Bioreactores Teórica

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Rita Pinheiro

BIORREACTORES

RITA PINHEIRO

Mestrado em Engenharia Alimentar 2021/2022


ÍNDICE

1. Introdução
2. Biorreator
3. Tipos de Biorreatores
4. Modos de operação
5. Constituintes do biorreator
6. Classificação dos biorreatores

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1. INTRODUÇÃO

 Bioprocesso – aplicação industrial de reações ou vias


biológicas mediadas por células vivas inteiras de animais,
plantas ou microrganismos, ou enzimas sobre condições
controladas para a biotransformação de matérias primas em
produtos.

 Produto – alimento, medicamento ou composto industrial

 Bioprocesso também pode ocorrer sem resultar num produto


direto – biorremediação, desintoxicação de resíduos ou de
efluentes com ou sem subproduto ou derivados

 Escala laboratorial ou Escala industrial


Rita Pinheiro
1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

 Sistema não assético – onde não é absolutamente necessário


se operar com culturas inteiramente puras (sistemas de
drenagem de efluentes);

 Sistema assético – onde as condições de assepsia são pré-


requisitos para a formação do produto com sucesso

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1. INTRODUÇÃO

Nem todos os processo de fermentação precisam ser controlados


e isentos de contaminação!
Antigamente, a maceração das uvas era feita com os pés!!
Produção caseira dos vinhos:

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1. INTRODUÇÃO

A maceração das uvas,


hoje em dia faz-se com
uma prensa hidráulica

Rita Pinheiro
1. INTRODUÇÃO

Nem todos os processo precisam ser


controlados e isentos de
contaminação!

 Produção artesanal de queijo,


vinho, vinagre, iogurte e cerveja,
muitas vezes eram processadas
satisfatoriamente, mesmo sob
condições precárias de assepsia

 Quanto mais controlo se tem sobre


o processo de fermentação, maior é
a facilidade em se manter a
qualidade e garantir a reprodução do
processo
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1. INTRODUÇÃO

 Weizmann e colaboradores, Inglaterra (1914-1918)

Início de FERMENTAÇÃO CONTROLADA

 Processo submerso anaeróbio de produção de acetona-


butanol - grande escala com condições total de assepsia; -
condições estritas de anaerobiose (Clostridium
acetobutylicum);

 Proteção contra aeróbios, mas não impedia a contaminação


por bacteriófagos!!

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2. BIORREATOR

O que é um Biorreator?

 Equipamento para o crescimento de organismos


(leveduras, bactérias, ou células animais) sob condições
controladas;

 Utilizado em processos industriais para produzir produtos


farmacêuticos, vacinas, ou anticorpos;

 Também utilizado para converter materiais “in natura” em


bioprodutos úteis como por exemplo a bioconversão do
milho em etanol;

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2. BIORREATOR

O que é um Biorreator? (cont.)

 Biorreatores fornecem um ambiente homogéneo


(constante) pela consistente agitação dos seus
conteúdos;

 Biorreatores dão às células um ambiente controlado


garantindo a mesma temperatura, pH, e níveis de
oxigénio.

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2. BIORREATOR

Existem diversos tipos de Biorreatores, com diferentes


dimensões e configurações:

- Variação em forma e tamanho dependendo da aplicação

- O design do biorreator depende de um número de fatores que


incluem:

 Tipo de células

 Tipo de reação metabólica

 Informação sobre a transferência de massa e calor

 Viscosidade e homogeneização

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2. BIORREATOR

Tamanhos:

 Frascos agitados ( erlenmeyers): 100 – 1 .000 mL

 Fermentadores de bancada: 1 L – 30L

 Fermentadores piloto: 100 – 1 .000 L

 Fermentadores industriais: 1 .000 – 1 .000.000 L

Também podem ser bandejas, garrafas (fermentação sólida),


colunas (imobilização células ou enzimas)

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2. BIORREATOR

Em 1943 – EUA , Primeira instalação industrial de fermentação para


produção de penicilina em fermentadores de aço -carbono de 54 m 3
 Reatores em aço-carbono
 Sistemas de agitação e
arejamento
 Fundo e tampa esterilizáveis
 Entrada para a adição de
inóculo
 Antiespuma
 Recolha de amostras
 Descarga e saída dos gases
formados durante a
fermentação, etc.

