Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
APOIO AO CURSO
PLANO MUNICIPAL DE
GESTÃOINTEGRADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS:
PLANEJAMENTO E GESTÃO
Realização
Curso de Capacitação
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: planejamento e gestão
FICHA TÉCNICA:
Coordenação
André Montagna
Redação técnica
Eng. Kalil Graeff Salim
Eng. Roberto Rodrigues Buhr
Eng. Mailyn Kafer Gonçalves
Eng. Francisco Alexandre de Sales Neto
Eng. Maurício Knack e Almeida
Fernanda Bertuol
Revisão
Marta Magda Antunes Machado
Esta apostila é material de apoio do curso EAD PGIRS: planejamento e gestão, não podendo ser
comercializada separadamente.
CONTEÚDO
I. PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E Classificação DOS RESÍDUOS SÓLIDOS. ........... 1
1. Contextualizando a questão dos resíduos sólidos ......................................................................1
2. Resíduos sólidos: definições e características ............................................................................2
3. Classificação dos resíduos sólidos ..............................................................................................3
4. A situação dos resíduos sólidos no Brasil ...................................................................................5
II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................... 12
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais ............................................... 12
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos .................................................................... 16
3. Resoluções, portarias e instruções normativas ........................................................................ 19
4. Normas ABNT .......................................................................................................................... 21
III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N. 12.305 ......................... 23
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ...... 23
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos ................................................... 26
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos ............................................................ 28
4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos .............................................. 30
5. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos .................................................... 31
IV.GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. .................................. 38
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos ........................................................................... 38
2. Manejo de resíduos sólidos: características, acondicionamento, coleta e transporte. .............. 40
3. Tratamento e disposição final .................................................................................................. 43
4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada ........................................ 46
V. Plano de Gestão de Resíduos Sólidos: programas, projetos e ações ................. 50
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: diretrizes, estratégias e metas para gestão no Brasil ....... 50
2. Planos estaduais, intermunicipais e municipais de gestão de resíduos sólidos: o que são, qual
sua importância e como realizar? ................................................................................................. 55
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos para grandes geradores: setores envolvidos e
estratégias de adequação ............................................................................................................ 60
4. Termos de referência: contratação de serviços para elaboração dos planos de gerenciamento
de resíduos sólidos....................................................................................................................... 62
APRESENTAÇÃO
É com entusiasmo que convidamos você a participar do curso Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: Planejamento e Gestão. Desenvolvido para
capacitar gestores públicos, técnicos de secretarias municipais, legisladores e
profissionais interessados na problemática dos resíduos sólidos urbanos, este curso
prepara os agentes para o planejamento e a gestão referente à implantação do PGIRS nos
municípios, no caso, objetivando atender ao disposto na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010).
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maximização de práticas de reutilização ambiental; e a extensão de cobertura
e reciclagem; a promoção de sistemas de dos serviços de coleta e destino final
tratamento e disposição de resíduos (BRASIL 2002).
compatíveis com a preservação
Pag. 2
3. Classificação dos resíduos sólidos
Pag. 3
superiores aos limites de eliminação Destinação: conforme norma técnica
especificados nas normas da Comissão específica.
Nacional de Energia Nuclear (CNEN),
Resíduos agrossilvopastoris: gerados nas
como, por exemplo, serviços de medicina atividades agropecuárias e silviculturais,
nuclear e radioterapia etc. incluídos aqui os resíduos relacionados a
Grupo D: Equiparados aos resíduos insumos utilizados nessas atividades.
domiciliares. Exemplo: sobras de Resíduos de serviços de transportes:
alimentos e do preparo de alimentos; oriundos de portos, aeroportos,
resíduos de áreas administrativas etc. terminais alfandegários, rodoviários e
Grupo E: Materiais perfuro-cortantes ou ferroviários, e passagens de fronteira.
escarificantes, tais como lâminas de Resíduos de mineração: gerados em
barbear; agulhas; ampolas de vidro; atividades de pesquisa, extração e/ou
pontas diamantadas; lâminas de bisturi; beneficiamento de minérios.
lancetas; espátulas; outros similares.
OBS: Alguns resíduos, definidos como
Resíduos industriais: gerados nos
objeto obrigatório da logística reversa,
processos produtivos em instalações
em função de suas características
industriais.
tóxicas, radioativas e contaminantes, são
Resíduos da construção civil: gerados classificados como resíduos especiais:
em construções, reformas, reparos e
1) pilhas e baterias;
demolições de obras de construção civil,
incluídos aqui os que resultam da 2) pneus;
preparação e escavação de terrenos para 3) lâmpadas fluorescentes de vapor de
obras civis. sódio e mercúrio, e de luz mista;
A Resolução CONAMA n. 307 classifica os 4) produtos eletroeletrônicos;
resíduos de construção civil em:
5) óleos lubrificantes, seus resíduos e
Classe A: Alvenaria; concreto; embalagens;
argamassas; solos. Destinação:
6) agrotóxicos, seus resíduos e
reutilização ou reciclagem, com uso na
embalagens, que são examinados junto
forma de agregados, além da disposição
aos resíduos agrossilvopastoris.
final em aterros licenciados.
Estes requerem cuidados especiais
Classe B: Madeira; metal; plástico; papel.
quanto a manuseio, acondicionamento,
Destinação: reutilização, reciclagem ou
estocagem, transporte e disposição final.
armazenamento temporário.
Classe C: Produtos sem tecnologia QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS AO
disponível para recuperação, por MEIO AMBIENTE:
exemplo, gesso. Destinação: conforme
A norma ABNT NBR 10.004/2004
norma técnica específica.
classifica os resíduos sólidos partindo do
Classe D: Resíduos perigosos, por conceito de “classes”, nesse caso,
exemplo, tintas; óleos; solventes etc..
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considerando o risco à saúde pública e →Resíduos Classe II A (não inertes):
ao meio ambiente. não se enquadram nas classificações I
e II B, pois, apesar de conterem
Resíduos Classe I (perigosos): por suas
propriedades como combustibilidade,
características de inflamabilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade
corrosividade, reatividade e
em água, não apresentam riscos à
patogenicidade, são resíduos que
saúde pública e ao meio ambiente,
apresentam risco à saúde pública e ao
por exemplo, lodos de estação de
meio ambiente, por exemplo, baterias,
tratamento de água e esgoto, papel,
pilhas, óleo usado, restos de tintas e
restos de alimentos etc.
pigmentos, resíduos de serviços de
saúde, resíduos inflamáveis etc. →Resíduos Classe II B (Inertes): são
aqueles que em contato com a água
Resíduos Classe II (não perigosos): estes
não solubilizam qualquer de seus
são subdivididos em “não inertes” e
componentes, por exemplo, tijolos,
“inertes”:
vidros, certos plásticos, borrachas etc.
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com maior destaque devido ao seu alto hábitos da sociedade foram incorporadas
grau poluidor, recomendando-se maior somente a partir da década de 1990.
fiscalização e atuação dos órgãos
Inúmeras razões explicam o
públicos e privados responsáveis pela desenvolvimento tardio dessas novas
preservação ambiental. No artigo 30 da prioridades: desconhecimento ou
Constituição Federal, atribui-se aos descaso por parte da sociedade quanto
municípios a tarefa de limpeza pública, aos impactos socioambientais gerados
devendo a mesma estar prevista na Lei pelos resíduos sólidos; escassez de
Orgânica Municipal para estabelecer os recursos públicos para esse assunto; e
princípios e as diretrizes que abordagem técnica e não socioambiental
condicionam as ações pretendidas pelo da questão.
serviço público municipal.
Além disso, a Lei de Crimes 1. Diagnóstico de Resíduos Sólidos
Ambientais – lei n. 9.605, de 12 de no Brasil
fevereiro de 1998 – dispõe em seu artigo A incorreta gestão de resíduos
54 sobre a penalização de lançamento de representa uma das maiores causas de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, impactos ambientais na atualidade. No
que esteja em desacordo com as Brasil, a síntese de uma série de
exigências estabelecidas em leis e diagnósticos dessas questões está
regulamentos. A lei também penaliza inserida na versão preliminar do Plano
quem deixar de adotar – quando assim o Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
exigir autoridade competente – medidas
O diagnóstico foi elaborado com
de precaução em caso de risco de dano
base nas informações fornecidas pela
ambiental grave ou irreparável (ZANTA e
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
FERREIRA 2003).
(PNSB), utilizando-se o Banco
Finalmente, em 2010, após vinte Multidimensional Estatístico (BME), e
anos de tramitação no Legislativo pelo Sistema Nacional de Informação em
Federal, entrou em vigor a lei 12.305 que Saneamento (SNIS). Alguns dados foram
instituiu a Política Nacional de Resíduos retirados ainda de relatórios da
Sólidos, estabelecendo o marco Associação Brasileira de Empresas de
regulatório para o setor de resíduos Limpeza Pública e Resíduos Especiais
sólidos no Brasil. (ABRELPE), de diferentes órgãos setoriais
Dessa forma, trata-se de uma – como a Associação Brasileira da
questão prioritária e relativamente nova Indústria Química e a Associação
no Brasil, uma vez que o reconhecimento Brasileira do Alumínio – bem como do
da importância dos diversos atores Ministério de Minas e Energia (MME).
sociais como co-responsáveis pela gestão Para manter a consistência entre as
de resíduos sólidos, a valorização da fontes de informação, o diagnóstico,
reciclagem e a promoção de ações apresentado no PNRS, tem como
educativas para mudanças de valores e referência o ano de 2008.
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O diagnóstico mostra que a coleta que corresponde, em números da época,
regular dos resíduos tem sido o foco a uma coleta diária de 1,1 kg de lixo por
central da gestão de resíduos sólidos nos habitante.
últimos anos. A taxa de cobertura vem Por sua vez, pesquisa da
crescendo, já alcançando em 2009 quase Associação Brasileira de Empresas de
90% do total de domicílios; nas áreas Limpeza Pública e Resíduos Especiais
urbanas, a coleta supera o índice de 98%. (ABRELPE) – intitulada Panorama dos
Não obstante, em domicílios localizados Resíduos Sólidos no Brasil 2010,
em áreas rurais, ela ainda não atinge realizada junto a 330 municípios de
33%. todas as regiões do país, mostrou que a
Já em relação à destinação, produção de resíduos sólidos urbanos,
segundo a PNSB/2008, realizada pelo que em 2010 chegou a 60,9 milhões de
IBGE, 50,8% dos municípios brasileiros toneladas, vem apresentando taxa de
ainda destinam seus resíduos sólidos a crescimento superior à taxa de
lixões a céu aberto. crescimento populacional urbano.
Figura 1 – Destino final dos resíduos sólidos no Além disso, a pesquisa mostrou
Brasil
que, embora se tenha verificado em
100 2010, aumento de 7,7% em relação a
80 Lixões a céu 2009, a quantidade de resíduos sólidos
aberto urbanos coletados, não atingiu o total do
60
Aterro
40 controlado
volume gerado.
20 Aterro Sanitário Figura 2 - Geração e coleta de RSU no Brasil
0
1989 2000 2008
Fonte: IBGE 2010
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2011 pelo SNIS, indica que a cobertura uma vez que 63,1% dos municípios
do serviço de coleta regular dos resíduos informaram que depositam seus
sólidos domésticos chega a 93,4% da resíduos em lixões, e apenas 13,7%
população do país, com uma massa possuem aterros sanitários.
coletada per capita média de 0,96 Analisando a situação da
kg/hab/dia. O diagnóstico do SNIS foi disposição final de resíduos pelo viés do
realizado em municípios de todos os número de unidades de disposição final
estados brasileiros e no Distrito Federal, nos municípios com presença de aterros
compreendendo um total de 1.964 sanitários, de aterros controlados e de
municípios, correspondendo a 63,8% da lixões, observa-se que, em 2000, 86%
população brasileira. dos municípios encaminhavam seus
Quanto à destinação final dos resíduos e rejeitos para aterros
resíduos sólidos urbanos, a pesquisa da controlados e lixões, e somente 14% dos
ABRELPE mostrou uma discreta municípios tinham aterros sanitários.
evolução, passando de 56,8% para 57,6% Não obstante o aumento no número de
o percentual dos resíduos destinados municípios que fazem disposição final
corretamente a aterros sanitários. em aterros sanitários, em 2008 constata-
Entretanto, em 2010, aproximadamente se que a maioria deles (71%) ainda
23 milhões de toneladas que foram dispõe seus resíduos e rejeitos em
coletadas não tiveram sua destinação aterros controlados e lixões.
final adequada, sendo encaminhadas Essas práticas habituais provocam,
para lixões ou aterros controlados, dentre outros impactos, a contaminação
comprometendo a qualidade de vida de de solos e corpos d’água, assoreamento,
diversas comunidades e gerando enchentes, proliferação de vetores
consideráveis danos ao meio ambiente.
transmissores de doenças, emissões
atmosféricas de gases causadores de
Figura 3 - Destinação final dos RSU coletados
efeito estufa, além de poluição visual,
mau cheiro e indisponibilidade das áreas
atingidas para fins econômicos.
