Práticas Integradas para o Ensino de Biologia - Araújo, Caluzi & Caldeira (Orgs)
Práticas Integradas para o Ensino de Biologia - Araújo, Caluzi & Caldeira (Orgs)
Práticas Integradas para o Ensino de Biologia - Araújo, Caluzi & Caldeira (Orgs)
Editor
Raimundo Gadelha
Coordenação Editorial
Mariana Cardoso
Revisão
Ravi Macario
Edson Cruz
Editoração Eletrônica
Felipe Bonifácio
Vários autores.
Bibliogra a.
ISBN 978-85-7531-304-6
Introdução
Epistemologia da Biologia
A Biologia como uma Ciência autônoma
A Epistemologia da Biologia no contexto do ensino
A constituição de um grupo de pesquisas em Epistemologia da Biologia
Resultados preliminares
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Introdução
O Projeto Pró-Ciências
Concepções de professores sobre a interdisciplinaridade
Di culdades para o desenvolvimento de projetos
interdisciplinares na escola
Trabalhos nais produzidos pelos professores-alunos
Pró-Ciências: erros e acertos
Referências bibliográ cas
Introdução
A construção de um projeto na Escola Pública
Ações desenvolvidas pelos participantes
Resultados
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Introdução
O tema contextualizador
A construção do trabalho interdisciplinar
O conceito de energia em Biologia e suas relações interdisciplinares
Discussão
Avaliação do processo de construção do projeto interdisciplinar e
contextualizado
Organização do coletivo escolar
O Processo de ensino
O Processo de aprendizagem
Considerações nais.
Referências bibliográ cas
Introdução
Algumas considerações sobre o enfoque interdisciplinar
Ensino de Evolução Biológica
“Evolution”: o lme analisado
Possíveis conteúdos matemáticos a serem abordados em
interdisciplinaridade com a Biologia, a partir do lme “Evolution”
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Introdução
As pesquisas biotecnológicas e suas implicações éticas
Infertilidade e fertilização in vitro
Bioética e fertilização in vitro
A Lei de Biossegurança
O livro didático de Ciências e Biologia
Transposição e mediação didática
Considerações metodológicas
Presença de explicação, ilustrações sobre fertilização in vitro
Localização do assunto no livro didático
Consistência das informações apresentadas
Presença de uma abordagem ética e social
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Introdução
A importância da História da Ciência no Ensino de Ciências
A construção do conceito de circulação sanguínea: algumas teorias anteriores a
Harvey
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Introdução
O conhecimento cientí co na perspectiva piagetiana
O conhecimento cientí co na perspectiva de Vigotski
O desenvolvimento do programa
Formando conceitos em aulas de campo: conhecimento cientí co e mediação
Considerações nais
Referências bibloigrá cas
Introdução
Caracterização física e biológica de Ilha Comprida
Caracterização e localização
Formação geológica
Cobertura vegetal
Escolha das tipologias vegetacionais de Mata Atlântica
Semiótica peirceana
Sequência didática e ferramentas de coleta de dados
Aulas teóricas
Ferramenta de coleta de dados (atividade didática 1)
Sequência didática das aulas teóricas
Aulas práticas
Sequência didática das aulas práticas
Sequência didática da sistematização de conteúdos
Ferramenta de coleta de dados (atividade didática 2)
Análise de conteúdos
Atividade didática 1
Atividade didática 2
Análise semiótica
Atividade didática 1
Atividade didática 2
Considerações nais
Referências bibliográ cas
Prefácio
Marta Bellini
Epistemologia da Biologia:
uma proposta didática para
o Ensino de Biologia1©
[…] atenção dada ao caráter autóctone [próprio] dos princípios que uma Ciência
apresenta e ao caráter singular dessa montagem teórica que permite determinar os
objetos de forma até então inédita – ou seja, […] àquilo que uma Ciência
descobre, sua maneira própria de produzir enunciados ou regras que possibilitam
sua edi cação (LEBRUN, 2006, p. 134-135).
Uma primeira narrativa sugeria que eles haviam sido vítimas de uma epidemia
particularmente virulenta, contra a qual não puderam adquirir imunidade. Uma
boa quantidade de objeções sérias, no entanto, foi levantada contra esse cenário,
que foi assim, substituído por uma nova proposta, de acordo com a qual a
extinção teria sido causada por uma catástrofe climática. […] Quando, porém, o
físico Walter Alvarez postulou que a extinção dos dinossauros tinha sido causada
pelas consequências do impacto de um asteroide na Terra, todas as observações se
encaixaram nesse novo cenário (MAYR, 2005, p. 480).
