Direito Ambiental Jurisp
Direito Ambiental Jurisp
Direito Ambiental Jurisp
DIREITO AMBIENTAL
LICENCIAMENTO E EIA/RIMA
Licenciamento e Licitação
“Agravo de Instrumento. Ação civil pública. Pretensão que não objetiva o fechamento
definitivo da empresa poluidora e sim a obtenção do licenciamento ambiental para que
prossiga em suas atividades. Liminar que preserva a possibilidade de graves lesões à saúde
sem prejudicar a agravada que cumprindo a formalidade legal voltará a operar
regularmente” (AI 599350089, 4ª CC, Rel. Des. João Carlos Branco Cardoso, j. em
20.10.99)
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domínio da União. Nos termos do art. 7º da Lei 9985/2000, as unidades de uso sustentável
são de conservação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC). E, segundo o art. 14 da aludida lei, as florestas nacionais integram o grudo de
unidades de conservação de uso sustentável, administradas, portando, pela União, logo é
unidade de conservação de domínio da União. Sendo assim, a competência para expedição
da licença é do IBAMA. Agravo provido” (TRF – 4ª R, AI nº 2003.04.01.013124-4/RS,
Rel. Des. Maria de Fátima Freitas Labarrére, j. em 17.06.2003)
Administrativo. MS. Autuação por desmatamento. Competência do IBAMA. Art. 23, VI,
CF/88. Lei 6938/81. Res. CONAMA 237/97. Inconstitucionalidade. 1. Competência do
IBAMA em se tratando de licenciamento ambiental. 2. A Res. 237/97, que introduziu a
municipalização do procedimento de licenciamento, é eivada de inconstitucionalidade,
posto que exclui a competência da União nessa espécie de procedimento. 3. A Lei 6938/81,
adequada com a nossa carta constitucional, rege a competência do IBAMA” (TRF – 4ª R.,
MAS 68246, Rel. Juíza Luíza Dias Cassales, j. 09.10.2001. DJU 14.11.2001, p. 902).
EIA/RIMA – Exigibilidade
“Ação Civil Pública. Enduro,. Atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente. EIA. Art.
225, § 1º, IC, CF. Resolução 237/97 do CONAMA. Improcedência do pedido. Apelação
provida. A atividade de enduro de motocicletas em áreas de preservação permanente, por
ser potencialmente lesiva ao meio ambiente, deve ser precedida de EIA, nos termos do
disposto no art. 225, §1º, inc. IV, da CF e da Res. 237/97, do CONAMA. (TJMG, Apelação
Cível nº 000291.065-1/00, j. em 26.05.2003.)
“Decisão agravada que revogou liminar em ação popular paralisando obras de construção
de lagoa de captação de águas fluviais – meio ambiente – estudo de impacto ambiental e
relatório de impacto ambiental – inexistência – obra potencialmente causadora de
degradação ambiental não afastada pelo recorrido – art. 225, §1º, inc. IV, CF. Princípio da
precaução e prevenção. Conhecimento e provimento do recurso de agravo para cassar a
liminar agravada"”(TJRN, AI nº 01002563-4, Rel. Des. Cristóvam Praxedes, j. em
5.09.2002).
“Ação civil pública. Aplicação de herbicida em via pública para a chamada ‘capina
química’. É indispensável a realização do EIA, com elaboração do RIMA. Inexistentes
EIA/RIMA, e sendo utilizado produto com toxidade proibido para aplicação em vias
urbanas por portaria do Ministério da Saúde, procede ação civil pública aforada a objetivar
a suspensão do procedimento supostamente nocivo. Sentença confirmada em reexame
necessário” (TJRS, REN nº 597056969, 2ª CC, Resl. Des. Juracy Vilela de Souza, j. em
20.08.97)
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irreparável, pois o objeto da ação civil pública contra o Município empreendedor versa
exatamente acerca da viabilidade do empreendimento projetado, o que demanda, além do
EIA/RIMA licitado e do parecer de órgão municipal interessado, perícias e outros estudos
bem mais consistentes e aprofundados, além da autorização do legislador. A falta de
evidência de tais requisitos afasta de todo a pretensão recursal. Agravo desprovido” (TJRS,
AI nº 598016210, 1ª CC, Rel. Des. Celeste Vicente Rovani, j. em 24.06.98).