Um dos principais poluentes
originados nos depósitos de resíduos
sólidos é um composto líquido altamente
contaminado de nome chorume. Ao
serem dispostos no solo, os resíduos
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010 sólidos podem sofrer infiltração de águas
superficiais, além da própria umidade
Apesar da PNSB 2010 indicar que
presente no lixo, que, ao percolar4 na
58,3% do lixo coletado no Brasil ter
massa de resíduos, leva consigo diversos
destinação final adequada em aterro
sanitário, quando se analisam
separadamente as informações, o 4
Capacidade do líquido de atravessar um
resultado mostra-se mais preocupante, determinado meio; fluir;
Pag. 8
produtos químicos e o líquido resultante Os indicadores econômicos obtidos
da degradação da matéria orgânica. por intermédio do SNIS para amostra de
municípios indicam que as despesas com
Um exemplo desta situação da
a gestão dos RSU, como um todo,
disposição final é o estado de São Paulo,
alcançam valores médios, um pouco
onde a despeito de revelar um quadro
menos que R$ 70,00 por habitante. Há
mais positivo no cenário nacional em
crescimento das despesas de acordo com
termos percentuais – com 24% de
o aumento do porte dos municípios.
destinação inadequada em 2010 –
apresenta, no entanto, uma situação Dentro do PNRS, o diagnóstico toca
delicada em quantidades absolutas, pois numa questão que vem ganhando
mais de 13 mil toneladas de resíduos destaque nas discussões sobre os RSU.
sólidos urbanos têm aí destinação Ou seja, a cobrança pelos serviços
inadequada todos os dias. associados à gestão dos resíduos. Em
2008, apenas 10,9% dos municípios
A PNSB 2010 mostrou ainda os
brasileiros possuíam algum tipo de
dados relativos ao Estado de Santa
cobrança pelo serviço de gestão de RSU,
Catarina, onde são gerados diariamente
sendo que 7,9% utilizavam uma
cerca de quatro mil e trezentas
modalidade de tarifa. Por outro lado, no
toneladas de resíduos sólidos
quesito tratamento, embora a massa de
domésticos, tendo um percentual de
resíduos sólidos urbanos apresente alto
coleta que abrange 92,3% desse volume.
percentual de matéria orgânica, as
Assim, em média, apresentou em 2010
experiências no Brasil de compostagem
um índice de geração diária média de
são ainda incipientes. Por não serem
0,81 kg de resíduos sólidos por
coletados separadamente, os resíduos
habitante.
orgânicos acabam sendo encaminhados
Figura 4 - Destinação final dos RSU no Estado de para disposição final, gerando despesas
Santa Catarina (t/dia e % coletado)
que poderiam ser evitadas caso a
matéria orgânica fosse separada na fonte
e encaminhada para um tratamento
específico, por exemplo, via
compostagem.
A coleta seletiva é um dos
instrumentos fundamentais da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, e um passo
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010
importante para viabilizar a reciclagem.
Outro dado que apresenta Segundo pesquisa realizada pela
destaque à Santa Catarina diz respeito à ABRELPE, a atividade de coleta seletiva
destinação adequada, apresentando vem avançando no país, embora, muitas
índice de 71,3% dos resíduos sólidos vezes, tal coleta praticada pelos
coletados dispostos em aterro sanitário. municípios não abranja a totalidade do
território municipal, ou, se restrinja à
disponibilidade de pontos de entrega
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voluntária para a população, ou mesmo constatação de 1.100 cooperativas em
à formalização de convênios com atuação, envolvendo 10% da população
cooperativas de catadores. de catadores; baixa eficiência dessas
organizações; e renda média inferior ao
Do total de 5.565 municípios
salário mínimo oficial. O estudo aponta
brasileiros, 57,6% declararam a
ainda os avanços significativos que
existência de coleta seletiva. Agora, em
aconteceram em período recente, quer
municípios de até 50 mil habitantes, esse
pela constituição de um Comitê
percentual cai para apenas 39%.
Interministerial para apoio aos
Figura 5–Coleta seletiva por grupo de população
Figura 4 - Coleta seletiva por grupos de municípios classificados por faixas de
catadores, quer por seus resultados na
urbana população urbana forma do Programa Pró-Catador – já
16%
8% instituído – ou, de definição da política
34%
61%
de Pagamento por Serviços Ambientais
92%
Urbanos.
84% Não
66%
39%
Sim
Por outro lado, os impactos dos
resíduos sólidos na saúde pública, em
até 49.999 50.000 a 99.999 100.000 a 499.999 acima de 500.000
especial a situação de catadores de
materiais recicláveis, são retratados
Fonte:
Fonte: Pesquisas
Pesquisa ABRELPE
ABRELPE 2010 2010
numa pesquisa sobre condições de vida,
Dados mais modestos em relação à trabalho e saúde, realizada em 2004 com
coleta seletiva são apresentados na 218 catadores do aterro de Gramacho no
pesquisa realizada pelo SNIS. Nesse caso, Rio de Janeiro (Porto et al. 2004). O
apenas 34,9% dos municípios adotam a estudo revelou que 42,3% dos
referida prática, sendo que nas regiões trabalhadores se alimentam do que
Sul e Sudeste o índice chega a 45% dos encontram no lixo; 71,7% já haviam
municípios, enquanto que nas demais sofrido algum acidente no local de
regiões a coleta seletiva não chega a trabalho; e somente 47,5% tinham
20%. consciência dos riscos que poderiam
Ainda sobre a coleta seletiva, os causar danos à saúde.
dados da pesquisa do SNIS mostram que
O autor da pesquisa também
a média municipal per capita de resíduos
observou doenças apresentadas pelos
sólidos coletados é de 8,1 kg/hab/ano,
catadores, dentre elas: hipertensão
destacando-se a região Sul, mais uma
(31,1%); varizes (20,2%); problemas
vez, com uma média de 14,7
osteomusculares (13,8%); problemas
kg/hab/ano.
cardíacos (9,6%); asma (4,2%).
Dentro do Plano Nacional de
No Plano Nacional de Resíduos
Resíduos Sólidos, o diagnóstico analisou
Sólidos, o diagnóstico leva em conta a
também a situação dos catadores de
situação de outros resíduos, a começar
materiais recicláveis, e sistematizou um
por aqueles da construção civil, que
conjunto de informações importantes, a
podem representar de 50 a 70% da
saber, existência de algo em torno a 400
massa de resíduos sólidos urbanos. Além
e 600 mil catadores no Brasil;
Pag. 10
destes, há os resíduos especiais definidos estudo considerou também os resíduos
como objeto obrigatório da logística sólidos inorgânicos gerados no setor
reversa. agrossilvopastoril, enfatizando o fato de
que o exercício da logística reversa
O Plano Nacional trata a questão
referente a embalagens de agrotóxicos
do descumprimento da Resolução
faz com que 95% delas retornem para
CONAMA n. 313/2002 referente ao
uma destinação ambientalmente
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
correta, içando o Brasil a referência
Industriais; dos Resíduos Sólidos de
mundial nesse quesito.
Serviços de Transporte definidos como
originários de portos, aeroportos, Enfim, no tocante às ações de
terminais alfandegários, rodoviários e Educação Ambiental, o diagnóstico
ferroviários e passagens de fronteira. O observa que, a despeito da legislação
diagnóstico traça também um panorama existente nesse campo, não há consenso
acerca dos Resíduos de Serviços de claro quanto aos conteúdos,
Saúde, examinando a evolução das leis e instrumentos e métodos a serem
normas de apoio para o seu aplicados, tal situação é acentuada
gerenciamento, e a exigência do Plano quando a temática das ações se refere
de Gerenciamento de Resíduos de aos resíduos sólidos. Nesse sentido,
Serviços de Saúde (PGRSS). Ele estuda verifica-se o desconhecimento e a
igualmente os Resíduos de Mineração dificuldades de gestores, técnicos e da
advindos de atividades que respondem própria população frente ao novo
por 4,2% do PIB e 20% das exportações modelo de participação social a ser
brasileiras, e que estão na base de várias aplicado na temática de resíduos sólidos.
cadeias produtivas. Ora, o diagnóstico aponta para uma
concentração de ações nos ambientes
O diagnóstico apresenta, ainda,
escolares, em detrimento de ações
uma análise dos Resíduos Sólidos
voltadas à população e aos agentes
Agrossilvopastoris. Esse levantamento de
diretamente envolvidos com o manejo
dados serviu como base para estimativas
diferenciado dos resíduos.
da produção de energia pelo
reaproveitamento da biomassa. O
Pag. 11
II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais
A questão legal aplicada aos Figura 6 - Pirâmide de Kelsen
resíduos sólidos está inserida no campo
do direito ambiental, este é constituído
por um conjunto de normas de caráter
preventivo que disciplinam a utilização
dos recursos ambientais. As normas
objetivam, efetivamente, combater a
degradação ambiental, utilizando-se de
instrumentos legais que protejam o meio
ambiente.
A Constituição do Brasil de 1988
introduz em seu texto o tema “Meio
Ambiente”, e, consequentemente, a 1. Leis constitucionais
questão dos resíduos sólidos, nesse caso, As leis constitucionais são as mais
dedicando um capítulo inteiro a importantes por conterem os elementos
orientações sobre proteção ambiental. O estruturais da nação, e a definição
documento é considerado o mais fundamental dos direitos do homem,
completo da legislação mundial hoje. Em este considerado como indivíduo e como
tal contexto, o artigo 225 da Constituição cidadão. Na escala hierárquica das leis,
afirma que todos têm direito ao meio coloca-se bem alto, e acima de todas as
ambiente ecologicamente equilibrado, dimensões, a Constituição Federal.
compreendendo-o como bem de uso Emanação direta da soberania nacional,
comum do povo, e essencial à boa a Constituição submete ao seu império
qualidade de vida. Nesse sentido, impõe- todos os órgãos do Estado, discrimina as
se ao Poder Público e à coletividade o atribuições dos seus poderes, delineia
dever de defendê-lo e preservá-lo para todas as peças do organismo nacional.
as atuais e futuras gerações. Por isso mesmo, ela deve ser obedecida
Entende-se a Constituição Federal igualmente pelos cidadãos e pelos
como a lei fundamental e suprema de detentores do poder e prepostos do
uma nação ou Estado, estabelecida como Estado.
base de sua organização política. Todos A Constituição Federal estabelece
os demais instrumentos legais – leis em seu artigo 23, inciso VI: “Compete à
infraconstitucionais – se situam União, aos Estados, ao Distrito Federal e
hierarquicamente abaixo da aos Municípios proteger o meio
Constituição, tal como se representa na ambiente e combater a poluição em
Pirâmide de Kelsen, na Figura 6. qualquer das suas formas”. No artigo 24,
preceitua a competência da União, dos
Pag. 12
Estados e do Distrito Federal em legislar Art. 200. Ao sistema único de saúde
concorrentemente sobre “(...) proteção compete, além de outras atribuições,
do meio ambiente e controle da nos termos da lei:
poluição” (inciso VI), e, no artigo 30, VIII - colaborar na proteção do meio
incisos I e II, atribui ao poder público ambiente, nele compreendido o do
municipal a tarefa de “legislar sobre os trabalho.
