 24 horas 2,5 L ou mais por dia; avaliar tipos de
Proteína líquidos consumidos; dar orientações
Ingestão normal: evitar excesso Volume urinário > 2L/dia
Monitorizar a ureia urinária Purinas
Cálcio Evitar ingestão excessiva de proteínas;
Ingestão normal: 1000mg (idade ≤ 50 evitar alimentos específicos com alto teor
anos); de purinas
1200mg (idade > 50 anos) Ácido úrico < 2 mmol/L (<336 mg/L)
Cálcio urinário < 150 mg/L Vitamina C
Oxalato ≤ 500 mg/dia
Evitar alimentos de teor moderado a alto Monitorizar o oxalato urinário
de oxalato inicialmente; maior restrição, se Vitamina D; óleo de fígado de bacalhau
necessário Suplementos não recomendados
Oxalato urinário < 20 mg/L Sódio
Vitamina B6 < 100 mmol/dia
40mg ou mais por dia reduz o risco Monitorizar o sódio urinário
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Agradeço a vossa atenção!
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