Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

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APOSTILA DE

APOIO AO CURSO

PLANO MUNICIPAL DE
GESTÃOINTEGRADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS:
PLANEJAMENTO E GESTÃO

Realização
Curso de Capacitação
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: planejamento e gestão

2012, Aequo Soluções em Sustentabilidade Ltda.


Avenida Campeche, 55 sala 102
CEP: 88.063-300 – Florianópolis – SC
Telefone: (48) 4009.2004
http://www.aequo.com.br

FICHA TÉCNICA:

Coordenação
André Montagna

Redação técnica
Eng. Kalil Graeff Salim
Eng. Roberto Rodrigues Buhr
Eng. Mailyn Kafer Gonçalves
Eng. Francisco Alexandre de Sales Neto
Eng. Maurício Knack e Almeida
Fernanda Bertuol

Revisão
Marta Magda Antunes Machado

Design Gráfico e Diagramação


Aequo Soluções em Sustentabilidade Ltda.

Curso de Capacitação/Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: planejamento e


gestão. Org. André Montagna ... [et al.]. Florianópolis: AEQUO: 2012

1. Gestão Integrada de resíduos sólidos. 2. Resíduos sólidos urbanos. 3. Política Nacional de


Resíduos Sólidos. I. Aequo Soluções em Sustentabilidade. II. Título.

Esta apostila é material de apoio do curso EAD PGIRS: planejamento e gestão, não podendo ser
comercializada separadamente.
CONTEÚDO
I. PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E Classificação DOS RESÍDUOS SÓLIDOS. ........... 1
1. Contextualizando a questão dos resíduos sólidos ......................................................................1
2. Resíduos sólidos: definições e características ............................................................................2
3. Classificação dos resíduos sólidos ..............................................................................................3
4. A situação dos resíduos sólidos no Brasil ...................................................................................5
II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................... 12
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais ............................................... 12
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos .................................................................... 16
3. Resoluções, portarias e instruções normativas ........................................................................ 19
4. Normas ABNT .......................................................................................................................... 21
III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N. 12.305 ......................... 23
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ...... 23
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos ................................................... 26
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos ............................................................ 28
4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos .............................................. 30
5. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos .................................................... 31
IV.GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. .................................. 38
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos ........................................................................... 38
2. Manejo de resíduos sólidos: características, acondicionamento, coleta e transporte. .............. 40
3. Tratamento e disposição final .................................................................................................. 43
4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada ........................................ 46
V. Plano de Gestão de Resíduos Sólidos: programas, projetos e ações ................. 50
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: diretrizes, estratégias e metas para gestão no Brasil ....... 50
2. Planos estaduais, intermunicipais e municipais de gestão de resíduos sólidos: o que são, qual
sua importância e como realizar? ................................................................................................. 55
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos para grandes geradores: setores envolvidos e
estratégias de adequação ............................................................................................................ 60
4. Termos de referência: contratação de serviços para elaboração dos planos de gerenciamento
de resíduos sólidos....................................................................................................................... 62
APRESENTAÇÃO
É com entusiasmo que convidamos você a participar do curso Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: Planejamento e Gestão. Desenvolvido para
capacitar gestores públicos, técnicos de secretarias municipais, legisladores e
profissionais interessados na problemática dos resíduos sólidos urbanos, este curso
prepara os agentes para o planejamento e a gestão referente à implantação do PGIRS nos
municípios, no caso, objetivando atender ao disposto na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010).

Nesse sentido, o curso oferece conteúdos de modo a orientar as municipalidades


no que diz respeito ao eficaz estabelecimento dos sistemas de gestão de resíduos sólidos.
Assim, o curso chega de forma virtual a você, tendo como guia de ensino uma apostila
que facilita o aprendizado dos assuntos abordados, e apresenta detalhadamente
referências conceituais, permitindo também um aprofundamento dos mesmos.

O curso está dividido em cinco módulos, cada um deles corresponde a um conjunto


de aulas cuja sequência introduz as discussões mais recentes sobre o tema, fornecendo a
você conhecimentos teóricos e práticos acerca dos seguintes tópicos:

 Problematização, definição e características dos resíduos sólidos;


 Legislação aplicada à questão dos resíduos sólidos;
 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010);
 A gestão integrada de resíduos sólidos;
 O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.

Aqui, você pode conhecer as implicações da questão ambiental dos resíduos


sólidos; compreender os conceitos fundamentais, as políticas públicas e a legislação nesse
campo; enfim, capacitar-se para acompanhar e gerenciar o processo de elaboração e
execução do plano de gestão integrado de resíduos sólidos em seu município. Bom
estudo e bons trabalhos!
I. PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS.
1. Contextualizando a questão dos resíduos sólidos
Os resíduos sólidos são O consumo de produtos
responsáveis por um dos mais graves industrializados é um dos fatores
problemas ambientais do nosso tempo. fundamentais para a geração de resíduos
Há lixo1 demais no planeta, seu volume sólidos nas cidades, e a forma como
vem aumentando, em especial, nos esses resíduos são tratados e/ou
centros urbanos, e os locais para a dispostos no ambiente pode resultar em
correta disposição desse material são forte agressão ao meio ambiente,
cada vez mais escassos. atingindo igualmente a qualidade de vida
das comunidades. Assim, não é possível
A cultura e os costumes de uma
conceber uma cidade sem levar em
sociedade contribuem para determinar
conta também os problemas causados
os impactos sobre a Terra tanto pelos
pelos resíduos sólidos.
hábitos de consumo e
até mesmo pela Na América Latina e no Caribe, são A preocupação
forma como as gerados diariamente cerca de 369 mil mundial quanto aos
pessoas desenvolvem toneladas de resíduos sólidos urbanos. problemas ligados a
Desse total, 80% é coletado.
suas atividades resíduos sólidos
diárias. A “cultura do Do que é coletado, 23% é depositados de aparece no capítulo
forma ambientalmente adequada, o
consumo” está 21 da Agenda 21
restante é destinado a lixões a céu aberto
fortemente presente ou aterros controlados. Global, um dos
à sociedade moderna documentos finais
Fonte: OPS 2001
por meio de um estilo produzidos na
de vida que se desenvolveu desde a Conferência da Organização das Nações
Revolução Industrial, persistindo nos dias Unidas sobre Meio Ambiente e
de hoje. Essa cultura, que movimenta a Desenvolvimento (CNUMAD). O manejo
economia global, é excessivamente ambientalmente saudável dos resíduos
danosa ao meio ambiente, pois os se encontra entre as questões mais
recursos para seu funcionamento vêm da importantes para a manutenção da
natureza, assim como seus rejeitos qualidade do meio ambiente, da Terra e,
voltam para ela. especialmente, para alcançar o
Desenvolvimento Sustentável em todos
1
A palavra lixo tem origem latina (lix), e significa os países (AGENDA 21, 1992).
cinza, vinculada às cinzas dos fogões.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas
As diretrizes da Agenda 21
(ABNT), lixo é definido como "restos das brasileira também seguem as
atividades humanas, considerados pelos recomendações da CNUMAD, indicando
geradores como inúteis, indesejáveis ou
como estratégias para o gerenciamento
descartáveis, podendo-se apresentar no estado
sólido, semissólido, ou líquido, desde que não adequado dos resíduos sólidos: a
seja passível de tratamento convencional”. minimização da produção de resíduos; a

Pag. 1
maximização de práticas de reutilização ambiental; e a extensão de cobertura
e reciclagem; a promoção de sistemas de dos serviços de coleta e destino final
tratamento e disposição de resíduos (BRASIL 2002).
compatíveis com a preservação

2. Resíduos sólidos: definições e características

Existem várias definições de


Segundo a Política Nacional de Resíduos
resíduos sólidos. De acordo com o
Sólidos, resíduos sólidos é todo
Programa de Pesquisas em Saneamento
“material, substância, objeto ou bem
Básico (PROSAB 2003), resíduo sólido é
descartado resultante de atividades
todo e qualquer material resultante das
humanas em sociedade, a cuja
atividades do ser humano na sociedade,
destinação final se procede, se propõe
e que é descartado.
proceder ou se está obrigado a proceder,
Para a norma brasileira NBR no estado sólido ou semi-sólido, bem
10.004/2004, resíduos sólidos são como gases contidos em recipientes e
“aqueles resíduos nos estados sólido e líquidos cujas particularidades tornem
semi-sólido, que resultam de atividades inviável o seu lançamento na rede
de origem industrial, doméstica, pública de esgotos ou em corpos d’água,
hospitalar, comercial, agrícola, de ou exijam para isso soluções técnicas ou
serviços e de varrição”. economicamente inviáveis em face da
Nessa definição, estão incluídos os melhor tecnologia disponível”.
“lodos provenientes de sistemas de Conforme já visto anteriormente,
tratamento de água e efluentes, aqueles quando não há destinação correta do
gerados em equipamentos e instalações lixo, ocorrem graves danos ao meio
de controle de poluição, bem como ambiente, estes são denominados
determinados líquidos cujas poluição2. Nesse caso, ocasionando
particularidades tornem inviável o seu áreas contaminadas, que são locais onde
lançamento na rede pública de esgotos há contágio causado pela disposição,
ou corpos de água, ou exijam para isso regular ou irregular, de quaisquer
soluções técnicas e economicamente substâncias ou resíduos nocivos ao meio
inviáveis em face da melhor tecnologia ambiente.
disponível” (ABNT 2004).
Por sua vez, resíduos sólidos
urbanos (RSU) são aqueles produzidos
pelas inúmeras atividades desenvolvidas
em áreas de grande aglomeração
humana do município, abrangendo 2
Alterações das características físicas e
resíduos de origem residencial ou químicas ou biológicas do ar, do solo e da
doméstica e de limpeza pública (varrição, água, decorrentes do descarte incorreto dos
capina, poda e outros). resíduos, do esgoto sanitário não tratado e
das emanações atmosféricas.

Pag. 2
3. Classificação dos resíduos sólidos

Existem diversas maneiras de se → Resíduos de limpeza urbana:


proceder à classificação dos resíduos provenientes dos serviços de varrição
sólidos. As mais comuns são aquelas de vias públicas, área de feiras livres,
relacionadas à sua natureza física, limpeza de praias, galerias, córregos,
composição química, origem e quanto restos de podas de árvores etc.
aos riscos potenciais de contaminação do
meio ambiente. Resíduos comerciais: variam sua
composição conforme as atividades dos
QUANTO A NATUREZA FÍSICA:
estabelecimentos comerciais e de
Resíduos secos: esta forma de serviços.
classificação considera resíduos secos os Resíduos dos serviços públicos de
materiais recicláveis, como metais, saneamento básico: por exemplo, lodo
papéis, plásticos, vidros etc. de estação de tratamento de esgoto.
Resíduos molhados: são considerados Resíduos de serviço de saúde: segundo a
resíduos molhados, os resíduos Resolução n. 358/05 do CONAMA, são
orgânicos e rejeitos, por exemplo, restos aqueles provenientes de atividades
de comida, cascas de alimento, resíduos relacionadas com o atendimento à saúde
de banheiro etc. humana ou animal.
QUANTO A COMPOSIÇÃO QUÍMICA: Os resíduos de serviços de saúde são
classificados em cinco grupos:
Resíduos orgânicos: são restos de
substâncias de origem animal ou vegetal, Grupo A: Engloba componentes com
que podem ser transformados em possível presença de agentes biológicos
adubo, contribuindo para o aumento da que, por suas características de maior
taxa de nutrientes, e melhorando a virulência ou concentração, podem
qualidade da produção agrícola. oferecer riscos de infecção. Exemplo:
placas e lâminas de laboratório;
Resíduos inorgânicos: são aqueles que
carcaças; peças anatômicas (membros);
não possuem origem biológica. Em geral,
tecidos; bolsas transfusionais contendo
tais resíduos, quando lançados ao meio
sangue, dentre outros.
ambiente e sem tratamento prévio,
levam mais tempo para degradação. Grupo B: Contém substâncias químicas
que podem oferecer riscos à saúde
QUANTO A NATUREZA OU ORIGEM: pública e/ou ao meio ambiente.
Resíduos sólidos urbanos: resíduos que Exemplo: medicamentos apreendidos;
englobam os gerados em domicílios e na reagentes de laboratório; resíduos
limpeza urbana. contendo metais pesados, dentre outros.

→ Resíduos domiciliares: gerados nas Grupo C: Quaisquer materiais resultantes


atividades diárias das residências de atividades humanas que contenham
urbanas; radionuclídeos em quantidades

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superiores aos limites de eliminação Destinação: conforme norma técnica
especificados nas normas da Comissão específica.
Nacional de Energia Nuclear (CNEN),
Resíduos agrossilvopastoris: gerados nas
como, por exemplo, serviços de medicina atividades agropecuárias e silviculturais,
nuclear e radioterapia etc. incluídos aqui os resíduos relacionados a
Grupo D: Equiparados aos resíduos insumos utilizados nessas atividades.
domiciliares. Exemplo: sobras de Resíduos de serviços de transportes:
alimentos e do preparo de alimentos; oriundos de portos, aeroportos,
resíduos de áreas administrativas etc. terminais alfandegários, rodoviários e
Grupo E: Materiais perfuro-cortantes ou ferroviários, e passagens de fronteira.
escarificantes, tais como lâminas de Resíduos de mineração: gerados em
barbear; agulhas; ampolas de vidro; atividades de pesquisa, extração e/ou
pontas diamantadas; lâminas de bisturi; beneficiamento de minérios.
lancetas; espátulas; outros similares.
OBS: Alguns resíduos, definidos como
Resíduos industriais: gerados nos
objeto obrigatório da logística reversa,
processos produtivos em instalações
em função de suas características
industriais.
tóxicas, radioativas e contaminantes, são
Resíduos da construção civil: gerados classificados como resíduos especiais:
em construções, reformas, reparos e
1) pilhas e baterias;
demolições de obras de construção civil,
incluídos aqui os que resultam da 2) pneus;
preparação e escavação de terrenos para 3) lâmpadas fluorescentes de vapor de
obras civis. sódio e mercúrio, e de luz mista;
A Resolução CONAMA n. 307 classifica os 4) produtos eletroeletrônicos;
resíduos de construção civil em:
5) óleos lubrificantes, seus resíduos e
Classe A: Alvenaria; concreto; embalagens;
argamassas; solos. Destinação:
6) agrotóxicos, seus resíduos e
reutilização ou reciclagem, com uso na
embalagens, que são examinados junto
forma de agregados, além da disposição
aos resíduos agrossilvopastoris.
final em aterros licenciados.
Estes requerem cuidados especiais
Classe B: Madeira; metal; plástico; papel.
quanto a manuseio, acondicionamento,
Destinação: reutilização, reciclagem ou
estocagem, transporte e disposição final.
armazenamento temporário.
Classe C: Produtos sem tecnologia QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS AO
disponível para recuperação, por MEIO AMBIENTE:
exemplo, gesso. Destinação: conforme
A norma ABNT NBR 10.004/2004
norma técnica específica.
classifica os resíduos sólidos partindo do
Classe D: Resíduos perigosos, por conceito de “classes”, nesse caso,
exemplo, tintas; óleos; solventes etc..

Pag. 4
considerando o risco à saúde pública e →Resíduos Classe II A (não inertes):
ao meio ambiente. não se enquadram nas classificações I
e II B, pois, apesar de conterem
Resíduos Classe I (perigosos): por suas
propriedades como combustibilidade,
características de inflamabilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade
corrosividade, reatividade e
em água, não apresentam riscos à
patogenicidade, são resíduos que
saúde pública e ao meio ambiente,
apresentam risco à saúde pública e ao
por exemplo, lodos de estação de
meio ambiente, por exemplo, baterias,
tratamento de água e esgoto, papel,
pilhas, óleo usado, restos de tintas e
restos de alimentos etc.
pigmentos, resíduos de serviços de
saúde, resíduos inflamáveis etc. →Resíduos Classe II B (Inertes): são
aqueles que em contato com a água
Resíduos Classe II (não perigosos): estes
não solubilizam qualquer de seus
são subdivididos em “não inertes” e
componentes, por exemplo, tijolos,
“inertes”:
vidros, certos plásticos, borrachas etc.