assuntos de interesse local e
suplementar a legislação federal e a 2. Leis complementares, ordinárias e
estadual no que couber” (BRASIL 1988). delegadas
Outros artigos da Constituição As leis complementares são
Federal que abordam a questão aquelas votadas pela legislatura
ambiental são os seguintes: ordinária, porém destinadas à
Art. 170. A ordem econômica, regulamentação dos textos
fundada na valorização do trabalho constitucionais. Elas devem ser
humano e na livre iniciativa, tem por aprovadas pela maioria absoluta de cada
fim assegurar a todos existência uma das Casas do Congresso Nacional.
digna, conforme os ditames da justiça As leis ordinárias são as que
social, observados os seguintes emanam dos órgãos que a Constituição
princípios: investiu da função legislativa. Em nossa
VI - defesa do meio ambiente, inclusive organização política, compete ao Poder
mediante tratamento diferenciado Legislativo fazer as leis, com a
conforme o impacto ambiental dos colaboração do Poder Executivo.
produtos e serviços e de seus processos Não existe entre lei complementar
de elaboração e prestação. e lei ordinária (ou medida provisória)
Art. 182. A política de uma relação de hierarquia, pois seus
desenvolvimento urbano, executada campos de abrangência são diversos.
pelo Poder Público Municipal, Assim, a lei ordinária que invadir matéria
conforme diretrizes gerais fixadas em de lei complementar é inconstitucional,
lei, tem por objetivo ordenar o pleno isto é, fere a constituição, e não, ilegal
desenvolvimento das funções sociais (fere uma lei infraconstitucional).
da cidade e garantir o bem-estar de Lei delegada é o ato normativo
seus habitantes. elaborado e editado pelo Presidente da
§ 1º - O plano diretor, (...), é o República em virtude de autorização do
instrumento básico da política de Poder Legislativo, expedida mediante
desenvolvimento e de expansão urbana. resolução e dentro dos limites nela
traçados. De uso bastante raro, apenas
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua duas leis delegadas foram promulgadas
função social quando atende às
após a Constituição de 1988.
exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor. Os atos de competência exclusiva
do Congresso, de acordo com a
Pag. 13
Constituição Federal, são indelegáveis da Decretos Legislativos
mesma forma que os de competência São atos destinados a regular as
exclusiva da Câmara e do Senado, do
matérias de competência exclusiva do
Poder Judiciário e do Ministério Público. Congresso Nacional (Constituição, art.
As matérias que dependem de leis 49) que tenham efeitos externos a ele. O
complementares também são Decreto Legislativo também disciplina as
indelegáveis, bem como tudo que diz relações jurídicas decorrentes de medida
respeito à cidadania, nacionalidade, provisória não convertida em lei
direitos políticos e individuais. (Constituição, art. 63, § 3o).
Exemplos de leis ordinárias Decretos
diretamente relacionadas à questão de
resíduos sólidos: São atos administrativos
normativos, originários do Poder
• Lei 6.938/81 - Dispõe sobre a Executivo, estando sempre em posição
Política Nacional de Meio Ambiente; inferior à lei, e, portanto, não podem
• Lei 9.605/98 - Lei de Crimes contrariá-la. O Decreto aprova o
Ambientais; regulamento, que, por sua vez, explica a
Lei. Além deste Decreto regulamentador,
• Lei 9.795/99 - Dispõe sobre a
existem também os Decretos
Política Nacional de Educação Ambiental;
independentes, por meio deles o Poder
• Lei 11.445/07 - Dispõe sobre a Executivo exerce suas funções
Política Nacional de Saneamento Básico; administrativas. O Decreto é ato
• Lei 12.305/10 - Dispõe sobre a administrativo de competência privativa
Política Nacional de Resíduos Sólidos. do Chefe do Executivo Federal, Estadual
e Municipal. Um exemplo de decreto é o
3. Outros atos administrativos e legais de número 7.405/2010 que institui o
Medida Provisória Programa Pró-Catador, denomina
Comitê Interministerial para Inclusão
É ato normativo com força de lei Social e Econômica dos Catadores de
que pode ser editado pelo Presidente da Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, e o
República em caso de relevância e
Comitê Interministerial da Inclusão Social
urgência. Tal medida deve ser submetida de Catadores de Lixo.
de imediato à deliberação do Congresso
Nacional. As medidas provisórias perdem Resoluções
a eficácia desde a edição se não forem São atos administrativos
convertidas em lei no prazo de 60 dias, normativos inferiores ao Decreto,
prorrogável por mais 60. Nesse caso, o expedidos pelas autoridades do Poder
Congresso Nacional deverá disciplinar, Executivo (mas não pelo Chefe do
por decreto legislativo, as relações Executivo), cuja função é explicar e
jurídicas decorrentes da medida complementar os regulamentos.
provisória.
Existem outros tipos de resoluções,
como as do CONAMA e da ANVISA, que
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são atos formais de manifestação de para exemplificar o uso desse dispositivo
vontade, deliberativos para o legal aplicado aos resíduos sólidos.
estabelecimento de normas, diretrizes e
Norma
critérios de controle ambiental no
âmbito da política governamental, e É o documento técnico que
objetivam a proteção, o controle e a estabelece as regras e características
preservação ambiental. mínimas que determinado produto,
serviço ou processo deve cumprir,
Instruções normativas permitindo uma perfeita ordenação e
São atos administrativos de órgãos globalização das atividades ou dos
da administração pública, expedidos pela produtos. As Normas são fatores vitais
autoridade hierarquicamente superior para que a evolução tecnológica nacional
para os seus administrados, objetivando acompanhe com grande êxito o processo
orientar a execução da ação de globalização mundial. Seguindo as
administrativa, e assegurando a sua normas, é possível trabalhar com um
unidade; nesse caso, eles não podem padrão tecnológico, pois elas permitem
contrariar lei, decreto, regulamento, pois que haja consenso entre produtores,
são atos inferiores de mero governo e consumidores. Isso facilita o
ordenamento administrativo. intercâmbio comercial e aumenta a
produtividade e as vendas não só no
Portarias
mercado interno como também no
São atos administrativos mercado externo, uma vez que ficam
ordinatórios internos. Como esclarece eliminadas as barreiras técnicas criadas
Hely Lopes Meirelles (1991), "(...) são pela existência de regulamentos
atos pelos quais os chefes de órgãos, conflitantes sobre produtos e serviços
repartições ou serviços expedem em diferentes países. No Brasil, a ABNT
determinações gerais ou especiais a seus (Associação Brasileira de Normas
subordinados, ou designam servidores Técnicas) cria essas normas, por
para funções e cargos secundários”. exemplo, a NBR 10.004, Resíduos Sólidos
Nesse sentido, são atos administrativos - Classificação.
que não produzem efeitos externos, isto
é, não obrigam os particulares. No
entanto, vêm sendo utilizados
estranhamente pela Administração
Pública. Citam-se as portarias das
unidades vinculadas ao Ministério da
Saúde – como a FUNASA e a ANVISA –
Pag. 15
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos
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Quadro 1 - Órgãos do SISNAMA
NÍVEL DE ATUAÇÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL FUNÇÃO NO SISNAMA
Assessorar o presidente da República na
Conselho do Governo
formulação da PNMA
Estudar e propor diretrizes e políticas
governamentais e deliberar sobre normas,
padrões e critérios de controle ambiental a ser
Conselho Nacional de Meio concedido pela União, Estados, Distrito Federal e
Ambiente - CONAMA Municípios, e supervisionado pelo próprio IBAMA.
Incentivar a instituição e o fortalecimento
institucional dos Conselhos Estaduais e Municipais
de Meio Ambiente.
FEDERAL Planejar, coordenar e supervisionar as ações
Ministério do Meio Ambiente
partindo da PNMA.
Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Executar a PNMA e sua fiscalização.
Naturais – IBAMA
Apresentar e editar normas e padrões de gestão
de Unidades de Conservação federais; propor a
Instituto Chico Mendes de
criação, regularização fundiária e gestão das
Conservação da
Unidades de Conservação federais, e apoiar a
Biodiversidade - ICMBio
implementação do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC).
Assessorar a Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável na formulação da
Política Estadual de Meio Ambiente, no sentido de
propor diretrizes e medidas necessárias à
proteção, conservação e melhoria do meio
Conselho Estadual do Meio
ambiente, visando garantir o desenvolvimento
Ambiente
sustentável.
Elaborar normas supletivas e complementares, e
padrões relacionados ao meio ambiente,
observados os que forem estabelecidos pelo
CONAMA.
ESTADUAL
Planejar, coordenar e executar políticas,
programas e projetos das ações relacionadas à
Secretaria de Estado do proteção ambiental.
Desenvolvimento Sustentável Composta pelas Diretorias de: Desenvolvimento
das Cidades, Meio Ambiente, Saneamento e
Recursos Hídricos.
Fiscalizar, licenciar, desenvolver pesquisas
Fundação ou Secretaria
ambientais e fazer a gestão das Unidades de
Estadual do Meio Ambiente
Conservação.
Responsável pela fiscalização da flora, fauna,
Polícia Ambiental
mineração, poluição e de agrotóxicos.
Elaborar normas relacionadas ao meio ambiente,
Conselho Municipal do Meio
observando as que foram estabelecidas em nível
Ambiente
MUNICIPAL federal e estadual.
Fundação ou Secretaria Responsável pela execução da PNMA no âmbito
Municipal do Meio Ambiente local.
Pag. 17
Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais saneamento básico engloba serviços,
infra-estruturas e instalações
Dispõe sobre as sanções penais e
operacionais de limpeza urbana e
administrativas derivadas de condutas e
manejo de resíduos sólidos. São artigos
atividades lesivas ao meio ambiente, e
que mencionam resíduos sólidos:
dá outras providências.
Art. 2 - Os serviços públicos de
Em seu artigo 54, a lei institui pena
saneamento básico serão prestados com
de reclusão de um a cinco anos quando
base nos seguintes princípios
ocorrer poluição por lançamento de
fundamentais: ... III - abastecimento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou,
água, esgotamento sanitário, limpeza
detritos, óleos e/ou substâncias oleosas,
urbana e manejo dos resíduos sólidos,
em desacordo com as exigências
realizados de forma adequada à saúde
estabelecidas em leis ou regulamentos.
pública e à proteção do meio ambiente.
O crime, aqui, também abrange a
Art. 7 - Composição das atividades do
poluição de qualquer natureza: poluição
serviço público de limpeza urbana e de
das águas interiores e do mar, da
manejo de resíduos sólidos urbanos.
atmosfera, do solo etc., nesse caso,
bastando que o lançamento desses Art. 29 - Sustentabilidade econômico-
resíduos esteja em desacordo com as financeira dos serviços públicos de
normas legais. No artigo 56, a pena é de saneamento básico.
um a quatro anos e multa para quem Art. 35 - Dispõe sobre as taxas ou tarifas
manipula, acondiciona, armazena, decorrentes da prestação de serviço
coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá público de limpeza urbana e de manejo
destinação final a resíduos perigosos de de resíduos sólidos urbanos.
forma diversa da estabelecida em lei ou
regulamento. Lei 12.305/10 - Política Nacional
de Resíduos Sólidos
Lei 9.795/99 - Política Nacional de
Educação Ambiental A lei dispõe sobre os princípios,
objetivos e instrumentos, bem como
Dispõe sobre a educação sobre as diretrizes relativas à gestão
ambiental. A educação ambiental é um
integrada e ao gerenciamento de
componente fundamental e permanente resíduos sólidos, às responsabilidades
da educação nacional, devendo estar dos agentes geradores e do poder
presente, de forma articulada, em todos público, e aos instrumentos econômicos
os níveis e modalidades do processo aplicáveis.
educativo em caráter formal e não-
formal. Por isso, ela é instrumento de Essa lei será abordada com mais
todas as outras leis aqui mencionadas. detalhes no Módulo três.
