TCC - Bioconstrução Como Alternativa Construtiva
TCC - Bioconstrução Como Alternativa Construtiva
TCC - Bioconstrução Como Alternativa Construtiva
ANÁPOLIS / GO
2019
GABRIELA KARINE LEÃO DA SILVA
SAMUEL GOMES PEREIRA
TCC - UniEvangélica
1. Bioconstrução 2. Sustentabilidade
3. Adobe 4. Métodos construtivos
I. ENC/UNI II. Título (Série)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Gabriela Karine Leão da; PEREIRA, Samuel Gomes. Bioconstrução como alternativa
construtiva. TCC, Curso de Engenharia Civil, UniEvangélica, Anápolis, GO, 60p. 2019.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Gabriela Karine Leão da Silva
Samuel Gomes Pereira
___________________________________ ___________________________________
Gabriela Karine Leão da Silva Samuel Pereira Gomes
E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]
GABRIELA KARINE LEÃO DA SILVA
SAMUEL GOMES PEREIRA
APROVADO POR:
_________________________________________
EDUARDO MARTINS TOLEDO, mestre (UniEvangélica)
(ORIENTADOR)
_________________________________________
NOME DO MEMBRO DA BANCA, (UniEvangélica)
(EXAMINADOR INTERNO)
_________________________________________
NOME DO MEMBRO DA BANCA, (UniEvangélica)
(EXAMINADOR INTERNO)
Agradeço a Deus, por toda a vida criada, que é tão complexa e simples ao mesmo
tempo, que move e inspira a novas experiências, aprendizados, reflexões, que nos leva a
transcender. Agradeço a minha mãe, exemplo de ser humano, geradora constante de amor, a
meus irmãos que são presentes em minha vida, a meu namorado e parceiro, e aos amigos por
serem fonte de força, apoio e inspiração.
Agradeço por todo auxilio que obtive para complementar este trabalho, aos
incentivadores da Bioconstrução, da minha cidade, Alexânia, Goiás, o qual fazem toda
diferença, tornando o mundo um lugar melhor.
Hoje o conceito de sustentabilidade está difundido nos mais variados campos da sociedade, e a
construção civil é um dos principais temas no que tange à sustentabilidade. O presente trabalho
tem como foco a bioconstrução como forma alternativa as construções convencionais, em
resposta aos impactos causados atualmente pela indústria da construção. A bioconstrução faz
uso de materiais e soluções tecnológicas que visam o reaproveitamento, conforto e economia
das matérias primas naturais e locais. Este trabalho buscou de forma objetiva conhecer através
da pesquisa bibliográfica, a contextualização da sustentabilidade no âmbito da construção civil,
reconhecer o impacto que este setor causa no meio ambiente e apresentar o conceito e práticas
envolvidas na bioconstrução, sendo apresentado uma habitação construída com conceitos
bioconstrutivos que mostra o uso de materiais com baixo impacto ambiental, onde nota-se o
bom aproveitamento dos recursos naturais encontrados na região onde está inserida a obra
aliados aos processos artesanais empregados ao projeto, cumprindo os critérios de
aplicabilidade deste método construtivo, possibilitando assim o sucesso ambiental da obra. E
através de ensaios laboratoriais foi analisado o material usado na construção da habitação com
conceito de bioconstrução, o tijolo de adobe foi submetido a análise de sua composição, que é
essencial para fazer as características de resistência, para que pudesse verificar seu potencial
como alternativa aos materiais usados comumente. O material de adobe analisado de uma
habitação construída através do conceito de bioconstrução alcança até 1,6 MPa de resistência,
mostrando que o método construtivo e os materiais de viés sustentável, são alternativas viáveis
para a construção civil contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE:
Sustentabilidade. Bioconstrução. Métodos Construtivos. Adobe.
ABSTRACT
Today the concept of sustainability is widespread in the most varied fields of society, and civil
construction is one of the main themes in terms of sustainability. The present work focuses on
the bioconstruction as an alternative to conventional constructions, in response to the impacts
currently caused by the construction industry. Bioconstruction makes use of materials and
technological solutions that aim at the reuse, comfort and economy of natural and local raw
materials. This work aimed to know, through bibliographic research, the contextualization of
sustainability in the field of civil construction, to recognize the impact that this sector causes in
the environment and to present the concept and practices involved in the bioconstruction,
presenting a housing built with bioconstructive concepts which shows the use of materials with
low environmental impact, where it is noted the good use of the natural resources found in the
region where the work is inserted allied to the artisanal processes employed in the project,
fulfilling the criteria of applicability of this constructive method, thus enabling success
environmental performance of the work. And through laboratory tests was analyzed the material
used in the construction of housing with concept of bio-construction, the adobe brick was
subjected to analysis of its composition, which is essential to make the resistance
characteristics, so that it could verify its potential as an alternative to materials commonly used.
The adobe material analyzed from a housing built through the concept of bioconstruction
achieves up to 1.6 MPa of resistance, showing that the constructive method and sustainable bias
materials are viable alternatives for contemporary civil construction.
