TCC - Bioconstrução Como Alternativa Construtiva

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UNIEVANGÉLICA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIELA KARINE LEÃO DA SILVA


SAMUEL GOMES PEREIRA

BIOCONSTRUÇÃO COMO ALTERNATIVA CONSTRUTIVA

ANÁPOLIS / GO

2019
GABRIELA KARINE LEÃO DA SILVA
SAMUEL GOMES PEREIRA

BIOCONSTRUÇÃO COMO ALTERNATIVA CONSTRUTIVA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIEVANGÉLICA

ORIENTADOR: EDUARDO MARTINS TOLEDO

ANÁPOLIS / GO: 2019


FICHA CATALOGRÁFICA

SILVA, GABRIELA KARINE LEÃO DA/ PEREIRA, SAMUEL GOMES.

Bioconstrução como alternativa construtiva.

60P, 297 mm (ENC/UNI, Bacharel, Engenharia Civil, 2019).

TCC - UniEvangélica

Curso de Engenharia Civil.

1. Bioconstrução 2. Sustentabilidade
3. Adobe 4. Métodos construtivos
I. ENC/UNI II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SILVA, Gabriela Karine Leão da; PEREIRA, Samuel Gomes. Bioconstrução como alternativa
construtiva. TCC, Curso de Engenharia Civil, UniEvangélica, Anápolis, GO, 60p. 2019.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Gabriela Karine Leão da Silva
Samuel Gomes Pereira

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:


Bioconstrução como alternativa construtiva.
GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2019
É concedida à UniEvangélica a permissão para reproduzir cópias deste TCC e para
emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor
reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste TCC pode ser reproduzida sem a
autorização por escrito do autor.

___________________________________ ___________________________________
Gabriela Karine Leão da Silva Samuel Pereira Gomes
E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]
GABRIELA KARINE LEÃO DA SILVA
SAMUEL GOMES PEREIRA

BIOCONSTRUÇÃO COMO ALTERNATIVA CONSTRUTIVA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CURSO DE


ENGENHARIA CIVIL DA UNIEVANGÉLICA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL

APROVADO POR:

_________________________________________
EDUARDO MARTINS TOLEDO, mestre (UniEvangélica)
(ORIENTADOR)

_________________________________________
NOME DO MEMBRO DA BANCA, (UniEvangélica)
(EXAMINADOR INTERNO)

_________________________________________
NOME DO MEMBRO DA BANCA, (UniEvangélica)
(EXAMINADOR INTERNO)

DATA: ANÁPOLIS/GO, 03 de maio de 2019.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por toda a vida criada, que é tão complexa e simples ao mesmo
tempo, que move e inspira a novas experiências, aprendizados, reflexões, que nos leva a
transcender. Agradeço a minha mãe, exemplo de ser humano, geradora constante de amor, a
meus irmãos que são presentes em minha vida, a meu namorado e parceiro, e aos amigos por
serem fonte de força, apoio e inspiração.
Agradeço por todo auxilio que obtive para complementar este trabalho, aos
incentivadores da Bioconstrução, da minha cidade, Alexânia, Goiás, o qual fazem toda
diferença, tornando o mundo um lugar melhor.

Gabriela Karine Leão da Silva


AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus por proporcionar a oportunidade de me tornar


Engenheiro Civil e por não me deixar desamparado em momento algum. Agradeço minha
mãezinha, pela mulher maravilhosa e guerreira que é e sempre deu seu melhor em prol de
felicidade e realização pessoal, não se ausentando em nenhum momento meu de fraqueza e
desânimo. Agradeço também meu grande irmão Lucas, sem dúvida um grande homem no qual
me inspiro e tenho grande orgulho e admiração. Agradeço meu irmão Kleber que sempre me
incentivou a trilhar o caminho dos estudos e dos e do aprendizado, assim como, deu todo suporte
paternal e criou boas referências de conduta e disciplina para minha evolução pessoal. Agradeço
minha companheira Jéssica, por não me deixar desanimar em nenhum momento e me apoiar
nos momentos difíceis. Por fim, agradeço aos meus amigos Gabriela, Thales, Vinicius, Diego,
Luiz e Andressa, companheiros de jornada, sem dúvidas, bastante árduo e cansativa, a esses
amigos, aos quais tenho grande estima deixo meus sinceros agradecimentos por fazerem dos
dias difíceis mais felizes, criando estímulos para seguir em frente.

Samuel Pereira Gomes


RESUMO

Hoje o conceito de sustentabilidade está difundido nos mais variados campos da sociedade, e a
construção civil é um dos principais temas no que tange à sustentabilidade. O presente trabalho
tem como foco a bioconstrução como forma alternativa as construções convencionais, em
resposta aos impactos causados atualmente pela indústria da construção. A bioconstrução faz
uso de materiais e soluções tecnológicas que visam o reaproveitamento, conforto e economia
das matérias primas naturais e locais. Este trabalho buscou de forma objetiva conhecer através
da pesquisa bibliográfica, a contextualização da sustentabilidade no âmbito da construção civil,
reconhecer o impacto que este setor causa no meio ambiente e apresentar o conceito e práticas
envolvidas na bioconstrução, sendo apresentado uma habitação construída com conceitos
bioconstrutivos que mostra o uso de materiais com baixo impacto ambiental, onde nota-se o
bom aproveitamento dos recursos naturais encontrados na região onde está inserida a obra
aliados aos processos artesanais empregados ao projeto, cumprindo os critérios de
aplicabilidade deste método construtivo, possibilitando assim o sucesso ambiental da obra. E
através de ensaios laboratoriais foi analisado o material usado na construção da habitação com
conceito de bioconstrução, o tijolo de adobe foi submetido a análise de sua composição, que é
essencial para fazer as características de resistência, para que pudesse verificar seu potencial
como alternativa aos materiais usados comumente. O material de adobe analisado de uma
habitação construída através do conceito de bioconstrução alcança até 1,6 MPa de resistência,
mostrando que o método construtivo e os materiais de viés sustentável, são alternativas viáveis
para a construção civil contemporânea.

PALAVRAS-CHAVE:
Sustentabilidade. Bioconstrução. Métodos Construtivos. Adobe.
ABSTRACT

Today the concept of sustainability is widespread in the most varied fields of society, and civil
construction is one of the main themes in terms of sustainability. The present work focuses on
the bioconstruction as an alternative to conventional constructions, in response to the impacts
currently caused by the construction industry. Bioconstruction makes use of materials and
technological solutions that aim at the reuse, comfort and economy of natural and local raw
materials. This work aimed to know, through bibliographic research, the contextualization of
sustainability in the field of civil construction, to recognize the impact that this sector causes in
the environment and to present the concept and practices involved in the bioconstruction,
presenting a housing built with bioconstructive concepts which shows the use of materials with
low environmental impact, where it is noted the good use of the natural resources found in the
region where the work is inserted allied to the artisanal processes employed in the project,
fulfilling the criteria of applicability of this constructive method, thus enabling success
environmental performance of the work. And through laboratory tests was analyzed the material
used in the construction of housing with concept of bio-construction, the adobe brick was
subjected to analysis of its composition, which is essential to make the resistance
characteristics, so that it could verify its potential as an alternative to materials commonly used.
The adobe material analyzed from a housing built through the concept of bioconstruction
achieves up to 1.6 MPa of resistance, showing that the constructive method and sustainable bias
materials are viable alternatives for contemporary civil construction.

KEYWORDS:
Sustainability. Bioconstruction. Constructive Methods. Adobe.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comparação do consumo de materiais naturais per-capta em nível mundial. ......... 24


Figura 2 - Cadeia Produtiva da Construção Civil simplificada. ............................................... 25
Figura 3 - Composição média dos materiais de RCC de obras no Brasil. ................................ 28
Figura 4 - Estimativa de geração de RCC em alguns países. ................................................... 29
Figura 5 - Cidade de Jericó, Cidade de Çatal Huyuk. .............................................................. 30
Figura 6 - Mesquita em Mali. ................................................................................................... 31
Figura 7 - Mapa de distribuição geográfica de arquitetura de terra.......................................... 31
Figura 8 - Blocos de Adobe sendo moldados. .......................................................................... 34
Figura 9 - Casa contruida com base em argila, areia e palha . ................................................. 38
Figura 10 - Casa no Distrito de Olhos d' Água de adobe. ........................................................ 40
Figura 11 - Habitação construída através da Bioconstrução. ................................................... 41
Figura 12 - Teto com iluminação natural. ................................................................................ 42
Figura 13 - Ensaio de granulometria conjunta. ........................................................................ 45
Figura 14 - Preparação da amostra para o ensaio. .................................................................... 46
Figura 15 - Amostra na máquina universal de ensaios. ............................................................ 47
Figura 16 - Gráfico da análise granulométrica conjunta. ......................................................... 49
Figura 17 - Gráfico obtido no ensaio de compressão simples. ................................................. 50
LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Série de peneiras utilizadas ..................................................................................... 44


Tabela 2 - Medidas das amostras de adobe. ............................................................................. 46
Tabela 3 - Análise granulométrica por peneiramento. ............................................................. 48
Tabela 4 - Análise granulométrica por sedimentação. ............................................................. 48
Tabela 5 - Classificação segundo ABNT. ................................................................................ 49
Tabela 6 - Resultado do ensaio de compressão simples. .......................................................... 50
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLA

CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável


CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CRATerre Centro Internacional da Construção com Terra
UNEP United Nations Environment Pregremme
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ITS Instituto de Tecnologia Social
IPEC Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
PRNS Política Nacional de resíduos
PIB Produto Interno Bruto
RCC Resíduo da Construção Civil
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
BTC Bloco de Terra Comprimida
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
PCA Portland Cement Association
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 16
1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 16
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 19


2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL SUSTENTÁVEL .................................................................... 19
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................ 22
2.3 CONSTRUÇÃO COM TERRA ..................................................................................... 30
2.4 TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO COM O USO DO SOLO ......................................... 32
2.4.1 Construção com adobe ............................................................................................. 33
2.5 BIOCONSTRUÇÃO ...................................................................................................... 35
2.5.1 Aplicabilidade em uma habitação ........................................................................... 39

3 METODOLOGIA.............................................................................................................. 43
3.1 ENSAIO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA .......................................................... 43
3.1.1 Peneiramento ............................................................................................................ 43
3.1.2 Sedimentação ............................................................................................................ 44
3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA À COMPRESSÃO DO ADOBE ............. 45
3.2.1 Preparação da amostra ............................................................................................ 45
3.2.2 Ensaio de Resistência Mecânica a compressão ...................................................... 47

4 RESULTADOS E DISCURSÕES .................................................................................... 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 52