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2. BIORREATOR

Padrões de materiais usados nos fermentadores sofisticados:


 Todos os materiais que estão em contacto com as soluções ou
com a cultura do organismo devem ser resistentes à corrosão
para prevenir a contaminação do processo com traços de metais;
 Não podem ser tóxicos pois se houver alguma dissolução do
material ou componente não haverá inibição do crescimento da
cultura;
 Materiais precisam suportar repetidas esterilizações com vapor a
alta pressão;
 O sistema de agitação, portas de entrada e de saída devem ser
rígidas o suficiente para não deformar ou quebrar;
 Inspeção visual do meio de cultura é uma vantagem, por isso
devem ser materiais transparentes quando possível

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2. BIORREATOR

Reator agitado mecanicamente


(STR: stirred tank reactor)

 Tanque cilíndrico ver tical;

 A gitado mecanicamente ou
não;

 Provido de um sistema de
aquecimento e arrefecimento;

 São necessários outros


controlos ao processo;

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3. TIPOS DE BIORREATORES
Capacidade dos biorreatores à escala industrial
1- Pequena escala: 1 a 2 m3 de capacidade – cultivo de microrganismos
patogénicos, ou para crescimento de células animais ou vegetais. Em geral,
a sua utilização tem como objetivo produtos ligados à área de saúde;
2 – Escala intermédia: dezenas de metros cúbicos até 100 a 200 m3 –
especificamente aplicado na produção de enzimas, antibióticos e vitaminas;
3- Grande escala: reatores com milhares de metros cúbicos de capacidade -
para processos como a fermentação alcoólica ou tratamento biológico de
resíduos

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3. TIPOS DE BIORREATORES
Numa fermentação ou em qualquer processo biológico:
1 - O reator deve ser capaz de manter-se estéril por muitos dias, trabalhar
sem problemas por longos períodos e satisfazer todas as exigências legais
de contenção ambiental;
2 - As exigências metabólicas dos microrganismos, quanto ao arejamento e
agitação, devem ser plenamente satisfeitas, mantendo porém a integridade
física dos mesmos;
3 - A potência absorvida deve ser a menor possível;
4 - Um eficiente sistema de controlo de temperatura deve estar disponível;
5 - Um sistema de controlo de pH deve estar disponível;

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Numa fermentação ou em qualquer processo biológico:


6 - Um sistema de recolha de amostras à prova de contaminação do
conteúdo do fermentador deve ser parte integrante do equipamento;
7 - Eficiente sistema de controlo dos gases e saída do fermentador devem
estar disponíveis;
8 - O reator deve exigir o mínimo em mão-de-obra para a sua operação,
limpeza e manutenção;

9 – O reator deve preencher, sempre que possível, a característica de multi-


função, contudo, a regulamentação de contenção ambiental e a
possibilidade de contaminações cruzadas podem ser fatores limitantes ;

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3. TIPOS DE BIORREATORES

10 - O reator deve ter as superfícies internas polidas e todas as suas ligações,


na medida do possível, devem ser flangeadas e não roscadas;
11 - Na medida do
possível, o reator
deve manter uma
geometria similar à
dos reatores
menores ou
maiores, a fim de
facilitar a ampliação
de escala do
processo (scale-up)

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Escala laboratorial ~1L


Biorreator de bancada

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3. TIPOS DE BIORREATORES

1. Reatores de vidro com fundo


arredondado ou plano, e tampa superior
de inox ligada ao corpo por uma flange;
2. Diâmetro máximo = 60 cm;
3. Vidro borossilicato, e esterilizado em
autoclave;
4. Reatores com corpo cilíndrico de vidro,
com tampas superior e inferior em aço
inoxidável.
5. Esterilizado in situ (10-20L).