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que estas últimas. Elas são criadas especificamente as necessidades de
partindo da observação e da referido local.
compreensão das características locais
As leis estaduais são
pela população ali residente, sendo de disponibilizadas pelos portais da
extrema importância a sua consideração Assembléia Legislativa do Estado de
como instrumento legal. Muitas vezes, as Santa Catarina, e as municipais, por
peculiaridades sociais e geográficas de intermédio do portal da prefeitura na
determinada região a tornam singular no internet, ou no endereço eletrônico
território nacional, de modo a ser preciso (www.leismunicipais.com.br).
uma legislação que atenda
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do CONAMA aplicadas aos resíduos Saúde Legis, reúne os atos normativos do
sólidos. Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito
federal. Nesse sistema, mais de 90 mil
Outras resoluções podem ser
normas estão disponíveis para consulta.
conhecidas por intermédio do link
As unidades vinculadas ao MS que
“Resoluções do CONAMA”, portal do
elaboram normas relacionadas aos
CONAMA, na internet, cujo endereço é
resíduos são a FUNASA e a ANVISA –
(www.mma.gov.br/port/conama).
uma fundação pública e uma autarquia,
Nele, encontram-se resoluções respectivamente.
específicas, bastando inserir o assunto
Além disso, normas de outros
que se deseja pesquisar.
órgãos – como o IBAMA – podem ser
2. Sistema de legislação da saúde pesquisadas no sistema. No Quadro 3,
apresentam-se algumas dessas normas.
O sistema de pesquisa da legislação
do Ministério da Saúde (MS), chamado
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Quadro 2 - Outros instrumentos normativos
TIPO ÓRGÃO NÚMERO/ANO ASSUNTO
Análise técnica dos pleitos relacionados aos Resíduos Sólidos
Urbanos, relativos à aquisição de veículos e equipamentos,
Portaria FUNASA 22/2012
seja realizada, em caráter excepcional, pelos técnicos do
Departamento de Engenharia de Saúde Pública.
Aprovar os critérios de elegibilidade e prioridade do
Portaria FUNASA 567/2011 programa de Resíduos Sólidos Urbanos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros.
Aprovar os critérios e procedimentos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros à implantação,
Portaria FUNASA 1010/2009 ampliação ou melhoria de unidades de triagem de resíduos
sólidos, para apoio às cooperativas e associações dos
catadores de materiais recicláveis.
Institui, no âmbito do IBAMA, os procedimentos necessários
ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 416, de 30 de
Instrução
IBAMA 001/2010 setembro de 2009, pelos fabricantes e importadores de
Normativa
pneus novos, sobre coleta e destinação final de pneus
inservíveis.
Institui os procedimentos complementares relativos a
Instrução controle, fiscalização, laudos físico-químicos e análises,
IBAMA 003/2010
Normativa necessários ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 401,
de 4 de novembro de 2008.
Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas
sanitárias no gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas de
Resolução ANVISA 056/2008
portos, aeroportos, passagens de fronteiras e recintos
alfandegados.
4. Normas ABNT
Fundada em 1940, a Associação desperdícios de tempo, matéria-prima e
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o mão-de-obra, o que resulta em
órgão responsável pela normalização crescimento de mercado, melhoria de
técnica no país, fornecendo a base qualidade e redução de preços e custos,
necessária ao desenvolvimento fatores que alimentam o ciclo motor do
tecnológico brasileiro. desenvolvimento social.
Norma é o documento técnico que No Brasil, as atividades de
estabelece as regras e características normalização precisam ser intensificadas
mínimas que determinado produto, em ritmo acelerado, não só pelo
serviço ou processo deve cumprir, crescente desenvolvimento do mercado,
permitindo uma perfeita ordenação e mas também para atender às exigências
globalização dessas atividades ou do Comitê Técnico OMC (Organização
produtos. Mundial do Comércio).
As Normas Técnicas propiciam o O Quadro 4, a seguir, apresenta as
correto suprimento das necessidades mais importantes normas da ABNT
práticas dos produtores e consumidores, aplicadas aos resíduos sólidos.
e são fundamentais para a eliminação de
Pag. 21
Quadro 3 - Normas ABNT aplicadas a resíduos
NÚMERO ANO CONTEÚDO
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos
NBR 8419 1996
urbanos – procedimento
Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
NBR 8418 1984
perigosos – procedimento
NBR 8849 1985 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos.
Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e
NBR 7500 2011
armazenamento de produtos
NBR 7501 2011 Transporte terrestre de produtos perigosos - terminologia
Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - requisitos e métodos
NBR 9191 2008
de ensaio
NBR 10.004 2004 Resíduos sólidos – classificação
NBR 10.005 2004 Lixiviação de resíduos – procedimentos
NBR 10.006 2004 Solubilização de resíduos – procedimentos
NBR 10.007 2004 Amostra de resíduos – procedimentos
Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e
NBR 10157 1987
operação – procedimento
Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III (inertes) –
NBR 11174 1990
procedimento
Incineração de resíduos sólidos perigosos - padrões de desempenho
NBR 11175 1989
– procedimento
NBR 12235 1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos - procedimento
NBR 12807 1993 Resíduos de serviços da saúde – terminologia
NBR 12808 1993 Resíduos de serviços da saúde – classificação
NBR 12809 1993 Manuseio dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
NBR 12810 1993 Coleta dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
Coleta, varrição e acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos –
NBR 12980 1993
terminologia
NBR 13221 2010 Transporte terrestre de resíduos
NBR 13463 1995 Coleta de resíduos sólidos
Aterros de resíduos não perigosos - critérios para projeto,
NBR 13896 1997
implantação e operação.
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III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N.
12.305
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos
Pag. 23
setor industrial, representação dos resíduos sólidos foram apresentados, e
setores interessados no assunto, seguiram juntamente com o processo da
contribuição do Movimento Nacional de Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Catadores de Materiais Recicláveis, e dos Agora, a proposta do Plano
demais membros da GTRESID. Nacional de Resíduos Sólidos foi
Entretanto, uma hipótese sobre a encaminhada no ano de 2011 para
existência de logística reversa no texto consulta, esta realizada mediante
do projeto de lei foi um dos aspectos que audiências públicas em cada região do
adiou a sua aprovação. Isso porque o país e uma audiência em âmbito
setor industrial apresentou grande nacional. No presente momento, o Plano
resistência ao tema. Somente depois de se encontra na etapa de apreciação
compreender a logística reversa como pelos Conselhos Nacionais de Meio
produto da prevenção e recuperação de Ambiente, das Cidades, de Recursos
danos ambientais, com cunho de Hídricos, de Saúde e de Política Agrícola,
responsabilidade social e de integração que, após ser examinado, será conduzido
entre União, estados, municípios, pelo Ministério de Meio Ambiente à
empresas e cidadãos, é que houve Presidência da República, para sua
consenso entre o setor industrial e os aprovação.
catadores de materiais recicláveis.
A minuta do relatório final foi
apresentada em junho de 2009, para 2. Do objeto e campo de aplicação da
receber contribuições adicionais. No dia Política Nacional de Resíduos
07 de julho de 2010, o projeto foi Sólidos
analisado em quatro comissões e O Artigo primeiro da Lei n. 12.305
aprovado em plenário. A Política apresenta como objeto desta a
Nacional de Resíduos Sólidos foi disposição dos princípios, objetivos,
sancionada pela Presidência da instrumentos e das diretrizes relativas à
República em 02 de agosto de 2010, na gestão integrada e ao gerenciamento dos
configuração da Lei n. 12.305. Esta foi resíduos sólidos, incluindo os resíduos
regulamentada por meio do Decreto n. perigosos, às responsabilidades dos
7.404 no dia 23 de dezembro de 2010, geradores e do poder público, e aos
apontando as diretrizes para criação do instrumentos econômicos aplicáveis
Plano Nacional de Resíduos Sólidos nesse caso.
(PNRS). A lei cria o Comitê
Ainda em seu parágrafo primeiro, a
Interministerial da Política Nacional de
Política designa os sujeitos à observância
Resíduos Sólidos, e o Comitê Orientador
da Lei, sendo estes pessoas físicas ou
para implantação dos Sistemas de
jurídicas, de direito público ou privado,
Logística Reversa, e dá outras
responsáveis direta ou indiretamente
providências.
pela geração dos resíduos sólidos, e
Interessante observar que nos 21 agentes que desempenhem tarefas
anos de tramitação do projeto de lei
inicial cerca de 100 projetos voltados a
Pag. 24
relacionadas à gestão integrada ou ao 11.445/2007, 9.974/2000 e 9.966/2000,
gerenciamento de resíduos sólidos. além das solicitações estabelecidas nas
normas do Sistema Nacional do Meio
Por sua vez, o campo de aplicação
Ambiente (Sisnama), do Sistema
indicado na Política corresponde aos
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),
resíduos sólidos dispostos nessa Lei. Não
do Sistema Unificado de Atenção à
se aplica aos rejeitos radioativos, os
Sanidade Agropecuária (Suasa) e do
quais são regulados por legislação
Sistema Nacional de Metrologia,
específica.
Normalização e Qualidade Industrial
Igualmente deverão ser cumpridas (Sinmetro).
as aplicações contidas nas leis
Antes Depois
Torna-se responsabilidade dos municípios o plano
Não há prioridade para a questão dos resíduos
de metas sobre resíduos, com participação dos
sólidos urbanos.
catadores.
Disposição final inadequada dos resíduos sólidos em Erradicação dos lixões em até quatro anos, a contar
lixões na maioria dos municípios. da promulgação da Lei.
A chamada compostagem passa a ser um requisito
Não existe prioridade no tratamento adequado para
obrigatório para o tratamento dos resíduos sólidos
os resíduos sólidos orgânicos.
orgânicos.
As escassas ações de coleta seletiva, além do alto
A coleta seletiva torna-se obrigatória, devendo-se
custo, são ineficazes para reduzir os volumes de
controlar seus custos e fiscalizar a qualidade do
resíduos sólidos a serem dispostos em aterros
serviço.
sanitários.
Incentivo ao cooperativismo, e regulamentação da
Os catadores executam suas atividades na
profissão de catador. As Cooperativas serão
informalidade, estando expostos a condições
contratadas pelos municípios para coleta e
insalubres de trabalho.
reciclagem.
Além de pouca disponibilidade, os materiais
Aumenta-se a quantidade e melhora-se a qualidade
recicláveis presentes no mercado apresentam baixa
da matéria-prima reciclada.
qualidade.
Inexistência de lei nacional para orientar os
Passa a existir marco legal para estimular ações
investimentos das empresas na gestão dos resíduos
empresariais voltadas à gestão dos resíduos sólidos.
sólidos.
Adoção de responsabilidade compartilhada faz com
Baixa adesão da sociedade na separação do lixo
que a separação do lixo reciclável seja mais
reciclável nas residências.
criteriosa nas residências.
Falta de informação técnica sobre os resíduos Criação de sistemas de informação sobre resíduos
sólidos gerados no Brasil. sólidos, para auxiliar sua gestão.
Inexistência da política de logística reversa associada Empresas passam a ser responsáveis pelos resíduos
à produção. gerados e pelo descarte de seus produtos.
Fonte: Adaptada CEMPRE.
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2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos
Pag. 27
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
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Quadro 5 - Instrumentos econômicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Pag. 29
4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Pag. 30
1. Das proibições da Política Nacional destinação ou disposição final dos
de Resíduos Sólidos resíduos sólidos ou rejeitos são proibidas
no Art. 47 e Art. 48 conforme o quadro
O Art. 49 da Lei destaca a proibição
abaixo.
da importação de resíduos sólidos
perigosos, rejeitos e resíduos sólidos A queima de resíduos a céu aberto
cujas características causem dano ao poderá ser realizada quando, em decreto
meio ambiente, à saúde pública e de emergência sanitária, for autorizada e
animal, e à sanidade vegetal, mesmo no acompanhada pelos órgãos competentes
caso de tratamento, reforma, reuso, do Sisnama, do SNVS e, se assim o
reutilização ou recuperação. Além disso, couber, do Suasa.
outras atividades e/ou formas de
Proibições
Formas de destinação ou disposição final de Atividades nas áreas de disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos resíduos ou rejeitos
Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer
Utilização como alimento dos rejeitos dispostos.
corpos hídricos.
Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os Catação, observado o disposto no inciso V do
resíduos de mineração. Art. 17.
Queima a céu aberto ou em recipientes,
instalações e equipamentos não licenciados para Criação de animais domésticos.
essa finalidade.
Fixação de habitações temporárias ou
Outras formas vedadas pelo poder público. permanentes.
Outras atividades vedadas pelo poder público.