4. A situação dos resíduos sólidos no Brasil

Durante muito tempo, a questão esgoto, drenagem urbana e resíduos


dos resíduos sólidos no Brasil foi sólidos. Desde então, passaram a ser
relegada a um segundo plano. Na década incluídas nessa iniciativa linhas de
de 1970, o Plano Nacional de financiamento visando reduzir os
Saneamento, denominado PLANASA, impactos ambientais gerados pelos
colocava ênfase na ampliação dos resíduos sólidos. Apesar disso, os
serviços de abastecimento de água e de recursos destinados ao setor cresceram
coleta de esgoto em detrimento de muito pouco no referido período.
investimentos em resíduos sólidos. Nos anos de 1990, a valorização da
O intenso processo de urbanização temática dos resíduos sólidos contribuiu
vivido pelo país nesse período, associado para que o conceito de saneamento se
à carência de investimentos na área, ampliasse, passando a ser denominado
levou à proliferação de lixões. Com o saneamento ambiental3.
agravamento dos problemas Com a Constituição Federal de
socioambientais, particularmente a 1988, os resíduos sólidos foram tratados
partir do final da década de 1980, a
temática do lixo foi integrada aos
3
debates sobre saneamento. Segundo definição do Ministério das
Cidades, o saneamento ambiental, também
Um dos marcos dessa nova visão chamado saneamento básico, envolve o
foi a criação do PROSANEAR em 1985, conjunto de ações técnicas e
privilegiando-se uma visão integrada do socioeconômicas para alcançar níveis
saneamento, cujo objetivo era financiar crescentes de salubridade ambiental,
ações conjuntas referentes à água, visando promover e melhorar as condições
de vida urbana e rural.

Pag. 5
com maior destaque devido ao seu alto hábitos da sociedade foram incorporadas
grau poluidor, recomendando-se maior somente a partir da década de 1990.
fiscalização e atuação dos órgãos
Inúmeras razões explicam o
públicos e privados responsáveis pela desenvolvimento tardio dessas novas
preservação ambiental. No artigo 30 da prioridades: desconhecimento ou
Constituição Federal, atribui-se aos descaso por parte da sociedade quanto
municípios a tarefa de limpeza pública, aos impactos socioambientais gerados
devendo a mesma estar prevista na Lei pelos resíduos sólidos; escassez de
Orgânica Municipal para estabelecer os recursos públicos para esse assunto; e
princípios e as diretrizes que abordagem técnica e não socioambiental
condicionam as ações pretendidas pelo da questão.
serviço público municipal.
Além disso, a Lei de Crimes 1. Diagnóstico de Resíduos Sólidos
Ambientais – lei n. 9.605, de 12 de no Brasil
fevereiro de 1998 – dispõe em seu artigo A incorreta gestão de resíduos
54 sobre a penalização de lançamento de representa uma das maiores causas de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, impactos ambientais na atualidade. No
que esteja em desacordo com as Brasil, a síntese de uma série de
exigências estabelecidas em leis e diagnósticos dessas questões está
regulamentos. A lei também penaliza inserida na versão preliminar do Plano
quem deixar de adotar – quando assim o Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
exigir autoridade competente – medidas
O diagnóstico foi elaborado com
de precaução em caso de risco de dano
base nas informações fornecidas pela
ambiental grave ou irreparável (ZANTA e
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
FERREIRA 2003).
(PNSB), utilizando-se o Banco
Finalmente, em 2010, após vinte Multidimensional Estatístico (BME), e
anos de tramitação no Legislativo pelo Sistema Nacional de Informação em
Federal, entrou em vigor a lei 12.305 que Saneamento (SNIS). Alguns dados foram
instituiu a Política Nacional de Resíduos retirados ainda de relatórios da
Sólidos, estabelecendo o marco Associação Brasileira de Empresas de
regulatório para o setor de resíduos Limpeza Pública e Resíduos Especiais
sólidos no Brasil. (ABRELPE), de diferentes órgãos setoriais
Dessa forma, trata-se de uma – como a Associação Brasileira da
questão prioritária e relativamente nova Indústria Química e a Associação
no Brasil, uma vez que o reconhecimento Brasileira do Alumínio – bem como do
da importância dos diversos atores Ministério de Minas e Energia (MME).
sociais como co-responsáveis pela gestão Para manter a consistência entre as
de resíduos sólidos, a valorização da fontes de informação, o diagnóstico,
reciclagem e a promoção de ações apresentado no PNRS, tem como
educativas para mudanças de valores e referência o ano de 2008.

Pag. 6
O diagnóstico mostra que a coleta que corresponde, em números da época,
regular dos resíduos tem sido o foco a uma coleta diária de 1,1 kg de lixo por
central da gestão de resíduos sólidos nos habitante.
últimos anos. A taxa de cobertura vem Por sua vez, pesquisa da
crescendo, já alcançando em 2009 quase Associação Brasileira de Empresas de
90% do total de domicílios; nas áreas Limpeza Pública e Resíduos Especiais
urbanas, a coleta supera o índice de 98%. (ABRELPE) – intitulada Panorama dos
Não obstante, em domicílios localizados Resíduos Sólidos no Brasil 2010,
em áreas rurais, ela ainda não atinge realizada junto a 330 municípios de
33%. todas as regiões do país, mostrou que a
Já em relação à destinação, produção de resíduos sólidos urbanos,
segundo a PNSB/2008, realizada pelo que em 2010 chegou a 60,9 milhões de
IBGE, 50,8% dos municípios brasileiros toneladas, vem apresentando taxa de
ainda destinam seus resíduos sólidos a crescimento superior à taxa de
lixões a céu aberto. crescimento populacional urbano.
Figura 1 – Destino final dos resíduos sólidos no Além disso, a pesquisa mostrou
Brasil
que, embora se tenha verificado em
100 2010, aumento de 7,7% em relação a
80 Lixões a céu 2009, a quantidade de resíduos sólidos
aberto urbanos coletados, não atingiu o total do
60
Aterro
40 controlado
volume gerado.
20 Aterro Sanitário Figura 2 - Geração e coleta de RSU no Brasil
0
1989 2000 2008
Fonte: IBGE 2010

Embora nos últimos 20 anos os


números indiquem melhora no quadro
de destinação adequada, passando de
1,1% de destinação a aterro sanitário em
1989 para 27,7% na pesquisa de 2008, é
preciso avançar muito ainda nesse Fonte: ABRELPE 2010.
assunto, notadamente nas regiões Norte Aproximadamente 6,7 milhões de
e Nordeste, onde há índices de toneladas deixaram de ser coletados
destinação a lixões extremamente pelos sistemas públicos no citado ano,
elevados, de 85,5% e 89,3%, sendo lançados em terrenos baldios,
respectivamente (IBGE 2010). margens de rios, dentre outros locais
Os dados da pesquisa revelam inadequados.
ainda que no ano de 2008 foram Ainda em relação à coleta, o
coletadas, em média, 183 mil toneladas diagnóstico do Manejo de Resíduos
diárias de resíduos sólidos no Brasil, o Sólidos Urbanos 2009, divulgado em

Pag. 7
2011 pelo SNIS, indica que a cobertura uma vez que 63,1% dos municípios
do serviço de coleta regular dos resíduos informaram que depositam seus
sólidos domésticos chega a 93,4% da resíduos em lixões, e apenas 13,7%
população do país, com uma massa possuem aterros sanitários.
coletada per capita média de 0,96 Analisando a situação da
kg/hab/dia. O diagnóstico do SNIS foi disposição final de resíduos pelo viés do
realizado em municípios de todos os número de unidades de disposição final
estados brasileiros e no Distrito Federal, nos municípios com presença de aterros
compreendendo um total de 1.964 sanitários, de aterros controlados e de
municípios, correspondendo a 63,8% da lixões, observa-se que, em 2000, 86%
população brasileira. dos municípios encaminhavam seus
Quanto à destinação final dos resíduos e rejeitos para aterros
resíduos sólidos urbanos, a pesquisa da controlados e lixões, e somente 14% dos
ABRELPE mostrou uma discreta municípios tinham aterros sanitários.
evolução, passando de 56,8% para 57,6% Não obstante o aumento no número de
o percentual dos resíduos destinados municípios que fazem disposição final
corretamente a aterros sanitários. em aterros sanitários, em 2008 constata-
Entretanto, em 2010, aproximadamente se que a maioria deles (71%) ainda
23 milhões de toneladas que foram dispõe seus resíduos e rejeitos em
coletadas não tiveram sua destinação aterros controlados e lixões.
final adequada, sendo encaminhadas Essas práticas habituais provocam,
para lixões ou aterros controlados, dentre outros impactos, a contaminação
comprometendo a qualidade de vida de de solos e corpos d’água, assoreamento,
diversas comunidades e gerando enchentes, proliferação de vetores
consideráveis danos ao meio ambiente.
transmissores de doenças, emissões
atmosféricas de gases causadores de
Figura 3 - Destinação final dos RSU coletados
efeito estufa, além de poluição visual,
mau cheiro e indisponibilidade das áreas
atingidas para fins econômicos.
Um dos principais poluentes
originados nos depósitos de resíduos
sólidos é um composto líquido altamente
contaminado de nome chorume. Ao
serem dispostos no solo, os resíduos
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010 sólidos podem sofrer infiltração de águas
superficiais, além da própria umidade
Apesar da PNSB 2010 indicar que
presente no lixo, que, ao percolar4 na
58,3% do lixo coletado no Brasil ter
massa de resíduos, leva consigo diversos
destinação final adequada em aterro
sanitário, quando se analisam
separadamente as informações, o 4
Capacidade do líquido de atravessar um
resultado mostra-se mais preocupante, determinado meio; fluir;
Pag. 8
produtos químicos e o líquido resultante Os indicadores econômicos obtidos
da degradação da matéria orgânica. por intermédio do SNIS para amostra de
municípios indicam que as despesas com
Um exemplo desta situação da
a gestão dos RSU, como um todo,
disposição final é o estado de São Paulo,
alcançam valores médios, um pouco
onde a despeito de revelar um quadro
menos que R$ 70,00 por habitante. Há
mais positivo no cenário nacional em
crescimento das despesas de acordo com
termos percentuais – com 24% de
o aumento do porte dos municípios.
destinação inadequada em 2010 –
apresenta, no entanto, uma situação Dentro do PNRS, o diagnóstico toca
delicada em quantidades absolutas, pois numa questão que vem ganhando
mais de 13 mil toneladas de resíduos destaque nas discussões sobre os RSU.
sólidos urbanos têm aí destinação Ou seja, a cobrança pelos serviços
inadequada todos os dias. associados à gestão dos resíduos. Em
2008, apenas 10,9% dos municípios
A PNSB 2010 mostrou ainda os
brasileiros possuíam algum tipo de
dados relativos ao Estado de Santa
cobrança pelo serviço de gestão de RSU,
Catarina, onde são gerados diariamente
sendo que 7,9% utilizavam uma
cerca de quatro mil e trezentas
modalidade de tarifa. Por outro lado, no
toneladas de resíduos sólidos
quesito tratamento, embora a massa de
domésticos, tendo um percentual de
resíduos sólidos urbanos apresente alto
coleta que abrange 92,3% desse volume.
percentual de matéria orgânica, as
Assim, em média, apresentou em 2010
experiências no Brasil de compostagem
um índice de geração diária média de
são ainda incipientes. Por não serem
0,81 kg de resíduos sólidos por
coletados separadamente, os resíduos
habitante.
orgânicos acabam sendo encaminhados
Figura 4 - Destinação final dos RSU no Estado de para disposição final, gerando despesas
Santa Catarina (t/dia e % coletado)
que poderiam ser evitadas caso a
matéria orgânica fosse separada na fonte
e encaminhada para um tratamento
específico, por exemplo, via
compostagem.
A coleta seletiva é um dos
instrumentos fundamentais da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, e um passo
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010
importante para viabilizar a reciclagem.
Outro dado que apresenta Segundo pesquisa realizada pela
destaque à Santa Catarina diz respeito à ABRELPE, a atividade de coleta seletiva
destinação adequada, apresentando vem avançando no país, embora, muitas
índice de 71,3% dos resíduos sólidos vezes, tal coleta praticada pelos
coletados dispostos em aterro sanitário. municípios não abranja a totalidade do
território municipal, ou, se restrinja à
disponibilidade de pontos de entrega

Pag. 9
voluntária para a população, ou mesmo constatação de 1.100 cooperativas em
à formalização de convênios com atuação, envolvendo 10% da população
cooperativas de catadores. de catadores; baixa eficiência dessas
organizações; e renda média inferior ao
Do total de 5.565 municípios
salário mínimo oficial. O estudo aponta
brasileiros, 57,6% declararam a
ainda os avanços significativos que
existência de coleta seletiva. Agora, em
aconteceram em período recente, quer
municípios de até 50 mil habitantes, esse
pela constituição de um Comitê
percentual cai para apenas 39%.
Interministerial para apoio aos
Figura 5–Coleta seletiva por grupo de população
Figura 4 - Coleta seletiva por grupos de municípios classificados por faixas de
catadores, quer por seus resultados na
urbana população urbana forma do Programa Pró-Catador – já
16%
8% instituído – ou, de definição da política
34%
61%
de Pagamento por Serviços Ambientais
92%
Urbanos.
84% Não
66%
39%
Sim
Por outro lado, os impactos dos
resíduos sólidos na saúde pública, em
até 49.999 50.000 a 99.999 100.000 a 499.999 acima de 500.000
especial a situação de catadores de
materiais recicláveis, são retratados
Fonte:
Fonte: Pesquisas
Pesquisa ABRELPE
ABRELPE 2010 2010
numa pesquisa sobre condições de vida,
Dados mais modestos em relação à trabalho e saúde, realizada em 2004 com
coleta seletiva são apresentados na 218 catadores do aterro de Gramacho no
pesquisa realizada pelo SNIS. Nesse caso, Rio de Janeiro (Porto et al. 2004). O
apenas 34,9% dos municípios adotam a estudo revelou que 42,3% dos
referida prática, sendo que nas regiões trabalhadores se alimentam do que
Sul e Sudeste o índice chega a 45% dos encontram no lixo; 71,7% já haviam
municípios, enquanto que nas demais sofrido algum acidente no local de
regiões a coleta seletiva não chega a trabalho; e somente 47,5% tinham
20%. consciência dos riscos que poderiam
Ainda sobre a coleta seletiva, os causar danos à saúde.
dados da pesquisa do SNIS mostram que
O autor da pesquisa também
a média municipal per capita de resíduos
observou doenças apresentadas pelos
sólidos coletados é de 8,1 kg/hab/ano,
catadores, dentre elas: hipertensão
destacando-se a região Sul, mais uma
(31,1%); varizes (20,2%); problemas
vez, com uma média de 14,7
osteomusculares (13,8%); problemas
kg/hab/ano.
cardíacos (9,6%); asma (4,2%).
Dentro do Plano Nacional de
No Plano Nacional de Resíduos
Resíduos Sólidos, o diagnóstico analisou
Sólidos, o diagnóstico leva em conta a
também a situação dos catadores de
situação de outros resíduos, a começar
materiais recicláveis, e sistematizou um
por aqueles da construção civil, que
conjunto de informações importantes, a
podem representar de 50 a 70% da
saber, existência de algo em torno a 400
massa de resíduos sólidos urbanos. Além
e 600 mil catadores no Brasil;