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Composição: Reatores Piloto e Industrial


1. Volumes: 50 L a 500 m3
2. Analisar materiais quanto:
• Capacidade de resistir às pressões de esterilização
• Resistência à corrosão
• Toxicidade dos produtos resultante de uma eventual corrosão;
• Custo do material
Aço inoxidável 316 (AISI) – considerado adequado
• não resolve todos os problemas: produção de ácido cítrico
• pH 1 ou pH 2 origina corrosão Inox
• 317 (AISI) com 3-4% de molibdénio

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Fermentação microbiana: um sistema que envolve três fases:


1.Fase líquida: contém sais, substratos e metabolitos
dissolvidos;
2. Fase sólida: consiste nas células, substratos ou produtos
insolúveis;
3. Fase gasosa: oxigénio, CO2

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Fatores físico-químicos que devem


ser considerados numa
fermentação industrial

Fatores importantes:
1- Oxigénio
2 - Temperatura
3 - pH

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3. TIPOS DE BIORREATORES

1-Oxigénio
Não adianta alimentar o biorreator se não
houver um ótimo sistema de transferência
de oxigénio
- Transferência entre fases gasosa e aquosa;
- oxigénio dissolvido deve chegar às células;
- oxigénio deve penetrar nas células;
- oxigénio deve ser consumido na reação

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3. TIPOS DE BIORREATORES

1-Oxigénio
A) Velocidade de agitação
A agitação quebra continuamente a superfície do líquido e aumenta a área de
transferência.
O efeito da velocidade de agitação na entrada do gás num biorreator de 2 L :

300 rpm 450 rpm 750 rpm


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3. TIPOS DE BIORREATORES

1-Oxigénio
B) Chicanas, quebra vórtice ou “baffles”
Aumentam a turbulência e assim, melhoram a
oxigenação do meio

Normalmente:
• 4 chicanas equidistantes
• Largura: 10% do diâmetro do reator
• Devem ser fixadas a 1 ou 2 cm do corpo do
fermentador para evitar zonas mortas

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3. TIPOS DE BIORREATORES

1-Oxigénio
C) Injetar ar esterilizado

Quando a velocidade de agitação é:

Pequena
•Bolhas não serão quebradas tendendo a subir diretamente
para a superfície. Acumulam no eixo do agitador, coalescendo
e diminuindo a transferência de oxigénio.

Grande •as bolhas pequenas irão circular por todo o reator e terão o
seu tempo de residência aumentado.

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3. TIPOS DE BIORREATORES

1-Oxigénio
C) Aumentar o kLa - taxa de transferência de oxigénio

Métodos para aumentar a taxa de transferência de oxigénio (kLa) no sistema:


-Aumento da pressão;
-Aumento da concentração de O2 no ar inserido no reator;
-Aumento da agitação;
-Aumento do fluxo de ar;
-Redução de espumas e remoção de bolhas de ar da superfície.
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3. TIPOS DE BIORREATORES

Fatores que favorecem a formação de espuma:


Meio de fermentação: meios ricos em proteínas tendem a formar mais espuma.
Muitas células produzem moléculas tipo detergente (ácidos nucleicos e proteínas
excretadas após lise das células ou compostos lipídicos produzidos durante o
crescimento);
Taxa de arejamento e velocidade do agitador (aumento formação de espuma)

Formação excessiva de espuma pode:


1. Bloquear os filtros de saída de ar;
2. Aumentar a pressão do biorreator O controlo é feito com a adição de
agentes antiespuma baseados em
silicone ou óleos vegetais que
desestabilizam a espuma pela
redução da tensão superficial.
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1-Oxigénio
D) Fatores que alteram o arejamento de uma
cultura microbiana