KEYWORDS:
Sustainability. Bioconstruction. Constructive Methods. Adobe.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 16
1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 16
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 17
3 METODOLOGIA.............................................................................................................. 43
3.1 ENSAIO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA .......................................................... 43
3.1.1 Peneiramento ............................................................................................................ 43
3.1.2 Sedimentação ............................................................................................................ 44
3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA À COMPRESSÃO DO ADOBE ............. 45
3.2.1 Preparação da amostra ............................................................................................ 45
3.2.2 Ensaio de Resistência Mecânica a compressão ...................................................... 47
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54
14
1 INTRODUÇÃO
Dentre as principais técnicas construtivas que utilizam o solo, temos os tijolos de adobe
que geram uma menor quantidade de resíduos e tem suas matérias-primas encontradas de forma
abundante. O processo construtivo é simples e de baixo custo e baseia-se em uma mistura de
solo, água, compactada e curada à sombra. Segundo Motta et al. (2014) um dos benefícios da
adoção desse tipo de tijolos de solo, é a redução de custos, do consumo de água, da energia,
além de propulsar o desenvolvimento de novos produtos que contribuam para o mercado e para
a diminuição da poluição.
Fazendo uma reflexão em torno da interação da sociedade e meio ambiente, nos leva
a compreender a importância e a necessidade de pesquisas e ações frente aos grandes desafios
e mudanças de origens complexas que as cidades enfrentam, nas últimas décadas, relacionados
à sua sustentabilidade. Por isso este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão bibliográfica
sobre a relevância de se adotar medidas sustentáveis no mundo atual, apresentando o conceito
de Bioconstrução, seus aspectos e contribuições como método construtivo, descrevendo uma
habitação construída través deste conceito, e analisando o material usado para a edificação desta
construção, mostrando o potencial do material utilizado neste tipo de método, difundindo assim
a Bioconstrução para fazer frente aos métodos convencionais de construção, na busca de
minimizar cada vez mais os impactos nocivos na construção civil.
1.1 JUSTIFICATIVA
adobe, utilizado nessa construção, mostrando suas características como material alternativo aos
materiais convencionais mais usados, sendo ainda muito necessário a difusão e estudos destes
materiais.
1.2 OBJETIVOS
1.3 METODOLOGIA
O presente trabalho contém cinco capítulos no qual dão aporte e embasamento para
justificar a relevância do tema escolhido.
O primeiro capitulo é a introdução que tem como objetivo apresentar o tema ao leitor,
contextualizar, justificar e proporcionar o conhecimento objetivo dos problemas analisados,
neste capitulo também se encontra as metodologias usadas para a obtenção dos objetivos
apresentados.
A partir do segundo capitulo inicia-se a revisão bibliográfica, começando pela
apresentação do tema acerca da Construção Civil Sustentável, trazendo a contextualização dos
primeiros passos da sociedade para a conscientização da necessidade da preservação do meio
ambiente em que vivemos, dando especial atenção aos diversos impactos que o setor da
construção civil exerce sobre o ambiente em que vivemos. Também se fala sobre o uso do solo
como elemento construtivo durante toda a história da humanidade e a viabilidade do seu uso
sustentável, ainda dando referência teórica ao trabalho temos a apresentação da Bioconstrução
como método construtivo sustentável e de baixo impacto ambiental, justificando a necessidade
da difusão acerca do assunto e sua relevância para menores danos ao meio ambiente.
Já no terceiro e quarto capitulo começa a abordagem empírica do trabalho, onde é
exposto os materiais e métodos que constituem as experiências e ensaios promovidos pelo autor,
baseado em estudos anteriores relacionados ao mesmo tema, nestes capítulos é apresentado os
materiais e equipamentos utilizados, realização dos ensaios e amostras dos resultados obtidos e
debate sobre os indicativos alcançados.
18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A história mostra que a construção civil sempre existiu para atender as necessidades
básicas e imediatas do homem sem preocupação com técnicas aprimoradas em um primeiro
momento, e sendo o homem dinâmico e capaz de produzir e transformar continuamente suas
técnicas através de aperfeiçoamento e estudo contínuo dos resultados, proporcionou assim que
ao longo do tempo a construção civil fosse responsável pela transformação do ambiente natural
no ambiente construído, o qual precisa ser permanentemente atualizado e mantido.
Esse ambiente construído implica em grandes impactos ambientais onde dependem de
toda uma cadeia produtiva, como extração de matérias primas, produção e transporte de
materiais, concepção e execução de projetos, uso e manutenção e ao final da vida útil, a
demolição, além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles
associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Todas essas etapas envolvem
recursos ambientais, econômicos e tem impactos sociais que atingem cidadãos, empresas e
órgãos governamentais, por isso a sustentabilidade nesse setor depende de soluções me todos
os níveis.
Pelo menos desde de 1960 começaram a se colecionar evidências de que o modelo de
desenvolvimento vigente apresentava problemas (AGOPYAN; JOHN, 2011). Ao decorrer das
décadas, os problemas ambientais se tornavam mais notórios, e foi a partir daí que vários outros
relatórios foram elaborados todos com o mesmo fundamento: preservar o meio ambiente. Para
isso havia a necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista. E somente na década de
1970 que o conceito de Desenvolvimento Sustentável é apresentado pela primeira vez,
formulado pela Comissão de Brundtland, comissão criada pela Organização das Nações Unidas,
em 1983, e presidida pela primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland, onde se originou um
relatório no ano de 1987, propondo um padrão de uso de recursos naturais que atendesse as
atuais necessidades da humanidade, preservando o meio ambiente, de modo que as futuras
gerações poderiam também atender suas necessidades.