1. EXERCÍCIOS:
A empresa argumentou em sua defesa que está enfrentando sérias dificuldades financeiras,
com o que não tem condições de adquirir os equipamentos necessários imediatamente,
asseverando que opera desde 1978, época em que os limites de emissão de poluentes não
eram tão rigorosos como na atualidade. Também sustentou que os principais reclamantes
são ocupantes novos do bairro, e que já tinham conhecimento de que a área é saturada.
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Pergunta-se:
2. Quais os princípios do Direito Ambiental que você utilizaria para fundamentar o dever
de a empresa X adequar-se à legislação ambiental e por que?
3. Quem tem competência para promover a responsabilização administrativa da empresa?
A FEPAM ou o Município lesado?
4. Na hipótese de ser cabível a incidência de multa administrativa, quem teria competência
para recolhê-la?
5. Quem deveria ser acionado em uma ação civil pública?
6. Caso você queira propor um TAC à empresa, quais seriam as principais obrigações?
QUESTÕES OBJETIVAS:
1. (TRF 4ª - 2005)
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(a) O princípio do poluidor-pagador é um princípio de responsabilização e objetiva
exclusivamente impor ao poluidor a reparação de danos ambientais.
(b) O princípio da precaução constitui o fundamento para a exigência do Estudo de Impacto
Ambiental.
(c) O princípio do desenvolvimento sustentável resulta de uma compatibilização entre o
direito ao desenvolvimento econômico e a defesa do meio ambiente.
(d) O princípio da defesa do meio ambiente como direito fundamental enseja a supremacia
do interesse público na conservação ambiental sobre os interesses privados.
(e) Todas as assertivas são incorretas.
(a) O IBAMA não tem competência para licenciar atividades de impacto regional se os
Estados tiverem condições técnicas para fazer esse licenciamento.
(b) É possível o licenciamento conjunto entre dois ou mais Municípios, tendo em vista sua
condição de afetados pelo impacto ambiental do empreendimento.
(c) Os Municípios não tem competência para licenciamento ambiental.
(d) O licenciamento ambiental é efetuado em um único nível de competência.
e) Todas as assertivas são verdadeiras
(a) A Licença Prévia gera expectativas de direitos ao seu titular, de modo que poderá ser
revogada sem direito à indenização.
(b) A Licença de Operação possui a natureza de licença administrativa, de modo que sua
revogação sempre acarretará ao titular da licença direito à indenização.
(c) Se o EIA/RIMA for favorável ao empreendimento, o órgão ambiental é obrigado a
conceder a Licença Prévia.
(d) Descabe o ajuizamento de ação popular para anular o licenciamento ambiental, na
hipótese de ter sido dispensado o EIA/RIMA.
(e) O Ministério Público deve ser ouvido antes da concessão da Licença Prévia.
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7 – Assinale a assertiva correta:
Prevenção do Dano
I – A decisão vergastada fez-se ao pálio dos pressupostos ensejadores da liminar, eis que
caracterizado o grave risco ao meio ambiente, consubstanciado na deterioração definitiva
das águas do lençol termal. É de ser mantida a liminar uma vez atendidos seus pressupostos
legais.
II – Questões relativas a interesse econômico cedem passo quando colidem com
deterioração do meio ambiente, se irreversível.
II – Agravo Regimental desprovido.
(STJ – Agravo Regimental na Petição n. 924-GO, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ
de 29.05.2000)
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Liminar impondo prazo à empresa frigorífica para cessação de atividade poluente, sob pena
de multa diária, arrimada em veementes elementos de convicção coletados em inquérito
civil público. Decisão que se justifica cabalmente, tanto pelos fatos nela considerados,
quanto pelo direito aplicável (art. 12 da Lei 7347/85). Prevalência do princípio da
precaução, dada a freqüente irreparabilidade do dano ambiental. Agravo desprovido”.