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3. TIPOS DE BIORREATORES
3. TIPOS DE BIORREATORES

2- Temperatura

Fatores que alteram o arejamento de uma cultura microbiana

•são cada vez menos utilizadas – reduzida eficiência na


Camisas transferência de calor pela circulação irregular do vapor
ou da água de refrigeração;

•permitem boa troca térmica e eficiente circulação do


Serpentinas internas fluido em alta velocidade

Inconvenientes:
a) Reduzem significativamente o volume útil do fermentador;
b) Dificultam a limpeza interna;
c) Dificultam a mistura eficiente do meio em fermentadores
agitados mecanicamente;
d) Podem ser um foco adicional de contaminação por defeito nas
soldas difíceis de detetar.
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3. TIPOS DE BIORREATORES

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3. TIPOS DE BIORREATORES

2- Temperatura

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3. TIPOS DE BIORREATORES

3- pH

No biorreator deve haver um sistema de determinação de pH assim como uma


entrada para equilibrar a reação com ácido/base que não ofereça nenhum risco de
contaminação para o sistema.

Temperatura e pH também ficam


mais homogéneos com a agitação

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Importância da agitação e mistura

Agitação adequada é essencial pois proporciona os seguintes efeitos nas três fases:

1- Dispersão do ar no meio de cultivo;

2- Homogeneização para igualar a temperatura, pH e concentração de nutrientes;

3- Suspensão dos microrganismos e dos nutrientes sólidos;

4- Dispersão de líquidos imiscíveis

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3. TIPOS DE BIORREATORES

Características básicas de biorreatores

1.Sistema de agitação;
2.Sistema de distribuição de O2;
3.Sistema de controlo de espuma;
4.Sistema de controlo de temperatura;
5. Sistema de controlo de pH;
6. Portas de amostragem;
7. Sistema de limpeza e esterilização;
8. Linhas para drenar o biorreator.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Classificação do produto microbiano

1) Metabolitos primários
(associados ao crescimento)

Consistem nos compostos produzidos simultaneamente à síntese


de células microbianas na fase de crescimento. Neste caso, a
formação do produto é diretamente proporcional à formação de
biomassa. Ex.: Aminoácidos, nucleótidos, produtos finais de
fermentação (etanol e ácidos orgânicos), enzimas.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Classificação do produto microbiano

1) Metabolitos secundários (não


associados ao crescimento)

A formação do produto não está diretamente relacionada à razão de


crescimento de células. Usualmente acumulam-se durante o período de
limitação de nutrientes ou de produtos residuais que segue após fase
ativa de crescimento. Estes compostos não tem relação direta com a
síntese de materiais celulares e com o crescimento normal. Exemplo:
maioria de antibióticos e micotoxinas.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO
A escolha dos tipos de biorreator e bioprocesso também dependem da
classificação do produto microbiano

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

•1.Com um inóculo por tanque


Descontínuo •2.Com recirculação de células
•3.Processo por meio de cortes

•1.Sem recirculação de células


Semicontínuo •2.Com recirculação de células

Descontínuo
alimentado

•1.Executado num reator


Contínuo •2.Executado em vários reatores

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua (ou batch):


 No instante inicial a solução de nutrientes esterilizada no
fermentador é inoculada com microrganismos e incubada, de
modo a permitir que a fermentação ocorra sob condições
óptimas;
 No decorrer do processo fermentativo nada é adicionado,
excepto oxigénio, no caso de processos aeróbicos (na forma de
ar), antiespuma, e ácido ou base para controlo do pH.;
 Terminada a fermentação, descarrega -se, e o meio fermentado
segue para os tratamentos finais.