Pag. 10
destes, há os resíduos especiais definidos estudo considerou também os resíduos
como objeto obrigatório da logística sólidos inorgânicos gerados no setor
reversa. agrossilvopastoril, enfatizando o fato de
que o exercício da logística reversa
O Plano Nacional trata a questão
referente a embalagens de agrotóxicos
do descumprimento da Resolução
faz com que 95% delas retornem para
CONAMA n. 313/2002 referente ao
uma destinação ambientalmente
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
correta, içando o Brasil a referência
Industriais; dos Resíduos Sólidos de
mundial nesse quesito.
Serviços de Transporte definidos como
originários de portos, aeroportos, Enfim, no tocante às ações de
terminais alfandegários, rodoviários e Educação Ambiental, o diagnóstico
ferroviários e passagens de fronteira. O observa que, a despeito da legislação
diagnóstico traça também um panorama existente nesse campo, não há consenso
acerca dos Resíduos de Serviços de claro quanto aos conteúdos,
Saúde, examinando a evolução das leis e instrumentos e métodos a serem
normas de apoio para o seu aplicados, tal situação é acentuada
gerenciamento, e a exigência do Plano quando a temática das ações se refere
de Gerenciamento de Resíduos de aos resíduos sólidos. Nesse sentido,
Serviços de Saúde (PGRSS). Ele estuda verifica-se o desconhecimento e a
igualmente os Resíduos de Mineração dificuldades de gestores, técnicos e da
advindos de atividades que respondem própria população frente ao novo
por 4,2% do PIB e 20% das exportações modelo de participação social a ser
brasileiras, e que estão na base de várias aplicado na temática de resíduos sólidos.
cadeias produtivas. Ora, o diagnóstico aponta para uma
concentração de ações nos ambientes
O diagnóstico apresenta, ainda,
escolares, em detrimento de ações
uma análise dos Resíduos Sólidos
voltadas à população e aos agentes
Agrossilvopastoris. Esse levantamento de
diretamente envolvidos com o manejo
dados serviu como base para estimativas
diferenciado dos resíduos.
da produção de energia pelo
reaproveitamento da biomassa. O

Pag. 11
II. LEGISLAÇÃO APLICADA À QUESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS
1. Resíduos sólidos na Constituição e nas leis infraconstitucionais
A questão legal aplicada aos Figura 6 - Pirâmide de Kelsen
resíduos sólidos está inserida no campo
do direito ambiental, este é constituído
por um conjunto de normas de caráter
preventivo que disciplinam a utilização
dos recursos ambientais. As normas
objetivam, efetivamente, combater a
degradação ambiental, utilizando-se de
instrumentos legais que protejam o meio
ambiente.
A Constituição do Brasil de 1988
introduz em seu texto o tema “Meio
Ambiente”, e, consequentemente, a 1. Leis constitucionais
questão dos resíduos sólidos, nesse caso, As leis constitucionais são as mais
dedicando um capítulo inteiro a importantes por conterem os elementos
orientações sobre proteção ambiental. O estruturais da nação, e a definição
documento é considerado o mais fundamental dos direitos do homem,
completo da legislação mundial hoje. Em este considerado como indivíduo e como
tal contexto, o artigo 225 da Constituição cidadão. Na escala hierárquica das leis,
afirma que todos têm direito ao meio coloca-se bem alto, e acima de todas as
ambiente ecologicamente equilibrado, dimensões, a Constituição Federal.
compreendendo-o como bem de uso Emanação direta da soberania nacional,
comum do povo, e essencial à boa a Constituição submete ao seu império
qualidade de vida. Nesse sentido, impõe- todos os órgãos do Estado, discrimina as
se ao Poder Público e à coletividade o atribuições dos seus poderes, delineia
dever de defendê-lo e preservá-lo para todas as peças do organismo nacional.
as atuais e futuras gerações. Por isso mesmo, ela deve ser obedecida
Entende-se a Constituição Federal igualmente pelos cidadãos e pelos
como a lei fundamental e suprema de detentores do poder e prepostos do
uma nação ou Estado, estabelecida como Estado.
base de sua organização política. Todos A Constituição Federal estabelece
os demais instrumentos legais – leis em seu artigo 23, inciso VI: “Compete à
infraconstitucionais – se situam União, aos Estados, ao Distrito Federal e
hierarquicamente abaixo da aos Municípios proteger o meio
Constituição, tal como se representa na ambiente e combater a poluição em
Pirâmide de Kelsen, na Figura 6. qualquer das suas formas”. No artigo 24,
preceitua a competência da União, dos
Pag. 12
Estados e do Distrito Federal em legislar  Art. 200. Ao sistema único de saúde
concorrentemente sobre “(...) proteção compete, além de outras atribuições,
do meio ambiente e controle da nos termos da lei:
poluição” (inciso VI), e, no artigo 30, VIII - colaborar na proteção do meio
incisos I e II, atribui ao poder público ambiente, nele compreendido o do
municipal a tarefa de “legislar sobre os trabalho.
assuntos de interesse local e
suplementar a legislação federal e a 2. Leis complementares, ordinárias e
estadual no que couber” (BRASIL 1988). delegadas
Outros artigos da Constituição As leis complementares são
Federal que abordam a questão aquelas votadas pela legislatura
ambiental são os seguintes: ordinária, porém destinadas à
 Art. 170. A ordem econômica, regulamentação dos textos
fundada na valorização do trabalho constitucionais. Elas devem ser
humano e na livre iniciativa, tem por aprovadas pela maioria absoluta de cada
fim assegurar a todos existência uma das Casas do Congresso Nacional.
digna, conforme os ditames da justiça As leis ordinárias são as que
social, observados os seguintes emanam dos órgãos que a Constituição
princípios: investiu da função legislativa. Em nossa
VI - defesa do meio ambiente, inclusive organização política, compete ao Poder
mediante tratamento diferenciado Legislativo fazer as leis, com a
conforme o impacto ambiental dos colaboração do Poder Executivo.
produtos e serviços e de seus processos Não existe entre lei complementar
de elaboração e prestação. e lei ordinária (ou medida provisória)
 Art. 182. A política de uma relação de hierarquia, pois seus
desenvolvimento urbano, executada campos de abrangência são diversos.
pelo Poder Público Municipal, Assim, a lei ordinária que invadir matéria
conforme diretrizes gerais fixadas em de lei complementar é inconstitucional,
lei, tem por objetivo ordenar o pleno isto é, fere a constituição, e não, ilegal
desenvolvimento das funções sociais (fere uma lei infraconstitucional).
da cidade e garantir o bem-estar de Lei delegada é o ato normativo
seus habitantes. elaborado e editado pelo Presidente da
§ 1º - O plano diretor, (...), é o República em virtude de autorização do
instrumento básico da política de Poder Legislativo, expedida mediante
desenvolvimento e de expansão urbana. resolução e dentro dos limites nela
traçados. De uso bastante raro, apenas
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua duas leis delegadas foram promulgadas
função social quando atende às
após a Constituição de 1988.
exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor. Os atos de competência exclusiva
do Congresso, de acordo com a

Pag. 13
Constituição Federal, são indelegáveis da Decretos Legislativos
mesma forma que os de competência São atos destinados a regular as
exclusiva da Câmara e do Senado, do
matérias de competência exclusiva do
Poder Judiciário e do Ministério Público. Congresso Nacional (Constituição, art.
As matérias que dependem de leis 49) que tenham efeitos externos a ele. O
complementares também são Decreto Legislativo também disciplina as
indelegáveis, bem como tudo que diz relações jurídicas decorrentes de medida
respeito à cidadania, nacionalidade, provisória não convertida em lei
direitos políticos e individuais. (Constituição, art. 63, § 3o).
Exemplos de leis ordinárias Decretos
diretamente relacionadas à questão de
resíduos sólidos: São atos administrativos
normativos, originários do Poder
• Lei 6.938/81 - Dispõe sobre a Executivo, estando sempre em posição
Política Nacional de Meio Ambiente; inferior à lei, e, portanto, não podem
• Lei 9.605/98 - Lei de Crimes contrariá-la. O Decreto aprova o
Ambientais; regulamento, que, por sua vez, explica a
Lei. Além deste Decreto regulamentador,
• Lei 9.795/99 - Dispõe sobre a
existem também os Decretos
Política Nacional de Educação Ambiental;
independentes, por meio deles o Poder
• Lei 11.445/07 - Dispõe sobre a Executivo exerce suas funções
Política Nacional de Saneamento Básico; administrativas. O Decreto é ato
• Lei 12.305/10 - Dispõe sobre a administrativo de competência privativa
Política Nacional de Resíduos Sólidos. do Chefe do Executivo Federal, Estadual
e Municipal. Um exemplo de decreto é o
3. Outros atos administrativos e legais de número 7.405/2010 que institui o
Medida Provisória Programa Pró-Catador, denomina
Comitê Interministerial para Inclusão
É ato normativo com força de lei Social e Econômica dos Catadores de
que pode ser editado pelo Presidente da Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, e o
República em caso de relevância e
Comitê Interministerial da Inclusão Social
urgência. Tal medida deve ser submetida de Catadores de Lixo.
de imediato à deliberação do Congresso
Nacional. As medidas provisórias perdem Resoluções
a eficácia desde a edição se não forem São atos administrativos
convertidas em lei no prazo de 60 dias, normativos inferiores ao Decreto,
prorrogável por mais 60. Nesse caso, o expedidos pelas autoridades do Poder
Congresso Nacional deverá disciplinar, Executivo (mas não pelo Chefe do
por decreto legislativo, as relações Executivo), cuja função é explicar e
jurídicas decorrentes da medida complementar os regulamentos.
provisória.
Existem outros tipos de resoluções,
como as do CONAMA e da ANVISA, que

Pag. 14
são atos formais de manifestação de para exemplificar o uso desse dispositivo
vontade, deliberativos para o legal aplicado aos resíduos sólidos.
estabelecimento de normas, diretrizes e
Norma
critérios de controle ambiental no
âmbito da política governamental, e É o documento técnico que
objetivam a proteção, o controle e a estabelece as regras e características
preservação ambiental. mínimas que determinado produto,
serviço ou processo deve cumprir,
Instruções normativas permitindo uma perfeita ordenação e
São atos administrativos de órgãos globalização das atividades ou dos
da administração pública, expedidos pela produtos. As Normas são fatores vitais
autoridade hierarquicamente superior para que a evolução tecnológica nacional
para os seus administrados, objetivando acompanhe com grande êxito o processo
orientar a execução da ação de globalização mundial. Seguindo as
administrativa, e assegurando a sua normas, é possível trabalhar com um
unidade; nesse caso, eles não podem padrão tecnológico, pois elas permitem
contrariar lei, decreto, regulamento, pois que haja consenso entre produtores,
são atos inferiores de mero governo e consumidores. Isso facilita o
ordenamento administrativo. intercâmbio comercial e aumenta a
produtividade e as vendas não só no
Portarias
mercado interno como também no
São atos administrativos mercado externo, uma vez que ficam
ordinatórios internos. Como esclarece eliminadas as barreiras técnicas criadas
Hely Lopes Meirelles (1991), "(...) são pela existência de regulamentos
atos pelos quais os chefes de órgãos, conflitantes sobre produtos e serviços
repartições ou serviços expedem em diferentes países. No Brasil, a ABNT
determinações gerais ou especiais a seus (Associação Brasileira de Normas
subordinados, ou designam servidores Técnicas) cria essas normas, por
para funções e cargos secundários”. exemplo, a NBR 10.004, Resíduos Sólidos
Nesse sentido, são atos administrativos - Classificação.
que não produzem efeitos externos, isto
é, não obrigam os particulares. No
entanto, vêm sendo utilizados
estranhamente pela Administração
Pública. Citam-se as portarias das
unidades vinculadas ao Ministério da
Saúde – como a FUNASA e a ANVISA –

Pag. 15
2. Inter-relação das leis aplicadas a resíduos sólidos

O espírito de uma lei é o conjunto


Figura 7 – Relação entre Leis Federais
de relações necessárias para a realização
do fenômeno representado pela lei
(Montesquieu 1748). Essas relações
podem se dar dentro da estrutura da
mesma lei, e entre leis distintas.
As leis, em geral, possuem as
seguintes estruturas: fundamentos,
objetivos, diretrizes, instrumentos e
gestão. Dessa maneira, deve haver
relações entre essas estruturas para que
a lei tenha uma unidade quando
considerada como um todo, de modo a
ser mais compreensível para o público. Lei 6.938/81 - Política Nacional de
Meio Ambiente
1. Leis Federais mais importantes
relacionadas ao Gerenciamento de Dispõe sobre a Política Nacional do
Resíduos Sólidos: Meio Ambiente (PNMA), os seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação,
 Lei 6.938/81 - Política Nacional de
e dá outras providências. A PNMA tem
Meio Ambiente;
por objetivo a preservação, melhoria e
 Lei 9.605/98 - Lei de Crimes
recuperação da qualidade ambiental
Ambientais;
propícia à vida, visando assegurar, no
 Lei 9.795/99 - Política Nacional de
país, condições ao desenvolvimento
Educação Ambiental;
sócio-econômico, aos interesses da
 Lei 11.445/07 - Política Nacional de
segurança nacional e à proteção da
Saneamento Básico;
dignidade da vida humana. A lei
 Lei 12.305/10 - Política Nacional de
apresenta o Cadastro Técnico Federal de
Resíduos Sólidos.
Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Essas leis se interrelacionam no Utilizadores dos Recursos Ambientais
sentido de que uma cita a outra em seu (CTF), entre elas o tratamento e
texto, ou a usa como instrumento legal destinação de resíduos sólidos.
para aplicação do seu objetivo. A lei cria também o Sistema
Determinados elementos da questão de Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).
resíduos sólidos, por exemplo, são O SISNAMA é um sistema que congrega
tratados em cada uma das leis acima órgãos públicos das esferas federal,
citadas, sendo abordados de forma mais estadual e municipal, incluindo o Distrito
ampla e detalhada na lei 12.305/10. Federal. Este sistema é organizado
conforme o Quadro 1 a seguir:

Pag. 16
Quadro 1 - Órgãos do SISNAMA
NÍVEL DE ATUAÇÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL FUNÇÃO NO SISNAMA
Assessorar o presidente da República na
Conselho do Governo
formulação da PNMA
Estudar e propor diretrizes e políticas
governamentais e deliberar sobre normas,
padrões e critérios de controle ambiental a ser
Conselho Nacional de Meio concedido pela União, Estados, Distrito Federal e
Ambiente - CONAMA Municípios, e supervisionado pelo próprio IBAMA.
Incentivar a instituição e o fortalecimento
institucional dos Conselhos Estaduais e Municipais
de Meio Ambiente.
FEDERAL Planejar, coordenar e supervisionar as ações
Ministério do Meio Ambiente
partindo da PNMA.
Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Executar a PNMA e sua fiscalização.
Naturais – IBAMA
Apresentar e editar normas e padrões de gestão
de Unidades de Conservação federais; propor a
Instituto Chico Mendes de
criação, regularização fundiária e gestão das
Conservação da
Unidades de Conservação federais, e apoiar a
Biodiversidade - ICMBio
implementação do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC).
Assessorar a Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Sustentável na formulação da
Política Estadual de Meio Ambiente, no sentido de
propor diretrizes e medidas necessárias à
proteção, conservação e melhoria do meio
Conselho Estadual do Meio
ambiente, visando garantir o desenvolvimento
Ambiente
sustentável.
Elaborar normas supletivas e complementares, e
padrões relacionados ao meio ambiente,
observados os que forem estabelecidos pelo
CONAMA.
ESTADUAL
Planejar, coordenar e executar políticas,
programas e projetos das ações relacionadas à
Secretaria de Estado do proteção ambiental.
Desenvolvimento Sustentável Composta pelas Diretorias de: Desenvolvimento
das Cidades, Meio Ambiente, Saneamento e
Recursos Hídricos.
Fiscalizar, licenciar, desenvolver pesquisas
Fundação ou Secretaria
ambientais e fazer a gestão das Unidades de
Estadual do Meio Ambiente
Conservação.
Responsável pela fiscalização da flora, fauna,
Polícia Ambiental
mineração, poluição e de agrotóxicos.
Elaborar normas relacionadas ao meio ambiente,
Conselho Municipal do Meio
observando as que foram estabelecidas em nível
Ambiente
MUNICIPAL federal e estadual.
Fundação ou Secretaria Responsável pela execução da PNMA no âmbito
Municipal do Meio Ambiente local.