(TJRS AI 70004725651, 1ª CC, Rel. Des. Eduardo Uhlein, j. em 21.11.2002).
Poluição ambiental. Ação civil pública formulada pelo Município do Rio de Janeiro.
Poluição consistente em supressão da vegetação do imóvel sem a devida autorização
municipal. Corres de árvores e início de construção não licenciada, ensejando multas e
interdição do local. Dano à coletividade com a destruição do ecossistema, trazendo
conseqüências nocivas ao meio ambiente, com infringência às leis ambientais (...)
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Condenação a reparação de danos materiais consistentes no plantio de 2800 árvores e ao
desfazimento das obras. Reforma da sentença para inclusão do dano moral perpetrado à
coletividade. Quantificação do dano moral razoável e proporcional ao prejuízo coletivo. A
impossibilidade de reposição do ambiente ao estado anterior justificam a condenação em
dano moral pela degradação ambiental prejudicial à coletividade. Provimento do recurso.
(TJRJ, Apelação Cível n. 14586/2001, 2ª Câmara Cível, Rel. Des. Maria Raimunda de
Azevedo)
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ADMINISTRATIVO. RESERVA FLORESTAL. NOVO PROPRIETÁRIO.
LEGITIMIDADE PASSIVA.
1. O novo adquirente do imóvel é parte legítima passiva para responder por ação de dano
ambiental, pois assume a propriedade do bem rural com a imposição das limitações
ditadas pela Lei Federal.
2. Cabe analisar, no curso da lide, os limites de sua responsabilidade.
3. Recurso provido.
(STJ, Resp. n. 222349/PR, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, j. em 23.03.2000.
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V – Á míngua de melhor critério, nada impede que o juiz adote critérios estabelecidos em
trabalho realizado pela CETESB relativo a derramamento de petróleo e derivadso, desde
que atentando para o princípio da razoabilidade. A fixação de indenizações desmesuradas
ao pretexto de defesa do meio ambiente configura intolerável deturpação da ‘mens legis’,
não podendo no caso em tela o Estado valer-se do silêncio da lei para espoliar o poluidor a
ponto de tornar inviável o seu empreendimento.
VI – Apelação parcialmente provida.
(TRF – 3ª R. AC 432487 (98030675460), 3ª Turma, Rel. Juíza Cecília Marcondes, j. em
29.01.2003).
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Responsabilidade do Estado por danos ambientais
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portanto, solidária com o concessionário de serviço público, contra quem possui direito
de regresso, com espeque no art. 14, §1º, da Lei 6938/81. Não se discute, portanto, a
liceidade das atividades exercidas pelo concessionário, ou a legalidade do contrato
administrativo que concedeu a exploração de serviço público; o que importa é a
potencialidade do dano ambiental e sua pronta reparação.
(STJ, Resp. 28.222-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 15.02.2000).
(...)
3. O art. 23, inc. VI, da Constituição da República fixa a competência comum para a
União, Estados, Distrito Federal e Municípios no que se refere à proteção do meio
ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas. No mesmo texto, o art.
225, caput, prevê o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e
impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
4. O Estado recorrente tem o dever de preservar e fiscalizar a preservação do meio
ambiente. Na hipótese, o Estado, no seu dever de fiscalização, deveria ter requerido o
Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório, bem como a realização de
audiências públicas acerca do tema, ou até mesmo a paralisação da obra que causou o
dano ambiental.
5. O repasse das verbas pelo Estado do Paraná ao Município de Foz de Iguaçu (ação), a
ausência das cautelas fiscalizatórias no que se refere às licenças concedidas e as que
deveriam ter sido confeccionadas pelo ente estatal (omissão), concorreram para a
produção do dano ambiental. Tais circunstâncias, pois, são aptas a caracterizar o nexo
de causalidade do evento, e assim, legitimar a responsabilização objetiva do
recorrente.