Fermentação semicontínua:
 Um ou mais nutrientes são adicionados ao biorreator durante o
cultivo e em que os produtos aí permanecem até o final do
processo;

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação contínua:
 Possuir uma alimentação continua de meio de cultura a um
determinado caudal constante, sendo o volume de reação
mantido constante através da remoção contínua do meio
fermentado;
 A manutenção de volume constante de líquido no reator é de
primordial importância a fim de que o sistema atinja a
condição de estado estacionário ou regime permanente;
 condição na qual as variáveis de estado (concentração de
células, de substrato limitante e de produto) permanecem
constantes ao longo do tempo de operação do sistema.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Processo fermentativo caracterizado pela


inoculação e incubação de microrganismos, de tal
forma, a permitir que a fermentação ocorra sob
condições ótimas.
Neste tipo de produção, nada é adicionado, exceto
oxigénio (processo aeróbio), ácido ou base
(controlo de pH) ou antiespuma.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Um inóculo por tanque;


Processo mais seguro quando se necessita manter as
condições de assepsia (esterilização ao final de cada
batelada);
Fornece conhecimento básico da cinética do processo antes
de se procurar reatores alternativos;
Base para comparações de eficiências atingidas.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Descontínuo simples – “batelada” sem recirculação de


células
Sistema fechado e de volume constante.
Na prática dificilmente será aplicado industrialmente
Sua baixa eficiência estimula o surgimento das formas
alternativas

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Rita Pinheiro
4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Processo descontínuo

Líquido Processo
fermentado Downstream

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Sem recirculação de células


Vantagens:
-Fácil operação;
-Menor risco de contaminação;
-Construção e instrumentação simples e barata;
-Processo adequado para curtos períodos de tempo;
-Versatilidade de utilização

Desvantagens:
-Esgotamento do meio de cultivo e acumulação de compostos tóxicos ou degradação
do produto;
-Menor produtividade volumétrica;
-Preparação do reator entre uma batelada e outra reduz tempo útil e aumenta os
custos. Rita Pinheiro
4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação descontínua Ou
Fermentação Batch

Descontínuo com recirculação de células


• Há o reaproveitamento como inóculo, o microrganismo da batelada
anterior (comum em destilarias de álcool):
• Sedimentação no fermentador (cervejarias)
• Centrifugação do meio fermentado
• Tendência em aumentar o número de contaminantes a cada nova
batelada

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação semicontinua sem recirculação de células

Operação
• Aguarda-se o término da fermentação;
1

• Retira-se parte do meio fermentado, mantendo-se, no reator o restante de mosto


Operação fermentado;
2

• Adiciona-se ao reator um volume de meio de fermentação igual ao volume de


Operação meio fermentado retirado anteriormente
3
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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação semicontinua com recirculação de células

Quando o meio é retirado do fermentador na operação 2, pode-se


centrifugá-lo e reaproveitar as células adicionando-as junto ao novo meio
na operação 3

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação semicontínua ou Fed-batch

 técnica em processos microbianos, onde um


ou mais nutrientes são adicionados ao
fermentador durante o cultivo e em que os
produtos ai permaneçam até o final da
fermentação.

 A alimentação do meio ou substrato pode


ocorrer continuamente (1 etapa) ou em
pulsos (várias etapas).

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação semicontinua ou Fed-batch


Vantagens
Controlo do tipo de substrato:
1)Permite alta concentração de substratos indutores;
2)Impede o efeito de repressão catabólica (presença de alta
concentração de substrato inibe a síntese de compostos de
interesse – ocorre muito com enzimas e antibióticos);
3)Mantém baixa concentração de substratos inibitórios para
formação de produto (ácido cítrico)
4)Permite obtenção de alta concentração celular

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação semicontinua ou Fed-batch


Desvantagens
 Maior risco de contaminação
 Maior necessidade de controlo do processo (adição de
nutrientes)

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua

 O meio é adicionado de forma contínua e os produtos de


fermentação também são continuamente removidos
 O objetivo da cultura contínua é controlar o crescimento
celular em um nível de produtividade ótima
 Volume mantido fixo ou constante
 O produto é produzido continuamente
 Estado de Equilíbrio: Concentração de células e nutrientes são
constantes
 Fatores limitantes: taxa de diluição ou fluxo e concentração
de substrato limitante

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua sem recirculação de células

Agitação é necessária para


distribuição rápida dos
nutrientes

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua com recirculação de células

Agitação é necessária para


distribuição rápida dos
nutrientes

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua

Mais utilizados em bancada para desenvolvimento de

processos, não são muito usados industrialmente

São mais usados no tratamento de resíduos onde não há

preocupação com contaminação!!

