Ensaios Mecâanicos - Introdução
Ensaios Mecâanicos - Introdução
Ensaios Mecâanicos - Introdução
Contexto
Os ensaios mecânicos revelam as propriedades necessárias para a construção da
maioria dos equipamentos industriais. Esses ensaios são realizados por meio da
aplicação de um dos tipos de esforços mecânicos (tração, compressão, torção e
cisalhamento), a fim de determinar a resistência do material à tensão aplicada.
Pode-se assim escolher o material que melhor se adapta às necessidades de um
determinado projeto, bem como verificar as influências dos diversos processos de
fabricação (forjamento, laminação e fundição) nos produtos acabados.
Entre as principais vantagens dos ensaios é possível citar: prevenção de acidentes,
garantia da satisfação do cliente, controle dos problemas de manufatura, redução de
custos e manutenção da qualidade.
Alguns ensaios para serem realizados, necessitam de um elemento material, a que
chamamos “Corpo de Prova”, que pode ser uma peça inteira ou uma amostra
representativa dela.
Qualquer um dos ensaios utiliza normas e procedimentos a serem seguidos de modo a
permitir a comparação entre os diversos resultados. É importante estabelecer os níveis
de exigência necessários para cada um dos testes aplicados e também com o que for
solicitado pelo produto em serviço.
Os ensaios mecânicos podem ser classificados em não destrutivos e destrutivos,
conforme o procedimento adotado.
Os ensaios não destrutivos são aqueles que após a sua realização, não deixam nenhuma
marca ou sinal na peça e também não a inutilizam. Já os ensaios destrutivos são os do
tipo que deixam algum sinal na peça, ou até mesmo a inutilizam.
Ensaios Destrutivos
Os ensaios destrutivos são os mais utilizados para determinar ou verificar
as propriedades dos materiais. São também adequados para medir a
capacidade de suportar esforço de uma peça.
Ensaios destrutivos são ensaios mecânicos que necessitam de
procedimentos que provocam inutilidade nos materiais ou nos corpos de
prova, mesmo que o dano seja pequeno. O ensaio de dureza, em certos
casos, produz um pequeno dano. Esse efeito (marcas) não chega a
destruir a peça ensaiada, porém deixa sinais que serão pontos de
concentração de tensão e fonte de possíveis falhas.
O conhecimento das propriedades dos materiais, muitas vezes, só é
possível pela aplicação de ensaios que levam a destruição dos materiais.
Nesses casos, na maioria das vezes, são usados corpos de prova do
mesmo material das peças construídos segundo normas próprias.
Ensaio de Tração
O ensaio de tração consiste na aplicação de uma força, que, ao agir
sobre uma superfície de um corpo sólido provoca uma deformação na
direção do esforço produzindo uma pressão. Quando essa força tende
ao alongamento, acontece o que chamamos de tensão de tração. Há
uma relação entre tensão aplicada (carga sobre área da secção
transversal da peça) e a deformação resultante.
Pode-se representar esse fenômeno na forma de um diagrama tensão-
deformação (b).
Os valores para construir o gráfico (diagrama) tensão-deformação são
obtidospelo ensaio de tração realizado em uma máquina apropriada
para essa função.
A máquina usada para realizar o ensaio de tração (a) deve possuir:
garras para prender a peça ou corpo de prova, uma carga para aplicar
uma força e um instrumento para verificar a deformação: o
extensômetro.
Quando aplicamos uma força de tração sobre a superfície transversal
de uma peça, produzimos um alongamento. Esse, dentre certos limites,
é proporcional a tensão aplicada.
- Lei de Hooke
O aumento do comprimento de uma barra, quando tracionada, é
linearmente proporcional à força de tração aplicada. A Lei de
Hooke estabelece essa relação direta entre tensão e deformação.
- Módulo de Elasticidade
O módulo de elasticidade é uma característica que mostra o
quanto um material resiste à deformação elástica. E a medida de
sua rigidez. Segundo Chiaverini (1986):
“O módulo de elasticidade dependente das forças interatômicas e,
embora variando com o tipo de ligação atômica, não é sensível a
modificações estruturais. Assim, por exemplo, se num determinado
tipo de aço, a resistência mecânica pode aumentar
apreciavelmente por fatores que afetem sua estrutura, como
tratamentos térmicos ou pequenas adições de elementos de liga,
esses fatores praticamente não influem no módulo de elasticidade
do material (p. 96).”
A variação da temperatura produz alteração no módulo de
elasticidade. Aumentando a temperatura, diminui o módulo de
elasticidade do material que mais aquecido, fica com menor
resistência à deformação elástica, ocasionando com maior
facilidade, deformações plásticas.
- Diagrama Tensão-Deformação
O gráfico da tensão-deformação mostra duas regiões que estão relacionadas ao regime
de deformação elástica ou plástica. A primeira é chamada de proporcional em que há
relação direta (linear) entre o esforço aplicado e o alongamento verificado no material. A
deformação ocasionada pela aplicação de uma carga é temporária. Quando cessa a força,
o material retorna ao estado dimensional inicial. Nessa parte da deformação, no regime
elástico, vale a Lei de Hooke.