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54
14

1 INTRODUÇÃO

A utilização intensiva de recursos naturais para a produção de materiais e produtos


para suprir as necessidades humanas tem se mostrado crescente nas últimas décadas, em
especial na construção civil que utiliza grande quantidade tanto de matéria prima, quanto de
recursos financeiros. Em virtude disso, o desenvolvimento sustentável tem sido discutido
recorrentemente em alguns setores da construção, buscando estratégias que possam envolver
uma visão ecológica, social e econômica, sendo difundido métodos construtivos mais
ecológicos e que causem pouco impacto ambiental.
Sendo a construção civil um dos ramos de maior crescimento, existe grande
preocupação com os impactos ambientais que esse setor pode causar, segundo publicação do
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS, 2014) a indústria da construção civil
utiliza mais da metade dos recursos naturais extraídos do planeta na produção e manutenção do
ambiente construído. E visando diminuir esses impactos, a indústria da construção civil tem
utilizado tecnologias que dão prioridade ao uso de recursos mais sustentáveis, podendo aliar o
desenvolvimento econômico à preservação do meio ambiente.
E é nesse contexto contemporâneo da construção civil, voltado para sustentabilidade,
que técnicas e métodos construtivos começam a ganhar visibilidade, como o caso do conceito
de Bioconstrução, segundo definição do Ministério do Meio Ambiente (2008) este tipo de
método consiste na construção de ambientes sustentáveis que tragam por meio de baixo impacto
ambiental, adequação da arquitetura ao local e o uso materiais naturais e reutilização de
resíduos. Nestes termos, a Bioconstrução se encaixa como uma ferramenta de tecnologia social,
agregando como um Conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e
aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções. Este
modelo construtivo contrapõe as tendências da Construção Civil convencional, na qual os
materiais utilizados, geralmente, são provenientes de processos de fabricação complexos que
demandam grande quantidade de energia e produzem diversos resíduos.
Nesse sentido, do conceito de Bioconstrução, técnicas e materiais naturais estão sendo
reintroduzidas no intuito de economizar recursos de qualquer fonte e contribuir, assim, para a
sustentabilidade. Uma matéria-prima natural, que causa pouco impacto ambiental e que pode
ser amplamente empregada na construção de moradias populares é o solo. Por ser um material
de baixo custo, e de fácil obtenção na maioria das localidades o solo sempre teve papel
importante na arquitetura ao longo da história.
15

Dentre as principais técnicas construtivas que utilizam o solo, temos os tijolos de adobe
que geram uma menor quantidade de resíduos e tem suas matérias-primas encontradas de forma
abundante. O processo construtivo é simples e de baixo custo e baseia-se em uma mistura de
solo, água, compactada e curada à sombra. Segundo Motta et al. (2014) um dos benefícios da
adoção desse tipo de tijolos de solo, é a redução de custos, do consumo de água, da energia,
além de propulsar o desenvolvimento de novos produtos que contribuam para o mercado e para
a diminuição da poluição.
Fazendo uma reflexão em torno da interação da sociedade e meio ambiente, nos leva
a compreender a importância e a necessidade de pesquisas e ações frente aos grandes desafios
e mudanças de origens complexas que as cidades enfrentam, nas últimas décadas, relacionados
à sua sustentabilidade. Por isso este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão bibliográfica
sobre a relevância de se adotar medidas sustentáveis no mundo atual, apresentando o conceito
de Bioconstrução, seus aspectos e contribuições como método construtivo, descrevendo uma
habitação construída través deste conceito, e analisando o material usado para a edificação desta
construção, mostrando o potencial do material utilizado neste tipo de método, difundindo assim
a Bioconstrução para fazer frente aos métodos convencionais de construção, na busca de
minimizar cada vez mais os impactos nocivos na construção civil.

1.1 JUSTIFICATIVA

Devido a crescente necessidade de técnicas e materiais alternativos e sustentáveis na


área da construção civil, para que se minimizem os impactos causados aos longos dos anos, se
faz imprescindível o desenvolvimento de técnicas construtivas e materiais que causem baixo
impacto ambiental e que tenham baixo custo, como é o caso do solo, que pode ser substituído
pelos materiais convencionais na área da construção civil.
Sendo de suma importância procurar soluções que reflitam a diversidade dos contextos
socioeconômicos e ecológicos, multiplicando, assim, as opções de rumos para o
desenvolvimento, este trabalho se justifica, pois, trará reflexões sobre o modelo de construção
civil atual que causa tantos danos ambientais. Esta pesquisa contribuirá com informações
importantes em relação a técnicas que possam minimizar ou eliminar esses impactos negativos
causados por esse seguimento. O presente trabalho pretende voltar os estudos para a
bioconstrução, que é um método utilizado na construção civil que engloba técnicas que visam
a construção de casas ecológicas e sustentáveis, através de materiais de impacto ambiental
mínimo, mostrando o uso deste conceito em uma construção real, abordando o material de
16

adobe, utilizado nessa construção, mostrando suas características como material alternativo aos
materiais convencionais mais usados, sendo ainda muito necessário a difusão e estudos destes
materiais.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O trabalho desenvolvido irá abordar o conceito de Bioconstrução fazendo a observação


de uma construção e analisando o material utilizado nesta construção: Adobe, verificando seu
potencial para ser usado como opção construtiva sustentável.

1.2.2 Objetivos específicos

Para a obtenção dos objetivos gerais, serão realizados estudos e procedimentos


específicos. Dentre eles, destacam-se:

- Elencar a relevância da sustentabilidade no atual cenário da construção civil,


elucidando a relevância das Biocontruções, como opção de construções sustentáveis.
- Mostrar a aplicabilidade do conceito de bioconstrução em uma casa construída.
- Realizar no material coletado: ensaios granulométricos para sua classificação e
verificar através de ensaios de resistência mecânica a compressão, se o material utilizado:
adobe, pode atender a construção civil.

1.3 METODOLOGIA

Com o intuito da concretização dos objetivos propostos, desenvolveram-se algumas


atividades para poder embasar a viabilidade do uso de materiais usados na bioconstrução, no
cenário atual da construção civil.
Com o auxílio de pesquisa bibliográficas, foi abordado o contexto da sustentabilidade
na construção civil, os aspectos dos impactos ecológicos que esse setor exerce, o consumo dos
recursos naturais e descarte dos materiais no ambiente e grande fluxo de resíduos produzidos
pela indústria. E ainda visando a emergência de um setor sustentável, a utilização do solo para
17

fabricação de materiais ecologicamente viáveis, sendo possível através do aporte literário de


dissertações, teses, artigos científicos, publicações e Leis.
Além disso, também foi feito uma observação no distrito de Olhos d’ Água, Alexânia,
Goiás, onde se encontra casas construídas com o conceito de bionconstruções, no local foi
analisada, uma residência unifamiliar, construída principalmente com adobe.
E através de ensaios laboratoriais, desempenharam-se ensaios de granulometria. Estes
classificam a textura do solo e, consequentemente, analisam o solo do qual era constituído o
adobe, na região onde o solo foi coletado, logo após realizaram-se no laboratório de materiais
de construção civil, ensaios de resistência mecânica a compressão do material de adobe, para a
verificação da potencialidade do material para ser usado na construção.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho contém cinco capítulos no qual dão aporte e embasamento para
justificar a relevância do tema escolhido.
O primeiro capitulo é a introdução que tem como objetivo apresentar o tema ao leitor,
contextualizar, justificar e proporcionar o conhecimento objetivo dos problemas analisados,
neste capitulo também se encontra as metodologias usadas para a obtenção dos objetivos
apresentados.
A partir do segundo capitulo inicia-se a revisão bibliográfica, começando pela
apresentação do tema acerca da Construção Civil Sustentável, trazendo a contextualização dos
primeiros passos da sociedade para a conscientização da necessidade da preservação do meio
ambiente em que vivemos, dando especial atenção aos diversos impactos que o setor da
construção civil exerce sobre o ambiente em que vivemos. Também se fala sobre o uso do solo
como elemento construtivo durante toda a história da humanidade e a viabilidade do seu uso
sustentável, ainda dando referência teórica ao trabalho temos a apresentação da Bioconstrução
como método construtivo sustentável e de baixo impacto ambiental, justificando a necessidade
da difusão acerca do assunto e sua relevância para menores danos ao meio ambiente.
Já no terceiro e quarto capitulo começa a abordagem empírica do trabalho, onde é
exposto os materiais e métodos que constituem as experiências e ensaios promovidos pelo autor,
baseado em estudos anteriores relacionados ao mesmo tema, nestes capítulos é apresentado os
materiais e equipamentos utilizados, realização dos ensaios e amostras dos resultados obtidos e
debate sobre os indicativos alcançados.
18

No quinto capitulo apresenta-se as conclusões encontradas durante a elaboração do


trabalho e possíveis sugestões para futuras pesquisas.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL SUSTENTÁVEL

A história mostra que a construção civil sempre existiu para atender as necessidades
básicas e imediatas do homem sem preocupação com técnicas aprimoradas em um primeiro
momento, e sendo o homem dinâmico e capaz de produzir e transformar continuamente suas
técnicas através de aperfeiçoamento e estudo contínuo dos resultados, proporcionou assim que
ao longo do tempo a construção civil fosse responsável pela transformação do ambiente natural
no ambiente construído, o qual precisa ser permanentemente atualizado e mantido.
Esse ambiente construído implica em grandes impactos ambientais onde dependem de
toda uma cadeia produtiva, como extração de matérias primas, produção e transporte de
materiais, concepção e execução de projetos, uso e manutenção e ao final da vida útil, a
demolição, além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles
associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Todas essas etapas envolvem
recursos ambientais, econômicos e tem impactos sociais que atingem cidadãos, empresas e
órgãos governamentais, por isso a sustentabilidade nesse setor depende de soluções me todos
os níveis.
Pelo menos desde de 1960 começaram a se colecionar evidências de que o modelo de
desenvolvimento vigente apresentava problemas (AGOPYAN; JOHN, 2011). Ao decorrer das
décadas, os problemas ambientais se tornavam mais notórios, e foi a partir daí que vários outros
relatórios foram elaborados todos com o mesmo fundamento: preservar o meio ambiente. Para
isso havia a necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista. E somente na década de
1970 que o conceito de Desenvolvimento Sustentável é apresentado pela primeira vez,
formulado pela Comissão de Brundtland, comissão criada pela Organização das Nações Unidas,
em 1983, e presidida pela primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland, onde se originou um
relatório no ano de 1987, propondo um padrão de uso de recursos naturais que atendesse as
atuais necessidades da humanidade, preservando o meio ambiente, de modo que as futuras
gerações poderiam também atender suas necessidades.
E foi a partir de 92 que o conceito de sustentabilidade se firmou, com a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92,
que foi realizada em junho de 1992. Sediada no Rio de Janeiro, encontro que reuniu
representantes de 175 países e de Organizações, sendo considerado o evento ambiental mais
20