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua
Vantagens

 Maior produtividade volumétrica


 Controlo da velocidade de crescimento e manutenção da
atividade metabólica celular por longos períodos de tempo;
 Menor perda de tempo útil.

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

Fermentação continua
Desvantagens
 Maior risco de contaminação (tempo muito longo em sistema
aberto)
 Nem sempre é possível produzir compostos não relacionados ao
crescimento em culturas contínuas;
 Dificuldade de utilização de substratos complexos de
composição variável;
 Surgimento de mutantes ou variantes genéticas menos
produtivas;
 Dificuldade de utilização de organismos filamentosos (difícil
homogeneização pelo padrão crescimento e viscosidade do
meio)

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4. MODOS DE OPERAÇÃO

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5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR
Biorreatores consistem :
 Frasco
 A gitador
 Aspersor (sparger)
 Anteparos (baf fles)
 Sondas
▪ Temperatura
▪ Oxigénio dissolvido
▪ pH
▪ Pressão
 Capa de arrefecimento/aquecimento
 Aber turas para entrada e saída de material
 Condensador
 Válvula de pressão
 Filtros
 Válvulas Rita Pinheiro
5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR
Biorreator - Frasco
• O frasco do biorreator é um recipiente que contém o meio e
as células.
• Podem ser feitos de vidro, aço inoxidável, ou um plástico de
grande duração.
• Os frascos de plástico são descar táveis (uso único).
• Todas as par tes adicionais de um biorreator estão ligadas ao
frasco.
• A par te superior do frasco é chamada headplate.
Em biorreatores de vidro, a maioria das par tes adicionais estão
localizadas na headplate.

Rita Pinheiro
5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR

Rita Pinheiro
5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR

Rita Pinheiro
5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR

Biorreator – Aspersor (Sparger)


 O aspersor é um equipamento usado para introduzir gases no
frasco.
 São localizados no fundo do frasco e consistem num tubo com
pequenos orifícios para o gás passar para a cultura.
 O gás saindo do aspersório ajuda no arejamento da mistura do
conteúdo no frasco, assim como fornece oxigénio para as células.

Biorreator - Sondas
 Biorreatores necessitam de sondas para monitorizar a cultura no
frasco.
 As sondas são encontradas em diferentes localizações no frasco:
head plate, top probe, bottom probe belt.
 Sondas úteis incluem: temperatura, pH, DO (oxigénio dissolvido), e
CO 2

Rita Pinheiro
5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR

Biorreator – Capa de arrefecimento


 As células liber tam calor quando em crescimento e divisão.
 Para manter uma temperatura constante no reator, o frasco é
cober to por uma capa de arrefecimento.
 Água fria ou glicol circulam através da capa de arrefecimento para
regular a temperatura.

Biorreator - Condensador
 O condensador é um equipamento que capta o ar saturado que se
liber ta do frasco.
 O condensador é mais frio do que o ar saturado permitindo a este
condensar na super fície e retornar ao frasco como líquido.
 Condensadores ajudam a minimizar a perda de material.

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5. COMPONENTES DE UM BIOREACTOR

Biorreator - Entradas
 Bi orreatores necessitam de entradas adi ci onai s, onde o materi al pode ser
introduzido ou removido do frasco.
 Entradas são necessárias para adicionar mei o (orifício para meio), células
(orifício para inoculação), e nutrientes (orifício para nutrição).
 Entradas são também util izad as para a adi ção de ácido e base para
control o de pH.
 Uma entrada para amostragem é também encontrada e m cada frasco para
remover amostras da cultura para análise.