6. Assim, independentemente da existência de culpa, o poluidor, ainda que indireto
(Estado-recorrente) (art. 3º da Lei 6938/81), é obrigado a indenizar e reparar o dano
causado ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).
7. Fixada a legitimidade passiva do ente recorrente, eis que preenchidos os requisitos para
a configuração da responsabilidade civil (ação ou omissão, nexo de causalidade e
dano), ressalta-se, também que tal responsabilidade (objetiva) é solidária, o que
legitima a inclusão das três esferas de poder no pólo passivo na demanda, conforme
realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio facultativo).
8. Recurso especial conhecido em parte e improvido (RESP 604.725-PR, 2ª Turma, Rel.
Min. Castro Meira, DJ 22.08.2005.)
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Questões concurso XII Juiz Federal TRF4
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II. Distingue-se a tutela jurisdicional inibitória da tutela de remoção do ilícito porque a
primeira pressupõe a iminência da prática do ilícito, enquanto a segunda exige a ocorrência
do ilícito, embora também pressuponha não ter ainda ocorrido o dano no meio ambiente.
III. No âmbito da tutela jurisdicional inibitória, pode o juiz compelir o Poder Público,
diante da atividade de risco, a cumprir seu dever constitucional de prevenção do dano
ambiental, porém não o pode compelir à aplicação de multa administrativa.
IV. O Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (art. 13 da Lei nº 7.347/85) é, precipuamente,
um repositório de condenações judiciais em dinheiro vinculadas a direitos e interesses
difusos, destinando-se também à indenização das vítimas particulares.
a) Está correta apenas a assertiva III.
b) Está incorreta apenas a assertiva IV.
c) Estão corretas apenas as assertivas I e IV.
d) Estão corretas apenas as assertivas II e III.
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21° Concurso Procurador da República
(a) é fundada no risco, sendo pacífico o entendimento de que deve ser adotada a teoria do
risco integral
(b) o sistema de proteção jurídica possui como eixo central o binômio
prevenção/restauração
(c) não se admite a responsabilização cumulativa por danos materiais e morais, porque o
meio ambiente pertence à coletividade
(d) quando for possível a adoção de medidas de restauração natural, exclui-se a reparação
pecuniária.
1. “A”, “B” e “C” alegaram que o rio e córregos já estavam poluídos, inclusive por dejetos
domésticos;
2. “A” alegou a licitude de sua atividade e a observância dos padrões de emissão.
3. “B” alegou que o vazamento ocorreu em virtude da sabotagem de um funcionário
descontente.
4. “C” alegou que jamais obrou com intenção de prejudicar as famílias reclamantes.
Porém, a aquisição dos equipamentos necessários à obediência aos padrões de emissão
inviabilizariam economicamente a empresa.
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Diante dessas circunstâncias:
“Penal. Crime contra o meio ambiente. Extração de produto mineral sem autorização.
Degradação da flora nativa. Arts. 48 e 55 da Lei 9.605/98. Condutas típicas.
Responsabilidade penal da pessoa jurídica. Cabimento. Nulidades. Inocorrência. Prova.
Materialidade e Autoria. Sentença mantida”.
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(Apelação Criminal n. 2001.72.04.002225-0-SC, Rel. Des. Fed. Élcio Pinheiro de Castro, j.
em 06 de agosto de 2003).
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I. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a
prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal
das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente.
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de
delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não
apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como
forma mesmo de prevenção geral e especial.
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na
suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de
serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento
jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus
administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto,
ser passível de responsabilização penal.
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade
social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto,
limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e
proveito.
VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do
ente moral.
VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária
direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu
representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.".
IX. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas
de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de
direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica,
todas adaptadas à sua natureza jurídica.
X. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena
passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a
existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer
forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual
recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua
atividade lesiva.
XI. Há legitimidade da pessoa jurídica para figurar no pólo passivo
da relação processual-penal.