importante do século XX, a Rio 92 foi a primeira grande reunião internacional realizada após o
fim da Guerra Fria. Como consequência três convenções: uma sobre Mudança do Clima, sobre
Biodiversidade e uma Declaração sobre Florestas. E a aprovação da Declaração do Rio e a
Agenda 21, sendo esta última a de maior influência no mundo sobre todas as áreas, reforçando
o movimento ambientalista. Em 2012, houve o marco dos vinte anos da Rio 92, foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro/Brasil),
conhecida como Rio+20.
Mesmo com as discussões sobre desenvolvimento sustentável se tornando tão
pertinentes, foi só em meados de 1990, Segundo Agopyan e Jonh (2011) que a construção civil
foi colocada como uma indústria com sérios problemas de sustentabilidade. Um dos primeiros
eventos científicos internacionais organizados especificamente para discutir construção
sustentável, First International Conference on Sustainable Construction, que ocorreu em 1994
em Tampa, Flórida. O evento foi um alerta, cuja pauta foi o futuro das construções envolvendo
a sustentabilidade e durante a qual foram feitas várias propostas objetivando a definição do
conceito de construção sustentável. A principal preocupação deste novo conceito baseia-se em
contribuir para a preservação do meio ambiente, o respeito pelos recursos naturais e a qualidade
de vida do ser humano.
Neste âmbito internacional a contribuição do Conselho Internacional para pesquisa e
inovação na edificação e na construção – International Council for Research and Innovation in
Building and Constructional (CIB) – para o tema foi muito significativa, foi em um congresso
organizado pelo CIB, na cidade de Gävle, Suécia, que culminou no lançamento do texto da
Agenda 21 on sustainable construction (Agenda 21 para a construção sustentável) em 1999,
traduzido para o português no ano o seguinte, com o apoio de outros organismos internacionais
de construção civil, tornou-se um documento de caráter universal. Um dos objetivos da Agenda
21 é a de servir, inicialmente, como um alerta a todos os setores da Indústria da Construção
Civil dos problemas ambientais com que interagem a da urgência em programar ações eficazes
para combatê-los. O texto também serve como orientação para a formulação de diretrizes,
políticas e normativas para todos os setores, a fim de que elas se tornem mais favoráveis,
pretendendo chegar à construção sustentável.
É certo que os problemas principais de sustentabilidade são globais e servem para
todos os países. No entanto, as prioridades sociais e ambientais, bem como os recursos
disponíveis, são diferentes. Procurando contribuir com os países em desenvolvimento
destacando essa abordagem de forma mais direta, o CIB patrocinou, juntamente com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – United Nations Environment Pregremme
21

(Unep) – a elaboração de um texto mais apropriado, elaborado por profissionais da África do


Sul, da Índia e do Brasil, a Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em
Desenvolvimento – Um documento para Discussão) seria uma proposta de uma agenda de
pesquisa para promover a sustentabilidade na construção local, bem como contribuir para
divulgar o conhecimento dessa abordagem, mostrando que a sustentabilidade pode ser viável,
mesmo em países com economia não consolidada.
Entrando no cenário brasileiro, de acordo Agopyan e Jonh (2011) os conceitos de
sustentabilidade na Construção Civil chegaram ao pais com um certo atraso. O Departamento
de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, promoveu um Simpósio, que
pode ser considerado um marco inicial da preocupação sobre construção sustentável no Brasil,
no qual, pela primeira vez, o tema foi abordado de maneira ampla. As conclusões do texto são
similares aos demais mas destaca-se a necessidade de um esforço coletivo, com redes sinérgicas
entre os setores da construção e suas entidades representativas, e incluindo também o governo.
Ainda no Brasil, ainda em resposta a preocupação acerca do tema, foi que em 2007 foi
criado o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) com o objetivo de contribuir
para a geração e difusão de conhecimento e de boas práticas de sustentabilidade na construção
civil. Adota uma visão sistêmica da sustentabilidade, com foco no setor da construção civil e
suas inter-relações com o setor financeiro, o governo, a academia e a sociedade civil.
Adicionalmente, a entidade se relaciona com importantes organizações nacionais e
internacionais que se dedicam ao tema, sob diferentes perspectivas, a partir da ótica ambiental,
de responsabilidade social e econômica dos negócios (CBCS, 2018). Lançando subsídios para
a promoção da construção civil sustentável, juntamente com o governo e outras organizações
ambientais.
Indubitavelmente, o setor da construção civil tem papel fundamental para a realização
dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável. No que diz respeito a desenvolvimento
sustentável, o conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para ir de encontro a
sustentabilidade econômica e social, que mostra a importância de dar valor à qualidade de vida
dos indivíduos e das comunidades. Os desafios para o setor da construção no Brasil e no mundo
são diversos, em resumo, basicamente se apoiam na redução e otimização do consumo de
materiais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do meio ambiente natural
e na melhoria da qualidade do ambiente construído, é possível encontrarmos segundo o
Ministério do Meio Ambiente (2018), as seguintes recomendações:
22

 Mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos


flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso e atendimento de
novas necessidades, reduzindo as demolições;
 Busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias
renováveis;
 Gestão ecológica da água;
 Redução do uso de materiais com alto impacto ambiental;
 Redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para
diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.
E ainda há vários problemas no âmbito nacional, que seria a construção e o
gerenciamento do ambiente construído, que devem ser encarados dentro da perspectiva de ciclo
de vida.
O tema da construção sustentável caminha para duas direções distintas. De um lado,
pesquisas em tecnologias alternativas disseminam o resgate de materiais e tecnologias
vernáculas com o uso da terra crua, da palha, da pedra, entre outros materiais naturais, pouco
processados e para serem organizados em ecovilas e comunidades alternativas. De outro lado,
empresários apostam em empreendimentos ecológicos, com as certificações, tanto na
edificação quanto urbano. No entanto, muito edifícios que recebem o rótulo de ecológicos
refletem apenas esforços para reduzir a energia incorporada e são, em muitos outros aspectos,
convencionais, tanto na aparência quanto no processo construtivo. É preciso analisar e
questionar os benefícios que estes rótulos dados a esses empreendimentos, que são
desenvolvidos para outra realidade podem trazer, especialmente para países como o Brasil que
ainda não resolveram seus problemas mais básicos como pobreza e desigualdade social.
A construção sustentável no Brasil já é um tema bem discutido, tanto nas lideranças
empresariais quanto na academia. Os órgãos governamentais que se mostram a retaguarda do
tema, falta ainda, ao pais, que os princípios da construção sustentável sejam de fatos colocados
efetivamente em pratica pelo governo (AGOPYAN; JOHN, 2011).

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Todo setor da economia depende do fluxo constante de materiais, em um ciclo que


começa na extração de matérias-primas naturais, e segue sucessivas etapas de transformações
industrias, transporte, montagem, manutenção e desmontagem final.
23

A vida moderna está demanda enormes quantidades de materiais e cresce cada vez
mais. Atualmente são extraídos cerca de 60 bilhões de toneladas de matérias-primas naturais
(AGOPYAN; JOHN, 2011), esse ritmo extrativo não pode ser mantido indefinidamente, pois
vivemos num sistema fechado, que é a Terra, a extinção dos recursos naturais é um problema
que vem sendo discutido constantemente, e atualmente buscam-se meios que possam evitar esse
fim.
Apesar de em 2017, o setor da construção civil ter apresentado a maior queda dos
últimos tempos ainda sim, segundo a Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC,
2014), o setor representa em torno de 6 % de todo o PIB Brasileiro. Esta porcentagem reflete o
grande papel que o setor tem diante a economia brasileira e na sua função de proporcionar o
ambiente construído.
Sendo, portanto, a construção civil um dos maiores na economia, produz todo o
ambiente construído, consequentemente utiliza abundantemente dos recursos naturais não
renováveis, desde a matéria-prima natural que é necessária à construção até a energia que é
consumida durante todo o processo. Segundo Sjöström (1996, apud JOHN, 2000) estima-se que
a construção civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos no planeta.
O ambiente construído, tem enorme extensão e não pode ser miniaturizado. A sua
construção demanda uma enorme quantidade de materiais. O cimento Portland é o material
artificial de maior consumo pelo homem (AGOPYAN; JOHN, 2011) sendo atualmente uma
quantidade superior ao consumo de alimentos, como pode-se ver na Figura 1, onde foram
compilados pelos autores dados de várias fontes para a elaboração do comparativo.
Como o cimento não é utilizado isoladamente, mas em combinação de grandes
quantidades de agregados e água, ainda segundo Agopyan e Jonh (2011) cerca de 1/3 dos
recursos no Brasil vão para a produção de materiais cimentícios.
Este volume de matérias compreende somente aos materiais que chegam até o canteiro,
a inclusão dos resíduos gerados nas indústrias e extração de matérias-primas destinadas a
fabricação dos materiais e componentes para a construção civil aumentaria em muito o volume.
A melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de volume
proporcionalmente inferior de recursos naturais é certamente o maior desafio da construção
civil. Um dos desafios do futuro é desmaterializar a construção, reduzindo os impactos
ambientais. Este desafio exigirá do setor um grande esforço de inovação.
24

Figura 1 - Comparação do consumo de materiais naturais per-capta em nível mundial.

FONTE: Adaptação de AGOPYAN; JOHN, 2011.

A melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de volume


proporcionalmente inferior de recursos naturais é certamente o maior desafio da construção
civil. Um dos desafios do futuro é desmaterializar a construção, reduzindo os impactos
ambientais. Este desafio exigirá do setor um grande esforço de inovação.
O consumo de materiais é proporcional a grande quantidade de resíduos gerada, o que
chamamos de resíduos da construção civil (RCC) é apenas uma parcela do que toda a cadeia
produtiva gera. Cada processo de mineração ou industrial que alimenta a atividade de
construção e manutenção contribui para o todo.
A construção civil é um ramo que está sempre crescendo, pois existe sempre uma
demanda por construções de residências, estradas, indústrias, etc. O que torna claro que as ações
desenvolvidas por essas empresas são, também, essenciais à população, ao desenvolvimento
das cidades, e para a economia do país. No entanto, a construção civil gera inúmeros impactos
ao meio ambiente, desde as etapas necessárias a construção, até sua demolição. E todo produto
ao longo de seu ciclo de vida, mesmo os naturais como rochas, o solo e a madeira, exerce
diferentes impactos no ambiente, não existem materiais que não tenham qualquer impacto
ambiental.
O conjunto de processos que acompanha a construção civil acaba por fazer parte de
importantes impactos ambientais que degradam significativamente a qualidade de vida do
ambiente urbano, a cadeia de ações que geram esses impactos ambientais, apresenta-se na
Figura 2, um esquema geral da cadeia produtiva da construção civil, que se divide em duas:
produção de materiais de construção e construções de edificações, esta subdividida em reforma
e demolição, ambas tendo o setor de materiais de construção como início de seu processo
25

produtivo, e em consequência a produção de RCC, e tendo como seu último aspecto os


impactos ambientas, este último, na verdade, sendo desencadeado por todo o processo desde o
início.
A influência do impacto de cada material depende de condições locais, como: detalhes
do processo produtivo, natureza do combustível utilizado, distâncias e modalidades de
transporte, detalhes de projeto, condições de exposição durante o uso, manutenção e práticas a
serem adotadas após a vida útil dos materiais.