Fonte: Lei 12.305
Pag. 31
O Artigo quarto do Decreto n. de serviços de transporte gerados em
7.404 atribui inúmeras competências ao portos, aeroportos e passagens de
Comitê Interministerial, dentre as quais fronteira deverão estar de acordo com as
se destacam: normas do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), do Sistema
criação de procedimentos para
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), e
elaborar e atuar na implementação
do Sistema Unificado de Atenção à
do Plano Nacional de Resíduos
Sanidade Agropecuária (SUASA),
Sólidos;
conforme as respectivas áreas de
proposição de medidas para
atuação.
executar os instrumentos e
objetivos da Lei n. 12.305, Com relação às responsabilidades
incentivando a pesquisa e o dos geradores de resíduos sólidos e do
desenvolvimento de atividades de poder público, o Decreto n. 7.404 em seu
reaproveitamento, reciclagem e Artigo quinto, parágrafo único,
tratamento dos resíduos sólidos; determina que a responsabilidade
provimento de informações compartilhada ocorrerá de maneira
complementares ao Plano de individualizada e encadeada. Por sua vez,
Gerenciamento de Resíduos o Art. 6º dispõe sobre a obrigatoriedade
Sólidos Perigosos. de acondicionamento adequado e de
forma diferenciada dos resíduos sólidos
No Art. 37 do referido Decreto –
gerados, sempre que haja um sistema de
além do estabelecido pelas diretrizes da
coleta seletiva ou de logística reversa. Já
Lei n. 12.305 –, afirma-se que a
em seu Art. 7º, o Decreto
recuperação energética dos resíduos
regulamentador confere ao Poder
sólidos urbanos deverá estar disciplinada
Público, ao setor empresarial e à
em observância às orientações e
coletividade a responsabilidade pela
exigências dos Ministérios do Meio
efetivação dos requisitos impostos na
Ambiente, de Minas e Energia e das
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Cidades.
Quanto à coleta seletiva e à
Como uma de suas diretrizes, a
participação de catadores de materiais
regulamentação da Política Nacional de
reutilizáveis e recicláveis, apresentam-se
Resíduos Sólidos estabelece a adoção de
dois capítulos do Decreto que
medidas em prol da redução da geração
regulamenta a Política Nacional de
dos resíduos sólidos, particularmente
Resíduos Sólidos. No capítulo referente à
dos chamados resíduos perigosos, por
coleta seletiva, aborda-se a importância
intermédio de seu Art. 38. Nesse sentido,
desta como meta para se alcançar uma
os resíduos sólidos considerados
destinação ambientalmente adequada
supostamente como veiculadores de
dos rejeitos mediante seleção prévia dos
agentes etiológicos6 de doenças
resíduos, de acordo com sua constituição
transmissíveis e/ou pragas, e os resíduos
e/ou composição, podendo ser a mesma
6
Denominação dada ao agente causador de implantada sem prejudicar a execução
uma doença. dos sistemas de logística reversa.
Pag. 32
No tocante à participação dos viabilizar a coleta e a restituição dos
catadores, o Decreto n. 7.404 prioriza resíduos sólidos ao setor empresarial,
iniciativas de cooperativas e demais para reaproveitamento, em seu ciclo ou
modalidades de associação de catadores em outros ciclos produtivos, ou outra
de materiais reutilizáveis e recicláveis, destinação final ambientalmente
formadas por pessoas físicas de baixa adequada” (BRASIL 2010a).
renda. Ainda, o Decreto determina à No capítulo em que aparecem
União o provimento de condições de questões de logística reversa, indicam-se
trabalho favoráveis para catadores, bem os seus meios e a forma de
como oportunidades para sua inclusão implementação, estabelecendo-se
social e econômica, mediante também os acordos setoriais que
regulamento específico referente a tal deverão ser adotados para efetivação
atividade. desse instrumento da Política Nacional
O Sistema de Logística Reversa e o de Resíduos Sólidos.
Comitê Orientador para a implantação
O Comitê Orientador para
de Sistemas de Logística Reversa são implantação de Sistemas de Logística
igualmente discutidos na Reversa – criado por intermédio do
regulamentação da Política Nacional de Decreto regulamentador da Lei n. 12.305
Resíduos Sólidos. Nesse caso, o Art. 13 – possui suas competências
do Decreto define a logística reversa estabelecidas pelo Art. 34, e será
como “(...) instrumento de composto por órgãos e entidades
desenvolvimento econômico e social governamentais conforme o Art. 33,
caracterizado pelo conjunto de ações, sendo o Comitê presidido pelo Ministério
procedimentos e meios destinados a do Meio Ambiente.
Pag. 33
reversa;
X - Propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa produtos e embalagens
adquiridos diretamente de empresas não estabelecidas no País, inclusive por meio de
comércio eletrônico.
Fonte: Decreto 7.404
Pag. 34
Quadro 9- Finalidades do SINIR
VI - Possibilitar a avaliação dos resultados, dos impactos, e o acompanhamento das metas dos
planos e das ações de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos nos diversos níveis,
inclusive dos sistemas de logística reversa implantados;
Pag. 35
empreendimentos e serviços de gestão VII. Deixarem de manter atualizadas e
dos resíduos sólidos, e à limpeza urbana disponíveis ao órgão municipal
e ao manejo dos resíduos. competente e a outras autoridades
informações completas quanto à
Em suas disposições finais, o Art.
realização de ações do sistema de
84 determina penalidades e multas
logística reversa sob sua
relacionadas ao não cumprimento da
responsabilidade;
Política Nacional de Resíduos Sólidos e
do Decreto de Lei n. 7.404. Passando a VIII. Não mantiverem atualizadas e
vigorar a partir da data de publicação do disponíveis ao órgão municipal
Decreto, ficam sujeitas às penalidades competente, ao órgão licenciador do
pessoas físicas ou jurídicas que: SISNAMA e a outras autoridades
informações completas acerca da
I. Lançarem resíduos sólidos ou rejeitos
implementação e operacionalização
em praias, em mais ou quaisquer
do plano de gerenciamento de
recursos hídricos;
resíduos sólidos sob sua
II. Lançarem resíduos sólidos ou responsabilidade;
rejeitos in natura a céu aberto,
IX. Deixarem de atender às regras
excetuados os resíduos de mineração;
sobre registro, gerenciamento e
III. Queimarem resíduos sólidos ou informação, previstos no § 2º do Art.
rejeitos a céu aberto, ou em 39 da Lei n. 12.305 de 2010.
recipientes, instalações e
Quando não cumpridas, as
equipamentos não licenciados para a
obrigações previstas para a coleta
atividade;
seletiva e os sistemas de logística reversa
IV. Descumprirem a obrigação prevista estarão sujeitas a advertências, e, no
no sistema de logística reversa caso de reincidência na infração, a
implantado nos termos da Lei n. penalidade será aplicada mediante multa
12.305, de 2010, consoante as no valor entre cinquenta e quinhentos
responsabilidades específicas reais, podendo ser ela convertida em
estabelecidas para o referido sistema; serviços de preservação, melhoria e
V. Deixarem de segregar resíduos recuperação da qualidade do meio
sólidos na forma determinada para a ambiente.
coleta seletiva, quando esta for Finalmente, o Art. 85 determina
realizada pelo titular do serviço que o Decreto Lei n. 6.514, de 2008, que
público de limpeza urbana e manejo dispõe sobre as infrações e sanções
de resíduos sólidos; administrativas ao meio ambiente,
VI. Destinarem resíduos sólidos estabelece o processo administrativo
urbanos à recuperação energética, em federal para apuração destas infrações, e
desconformidade com o § 1º do Art. dá outras providências, passe a vigorar
9º da Lei n. 12.305, de 2010, e seu com o acréscimo do Art. 71-A, o qual
respectivo regulamento; estabelece: “Importar resíduos sólidos
perigosos e rejeitos, bem como os
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resíduos sólidos cujas características reuso, reutilização ou recuperação:
causem dano ao meio ambiente, à saúde multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
pública e animal e à sanidade vegetal, R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
ainda que para tratamento, reforma, reais).”
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IV. GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos
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mudanças nas embalagens dos produtos 2. Sobre o sistema de gerenciamento
que, muitas vezes, apresentam de resíduos sólidos urbanos
componentes desnecessários ou em
Para atender à legislação vigente e
excesso. São exemplos de redução na garantir eficiência do gerenciamento
fonte: alterações no design de municipal dos resíduos sólidos, deve-se
embalagens; aumento da vida útil dos realizar um correto planejamento das
produtos; substituição de materiais atividades de limpeza urbana, visando à
utilizados no processo produtivo por redução dos gastos com transporte e
outros menos agressivos ao meio disposição final.
ambiente.
As instituições responsáveis pelo
A estratégia de reaproveitamento Sistema de Gerenciamento de Resíduos
engloba as ações de reutilização, Sólidos Urbanos precisam contar com
reciclagem e recuperação (VALLE 2001). estrutura organizacional que lhes
No reuso, o resíduo é utilizado
forneça suporte necessário ao
diretamente com a mesma finalidade
desenvolvimento de suas atividades.
para a qual foi originalmente concebido,
por exemplo, a reutilização das garrafas Tal concepção é, por sua vez,
de vidro. A reciclagem, por sua vez, exige condicionada pela disponibilidade de
um processo de transformação das recursos financeiros e humanos, assim
propriedades físicas, físico-químicas ou como pelo grau de mobilização e
biológicas dos resíduos, visando sua participação social.
transformação em insumos ou novo Alguns aspectos relativos ao
produto. Os melhores exemplos de arranjo institucional – como o
reciclagem – bem conhecidos pelos estabelecimento de normas municipais
brasileiros em geral – são as de garrafas para a limpeza urbana; a capacitação
PET e latinhas de alumínio. A técnica continuada dos profissionais; e a
recuperação é baseada no manutenção de um canal de
aproveitamento energético dos resíduos comunicação com a comunidade etc. –
ou de seus nutrientes mediante a favorecem a melhoria dos serviços
compostagem. prestados.
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conhecimento das características físicas, sistema; a seleção de processos de
químicas e biológicas dos resíduos. tratamento; e até a definição das
técnicas de disposição final que melhor
O conhecimento das características
se adaptem a cada caso.
dos resíduos possibilita o
dimensionamento dos componentes do
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1. Acondicionamento estabelecimentos públicos e no pequeno
comércio são, em geral, também
Acondicionar resíduos sólidos
realizados pelo órgão municipal
significa prepará-los para a coleta de
encarregado da limpeza urbana.
forma sanitariamente adequada,
compatível com o tipo e a quantidade de A operação de coleta pode ser
resíduos. realizado pela própria prefeitura, por
empresas sob contrato de terceirização,
A escolha do tipo de recipiente
ou ainda através de sistemas mistos –
mais adequado para o acondicionamento
como aluguel de viaturas e utilização de
deve ser orientada de acordo com as
mão-de-obra da prefeitura.
características e a quantidade de
resíduos gerados, a frequência da coleta, Planejamento da coleta
o tipo de edificação e o preço do
recipiente. O planejamento da coleta requer
uma série de informações que englobam
A qualidade da operação de as características físicas do município,
limpeza urbana depende da forma como sistema viário, tipos de pavimentação
os resíduos são acondicionados, bem (ou a falta dela), intensidade do tráfego,
como da observação dos locais, dias e número de habitantes, zoneamento do
horários que os recipientes devem ser município, geração per capta e a
disponibilizados para coleta pública. sazonalidade da geração de resíduos
sólidos, dentre outras.
O acondicionamento adequado:
Com base nessas informações é
previne acidentes;
possível determinar aspectos
evita a proliferação de vetores; importantes da coleta, como a
minimiza o impacto visual e olfativo; regularidade, o método e o
dimensionamento do itinerário e da
facilita a realização da coleta seletiva.
frota de coleta.
2. Coleta e transporte de resíduos Normalmente, os veículos
sólidos urbanos indicados para as atividades de coleta
são caminhões com carrocerias
Coletar resíduos significa recolhê-
compactadoras ou sem compactação. Os
los e encaminhá-los, mediante
equipamentos compactadores são
transporte adequado, a uma possível
recomendados para áreas de média a
estação de transferência, a um eventual
alta densidade e vias que apresentem
tratamento e à disposição final.
condições favoráveis de tráfego. Nas
A coleta e o transporte dos cidades pequenas, onde a população não
resíduos sólidos urbanos é atribuição dos está concentrada, os equipamentos sem
municípios, segundo a Lei 12.305. compactação são os mais indicados.