E foi a partir de 92 que o conceito de sustentabilidade se firmou, com a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92,
que foi realizada em junho de 1992. Sediada no Rio de Janeiro, encontro que reuniu
representantes de 175 países e de Organizações, sendo considerado o evento ambiental mais
20
importante do século XX, a Rio 92 foi a primeira grande reunião internacional realizada após o
fim da Guerra Fria. Como consequência três convenções: uma sobre Mudança do Clima, sobre
Biodiversidade e uma Declaração sobre Florestas. E a aprovação da Declaração do Rio e a
Agenda 21, sendo esta última a de maior influência no mundo sobre todas as áreas, reforçando
o movimento ambientalista. Em 2012, houve o marco dos vinte anos da Rio 92, foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro/Brasil),
conhecida como Rio+20.
Mesmo com as discussões sobre desenvolvimento sustentável se tornando tão
pertinentes, foi só em meados de 1990, Segundo Agopyan e Jonh (2011) que a construção civil
foi colocada como uma indústria com sérios problemas de sustentabilidade. Um dos primeiros
eventos científicos internacionais organizados especificamente para discutir construção
sustentável, First International Conference on Sustainable Construction, que ocorreu em 1994
em Tampa, Flórida. O evento foi um alerta, cuja pauta foi o futuro das construções envolvendo
a sustentabilidade e durante a qual foram feitas várias propostas objetivando a definição do
conceito de construção sustentável. A principal preocupação deste novo conceito baseia-se em
contribuir para a preservação do meio ambiente, o respeito pelos recursos naturais e a qualidade
de vida do ser humano.
Neste âmbito internacional a contribuição do Conselho Internacional para pesquisa e
inovação na edificação e na construção – International Council for Research and Innovation in
Building and Constructional (CIB) – para o tema foi muito significativa, foi em um congresso
organizado pelo CIB, na cidade de Gävle, Suécia, que culminou no lançamento do texto da
Agenda 21 on sustainable construction (Agenda 21 para a construção sustentável) em 1999,
traduzido para o português no ano o seguinte, com o apoio de outros organismos internacionais
de construção civil, tornou-se um documento de caráter universal. Um dos objetivos da Agenda
21 é a de servir, inicialmente, como um alerta a todos os setores da Indústria da Construção
Civil dos problemas ambientais com que interagem a da urgência em programar ações eficazes
para combatê-los. O texto também serve como orientação para a formulação de diretrizes,
políticas e normativas para todos os setores, a fim de que elas se tornem mais favoráveis,
pretendendo chegar à construção sustentável.
É certo que os problemas principais de sustentabilidade são globais e servem para
todos os países. No entanto, as prioridades sociais e ambientais, bem como os recursos
disponíveis, são diferentes. Procurando contribuir com os países em desenvolvimento
destacando essa abordagem de forma mais direta, o CIB patrocinou, juntamente com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – United Nations Environment Pregremme
21
A vida moderna está demanda enormes quantidades de materiais e cresce cada vez
mais. Atualmente são extraídos cerca de 60 bilhões de toneladas de matérias-primas naturais
(AGOPYAN; JOHN, 2011), esse ritmo extrativo não pode ser mantido indefinidamente, pois
vivemos num sistema fechado, que é a Terra, a extinção dos recursos naturais é um problema
que vem sendo discutido constantemente, e atualmente buscam-se meios que possam evitar esse
fim.
Apesar de em 2017, o setor da construção civil ter apresentado a maior queda dos
últimos tempos ainda sim, segundo a Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC,
2014), o setor representa em torno de 6 % de todo o PIB Brasileiro. Esta porcentagem reflete o
grande papel que o setor tem diante a economia brasileira e na sua função de proporcionar o
ambiente construído.
Sendo, portanto, a construção civil um dos maiores na economia, produz todo o
ambiente construído, consequentemente utiliza abundantemente dos recursos naturais não
renováveis, desde a matéria-prima natural que é necessária à construção até a energia que é
consumida durante todo o processo. Segundo Sjöström (1996, apud JOHN, 2000) estima-se que
a construção civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos no planeta.
O ambiente construído, tem enorme extensão e não pode ser miniaturizado. A sua
construção demanda uma enorme quantidade de materiais. O cimento Portland é o material
artificial de maior consumo pelo homem (AGOPYAN; JOHN, 2011) sendo atualmente uma
quantidade superior ao consumo de alimentos, como pode-se ver na Figura 1, onde foram
compilados pelos autores dados de várias fontes para a elaboração do comparativo.
Como o cimento não é utilizado isoladamente, mas em combinação de grandes
quantidades de agregados e água, ainda segundo Agopyan e Jonh (2011) cerca de 1/3 dos
recursos no Brasil vão para a produção de materiais cimentícios.
Este volume de matérias compreende somente aos materiais que chegam até o canteiro,
a inclusão dos resíduos gerados nas indústrias e extração de matérias-primas destinadas a
fabricação dos materiais e componentes para a construção civil aumentaria em muito o volume.
A melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de volume
proporcionalmente inferior de recursos naturais é certamente o maior desafio da construção
civil. Um dos desafios do futuro é desmaterializar a construção, reduzindo os impactos
ambientais. Este desafio exigirá do setor um grande esforço de inovação.
24
importante elemento que também sofre o impacto da indústria civil é a água, embora abundante
no planeta, é predominante não potável. Menos de 1% do total da água é potável e acessível ao
consumo humano, sendo que me grandes cidades mesmo fora de régios desérticas ou
semidesérticas a agua potável é produto escasso e caro (JOHN, 2000).
Segundo Agopyan e John (2011) o consumo de cimento ultrapassa o consumo de
alimentos, portanto, o impacto deste produto no meio ambiente é proporcional, a indústria do
cimento é responsável por aproximadamente 3% das emissões mundiais de gases de efeito
estufa e por aproximadamente 5% das emissões de CO2. Estima-se que cerca de 0,7 a 1 tonelada
de CO2 é produzida para cada tonelada de clínquer dependendo de tipo de combustíveis
utilizados (GASQUES et al., 2014). Sendo o cimento só mais um agravante entre outros para
a degradação do meio ambiente.