Pag. 17
Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais saneamento básico engloba serviços,
infra-estruturas e instalações
Dispõe sobre as sanções penais e
operacionais de limpeza urbana e
administrativas derivadas de condutas e
manejo de resíduos sólidos. São artigos
atividades lesivas ao meio ambiente, e
que mencionam resíduos sólidos:
dá outras providências.
Art. 2 - Os serviços públicos de
Em seu artigo 54, a lei institui pena
saneamento básico serão prestados com
de reclusão de um a cinco anos quando
base nos seguintes princípios
ocorrer poluição por lançamento de
fundamentais: ... III - abastecimento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou,
água, esgotamento sanitário, limpeza
detritos, óleos e/ou substâncias oleosas,
urbana e manejo dos resíduos sólidos,
em desacordo com as exigências
realizados de forma adequada à saúde
estabelecidas em leis ou regulamentos.
pública e à proteção do meio ambiente.
O crime, aqui, também abrange a
Art. 7 - Composição das atividades do
poluição de qualquer natureza: poluição
serviço público de limpeza urbana e de
das águas interiores e do mar, da
manejo de resíduos sólidos urbanos.
atmosfera, do solo etc., nesse caso,
bastando que o lançamento desses Art. 29 - Sustentabilidade econômico-
resíduos esteja em desacordo com as financeira dos serviços públicos de
normas legais. No artigo 56, a pena é de saneamento básico.
um a quatro anos e multa para quem Art. 35 - Dispõe sobre as taxas ou tarifas
manipula, acondiciona, armazena, decorrentes da prestação de serviço
coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá público de limpeza urbana e de manejo
destinação final a resíduos perigosos de de resíduos sólidos urbanos.
forma diversa da estabelecida em lei ou
regulamento. Lei 12.305/10 - Política Nacional
de Resíduos Sólidos
Lei 9.795/99 - Política Nacional de
Educação Ambiental A lei dispõe sobre os princípios,
objetivos e instrumentos, bem como
Dispõe sobre a educação sobre as diretrizes relativas à gestão
ambiental. A educação ambiental é um
integrada e ao gerenciamento de
componente fundamental e permanente resíduos sólidos, às responsabilidades
da educação nacional, devendo estar dos agentes geradores e do poder
presente, de forma articulada, em todos público, e aos instrumentos econômicos
os níveis e modalidades do processo aplicáveis.
educativo em caráter formal e não-
formal. Por isso, ela é instrumento de Essa lei será abordada com mais
todas as outras leis aqui mencionadas. detalhes no Módulo três.

Lei 11.445/07 - Política Nacional 2. Leis estaduais e municipais


de Saneamento Básico (PNSB)
As leis estaduais e municipais
Estabelece diretrizes nacionais devem seguir as diretrizes das leis
para o saneamento básico. O federais, nunca sendo menos restritivas

Pag. 18
que estas últimas. Elas são criadas especificamente as necessidades de
partindo da observação e da referido local.
compreensão das características locais
As leis estaduais são
pela população ali residente, sendo de disponibilizadas pelos portais da
extrema importância a sua consideração Assembléia Legislativa do Estado de
como instrumento legal. Muitas vezes, as Santa Catarina, e as municipais, por
peculiaridades sociais e geográficas de intermédio do portal da prefeitura na
determinada região a tornam singular no internet, ou no endereço eletrônico
território nacional, de modo a ser preciso (www.leismunicipais.com.br).
uma legislação que atenda

3. Resoluções, portarias e instruções normativas

As mais importantes resoluções, na Amazônia enfrentado pelos embates


portarias e instruções normativas de Chico Mendes com os seringueiros.
aplicadas à questão de resíduos sólidos
José Antônio Lutzenberger (1926-2002) foi
têm sua origem no CONAMA (Conselho
um agrônomo e ecologista brasileiro que
Nacional de Meio Ambiente) e em
participou ativamente da luta pela
órgãos ligados ao Ministério da Saúde,
conservação e preservação ambiental. Na
como a ANVISA (Agência Nacional de
obra “Fim do futuro: Manifesto Ecológico
Vigilância Sanitária) e a FUNASA
Brasileiro”, lançada em 1980, ele já previa o
(Fundação Nacional de Saúde).
problema do aquecimento global, alertando,
1. Resoluções do CONAMA por exemplo, "(...) a Amazônia não é o
Criado pela Lei 6.938, em 1981, o pulmão do planeta, é o ar condicionado do
CONAMA foi o primeiro conselho planeta". Por sua relevância como liderança
nacional de caráter deliberativo a na sociedade, José Antônio foi convidado e
integrar a sociedade civil por meio de tomou posse como secretário-especial do
representantes das entidades de defesa Meio Ambiente da Presidência da República
do meio ambiente, de empresários, de 1990 a 1992, ano em que se demitiu do
trabalhadores, além de órgãos de cargo, desiludido com a burocracia e os
governo. jogos de poder e disputa de interesses em
Brasília.
Nesse sentido, a iniciativa de
criação do CONAMA significou também a As resoluções do CONAMA são
primeira década de mobilizações no atos formais de manifestação de
Brasil contra problemas ambientais vontade, deliberativos para o
emergentes, compreendendo desde estabelecimento de normas, diretrizes e
comunidades urbanas atingidas por critérios de controle ambiental no
poluição industrial até denúncias de âmbito da política governamental, tendo
ambientalistas – como José Lutzenberger por objetivos a proteção, o controle e a
sobre o uso indiscriminado de preservação ambiental. O Quadro 2
agrotóxicos –, ou ainda o desmatamento apresenta as resoluções fundamentais

Pag. 19
do CONAMA aplicadas aos resíduos Saúde Legis, reúne os atos normativos do
sólidos. Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito
federal. Nesse sistema, mais de 90 mil
Outras resoluções podem ser
normas estão disponíveis para consulta.
conhecidas por intermédio do link
As unidades vinculadas ao MS que
“Resoluções do CONAMA”, portal do
elaboram normas relacionadas aos
CONAMA, na internet, cujo endereço é
resíduos são a FUNASA e a ANVISA –
(www.mma.gov.br/port/conama).
uma fundação pública e uma autarquia,
Nele, encontram-se resoluções respectivamente.
específicas, bastando inserir o assunto
Além disso, normas de outros
que se deseja pesquisar.
órgãos – como o IBAMA – podem ser
2. Sistema de legislação da saúde pesquisadas no sistema. No Quadro 3,
apresentam-se algumas dessas normas.
O sistema de pesquisa da legislação
do Ministério da Saúde (MS), chamado

Quadro 2 - Resoluções CONAMA


NÚMERO/ ANO ASSUNTO
Dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos
006/1991
de saúde, portos e aeroportos.
Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos,
005/1993
terminais ferroviários e rodoviários.
023/1996 Regulamenta a importação e o uso de resíduos perigosos.
Dispõe sobre a importação de desperdícios e resíduos de acumuladores elétricos de
228/1997
chumbo.
Estabelece norma geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de
237/1997
atividades sujeitas a licenciamento etc.
Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co-
264/1999
processamento de resíduos.
275/2001 Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
307/2002
construção civil.
313/2002 Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.
Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
316/2002
tratamento térmico de resíduos.
330/2003 Institui a Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos.
Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, e
358/2005
dá outras providências.
Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias
401/2008 comercializadas no território nacional, e os critérios e padrões para o seu
gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.
Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário
404/2008
de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

Pag. 20
Quadro 2 - Outros instrumentos normativos
TIPO ÓRGÃO NÚMERO/ANO ASSUNTO
Análise técnica dos pleitos relacionados aos Resíduos Sólidos
Urbanos, relativos à aquisição de veículos e equipamentos,
Portaria FUNASA 22/2012
seja realizada, em caráter excepcional, pelos técnicos do
Departamento de Engenharia de Saúde Pública.
Aprovar os critérios de elegibilidade e prioridade do
Portaria FUNASA 567/2011 programa de Resíduos Sólidos Urbanos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros.
Aprovar os critérios e procedimentos para aplicação de
recursos orçamentários e financeiros à implantação,
Portaria FUNASA 1010/2009 ampliação ou melhoria de unidades de triagem de resíduos
sólidos, para apoio às cooperativas e associações dos
catadores de materiais recicláveis.
Institui, no âmbito do IBAMA, os procedimentos necessários
ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 416, de 30 de
Instrução
IBAMA 001/2010 setembro de 2009, pelos fabricantes e importadores de
Normativa
pneus novos, sobre coleta e destinação final de pneus
inservíveis.
Institui os procedimentos complementares relativos a
Instrução controle, fiscalização, laudos físico-químicos e análises,
IBAMA 003/2010
Normativa necessários ao cumprimento da Resolução CONAMA n. 401,
de 4 de novembro de 2008.
Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas
sanitárias no gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas de
Resolução ANVISA 056/2008
portos, aeroportos, passagens de fronteiras e recintos
alfandegados.

4. Normas ABNT
Fundada em 1940, a Associação desperdícios de tempo, matéria-prima e
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o mão-de-obra, o que resulta em
órgão responsável pela normalização crescimento de mercado, melhoria de
técnica no país, fornecendo a base qualidade e redução de preços e custos,
necessária ao desenvolvimento fatores que alimentam o ciclo motor do
tecnológico brasileiro. desenvolvimento social.
Norma é o documento técnico que No Brasil, as atividades de
estabelece as regras e características normalização precisam ser intensificadas
mínimas que determinado produto, em ritmo acelerado, não só pelo
serviço ou processo deve cumprir, crescente desenvolvimento do mercado,
permitindo uma perfeita ordenação e mas também para atender às exigências
globalização dessas atividades ou do Comitê Técnico OMC (Organização
produtos. Mundial do Comércio).
As Normas Técnicas propiciam o O Quadro 4, a seguir, apresenta as
correto suprimento das necessidades mais importantes normas da ABNT
práticas dos produtores e consumidores, aplicadas aos resíduos sólidos.
e são fundamentais para a eliminação de

Pag. 21
Quadro 3 - Normas ABNT aplicadas a resíduos
NÚMERO ANO CONTEÚDO
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos
NBR 8419 1996
urbanos – procedimento
Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
NBR 8418 1984
perigosos – procedimento
NBR 8849 1985 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos.
Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e
NBR 7500 2011
armazenamento de produtos
NBR 7501 2011 Transporte terrestre de produtos perigosos - terminologia
Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - requisitos e métodos
NBR 9191 2008
de ensaio
NBR 10.004 2004 Resíduos sólidos – classificação
NBR 10.005 2004 Lixiviação de resíduos – procedimentos
NBR 10.006 2004 Solubilização de resíduos – procedimentos
NBR 10.007 2004 Amostra de resíduos – procedimentos
Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e
NBR 10157 1987
operação – procedimento
Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III (inertes) –
NBR 11174 1990
procedimento
Incineração de resíduos sólidos perigosos - padrões de desempenho
NBR 11175 1989
– procedimento
NBR 12235 1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos - procedimento
NBR 12807 1993 Resíduos de serviços da saúde – terminologia
NBR 12808 1993 Resíduos de serviços da saúde – classificação
NBR 12809 1993 Manuseio dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
NBR 12810 1993 Coleta dos resíduos de serviços da saúde - procedimento
Coleta, varrição e acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos –
NBR 12980 1993
terminologia
NBR 13221 2010 Transporte terrestre de resíduos
NBR 13463 1995 Coleta de resíduos sólidos
Aterros de resíduos não perigosos - critérios para projeto,
NBR 13896 1997
implantação e operação.

Pag. 22
III. A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: LEI N.
12.305
1. Contexto histórico, objeto e campo de aplicação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos

1. Contexto histórico da Política legislatura. Nesse mesmo ano, realizou-


Nacional de Resíduos Sólidos se o I Congresso Nacional dos Catadores
de Materiais Recicláveis, evento em que
A história brasileira a cerca da
ocorreu a 1ª Marcha Nacional da
gestão de resíduos sólidos é recente. A
População de Rua, contando com cerca
primeira iniciativa com referência ao que
de 3000 participantes.
viria a ser a futura Política Nacional de
Resíduos Sólidos ocorreu no ano de 1989 Dois anos depois, a Presidência da
por meio do Projeto de Lei n. 354 do República instituiu o Grupo de Trabalho
Senado Federal. Na ocasião, o Projeto de Interministerial de Saneamento
Lei apresentou questões sobre resíduos Ambiental para tratar de assuntos sobre
de serviços de saúde, como seu a integração das ações de saneamento
acondicionamento, sua coleta, seu ambiental na esfera federal. Assim, o
tratamento, transporte e sua destinação citado grupo de trabalho criou o
final. Programa de Resíduos Sólidos Urbanos.
Em 1991, o Projeto de Lei n. 354 Após diversos debates e discussões
tramitou e resultou num novo sobre a problemática dos resíduos
documento – o Projeto de Lei n. 203 – sólidos, e encaminhamento do
que, por sua vez, foi melhorado pela anteprojeto de lei sobre a questão no
Câmara dos Deputados, surgindo um ano de 2005, foi novamente instituída
documento com perfil de processo pela Câmara dos Deputados a Comissão
legislativo. No ano de 1999, o Plenário Especial da Política Nacional de Resíduos
do Conselho Nacional de Meio ambiente Sólidos.
(CONAMA) aprovou a Proposição A discussão final para o efetivo
CONAMA 259, que trataria das Diretrizes estabelecimento da Política Nacional de
Técnicas para a Gestão de Resíduos Resíduos Sólidos ocorreu no ano de 2007
Sólidos; contudo, esta não chegou a ser com uma proposta do Executivo Federal,
publicada. a qual foi submetida à apreciação do
Em 2001, a Câmara dos Deputados Plenário da Câmara dos Deputados.
criou e implementou a Comissão Especial Nesse mesmo ano, foi criado o grupo de
da Política Nacional de Resíduos Sólidos, trabalho chamado GTRESID com o intuito
avaliando os assuntos do Projeto de Lei de viabilizar a resolução dos assuntos
apresentado em 1991, e elaborando uma relacionados à Política Nacional de
proposta global em substituição àquela. Resíduos Sólidos.
A referida comissão foi extinta
O ano de 2008 foi marcado por
juntamente com o encerramento da
audiências públicas, com participação do