A08: acho que seria importante que se compreendesse a história dessa espécie,
as interações que ocorreram para modi car a espécie […] com o ambiente, as
mudanças genéticas […] e também as interações do próprio organismo.
Assim, por meio de análise dos encontros, inferimos que a visão sistêmica
dos fenômenos biológicos, ou seja, compreender que esses fenômenos ocorrem
por meio de interações entre os níveis passou a fazer parte do discurso dos
participantes.
Para melhor exempli car como esses conceitos são signi cativos para a
Epistemologia da Biologia e como englobam outras questões também
importantes para a compreensão dessa Ciência apresentamos, de forma breve,
considerações sobre cada um dos níveis hierárquicos.
O nível genético-molecular, – inferior ao organismo (focal) –, e que está
presente em todos os sistemas vivos, deixa de ser considerado determinador das
características do sistema. O material genético carrega grande parte das
informações hereditárias das espécies, ou seja, a sua história evolutiva.
Entretanto, entender como esse material genético possibilita o
desenvolvimento das características dos organismos signi ca compreender que
ele está dentro de uma rede de interações sistêmica, ou seja, que existem
processos de interação com outros sistemas (organelas, células, ambiente
externo etc.). Com as pesquisas atuais em Biologia, sabemos que o material
genético sofre interferência direta do ambiente. Este, tem o papel voltado tanto
para o desenvolvimento dos indivíduos (animais, vegetais, bactérias etc.)
quanto para a emergência de novas características que serão transmitidas aos
descendentes.
10 Segundo a teoria do Design Inteligente, os fenômenos que ocorrem no mundo e, entre eles, os
fenômenos biológicos, ocorreriam determinados por um Designer Supernatural (MANSON, 2003),
argumento contrário ao do papel do acaso apresentado por Mayr (2005) e aceito por nós.
Referências bibliográ cas
Segundo Severino (2001, p. 38), não há uma articulação nas escolas entre
“as ações docentes, as atividades técnicas e as intervenções administrativas”,
merecendo destaque “a hipertro a do administrativo sobre o pedagógico, com
o estranho desenvolvimento de uma postura autoritária e autocrática no
exercício do poder.” Ele a rma, ainda: “Nossa experiência cotidiana das
relações no interior da escola comprova, mais uma vez, que à divisão técnica do
trabalho se sobrepõe uma divisão social, fundada na distribuição desigual do
poder”.
Trabalhar com esta nova loso a integradora signi ca transformar as salas de aula
em lugares onde as questões surgem sem forçá-las, sem ter de recorrer a tarefas
absurdas só porque esta ou aquela disciplina entra em ação […] um plano de
trabalho integrador não pode ser forçado; não é aconselhável buscar em cada
subtópico todos os blocos e áreas de conteúdo, tentando não deixar nada de fora
(SANTOMÉ, 1998, p. 227 e 233).
Essa é uma boa maneira de possibilitar que o grupo de estudantes dessa sala de
aula assuma a responsabilidade pelo planejamento, organização e
acompanhamento do plano de trabalho que se comprometa com a localização de
fontes de informação para resolver os problemas que surgem, programar
experiências, excursões, etc. Deste modo vão aprendendo também algo tão difícil
como planejamento e trabalho em equipe (SANTOMÉ, 1998, p. 236).
Não existem interesses inatos, estes são consequência das situações experenciais
nas quais as pessoas estão submersas. […] Isto signi ca que os interesses também
podem ser gerados intencionalmente […] As unidades didáticas integradas devem
ser interessantes para o grupo de alunos ao qual se destinam. Portanto, será
preciso selecionar cuidadosamente os tópicos que sirvam como organizadores do
trabalho na sala de aula e apresentá-los de maneira atraente. O papel do professor
estimulador e acrescentador de novos interesses e necessidades nos estudantes é
fundamental.
Aquele que se aventura a empreender esse caminho precisa, antes de mais nada,
assumir um sério compromisso com a erudição; e com a erudição em múltiplas
direções. Buscar o conhecimento, uma das atitudes básicas a serem desenvolvidas
em quem pretende empreender um projeto interdisciplinar, só pode ser entendido
no seu exercício efetivo.