A segunda, em que a linearidade do gráfico não é mais verificada é a região de
deformação plástica, onde a Lei de Hooke não mais pode ser aplicada.
Aqui a deformação não é mais temporária, mas definitiva, cessada a força não há retorno
a dimensões iniciais. No início, a deformação é pequena e não proporcional à força
aplicada. É sinal de que o material está no regime plástico e pode entrar em ruptura.
- Corpo de Prova
O corpo de prova tem forma e dimensões especialmente indicadas para o ensaio e
obedece a normas específicas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
tem o método MB-4 que indica a forma e as dimensões de um corpo de prova, segundo
o caso e o material usados no ensaio.
“A secção transversal desses corpos de prova pode ser circular, quadrada ou retangular.
Geralmente, a parte central do corpo de prova possui uma secção transversal menor do
que as extremidades, de modo a provocar a ruptura numa secção em que as tensões
não são afetadas pelas garras da máquina de ensaio.” (CHIAVERINI, 1986, p. 112).
A parte útil do corpo de prova pode ter a forma da secção transversal circular (a) ou
retangular (b), conforme as dimensões do produto acabado do qual foi retirado.
Ensaio de Compressão
Os ensaios de compressão e de tração são semelhantes, sob o aspecto da
aplicação das cargas, um é o oposto do outro, mas ambos podem utilizar o
mesmo sistema (máquina) de ensaio além de verificarem, em geral, as
mesmas propriedades.
Sob o ponto de vista da física a compressão é o contrário da tração, e os
efeitos observados por uma carga são também verificados pelo outro. As
propriedades do material podem ser descobertas tanto por um quanto por
outro.
O comportamento elástico de um material metálico, sujeito à ação de carga, é
semelhante tanto para a compressão como para a tração, por isso podemos
optar por um dos ensaios. Em geral, o preferido pela sua praticidade é o de
tração enquanto o de compressão pode ser utilizado para metais frágeis, por
exemplo, os ferros fundidos.
Nos metais, a maioria das características pode ser observada no ensaio de
tração, que é o de melhor execução. Com isso, o ensaio de compressão não
tem grande aplicação. A compressão é mais indicada para observar o
comportamento de materiais frágeis. O ferro fundido é um caso de metal em
que podem ser observadas algumas propriedades pelo ensaio de compressão,
pois é um material frágil. O ferro fundido entre as ligas metálicas, tem algum
interesse prático na determinação da resistência à compressão.
Os materiais metálicos dúcteis
(p.ex.:aços de baixo teor de carbono)
na sua fase elástica obedecem
também à Lei de Hooke sob ação de
cargas de compressão. Na fase
plástica, o comportamento desses
materiais vai ser diferente e,
portanto, não passível de
comparação. A carga de compressão
produz um amassamento crescente
que causa o aumento da secção
transversal, formando uma espécie
de disco sem que ocorra ruptura. A
ruptura ocorrerá nos materiais
frágeis pelo efeito de cisalhamento
provocado pela tensão de
compressão e não ocorrerão
deformações laterais significativas
como as verificadas nos dúcteis.
- Ensaio Brinell
Esse método de ensaio foi um dos primeiros padronizados e
usados em grande escala. Sua utilização deve-se a uma relação
entre os valores obtidos para dureza e a resistência à tração.
- Ensaio Rockwell
O ensaio Rockwell tem princípio semelhante a do processo Brinell. Aplica-se sobre a peça
ensaiada um penetrador com forma, carga e dimensões determinadas, no entanto, a dureza
é dada por um número proporcional à profundidade de penetração.
A precisão dos valores, a facilidade de realização, assim como sua rapidez faz desse
método o mais utilizado universalmente.
A capacidade de distinguir pequenas diferenças de dureza dos materiais (ferrosos)
temperados e o fato de a impressão deixada pelo penetrador ser menor do que a de outros
métodos são fatores que favorecem o seu uso. A pequena impressão na superfície do
material permite a realização do ensaio em peças acabadas, não a inutilizando
completamente, pois, os danos são pequenos não interferindo na durabilidade para alguns
tipos de utilização.
- Ensaio Vickers
É um ensaio bastante utilizado em trabalhos de pesquisa, devido a sua
metodologia que permite uma escala de dureza contínua para uma mesma carga.
Esse ensaio possibilita verificar materiais de baixa dureza (mole) valor 5, até de
alta dureza (duro) 1500, na escala de dureza Vickers.
O valor da dureza Vickers é dado pela relação entre a carga aplicada e a área de
impressão no material. Nesse aspecto o ensaio é semelhante ao Brinell, porém, a
impressão é na forma piramidal de base quadrada, enquanto a outra é esférica.