Pag. 23
setor industrial, representação dos resíduos sólidos foram apresentados, e
setores interessados no assunto, seguiram juntamente com o processo da
contribuição do Movimento Nacional de Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Catadores de Materiais Recicláveis, e dos Agora, a proposta do Plano
demais membros da GTRESID. Nacional de Resíduos Sólidos foi
Entretanto, uma hipótese sobre a encaminhada no ano de 2011 para
existência de logística reversa no texto consulta, esta realizada mediante
do projeto de lei foi um dos aspectos que audiências públicas em cada região do
adiou a sua aprovação. Isso porque o país e uma audiência em âmbito
setor industrial apresentou grande nacional. No presente momento, o Plano
resistência ao tema. Somente depois de se encontra na etapa de apreciação
compreender a logística reversa como pelos Conselhos Nacionais de Meio
produto da prevenção e recuperação de Ambiente, das Cidades, de Recursos
danos ambientais, com cunho de Hídricos, de Saúde e de Política Agrícola,
responsabilidade social e de integração que, após ser examinado, será conduzido
entre União, estados, municípios, pelo Ministério de Meio Ambiente à
empresas e cidadãos, é que houve Presidência da República, para sua
consenso entre o setor industrial e os aprovação.
catadores de materiais recicláveis.
A minuta do relatório final foi
apresentada em junho de 2009, para 2. Do objeto e campo de aplicação da
receber contribuições adicionais. No dia Política Nacional de Resíduos
07 de julho de 2010, o projeto foi Sólidos
analisado em quatro comissões e O Artigo primeiro da Lei n. 12.305
aprovado em plenário. A Política apresenta como objeto desta a
Nacional de Resíduos Sólidos foi disposição dos princípios, objetivos,
sancionada pela Presidência da instrumentos e das diretrizes relativas à
República em 02 de agosto de 2010, na gestão integrada e ao gerenciamento dos
configuração da Lei n. 12.305. Esta foi resíduos sólidos, incluindo os resíduos
regulamentada por meio do Decreto n. perigosos, às responsabilidades dos
7.404 no dia 23 de dezembro de 2010, geradores e do poder público, e aos
apontando as diretrizes para criação do instrumentos econômicos aplicáveis
Plano Nacional de Resíduos Sólidos nesse caso.
(PNRS). A lei cria o Comitê
Ainda em seu parágrafo primeiro, a
Interministerial da Política Nacional de
Política designa os sujeitos à observância
Resíduos Sólidos, e o Comitê Orientador
da Lei, sendo estes pessoas físicas ou
para implantação dos Sistemas de
jurídicas, de direito público ou privado,
Logística Reversa, e dá outras
responsáveis direta ou indiretamente
providências.
pela geração dos resíduos sólidos, e
Interessante observar que nos 21 agentes que desempenhem tarefas
anos de tramitação do projeto de lei
inicial cerca de 100 projetos voltados a

Pag. 24
relacionadas à gestão integrada ou ao 11.445/2007, 9.974/2000 e 9.966/2000,
gerenciamento de resíduos sólidos. além das solicitações estabelecidas nas
normas do Sistema Nacional do Meio
Por sua vez, o campo de aplicação
Ambiente (Sisnama), do Sistema
indicado na Política corresponde aos
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),
resíduos sólidos dispostos nessa Lei. Não
do Sistema Unificado de Atenção à
se aplica aos rejeitos radioativos, os
Sanidade Agropecuária (Suasa) e do
quais são regulados por legislação
Sistema Nacional de Metrologia,
específica.
Normalização e Qualidade Industrial
Igualmente deverão ser cumpridas (Sinmetro).
as aplicações contidas nas leis

Quadro 5- O que muda com a Lei 12.305/2010

Antes Depois
Torna-se responsabilidade dos municípios o plano
Não há prioridade para a questão dos resíduos
de metas sobre resíduos, com participação dos
sólidos urbanos.
catadores.
Disposição final inadequada dos resíduos sólidos em Erradicação dos lixões em até quatro anos, a contar
lixões na maioria dos municípios. da promulgação da Lei.
A chamada compostagem passa a ser um requisito
Não existe prioridade no tratamento adequado para
obrigatório para o tratamento dos resíduos sólidos
os resíduos sólidos orgânicos.
orgânicos.
As escassas ações de coleta seletiva, além do alto
A coleta seletiva torna-se obrigatória, devendo-se
custo, são ineficazes para reduzir os volumes de
controlar seus custos e fiscalizar a qualidade do
resíduos sólidos a serem dispostos em aterros
serviço.
sanitários.
Incentivo ao cooperativismo, e regulamentação da
Os catadores executam suas atividades na
profissão de catador. As Cooperativas serão
informalidade, estando expostos a condições
contratadas pelos municípios para coleta e
insalubres de trabalho.
reciclagem.
Além de pouca disponibilidade, os materiais
Aumenta-se a quantidade e melhora-se a qualidade
recicláveis presentes no mercado apresentam baixa
da matéria-prima reciclada.
qualidade.
Inexistência de lei nacional para orientar os
Passa a existir marco legal para estimular ações
investimentos das empresas na gestão dos resíduos
empresariais voltadas à gestão dos resíduos sólidos.
sólidos.
Adoção de responsabilidade compartilhada faz com
Baixa adesão da sociedade na separação do lixo
que a separação do lixo reciclável seja mais
reciclável nas residências.
criteriosa nas residências.
Falta de informação técnica sobre os resíduos Criação de sistemas de informação sobre resíduos
sólidos gerados no Brasil. sólidos, para auxiliar sua gestão.
Inexistência da política de logística reversa associada Empresas passam a ser responsáveis pelos resíduos
à produção. gerados e pelo descarte de seus produtos.
Fonte: Adaptada CEMPRE.

Pag. 25
2. Política Nacional de Resíduos Sólidos: princípios e objetivos

1. Princípios da Política Nacional de empresarial e de mais segmentos da


Resíduos Sólidos sociedade;
Articulada com a Política Nacional VII - a responsabilidade compartilhada
do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), pelo ciclo de vida dos produtos;
Política Nacional de Educação Ambiental VIII - o reconhecimento do resíduo sólido
(Lei nº 9.795/1999), Política Federal de reutilizável e reciclável como um bem
Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) econômico e de valor social, gerador de
e com a Lei nº 11.107/2005, que dispõe trabalho e renda e promotor de
sobre normas gerais de contratação de cidadania;
consórcios públicos, a Política Nacional
de Resíduos Sólidos apresenta seus IX - o respeito às diversidades locais e
princípios expostos em onze itens do regionais;
Artigo sexto. São eles: X - o direito da sociedade à informação e
I - a prevenção e a precaução; ao controle social;

II - o poluidor-pagador e o protetor- XI - a razoabilidade e a


recebedor; proporcionalidade.

III - a visão sistêmica, na gestão dos O primeiro princípio da Política


resíduos sólidos, que considere as trata dos conceitos de “prevenção” e
variáveis ambiental, social, cultural, “precaução”, que se distinguem pelo
econômica, tecnológica e de saúde conhecimento ou não do impacto
pública; ambiental relacionado a uma
intervenção específica. Ou seja, a
IV - o desenvolvimento sustentável5; prevenção se aplica em casos cujos
V - a eco eficiência, mediante a impactos ambientais são conhecidos,
compatibilização entre o fornecimento, a devendo, então, ser adotadas medidas
preços competitivos, de bens e serviços que evitem a ocorrência de poluição. Por
qualificados que satisfaçam as outro lado, na precaução, a inexistência
necessidades humanas e tragam de certeza científica requer a adoção de
qualidade de vida e a redução do medidas que possam prevenir o dano, ou
impacto ambiental e do consumo de evitar ações que venham causar
recursos naturais a um nível, no mínimo, quaisquer tipos de reações adversas.
equivalente à capacidade de sustentação O item II discorre sobre a questão
estimada do planeta; do poluidor-pagador, estabelecendo
VI - a cooperação entre as diferentes uma obrigatoriedade para o poluidor,
esferas do poder público, o setor que deve arcar com os custos da
reparação do dano por ele causado; e
sobre a questão do protetor-recebedor,
5
Atender às necessidades da atual geração, no caso, remunera-se quem, de uma
sem comprometer a capacidade das futuras forma ou de outra, deixa de explorar um
gerações em prover suas próprias demandas.
Pag. 26
recurso natural que é seu, em prol do produtivos e a reutilização dos resíduos
meio ambiente e/ou da coletividade. sólidos inclusos na recuperação e no
aproveitamento energético.
A visão sistêmica da gestão dos
resíduos sólidos – fixada no item III – Na perspectiva da gestão integrada
corresponde à integração entre as – mencionada no item VII –, pode-se
variáveis ambiental, social, cultural, observar o objetivo IX sobre a
econômica, tecnológica e de saúde capacitação técnica continuada na área
pública. Considerando, ainda o respeito de resíduos sólidos, e o objetivo VIII
às diversidades locais e regionais, e o referente à articulação entre as
direito da sociedade à informação e ao diferentes esferas do poder público, e
controle social, conforme o estabelecido destas com o setor empresarial, visando
nos itens IX e X dos princípios da Lei n. à cooperação técnica e financeira para
12.305, respectivamente. essa gestão.
O item I, que tem por objetivo a
2. Objetivos da Política Nacional de proteção da saúde pública e da
Resíduos Sólidos qualidade ambiental, vai ao encontro do
Os objetivos da Política Nacional de objetivo V da Lei, que determina a
Resíduos Sólidos são definidos no Artigo redução do volume e da periculosidade
sétimo da Lei, apontando soluções dos chamados resíduos perigosos.
cabíveis não apenas à destinação correta Dos incentivos explicitados nos
dos resíduos sólidos, como também ao objetivos da Política, inclui-se o item VI
funcionamento do seu processo de relativo à indústria de reciclagem, que
gestão. visa o fomento no uso de matérias-
Dentre os objetivos relacionados às primas e insumos provenientes de
questões gerenciais, citam-se os itens III, materiais recicláveis e reciclados; e o
XIV e XV. Nesse sentido, o objetivo III item XIII, que estimula a avaliação do
evidencia o estímulo à adoção de ciclo de vida do produto. Por sua vez, o
padrões sustentáveis de produção e objetivo XII é definido pela integração
consumo de bens e serviço, assim como dos catadores de materiais reutilizáveis e
o estímulo à rotulagem ambiental e ao recicláveis no processo. Ainda, o objetivo
consumo sustentável – aplicado no item XI prioriza as aquisições e contratações
XV. O incentivo ao desenvolvimento de governamentais para produtos
sistemas de gestão ambiental e reciclados e recicláveis, e para bens,
empresarial, inserido nesse contexto, serviços e obras que apresentem
aparece no objetivo XIV, cuja finalidade é critérios compatíveis com os padrões de
obter a melhoria dos processos consumo sustentável.

Pag. 27
3. Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos dos produtos, pela pesquisa científica e


Sólidos indica dezenove instrumentos tecnológica, e pela educação ambiental.
para a sua aplicação, estes podem ser Quanto ao controle da gestão dos
encontrados em seu Artigo oitavo. resíduos sólidos, a Lei n. 12.305
Alguns dos instrumentos consideram os prescreve como instrumentos o
incentivos fiscais, financeiros e monitoramento e a fiscalização
creditícios como base de apoio para
ambiental, sanitária e agropecuária; o
ações voltadas à correta gestão dos Sistema Nacional de Informações sobre a
resíduos sólidos. Destes instrumentos, Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR); o
cita-se o incentivo à criação e ao Sistema Nacional de Informações em
desenvolvimento de cooperativas, e Saneamento Básico (SINISA); os
outras formas de associação de conselhos de meio ambiente, e, no que
catadores de materiais reutilizáveis e couberem, os de saúde; e os órgãos
recicláveis; o fortalecimento do Fundo colegiados municipais destinados ao
Nacional do Meio Ambiente e do Fundo controle social dos serviços de resíduos
Nacional de Desenvolvimento Científico sólidos orgânicos. Ainda, a Lei utilizará
e Tecnológico, e o incentivo à adoção de como ferramenta de controle os
consórcios ou de outras formas de
inventários e o sistema declaratório
cooperação entre os entes federados. anual de resíduos sólidos, o Cadastro
Os Planos de Resíduos Sólidos, Nacional de Operadores de Resíduos
constantes no primeiro item relativo aos Perigosos e os termos de compromisso, e
instrumentos da Política, e são a base os termos de ajustamento de conduta.
para toda gestão de resíduos de Para que o sistema de gestão dos
instituições públicas e privadas. Para a resíduos sólidos ganhe funcionalidade, a
implantação da ferramenta, serão Política Nacional prevê também acordos
necessários outros recursos, tais como a setoriais e cooperação técnica e
coleta seletiva, os sistemas de logística financeira entre os setores públicos e
reversa, além de outros meios privados. E mais, os instrumentos da
relacionados à implementação da Política Nacional de Meio Ambiente
corresponsabilidade pelo ciclo de vida serão considerados igualmente como
meios para a execução da Lei.

Pag. 28
Quadro 5 - Instrumentos econômicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Art. 42 - Medidas indutoras e linhas de funcionamento para iniciativas:


I - Preventivas e redutoras da geração de resíduos sólidos no processo produtivo;
II - De desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade
ambiental em seu ciclo de vida;

III - Implantadoras de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas


e/ou outras modalidades de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis,
formadas por pessoas físicas de baixa renda;

IV - De desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de caráter intermunicipal;


V - Estruturadoras de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;
VI - De descontaminação de áreas contaminadas;
VII - De desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos
resíduos sólidos;
VIII - De desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a
melhoria dos processos produtivos e para o reaproveitamento dos resíduos.
Fonte: Lei 12.305

O Governo Federal irá estimular reciclagem de resíduos sólidos


financeiramente ações de consórcios produzidos no território nacional; aos
públicos, para efetivar a descentralização projetos relativos à responsabilidade
da prestação de serviços públicos que pelo ciclo de vida dos produtos,
envolvam resíduos sólidos. Nessa priorizando-se a parceria com
perspectiva, o Sistema Financeiro cooperativas e/ou outras formas de
Nacional será destinado a investimentos associação de catadores de materiais
produtivos, conforme os critérios de reutilizáveis e recicláveis; e a empresas
acesso formulados pelas instituições dedicadas à limpeza urbana e atividades
oficiais de crédito, atendendo às a ela relacionadas.
diretrizes da Política. Enfim, a efetivação dos incentivos
Incentivos fiscais também poderão financeiros expostos na Política Nacional
vir por intermédio de normas instituídas ocorrerá em consonância com a Lei de
pela União, pelos estados, pelo Distrito Responsabilidade Fiscal, bem como com
Federal e pelos municípios, conforme o as diretrizes e os objetivos do respectivo
Art. 44 da citada Lei, desde que plano plurianual; com as metas e
respeitada a Lei de Responsabilidade prioridades fixadas pelas leis de
Fiscal. O fomento será reservado a diretrizes orçamentárias, e dentro do
indústrias e entidades destinadas à limite das disponibilidades cabíveis às
reutilização, ao tratamento e à leis orçamentárias anuais.

Pag. 29
4. Diretrizes e proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos

As diretrizes da Lei n. 12.305 são Para aplicar esse dispositivo, é permitido


enunciadas em seu Art. 9º até o Art. 13, pela Lei o uso de tecnologias voltadas à
contemplando o direcionamento e as recuperação energética dos resíduos
incumbências para gestão e sólidos urbanos, desde que seja
gerenciamento dos resíduos sólidos, comprovada sua viabilidade técnica e
bem como a classificação dos mesmos. ambiental e com implantação de
programas de monitoramento de
O Artigo nono estabelece a ordem
emissão de gases tóxicos aprovados por
prioritária no que se refere à gestão e ao
órgão ambiental.
gerenciamento dos resíduos, apontando
para: não geração, redução, reutilização, Quanto às responsabilidades
reciclagem, tratamento dos resíduos sobre as ações expostas nas diretrizes da
sólidos e disposição final Política Nacional de Resíduos Sólidos,
ambientalmente adequada dos rejeitos. estas são assim especificadas:

Quadro 6 - Encargos da Lei 12.305

Ações expostas nas diretrizes da Lei Encargos

Gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos


territórios, sem prejuízo das competências de controle e
fiscalização dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS Distrito Federal e Municípios
e do Suasa, bem como da responsabilidade do gerador pelo
gerenciamento de resíduos, consoante o estabelecido na Lei.

Promover a integração da organização, do planejamento e da


execução das funções públicas de interesse comum relacionadas
à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas,
Estados
aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos da lei
complementar estadual prevista no § 3º do Art. 25 da
Constituição Federal.

Controlar e fiscalizar atividades dos geradores, sujeitas a


Estados
licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.

Apoiar e priorizar iniciativas do município, de soluções


Estados
consorciadas ou compartilhadas entre dois ou mais municípios.