Figura 2 - Cadeia Produtiva da Construção Civil simplificada.

FONTE: Adaptação de KARPINSK et al, 2009.

A partir da percepção do nível dos desgastes ambientais, faz-se necessário trabalhar


um projeto de desenvolvimento global, mesmo que regional, que contemple a dimensão
ambiental no sentido de conceber um novo e mais eficaz método de administrar os recursos do
ambiente para aquela região.
Um dos impactos a ser citado é o consumo de energia, na construção e na obtenção
dos materiais, particularmente os edifícios desde a construção até sua fase de uso, as cidades
edificadas consomem entre 60% e 80% de toda a energia global (UNEP, 2018). Outros fatores
importantes que influenciam na energia incorporada nos materiais é a distância e o meio de
transporte. O conteúdo de energia por unidade de materiais não constitui um indicador do
impacto ambiental, porque existe diferença de eficiência entre os diferentes materiais para a
mesma função. Aspecto considerado também é que diferentes materiais vão apresentar
diferentes durabilidades. Desta forma a durabilidade elevada pode compensar o levado
consumo de energia e vice-versa.
São vários os impactos listados, dentre os mais discutidos estão os efeitos das obras de
construção e de extração de matérias primas na destruição da flora, fauna, paisagem. Um
26

importante elemento que também sofre o impacto da indústria civil é a água, embora abundante
no planeta, é predominante não potável. Menos de 1% do total da água é potável e acessível ao
consumo humano, sendo que me grandes cidades mesmo fora de régios desérticas ou
semidesérticas a agua potável é produto escasso e caro (JOHN, 2000).
Segundo Agopyan e John (2011) o consumo de cimento ultrapassa o consumo de
alimentos, portanto, o impacto deste produto no meio ambiente é proporcional, a indústria do
cimento é responsável por aproximadamente 3% das emissões mundiais de gases de efeito
estufa e por aproximadamente 5% das emissões de CO2. Estima-se que cerca de 0,7 a 1 tonelada
de CO2 é produzida para cada tonelada de clínquer dependendo de tipo de combustíveis
utilizados (GASQUES et al., 2014). Sendo o cimento só mais um agravante entre outros para
a degradação do meio ambiente.
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS, 2014), considera os
seguintes impactos como prioritários para uma metodologia de Análise de ciclo de vida
simplificado, que seja viável na construção civil brasileira:
 Mudanças Climáticas: emissões de gases como CO2, CH4, NOx, HCFC que
diminuem a capacidade de emissão de energia de onda longa do globo terrestre para o espaço,
provocando aquecimento.
 Uso de recursos naturais: Consumo das reservas de produtos não renováveis ou
explosão de produtos renováveis sem manejo o acima da capacidade de recomposição.
 Consumo de energia: Categoria que analisa a eficiência no uso de energia bem
como a contribuição para o esgotamento de fonte de energias não renováveis.
 Geração de resíduos: Acumulação de resíduos com o risco de contaminação
ambiental e desperdício de recursos naturais.
 Consumo de água: Consumo de agua na atividade, contribuição para o stress
hídrico da região e as consequências em capacidade de suporte de vida.
Os principais impactos ambientais são relacionados aos resíduos na produção de
materiais e componentes, na atividade de canteiro, durante a manutenção e demolição, a enorme
quantidade de resíduos produzida pela indústria da construção civil tem sido notícia frequente
porque vem há tempos causando sérios problemas urbanos, sociais e econômicos. O
gerenciamento desses resíduos torna-se mais complicado quanto maior for a quantidade
produzida, esta questão será desenvolvida adiante.
A geração de resíduos da construção civil é confrontada por problemas que requerem
definições pertinentes com base nas legislações e normas técnicas referentes ao tema para um
27

melhor entendimento do mesmo. Os RCC representam um grave problema em muitas cidades


brasileiras Estima-se que são gerados aproximadamente 5kg de resíduos para cada 1kg de
material utilizado (JOHN, 2000).
O fluxo de materiais ao longo do ciclo de vida gera resíduos, desde o processo de
extração e fabricação até a execução da obra, fase de uso/manutenção e fase de
demolição/desconstrução de edifícios. Esses resíduos gerados na indústria da construção civil
se mostram uma grande problemática, visto que eles representam um problema que
sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, no Brasil, os RCC podem representar
de 50% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (IPEA, 2012).
A partir da Resolução Conama no 307/2002, o gerador tornou-se responsável pela
segregação dos RCC em quatro classes diferentes, devendo encaminhá-los para a reciclagem
ou uma disposição final. A resolução também determina a proibição do envio a aterros
sanitários e a adoção do princípio da prevenção de resíduos. A Resolução do Conama n°
307/2002 propõe a seguinte definição para RCC em seu Artigo 2°.

resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e


demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas,
metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso,
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (Brasil, 2002, Artigo
2o, inciso I).

Ainda na Resolução do Conama n° 307/2002, os resíduos sólidos são classificados


como:
I - Classe A - Materiais que podem ser reciclados ou reutilizados como agregado em
obras de infraestrutura, edificações e canteiro de obras. (Tijolos, telhas e revestimentos
cerâmicos; blocos e tubos de concreto e argamassa).
II - Classe B – Estes são os resíduos recicláveis para outros locais, como: plásticos,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
III - Classe C - São os resíduos no qual não se encontraram tecnologias ou realizações
economicamente viáveis que possibilitem a sua reciclagem ou recuperação (Estopas, lixas,
panos e pincéis desde que não tenham contato com substância que o classifique como D)
IV - Classe D: Aqueles compostos ou em contato de materiais/substâncias nocivos à
saúde. (Solvente e tintas; telhas e materiais de amianto; entulho de reformas em clínicas e
instalações industriais que possam estar contaminados).
28

De todo o RCC recolhido no Brasil a maior quantidade produzida seria do resíduo de


Classe A. Como pode ser visualizado em pesquisa apresentada pelo O Instituo de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA). Figura 3.

Figura 3 - Composição média dos materiais de RCC de obras no Brasil.

FONTE: Adaptação de IPEA, 2012.

A indústria da construção civil é tão grande que seria impossível deixar o destino dos
resíduos gerados por ela a encargo dos responsáveis por cada obra. Por isso existem normas e
leis para regulamentar os resíduos que sobram diariamente.
A primeira lei a se destacar é Lei 6.938/81 que instituiu o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA. Este sendo presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. Os RCC estão
sujeitos à legislação federal referente aos resíduos sólidos, à legislação específica de âmbito
estadual e municipal, bem como às normas técnicas brasileiras. Sendo a Resolução CONAMA
307/2002 um marco regulatório para a gestão dos RCC, sendo regulamentados também pela
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizou uma análise da estimativa
nacional, fazendo comparação entre o Brasil e outros países, como mostra a Figura 4.
No Brasil a geração de resíduos ultrapassa 31 milhões de t/ano, encontra-se abaixo de
outros países, tais como Japão, Estados Unidos, Itália e Alemanha. Mesmo assim os dados em
relação ao manejo dos RCC ainda são alarmantes. Dos 5.564 municípios brasileiros, 4.031
municípios (72,44%) apresentam algum tipo de serviços de manejo dos RCC. Contudo, apenas
392 municípios (9,7%) possuem alguma forma de processamento dos resíduos sólidos da
construção civil (IPEA, 2012).
No Brasil, equiparado a países europeus, a diferença se dá justamente no tratamento
dos resíduos recolhidos e seu preparo para a reutilização e reciclagem dos mesmos. As diretrizes
e políticas são rígidas nesta questão. Atualmente a União Europeia institui quota mínima de
29

reciclagem e preparação para reutilização de resíduos urbanos para que seja de 70% até 2030,
e somente 5% dos resíduos podendo ser depositados em aterros (FERREIRA, 2017).

Figura 4 - Estimativa de geração de RCC em alguns países.

FONTE: IPEA, 2012.

É necessário não só a coleta e disposições desses resíduos, mas também se faz


imprescindível a tratamento e reciclagem dos materiais oriundos da construção civil. A
reciclagem de RCC acarreta em vários benefícios tanto para a população quanto para o meio
ambiente. Esta prática fomenta em redução do consumo de energia se tornando um fator
importante para que a execução da construção civil resulte em uma atividade cada vez mais
sustentável, de modo que reduzam a emissão de gases poluentes em função da produção de
diversos materiais.
A segregação de resíduos em diferentes fases viabiliza esse processo de tratamento e
reciclagem, permite controlar impactos associados e reduz o custo da gestão, pois viabiliza a
comercialização de frações, como plástico, metais e papel, e reduz os riscos de saúde associados
a reciclagem. Já foi comprovado que a segregação na origem é economicamente viável e traz
satisfação a equipe da obra (AGOPYAN; JOHN, 2011).
Uma revisão pelo olhar da Construção Civil nos exige perceber a realidade de maneira
mais crítica quanto aos conceitos de sustentabilidade. Com a necessidade de diminuir os
impactos e superar a crise ambiental, a sociedade moderna precisa reavaliar seus modos
produtivos. Desta forma, a construção civil deve, quando possível, buscar as alternativas
ecológicas em seu sentido mais amplo e profundo.
30

2.3 CONSTRUÇÃO COM TERRA

Sendo o abrigo e segurança, necessária para sobrevivência do Homem, este


desenvolveu técnicas de construção que recorriam ao que a própria natureza providenciava.
Estes materiais utilizados eram moldados e adaptados conforme as suas necessidades. E um
recurso natural que tem grande disponibilidade de ser adquirido é o solo/terra, uma vez que
naturalmente é a matéria-prima mais abundante, antiga e utilizada na construção (INÁCIO,
2016). Este tipo de construção pode ser observado em muitos locais espalhados pelo mundo e
está presente em diferentes culturas, com variações consoante a mesma.
Ainda, segundo Grande (2003) o domínio da técnica de construir com terra foi uma
grande mudança de vida, que até então era fixada nas proximidades de cavernas. Existem
registros de uso de tijolos de terra secos ao sol antes do ano 4000 a.C. Em lugares como o Egito
antigo, a Babilônia e a Assíria, se tem o relato de uso da técnica de adobe, de forma a melhorar
o uso do solo como técnica construtiva.
Não é possível identificar de forma precisa e consensual, a data em que se começou a
empregar a terra como material de construção, mas parece de concordância comum que o uso
da terra para edificar tenha ocorrido acerca de aproximadamente 10 mil anos (ALEXANDRIA;
LOPES, 2008), (PONTE,2012), onde o homem abandonou as cavernas e construiu suas
primeiras casas. Ainda hoje existem evidências arqueológicas de cidades inteiras construídas
em terra como a cidade de Jericó na Cisjordânia datada de 8.000 anos a.C., e a cidade de Çatal
Huyuk, na Turquia, de 7.000 anos a.C. (Figura 5), as cidades mais antigas do mundo, segundo
Meneses (2018).