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS, 2014), considera os
seguintes impactos como prioritários para uma metodologia de Análise de ciclo de vida
simplificado, que seja viável na construção civil brasileira:
Mudanças Climáticas: emissões de gases como CO2, CH4, NOx, HCFC que
diminuem a capacidade de emissão de energia de onda longa do globo terrestre para o espaço,
provocando aquecimento.
Uso de recursos naturais: Consumo das reservas de produtos não renováveis ou
explosão de produtos renováveis sem manejo o acima da capacidade de recomposição.
Consumo de energia: Categoria que analisa a eficiência no uso de energia bem
como a contribuição para o esgotamento de fonte de energias não renováveis.
Geração de resíduos: Acumulação de resíduos com o risco de contaminação
ambiental e desperdício de recursos naturais.
Consumo de água: Consumo de agua na atividade, contribuição para o stress
hídrico da região e as consequências em capacidade de suporte de vida.
Os principais impactos ambientais são relacionados aos resíduos na produção de
materiais e componentes, na atividade de canteiro, durante a manutenção e demolição, a enorme
quantidade de resíduos produzida pela indústria da construção civil tem sido notícia frequente
porque vem há tempos causando sérios problemas urbanos, sociais e econômicos. O
gerenciamento desses resíduos torna-se mais complicado quanto maior for a quantidade
produzida, esta questão será desenvolvida adiante.
A geração de resíduos da construção civil é confrontada por problemas que requerem
definições pertinentes com base nas legislações e normas técnicas referentes ao tema para um
27
A indústria da construção civil é tão grande que seria impossível deixar o destino dos
resíduos gerados por ela a encargo dos responsáveis por cada obra. Por isso existem normas e
leis para regulamentar os resíduos que sobram diariamente.
A primeira lei a se destacar é Lei 6.938/81 que instituiu o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA. Este sendo presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. Os RCC estão
sujeitos à legislação federal referente aos resíduos sólidos, à legislação específica de âmbito
estadual e municipal, bem como às normas técnicas brasileiras. Sendo a Resolução CONAMA
307/2002 um marco regulatório para a gestão dos RCC, sendo regulamentados também pela
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizou uma análise da estimativa
nacional, fazendo comparação entre o Brasil e outros países, como mostra a Figura 4.
No Brasil a geração de resíduos ultrapassa 31 milhões de t/ano, encontra-se abaixo de
outros países, tais como Japão, Estados Unidos, Itália e Alemanha. Mesmo assim os dados em
relação ao manejo dos RCC ainda são alarmantes. Dos 5.564 municípios brasileiros, 4.031
municípios (72,44%) apresentam algum tipo de serviços de manejo dos RCC. Contudo, apenas
392 municípios (9,7%) possuem alguma forma de processamento dos resíduos sólidos da
construção civil (IPEA, 2012).
No Brasil, equiparado a países europeus, a diferença se dá justamente no tratamento
dos resíduos recolhidos e seu preparo para a reutilização e reciclagem dos mesmos. As diretrizes
e políticas são rígidas nesta questão. Atualmente a União Europeia institui quota mínima de
29
reciclagem e preparação para reutilização de resíduos urbanos para que seja de 70% até 2030,
e somente 5% dos resíduos podendo ser depositados em aterros (FERREIRA, 2017).
são alvenaria, a monolítica e a mista. As principais maneiras de se manusear o solo antes de sua
aplicação são as seguintes:
Argamassa de solo: fabricação de adobes e material de enchimento de taipas;
Solo compactado: fabricação de tijolos por compactação, construção de
fundações, paredes e muros monolíticos;
Solo prensado: fabricação de tijolos, blocos e telhas.
Existem várias técnicas construtivas com terra, as principais técnicas conhecidas no
Brasil, são a Taipa, no Brasil mais conhecida como taipa de pilão. Nos países anglo saxônicos
o termo é rammed earth, nos germânicos Stampflehmbau, na França é conhecido como Pisé de
terre e na Espanha, Tapial (BARROSO, 2016). É uma técnica de construção em terra crua,
através da qual se constroem paredes monolíticas, resistentes e duradouras. A técnica consiste
em preparar o solo devidamente, adicionar água até que se atinja a umidade ótima, colocar a
massa de solo dentro de formas, e compactar até que se atinja a massa específica máxima,
usando meios manuais ou mecânicos (PINTO, 2015). Os tijolos de bloco de terra comprimida
(BTC) são um dos materiais mais frequentes na construção, em terra crua, atualmente. É
possível afirmar que o BTC é proveniente do Adobe, através do aperfeiçoamento deste e
melhorando o desempenho e qualidade dos blocos moldados de terra. Esta técnica foi
impulsionada devido a um programa de pesquisa sobre habitações rurais, na Colômbia, pelo
engenheiro Raul Ramirez e daí surgiu a primeira prensa denominada Cinva-Ram
(INÁCIO,2016). O processo consiste na prensagem do solo no interior de um molde, permitindo
obter pequenos blocos de alta densidade mais resistentes duráveis, e com baixa retração devido
à incorporação de menor quantidade de água (FERREIRA, 2016). E os tijolos de adobe que são
feitos de terra no seu estado plástico comumente secos ao sol.
Os adobes são conhecidos desde o início da humanidade, essa é uma das técnicas mais
utilizadas nos dias atuais e também uma das formas mais antigas de construção com terra.