5. Os métodos citados por eles para a implantação dessas práticas revelaram que,
ainda, confundiam interdisciplinaridade com multidisciplinaridade e
continuavam muito apegados à disciplina que lecionam, a qual consideravam
aglutinadora ou centralizadora na implantação de temas interdisciplinares; não
consentiam em abandonar-se rumo a um objetivo maior.
1. Existem muitos obstáculos relativos aos conteúdos cientí cos que realmente
di cultam a implantação da interdisciplinaridade nas escolas. Entre eles, os mais
citados pelos docentes entrevistados no presente estudo referem-se à falta: a) de
tempo e acesso a fontes de pesquisa; b) de conhecimento em relação aos
conteúdos de outras disciplinas, em consequência de uma formação muito especí
ca nas universidades; c) de recursos ou de material de apoio que trate do tema e,
d) a crença de que nem todos os conteúdos podem ser trabalhados
interdisciplinarmente porque não estão relacionados;
2. O grupo tenha um objetivo maior que os especí cos de sua disciplina, que
servirá como norteador do trabalho a ser desenvolvido;
3 As respostas de cada professor podem estar agrupadas em mais de uma categoria em todas as
tabelas apresentadas. A porcentagem de cada categoria refere-se ao total de professoras e professores,
por isso a soma dos percentuais das tabelas ultrapassa 100 %.
Referências bibliográ cas
Klein (1998) ressaltou que o ensino interdisciplinar não pode ser realizado
com práticas intuitivas e que cinco grandes temas formam o alicer-ce de uma
teoria interdisciplinar de ensino: pedagogia apropriada, ensino em equipe,
processo integrador, mudança institucional e relação entre a disciplinaridade e
a interdisciplinaridade.
Por outro lado, a equipe docente deve estar convencida e satisfeita com o
trabalho que vai realizar, pois poderá enfrentar problemas de aprendizagem
e/ou de comportamento em suas aulas, uma vez que, os alunos e alunas são
bastante sensíveis em perceber até que ponto os seus professores estão
convencidos das tarefas propostas.
A equipe escolar escolheu o tema por várias razões, entre elas, o fato da
região ter se tornado um pólo sucroalcooleiro e um imenso canavial.
Analisando as falas, é possível perceber que alguns professores demonstraram
certa di culdade em trabalhar com alguns aspectos do tema escolhido, como
disse um deles: “Tenho até medo de ler matérias produzidas pelo Movimento
dos Sem Terra (MST) e por alguns sindicatos”. É bastante preocupante para o
desenvolvimento de um projeto para alunos do Ensino Médio, quando um
professor declara que tem medo de ler certo tipo de texto.
quatro em construção;
2. Região Sudeste:
• Espírito Santo: um engenho;
O processo de ensino
Consideramos que na vertente do ensino destacam-se os seguintes
constituintes fundamentais:
1. O trabalho interdisciplinar;
2. O contexto da experiência;
3. O papel do professor;
4. A mediação de diferentes linguagens.
O processo de aprendizagem
O tema central energia, esquematizado a partir de um mapa conceitual,
vem constituindo-se em um importante elemento articulador do trabalho
docente, permitindo que, dessa forma, a ação didática se foque em oferecer
múltiplas possibilidades e habilidades para que novas signi cações sejam
estabelecidas. Essa rede de signi cações pode ser tecida no que Caldeira (2005)
denominou Domínios Epistêmicos para a construção do conhecimento em
Ciências naturais. Domínios que podem ser classi cados em três níveis
interconectados e sem nenhuma hierarquia preestabelecida:
O professor, enquanto o lme corre, chama atenção dos alunos para os detalhes
que julga mais importantes. E todos compreendem o fenômeno descrito porque
podem “ver” com seus próprios olhos a natureza em plena ação. O lme exerce
desse modo o papel de denominador comum daquelas inteligências juvenis.
Nivela-as pelo mesmo interesse no espetáculo e pelo poder que a imagem tem de
tornar instantaneamente compreensíveis noções que as palavras nem sempre
transmitem com delidade (LAPONTE apud ESTEVES, 2006, p. 121).