Figura 5 - Cidade de Jericó, Cidade de Çatal Huyuk.

FONTE: Site Mundo Engenharia, 2018. Disponível em: <http://mundoengenharia.com.br/catal-hoyuk-e-jerico-


umas-das-cidades-mais-antigas-do-mundo/>. Acesso em: 27 maio 20118.
31

Alguns exemplares centenários ainda estão em uso, como a mesquita de Djénne, em


Mali datada de 1.280 d.C., atualmente a maior construção em terra do mundo, feita em adobe
como mostra na Figura 6.
Segundo Ponte (2012) até alguns anos atrás mais de um terço da população mundial
vivia em edifícios construídos em terra e em países em processo de desenvolvimento, este valor
representa mais da metade.
Figura 6 - Mesquita em Mali.

FONTE: Blog de viagem Quatro cantos do mundo, 2015. Disponível em:


<https://quatrocantosdomundo.wordpress.com/2015/06/21/grande-mesquita-de-djenne-mali-arquitetura-
espetacular//>. Acesso em: 27 maio 20118.

A versatilidade, qualidade e durabilidade das construções a base de terra são


comprovadas pelas inúmeras edificações resistentes ao longo dos anos, estando presente em
quase todos os continentes. A figura 7 demonstra um mapa de localização das zonas de maior
densidade de construção em terra, e os pontos onde ainda resiste construções históricas de terra
consideradas patrimônio do Programa Mundial de Arquitetura em terra da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Figura 7 - Mapa de distribuição geográfica de arquitetura de terra.

FONTE: PONTE, 2012.


32

O Homem tem mostrado a capacidade de se adaptar a cada situação geográfica,


encontrando soluções que adaptem o material as condições locais. Hoje em dia, a terra regressa
à construção, independentemente do local, e com metodologias particulares características da
própria evolução da sociedade.
Segundo Inácio (2016), em alguns países mais desenvolvidos, principalmente as
potências europeias, considera-se que a construção em terra é uma alternativa bastante
conveniente em relação à construção pelo qual a maioria dos edifícios se rege. Até mesmo nos
continentes Americano e Oceania, este tipo de construção tem crescido significativamente,
inerente à atualidade da temática do desenvolvimento sustentável.

2.4 TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO COM O USO DO SOLO

Agir para o desenvolvimento contemporâneo é buscar soluções que resolvam as


necessidades do mundo atual. Essa procura de soluções mais ecológicas é uma constante nas
discursões atuais, a escolha de materiais naturais e reciclados. Já existe uma conscientização
maior sobre os problemas da sociedade atual, tanto no nível ecológico, como econômico e
humano que abrem novas perspectivas para a aceitação da terra como material de construção
pelas suas vantagens.
Sabe-se que a terra é um material ecológico, económico, resistente ao fogo e capaz de
promover o conforto interior ao uma edificação como o térmico, acústico e higroscópio. O valor
ecológico ainda é o aspecto mais pertinente, o fato de ser um material abundante, encontrado
no próprio local, e quando retirada do próprio local, a terra é o material de construção de menor
impacto que existe (PONTE, 2012).
Como é sabido, praticamente todas as civilizações desenvolveram técnicas de
construção utilizando a terra. Segundo Pinto (2015), essas técnicas foram transmitidas entre
povos através de invasões e colonizações técnicas, unidas as técnicas nativas criaram diversas
combinações. As técnicas são relativamente semelhantes de uma região para outra, apesar de
receberam denominações diferentes.
Segundo a CRATerre (Centro Internacional de Construção em Terra), existem doze
técnicas tradicionais e contemporâneas que se subdividem em três famílias principais de
sistemas antigos e modernos que utilizam terra como matéria prima, de acordo com o seu
processo construtivo (NITO, 2012).
Seguindo Barbosa e Ghavami (2010), podem-se dividir as técnicas de acordo com as
diferentes formas de se levantar as paredes. Dentre essas, as técnicas mais utilizadas no Brasil,
33

são alvenaria, a monolítica e a mista. As principais maneiras de se manusear o solo antes de sua
aplicação são as seguintes:
 Argamassa de solo: fabricação de adobes e material de enchimento de taipas;
 Solo compactado: fabricação de tijolos por compactação, construção de
fundações, paredes e muros monolíticos;
 Solo prensado: fabricação de tijolos, blocos e telhas.
Existem várias técnicas construtivas com terra, as principais técnicas conhecidas no
Brasil, são a Taipa, no Brasil mais conhecida como taipa de pilão. Nos países anglo saxônicos
o termo é rammed earth, nos germânicos Stampflehmbau, na França é conhecido como Pisé de
terre e na Espanha, Tapial (BARROSO, 2016). É uma técnica de construção em terra crua,
através da qual se constroem paredes monolíticas, resistentes e duradouras. A técnica consiste
em preparar o solo devidamente, adicionar água até que se atinja a umidade ótima, colocar a
massa de solo dentro de formas, e compactar até que se atinja a massa específica máxima,
usando meios manuais ou mecânicos (PINTO, 2015). Os tijolos de bloco de terra comprimida
(BTC) são um dos materiais mais frequentes na construção, em terra crua, atualmente. É
possível afirmar que o BTC é proveniente do Adobe, através do aperfeiçoamento deste e
melhorando o desempenho e qualidade dos blocos moldados de terra. Esta técnica foi
impulsionada devido a um programa de pesquisa sobre habitações rurais, na Colômbia, pelo
engenheiro Raul Ramirez e daí surgiu a primeira prensa denominada Cinva-Ram
(INÁCIO,2016). O processo consiste na prensagem do solo no interior de um molde, permitindo
obter pequenos blocos de alta densidade mais resistentes duráveis, e com baixa retração devido
à incorporação de menor quantidade de água (FERREIRA, 2016). E os tijolos de adobe que são
feitos de terra no seu estado plástico comumente secos ao sol.

2.4.1 Construção com adobe

Os adobes são conhecidos desde o início da humanidade, essa é uma das técnicas mais
utilizadas nos dias atuais e também uma das formas mais antigas de construção com terra.
Construções com adobe ainda estão em uso em todos os continentes habitados. A versatilidade
desta técnica construtiva, com a utilização de pequenos blocos moldados de terra crua secos ao
sol (Figura 8) permite a construção de alvenarias resistentes às cargas de edifícios com vários
pisos (FERREIRA, 2015).
No Brasil muito se empregou o adobe, nas construções de casas, igrejas e prédios.
Porém, com a modernidade dos tempos atuais e novos tijolos e materiais, estes caíram em
34

desuso. Mas com o crescente apelo pela sustentabilidade na construção civil, seu emprego vem
crescendo. Contudo, a utilização mais generalizada do adobe pode ser limitada por causa de
outros fatores, como a carência a nível de legislação e normas construtivas e a própria rejeição
cultural.
Figura 8 - Blocos de Adobe sendo moldados.

FONTE: Site Um para cem, 2017. Disponível em: <https://www.umparacem.com/single-


post/2017/08/09/Resgate-de-materiais-e-tecnologias-vern%C3%A1culas/>. Acesso em: 29 maio 2018.

A preparação do Adobe consiste em misturar a terra/solo com água, até se obter uma
mistura pastosa que será colocada num molde, com dimensões que correspondem ao tamanho
que se pretende que os tijolos tenham (INÁCIO, 2016).
A terra adequada para a fabricação de adobes deve conter no mínimo 10% de argila.
Os limites propostos pelo Centro Internacional da Construção com Terra (CRATerre) da
composição que o solo deve se enquadrar, seria aproximadamente:
 Pedregulho: 0 a 10%;
 Areia: 45% a 75%;
 Silte: 10% a 45%;
 Argila: 10% a 35.
Um solo considerado ideal deveria conter de 20% a 25% de argila, de 15% a 20% de
silte, e cerca de 60% de areia e 0% de pedregulho.
A densidade seca do adobe deve ser maior possível, para que este seja mais resistente.
Para se obter blocos de adobe de qualidade, a quantidade de agua é importante, uma mistura
mais seca apresenta dificuldade no manuseio, muita úmida pode fazer o tijolo deformar. A
homogeneização da mistura da terra com a água pode requerer bastante esforço, pois esta
mistura por vezes é feita com os pés.
35

Existem diversa variações nas formas dimensões das fôrmas para tijolos de adobe. A
espessura não deve ser muito maior que 10 cm largura recomendada é de 20 cm na Europa,
pelo clima severo, no Brasil onde o clima é menos variável, largura de 15 cm, o comprimento
pode ir até 40cm (BARBOSA; GHAVAMI, 2010).
Quanto a normatização deste tipo de tijolo de adobe, o Peru foi um dos primeiros países
que oficializaram uma norma técnica sobre construções com adobes. Trata-se da Norma técnica
de Edificación Adobe E080, no Brasil ainda não existem normas que tratem especificamente
dos adobes. O principal parâmetro de controle da qualidade dos blocos de adobe é a resistência
a compressão. Comparada a outros materiais industrializados, a resistência do adobe não
costuma ser alta, segundo Barbosa E Ghavami (2010) é de ordem de 0,6 MPa a 2,0 MPa.
A utilização do adobe, é ainda pouco difundida no Brasil se comparada aos tijolos
cerâmicos, mas esse tipo de tijolo possui vantagens como a de não necessitar de mão de obra
especializada para construir com esse material. O tijolo de adobe também, de acordo com
Pinheiro (2009), é um excelente regulador térmico e acústico, e depende de baixo custo
energético, tanto no transporte, quanto no da confecção e futura reciclagem do material. Apesar
de apresentar um bom desempenho como material construtivo, o adobe ainda é deixado de lado.
É necessário a difusão dessas técnicas e métodos no meio da construção civil, é preciso
empenho e engajamento na popularização dessas técnicas mais sustentáveis, pensando no futuro
meio ambiente a longo prazo.