Construções com adobe ainda estão em uso em todos os continentes habitados. A versatilidade
desta técnica construtiva, com a utilização de pequenos blocos moldados de terra crua secos ao
sol (Figura 8) permite a construção de alvenarias resistentes às cargas de edifícios com vários
pisos (FERREIRA, 2015).
No Brasil muito se empregou o adobe, nas construções de casas, igrejas e prédios.
Porém, com a modernidade dos tempos atuais e novos tijolos e materiais, estes caíram em
34
desuso. Mas com o crescente apelo pela sustentabilidade na construção civil, seu emprego vem
crescendo. Contudo, a utilização mais generalizada do adobe pode ser limitada por causa de
outros fatores, como a carência a nível de legislação e normas construtivas e a própria rejeição
cultural.
Figura 8 - Blocos de Adobe sendo moldados.
A preparação do Adobe consiste em misturar a terra/solo com água, até se obter uma
mistura pastosa que será colocada num molde, com dimensões que correspondem ao tamanho
que se pretende que os tijolos tenham (INÁCIO, 2016).
A terra adequada para a fabricação de adobes deve conter no mínimo 10% de argila.
Os limites propostos pelo Centro Internacional da Construção com Terra (CRATerre) da
composição que o solo deve se enquadrar, seria aproximadamente:
Pedregulho: 0 a 10%;
Areia: 45% a 75%;
Silte: 10% a 45%;
Argila: 10% a 35.
Um solo considerado ideal deveria conter de 20% a 25% de argila, de 15% a 20% de
silte, e cerca de 60% de areia e 0% de pedregulho.
A densidade seca do adobe deve ser maior possível, para que este seja mais resistente.
Para se obter blocos de adobe de qualidade, a quantidade de agua é importante, uma mistura
mais seca apresenta dificuldade no manuseio, muita úmida pode fazer o tijolo deformar. A
homogeneização da mistura da terra com a água pode requerer bastante esforço, pois esta
mistura por vezes é feita com os pés.
35
Existem diversa variações nas formas dimensões das fôrmas para tijolos de adobe. A
espessura não deve ser muito maior que 10 cm largura recomendada é de 20 cm na Europa,
pelo clima severo, no Brasil onde o clima é menos variável, largura de 15 cm, o comprimento
pode ir até 40cm (BARBOSA; GHAVAMI, 2010).
Quanto a normatização deste tipo de tijolo de adobe, o Peru foi um dos primeiros países
que oficializaram uma norma técnica sobre construções com adobes. Trata-se da Norma técnica
de Edificación Adobe E080, no Brasil ainda não existem normas que tratem especificamente
dos adobes. O principal parâmetro de controle da qualidade dos blocos de adobe é a resistência
a compressão. Comparada a outros materiais industrializados, a resistência do adobe não
costuma ser alta, segundo Barbosa E Ghavami (2010) é de ordem de 0,6 MPa a 2,0 MPa.
A utilização do adobe, é ainda pouco difundida no Brasil se comparada aos tijolos
cerâmicos, mas esse tipo de tijolo possui vantagens como a de não necessitar de mão de obra
especializada para construir com esse material. O tijolo de adobe também, de acordo com
Pinheiro (2009), é um excelente regulador térmico e acústico, e depende de baixo custo
energético, tanto no transporte, quanto no da confecção e futura reciclagem do material. Apesar
de apresentar um bom desempenho como material construtivo, o adobe ainda é deixado de lado.
É necessário a difusão dessas técnicas e métodos no meio da construção civil, é preciso
empenho e engajamento na popularização dessas técnicas mais sustentáveis, pensando no futuro
meio ambiente a longo prazo.
2.5 BIOCONSTRUÇÃO
princípios de estilo e uma ética da vida que mostra aspectos ambientais, comunitários,
econômicos e sociais baseada no cuidado com a Terra, cuidado com as pessoas e contribuição
com meio ambiente.
De forma genérica se traz sempre o termo construção sustentável, quando se trata de
denominar estas iniciativas que procuram diminuir os impactos ambientais, entretanto, para
Mauricio (2017), na abordagem da permacultura, entende-se "construção sustentável" como um
termo para designar coisas diferentes e especificas. O termo aponta para correntes diversas da
construção sustentável, tais como bioaquitetura, construção ecológica, construção natural e
bioconstrução, entre outros. Na maioria dos casos, o design permacultural que inclui moradias
se vale de técnicas e procedimentos cuja aplicação se chama "bioconstrução".
Bioconstrução que seria a construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de
materiais de baixo impacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de
resíduos, são sistemas construtivos que respeitam o meio ambiente, durante a fase de projeto e
de construção, na escolha dos materiais e técnicas de construção adequadas, e ao longo do uso,
com eficiência energética e tratamento adequado dos resíduos (BRASIL, 2008). Trazendo os
princípios da permacultura, a bioconstrução se apresenta como uma alternativa mais consciente
e sustentável para minimizar o impacto que a construção civil causa no mundo.
A bioconstrução busca integrar as construções com meio ambiente, segundo o design
permacultural estabelecido na área, que seria o de um projeto de ocupação humana produtiva e
sustentável. Deste modo, a bioconstrução busca desde o planejamento, execução e utilização, o
máximo aproveitamento dos recursos disponíveis com o mínimo impacto. Este conceito de
engloba diversas técnicas sustentáveis, uma das maiores características seria a preferência por
materiais do local, como a terra, diminuindo gastos com fabricação e transporte e construindo
habitações com custo reduzido e que oferecem excelente conforto térmico.
