Capítulo 10 - Material de Apoio - Segunda Lei de Kirchhoff
Capítulo 10 - Material de Apoio - Segunda Lei de Kirchhoff
Capítulo 10 - Material de Apoio - Segunda Lei de Kirchhoff
A 2ª Lei de Kirchhoff, também conhecida como Lei das Malhas ou Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK),
refere-se à forma como a tensão se distribui nos circuitos em série.
R1
V
P1
R2
V
P2
Por isso, para compreender essa lei, é preciso conhecer antes algumas características do circuito em série.
L1 L2
caminho
único
VCC
Isso significa que um medidor de corrente (amperímetro, miliamperímetro...) pode ser colocado em
qualquer parte do circuito. Em qualquer posição, o valor indicado pelo instrumento será o mesmo. A
figura a seguir ajuda a entender a segunda característica do circuito em série.
L1 P2 L2
A
P1 P3
A A
VCC
Observação
A corrente que circula em um circuito em série é designada simplesmente pela notação I.
A forma de ligação das cargas, uma após a outra, mostradas na figura abaixo, ilustra a terceira
característica. Caso uma das lâmpadas (ou qualquer tipo de carga) seja retirada do circuito, ou tenha o
filamento rompido, o circuito elétrico fica aberto, e a corrente cessa.
I=0
L2
VCC
Pode-se dizer, portanto, que num circuito em série o funcionamento de cada componente depende dos
restantes.
Pode-se determinar a corrente de igual valor ao longo de todo o circuito em série, com o auxílio da Lei de
Ohm. Nesse caso, deve-se usar a tensão nos terminais da associação e a sua resistência total será como é
mostrado na expressão a seguir.
VT
I
RT
Observe o circuito a seguir.
L1 40 L2 60
I = 120 mA I = 120 mA
I = 120 mA
12 V
12
I 0,12A ou 120mA
100
O valor de tensão em cada um dos componentes é sempre menor que a tensão de alimentação.
A parcela de tensão que fica sobre cada componente do circuito denomina-se queda de tensão no
componente. A queda de tensão é representada pela notação V.
Observe no circuito a seguir o voltímetro que indica a queda de tensão em R 1 (VR1) e o voltímetro que
indica a queda de tensão em R2 (VR2).
R1
VR1
VCC
R2 VR2
A queda de tensão em cada componente da associação em série pode ser determinada pela Lei de Ohm.
Para isso é necessário dispor-se tanto da corrente no circuito como dos seus valores de resistência.
VR1 = R1 . I
V=R.I VR2 = R2 . I
VRn = Rn . I
R1 = 40 R2 = 60
12V
V 12
I 0,12A
R T 100
Pode-se dizer que, em um circuito em série, a queda de tensão é proporcional ao valor do resistor, ou seja
maior resistência maior queda de tensão
menor resistência menor queda de tensão
Com essas noções sobre o circuito em série, fica mais fácil entender a 2ª Lei de Kirchhoff que diz que: "A
soma das quedas de tensão nos componentes de uma associação em série é igual à tensão aplicada nos
seus terminais extremos."
Chega-se a essa lei tomando-se como referência os valores de tensão nos resistores do circuito
determinado anteriormente e somando as quedas de tensão nos dois resistores (V R1 + VR2). Disso resulta:
4,8 V + 7,2 V = 12 V, que é a tensão de alimentação.
Aplicação
Geralmente a 2ª Lei de Kirchhoff serve de "ferramenta" para determinar quedas de tensão desconhecidas
em circuitos eletrônicos.
O circuito em série, formado por dois ou mais resistores, divide a tensão aplicada na sua entrada em duas
ou mais partes. Portanto, o circuito em série é um divisor de tensão.
Observação
O divisor de tensão é usado para diminuir a tensão e para “polarizar” componentes eletrônicos, tornando
a tensão adequada quanto à polaridade e quanto à amplitude.
É também usado em medições de tensão e corrente, dividindo a tensão em amostras conhecidas em
relação à tensão medida.
Quando se dimensionam os valores dos resistores, pode-se dividir a tensão de entrada da forma que for
necessária.
VR1 VR2
R1
I1 VR1
VCC
I2 I3
VR2 VR3
Os valores elétricos de cada componente do circuito podem ser determinados a partir da execução da
seqüência de procedimentos a seguir:
• Determinação da resistência equivalente;
• Determinação da corrente total;
• Determinação das tensões ou correntes nos elementos do circuito.