XII. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado foi
denunciada isoladamente por crime ambiental porque, em decorrência
de lançamento de elementos residuais nos mananciais dos Rios do
Carmo e Mossoró, foram constatadas, em extensão aproximada de 5
quilômetros, a salinização de suas águas, bem como a degradação das
respectivas faunas e floras aquáticas e silvestres.
XIII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do
ente moral.
XIV. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é
a própria vontade da empresa.
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XV. A ausência de identificação das pessoa físicas que, atuando em
nome e proveito da pessoa jurídica, participaram do evento
delituoso, inviabiliza o recebimento da exordial acusatória.
XVI. Recurso desprovido.
(REsp. n. 610.114/RN, Rel. Min. Gilson Dipp, in DJ 19.12.2005)
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com dois administradores, foi denunciada por crime ambiental,
consubstanciado em causar poluição em leito de um rio, através de
lançamento de resíduos, tais como, graxas, óleo, lodo, areia e
produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento
comercial.
II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou
a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização
criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente.
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de
delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não
apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como
forma mesmo de prevenção geral e especial.
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na
suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de
serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento
jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus
administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto,
ser passível de responsabilização penal.
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade
social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto,
limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e
proveito.
VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do
ente moral.
VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária
direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu
representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado."
IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a
própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os
envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se
sua culpabilidade.
X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas
de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de
direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica,
todas adaptadas à sua natureza jurídica.
XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena
passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a
existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer
forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual
recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua
atividade lesiva.
XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito
privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar
no pólo passivo da relação processual-penal.
XIII. Recurso provido, nos termos do voto do Relator.
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(REsp 564960 / SC ; Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, j. em 02.06.2005).
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União, a ensejar a competência da Justiça Federal
não-demonstrada.
IV. Cancelamento da Súmula n.º 91 por esta Corte.
V. Recurso desprovido.
(REsp 697585 / TO, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, j. em 22.03.2005).
EMENTA: Competência. Crime previsto no artigo 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605/98.
Depósito de madeira nativa proveniente da Mata Atlântica. Artigo 225, § 4º, da
Constituição Federal. - Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que
alude o artigo 225, § 4º, da Constituição Federal, bem da União. - Por outro lado, o
interesse da União para que ocorra a competência da Justiça Federal prevista no artigo 109,
IV, da Carta Magna tem de ser direto e específico, e não, como ocorre no caso, interesse
genérico da coletividade, embora aí também incluído genericamente o interesse da União. -
Conseqüentemente, a competência, no caso, é da Justiça Comum estadual. Recurso
extraordinário não conhecido. (RE 300244 / SC , 1ª Turma, Rel. Min. Moreira Alves, j. em
20.11.2001)
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COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. PRESCRIÇÃO.
1. A competência da Justiça Federal, expressa no art. 109, IV, da Constituição, está adstrita
aos casos em que os delitos contra o meio ambiente são praticados em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União, ou de suas autarquias ou empresas públicas.
2. A circunstância de incumbir ao IBAMA a fiscalização do meio ambiente não atrai, por si
só, a competência da Justiça Federal.
3. Se a pena concretamente aplicada é igual ou superior a 1 (um:
ano e não excede a 2 (dois) anos, configura-se a prescrição retroativa, porque transcorreram
mais de 04 (quatro) anos desde a data do fato (art. 109, V, c/c o art. 110, § 1º, ambos do
CP), o que autoriza a declaração da extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP).
(Apelação Criminal 2004.04.01.012578-9 /SC, 8ª Turma, j. em 25.08.2004, Rel. Des. Paulo
Afonso Brum Vaz.)
Crimes em espécie
1. Produtos perigosos
Crime ambiental – depósito resíduos de serviço de saúde - Art. 56, Lei de Crimes
Ambientais – Ausência de dolo
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Apelação-crime. art. 56 da lei nº 9.605/98. Delito de transporte, armazenamento e depósito
de produtos perigosos e nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. Resíduos sépticos em
desacordo com as exigências legais, regulamentos e licenças operacionais. Ausência de
dolo. Sentença absolutória mantida. Apelo improvido. Unânime.