Na bioconstrução, mesmo sendo utilizado, em sua maioria, materiais de origem natural
e reciclados, por exemplo, isso não implica que não possa ser usado técnicas naturais em
conjunto com produtos industrializados e tecnológicos, buscando sempre soluções mais
ecológicas ele apenas reflete sobre as reais necessidades do uso de certos materiais visto que
existem materiais menos nocivos ao planeta. Enquanto a construção convencional opta pelos
industrializados por vários motivos, dentre eles a praticidade para a construção em série e a
própria pressão advinda do monopólio industrial, a construção com elementos naturais, por sua
vez, utilizará o cimento, por exemplo, apenas nas situações em que não houver outra alternativa
menos nociva ao meio-ambiente ou quando realmente necessitar das propriedades que só o
37
cimento fornece. Não se trata, portanto, da negação ao moderno, mas sim do seu uso de forma
mais consciente.
As vantagens deste método construtivo, são diversas, como abordado o cunho
ecológico desta técnica, faz com que ela contribua diretamente com os impactos
socioambientais de toda cadeia produtiva da construção civil. O primeiro impacto que é
minimizado seria a da extração da matéria a ser utilizada, pois prioriza matérias naturais,
evitando materiais de extrativismos mineiras, que se mostram extremamente nocivos, pois
geram grandes quantidades de resíduos poluentes, tanto na extração quanto pelo seu
processamento. Já matérias como, a terra, madeira e outros que podem ser reutilizados são
abundantes podendo ser adquiridos até mesmo no próprio terreno. Estes materiais naturais,
podem ser facilmente incorporados a natureza através da destinação correta, ao contrário do
acontece com o RCC, que apresenta elevado volume hoje em dia na construção e ainda não tem
descartes corretos.
Segundo Ackermann (2018), o uso de materiais também coloca os elementos
utilizados pela Bioconstrução mais distantes do monopólio industrial existente hoje na
construção civil. Cimento Portland, concreto, alumínio, tijolos cerâmicos e variedades de telhas
passaram a ser ofertados no mercado e divulgados como uma forma moderna e eficaz de se
construir. Foi realizado uma grande campanha apoiada por interesses econômicos o qual foi se
fortalecendo ao longo dos anos a ideia de que a única forma de se construir é assentando tijolos
cerâmicos com cimento e areia, e esta formato se transformou em um símbolo de modernidade
e status social dentre todas as camadas da sociedade.
Além de seus aspectos de baixo impacto no meio ambiente, a viabilidade econômica
da bioconstrução, principalmente quando se faz o uso de técnicas com a terra, mostram
vantagens quando comparado a modelos convencionais. Sendo de baixo custo a produção de
matéria-prima, manufatura e transportes. Um estudo de viabilidade econômica de um projeto de
Unidade de habitação de bioconstrução, realizado por Mauricio (2017), através de pesquisa
realizada com base em estimativas de custo e valores de mercados coletados, estipulou que uma
habitação com uma área de 60m², composta por sala, cozinha, quarto, banheiro e área de serviços,
construída essencialmente através do método construtivo de superadobe, custaria um valor estimado
de R$ 381,66/m², um total de R$ 22.900,00 para sua construção na cidade de Brasília. De acordo
com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o custo unitário básico de construção
por m² na região do Distrito Federal, atualmente, se encontra em média a R$1.316,62/m², mostrando
efetiva economia financeira, no ponto de vista monetário, a adoção da Bioconstrução.
38
Nestas observações feitas, pode se atestar que os produtos usados nesta construção são
em sua maioria de origem natural, os produtos industrializados foram integrados na construção
de forma consciente, somente ao necessário. A origem dos materiais usados forma obtidos
quase em sua totalidade em áreas muito próximas a construção, até mesmo a fabricação dos
tijolos de adobe, material principal da obra.
Outro aspecto importante analisado sobre o conceito da bioconstrução é aplicabilidade
sob o aspecto da interação com o ambiente e da interação do usuário com a edificação, alguns
pontos importantes que se pretende alcançar é:
Uma boa eficiência energética, como iluminação natural;
Adequação bioclimática, levando em consideração o clima, os solos e a
vegetação do local da edificação;
Uso correto da água e tratamento dos efluentes.
Fazer um projeto aproveitando as oportunidades locais, como iluminação natural por
meio do posicionamento adequado de portas, janelas e outros artifícios que permitam a entrada
de luz solar (Figura 12) ou ainda, a circulação de ar se valendo dos ventos. A adequação
bioclimática favorece a integração à paisagem, uma casa bioconstruída podem propiciar um
impacto positivo no ambiente gerando pequenos nichos que criem microclimas desejados
(MAURICIO, 2018).
3 METODOLOGIA
3.1.1 Peneiramento
3.1.2 Sedimentação
n˚ 200. O material retido na peneira é transferido para uma cápsula e seco na estufa e então ele
é passado em um conjunto de peneiras. Por fim, pesam-se as proporções retidas em cada
peneira.
Para este ensaio, como ainda não existe uma norma regulamentadora brasileira para o
tijolo de adobe, foi utilizado uma dissertação como base para a realização do ensaio, escrito por
Pinheiro (2009), trata dos estudos das propriedades mecânicas do adobe com adição de fibras
de coco, este se baseia na norma peruana E.080 (2000).