Filtros
▪ Biorreatores precisam de filtros de entrada para garantir que a entrada de
gases no frasco seja estéril.
▪ Necessitam de filtros de saída para manter o reator estéril e permitir a saída
de gás para regular a pressão.
▪ Os filtros necessitam de um caixa de filtro – uma cabine de aço inoxidável
para manter e esterilizar os filtros.

Rita Pinheiro
6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Quanto ao tipo de biocatalisador;

Quanto à configuração do biocatalisador


(células/enzimas livres ou imobilizadas);

Quanto à forma de se agitar o líquido no reator

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

• Enzimas ou células vivas (microbianas, animais ou


Biocatalisadores vegetais)

Classificação dos • Grupo dos Reatores Bioquímicos – Biorreatores nos


Biorreatores quais as reações ocorrem na ausência de células vivas,
ou seja, são tipicamente os “reatores enzimáticos”;
quanto ao tipo de • Grupo dos Reatores Biológicos – Biorreatores nos quais
as reações se processam na “presença de células vivas”;
biocatalisador

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Classificação mista dos biorreatores segundo Kleinstreuer:

Baseada no tipo do biocatalisador utilizado

 enzima;

 microrganismo aeróbio ou anaeróbio;

 configuração do biocatalisador (livre, imobilizado ou


confinado entre membranas).

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES
A ) R e a to r e s e m f a s e a q u o s a ( f e r m e n t a ç ã o s u b m e r s a ) :

( A . 1 ) C é l ul a s / e n z i ma s l i v r e s
• Re a to r e s a g i t a d o s m e c a n i ca m e n te ( S T R : “ S t i r r e d t a n k r e a c to r ” )
• Re a to r e s a g i t a d o s p n e u m a t i c am e n te - To r r e - C o l un a d e b o l h a s - R e a to r e s “ a i r - l i f t ”
• Re a to r e s d e f l u xo p i s t ã o ( “ p l u g - fl ow ” )
( A . 2 ) C é l u l a s / e n z i m a s i m o bi li z a d a s e m s u p o r te s
• R e a to r e s c o m l e i to f i xo
• R e a to r e s c o m l e i to f l u i d iz a d o
(A .3) Células/enzimas confinadas entre membranas
• R e a to r e s c o m m e m b r a n a s p l a n a s
• R e a to r e s d e f i b r a o c a ( “ h o l l ow - fi b e r ” )
B ) Re a to r e s e m f a s e n ã o - a q u o s a ( f e r m e n t a ç ã o s e m i - s ó l id a )
• R e a to r e s e s t á t i c o s ( r e a to r e s c o m b a n d e j a s )
• R e a to r e s c o m a g i t a ç ã o ( t a m b o r r o t a t i vo )
• R e a to r e s c o m l e i to f i xo
• R e a to r e s c o m l e i to f l u i d iz a d o g á s - s ó l id o

Rita Pinheiro
6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Rita Pinheiro
6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

A. Reatores em fase aquosa (fermentação submersa)


(A.1) Células/enzimas livres
Mais amplamente utilizados: reatores agitados mecanicamente (STR, stirred
tank reactor), conhecidos também como reatores de mistura, constituindo
cerca de 90% do total de reatores utilizados industrialmente.

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES
Reatores agitados pneumaticamente
a)Biorreatores em torre
b)Biorreatores coluna de ar/bolhas
c)Biorreatores “air-lift” (Loop reactor)

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Reatores agitados pneumaticamente (cont.)