Organizar e manter a unidade do Sistema Nacional de


União, Estados, Distrito Federal e
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
Municípios
(Sinir),articulando com o Sinisa e o Sinima.
Fornecer ao órgão federal responsável pela coordenação do
Sinir todas as informações necessárias quanto a resíduos Estados, Distrito Federal e
referentes à sua esfera de competência, na forma e Municípios
periodicidade estabelecidas em regulamento.
Fonte: Lei 12.305

Pag. 30
1. Das proibições da Política Nacional destinação ou disposição final dos
de Resíduos Sólidos resíduos sólidos ou rejeitos são proibidas
no Art. 47 e Art. 48 conforme o quadro
O Art. 49 da Lei destaca a proibição
abaixo.
da importação de resíduos sólidos
perigosos, rejeitos e resíduos sólidos A queima de resíduos a céu aberto
cujas características causem dano ao poderá ser realizada quando, em decreto
meio ambiente, à saúde pública e de emergência sanitária, for autorizada e
animal, e à sanidade vegetal, mesmo no acompanhada pelos órgãos competentes
caso de tratamento, reforma, reuso, do Sisnama, do SNVS e, se assim o
reutilização ou recuperação. Além disso, couber, do Suasa.
outras atividades e/ou formas de

Quadro 7- Proibições da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Proibições
Formas de destinação ou disposição final de Atividades nas áreas de disposição final de
resíduos sólidos ou rejeitos resíduos ou rejeitos
Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer
Utilização como alimento dos rejeitos dispostos.
corpos hídricos.
Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os Catação, observado o disposto no inciso V do
resíduos de mineração. Art. 17.
Queima a céu aberto ou em recipientes,
instalações e equipamentos não licenciados para Criação de animais domésticos.
essa finalidade.
Fixação de habitações temporárias ou
Outras formas vedadas pelo poder público. permanentes.
Outras atividades vedadas pelo poder público.
Fonte: Lei 12.305

5. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos

A regulamentação da Política O Comitê Interministerial da


Nacional de Resíduos Sólidos foi firmada Política Nacional de Resíduos Sólidos
143 dias após sua instituição, por meio agirá mediante articulação com órgãos e
do Decreto de Lei n. 7.404 no dia 23 de entidades governamentais em ações de
dezembro de 2010. Além de criar amparo à estruturação e execução da
diversas medidas, o Decreto determina Política Nacional de Resíduos Sólidos. A
as normas para execução da Lei n. composição do Comitê contará com um
12.305; cria o Comitê Interministerial da representante titular e um suplente de
Política Nacional de Resíduos Sólidos em cada órgão e entidade governamental
seu Art.3º, e o Comitê Orientador para envolvida.
implantação de Sistemas de Logística
Reversa em seu Art. 33.

Pag. 31
O Artigo quarto do Decreto n. de serviços de transporte gerados em
7.404 atribui inúmeras competências ao portos, aeroportos e passagens de
Comitê Interministerial, dentre as quais fronteira deverão estar de acordo com as
se destacam: normas do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), do Sistema
 criação de procedimentos para
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), e
elaborar e atuar na implementação
do Sistema Unificado de Atenção à
do Plano Nacional de Resíduos
Sanidade Agropecuária (SUASA),
Sólidos;
conforme as respectivas áreas de
 proposição de medidas para
atuação.
executar os instrumentos e
objetivos da Lei n. 12.305, Com relação às responsabilidades
incentivando a pesquisa e o dos geradores de resíduos sólidos e do
desenvolvimento de atividades de poder público, o Decreto n. 7.404 em seu
reaproveitamento, reciclagem e Artigo quinto, parágrafo único,
tratamento dos resíduos sólidos; determina que a responsabilidade
 provimento de informações compartilhada ocorrerá de maneira
complementares ao Plano de individualizada e encadeada. Por sua vez,
Gerenciamento de Resíduos o Art. 6º dispõe sobre a obrigatoriedade
Sólidos Perigosos. de acondicionamento adequado e de
forma diferenciada dos resíduos sólidos
No Art. 37 do referido Decreto –
gerados, sempre que haja um sistema de
além do estabelecido pelas diretrizes da
coleta seletiva ou de logística reversa. Já
Lei n. 12.305 –, afirma-se que a
em seu Art. 7º, o Decreto
recuperação energética dos resíduos
regulamentador confere ao Poder
sólidos urbanos deverá estar disciplinada
Público, ao setor empresarial e à
em observância às orientações e
coletividade a responsabilidade pela
exigências dos Ministérios do Meio
efetivação dos requisitos impostos na
Ambiente, de Minas e Energia e das
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Cidades.
Quanto à coleta seletiva e à
Como uma de suas diretrizes, a
participação de catadores de materiais
regulamentação da Política Nacional de
reutilizáveis e recicláveis, apresentam-se
Resíduos Sólidos estabelece a adoção de
dois capítulos do Decreto que
medidas em prol da redução da geração
regulamenta a Política Nacional de
dos resíduos sólidos, particularmente
Resíduos Sólidos. No capítulo referente à
dos chamados resíduos perigosos, por
coleta seletiva, aborda-se a importância
intermédio de seu Art. 38. Nesse sentido,
desta como meta para se alcançar uma
os resíduos sólidos considerados
destinação ambientalmente adequada
supostamente como veiculadores de
dos rejeitos mediante seleção prévia dos
agentes etiológicos6 de doenças
resíduos, de acordo com sua constituição
transmissíveis e/ou pragas, e os resíduos
e/ou composição, podendo ser a mesma
6
Denominação dada ao agente causador de implantada sem prejudicar a execução
uma doença. dos sistemas de logística reversa.

Pag. 32
No tocante à participação dos viabilizar a coleta e a restituição dos
catadores, o Decreto n. 7.404 prioriza resíduos sólidos ao setor empresarial,
iniciativas de cooperativas e demais para reaproveitamento, em seu ciclo ou
modalidades de associação de catadores em outros ciclos produtivos, ou outra
de materiais reutilizáveis e recicláveis, destinação final ambientalmente
formadas por pessoas físicas de baixa adequada” (BRASIL 2010a).
renda. Ainda, o Decreto determina à No capítulo em que aparecem
União o provimento de condições de questões de logística reversa, indicam-se
trabalho favoráveis para catadores, bem os seus meios e a forma de
como oportunidades para sua inclusão implementação, estabelecendo-se
social e econômica, mediante também os acordos setoriais que
regulamento específico referente a tal deverão ser adotados para efetivação
atividade. desse instrumento da Política Nacional
O Sistema de Logística Reversa e o de Resíduos Sólidos.
Comitê Orientador para a implantação
O Comitê Orientador para
de Sistemas de Logística Reversa são implantação de Sistemas de Logística
igualmente discutidos na Reversa – criado por intermédio do
regulamentação da Política Nacional de Decreto regulamentador da Lei n. 12.305
Resíduos Sólidos. Nesse caso, o Art. 13 – possui suas competências
do Decreto define a logística reversa estabelecidas pelo Art. 34, e será
como “(...) instrumento de composto por órgãos e entidades
desenvolvimento econômico e social governamentais conforme o Art. 33,
caracterizado pelo conjunto de ações, sendo o Comitê presidido pelo Ministério
procedimentos e meios destinados a do Meio Ambiente.

Quadro 8 - Competências do Comitê Orientador


I -Estabelecer a orientação estratégica para execução dos sistemas de logística reversa
instituídos nos termos da Lei n. 12.305, de 2010, e do referido Decreto;
II - Definir as prioridades e aprovar o cronograma para lançamento de editais com
chamamento de propostas de acordo setorial, para a implantação de sistemas de logística
reversa de iniciativa da União;
III - Fixar cronograma para implantação dos sistemas de logística reversa;
IV - Aprovar estudos de viabilidade técnica e econômica;
V - Definir diretrizes metodológicas para avaliação dos impactos sociais e econômicos dos
sistemas de logística reversa;
VI - Avaliar a necessidade de revisão dos acordos setoriais, dos regulamentos e dos termos de
compromisso que disciplinam a logística reversa no âmbito federal;
VII - Definir as embalagens que ficam dispensadas, por razões de ordem técnica ou
econômica, da obrigatoriedade de fabricação com materiais propícios à reutilização e
reciclagem;
VIII - Definir a forma para realização de consulta pública relativa à proposta de execução dos
sistemas de logística reversa;
IX - Promover estudos e propor medidas de desoneração tributária das cadeias produtivas
sujeitas à logística reversa, e a simplificação dos procedimentos para cumprimento de
obrigações acessórias relativas à movimentação de produtos e embalagens sujeitos à logística

Pag. 33
reversa;

X - Propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa produtos e embalagens
adquiridos diretamente de empresas não estabelecidas no País, inclusive por meio de
comércio eletrônico.
Fonte: Decreto 7.404

Os Planos de Resíduos Sólidos pelo cadastramento obrigatório, sendo


contemplados na Política Nacional de estes pessoas jurídicas que operam com
Resíduos Sólidos são regulamentados resíduos perigosos em qualquer fase de
igualmente pelo Decreto n. 7.404, em seu gerenciamento, e sendo o Instituto
dispositivos expostos no Art. 45 até o Brasileiro do Meio Ambiente e o dos
Art. 63. Nesse caso, além de explicitarem Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
o que são os Planos de Gestão e os responsáveis pela coordenação do
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Cadastro Nacional.
esses artigos indicam os procedimentos O Art. 71 institui o Sistema
necessários à elaboração dos referidos Nacional de Informações Sobre a Gestão
planos pelo setor privado e pelo poder dos Resíduos Sólidos (SINIR), com a
público – tal como o Plano Nacional de coordenação e articulação do Ministério
Resíduos Sólidos; os planos estaduais, do Meio Ambiente (MMA); determina o
regionais e municipais de resíduos
prazo máximo de dois anos para sua
sólidos. implantação, contados desde a
Os resíduos perigosos, por sua vez, publicação do Decreto; e aponta seus
são abordados pela regulamentação da objetivos. Ao SINIR caberá preservar
Lei 12.305, em seu Art. 64 discorrendo informações do Cadastro Nacional de
sobre os geradores e/ou operadores de Operadores de Resíduos Perigosos, do
resíduos perigosos, e em seu Art. 65 Cadastro Técnico Federal de Atividades
determinando obrigatoriedade de um Potencialmente Poluidoras ou
plano de gerenciamento dos resíduos Utilizadoras de Recursos Ambientais, e
perigosos para esses geradores ou do Cadastro Técnico Federal de
operadores. Nesse sentido, o plano de Atividades e Instrumentos de Defesa
gerenciamento dos resíduos perigosos Ambiental, além de informações
poderá ser inserido no plano de fornecidas por órgãos públicos
gerenciamento dos resíduos sólidos. competentes para elaboração de planos
de gerenciamento de resíduos, e pelos
O Decreto n. 7.404 em seu Art. 68,
Sistemas de Informações do SINIMA e do
Art. 69 e Art. 70 apresenta o Cadastro
SINISA.
Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos, indicando os responsáveis

Pag. 34
Quadro 9- Finalidades do SINIR

I - Coletar e sistematizar dados relativos à prestação dos serviços públicos e privados de


gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, inclusive dos sistemas de logística reversa
implantados;

II - Promover o adequado ordenamento para a geração, o armazenamento, a sistematização,


o compartilhamento, o acesso e a disseminação dos dados e das informações de que trata o
inciso I;

III - Classificar os dados e as informações de acordo com sua importância e confidencialidade,


em conformidade com a legislação vigente;

IV - Disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevantes, inclusive visando à


caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos de gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos;

V - Permitir e facilitar o monitoramento, a fiscalização e a avaliação da eficiência da gestão e


do gerenciamento de resíduos sólidos nos diversos níveis, inclusive dos sistemas de logística
reversa implantados;

VI - Possibilitar a avaliação dos resultados, dos impactos, e o acompanhamento das metas dos
planos e das ações de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos nos diversos níveis,
inclusive dos sistemas de logística reversa implantados;

VII - Informar a sociedade sobre atividades realizadas na/para implementação da Política


Nacional de Resíduos Sólidos;

VIII - Disponibilizar periodicamente para a sociedade o diagnóstico da situação dos resíduos


sólidos no País, por meio do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos;

IX - Agregar informações fornecidas desde as esferas de competência da União, dos estados,


do Distrito Federal e dos municípios.

Fonte: Decreto 7.404

A disponibilização de dados, Resíduos Sólidos, sendo ela estabelecida


informações, relatórios, estudos, no Art. 77 do Decreto regulamentador da
inventários e instrumentos outros Lei. A educação ambiental tem por
relativos à regulação e/ou fiscalização de objetivo aperfeiçoar o conhecimento,
serviços voltados à gestão de resíduos os valores e comportamentos
sólidos pelo SINIR ocorrerá por meio de relacionados à gestão ambientalmente
rede mundial de computadores. O adequada dos resíduos sólidos.
Ministério de Meio Ambiente, os Os recursos da União ou por ela
estados, o Distrito Federal e os controlados mediante incentivos ou
municípios serão os responsáveis pela financiamento de entidades federais de
organização e manutenção da crédito para estados, Distrito Federal e
infraestrutura do SINIR.
municípios estarão condicionados à
A educação ambiental na gestão de elaboração e implantação da Política
resíduos sólidos é parte fundamental e Nacional de Resíduos Sólidos, com
integrante da Política Nacional de competências relativas a

Pag. 35
empreendimentos e serviços de gestão VII. Deixarem de manter atualizadas e
dos resíduos sólidos, e à limpeza urbana disponíveis ao órgão municipal
e ao manejo dos resíduos. competente e a outras autoridades
informações completas quanto à
Em suas disposições finais, o Art.
realização de ações do sistema de
84 determina penalidades e multas
logística reversa sob sua
relacionadas ao não cumprimento da
responsabilidade;
Política Nacional de Resíduos Sólidos e
do Decreto de Lei n. 7.404. Passando a VIII. Não mantiverem atualizadas e
vigorar a partir da data de publicação do disponíveis ao órgão municipal
Decreto, ficam sujeitas às penalidades competente, ao órgão licenciador do
pessoas físicas ou jurídicas que: SISNAMA e a outras autoridades
informações completas acerca da
I. Lançarem resíduos sólidos ou rejeitos
implementação e operacionalização
em praias, em mais ou quaisquer
do plano de gerenciamento de
recursos hídricos;
resíduos sólidos sob sua
II. Lançarem resíduos sólidos ou responsabilidade;
rejeitos in natura a céu aberto,
IX. Deixarem de atender às regras
excetuados os resíduos de mineração;
sobre registro, gerenciamento e
III. Queimarem resíduos sólidos ou informação, previstos no § 2º do Art.
rejeitos a céu aberto, ou em 39 da Lei n. 12.305 de 2010.
recipientes, instalações e
Quando não cumpridas, as
equipamentos não licenciados para a
obrigações previstas para a coleta
atividade;
seletiva e os sistemas de logística reversa
IV. Descumprirem a obrigação prevista estarão sujeitas a advertências, e, no
no sistema de logística reversa caso de reincidência na infração, a
implantado nos termos da Lei n. penalidade será aplicada mediante multa
12.305, de 2010, consoante as no valor entre cinquenta e quinhentos
responsabilidades específicas reais, podendo ser ela convertida em
estabelecidas para o referido sistema; serviços de preservação, melhoria e
V. Deixarem de segregar resíduos recuperação da qualidade do meio
sólidos na forma determinada para a ambiente.
coleta seletiva, quando esta for Finalmente, o Art. 85 determina
realizada pelo titular do serviço que o Decreto Lei n. 6.514, de 2008, que
público de limpeza urbana e manejo dispõe sobre as infrações e sanções
de resíduos sólidos; administrativas ao meio ambiente,
VI. Destinarem resíduos sólidos estabelece o processo administrativo
urbanos à recuperação energética, em federal para apuração destas infrações, e
desconformidade com o § 1º do Art. dá outras providências, passe a vigorar
9º da Lei n. 12.305, de 2010, e seu com o acréscimo do Art. 71-A, o qual
respectivo regulamento; estabelece: “Importar resíduos sólidos
perigosos e rejeitos, bem como os

Pag. 36
resíduos sólidos cujas características reuso, reutilização ou recuperação:
causem dano ao meio ambiente, à saúde multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
pública e animal e à sanidade vegetal, R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
ainda que para tratamento, reforma, reais).”