(TJRS, 4a Câmara Criminal, Apelação Criminal n.° 70015041650, Relator Desembargador
Aristides Pedroso de Alburquerque Neto, julgado em 01/06/2006)
Crime ambiental - depósito resíduos de serviço de saúde - Art. 56, Lei de Crimes
Ambientais - Responsabilidade penal da pessoa jurídica – Possibilidade
Apelação. Crime contra o meio ambiente. Responsabilidade penal da pessoa jurídica
determinada pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, § 3º. Preliminar de
ilegitimidade passiva afastada. LIXO HOSPITALAR. Armazenamento de substâncias
tóxicas, perigosas e nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, em desacordo com as
exigências legais. Delito previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 configurado.
Resíduos de serviços de saúde deixados em contato com o solo, queimando em local
freqüentado por pessoas e animais, em desacordo com a legislação, gerando gases
poluentes. Incidência do art. 54, § 2º, inciso V do mesmo diploma legal. Condenação
mantida. Apelo improvido. Unânime.
(TJRS, 4a Câmara Criminal, Apelação Criminal n.° 70015164676, Relator Desembargador
Aristides Pedroso de Alburquerque Neto, julgado em 08/06/2006)
3. Pesca predatória
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E ART. 34 DA LEI Nº 9.605/98. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADOS.
ERRO DE PROIBIÇÃO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.INAPLICABILIDADE.
1. Quem pesca em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados pelo
órgão competente comete o delito previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98. Hipótese em que o
agente, contrariando as disposições contidas na Portaria nº 051/83, do Estado de Santa
Catarina, efetuou pesca de arrasto em local proibido (Baía do Norte).
2. Não é possível acolher tese de erro de proibição em favor de quem, a despeito de possuir
baixa instrução, detinha, pelo fato de exercer a profissão de pescador há mais de trinta anos,
plenas condições de se inteirar a respeito da regra proibitiva.
3. Ainda que pequena a quantidade obtida com a pesca proibida (100 gramas de camarão),
não se pode, em tema de delito ambiental, aplicar o princípio da insignificância. O bem
jurídico tutelado, na hipótese, é a higidez do meio ambiente, insuscetível, ao menos
diretamente, de avaliação econômica.
(TRF 4A REGIÃO, APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2003.72.00.006155−0/SC, Relator
Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz, julgado em 01/12/2004)
(TRF – 4ª. Região, Recurso em sentido estrito 2005.72.01.000844-9/ SC, 7ª Turma, Rel.
Des. Fed. Maria de Fátima Freitas Labarrére, DJU 22.03.2006, p. 881).
25
COMPROVADAS. CONCURSO FORMAL. ARTIGO 2º DA LEI Nº 8.176/91 E ARTIGO
55 DA LEI Nº 9.605/98.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação indicando licença para a atividade de
mineração no local e no período mencionados na exordial, forçoso reconhecer a incidência
dos tipos penais albergados nos artigos 2º da Lei nº 8.176/91 e 55 da Lei nº 9.605/98.
Autoria e materialidade comprovadas. Consolidado o concurso formal, na modalidade
"impróprio", uma vez que, com uma única ação, os réus usurparam o patrimônio da União,
atingindo a ordem econômica, e impingiram dano ao meio ambiente. Apelação
parcialmente provida. (Tribunal Regional Federal da 4ª. Região. ACR 2004.04.01.044271-
0/ PR, j. 22/11/2005, 7ª Turma, Rel. Maria de Fátima Freitas Labarrère).
A - Na forma da Lei 9.605/98, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada também
às pessoas jurídicas.
B – Em se tratando de crimes ambientais, o arrependimento do infrator, manifestado pela
espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental, é uma
atenuante.
C – De acordo com o art. 15 da Lei 9.605/98, é circunstância agravante a reincidência nos
crimes de natureza ambiental.
D - As penas restritivas de direitos da Lei 9.605/98 terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída.
E – Todas as assertivas são falsas.