2.5 BIOCONSTRUÇÃO

Com as diversas discursões em torno do desenvolvimento sustentável, observam-se


movimentos ambientais que demonstram a necessidade de minimizar os impactos que as
sociedades humanas vêm causando no meio ambiente. Que mostram a importância e a
necessidade de que processos sustentáveis sejam realizados com a participação de todas as
pessoas envolvidas, ou seja, da sociedade como um todo.
Uma das estruturas de trabalho que surgiram com o tempo, foi a permacultura, criada
na década de 1970 por Bill Mollison e David Holmgre, a palavra vem da fusão das palavras
agricultura permanente, “permanente” usado de forma análoga ao termo atual “sustentável”
(AMARO, 2017). Basicamente, a permacultura visa uma cultura permanente, ou seja,
sustentável, que tenta compreender como os sistemas ecológicos funcionam suprindo as
necessidades básicas do ser humano, em equilíbrio com a natureza de forma prática e
cooperativa com a menor perca de recursos naturais. Para isso, seus criadores indicaram
36

princípios de estilo e uma ética da vida que mostra aspectos ambientais, comunitários,
econômicos e sociais baseada no cuidado com a Terra, cuidado com as pessoas e contribuição
com meio ambiente.
De forma genérica se traz sempre o termo construção sustentável, quando se trata de
denominar estas iniciativas que procuram diminuir os impactos ambientais, entretanto, para
Mauricio (2017), na abordagem da permacultura, entende-se "construção sustentável" como um
termo para designar coisas diferentes e especificas. O termo aponta para correntes diversas da
construção sustentável, tais como bioaquitetura, construção ecológica, construção natural e
bioconstrução, entre outros. Na maioria dos casos, o design permacultural que inclui moradias
se vale de técnicas e procedimentos cuja aplicação se chama "bioconstrução".
Bioconstrução que seria a construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de
materiais de baixo impacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de
resíduos, são sistemas construtivos que respeitam o meio ambiente, durante a fase de projeto e
de construção, na escolha dos materiais e técnicas de construção adequadas, e ao longo do uso,
com eficiência energética e tratamento adequado dos resíduos (BRASIL, 2008). Trazendo os
princípios da permacultura, a bioconstrução se apresenta como uma alternativa mais consciente
e sustentável para minimizar o impacto que a construção civil causa no mundo.
A bioconstrução busca integrar as construções com meio ambiente, segundo o design
permacultural estabelecido na área, que seria o de um projeto de ocupação humana produtiva e
sustentável. Deste modo, a bioconstrução busca desde o planejamento, execução e utilização, o
máximo aproveitamento dos recursos disponíveis com o mínimo impacto. Este conceito de
engloba diversas técnicas sustentáveis, uma das maiores características seria a preferência por
materiais do local, como a terra, diminuindo gastos com fabricação e transporte e construindo
habitações com custo reduzido e que oferecem excelente conforto térmico.
Na bioconstrução, mesmo sendo utilizado, em sua maioria, materiais de origem natural
e reciclados, por exemplo, isso não implica que não possa ser usado técnicas naturais em
conjunto com produtos industrializados e tecnológicos, buscando sempre soluções mais
ecológicas ele apenas reflete sobre as reais necessidades do uso de certos materiais visto que
existem materiais menos nocivos ao planeta. Enquanto a construção convencional opta pelos
industrializados por vários motivos, dentre eles a praticidade para a construção em série e a
própria pressão advinda do monopólio industrial, a construção com elementos naturais, por sua
vez, utilizará o cimento, por exemplo, apenas nas situações em que não houver outra alternativa
menos nociva ao meio-ambiente ou quando realmente necessitar das propriedades que só o
37

cimento fornece. Não se trata, portanto, da negação ao moderno, mas sim do seu uso de forma
mais consciente.
As vantagens deste método construtivo, são diversas, como abordado o cunho
ecológico desta técnica, faz com que ela contribua diretamente com os impactos
socioambientais de toda cadeia produtiva da construção civil. O primeiro impacto que é
minimizado seria a da extração da matéria a ser utilizada, pois prioriza matérias naturais,
evitando materiais de extrativismos mineiras, que se mostram extremamente nocivos, pois
geram grandes quantidades de resíduos poluentes, tanto na extração quanto pelo seu
processamento. Já matérias como, a terra, madeira e outros que podem ser reutilizados são
abundantes podendo ser adquiridos até mesmo no próprio terreno. Estes materiais naturais,
podem ser facilmente incorporados a natureza através da destinação correta, ao contrário do
acontece com o RCC, que apresenta elevado volume hoje em dia na construção e ainda não tem
descartes corretos.
Segundo Ackermann (2018), o uso de materiais também coloca os elementos
utilizados pela Bioconstrução mais distantes do monopólio industrial existente hoje na
construção civil. Cimento Portland, concreto, alumínio, tijolos cerâmicos e variedades de telhas
passaram a ser ofertados no mercado e divulgados como uma forma moderna e eficaz de se
construir. Foi realizado uma grande campanha apoiada por interesses econômicos o qual foi se
fortalecendo ao longo dos anos a ideia de que a única forma de se construir é assentando tijolos
cerâmicos com cimento e areia, e esta formato se transformou em um símbolo de modernidade
e status social dentre todas as camadas da sociedade.
Além de seus aspectos de baixo impacto no meio ambiente, a viabilidade econômica
da bioconstrução, principalmente quando se faz o uso de técnicas com a terra, mostram
vantagens quando comparado a modelos convencionais. Sendo de baixo custo a produção de
matéria-prima, manufatura e transportes. Um estudo de viabilidade econômica de um projeto de
Unidade de habitação de bioconstrução, realizado por Mauricio (2017), através de pesquisa
realizada com base em estimativas de custo e valores de mercados coletados, estipulou que uma
habitação com uma área de 60m², composta por sala, cozinha, quarto, banheiro e área de serviços,
construída essencialmente através do método construtivo de superadobe, custaria um valor estimado
de R$ 381,66/m², um total de R$ 22.900,00 para sua construção na cidade de Brasília. De acordo
com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o custo unitário básico de construção
por m² na região do Distrito Federal, atualmente, se encontra em média a R$1.316,62/m², mostrando
efetiva economia financeira, no ponto de vista monetário, a adoção da Bioconstrução.
38

Dentre as diversas técnicas bioconstrutivas as mais conhecidas e comumente utilizadas


no Brasil na construção de habitações, são elas:
 Adobe, um tijolo de barro seco ao sol;
 Superadobe;
 Terra ensacada compactada;
 Taipa de Pilão, terra apiloada em formas;
 Taipa de Mão, ou Pau-a-Pique, parede de barro feita a mão com uma trama de
madeira ou bambu;
 Tijolo Solo-Cimento;
 Construções com bambu, madeira roliça e pedras.
Muitas das técnicas bioconstrutivas relatadas na verdade já fazem parte de um grande
acervo de técnicas da humanidade há muito tempo. Sendo estas técnicas passados por gerações
a frente mesmo após tanto tempo, a Bioconstrução atua com o caráter de resgatar as tradições
construtivas locais anteriores à industrialização.

Figura 9 - Casa contruida com base em argila, areia e palha .

FONTE: Site Vivadecora, 2019. Diposnivel em:


<https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/bioconstrucao/>. Acesso em: 02 mai 2019.

Ela se integra a modernidade se propõe neste resgate a desenvolver técnicas novas e


reinventar as antigas, com o intuito de alcançar a harmonização das construções humanas com
a natureza sob a nova perspectiva de um mundo globalizado.
E por fim, são fatores como o de baixo impacto ambiental como o de baixo custo,
facilidade de execução e por estar diretamente ligado aos conhecimentos tradicionais da
39

sociedade que torna possível a caracterização da Biocontrução como uma ferramenta de


tecnologia social, segundo o Instituto de Tecnologia Social (ITS), uma tecnologia social seria
Conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e aplicadas na interação
com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e
melhoria das condições de vida. Uma ponte entre a necessidade e a solução. Se caracteriza,
principalmente por se apresentar como alternativas de baixo custo para solucionar problemas
em grupos sociais mais excluídos e se contrapõe as tecnologias convencionais. Segundo
Ackermann (2018), o sentido geral da de tecnologia social faz referência a criação e utilização
de conhecimentos por populações duplamente desfavorecidas, que seriam elas, por falta de
acesso ao conhecimento científico moderno e por perda das condições mais favoráveis à
reprodução de seu conhecimento tradicional, de modo a promover a sustentabilidade econômica
e o fortalecimento cultural e político dessas comunidades. No processo da Bioconstrução
incorporada na comunidade pode haver a apropriação de processos e produtos, trazendo ideias
de inclusão social, empoderamento das populações, sustentabilidade e diversidade de
organizações.

2.5.1 Aplicabilidade em uma habitação

No Brasil, o conceito de Bioconstrução, ainda é pouco difundida, segundo Mauricio


(2018), a palavra “bioconstrução” foi adaptada por André Soares, permacultor e fundador do
Ecocentro do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), para definir as técnicas
naturais, métodos de construção que buscam a integração homem e ambiente de construção no
Brasil.
Apesar de ser um conceito novo, a bioconstrução faz adeptos pelo Brasil, um exemplo
a esta afirmação é a rede “Adamá”, palavra que vem da junção de duas palavras que vem do
hebraico, significam pessoa e terra, palavra escolhida para definir um coletivo que se uniu para
disseminar a construção com terra, principalmente o adobe, iniciativa que surgiu em 2016. Um
de seus integrantes, Cobi Shalev se estabeleceu em Olhos D’Água, distrito de Alexânia, em
Goiás, cerca de 130 quilômetros de Brasília. De origem israelense, trabalhava com construções
com adobe em seu país natal, usando de suas capacidades técnicas de bioconstrução resolveu
empreender seus conhecimentos na construção de habitações no distrito.
A habitação unifamiliar, mostrada na figura 9, fica localizada no distrito de Olhos d’
Água, residência do integrante da rede, Cobi Shalev, esta habitação de mais de 50 m², foi
construída sobre o conceito de bioconstrução.
40

Figura 10 - Casa no Distrito de Olhos d' Água de adobe.

FONTE: AUTOR, 2019.