Para esse autor, é nas cções cientí cas que primeiramente pensamos
quando se fala de Ciência no cinema. Ficções cientí cas são produções em que
a Ciência parece ser a personagem central. Aqui a dimensão ccional é
evidente, pois, ainda que verossímeis, essas narrativas quase nunca são factíveis,
ou seja, são fantasiosas (irreais) ou irrealizáveis nas atuais condições do
conhecimento. Sejam elas otimistas ( De volta para o futuro) ou sombrias e
ameaçadoras ( Fahrenheit 451), elas representam uma espécie de experimento
mental sobre os possíveis usos e implicações da Ciência e da tecnologia. Mas a
cção cientí ca não é, obviamente, o único gênero de lme a projetar imagens
sobre a Ciência, os cientistas ou as sociedades nele centrada. Filmes de
aventuras, dramas, comédias e desenhos têm também sua parcela de
contribuição na formação de estereótipos, modelos e expectativas que acabam
por se constituir como referências comuns pelas quais a Ciência e a técnica são
percebidas por grande parte da sociedade, formando assim o senso comum que
percebe e discute, até decide, os rumos e os limites da Ciência e da Tecnologia.
1) Na noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não
existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala
de aula (Emília Ferreiro); 2) Na crença de que é o indivíduo que aprende.
Então, é preciso ensinar a aprender, a estudar, etc; ao indivíduo e não a um
coletivo amorfo. Portanto, uma relação direta e pessoal com a aquisição do
saber; 3) Embora apreendido individualmente, o conhecimento é uma
totalidade. O todo é formado pelas partes, mas não é apenas a soma das partes.
É maior que as partes; 4) A criança, o jovem e o adulto aprendem quando tem
um projeto de vida, e o conteúdo do ensino é signi cativo (Piaget) para eles no
interior desse projeto. Aprendemos quando nos envolvemos com emoção e
razão no processo de reprodução e criação do conhecimento. A biogra a do
aluno é, portanto, a base do método de construção/reconstrução do
conhecimento; 5) A interdisciplinaridade é uma forma de pensar. Piaget
(1972:144) sustentava que a interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar
a transdisciplinaridade, etapa que não caria na interação e reciprocidade entre
as ciências, mas alcançaria um estágio onde não haveria mais fronteiras entre as
disciplinas (GADOTTI, 1999, p. 3, grifo do autor).
O lme, lançado no ano de 2002, tem sua dose inevitável de humor, mas
o tom prevalecente é de absurdo discreto: um meteoro em chamas cai sobre o
deserto do Arizona, praticamente em cima do jovem candidato a bombeiro
Wayne (Seann William Scott), que quase morre incinerado no momento em
que treinava técnicas de primeiros-socorros com uma boneca in ável em
tamanho real.
Os primeiros a se darem conta de que algo não está normal são o Dr. Ira
Kane (David Duchovny), ex-cientista do governo e atual professor de Biologia,
e Harry Block (Orlando Jones), seu colega e professor de Geologia. Ira leva
amostras do meteoro para seu laboratório, onde observa que organismos
unicelulares vindos do espaço sideral estão se dividindo e se transformando em
criaturas multicelulares complexas, como platelmintos. Pasmo, o cientista
percebe que acaba de testemunhar, em um único dia, um processo evolutivo
que levaria 2 bilhões de anos. Mas o fato de poder prever o assustador resultado
lógi-co desse processo não signi ca que Ira possa fazer muito para impedi-lo.
Quando o exército norte-americano assume o controle do local da queda do
meteoro, Ira e Harry são declarados personae non gratae pela general em
comando e o cial de controle de doenças Allison (Julianne Moore), que revela
os maus antecedentes militares de Ira – criador de uma vacina fracassada contra
a doença antraz.
1. Evolução Biológica;
2. Uni e Pluricelularidade;
3. Origem da vida;
4. Reações químicas;
5. Catalisadores de reação;
6. Divisão celular;
7. Metabolismo celular;
8. Adaptação biológica;
9. Herança de características (DNA, pares de bases);
10. Mutações;
11. Uso de armas químicas;
12. Exponenciação ou potenciação;
13. Tratamento de informações;
14. Trabalho cientí co (in uências político-econômicas e sociais), entre
outros.
No entanto, esses recursos devem ser usados de forma criteriosa para que
sejam e cientes e úteis. Como toda ferramenta utilizada no ensino, Oliveira
(2006), ressaltou que o uso de um lme comercial deve ter uma função
de nida no plano de ensino elaborado pelo professor para um dado conteúdo.
A habilidade e capacitação técnica do professor aparecem na hora das escolhas
desse material e de sua estratégia para inserção dele nas aulas.