Entretanto, resíduos gerados em
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3. Tratamento e disposição final
O tratamento, ou a
“industrialização dos resíduos”, envolve
um conjunto de atividades e processos
cujo objetivo é promover a reciclagem de
alguns de seus componentes – como
plástico, papel e papelão, metal e vidro –
a transformação da matéria orgânica em
composto a ser utilizado como
fertilizante e condicionador do solo, ou
ainda buscar o aproveitamento Fonte: CNTL 2002
energético e a descontaminação. O
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Processo de tratamento de resíduos
Compostagem: processo controlado de Co-processamento: reaproveitamento
transformação aeróbia de materiais de resíduos nos processos de fabricação
orgânicos. Segunda a Lei 12.305, cabe ao de cimento, como substituto parcial de
titular dos serviços públicos de limpeza combustível e como matéria-prima,
urbana e de manejo de resíduos sólidos sendo as cinzas resultantes incorporadas
implantar sistema de compostagem para ao produto final. Segundo a Resolução
resíduos sólidos orgânicos. CONAMA 264/99, o co-processamento
não se aplica a resíduos domiciliares
Biodigestão: processo anaeróbio de
brutos, de serviço de saúde, radioativos,
tratamento de resíduos sólidos orgânicos
explosivos, organoclorados, agrotóxicos
que produz biogás, fonte de energia
e afins.
renovável, que pode ser utilizado para
produzir energia elétrica e térmica, e Autoclavagem: tratamento térmico de
biofertilizantes ricos em nutrientes. resíduos de serviço de saúde do Grupo A,
consistindo em manter o material
Incineração: queima controlada dos
contaminado sob pressão à temperatura
resíduos em fornos com filtros. Tem a
elevada para destruir todos os agentes
vantagem de reduzir o volume de
patogênicos.
resíduos em até 85%. Entretanto, além
do alto custo de implantação, Microondas: técnica também utilizada
manutenção e operação, há muita no tratamento de resíduos de serviço de
polêmica quanto à segurança dos saúde, consiste em submeter os resíduos
sistemas de controle de emissões de à radiação de microondas.
gases tóxicos. Os incineradores são a Reaproveitamento e reciclagem:
forma mais indicada de tratamento para considerados processos de tratamento
alguns tipos de resíduos, como os de resíduos sólidos, serão vistos em
hospitalares e os resíduos tóxicos detalhe.
industriais.
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de chorume e gás. Esta célula adjacente cobertura diária da pilha de lixo com
é preparada para receber resíduos com terra ou outro material disponível como
uma impermeabilização com manta, forração, e recirculação do chorume.
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4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada
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Quadro 11 - Benefícios da reciclagem
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Outro modelo utilizado para coleta obrigados a estruturar e implementar
seletiva é o denominado Pontos de progressivamente – conforme
Entrega Voluntária (PEV’s), que consiste regulamentação a ser estabelecida –
na instalação de contêineres ou sistemas de logística reversa, de forma
recipientes em locais públicos, para que independente do serviço público de
voluntariamente a população venha a limpeza urbana e de manejo dos
fazer o descarte dos materiais separados resíduos sólidos, nos casos dos seguintes
em sua residência. produtos e/ou materiais:
Neste modelo, a população separa I. Agrotóxicos e seus resíduos e
os materiais segundo a classificação embalagens, assim como outros
estabelecida na resolução CONAMA 275 produtos cuja embalagem, após o
de 2001, a qual firma o código de cores uso, contenha resíduos perigosos,
para outros tipos de resíduos além dos observadas aqui as regras de
recicláveis, como segue abaixo. gerenciamento de resíduos
Quadro 12 - Código de Cores para a coleta perigosos previstas em lei ou
seletiva regulamento; em normas
estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa; ou em
normas técnicas;
II. pilhas e baterias;
III. pneus;
IV. óleos lubrificantes e seus resíduos e
embalagens;
Fonte: Resolução CONAMA 275/2001
V. lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio, e de luz mista;
3. Logística reversa
VI. produtos eletroeletrônicos e seus
Alguns materiais estão
componentes.
enquadrados pela chamada Logística
Reversa, que segundo a lei n. 12.305, é o Ainda, o parágrafo primeiro do
conjunto de ações, procedimentos e Artigo 33 dessa lei estabelece que a
meios desenvolvidos pelos setores obrigatoriedade de sistemas de logística
privados, visando viabilizar a coleta e a reversa deve ser estendida a produtos
restituição dos resíduos sólidos para comercializados em embalagens
reaproveitamento em seu ciclo ou em plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
outros ciclos produtivos, ou ainda outra demais produtos e embalagens,
destinação final ambientalmente considerando, prioritariamente, o grau e
adequada. a extensão do impacto à saúde pública e
Conforme o Artigo 33 da Lei ao meio ambiente dos resíduos gerados.
12.305, fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes estão
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Quadro 13 – Representação esquemática da Reduzir a geração de resíduos
logística reversa
sólidos, o desperdício de materiais, a
poluição e os danos ambientais;
Incentivar a utilização de insumos de
menor agressividade ao meio
ambiente e de maior
sustentabilidade;
Estimular o desenvolvimento de
Fonte: Lacerda (2002) mercado, a produção e o consumo
de produtos derivados de materiais
4. Responsabilidade compartilhada reciclados e recicláveis;
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V. PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS:
PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): diretrizes, estratégias e
metas para gestão no Brasil
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IX. Diretrizes para planejamento e (PLANSAB), descrevendo o Cenário 1,
demais atividades de gestão de adotado, que indica um futuro possível e
resíduos sólidos das regiões desejável, constituindo o ambiente para
integradas de desenvolvimento o planejamento e suas diretrizes,
instituídas por lei complementar, estratégias, metas, seus investimentos e
bem como para áreas de especial procedimentos de caráter político-
interesse turístico; institucional necessários para alcançar o
X. Normas e diretrizes para planejado.
disposição final de rejeitos e, Quanto aos Cenários 2 e 3,estes
quando couber, de resíduos; são descritos e mantidos como
XI. Meios a serem utilizados, em referência para o planejamento; caso o
âmbito nacional, para controle e monitoramento do cenário indique
fiscalização de sua implementação significativos desvios do Cenário 1 em
e operacionalização, assegurado o direção aos cenários alternativos,
controle social. correções sejam implementadas nas
A Lei 12.305/2010 determinou premissas e proposições do Plano,
prazos para algumas ações até 2014, tais incluindo metas e necessidades de
como eliminação de lixões e disposição investimentos.
final ambientalmente adequada dos
O Cenário 1 projeta o Brasil em 2030
rejeitos. Nesse caso, não se trata de
como um país saudável e sustentável,
estabelecer um plano de metas, mas sim
apresentando elevada taxa de
de cumprir prazos legais.
crescimento econômico e de
As demais ações às quais a Lei não investimentos do setor público e
firmou prazos máximos para seu privado; expressiva melhoria dos
cumprimento são objeto de planos de indicadores sociais, com redução das
metas alternativos – “Intermediário” e desigualdades urbanas e regionais; e
“Desfavorável” – adequados a cada melhoria do meio ambiente. Nesse
situação apresentada. Cenário, o Estado brasileiro qualifica-se
A estrutura do PNRS constitui-se de em seu papel de provedor dos serviços
quatro capítulos. públicos, assumindo crescentemente a
prestação de serviços, e de condutor das
O Capítulo 1 apresenta o políticas públicas essenciais, como o
diagnóstico elaborado pelo Instituto de saneamento básico, com garantia de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) direitos sociais, e, na variável ambiental,
sobre a situação dos resíduos sólidos no um modelo de desenvolvimento com
Brasil – assunto já visto no Módulo 1 do consumo sustentável.
curso.
O Capítulo 3 apresenta as
O Capítulo 2 aborda a construção
Diretrizes e Estratégias mais importantes
de Cenários Macroeconômicos e
relacionadas aos resíduos sólidos,
Institucionais em consonância com o
visando a definição de metas.
Plano Nacional de Saneamento Básico
Pag. 51
As Diretrizes, neste capítulo, As metas foram projetadas tendo
referem-se às linhas norteadoras por por base os cenários Favorável,
grandes temas, enquanto que as Intermediário e Desfavorável, descritos
Estratégias se referem à forma ou aos no Capítulo 2. Como a definição das
meios pelos quais as devidas ações serão metas não depende apenas dos cenários
implementadas. econômicos, estando ela atrelada
também ao envolvimento e à atuação
As Diretrizes e suas respectivas
dos três níveis de governo, da sociedade
Estratégias relativas aos resíduos sólidos
e da iniciativa privada, optou-se por
urbanos buscam:
elaborar três Planos de Metas:
(i) atendimento aos prazos legais;
proposta 1, com viés favorável;
(ii) fortalecimento de políticas públicas
conforme previsto na Lei proposta 2, com viés intermediário;
12.305/2010, tais como e,
implantação da coleta seletiva e proposta 3, com viés pessimista.
logística reversa; incremento dos
percentuais de destinação; O cumprimento do Plano de Metas
tratamento dos resíduos sólidos e Favorável, apenas no que se refere aos
disposição final ambientalmente resíduos sólidos urbanos, exige
adequada dos rejeitos; inserção disponibilidade de recursos com suporte
social dos catadores de materiais dos três níveis de governo e da iniciativa
reutilizáveis e recicláveis; privada. Entretanto, essa parte dos
(iii) melhoria da gestão e do recursos é apenas um dos
gerenciamento dos resíduos condicionantes para o alcance das
sólidos como um todo; metas, sendo necessário igualmente o
(iv) fortalecimento do setor de cumprimento de vários outros requisitos,
resíduos sólidos per si, e de suas como capacitação institucional,
interfaces com os demais setores capacidade institucional e de
da economia brasileira. endividamento.
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urbanos é um dos princípios Na ênfase dada pela Lei 12.305 ao
fundamentais da Política Nacional de planejamento, em todos os níveis, o
Resíduos Sólidos. PNRS assume importância fundamental
por apontar, mediante suas diretrizes,
Para isso, a União vem induzindo o
estratégias e metas, ações que se farão
consorciamento dos municípios, visando
necessárias para consecução dos
ganhos de escala e redução de custos, o
objetivos nacionais, conformando os
que permitiria o alcance das metas
acordos setoriais, a logística reversa e as
propostas, em especial, as de
prioridades a serem adotadas. Nesse
encerramento de lixões e bota-foras;
sentido, ele pode exercer papel
implantação dos aterros sanitários e
norteador ao desenvolvimento dos
outros; implantação da coleta seletiva
outros planos de responsabilidade
para todos os tipos de resíduos; e
pública, inclusive influenciando os planos
impulso à participação e inclusão
de gerenciamento de resíduos sólidos
expressiva dos catadores de materiais
exigidos de alguns dos geradores.
recicláveis.
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Qualificação da gestão de resíduos sólidos
Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos urbanos, por meio dos seguintes instrumentos: (a) planos estaduais,
intermunicipais e municipais; (b) estudos de regionalização e constituição de consórcios
públicos; (c) institucionalização de instrumento apropriado de cobrança específica para os
serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos (sem vinculação ao
IPTU).
Resíduos industriais
Diretriz 1: A diretriz fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos para os
resíduos sólidos industriais é a eliminação completa dos resíduos industriais destinados
de maneira inadequada ao meio ambiente.
Resíduos de mineração
Diretriz 1: Compatibilidade entre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano de
Mineração.
Resíduos agropastoris
Diretriz 1: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
agrosilvopastoris.
Diretriz 2: Destinação adequada a todos os resíduos da criação animal, por compostagem
e/ou biodigestores, ou ainda outras tecnologias.
Diretriz 3: Implementação da coleta seletiva de parte dos resíduos sólidos secos do meio
rural, e destinação adequada em consonância com as normas sobre destinação dos
resíduos urbanos.