Para fazer análise da habitação descrita neste trabalho, é preciso esquematizar os


conceitos que definem e caracterizam uma construção realizada através dos métodos
bioconstrutivos. O que pode diferenciar a bioconstrução das demais técnicas ou métodos
construtivos são a ênfase no uso de recursos naturais locais, com a aceitação de recursos
eventualmente industrializados em contextos como o de reuso ou reciclagem, e a associação à
ideia de construção feita de forma mais artesanal, que significa que a comunidade participa
ativamente da obra em todas as suas etapas e, muitas vezes, envolve a família e a comunidade
na qual está inserido na construção.
Segundo Mauricio (2018), a bioconstrução pode ser entendida como uma metodologia,
pois contempla princípios norteadores que, quando aplicados, definem a técnica específica
adequada para cada caso.
Basicamente pode se resumir a aplicabilidade da bioconstrução sob três aspectos
importantes, que seria do ponto de vista da construção em si, que são basicamente os seguintes:
 Os impactos que os materiais causam no meio ambiente;
 A interação com o ambiente local;
 A interação dos usuários com a construção.
Um item importante deste tipo de método e de suma importância a escolha dos
materiais que serão utilizados na construção, eles devem ser de baixo impacto ou de impacto
positivo, eles devem seguir certos critérios de escolha:
 Devem ser materiais locais;
 E materiais naturais.
41

Os materiais locais podem ser o que se originam no local da construção, os quais o


construtor tem de fácil acesso e de que sua extração, transporte, sejam de baixo impacto, tanto
podem ser naturais, como terra, pedras, mas também podem ser materiais de refugo, materiais
que podem ser reciclados, mesmo que tenham passados por processo industrial, sendo uma
forma de dar destino “ecológico” aos resíduos das proximidades da construção.
Ainda segundo Mauricio (2017), é importante também dizer que a definição de local
não é exata no aspecto físico. Ou seja, não há um parâmetro definido para ser considerado local
ou não em relação a distância entre o local de extração e o local da obra. Mas empiricamente
ser local significa dizer que o transporte do material não gere um alto grau de consumo
energético nem de contaminação.
A habitação unifamiliar analisada, é construída em sua maioria através de tijolos de
adobe, sendo uma estrutura que dispensa o uso de pilares e vigas, erguida através de
sobreposição dos tijolos, unidos por uma argamassa basicamente de terra e estabilizante. Estes
são produzidos no próprio local, o solo utilizado na produção foi retirado de um local de
extração encontrado nas proximidades da habitação. Na fundação, é utilizada pedras (Figura
11) que são retiradas próximo ao local onde é retirado o solo. A cobertura da construção é feita
por malha de ferro e concreto, assim como os pilares de apoio da área externa, na frente da
construção. No revestimento é usado uma mistura de terra e cal, para uniformizar as paredes,
no interior e exterior. Uma observação ao armário que se encontra na sala, feito também como
terra, em estrutura de malha de ferro.

Figura 11 - Habitação construída através da Bioconstrução.

FONTE: AUTOR, 2019.


42

Nestas observações feitas, pode se atestar que os produtos usados nesta construção são
em sua maioria de origem natural, os produtos industrializados foram integrados na construção
de forma consciente, somente ao necessário. A origem dos materiais usados forma obtidos
quase em sua totalidade em áreas muito próximas a construção, até mesmo a fabricação dos
tijolos de adobe, material principal da obra.
Outro aspecto importante analisado sobre o conceito da bioconstrução é aplicabilidade
sob o aspecto da interação com o ambiente e da interação do usuário com a edificação, alguns
pontos importantes que se pretende alcançar é:
 Uma boa eficiência energética, como iluminação natural;
 Adequação bioclimática, levando em consideração o clima, os solos e a
vegetação do local da edificação;
 Uso correto da água e tratamento dos efluentes.
Fazer um projeto aproveitando as oportunidades locais, como iluminação natural por
meio do posicionamento adequado de portas, janelas e outros artifícios que permitam a entrada
de luz solar (Figura 12) ou ainda, a circulação de ar se valendo dos ventos. A adequação
bioclimática favorece a integração à paisagem, uma casa bioconstruída podem propiciar um
impacto positivo no ambiente gerando pequenos nichos que criem microclimas desejados
(MAURICIO, 2018).

Figura 12 - Teto com iluminação natural.

FONTE: AUTOR, 2019.

Neste exemplo de construção através da bioconstrução, que atende todos os aspectos


principais do conceito, podemos verificar a viabilidade de haver habitações de forma mais
sustentável, que proporcionem conforto ao usuário e que cause baixo impacto no meio
ambiente.
43

3 METODOLOGIA

Na realização da análise do material utilizado na construção erguida através de


métodos bioconstrutivos, foi feito o ensaio mecânico de resistência à compressão para que se
pudesse verificar seu potencial como material construtivo, antes, é fundamental saber
exatamente a composição do adobe a ser ensaiado.
Para a obter estes dados, foram realizados ensaios no Centro Tecnológico do Centro
Universitário de Anápolis- UniEvangélica. O material utilizado nos ensaios tem origem no
Município de Alexânia, no distrito de Olhos d’ Água, Goiás. O ensaio a seguir é fundamentado
nas seguintes normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 7181
(1984), Solo – Análise granulométrica, NBR 6457 (1986), Amostras de Solo – Preparação para
Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização, e baseia-se em estudos anteriores,
embasados na norma peruana E.080 (2000).

3.1 ENSAIO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A execução do ensaio é realizada através de duas etapas. Na primeira ocorre o


peneiramento das partículas, no caso de grãos com até 0,075 mm de diâmetro. A segunda etapa
é o método da sedimentação, realizado em partículas menores que 0,075 mm. Os ensaios podem
ser realizados de três maneiras diferentes: apenas o peneiramento para o material granular;
sedimentação para solos finos; análise granulométrica conjunta, que compreende tanto o
peneiramento quanto a sedimentação. No ensaio realizado, foi executada a análise
granulométrica conjunta. Através destes dados, pode-se traçar a curva granulométrica do solo,
e consequentemente obter sua classificação.

3.1.1 Peneiramento

Este ensaio se deu com a orientação e supervisão da técnica do Laboratório de


materiais da UniEvangélica. Para proceder com este ensaio é necessário a utilização dos certos
equipamentos que seriam: Série de peneiras segundo a ASTM USS (Tabela 1), balança para
1kg, sensível a 0,1g, cápsula de porcelana ou metálica. É importante ressaltar que até a peneira
n° 4, o peneiramento é grosso, da nº 8 até a peneira nº 200, o peneiramento é fino, e a partir da
peneira nº 200, necessita-se da sedimentação para análise granulométrica.
44

Tabela 1 - Série de peneiras utilizadas

Peneiras 4 8 16 30 40 50 100 200


mm 4,8 2,36 1,18 0,6 0,425 0,3 0,15 0,075

FONTE: AUTOR, 2019.

Para a realização do ensaio toma-se uma amostra representativa do solo, segundo a


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 6457 (2016), para grãos menores
que 5 mm, separa-se uma quantidade mínima de 1 kg de solo. Passa-se este material destorrado
pela peneira de n° 4. Logo após na peneira de n° 8. Pesam-se as frações do material retido em
cada peneira e por fim calculam-se as porcentagens retidas em cada uma das peneiras em
relação ao peso da amostra total seca.

3.1.2 Sedimentação

Para a realização deste ensaio, necessita-se dos seguintes equipamentos e acessórios:


série de peneiras; balança para 200g sensível a 0,01g; proveta de vidro graduada até 1.000ml;
becker; cápsula de porcelana ou metálica; dispersor com copo de chicanas finas; cronômetro
para intervalos de 30 minutos com precisão de 1 segundo; solução de hexametafosfato de sódio;
densímetro de bulbo simétrico, calibrado à 20˚C, graduado em 0,001, de 0,995 a 1,050;
termômetro até 50˚C, graduado em 1˚C; baqueta de vidro; escova com cerdas metálicas; pinça
metálica.
Primeiramente, passa-se o material a ser analisado na peneira n˚ 8. Depois coloca-se
material em um becker adicionando 125cm³ da solução de hexametafosfato de sódio com
concentração de 45,7g do sal para 1000cm³ de solução. Deixa-se a mistura em repouso por no
mínimo 12 horas. Após o tempo necessário, transfere-se toda a mistura para o copo dispersor
removendo o seu excesso com água destilada. Deixa-se a mistura sob a ação do dispersor por
aproximadamente 15. Deposita-se então a mistura em uma proveta graduada complementando
com água destilada até a marca de 1000 ml. Com a palma da mão, tapa-se a boca da proveta e
agita-se a mistura por cerca de 1 minuto. Imediatamente após a agitação, coloca-se a proveta
sobre a bancada, aciona-se o cronômetro e mergulha-se o densímetro na proveta. Em seguida,
fazem-se as leituras no densímetro correspondentes aos tempos de 30s, 1 minuto, 2 minutos, 4
minutos, 8 minutos, 15 minutos, 30 minutos, 1 hora, 2 horas, 4 horas, 8 horas e 24 horas.
Terminadas as leituras do ensaio de sedimentação, despeja-se e lava-se a suspensão na peneira
45

n˚ 200. O material retido na peneira é transferido para uma cápsula e seco na estufa e então ele
é passado em um conjunto de peneiras. Por fim, pesam-se as proporções retidas em cada
peneira.

Figura 13 - Ensaio de granulometria conjunta.

FONTE: AUTOR, 2019.

3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA MECÂNICA À COMPRESSÃO DO ADOBE

Para este ensaio, como ainda não existe uma norma regulamentadora brasileira para o
tijolo de adobe, foi utilizado uma dissertação como base para a realização do ensaio, escrito por
Pinheiro (2009), trata dos estudos das propriedades mecânicas do adobe com adição de fibras
de coco, este se baseia na norma peruana E.080 (2000).

3.2.1 Preparação da amostra

O material utilizado, seria um tijolo de adobe confeccionado no distrito de Olhos d’


Água, Goiás, seriam os mesmos usados na construção da habitação unifamiliar mostrada neste
trabalho. Cedido pelo integrante da rede Adamá, o qual fazem bioconstruções com foco no
adobe. Foram cedidas 4 amostras de tijolos de adobes, originalmente, medindo 11 cm de altura,
14 cm de largura e 30 cm de comprimento. Segundo a literatura, pede se que os tijolos sejam
cortados ao meio (BARBOSA; GHAVAMI, 2010). Portanto, os tijolos analisados na
compressão tinham as seguintes medidas ao final do preparo:
46

Tabela 2 - Medidas das amostras de adobe.

Tijolo de Comprimento
Altura (cm) Largura (cm)
adobe (cm)
T1 11,4 14,2 15,0
T2 11,4 14,5 14,9
T3 11,0 14,5 15,2
T4 11,2 14,5 14,9

FONTE: AUTOR, 2019.

De acordo com Pinheiro (2009), são necessários alguns procedimentos antes do seu
início. Como a capeamento da amostra. Em primeiro se deve umedecer um papel molhado na
bancada de trabalho. Preparar uma argamassa de gesso, espalhando esta argamassa em uma
camada fina na superfície da bancada. Deve-se molhar levemente a superfície inferior do cubo
e assentá-lo sobre a argamassa, pressionando para que a mesma fique em toda a superfície do
cubo com uma espessura de cerca de 2 mm, retirar, cuidadosamente, o excesso de argamassa
que ficou fora do cubo. Aguardar a secagem das argamassas e repetir o processo na outra face
do cubo, nivelando sua face. Após a completa secagem das argamassas, depositar os corpos de
prova em uma estufa e esperar secar por 24 horas.