Mas, é preciso deixar claro que a utilização de uma cção cientí ca para a
abordagem de um conceito como esse requer o domínio desse mesmo conceito,
uma vez que esse gênero traz ideias fantasiosas e teorias irreais. A falta de
clareza por parte do docente sobre o assunto que ministra pode ser fato gerador
de insegurança tanto para quem ensina quanto para quem aprende, além de
favorecer ainda mais a formação de concepções equivocadas.
5 O Positivismo é uma corrente sociológica cujo precursor foi o francês Auguste Comte (1789-1857).
Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo e das crises social e moral do m da Idade
Média e do nascimento da sociedade industrial. Propõe à existência humana valores completamente
humanos, afastando radicalmente a teologia ou a metafísica. O método geral do Positivismo de
Augusto Comte consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação (ou
seja: mantém-se a imaginação), mas há outras características igualmente importantes.
6 A função exponencial é toda função f de R em R, na qual R é o conjunto dos números reais, que
associa a cada n real o número an, sendo a um número real, maior que zero e diferente de 1. Assim,
não é o mesmo que uma equação exponencial.
7 Talvez seja necessária a utilização de calculadoras cientí cas para a realização dos cálculos
matemáticos e conversão em base 10 dos resultados encontrados. Por exemplo, quando encontrado o
tempo real de evolução dos cogumelos (3.300.000.000) a representação através de base 10 ocorre a
partir da decomposição do número considerado em agrupamentos múltiplos de 10, encontrando
assim a representação 3,3 × 109. Observe que, ao multiplicarmos 3,3 por 109 = 1.000.000.000,
retornamos ao número 3.3000.000.000.
A análise dos livros didáticos é uma das maneiras de veri car como
determinado assunto é abordado em sala de aula, uma vez que, estes
constituem uma importante fonte de consulta tanto para os professores como
para os alunos. Aqui, apresentamos uma pesquisa por nós realizada com a
nalidade de veri car se e como a Biotecnologia, em particular as técnicas de
fertilização in vitro e suas implicações éticas, estão sendo discutidas nos livros
didáticos de Ciências e Biologia.
Vieira (1999) reforçou essa ideia dizendo que a Bioética é uma palavra
que designa o conjunto de disciplinas e práticas pluridisciplinares, que tem
como objetivo re etir acerca de soluções para as questões éticas principalmente
as sugeridas pelo advento das tecnociências médicas.
A Lei de Biossegurança
[…] o tema do livro didático, em particular para o caso dos manuais escolares de
Ciências no Ensino Fundamental, deve considerar explícita ou implicitamente as
concepções de Ciência, de Ambiente, de Educação, de Sociedade, das relações
entre Ciência/Tecnologia/Sociedade, entre tantas outras concepções de base
pertinentes ao campo da Educação em Ciências, as quais determinam a própria
concepção de livro didático e de sua relevância educacional (MEGID NETO e
FRACALANZA, 2003, p. 148).
Considerações metodológicas
O livro A traz uma abordagem ética sobre qual o destino dos embriões
excedentes, após o emprego da técnica. Por meio de questionamentos, tais
como: “O que fazer com embriões não utilizados?”; “Eles devem permanecer
congelados inde nidamente ou podem ser jogados fora?” (AMABIS e
MARTHO, 2004, p. 366).
6 Inseminação arti cial (IA) é a deposição mecânica (arti cial) do sêmen na cavidade uterina.
8 Investigação molecular: investigação em nível de DNA para detectar anomalias causadas, por
exemplo, por inserção e/ou deleção de nucleotídeos. Essas anomalias podem alterar um gene e
consequentemente sua proteína correspondente.
9 A distro a muscular de Duchenne é uma doença de caráter hereditário que causa a degeneração
muscular. Devido ao fato da mutação estar localizada no cromossomo X, é uma doença ligada ao
sexo.
10 Hemo lia é uma doença de caráter hereditário que causa um distúrbio na coagulação
sanguínea.
12 Baseado no trabalho de Ernst von Baer (1792-1876), descrito em 1927, parece ser consenso
entre os embrio-logistas que a vida animal, em particular a humana, se inicia na fecundação do
óvulo pelo espermatozóide. Nesse caso, as questões relacionadas à manipulação de embriões em
laboratório envolvem as discussões acerca de quando o ser humano pode ser considerado como uma
pessoa.