Pag. 37
IV. GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.
1. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

Uma das atividades do Gestão de Resíduos Sólidos é o


7
saneamento ambiental municipal é a "conjunto de referências político-
gestão e o gerenciamento de resíduos estratégicas, institucionais, legais e
sólidos urbanos, cujo objetivo financeiras capazes de orientar a
fundamental é propiciar a melhoria e a organização do setor"
manutenção da saúde, isto é, o bem-
(SCHALCH et al. 2002).
estar físico, social e mental da
comunidade. São elementos indispensáveis à
composição de um Modelo de Gestão de
Os termos gestão e gerenciamento,
Resíduos Sólidos, destacam-se:
em geral, adquirem conotações distintas
para grande parte dos técnicos que  Reconhecimento dos atores sociais
atuam na área dos resíduos sólidos envolvidos, os papéis por eles
urbanos, embora eles possam ser desempenhados e promovendo a sua
empregados como sinônimos. articulação;

Gestão - abrange atividades referentes à  Consolidação da base legal necessária


tomada de decisões estratégicas e à e dos mecanismos que viabilizem a
organização para esse fim, envolvendo implementação das leis;
instituições, políticas, instrumentos e  Mecanismos de financiamento para a
meios. auto-sustentabilidade das estruturas
Gerenciamento - refere-se aos aspectos de gestão e do gerenciamento;
tecnológicos e operacionais da questão,  Informação à sociedade, fornecida
envolvendo fatores administrativos, tanto pelo poder público quanto pelos
gerenciais, econômicos, ambientais e de setores produtivos envolvidos, para
desempenho. que haja um controle social;
 Sistema de planejamento integrado,
orientando a execução das políticas
públicas para o setor.
7
compreende o conjunto de ações, obras e
Desta forma, a Gestão de Resíduos
serviços considerados prioritários em
programas de saúde pública. Abrange desde Sólidos envolve três aspectos que devem
o sistema de abastecimento de água, ser articulados:
cuidado com a destinação de resíduos e o
 Arranjos institucionais;
esgotamento sanitário, melhorias sanitárias
domiciliares, até obras de drenagem urbana,  Instrumentos legais; e,
controle de vetores, roedores e focos de  Mecanismos de financiamento.
doenças transmissíveis. Inclui também a
preocupação com a melhoria das condições
de habitação e educação sanitária e
ambiental (FUNASA 2012).
Pag. 38
Uma vez definido o modelo básico Gerenciar os resíduos de forma
de gestão dos resíduos sólidos, deve-se integrada significa articular as ações
criar uma estrutura para gerenciamento normativas, operacionais, financeiras e
dos resíduos. de planejamento que uma administração
Segundo a Política Nacional de municipal desenvolve apoiada em
Resíduos Sólidos, Gerenciamento de critérios sanitários, ambientais e
Resíduos Sólidos é o conjunto de ações econômicos, para coletar, tratar e dispor
“(...) exercidas, direta ou indiretamente, o lixo de uma cidade, ou melhor, é
nas etapas de coleta, transporte, acompanhar de forma criteriosa todo o
transbordo, tratamento e destinação ciclo dos resíduos, da geração à
final ambientalmente adequada dos disposição final (do berço ao túmulo),
resíduos sólidos e disposição final empregando as técnicas e tecnologias
ambientalmente adequada dos rejeitos, mais compatíveis com a realidade local.
de acordo com plano municipal de
1. Diretrizes para a gestão e
gestão integrada de resíduos sólidos ou
gerenciamento de resíduos
com plano de gerenciamento de resíduos
sólidos, exigidos na forma da Lei” As diretrizes para gestão e
(BRASIL 2010). gerenciamento dos resíduos sólidos
urbanos buscam cumprir o que se
Já o Manual de Gerenciamento
depreende do conceito de prevenção da
Integrado de Resíduos Sólidos, do
poluição, procurando evitar e/ou reduzir
Instituto Brasileiro de Administração
a geração de resíduos e poluentes
Municipal, define o Gerenciamento
prejudiciais ao meio ambiente e à saúde
Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos
pública.
como:
Desse modo, em ordem
“...envolvimento de diferentes órgãos da
decrescente de aplicação, prioriza-se: a
administração pública e da sociedade
redução na fonte; o reaproveitamento;
civil com o propósito de realizar a
o tratamento; e a disposição final. Cabe
limpeza urbana, a coleta, o tratamento e
mencionar, que a hierarquização dessas
disposição final do lixo, elevando assim a
estratégias deve corresponder às
qualidade de vida da população
condições legais, sociais, econômicas,
promovendo o asseio da cidade, levando
culturais e tecnológicas existentes nos
em consideração as características das
municípios, bem como às especificidades
fontes de produção, o volume e os tipos
de cada tipo de resíduo.
de resíduos – para a eles ser dado
tratamento diferenciado e disposição A redução na fonte pode ocorrer
final técnica e ambientalmente corretas por meio de mudanças no produto, pelo
–, as características sociais, culturais e uso de boas práticas operacionais, pelas
econômicas dos cidadãos, as mudanças tecnológicas e/ou de insumos
peculiaridades demográficas, climáticas do processo. A redução da produção de
e urbanísticas locais.” (IBAM 2001) resíduos na fonte geradora é estratégia
preventiva, e comumente opera

Pag. 39
mudanças nas embalagens dos produtos 2. Sobre o sistema de gerenciamento
que, muitas vezes, apresentam de resíduos sólidos urbanos
componentes desnecessários ou em
Para atender à legislação vigente e
excesso. São exemplos de redução na garantir eficiência do gerenciamento
fonte: alterações no design de municipal dos resíduos sólidos, deve-se
embalagens; aumento da vida útil dos realizar um correto planejamento das
produtos; substituição de materiais atividades de limpeza urbana, visando à
utilizados no processo produtivo por redução dos gastos com transporte e
outros menos agressivos ao meio disposição final.
ambiente.
As instituições responsáveis pelo
A estratégia de reaproveitamento Sistema de Gerenciamento de Resíduos
engloba as ações de reutilização, Sólidos Urbanos precisam contar com
reciclagem e recuperação (VALLE 2001). estrutura organizacional que lhes
No reuso, o resíduo é utilizado
forneça suporte necessário ao
diretamente com a mesma finalidade
desenvolvimento de suas atividades.
para a qual foi originalmente concebido,
por exemplo, a reutilização das garrafas Tal concepção é, por sua vez,
de vidro. A reciclagem, por sua vez, exige condicionada pela disponibilidade de
um processo de transformação das recursos financeiros e humanos, assim
propriedades físicas, físico-químicas ou como pelo grau de mobilização e
biológicas dos resíduos, visando sua participação social.
transformação em insumos ou novo Alguns aspectos relativos ao
produto. Os melhores exemplos de arranjo institucional – como o
reciclagem – bem conhecidos pelos estabelecimento de normas municipais
brasileiros em geral – são as de garrafas para a limpeza urbana; a capacitação
PET e latinhas de alumínio. A técnica continuada dos profissionais; e a
recuperação é baseada no manutenção de um canal de
aproveitamento energético dos resíduos comunicação com a comunidade etc. –
ou de seus nutrientes mediante a favorecem a melhoria dos serviços
compostagem. prestados.

2. Manejo integrado de resíduos sólidos: características,


acondicionamento, coleta e transporte.

Por manejo compreende-se a parte coleta, armazenamento, transporte,


operacional do gerenciamento dos tratamento e disposição final, bem como
resíduos sólidos. proteção à saúde pública.
As ações relativas ao manejo Para a determinação do manejo
contemplam aspectos referentes a dos resíduos sólidos, é fundamental o
geração, segregação, acondicionamento,

Pag. 40
conhecimento das características físicas, sistema; a seleção de processos de
químicas e biológicas dos resíduos. tratamento; e até a definição das
técnicas de disposição final que melhor
O conhecimento das características
se adaptem a cada caso.
dos resíduos possibilita o
dimensionamento dos componentes do

Características dos resíduos sólidos II. Características químicas:


As características dos resíduos Seu conhecimento é muito
sólidos podem variar em relação a importante para a avaliação das opções
aspectos sociais, econômicos, culturais, possíveis tratamento dos resíduos
geográficos e climáticos. sólidos.
As principais características dos Poder calorífico: quantidade de calor ou
resíduos sólidos, para a determinação do energia que pode ser liberada por
manejo são: unidade de massa dos resíduos nas
reações de combustão;
I. Características físicas
Potencial de hidrogênio (pH): aponta o
Composição gravimétrica: percentual de teor de acidez ou alcalinidade do
cada componente em relação ao peso material;
total da massa dos resíduos;
Teores de cinza, matéria orgânica,
Peso específico: peso dos resíduos em carbono, nitrogênio, potássio, cálcio,
função do volume por estes ocupados, fósforo, resíduo mineral total, resíduo
expresso em kg/m3; mineral solúvel e gordura: característica
Teor de umidade: característica de necessárias à determinação dos
influência decisiva, particularmente nos processos de tratamento aplicáveis;
processos de tratamento e destinação do Relação carbono/nitrogênio (C/N):
lixo, variando muito conforme as informa o grau de decomposição da
estações do ano e a incidência de matéria orgânica do lixo nos processos
chuvas; de tratamento/disposição final.
Compressividade: conhecida como grau
III. Características biológicas
de compactação, indica a redução de
volume que uma massa de lixo pode Juntamente com as características
sofrer quando submetida a determinada químicas, o estudo da população
pressão; esta característica é necessária microbiana e dos agentes patogênicos
no dimensionamento dos equipamentos permite que sejam discriminados os
compactadores; métodos de tratamento e disposição dos
resíduos sólidos.
Geração per capita: relação entre a
quantidade de resíduos sólidos gerados
diariamente e o número de habitantes
de determinada região.

Pag. 41
1. Acondicionamento estabelecimentos públicos e no pequeno
comércio são, em geral, também
Acondicionar resíduos sólidos
realizados pelo órgão municipal
significa prepará-los para a coleta de
encarregado da limpeza urbana.
forma sanitariamente adequada,
compatível com o tipo e a quantidade de A operação de coleta pode ser
resíduos. realizado pela própria prefeitura, por
empresas sob contrato de terceirização,
A escolha do tipo de recipiente
ou ainda através de sistemas mistos –
mais adequado para o acondicionamento
como aluguel de viaturas e utilização de
deve ser orientada de acordo com as
mão-de-obra da prefeitura.
características e a quantidade de
resíduos gerados, a frequência da coleta, Planejamento da coleta
o tipo de edificação e o preço do
recipiente. O planejamento da coleta requer
uma série de informações que englobam
A qualidade da operação de as características físicas do município,
limpeza urbana depende da forma como sistema viário, tipos de pavimentação
os resíduos são acondicionados, bem (ou a falta dela), intensidade do tráfego,
como da observação dos locais, dias e número de habitantes, zoneamento do
horários que os recipientes devem ser município, geração per capta e a
disponibilizados para coleta pública. sazonalidade da geração de resíduos
sólidos, dentre outras.
O acondicionamento adequado:
Com base nessas informações é
 previne acidentes;
possível determinar aspectos
 evita a proliferação de vetores; importantes da coleta, como a
 minimiza o impacto visual e olfativo; regularidade, o método e o
dimensionamento do itinerário e da
 facilita a realização da coleta seletiva.
frota de coleta.
2. Coleta e transporte de resíduos Normalmente, os veículos
sólidos urbanos indicados para as atividades de coleta
são caminhões com carrocerias
Coletar resíduos significa recolhê-
compactadoras ou sem compactação. Os
los e encaminhá-los, mediante
equipamentos compactadores são
transporte adequado, a uma possível
recomendados para áreas de média a
estação de transferência, a um eventual
alta densidade e vias que apresentem
tratamento e à disposição final.
condições favoráveis de tráfego. Nas
A coleta e o transporte dos cidades pequenas, onde a população não
resíduos sólidos urbanos é atribuição dos está concentrada, os equipamentos sem
municípios, segundo a Lei 12.305. compactação são os mais indicados.
Entretanto, resíduos gerados em

Pag. 42
3. Tratamento e disposição final

A proposta de um modelo de tratamento nunca constitui um sistema


gerenciamento de resíduos sólidos exige de destinação final completo ou
o conhecimento das distintas formas de definitivo, pois há sempre um
destinação e disposição final de resíduos. remanescente inaproveitável que será
encaminhado ao aterro sanitário,
Disposição final adequada corresponde
chamado de rejeito.
a distribuição ordenada de rejeitos em
aterros, observando normas Rejeito: são os resíduos sólidos que,
operacionais específicas de modo a depois de esgotadas todas as
evitar danos ou riscos à saúde pública e à possibilidades de tratamento e
segurança, e a minimizar impactos recuperação por processos tecnológicos
ambientais adversos. disponíveis e economicamente viáveis,
não apresentem outra possibilidade
Destinação final abrange, além da
senão a disposição final ambientalmente
disposição de rejeitos em aterros, o
adequada.
tratamento ou reaproveitamento dos
resíduos sólidos. A figura abaixo mostra a sequencia
de abordagem ao gerenciamento de
Define-se tratamento como uma
resíduos, com os benefícios ambientais e
série de procedimentos destinados a
custos globais correspondentes.
reduzir a quantidade ou o potencial
Observa-se que a prevenção à geração é
poluidor dos resíduos sólidos, seja
a melhor solução.
impedindo o descarte de lixo em local
inadequado, seja transformando-o em
material inerte ou biologicamente Figura 8- Abordagem ambiental e custo da
estável. solução

O tratamento, ou a
“industrialização dos resíduos”, envolve
um conjunto de atividades e processos
cujo objetivo é promover a reciclagem de
alguns de seus componentes – como
plástico, papel e papelão, metal e vidro –
a transformação da matéria orgânica em
composto a ser utilizado como
fertilizante e condicionador do solo, ou
ainda buscar o aproveitamento Fonte: CNTL 2002

energético e a descontaminação. O

Pag. 43
Processo de tratamento de resíduos
Compostagem: processo controlado de Co-processamento: reaproveitamento
transformação aeróbia de materiais de resíduos nos processos de fabricação
orgânicos. Segunda a Lei 12.305, cabe ao de cimento, como substituto parcial de
titular dos serviços públicos de limpeza combustível e como matéria-prima,
urbana e de manejo de resíduos sólidos sendo as cinzas resultantes incorporadas
implantar sistema de compostagem para ao produto final. Segundo a Resolução
resíduos sólidos orgânicos. CONAMA 264/99, o co-processamento
não se aplica a resíduos domiciliares
Biodigestão: processo anaeróbio de
brutos, de serviço de saúde, radioativos,
tratamento de resíduos sólidos orgânicos
explosivos, organoclorados, agrotóxicos
que produz biogás, fonte de energia
e afins.
renovável, que pode ser utilizado para
produzir energia elétrica e térmica, e Autoclavagem: tratamento térmico de
biofertilizantes ricos em nutrientes. resíduos de serviço de saúde do Grupo A,
consistindo em manter o material
Incineração: queima controlada dos
contaminado sob pressão à temperatura
resíduos em fornos com filtros. Tem a
elevada para destruir todos os agentes
vantagem de reduzir o volume de
patogênicos.
resíduos em até 85%. Entretanto, além
do alto custo de implantação, Microondas: técnica também utilizada
manutenção e operação, há muita no tratamento de resíduos de serviço de
polêmica quanto à segurança dos saúde, consiste em submeter os resíduos
sistemas de controle de emissões de à radiação de microondas.
gases tóxicos. Os incineradores são a Reaproveitamento e reciclagem:
forma mais indicada de tratamento para considerados processos de tratamento
alguns tipos de resíduos, como os de resíduos sólidos, serão vistos em
hospitalares e os resíduos tóxicos detalhe.
industriais.