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B – Há co-autoria necessária entre a pessoa jurídica e o seu dirigente, que delibera pela
prática do crime.
C – As pessoas jurídicas podem praticar crimes dolosos, culposos e com dolo eventual.
D – A culpabilidade da pessoa jurídica implica em juízo de reprovação social diante da
exigência de conduta adequada.
E – Todas as assertivas estão corretas.
A – Na Lei 9.605/98, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos;
B –Em razão da aplicação subsidiária do Código Penal à Lei 9.605/98 e à falta de
dispositivos específicos para a pena de multa, esta será aplicada de acordo com os critérios
do Código Penal.
C – Em razão dos princípios do contraditório e da ampla defesa, as provas obtidas no
inquérito civil e na ação civil pública não podem ser aproveitadas na instrução criminal.
D – A composição civil do dano ambiental é condição de procedibilidade para a transação
penal.
E – O art. 4º da Lei 9.605/98 possibilita a desconsideração da personalidade jurídica para o
fim de propiciar a condenação dos dirigentes da empresa por gestão fraudulenta.
I. A sentença penal condenatória por crime ambiental, sempre que possível, fixará o valor
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
II. A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de
co-responsabilidade civil, administrativa e penal.
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III. O fim especial de obtenção de vantagem pecuniária, nos delitos ambientais, constitui
causa de aumento de pena.
IV. A pena de multa por crime ambiental será calculada com base nos critérios do Código
Penal, exceto se, ainda que aplicada em valor máximo, revelar-se ineficaz, caso em que
poderá ser aumentada, levando-se em conta a extensão do dano ambiental.
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encerramento do processo administrativo em que fique constatado a ofensa às normas
protetivas do meio ambiente.
35. A legislação prevê a apreensão dos produtos e subprodutos da fauna e flora, em
caso de constatação de infração, por iniciativa da própria administração. A lei não
admite, contudo, a apreensão, pela administração, dos equipamentos ou veículos
utilizados na infração administrativa ambiental, salvo se consistirem em objetos cujo
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constituem fato ilícito.
45 O tipo penal consistente em caçar espécime da fauna silvestre sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente somente se
aplica a animais exóticos.
46 A Lei de Crimes Ambientais (Lei n.º 9.605/1998), ao definir pesca, para efeitos de sua
aplicação, restringiu o conceito anteriormente vigente, passando a utilizá-lo
somente para os seguintes grupos de animais aquáticos: peixes, crustáceos e moluscos.
Logo, caso uma baleia ou um golfinho sejam apanhados sem autorização da autoridade
competente, o crime configurado será o referente à caça e não à pesca.
Nessa situação, por incidir em crime ambiental, a empresa poderá ser sancionada no âmbito
penal com a decretação de sua liquidação forçada, sendo seu patrimônio considerado como
instrumento do crime e por isso perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
50 Tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas podem ser, em tese, apenadas à prestação
pecuniária, consistente no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou
privada, desde que seja de cunho ambiental ou cultural.
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98. Assinalar a alternativa correta.
A legislação do Brasil, em matéria de sanção penal por lesão ao meio ambiente:
a) exclui a responsabilidade penal por considerá-la inadequada a tal tipo de infração,
mantendo apenas a responsabilidade administrativa e civil.
b) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, ficando esta (penal)
condicionada a hipóteses graves, apenadas com reclusão.
c) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, abrangendo pessoas
físicas e jurídicas.
d) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, ficando esta (penal)
restrita a pessoas físicas.
93. Em tema de penas restritivas de direito à luz da Lei ambiental (Lei 9.605/98)
(a) as penas dessa natureza, previstas no Código Penal, também podem ser fixadas pelo
magistrado;
(b) o limite máximo à incidência dessas penas está em quatro anos;
(c) a substituição da pena privativa de liberdade pode ser feita por duas penas restritivas em
aplicação subsidiária do Código Penal;
(d) a pena de perda de bens e valores não pode ser aplicada nas infrações definidas na Lei
9.605/98.
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