Biorreatores “air-lift” - promove a movimentação cíclica do fluido usando um
cilindro central em cuja base é inserido o ar

A presença do tubo difusor permite:


• Aumentar a mistura axial no reator;
• Reduzir a coalescência das bolhas que circulam numa mesma direção
(igual a do líquido);
• Equalizar as forças de cisalhamento (é distribuída uniformemente pelo
reator).

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Reatores agitados pneumaticamente (cont.)


Biorreatores “air-lift”

Regiões do Tubo Difusor:

Riser / fluxo ascendente: região onde as


bolhas de gás são liberadas. Pode ser
dentro ou fora do tubo central.
A ascensão das bolhas causa o fluxo de
líquido na direção vertical.
Para contrabalançar, o líquido flui em
direção descendente no downcomer /
fluxo descendente.

Isto permite a circulação do líquido e


aumenta a eficiência de mistura quando
comparado a coluna de bolhas.

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Reatores de fluxo pistão (“plug-flow”)


Meio e inóculo são misturados a partir da
base do reator e a cultura flui,
idealmente, em velocidade constante,
sem ocorrer mistura longitudinal.
O fluxo é contínuo e o tempo dentro do
reator é curto, por isso é utilizado para
reações rápidas.

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

(A.2) Células imobilizadas em suportes

Principal característica:

Estrutura física de confinamento que obriga as células a permanecerem em


uma região particular de um biorreator

Sem necessidade •Enzima/Sistema enzimático envolvido na conversão bioquímica


ativo (1 ou algumas, sem coenzimas e vias anabólicas presentes
de células vivas na replicação celular)

Com necessidade •Produtos a serem formados requerem múltiplos passos de


transformações, regeneração de coenzimas, presença de cadeia
de células vivas respiratória, vias metabólicas geradoras de intermediários e outros
inerentes às células vivas

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES
Vantagens do uso da célula imobilizada:
• Possibilidade de utilização de altas concentrações celulares no volume reacional,
implicando em maiores velocidades de processamento;
•Operação de sistemas contínuos com velocidade de alimentação acima da velocidade
específica máxima de crescimento da célula (não imobilizada);
•Eliminação de problemas com recirculação externa de células (sedimentadores,
filtros, centrífugas);
•Provável obtenção de maiores fatores de conversão de substrato ao produto desejado;
•Possibilidade de utilização de projetos de biorreatores mais adequados à cinética do
sistema biológico utilizado;
•Maior proteção ao sistema biológico em relação ao stress ambiental, ocasionado por
elevadas concentrações de substratos, pH e cisalhamento.

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

A imobilização é conseguida através do contato do material utilizado para a


imobilização com as células vivas que se pretende imobilizar, sob condições ambientais
controladas. O material utilizado para a imobilização é denominado Suporte.

Características de um suporte:
a) Não ser tóxico para as células;
b) Ter alta capacidade de retenção;
c) Ser resistente ao ataque químico e microbiano;
d) Ter pouca sensibilidade às possíveis solicitações mecânicas (compressão por peso,
tensões de cisalhamento ou pressões internas ou externas de gases);
e) Alta difusividade de substratos e de produtos.

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

Oclusão
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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

3. Oclusão
Imobilização de células vivas
Confinamento de uma população celular numa uma matriz polimérica formadora de
um gel hidrofílico. Os poros da matriz formada são menores que as células contidas
em seu interior.

Os materiais mais utilizados para partículas de gel são os polímeros naturais:


• Agar
• K-carragena
• Alginato
• Pectina

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES
Imobilização de células por envolvimento em gel hidrofílico induzida por Ca2+ e K+

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS BIORREATORES

3. Oclusão
Vantagens
a)Facilidade
b)Baixíssima toxicidade
c)Alta capacidade de retenção celular
Desvantagem:
Limitação imposta pela difusão intraparticular de substratos e produtos metabólicos

Para minimizar os efeitos, deve-se otimizar:


•O tamanho da partícula;
•A difusividade das espécies através da matriz polimérica
•Concentração celular na partícula
Rita Pinheiro
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