13 De acordo com Megid Neto e Fracalanza (2003), os dados foram coletados por pesquisadores do
Grupo FORMAR-Ciências, da Faculdade de Educação da Unicamp, durante curso de extensão
apoiados pelo Sindicato dos Professores do Ensino O cial do Estado de São Paulo – Apeosp.
Referências bibliográ cas
Cada explicação cientí ca possui seu valor intrínseco, por mais distante
que esteja da explicação atual da Ciência. Após a crítica positivista ao
conhecimento losó co, a Ciência6 passa a ser entendida a partir do abandono
da ideia de alcance da Verdade una – o que não implica em catástrofe total para
o conhecimento, ao contrário, como diz Lebrun:
No lugar vazio deixado pela “humana sabedoria”, eis que nascem os “gaios
saberes”, as epistemologias – saberes ainda adolescentes, agressivos, insolentes,
subversivos, que desres-peitam a cienti cidade de direito divino por respeitarem
mais a ciência como trabalho e como documento. A epistemologia está na moda:
é sinal de saúde. É a indicação de que as ciências só se tornam divertidas quando
as consideramos como jogos dos quais é preciso encontrar as regras e de que se
tornam interessantes apenas quando não mais cremos na verdade (LEBRUN,
2006, p. 144).
Trecho 1:
O sangue rico em gás carbônico passa do átrio para o ventrículo direito e
deste é bombeado para as artérias pulmonares direita e esquerda […], que
o levam para os pulmões, nos quais ocorrerá a hematose: o sangue dos
capilares perde gás carbônico, recebe oxigênio dos alvéolos pulmonares e
transforma-se em sangue arterial, rico em oxigênio. Este sangue volta ao
coração pela veia pulmonar, entrando no átrio esquerdo e recomeçando o
trajeto […] (LINHARES e GEWANDSZNAJDER, 2007, p. 265).
Trecho 2:
Uma mulher de 39 anos foi a primeira bene ciada com a doação dos
órgãos feita pela família de Eloá Cristina Pimentel, 15, que morreu
baleada após passar cem horas refém do ex-namorado em Santo André
(Grande São Paulo). Segundo o Hospital da Bene cência Portuguesa, a
paciente aguardava um coração há um ano e meio, quando recebeu o
diagnóstico que o transplante era a única solução para resolver um
problema de cardiopatia congênita (Agência Brasil/Folha online, 2008).
Complementou:
5 O texto didático aqui proposto foi baseado na dissertação de mestrado de um dos autores (Sérgio
Guardiano Lima), apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência –
Unesp/Bauru, e intitula-se “Uma aproximação didática por meio da história do conceito de
circulação sanguínea”, podendo ser acessada pelo site: http://www2.fc.unesp.br/BibliotecaVirtual/.
6 Entendemos que a elaboração de uma História da Ciência depende muito da Filoso a da Ciência
adotada pelo pesquisador.
8 Esse segundo aspecto levantado caracteriza uma forma de analisar a História da Ciência que é in
uenciada pela Historiogra a Marxista e pela Sociologia Alemã (sobretudo Weber). A História da
Ciência de caráter externalista contribui para compreender a inserção da atividade cientí ca na
sociedade.
9 Santo Agostinho. Con ssões. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Sobretudo o Livro XI: O Homem
e o Tempo. “[…] os tempos são três: presentes das coisas passadas, presentes das presentes, presentes
das futuras” (p. 222).
10 Descartes utilizou-se das ideias de Harvey para promover o conceito que o corpo é uma máquina
(mecanicismo).
11 O elemento oxigênio foi somente conhecido e assim nomeado a partir dos trabalhos de Lavoisier
(1743 – 1794), que percebeu que os animais necessitavam deste para se manterem vivos. Lavoisier
veri cou que este era imprescindível para a vida animal ao extrair progressivamente o oxigênio de
uma campânula de vidro em que mantinha pequenos animais, constatou que eles morriam dentro
de alguns minutos.
Referências bibliográ cas
Tatiana Seniciato1
Osmar Cavassan2
Introdução
Segundo Piaget (1996), isto não tem nada de contraditório, porque a ação
experimental é orientada na direção da descentração lógico-matemática, ao
passo que o erro ou a ilusão subjetiva, que ela corrige, resultam de centrações
sobre a experiência imediata.
Não menos que a investigação teórica, a experiência pedagógica nos ensina que o
ensino direto de conceitos sempre se mostra impossível e pedagogicamente estéril.