Tijolo de Comprimento
Altura (cm) Largura (cm)
adobe (cm)
T1 11,4 14,2 15,0
T2 11,4 14,5 14,9
T3 11,0 14,5 15,2
T4 11,2 14,5 14,9
De acordo com Pinheiro (2009), são necessários alguns procedimentos antes do seu
início. Como a capeamento da amostra. Em primeiro se deve umedecer um papel molhado na
bancada de trabalho. Preparar uma argamassa de gesso, espalhando esta argamassa em uma
camada fina na superfície da bancada. Deve-se molhar levemente a superfície inferior do cubo
e assentá-lo sobre a argamassa, pressionando para que a mesma fique em toda a superfície do
cubo com uma espessura de cerca de 2 mm, retirar, cuidadosamente, o excesso de argamassa
que ficou fora do cubo. Aguardar a secagem das argamassas e repetir o processo na outra face
do cubo, nivelando sua face. Após a completa secagem das argamassas, depositar os corpos de
prova em uma estufa e esperar secar por 24 horas.
Depois de toda preparação das amostras, os corpos de prova já estão prontos para
serem ensaiados. Segundo Pinheiro (2009), o procedimento para o ensaio se dá com a retirada
das amostras da estufa. Em seguida, posiciona-se cada corpo de prova na máquina universal de
ensaios (Figura 14), realizando os ajustes necessários para aplicar o carregamento. Registram-
se então os resultados, concluindo assim o ensaio de resistência à compressão.
4 RESULTADOS E DISCURSÕES
Neste capítulo são mostrados os resultados obtidos através dos ensaios, para fim de
exposição e análise dos dados, estes resultados englobam os ensaios de granulometria e de
compressão mecânica simples nas amostras do material de adobe.
Através da análise granulométrica conjunta, realizada no Laboratório de materiais da
UniEvángelica, através de peneiramento e de sedimentação do solo que compõe o material de
adobe, se encontrou os dados que são apresentados nas seguintes tabelas.
Peneira % Massa de
Peso retido (g) Peso passado (g)
(mm) Passante
4,8 290 660,9 69,50 %
2,36 207 453,90 47,73 %
1,18 122 816,09 41,53 %
0,6 66 750,09 38,17 %
0,425 18 732,09 37,25 %
0,3 43 689,09 35,06 %
0,15 69 620,09 31,55 %
0,075 101 519,09 26,41 %
Tempo Leitura do
Temperatura (°C) % total de grãos
corrido densímetro (Ld)
30 s 25 1,033 26,83 %
1 min 25 1,033 26,83 %
2 min 25 1,033 26,83 %
4 min 25 1,032 25,97 %
8 min 25 1,031 25,10 %
15 min 25 1,031 25,10 %
30 min 25 1,03 24,24 %
1 hora 24 1,028 22,51 %
2 horas 24 1,027 22,51 %
4 horas 24 1,026 21,64 %
8 horas 24 1,024 20,77 %
24 horas 25 1,023 19,04 %
Através dos dados encontrados neste ensaio, pode se achar a classificação do solo do
material de adobe, analisada, como pode ser visto na Tabela 5. É relevante o conhecimento das
dimensões das partículas que compõem o solo, poiso comportamento mecânico do material de
adobe depende delas.
Os dados obtidos neste ensaio granulométrico conjunto, realizado com o solo, que
constitui o tijolo de adobe, usado na bioconstrução analisada, satisfaz algumas das
especificações de solo ideal para este tipo de método construtivo, como o teor de areia, argila e
silte. A alta porcentagem de pedregulho, provavelmente se dá pelo motivo de não tratarem a
50
terra colhida para a produção destes tijolos, pois na produção destes materiais, tentam diminuir
ao máximo as etapas de processo na fabricação.
Tratando dos resultados obtidos no ensaio de compressão simples, estes mostram de
uma forma geral os valores de resistência a compressão mecânica, que os tijolos de adobe
atingiram, verificando seu potencial como material de construção. Quatro amostras de tijolo de
adobe, foram submetidas ao ensaio, no laboratório de materiais da UniEvangélica.
Encontrando-se os seguintes dados.
No Brasil ainda não há normas que tratem de tijolos de adobe, porém há estudos que
podem orientar e dar paramentos a este tipo de material, um deles seria o controle de qualidade
através de resistência a compressão. De acordo com Barbosa e Ghavami (2010), para fins de
projeto, sugere-se característica à compressão dos adobes seja obtida a partir do ensaio de uma
série de adobes dada pela Equação:
𝐟𝐚𝐤 = 𝐟𝐚𝟏 + 𝐟𝐚𝟐 − 𝐟𝐚𝟑
Sendo 𝐟𝐚𝟏 , 𝐟𝐚𝟐 e 𝐟𝐚𝟑, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor
valor da série de tijolos ensaiados. Onde o valor mínimo aceitável para a resistência
característica é de 0,7 MPa.
Nos resultados obtidos, através do ensaio, os tijolos de adobe ensaiados atingiram uma
resistência característica de 1,6 MPa, de acordo com equação sugerida pela literatura.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 15270-1 (2005),
o estipulado para resistência à compressão dos blocos cerâmicos de vedação, devem atender
aos valores mínimos de 1,5 MPa para blocos com furos na horizontal e 3,0 para blocos na
vertical.
Com os resultados obtidos nos ensaios, pode – se notar que a resistência a compressão
que os tijolos de adobe superam os valores mínimos, segundo literatura, para materiais de
adobe, e consegue alcançar o mínimo de resistência, de tijolos cerâmicos, que atualmente são
os mais comumente usados.