O penetrador tem ponta de diamante na forma de pirâmide de base quadrada e as
cargas variam de 10 a 120 kgf.
Ensaio de Fratura Frágil
O ensaio é baseado em um choque. Este impacto é caracterizado por
fazer com que o corpo de prova se submeta a uma força brusca e
repentina, a fim de rompê-lo. Este choque se caracteriza por uma
transferência de energia muito rápida.
Esse tipo de ensaio é importante, pois mostra de forma mais clara, o
comportamento dos materiais sob a ação de cargas dinâmicas, o que
geralmente difere do comportamento quando sujeitos às cargas estáticas.
Um exemplo de aplicação é no caso de componentes de uma suspensão
de automóvel que estão continuamente sujeitos a impactos e, portanto,
apenas ensaios estáticos não são suficientes.
Existem materiais que, nas condições normais em ensaios de tração,
apresentam comportamento dúctil, porém podem falhar de modo frágil
quando submetidos a impacto. Isso se deve principalmente à temperatura
a que está sujeito. A velocidade de aplicação da carga tem importância.
Em certos materiais esse fator é significativo. Essa sensibilidade é
conhecida como sensibilidade à velocidade.
O fator de forma também deve ser considerado. A presença de entalhes
e/ou concentração de tensões leva a região a absorver a maior parte de
energia e a se romper de forma frágil.
Ensaio de Fadiga
A fadiga ocorre quando um material está sujeito a uma variação
cíclica ou alternada de cargas, A repetição desses esforços
provoca uma falha, fratura por fadiga, com uma tensão muito
menor do que o limite de resistência estática do material.
É um tipo de falha traiçoeira, pois ocorre sem aviso. Sua origem
pode ser pela mudança brusca de secções, marca superficial no
material, pequenas inclusões ou outro tipo de defeito no material.
A representação das variações das cargas em função do tempo
pode ser alternada.
Ensaio de Fadiga
A fadiga ocorre quando um material está sujeito a uma variação
cíclica ou alternada de cargas, A repetição desses esforços
provoca uma falha, fratura por fadiga, com uma tensão muito
menor do que o limite de resistência estática do material.
É um tipo de falha traiçoeira, pois ocorre sem aviso. Sua origem
pode ser pela mudança brusca de secções, marca superficial no
material, pequenas inclusões ou outro tipo de defeito no material.
A representação das variações das cargas em função do tempo
pode ser alternada.
Chiaverini (1986), diz que o ensaio de fadiga consiste em submeter uma série de corpos de prova
a cargas decrescentes que produzam tensões alternadas e que podem levar à ruptura do material.
Através do ensaio de fadiga podem ser determinados dois valores muito importantes,
• Limite de fadiga (tensão abaixo da qual o material apresenta vida infinita).
• Resistência à fadiga (tensão na qual o material falha em um determinado número de ciclos).
O resultado obtido através de um ensaio de fadiga pode ser representado conforme o gráfico no
qual é possível localizar os dois valores de tensão (limite de fadiga e resistência à fadiga).
O equipamento básico utilizado consiste em um sistema de aplicação de carga e um contador do
número de ciclo, sendo que, ao se romper o corpo de prova, cessa a contagem do número de
ciclos.
Ensaio de Fluência
O fenômeno de fluência ocorre quando um material estiver sujeito a um
esforço contínuo, por um longo tempo, a uma temperatura superior à do
ambiente. Essa deformação ocorre devido à tensão constante em função do
tempo. Nos materiais metálicos a temperatura altera suas propriedades de
maneira significativa.
O ensaio é semelhante ao de tração com a diferença de que o esforço é
aplicado a uma temperatura determinada que não seja a do ambiente. Além
das variáveis, tensão e deformação, a temperatura e o tempo são importantes.
A diferença entre esses ensaios é também a necessidade de que, para se
verificar a fluência, o tempo de realização do ensaio deve ser significativo e
não como ocorre com a tração que ocorre em um pequeno instante.
Segundo Souza (1982, p. 201), “define-se fluência como sendo a deformação
plástica que ocorre em um material sob tensão constante ou praticamente
constante em função do tempo”.
O fator determinante no ensaio, além da temperatura é o tempo de aplicação
da carga. Mesmo com uma tensão constante, ocorre deformação plástica
(fluência) devido ao efeito que o calor provoca nas propriedades dos materiais.
Esse comportamento pode ser explicado pela movimentação das falhas que
existem na estrutura intercristalina dos materiais.
O equipamento utilizado nesse tipo de teste são bobinas. Elas têm diversas
formas como a cilíndrica que é semelhante a uma caneta. Com seu sensor
podemos, passando-o sobre o material, identificar trincas e descontinuidades
superficiais. Nas formas circular, quadrada ou oval que permitem a passagem da
peça, podem-se analisar não só as descontinuidades, mas também as variações
físico-químicas de uma peça. O ensaio por correntes parasitas é aplicado tanto
para materiais metálicos ferromagnéticos ou não (paramagnético e diamagnético).