Figura 14 - Preparação da amostra para o ensaio.

FONTE: AUTOR, 2019.


47

3.2.2 Ensaio de Resistência Mecânica a compressão

Depois de toda preparação das amostras, os corpos de prova já estão prontos para
serem ensaiados. Segundo Pinheiro (2009), o procedimento para o ensaio se dá com a retirada
das amostras da estufa. Em seguida, posiciona-se cada corpo de prova na máquina universal de
ensaios (Figura 14), realizando os ajustes necessários para aplicar o carregamento. Registram-
se então os resultados, concluindo assim o ensaio de resistência à compressão.

Figura 15 - Amostra na máquina universal de ensaios.

FONTE: AUTOR, 2019.


48

4 RESULTADOS E DISCURSÕES

Neste capítulo são mostrados os resultados obtidos através dos ensaios, para fim de
exposição e análise dos dados, estes resultados englobam os ensaios de granulometria e de
compressão mecânica simples nas amostras do material de adobe.
Através da análise granulométrica conjunta, realizada no Laboratório de materiais da
UniEvángelica, através de peneiramento e de sedimentação do solo que compõe o material de
adobe, se encontrou os dados que são apresentados nas seguintes tabelas.

Tabela 3 - Análise granulométrica por peneiramento.

Peneira % Massa de
Peso retido (g) Peso passado (g)
(mm) Passante
4,8 290 660,9 69,50 %
2,36 207 453,90 47,73 %
1,18 122 816,09 41,53 %
0,6 66 750,09 38,17 %
0,425 18 732,09 37,25 %
0,3 43 689,09 35,06 %
0,15 69 620,09 31,55 %
0,075 101 519,09 26,41 %

FONTE: AUTOR, 2019.

Tabela 4 - Análise granulométrica por sedimentação.

Tempo Leitura do
Temperatura (°C) % total de grãos
corrido densímetro (Ld)
30 s 25 1,033 26,83 %
1 min 25 1,033 26,83 %
2 min 25 1,033 26,83 %
4 min 25 1,032 25,97 %
8 min 25 1,031 25,10 %
15 min 25 1,031 25,10 %
30 min 25 1,03 24,24 %
1 hora 24 1,028 22,51 %
2 horas 24 1,027 22,51 %
4 horas 24 1,026 21,64 %
8 horas 24 1,024 20,77 %
24 horas 25 1,023 19,04 %

FONTE: AUTOR, 2019.


49

Segue o gráfico da curva granulométrica do solo que constitui o material analisado de


adobe (Figura 16), formado pelo diâmetro dos grãos (mm) e composto pela porcentagem que
passa em cada peneira.

Figura 16 - Gráfico da análise granulométrica conjunta.

FONTE: AUTOR, 2019.

Através dos dados encontrados neste ensaio, pode se achar a classificação do solo do
material de adobe, analisada, como pode ser visto na Tabela 5. É relevante o conhecimento das
dimensões das partículas que compõem o solo, poiso comportamento mecânico do material de
adobe depende delas.

Tabela 5 - Classificação segundo ABNT.

Pedregulho (d > 2,0 mm) 30,5 %


Areia (0,06 < d < 2,0 mm) 21,77%
Silte (0,002 < d < 0,06 mm) 28,69%
Argila (d < 0,002m) 19,04%

FONTE: AUTOR, 2019.

Os dados obtidos neste ensaio granulométrico conjunto, realizado com o solo, que
constitui o tijolo de adobe, usado na bioconstrução analisada, satisfaz algumas das
especificações de solo ideal para este tipo de método construtivo, como o teor de areia, argila e
silte. A alta porcentagem de pedregulho, provavelmente se dá pelo motivo de não tratarem a
50

terra colhida para a produção destes tijolos, pois na produção destes materiais, tentam diminuir
ao máximo as etapas de processo na fabricação.
Tratando dos resultados obtidos no ensaio de compressão simples, estes mostram de
uma forma geral os valores de resistência a compressão mecânica, que os tijolos de adobe
atingiram, verificando seu potencial como material de construção. Quatro amostras de tijolo de
adobe, foram submetidas ao ensaio, no laboratório de materiais da UniEvangélica.
Encontrando-se os seguintes dados.

Tabela 6 - Resultado do ensaio de compressão simples.

Tensão de ruptura Carga de Ruptura


Tijolo de adobe
(MPa) (Kgf)
T1 1,6 3.640
T2 1,6 3.580
T3 1,6 3.640
T4 1,8 4.060

FONTE: AUTOR, 2019.

Obtendo o seguinte gráfico, emitido através da máquina universal de ensaios, que


mostra a carga aplicada na amostra em função do tempo de resistência da amostra.

Figura 17 - Gráfico obtido no ensaio de compressão simples.

FONTE: AUTOR, 2019.


51

No Brasil ainda não há normas que tratem de tijolos de adobe, porém há estudos que
podem orientar e dar paramentos a este tipo de material, um deles seria o controle de qualidade
através de resistência a compressão. De acordo com Barbosa e Ghavami (2010), para fins de
projeto, sugere-se característica à compressão dos adobes seja obtida a partir do ensaio de uma
série de adobes dada pela Equação:
𝐟𝐚𝐤 = 𝐟𝐚𝟏 + 𝐟𝐚𝟐 − 𝐟𝐚𝟑

Sendo 𝐟𝐚𝟏 , 𝐟𝐚𝟐 e 𝐟𝐚𝟑, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor
valor da série de tijolos ensaiados. Onde o valor mínimo aceitável para a resistência
característica é de 0,7 MPa.
Nos resultados obtidos, através do ensaio, os tijolos de adobe ensaiados atingiram uma
resistência característica de 1,6 MPa, de acordo com equação sugerida pela literatura.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 15270-1 (2005),
o estipulado para resistência à compressão dos blocos cerâmicos de vedação, devem atender
aos valores mínimos de 1,5 MPa para blocos com furos na horizontal e 3,0 para blocos na
vertical.
Com os resultados obtidos nos ensaios, pode – se notar que a resistência a compressão
que os tijolos de adobe superam os valores mínimos, segundo literatura, para materiais de
adobe, e consegue alcançar o mínimo de resistência, de tijolos cerâmicos, que atualmente são
os mais comumente usados.
52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A superação dos impactos que o modelo de sociedade atual vem deixando ao meio
ambiente apresenta grandes desafios relacionados à sua sustentabilidade, durante a pesquisa
constatou que o setor da construção civil, que produz todo o ambiente construído,
consequentemente utiliza abundantemente dos recursos naturais não renováveis, desde a
matéria-prima natural que é necessária à construção até a energia que é consumida durante todo
o processo. Um dos maiores impactos que este setor causa, são os resíduos gerados nos
processos construtivos, que representam mais da metade dos resíduos descartados no meio
ambiente.
Nossa questão mais urgente é o gerenciamento inteligente dos recursos do planeta.
Uma atitude pacífica e estratégica deve ser adotada. Precisamos estimular práticas que
impulsionem o modo de produção e consumo seguirem uma direção mais sustentável. Essa
tendência de resistir à mudança e apoiar instituições estabelecidas em nome da identidade,
conforto, poder e lucro é completamente insustentável e só produz mais desequilíbrio,
fragmentação e destruição. É necessário redesenhar nossa cultura, nossos valores, baseada na
ética de cuidar da Terra, cuidar dos homens e compartilhar os excedentes, uma alternativa é nos
voltarmos ao passado, para os exemplos de construções com base no solo, seguindo caminhos
como a da Permacultura, que ousa acreditar na possibilidade de abundância para toda a
humanidade através do uso intensivo de todos os espaços, usando de métodos construtivos
como a Bioconstrução, através do aproveitamento e geração de energia, da reutilização ou
reciclagem de todos os produtos (acabando assim com a poluição) e através da cooperação entre
os homens para resolver os grandes problemas que hoje assolam o planeta.
Este trabalho buscou, não só abordar o tema da sustentabilidade, mas trazer opções
alternativas viáveis em contraponto aos métodos usados comumente e que podem ser nocivos
de certa maneira. Na observação da habitação construída através do conceito de Bioconstrução,
mostrada neste trabalho, foi possível ver a viabilidade de se construir usando métodos
construtivos que buscam usar de recursos naturais, e no processo de construção, uso e
manutenção, causar o menor impacto possível no meio ambiente. O uso de solo, geralmente
usado nestes métodos construtivos, foi o material natural usado na construção da habitação
mostrada, construída com tijolos de adobe, buscamos fazer a análise deste material, sua
composição e sua resistência mecânica, as amostras avaliadas atingiam uma resistência
mecânica de 1,6 MPa, resistência essa que supera o mínimo esperado para tijolos de adobe, e
praticamente se iguala ao mínimo exigidos de tijolos cerâmicos convencionalmente usados, isto
53

serve para mostramos a potencial que estes materiais utilizados em métodos construtivos
sustentáveis como a Bioconstrução, tem grandes potencial comparadas aos métodos comuns,
dessa forma o trabalho espera colaborar para o renascimento de técnicas sustentáveis, que passa
por necessidade de aprofundamentos técnicos e normatização, mínima que seja e pela quebra
de preconceito que existe em torno do uso de materiais naturais na construção civil.
54

REFERÊNCIAS

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Disponível em: <http://www.abcp.org.br/cms/basico-sobre-cimento/aplicacoes/solo-
cimento/>. Acesso em: 31 maio 2018.

ABCP. Associação Brasileira de Cimento Portland. Dosagem Das Misturas De Solo-Cimento


Normas De Dosagem E Métodos De Ensaios. São Paulo, 3.ed. p. 57. 1986. Disponível em:
<http://www.abcp.org.br/cms/download/?search=Solo-cimento>. Acesso em: 31 maio 2018.

ABIKO. A. K. Solo-cimento tijolos, blocos e paredes monolíticas. In: Construção. São Paulo,
1983 apud GRANDE, Fernando M. Fabricação de Tijolos Modulares de solo-cimento por
prensagem manual com e sem adição de sílica ativa. 2003. p. 180. Dissertação (Mestrado
em arquitetura) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

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bioconstrução como temática interdisciplinar de ensino. 2018. p. 94. Dissertação
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AGOPYAN, Vahan; JOHN, Vanderley M. O desafio da sustentabilidade na construção


civil: Volume 5. 1. Ed. São Paulo: Blucher, 2011.

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cerâmicos Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação — Terminologia e requisitos.
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