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A superação dos impactos que o modelo de sociedade atual vem deixando ao meio
ambiente apresenta grandes desafios relacionados à sua sustentabilidade, durante a pesquisa
constatou que o setor da construção civil, que produz todo o ambiente construído,
consequentemente utiliza abundantemente dos recursos naturais não renováveis, desde a
matéria-prima natural que é necessária à construção até a energia que é consumida durante todo
o processo. Um dos maiores impactos que este setor causa, são os resíduos gerados nos
processos construtivos, que representam mais da metade dos resíduos descartados no meio
ambiente.
Nossa questão mais urgente é o gerenciamento inteligente dos recursos do planeta.
Uma atitude pacífica e estratégica deve ser adotada. Precisamos estimular práticas que
impulsionem o modo de produção e consumo seguirem uma direção mais sustentável. Essa
tendência de resistir à mudança e apoiar instituições estabelecidas em nome da identidade,
conforto, poder e lucro é completamente insustentável e só produz mais desequilíbrio,
fragmentação e destruição. É necessário redesenhar nossa cultura, nossos valores, baseada na
ética de cuidar da Terra, cuidar dos homens e compartilhar os excedentes, uma alternativa é nos
voltarmos ao passado, para os exemplos de construções com base no solo, seguindo caminhos
como a da Permacultura, que ousa acreditar na possibilidade de abundância para toda a
humanidade através do uso intensivo de todos os espaços, usando de métodos construtivos
como a Bioconstrução, através do aproveitamento e geração de energia, da reutilização ou
reciclagem de todos os produtos (acabando assim com a poluição) e através da cooperação entre
os homens para resolver os grandes problemas que hoje assolam o planeta.
Este trabalho buscou, não só abordar o tema da sustentabilidade, mas trazer opções
alternativas viáveis em contraponto aos métodos usados comumente e que podem ser nocivos
de certa maneira. Na observação da habitação construída através do conceito de Bioconstrução,
mostrada neste trabalho, foi possível ver a viabilidade de se construir usando métodos
construtivos que buscam usar de recursos naturais, e no processo de construção, uso e
manutenção, causar o menor impacto possível no meio ambiente. O uso de solo, geralmente
usado nestes métodos construtivos, foi o material natural usado na construção da habitação
mostrada, construída com tijolos de adobe, buscamos fazer a análise deste material, sua
composição e sua resistência mecânica, as amostras avaliadas atingiam uma resistência
mecânica de 1,6 MPa, resistência essa que supera o mínimo esperado para tijolos de adobe, e
praticamente se iguala ao mínimo exigidos de tijolos cerâmicos convencionalmente usados, isto
53
serve para mostramos a potencial que estes materiais utilizados em métodos construtivos
sustentáveis como a Bioconstrução, tem grandes potencial comparadas aos métodos comuns,
dessa forma o trabalho espera colaborar para o renascimento de técnicas sustentáveis, que passa
por necessidade de aprofundamentos técnicos e normatização, mínima que seja e pela quebra
de preconceito que existe em torno do uso de materiais naturais na construção civil.
54
REFERÊNCIAS
ABIKO. A. K. Solo-cimento tijolos, blocos e paredes monolíticas. In: Construção. São Paulo,
1983 apud GRANDE, Fernando M. Fabricação de Tijolos Modulares de solo-cimento por
prensagem manual com e sem adição de sílica ativa. 2003. p. 180. Dissertação (Mestrado
em arquitetura) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.
CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. PIB Brasil e Construção Civil. 2018.
Disponível em: <http://www.cbicdados.com.br/menu/pib-e-investimento/pib-brasil-e-
construcao-civil>. Acesso em: 21 mai. 2018.
CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. CUB Médio Brasil – Custo Unitário
básico de construção por m². Disponível em: <http://www.cbicdados.com.br/menu/custo-da-
construcao/cub-medio-brasil-custo-unitario-basico-de-construcao-por-m2>. Acesso em: 23 de
abr de 2019.
ITS. Instituto de Tecnologia Social Brasil. O que é tecnologia social. 2019. Disponível em:
<http://itsbrasil.org.br/conheca/tecnologia-social/>. Acesso em: 02 de abr de 2019.
LIMA, Anielly Iasmin N.; CRUZ, Caio B.; SILVA, Érica De L. Impactos Provocados no
Meio Ambiente Pelo uso da Madeira na Construção Civil. Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, Anápolis, edição 03. Ano 02, v. 01. p. 116-135,
2017. Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/madeira-
na-construcao-civil?pdf=8579>. Acesso em: 23 maio 2018.
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1048/1/CT_EPC_2012_2_09.PDF>.
Acesso em: 23 maio de 2018.
MENESES, André. Çatal Höyük e Jericó umas das cidades mais antigas do mundo. Mundo
da Engenharia, São Paulo, 2018. Disponível em: <http://mundoengenharia.com.br/catal-hoyuk-
e-jerico-umas-das-cidades-mais-antigas-do-mundo/>. Acesso em: 27 maio 2018.
PINHEIRO, R., Estudo da resistência do tijolo de adobe com adição de fibras de coco verde
para habitações de baixo custo. 2009. P 59. Dissertação (Graduação em Engenharia Civil) –
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
SJÖSRRÖM, C. Service life of the building. CIB: Tel Aviv, 1996. v. 2, p. 6-1; 6-11 apud
JOHN, Vanderley M. Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuição à
metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. p. 113. Tese (Livre Docência). –
Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construção
Civil, São Paulo.
58
UNEP. United Nations Environment Programme. Como o nosso uso de recursos naturais
ameaça o planeta. 2018. Disponível em: <www.unep.org/resourcepanel>. Acesso em: 21 maio
2018.