Diretriz 4: Inventário de resíduos agrosilvopastoris, sendo que, a contar do próximo Censo
Agropecuário (2015), estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 5: Ampliação da logística reversa para todas as categorias de resíduos
agrosilvopastoris, e sua implementação até 2024.
Diretriz 6: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
minerais na agricultura.
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Resíduos da construção civil (RCC)
Diretriz 1: Eliminação de áreas irregulares para disposição final de RCC – “bota-foras” –
em todo o território nacional.
Diretriz 2: Implantação de unidades de recebimento, triagem, transbordo e reserva
adequada de RCC (aterros Classe A).
Diretriz 3: Incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos RCC em
empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 4: Fomento a medidas de redução da geração de rejeitos e resíduos da
construção civil em empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 5: Inventário de resíduos da construção civil, sendo que, a contar do próximo
Censo do IBGE, estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 6: Criação de metas e indicadores de redução, coleta, destinação e disposição de
resíduos e rejeitos.
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econômica de catadores de XII. Meios a serem utilizados, em
materiais reutilizáveis e recicláveis; âmbito estadual, para controle e
fiscalização de sua implantação e
VI. Programas, projetos e ações para
operacionalização, assegurado o
atendimento das metas previstas;
controle social.
VII. Normas e condicionantes técnicas
Além do Plano Estadual de
para acesso a recursos do Estado,
Resíduos Sólidos, os Estados poderão
para obtenção de seu aval, ou para
elaborar planos microrregionais de
acesso de recursos administrados,
resíduos sólidos, bem como planos
direta ou indiretamente, por
específicos direcionados às regiões
entidade estadual, quando
metropolitanas ou aglomerações
destinados a ações e programas de
urbanas.
interesse dos resíduos sólidos;
A elaboração e execução, pelos
VIII. Medidas para incentivar e viabilizar
Estados, de planos microrregionais de
a gestão consorciada ou
resíduos sólidos e/ou de regiões
compartilhada dos resíduos
metropolitanas ou aglomerações
sólidos;
urbanas deverão ser realizadas
IX. Diretrizes para planejamento e obrigatoriamente com a participação dos
demais atividades de gestão de Municípios envolvidos, sem excluir nem
resíduos sólidos de regiões substituir qualquer das prerrogativas a
metropolitanas, aglomerações cargo dos Municípios, previstas pela Lei.
urbanas e microrregiões;
O plano microrregional de resíduos
X. Normas e diretrizes para sólidos, respeitada a responsabilidade
disposição final de rejeitos, e, dos geradores, deve atender ao previsto
quando couber, de resíduos, para o plano estadual e estabelecer
respeitadas as disposições soluções integradas à coleta seletiva,
estabelecidas em nível nacional; recuperação e reciclagem, ao tratamento
XI. Conforme os demais instrumentos e à destinação final dos resíduos sólidos
de planejamento territorial, urbanos, e, consideradas as
especialmente o zoneamento peculiaridades microrregionais, outros
ecológico-econômico e o tipos de resíduos.
zoneamento costeiro, prever: a) as O forte incentivo à gestão
zonas favoráveis para localização associada de resíduos sólidos entre
de unidades de tratamento de municípios de uma mesma região do
resíduos sólidos, ou de disposição Estado promove uma economia de
final de rejeitos; b) as áreas escala já contemplada na Lei Federal de
degradadas em razão de disposição Saneamento Básico (11.445/2007), além
inadequada de resíduos sólidos ou de auxiliar no planejamento conjunto
rejeitos, a serem objeto de das ações, e na otimização dos recursos
recuperação ambiental; financeiros.
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A gestão associada potencializa os humanos, financeiros e de infraestrutura
meios para solução dos problemas existentes em cada um deles, de modo a
comuns, com o compartilhamento dos gerar uma economia de escala.
recursos físicos e gerenciais. As diretrizes Interessante observar que, quando
para planejamento e gestão dos resíduos comparada ao modelo atual – em que os
de regiões metropolitanas e municípios manejam seus resíduos
aglomerados urbanos têm caráter sólidos isoladamente –, a gestão
estratégico também nos planos associada possibilita reduzir custos. O
estaduais, e são alvo de normalização na ganho de escala no manejo de resíduos,
Política Nacional de Resíduos Sólidos. juntamente com a implantação de
Claro está o incentivo à agregação cobrança pela prestação de serviços
de municípios não somente na Política (recuperação de custos), garante a
Nacional de Resíduos Sólidos, mas sustentabilidade econômica dos
igualmente no conjunto de leis que consórcios, e a manutenção de pessoal
configuram o atual arcabouço legal para especializado na gestão de resíduos.
gestão de resíduos. A agregação é Os resultados dos convênios dos
condição essencial para que aconteça o Estados com o MMA são expressivos.
salto à gestão de resíduos, e para que se Vários deles já definiram o desenho de
concretizem os avanços necessários a sua regionalização: Alagoas, Bahia, Acre,
todas as regiões brasileiras. Sergipe, Minas Gerais, Rio Grande do
O Ministério do Meio Ambiente Norte e Rio de Janeiro, além de outras
(MMA) vem firmando convênios com os unidades que estão encerrando esse
Estados para elaboração dos planos de procedimento, ou que definiram sua
regionalização, visando apoiar a regionalização por motivação própria. O
definição de territórios à atuação de processo desenvolvido nos Estados
consórcios públicos, com escala permitirá a necessária aceleração dos
adequada para gestão da limpeza urbana resultados: o Estado da Bahia poderá
e do manejo de resíduos sólidos. Nesse auxiliar soluções de seus 417 municípios,
caso, os Estados poderão elaborar planos com concentração de esforços em 26
microrregionais de gestão, bem como Regiões de Desenvolvimento
para regiões metropolitanas e Sustentável; o Estado de Minas Gerais,
aglomerados urbanos, obrigatoriamente de maior número de municípios do país,
com a participação dos Municípios poderá apoiar suas 853 unidades,
envolvidos. concentrando as ações em 51 áreas
denominadas Âmbitos Territoriais
A regionalização e os
Ótimos. Trata-se de induzir a formação
consorciamentos intermunicipais
de consórcios públicos que congreguem
consistem na identificação de arranjos
diversos municípios, para planejar,
territoriais entre municípios, com o
regular, fiscalizar e prestar serviços de
objetivo de compartilhar serviços e/ou
acordo com tecnologias adequadas a
atividades de interesse comum, assim,
cada realidade; com um quadro
permitindo maximizar os recursos
permanente de técnicos capacitados,
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potencializando os investimentos adequada de rejeitos,
realizados e profissionalizando a gestão. observado o plano diretor de e
o zoneamento ambiental, se
A elaboração dos Planos
houver;
Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos é condição necessária III. Identificação das possibilidades
para o Distrito Federal e os Municípios de implantação de soluções
terem acesso aos recursos da União consorciadas ou compartilhadas
destinados à limpeza urbana e ao com outros Municípios,
manejo de resíduos sólidos. considerando nos critérios de
Coerentemente com as diretrizes da economia de escala a
legislação, com o incentivo aos Estados proximidade dos locais
para que promovam sua regionalização, estabelecidos, e as formas de
e aos Municípios para que se associem, prevenção dos riscos
terão prioridade quanto ao acesso a ambientais;
recursos da União Municípios que
IV. Identificação dos resíduos
optarem por soluções consorciadas sólidos e os geradores sujeitos
intermunicipais para gestão de resíduos ao plano de gerenciamento
sólidos. específico ou ao sistema de
Os Planos Municipais de Gestão logística reversa;
dos Resíduos Sólidos têm um escopo V. Procedimentos operacionais e
muito mais voltado à consecução de especificações mínimas a serem
objetivos (e não tanto ao planejamento e adotados nos serviços públicos
à integração), metas e diretrizes do de limpeza urbana e manejo de
Plano Nacional e dos planos estaduais, resíduos sólidos, incluída a
assim como à gestão e operação dos disposição final adequada dos
serviços de coleta, reciclagem e rejeitos;
destinação final de resíduos.
VI. Indicadores de desempenho
O Plano Municipal de Gestão operacional e ambiental dos
Integrada de Resíduos Sólidos tem, serviços públicos de limpeza
conforme a Lei 12.305, o seguinte urbana e manejo de resíduos
conteúdo mínimo: sólidos;
I. Diagnóstico da situação dos VII. Regras para transporte e outras
resíduos sólidos gerados no etapas do gerenciamento de
respectivo território, contendo resíduos sólidos, observadas as
origem, volume, caracterização
normas estabelecidas pelos
dos resíduos e formas de órgãos do Sisnama e do SNVS, e
destinação e disposição final demais disposições da legislação
adotadas; federal e estadual pertinente;
II. Identificação de áreas
VIII. Definição das responsabilidades
favoráveis para disposição final
quanto à implantação e
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operacionalização, incluídas as na logística reversa e de outras
etapas do plano de ações relativas à
gerenciamentoa cargo do Poder responsabilidade compartilhada
Público; pelo ciclo de vida dos produtos;
IX. Programas e ações de XVI. Meios a serem utilizados, em
capacitação técnica, voltados à âmbito local, para controle e
implementação e fiscalização da implantação e
operacionalização; operacionalização dos planos de
gerenciamento de resíduos
X. Programas e ações de educação
sólidos e dos sistemas de
ambiental que promovam a
logística reversa;
não-geração, redução,
reutilização e reciclagem de XVII. Ações preventivas e corretivas a
resíduos sólidos; serem praticadas, incluindo
programa de monitoramento;
XI. Programas e ações para
participação de grupos XVIII. Identificação dos passivos
interessados, em especial, se ambientais relacionados aos
houver, de cooperativas ou resíduos sólidos, incluindo áreas
outras formas de associação de contaminadas, e respectivas
catadores de materiais medidas saneadoras;
reutilizáveis e recicláveis, XIX. Periodicidade de sua revisão,
formadas por pessoas físicas de observado prioritariamente o
baixa renda; período de vigência do plano
XII. Mecanismos para a criação de plurianual municipal.
fontes de negócios, emprego e
O Plano Municipal de Gestão
renda, mediante a valorização Integrada de Resíduos Sólidos pode estar
dos resíduos sólidos; inserido no Plano de Saneamento Básico,
XIII. Sistema de cálculo dos custos da tal como previsto no Art. 19 da Lei n.
prestação dos serviços públicos 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
de limpeza urbana e manejo de respeitado o conteúdo mínimo
resíduos sólidos, e forma de determinado no caput, e observado o
cobrança desses serviços; disposto no § 2º.
XIV. Metas de redução, reutilização, Municípios com menos de vinte mil
coleta seletiva e reciclagem, habitantes, o Plano de Gestão Integrada
entre outras, com vistas a de Resíduos Sólidos terá conteúdo
reduzir a quantidade de rejeitos simplificado,conforme disposto no Art.
encaminhados para disposição 51 do Decreto 7404/2010.
final;
Esta condição não se aplica a
XV. Descrição das formas e dos municípios:
limites de participação do Poder
Público local na coleta seletiva e
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(i) integrantes de áreas de especial resíduos sólidos, junto ao órgão
interesse turístico; competente do Sisnama.
(ii) inseridos em área de influência de
A inexistência de um Plano
empreendimentos ou atividades Municipal de Gestão Integrada de
com significativo impacto Resíduos Sólidos não pode ser utilizada
ambiental, no âmbito regional ou para impedir a instalação e/ou operação
nacional; de empreendimentos ou atividades
(iii) cujo território abranja, total ou devidamente licenciados pelos órgãos
parcialmente, unidades de competentes.
conservação.