O professor que envereda por esse caminho costuma não conseguir senão uma
assimilação vazia de palavras, um verbalismo puro e simples que estimula e imita a
existência dos respectivos conceitos na criança mas, na prática, esconde o vazio
(VIGOTSKI, 2001, p. 247).
Os dados discutidos à luz das teorias aqui utilizadas nos asseguram que os
conceitos cientí cos são mais facilmente desenvolvidos, ou desenvolvidos de
uma maneira considerada satisfatória, a partir de situações de Ensino de
Ciências nas quais os alunos possam ter acesso à dimensão concreta da
realidade e dos fenômenos, para citar Vigotski (2001), e haja a relação e a ação
direta dos alunos sobre os objetos, para citar Piaget (1996).
Para que isso ocorra, contudo, as aulas de campo devem ser tratadas como
uma atividade de instrução, na qual o ambiente por si só não é capaz de formar
conceitos, mas necessita da mediação de um professor bem preparado, apto a
permitir a integração dos conteúdos e a formulação de hipóteses.
1 Possui doutorado em Educação para a Ciência na área de Ensino de Ciências e Matemática, pelo
Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, Unesp – Bauru, SP;
([email protected]).
Gustavo da Fonseca1
Elaine S. Nicolini Nabuco de Araujo2
Ana Maria de Andrade Caldeira3
Introdução
Caracterização e localização
Ilha Comprida possui um importante papel ecológico, pois constitui uma barreira
que protege o Mar Pequeno e o Mar de Cananeia das in uências diretas das marés
e dos ventos marítimos, sendo a principal responsável pela manutenção do
equilíbrio do Complexo Estuarino-Lagunar de Cananeia/Iguape/Paranaguá (SÃO
PAULO, 2001, p. 48).
[…] uma área com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (BRASIL, 2006 c, p. 16,
art. 15º).
[…] uma área, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem
como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e
regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos
de conservação da natureza (BRASIL, 2006 c, p. 16, art. 16º).
Formação geológica
Cobertura vegetal
Semiótica peirceana
Signo é qualquer coisa de qualquer espécie que represente alguma coisa chamada
objeto do signo, e que produz um efeito interpretativo em uma mente de
qualquer natureza, efeito que é chamado de interpretante do signo. O objeto do
signo também pode ser qualquer coisa de qualquer espécie, que está na posição de
objeto porque é representada pelo signo.
Segundo Santaella (2002) o signo pode ser analisado quanto: a sua face de
referência, ou seja, a relação com aquilo que representa; a sua face de
signi cação, isto é, como o signo signi ca seu referente; a face de interpretação,
ou seja, como o signo se relaciona com aquilo que o interpreta. A face de
interpretação é o efeito produzido pelo signo em uma mente que o interpreta, e
pode ser subdividida em:
Outros termos precisam ser elucidados antes das considerações nais deste
capítulo. No que se refere à relação do signo com seu objeto, segundo Peirce
(1995), o objeto encontra-se em dois níveis, tanto na forma como se apresenta
na representação, sendo, portanto, uma ideia, como em sua existência própria,
des-considerando qualquer aspecto particular. Ao primeiro, Peirce chamou de
objeto imediato, e ao segundo, objeto dinâmico. O objeto imediato é, nesse
sentido, a forma como o objeto, por intermédio do signo, aparece a uma
mente. E o objeto dinâmico, por sua vez, é o objeto em sua mais plena
natureza, sendo aquilo que está fora do signo e a que o signo se refere ou se
aplica. O objeto dinâmico é o que o signo substitui e o objeto imediato diz
respeito ao modo como o objeto dinâmico está representado no signo, na
mente do intérprete (SANTAELLA, 1983).
Aulas teóricas
Esse ciclo foi realizado com todos os tópicos ad hoc. Nos tópicos mais
extensos o ciclo foi repetido uma ou mais vezes. Nesse caso era lido o trecho do
texto referente à exposição da aula e realizadas as atividades respectivas aos
assuntos tratados nos “subtópicos”. Como forma de avaliação diagnóstica, era
realizada uma prova aplicada no m de cada bimestre com cerca de oito
questões/problemas. Após correção era atribuída uma nota, que seria
contabilizada na nota nal do bimestre juntamente com as notas das
atividades.