Para determinar a resistência equivalente, ou total (RT) do circuito, empregam-se os "circuitos parciais".
A partir desses circuitos, é possível reduzir o circuito original e simplificá-lo até alcançar o valor de um
único resistor.
Pela análise dos esquemas dos circuitos abaixo fica clara a determinação da
resistência equivalente.
R1 R1
12 12
27 V 27V
RA R2 R3 RT
15 27V
6 10 18
IT
E T 27 V
IT 1,5 A
R T 18
10 V Req
37
IT = 1,5 A
O circuito equivalente final é uma representação simplificada do circuito original (e do circuito parcial).
Conseqüentemente, a corrente calculada também é válida para esses circuitos, conforme mostra a
seqüência dos circuitos abaixo.
1,5 A
1,5 A
1,5 A
R1
R1 12
12
27V
27 V
RT
27 V
18 RA R2
6 R3
10 15
Determinação das tensões e correntes individuais
A corrente total, aplicada ao “circuito parcial”, permite determinar a queda de tensão no resistor R 1.
Observe que VR1 = IR1 . R1. Como IR1 é a mesma I, VR1 = 0,15A . 12 = 18 V VR1 = 18 V.
1,5 A
Pode-se determinar a queda de tensão em RA pela 2a Lei de Kirchhoff: a soma das quedas de tensão num
circuito em série equivale à tensão de alimentação.
R1
12
0,15A
18 V
- VT = VR1 + VRA
27V
VRA = VT - VR1 = 27 V - 18 V = 9 V
RA VRA = 9 V
6
Observação
Determina-se também a queda de tensão em RA pela Lei de Ohm: VRS = I . RA, porque os valores de I
(1,5 A) e RA (6 ) são conhecidos. Ou seja:
VRA = 1,5 A . 6 = 9 V.
Calculando a queda de tensão em RA, obtém-se na realidade a queda de tensão na associação em paralelo
R2 R3.
mesma
indicação
Os últimos dados ainda não determinados são as correntes em R2 (IR2) e R3 (IR3). Estas correntes podem
ser calculadas pela Lei de Ohm:
V
I
R
VR2 9V
IR 2 0,9 A
R2 10
V 9V
IR 3 R3 0,6 A
R3 15
A figura a seguir mostra o circuito original com todos os valores de tensão e corrente.
A seguir, é apresentado outro circuito como mais um exemplo de desenvolvimento desse cálculo.
R2 R4
12V
68 56
R1 = 47
12 V R2 = 68 RA = 83
RA = R3 + R4 = 27 + 56 = 83
RA = 83
R1 = 47
RB = 37
12V
RA XR 68 X 83
RB 2
37
RA R2 68 83
Substituindo a associação em série de R1 e RB por um resistor RC, temos o que mostra a figura a seguir.
RC = R1 + RB = 47 + 37 = 84
RC = 84
Determina-se RT a partir de RC, uma vez que representa a resistência total do circuito.
R1 = 47 R3 = 27
R2 = 68 R4 = 56
12V 12V RT = 84
IT
VT 12 V
IT 0,143 A ou 143 mA
RT 84
VT =12 V RT=84
IT = 143 mA
c) Determinação da queda de tensão em R1 e RB
Para determinar a queda de tensão, usa-se a corrente IT no segundo circuito parcial, conforme mostra
figura a seguir.
R1 = 47
143 mA
12V RB=37
VR1 = IR1 . R1
Como IR1 = IT = 143 mA
VR1 = 0,143 . 47 = 6,7 V
VR1 = 6,7 V
RB
R1 = 47 R1 = 47
RB
VRB 5,3 V
12V 37 12V R2= 68 VRB 5,3 V RA=83
Aplicando a Lei de Ohm, pode-se calcular a corrente em R2 e RA.
VR2 5,3
IR1 = = = 0,078A =
R2 68
VRA 5,3
IRA = = = 0,064 A
RA 83
Assim, a corrente denominada IRA é, na realidade, a corrente que circula nos resistores R3 e R4 em série.
Com o valor da corrente IRA e as resistências de R3 e R4, calculam-se as suas quedas de tensão pela Lei de
Ohm.
VR3 = R3 . IRA = 27 . 0,064 = 1,7 V
VR4 = R4 . IRA = 56 . 0,064 = 3,6 V