O Município que optar por
A existência de um Plano Municipal soluções consorciadas intermunicipais
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para gestão de resíduos sólidos, quando
não exime o Município do licenciamento assegurado que o plano intermunicipal
ambiental de aterros sanitários e de
preencha os requisitos estabelecidos na
outras infraestruturas e instalações
Lei 12.305, pode este ser dispensado da
operacionais integrantes do serviço elaboração de Plano Municipal de
público de limpeza urbana e manejo de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
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Conteúdo mínimo do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos:
I. Descrição do empreendimento ou V. Ações preventivas e corretivas a
da atividade; serem executadas em situações de
gerenciamento incorreto ou
II. Diagnóstico dos resíduos sólidos
acidentes;
gerados ou administrados,
contendo origem, volume e VI. Metas e procedimentos
caracterização dos resíduos, relacionados à minimização da
incluindo os passivos ambientais a geração de resíduos sólidos, e,
eles relacionados; observadas as normas
estabelecidas pelos órgãos do
III. Observadas as normas
Sisnama, do SNVS e do Suasa, à
estabelecidas pelos órgãos do
reutilização e reciclagem;
Sisnama, do SNVS e do Suasa, e, se
houver, o Plano Municipal de VII. Se couber, ações relativas à
Gestão Integrada de Resíduos responsabilidade compartilhada
Sólidos: pelo ciclo de vida dos produtos na
forma do Art. 31;
a) explicitação dos responsáveis de
cada etapa do gerenciamento de VIII. Medidas saneadoras dos passivos
resíduos sólidos; ambientais relacionados aos
resíduos sólidos;
b) definição dos procedimentos
operacionais relativos às etapas do IX. Periodicidade de sua revisão,
gerenciamento de resíduos sólidos observado, se couber, o prazo de
sob responsabilidade do gerador; vigência da respectiva licença de
operação a cargo dos órgãos do
IV. Identificação de soluções
Sisnama.
consorciadas ou compartilhadas
com outros geradores;
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por elas desenvolvidas não gerem licenciador do Sisnama e a outras
resíduos perigosos. autoridades, informações completas
sobre a implantação e operacionalização
Será designado um responsável
do plano sob sua responsabilidade.
técnico devidamente habilitado para
elaboração, implantação, O Plano de Gerenciamento de
operacionalização e monitoramento de Resíduos Sólidos é parte integrante do
todas as etapas do Plano de processo de licenciamento ambiental
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, deum empreendimento ou uma
nestas incluído o controle da disposição atividade, junto ao órgão competente do
final ambientalmente adequada de Sisnama. Nos empreendimentos e nas
rejeitos, e, quando couber, de resíduos. atividades não sujeitos a licenciamento
ambiental, a aprovação do plano de
Os responsáveis pelo plano de
gerenciamento de resíduos sólidos cabe
gerenciamento de resíduos sólidos
à autoridade municipal competente.
manterão atualizadas e disponíveis, ao
órgão municipal competente, ao órgão
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público e privado; implantação de resultado do trabalho alcance a
projetos e desenvolvimento de qualidade esperada.
processos.
Termo de referência corresponde ao
No setor ambiental, o trabalho de instrumento orientador à contratação de
consultoria ocorre da mesma forma, serviços técnicos de pessoa jurídica pela
identificando primeiramente o impacto gestão pública.
ambiental, social e econômico de uma
Nessa perspectiva, seu objetivo é
determinada atividade, para, em
estabelecer diretrizes orientadoras,
seguida, com base em conhecimentos
conteúdo e abrangência do projeto em
técnicos, desenvolver as melhores
etapa antecedente à implantação das
alternativas a mitigar ou solucionar tais
atividades. No caso, deverão ser
impactos, no caso, visando tornar a
elaborados os termos de referência para
atividade sustentável.
consultoria técnica visando o
Diante do novo cenário de busca desenvolvimento e à implementação do
por atividades sustentáveis, e com base Plano Municipal de Gestão Integrada de
nas legislações vigentes, cabe aos Resíduos Sólidos.
administradores públicos a contratação
Por outro lado, sua montagem
de empresa especializada na prestação
deve conter, inicialmente, uma descrição
de serviços, adequando seu município às
básica dos antecedentes gerais e
exigências legais, e contribuindo com a
específicos referentes ao modelo de
redução dos impactos ambientais.
gestão e gerenciamento de resíduos
Além da necessidade de sólidos urbanos, de forma a
contratação de profissionais habilitados contextualizar a problemática envolvida,
para a elaboração de um Plano de e a amplitude espacial do município, ou
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o municípios a serem relacionados para o
contratante do serviço deve acompanhar serviço.
e monitorar constantemente o
Na sequência, define-se o objetivo
andamento do trabalho, garantindo o
do termo de referência, apresentando as
cumprimento de prazos e indicações
condições e os critérios para contratação
expressas no termo de referência de
de pessoa jurídica a prestar consultoria
prestação do serviço.
técnica especializada na gestão de
2. Como montar um termo de projetos ambientais, para elaboração do
referência Plano de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos. Ainda, são indicados as metas e
Em caso de contratação de
o alcance de abrangência do serviço,
consultoria técnica visando ao
apontando os municípios envolvidos,
desenvolvimento do Plano de Gestão
bem como a metodologia de trabalho.
Integrada de Resíduos Sólidos, um termo
de referência bem montado representa Quanto ao escopo do trabalho, o
um dos passos fundamentais para que o termo de referência tem caráter
indicativo no que diz respeito às
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informações e aos conteúdos mínimos a de resíduos sólidos em cada um dos
serem oferecidos. Nesse sentido, o municípios integrantes do projeto.
termo de referência deve apresentar
A sistematização de informações
obrigatoriedade quanto à realização de coletadas em levantamentos de campo e
um diagnóstico situacional da Gestão questionários deve culminar com um
Integrada de Resíduos Sólidos no banco de dados sobre volume de
município ou nos municípios resíduos gerados, forma de disposição,
consorciados, onde se realizam os sistema de administração da gestão,
serviços. taxas de cobrança, caracterização de
O diagnóstico a ser elaborado deve resíduos, além da totalidade de
englobar a situação da coleta, a informações para todos os municípios
administração e disposição final dos integrantes do projeto.
resíduos sólidos da região, com Conteúdo da sistematização de
informações detalhadas sobre volume e
informações:
composição, por município.
Volume, caracterização, coleta,
Além disso, no diagnóstico, pode transporte, periodicidade da
ser exigida ainda a aplicação de coleta, custo de tratamento e
questionário, seguido de um forma de disposição final de
levantamento fotográfico dos dados
resíduos sólidos – domésticos, de
relacionados à quantificação, saúde, perigosos, de construção
caracterização, forma de coleta, civil;
periodicidade da coleta, e disposição
final de resíduos sólidos de cada Caracterização e localização de
município integrante do projeto; áreas para disposição final de
resíduos sólidos em cada
Após o levantamento de dados, município, com plotagem em
deve-se exigir uma sistematização das mapas e localização de áreas de
informações, análise dos dados influência direta e indireta.
coletados, e elaboração do relatório com Distâncias de centros urbanos.
diagnóstico situacional. Outros usos do local (despejo de
O relatório do diagnóstico deve ser limpa fossas, animais mortos etc.);
diagramado e impresso na quantidade Quantidade de usinas de
de vias suficientes para que todos os processamento de resíduos
envolvidos no projeto tenham acesso às sólidos, com georreferenciamento;
informações. No relatório, deve constar
a descrição detalhada dos levantamentos Cooperativa de catadores de lixo,
de campo, e a sistematização dos dados ou catadores não cooperados.
levantados mediante questionários, na Serviço terceirizado pelas
forma de um Sistema de Informações, os prefeituras. Tipo de gerenciamento
quais mostrarão o diagnóstico adotado. Planilhas de custo e
situacional de tratamento e destinação faturamento. Periodicidade de
vendas. Destino dos recicláveis;
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Uso de Equipamentos de Proteção informações, os resultados devem ser
Individual (EPI´s) pelos funcionários apresentados em forma de seminários.
da coleta, sendo importante
Na sequência, inicia-se a
detalhar fornecimento, elaboração do Plano de Gerenciamento
gerenciamento, descarte e Integrado de Resíduos Sólidos,
periodicidade. Exposição a resíduos compreendendo a concepção de
perigosos (metais, pilhas, baterias, funcionamento do sistema integrado de
pesticidas, óleos etc.), e manejo dos resíduos sólidos, otimização
contaminantes (fezes, sangue, e melhoria dos sistemas locais, e de que
materiais putrefatos etc.); modo poderão os municípios integrantes
Caracterização da população agir articuladamente na gestão dos
presente nas áreas de disposição resíduos sólidos, minimizando os efeitos
final de resíduos sólidos: se negativos dos rejeitos sobre o meio
residem ou não no local, se há ambiente.
presença de menores de idade, de
A composição do sistema, como
animais domésticos e de criação na um todo, abrange:
área;
Elaboração da proposta do Sistema
Forma de disposição final de Integrado de Resíduos Sólidos,
resíduos específicos, tais como
considerando em particular o
pneus, pilhas, baterias – eco relatório dos levantamentos
pontos; galpões; aterros sanitários; realizados anteriormente no
lixões; projeto, e apresentados,
Locais para depósito de sucata. destacando aspectos relacionados
Caracterização dos materiais e das a:
quantidades, tipos de (i) levantamento das demandas
armazenamento e periodicidade de ambientais locais e regionais;
comércio;
(ii) levantamento da geração de
Programas de educação ambiental resíduos/fontes;
nos municípios, relacionados a
tratamento e disposição final de (iii) levantamento do sistema de
resíduos sólidos, contendo tratamento/disposição final;
informações sobre o público (iv) levantamento do perfil
envolvido; estratégias de ação de institucional/administração dos
continuidade, com periodicidades; resíduos;
Forma de coleta, caracterização, (v) levantamento do sistema
tipificação e volume de resíduos tarifário/cobrança.
industriais em cada município.
Elaboração de proposta que facilite
Depois de concluídas as fases de o gerenciamento de resíduos
diagnóstico e sistematização das sólidos em nível local e regional, e
que gere o menor impacto
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ambiental sobre os recursos centralização de resíduos
naturais. Essas informações devem segregados, em local estratégico
ser executadas e sistematizadas para sua transformação e/ou
com base no banco de dados. A comercialização;
proposição deve compreender a O plano deve conter as diretrizes
viabilidade técnica e financeira dos básicas para concepção de aterro
sistemas locais e regionais, de sanitário consorciado,
forma a facilitar a implantação de compreendendo orientações
medidas conjuntas no âmbito de básicas de dimensionamento,
tratamento e disposição final de simulação da vida útil, medidas de
resíduos; o estímulo à organização contenção, drenagem dos líquidos
de associações e/ou cooperativas percolados, impermeabilização de
de catadores que auxiliem no fundo, tratamento de efluentes,
gerenciamento do sistema, ou, proteção contra geração de odores
mesmo que o setor privado venha e vetores de doenças, medidas de
a operacionalizar total ou controle e monitoramento
parcialmente o sistema. A proposta ambiental, forma de operação
deve contemplar também medidas envolvendo custos de
que facilitem a transformação de operacionalização e transbordo de
resíduos segregados (reciclagem), e materiais. Ainda, deverão ser
a sua comercialização mediante a propostos todos os procedimentos
agregação de valores; ambientais que facilitem aos
Para fomentar a aplicação do municípios integrantes
Sistema Integrado de Resíduos implantarem aterro sanitário
Sólidos, diretrizes e metas devem adequado à sua realidade, e que
ser elaboradas, para implantação auxiliem o gerenciamento e o
de projeto de coleta seletiva. As licenciamento ambiental da
diretrizes do projeto de coleta atividade junto ao órgão de
seletiva devem ser concebidas de controle ambiental;
modo a estimular os demais Diretrizes devem ser elaboradas
municípios e a comunidade a quanto a segregação na origem,
adotarem a referida prática, e coleta, transporte, tratamento e
devem ter caráter demonstrativo e destinação final de resíduos sólidos
multiplicador; de serviços de saúde, levando-se
Devem, ainda, ser fornecidas as em conta a realidade local e
diretrizes para unidade de regional, de acordo com os
recepção de resíduos sólidos levantamentos realizados nos
segregados, tendo em conta o municípios;
funcionamento do sistema de Deve-se definir a modelagem de
gerenciamento integrado. As gestão consorciada partindo de
diretrizes a serem apresentadas critérios técnicos, ambientais,
devem considerar a necessidade de
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econômicos, locais e legais, a ser em audiência pública para avaliação e
sugerida para gestão integrada e aprovação. Feita a avaliação, as
regionalizada de resíduos sólidos; sugestões são incorporadas, e a versão
final do Plano de Gestão Integrada de
Após a elaboração do Sistema
Resíduos Sólidos é formulada.
Integrado de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos, este deve ser exposto
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LISTA DE SIGLAS
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