Aulas práticas
Sequência didática das aulas práticas
[…] deverão ser previstas pelo professor as seguintes ações: escolher o biótopo
mais adequado para que o estudante construa seu conhecimento; planejar para
que a prática não seja o m da atividade pedagógica, mas o meio pelo qual o
aluno aprenda os conteúdos propostos; evitar que a prática se esgote em si
própria, mas que tenha um uxo contínuo de ir e vir entre ela e a teoria; e fazer
com que a bibliogra a básica ou os conteúdos a serem estudados acompanhem o
aluno nas atividades de campo (PEREIRA, 1993, apud PINHEIRO, 2007, p.
51).
Atividade didática 1
Atividade didática 2
Os interpretantes, gerados após toda a intervenção didática, dos alunos a
respeito de quais ecossistemas terrestres naturais são encontrados em Ilha
Comprida, e suas respectivas características ecológicas, foram avaliados e
categorizados pela análise das respostas à atividade didática “Quais desses
ecossistemas terrestres você conhece em Ilha Comprida? Descreva-os” (Fotos).
Os resultados encontram-se na Tabela 2.
Atividade didática 1
Atividade didática 2
1 Mestre em Educação para a Ciência na área de Ensino de Ciências e Matemática, pelo Programa
de Pós-graduação em Educação para a Ciência da Unesp. É professor efetivo de Biologia da rede
estadual paulista e do Centro Paula Souza, colégio técnico Eng. Agr. Narciso de Medeiros dos cursos
de gestão ambiental e meio ambiente; ([email protected]).
4 Segundo Begon et al. (2006) biodiversidade é a riqueza de espécies em uma área geográ ca, em
uma escala menor a diversidade genética de uma espécie e em uma escala maior a diversidade de
comunidades de uma região.
área prioritária para conservação, isto é, de alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau. É
considerada Hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha
perdido mais de 3/4 de sua vegetação original (http://www.conservation.org.br/como/index.php?
id=8).
6 Zona de contato entre duas formações com características distintas. Áreas de transição entre dois
tipos de vegetação. A transição pode ser gradual, abrupta (ruptura), em mosaico ou apresentar
estrutura própria. Zona de contato ou transição entre duas formações vegetais com característica
distintas (BRASIL, 1994).
8 Vegetação característica de dunas, composta pelo estrato herbáceo e arbustivo (BRASIL, 1996).
9 LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia hoje. São Paulo: Ática, p. 522, 2005.
10 Ramo de Ciência que se ocupa das relações entre clima e fenômenos biológicos periódicos (como as
migrações e a reprodução de aves ou a oração e fruti cação de plantas). Relação entre clima e
fenômenos biológicos periódicos. (http://www.workpedia.com.br/fenologia.html).
11 Grupo taxonômico ou espécie, restrito a uma região, não sendo encontradas nas demais regiões
brasileiras ou mundiais.
12 Localizado no Boqueirão Sul, única formação paleozoica (rochas graníticas) em Ilha Comprida.
(GANDOLFO et al., 2001).
13 Depósito de conchas calcárias e ossadas deixadas por povos caçadores coletores que habitavam o
litoral antes dos Guaranis.
15 Após o balneário Viarégio o acesso às outras localidades é feito principalmente pela praia.
16 Por exemplo, o Dia Mundial de Limpeza das Praias e Rios 15/9 e diversos mutirões de limpeza
das praias realizados frequentemente pela ONG Biologus e pela Escolinha de Surf da Ilha
Comprida.
17 Proteger os ecossistemas interiores das marés de grande amplitude e da ação destruidora dos ventos
oceânicos.
18 As areias dessas dunas foram utilizadas em obras de infraestrutura urbana. Relatos de moradores
antigos indicam que toda a linha costeira era ocupada por essa formação.
23 Dos alagados são extraídos os seguintes recursos, caxeta ou ipê do brejo (Tabebuia cassinoides),
utilizados para confecção de rabecas, remos e artesanato; taboa (Typha domingensis), utilizada para
confecção de artesanato e o fofão (Syrrhopodon elongatus) espécie de musgo utilizado para
ornamentação de arranjos orais. Vale destacar que tais manejos são realizados de forma sustentável
de acordo com programas de desenvolvimento propostos pela Prefeitura em parceria com o Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) de acordo com dados do
Instituto para o Desenvolvimento Sustentável do Vale do Ribeira (Idesc, 2006).
25 A experiência colateral se refere à experiência íntima com o objeto de estudo. Ou seja, é referente
à apresentação de fenômenos.