Tipos de disposição de resíduos sólidos


Lixões: depósitos de resíduos sem reciclados –, os aterros sanitários são
nenhum tratamento. Tais depósitos áreas de terreno impermeabilizadas com
causam poluição do solo, das águas manta, onde há tratamento para gases e
superficiais e subterrâneas e do ar. Uma líquidos resultantes da decomposição
das diretrizes do Plano Nacional de dos materiais, de maneira a proteger da
Resíduos Sólidos estabelece o poluição o solo, a água e o ar.
encerramento e a recuperação de todos Aterro controlado: fase intermediária
os lixões até 2014. entre o lixão e o aterro sanitário.
Aterros sanitários: melhor solução para Normalmente é uma célula adjacente ao
disposição final de rejeitos – resíduos lixão que foi remediado, ou seja, que
que não podem ser reaproveitados ou recebeu cobertura de argila e captação

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de chorume e gás. Esta célula adjacente cobertura diária da pilha de lixo com
é preparada para receber resíduos com terra ou outro material disponível como
uma impermeabilização com manta, forração, e recirculação do chorume.

Quadro 10 - Diferença entre Aterro e lixão


ATERRO LIXÃO
RECEPÇÃO DOS RESÍDUOS
Entrada restrita a veículos devidamente
Sem qualquer controle sobre a entrada de
cadastrados, desde que contenham apenas
veículos e resíduos.
resíduos permitidos para o tipo de aterro.
CONTROLE DE ENTRADA
Pesagem, procedência, composição do lixo,
Não dispõe de controle de pesagem, horário,
horário de entrada e saída dos veículos são
procedência, etc.
observados.
IMPERMEABILIZAÇÃO
Antes da utilização da célula, o local é
O lixo é depositado diretamente sobre a
devidamente impermeabilizado seguindo
camada de solo, podendo provocar danos ao
critérios que vão depender das características
meio ambiente.
do solo e do clima.
COBERTURA
A exposição do lixo permite a emissão de forte
É feita com camada de solo, reduzindo a
odor, espalhamento de lixo leve, além de atrai
produção de chorume e afastando vetores de
vetores de doenças (ratos, urubus, moscas,
doenças.
etc.)
ACESSIBILIDADE
Acesso restrito às pessoas devidamente
Além dos badameiros, adentram nos lixões os
identificadas. O aterro deve ser bem cercado
animais por falta de cercamento e fiscalização.
para impedir invasões.
IMPACTO VISUAL
É amenizado com a construção de um
“cinturão verde” com espécies nativas da Visual impactado, área degradada e
região que ainda serve de abrigo para desagradável aos olhos.
predadores de alguns dos vetores.
DEPOSIÇÃO
A deposição deve ser feita seguindo critérios
técnicos definidos, tais como: resíduos
Na maioria das vezes não há sequer um trator
depositados em camadas compactadas, com
de esteira para conformar o lixo.
espessura controlada, frente de serviço
reduzida, taludes com inclinação definida.
DRENAGEM
Possui dispositivos para captação e drenagem Não possui dispositivo para drenagem interna,
do líquido resultante da decomposição dos possibilitando maior infiltração do chorume na
resíduos (chorume), evitando a sua infiltração sua base ou o escorrimento superficial sem
no solo e o livre escoamento. qualquer controle.
Fonte: CONDER, 2012.

Pag. 45
4. Coleta seletiva, logística reversa e responsabilidade compartilhada

1. Os três R’s produtivos visando sua maior


abrangência, eficácia e aceitação.
A gestão sustentável dos resíduos
sólidos deve estar fundamentada numa Para ser reutilizado, o material
estratégia pedagógica que busca a deve estar em perfeito estado de
redução e dá viabilidade ao processo de conservação, e praticamente pronto para
reaproveitamento dos resíduos, cuja ser novamente utilizado. Nas residências,
referência seja o princípio dos três R’s: pode-se tomar medidas nesse sentido,
Redução; Reutilização; Reciclagem. como uso dos dois lados do papel para
escrita etc.; uso de potes diversos para
Redução: corresponde a diminuir o uso
guardar sobras de alimento na geladeira;
de matérias-primas e energia, buscando
uso de latas como porta-lápis, dentre
formas de reduzir resíduos, com isso,
outras.
combatendo o desperdício.
A reciclagem, além de gerar
Reutilização: aproveitamento dos
economia de matéria-prima e energia,
resíduos sólidos sem sua transformação
proporciona diminuição de custos na
biológica, física ou físico-química,
coleta e disposição final em aterros
observadas as condições e os padrões
sanitários e geração de trabalho e renda,
estabelecidos pelos órgãos
especialmente para micro e pequenas
competentes.
empresas, ou mesmo formação de
Reciclagem: processo de transformação cooperativas de catadores para
dos resíduos sólidos, que envolve a processamento do material reciclável.
alteração de suas propriedades físicas,
Alguns autores consideram o
físico-químicas ou biológicas, com vistas
reaproveitamento dos resíduos
à transformação em insumos ou novos
orgânicos como uma forma de
produtos.
reciclagem, já que, após seu
A redução na fonte é uma processamento mediante a
estratégia preventiva que pode compostagem, o material estará pronto
acontecer por meio de uma política para ser utilizado como fertilizante de
específica executada mediante solos.
instrumentos regulatórios, econômicos e
O quadro abaixo apresenta os
sociais. A redução no consumo de
benefícios da reciclagem, demonstrando
matérias-primas e energia está
o gasto de energia e de outros recursos a
intimamente ligada a mudanças em
partir da produção de produtos novos e
processos produtivos; a ações de
recicláveis.
educação e conscientização da
população; e à capacitação dos setores

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Quadro 11 - Benefícios da reciclagem

Energia Economia gerada com a reciclagem


p/ 1 tonelada necessária
kW/h kW/h Além da energia, evita a/o...

Papel novo 5.000 Extração de 55 eucaliptos


Consumo de 98.000 litros de água
3.300 → 66%
Papel reciclado 1.700 Extração de 2,5 barris de petróleo
Emissão de 2,5 toneladas de CO2
Alumínio novo 17.600 Extração de 5 toneladas de bauxita
16.850 → 96% Consumo de 76% da água necessária para a
Alumínio reciclado 750 produção
Aço novo 6.840 Extração de 1.140 toneladas de minério de ferro
6.500 → 95% Extração de 155 kg de carvão
Aço reciclado 340 Extração de 18 kg de cal
Vidro novo 4.800 Extração de 1,3 toneladas de areia
Consumo de 50% da água necessária para a
3.660 →76% produção
Vidro reciclado 1.140 Extração de 22% da barrilha necessária para a
produção
Plástico novo 6.740
6.070 →90% Extração de 130 kg de petróleo
Plástico reciclado 670

2. Coleta seletiva Úmidos: são os materiais orgânicos


Para permitir a reciclagem, é (compostos especialmente por restos de
preciso que o sistema de coleta seja alimentos e folhas), e os materiais não
seletivo, ou seja, os resíduos sólidos recicláveis denominados rejeitos (papel
sejam segregados na fonte de geração higiênico, papel toalha, fotografias,
conforme sua constituição ou clipes, lata de tinta, espuma, espelho,
composição. cristal etc.). Eles devem ser
acondicionados para serem coletados
Modelos de coleta seletiva pelo sistema de coleta de lixo domiciliar
O modelo mais empregado nos regular.
programas coleta seletiva é a chamada Secos: são os materiais recicláveis
coleta porta-a-porta, que consiste na compostos por papéis, metais, vidros e
coleta, pela prefeitura ou por empresa plásticos. Eles devem ser acondicionados
prestadora desse serviço ao município, para serem coletados nos roteiros de
diretamente nas residências. coleta seletiva.
A segregação dos materiais
Nos programas de coleta seletiva
recicláveis nas residências, para a coleta
onde há coleta de resíduos orgânicos,
seletiva, pode ser feita mediante a
estes devem ser separados dos rejeitos.
separação dos resíduos domésticos em
Assim, os resíduos domésticos devem ser
dois grupos: os úmidos e os secos.
selecionados em três categorias:
orgânicos; secos; rejeitos.

Pag. 47
Outro modelo utilizado para coleta obrigados a estruturar e implementar
seletiva é o denominado Pontos de progressivamente – conforme
Entrega Voluntária (PEV’s), que consiste regulamentação a ser estabelecida –
na instalação de contêineres ou sistemas de logística reversa, de forma
recipientes em locais públicos, para que independente do serviço público de
voluntariamente a população venha a limpeza urbana e de manejo dos
fazer o descarte dos materiais separados resíduos sólidos, nos casos dos seguintes
em sua residência. produtos e/ou materiais:
Neste modelo, a população separa I. Agrotóxicos e seus resíduos e
os materiais segundo a classificação embalagens, assim como outros
estabelecida na resolução CONAMA 275 produtos cuja embalagem, após o
de 2001, a qual firma o código de cores uso, contenha resíduos perigosos,
para outros tipos de resíduos além dos observadas aqui as regras de
recicláveis, como segue abaixo. gerenciamento de resíduos
Quadro 12 - Código de Cores para a coleta perigosos previstas em lei ou
seletiva regulamento; em normas
estabelecidas pelos órgãos do
Sisnama, do SNVS e do Suasa; ou em
normas técnicas;
II. pilhas e baterias;
III. pneus;
IV. óleos lubrificantes e seus resíduos e
embalagens;
Fonte: Resolução CONAMA 275/2001
V. lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio, e de luz mista;
3. Logística reversa
VI. produtos eletroeletrônicos e seus
Alguns materiais estão
componentes.
enquadrados pela chamada Logística
Reversa, que segundo a lei n. 12.305, é o Ainda, o parágrafo primeiro do
conjunto de ações, procedimentos e Artigo 33 dessa lei estabelece que a
meios desenvolvidos pelos setores obrigatoriedade de sistemas de logística
privados, visando viabilizar a coleta e a reversa deve ser estendida a produtos
restituição dos resíduos sólidos para comercializados em embalagens
reaproveitamento em seu ciclo ou em plásticas, metálicas ou de vidro, e aos
outros ciclos produtivos, ou ainda outra demais produtos e embalagens,
destinação final ambientalmente considerando, prioritariamente, o grau e
adequada. a extensão do impacto à saúde pública e
Conforme o Artigo 33 da Lei ao meio ambiente dos resíduos gerados.
12.305, fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes estão

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Quadro 13 – Representação esquemática da  Reduzir a geração de resíduos
logística reversa
sólidos, o desperdício de materiais, a
poluição e os danos ambientais;
 Incentivar a utilização de insumos de
menor agressividade ao meio
ambiente e de maior
sustentabilidade;
 Estimular o desenvolvimento de
Fonte: Lacerda (2002) mercado, a produção e o consumo
de produtos derivados de materiais
4. Responsabilidade compartilhada reciclados e recicláveis;

Segundo a Lei 12.305, a  Propiciar condições para que as


responsabilidade compartilhada pelo atividades produtivas alcancem
ciclo de vida dos produtos corresponde eficiência e sustentabilidade;
ao conjunto de atribuições individuais e  Incentivar as boas práticas de
encadeadas dos fabricantes, responsabilidade socioambiental.
importadores, distribuidores e
Quanto à responsabilidade pelo
comerciantes, dos consumidores e dos
ciclo de vida dos produtos, cabe ao
titulares dos serviços públicos de limpeza
titular dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos,
urbana e de manejo de resíduos sólidos
para minimizar o volume dos resíduos e
seguir o Plano Municipal de Gestão
dos rejeitos gerados, bem como para
Integrada de Resíduos Sólidos.
reduzir os impactos à saúde humana e à
qualidade ambiental, decorrentes do
ciclo de vida dos produtos.
Em caso de existir sistema de coleta
São objetivos da responsabilidade seletiva implantado, consumidores estão
compartilhada: obrigados a:
 Compatibilizar interesses entre os  Realizar a separação e o
agentes econômicos e sociais e os acondicionamento dos resíduos
processos de gestão empresarial e sólidos gerados, de acordo com as
mercadológica com os de gestão características dos materiais;
ambiental, desenvolvendo
 Disponibilizar adequadamente os
estratégias sustentáveis;
resíduos sólidos reutilizáveis e
 Promover o aproveitamento de recicláveis, para coleta e/ou
resíduos sólidos, direcionando-os devolução.
para a sua cadeia produtiva ou para
outras cadeias produtivas;

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V. PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS:
PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES
1. Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): diretrizes, estratégias e
metas para gestão no Brasil

A aprovação da Lei n. 12.305/10 12.305/2010, vigência por prazo


marcou o início de uma forte articulação indeterminado e horizonte de 20 anos,
institucional envolvendo os três entes atualizando-se a cada quatro anos, e
federados – União, Estados e Municípios contempla o seguinte conteúdo:
–, além do setor produtivo e da I. Diagnóstico da situação atual dos
sociedade civil na busca de soluções para resíduos sólidos;
os graves problemas causados pelos II. Proposição de cenários, incluindo
resíduos sólidos, os quais vêm tendências internacionais e
comprometendo a qualidade de vida dos macroeconômicas;
brasileiros. III. Metas de redução, reutilização,
Dentre os instrumentos reciclagem, entre outras, com
estabelecidos pela Política Nacional de vistas a reduzir a quantidade de
Resíduos Sólidos, destaca-se o Plano resíduos e rejeitos encaminhados
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que para disposição final;
está em processo de construção e IV. Metas para aproveitamento
contemplará os diversos tipos de energético dos gases gerados nas
resíduos gerados, alternativas de gestão unidades de disposição final de
e gerenciamento para sua resíduos sólidos;
implementação, bem como metas para V. Metas para eliminação e
diferentes cenários, programas, projetos recuperação de lixões, associadas à
e ações correspondentes. inclusão social e à emancipação
econômica de catadores de
A versão preliminar do PNRS foi
materiais reutilizáveis e recicláveis;
objeto de discussão em cinco Audiências
VI. Programas, projetos e ações para
Públicas Regionais, e se consolidou na
Audiência Pública Nacional em Brasília. atendimento das metas previstas;
VII. Normas e condicionantes técnicas
Ele foi desenvolvido mediante o esforço
para acesso a recursos da União,
empreendido por várias entidades que
para obtenção de seu aval, ou para
integram o Governo Federal e o Comitê
acesso a recursos administrados,
Interministerial – criado pelo Decreto n.
direta ou indiretamente, por
7404/10, o qual regulamentou a Política
entidade federal, quando
Nacional de Resíduos Sólidos –, além de
destinados a ações e programas de
parceiros institucionais e representações
interesse dos resíduos sólidos;
da sociedade civil.
VIII. Medidas para incentivar e viabilizar
O Plano Nacional de Resíduos a gestão regionalizada dos resíduos
Sólidos tem, conforme o previsto na Lei sólidos;

Pag. 50
IX. Diretrizes para planejamento e (PLANSAB), descrevendo o Cenário 1,
demais atividades de gestão de adotado, que indica um futuro possível e
resíduos sólidos das regiões desejável, constituindo o ambiente para
integradas de desenvolvimento o planejamento e suas diretrizes,
instituídas por lei complementar, estratégias, metas, seus investimentos e
bem como para áreas de especial procedimentos de caráter político-
interesse turístico; institucional necessários para alcançar o
X. Normas e diretrizes para planejado.
disposição final de rejeitos e, Quanto aos Cenários 2 e 3,estes
quando couber, de resíduos; são descritos e mantidos como
XI. Meios a serem utilizados, em referência para o planejamento; caso o
âmbito nacional, para controle e monitoramento do cenário indique
fiscalização de sua implementação significativos desvios do Cenário 1 em
e operacionalização, assegurado o direção aos cenários alternativos,
controle social. correções sejam implementadas nas
A Lei 12.305/2010 determinou premissas e proposições do Plano,
prazos para algumas ações até 2014, tais incluindo metas e necessidades de
como eliminação de lixões e disposição investimentos.
final ambientalmente adequada dos
O Cenário 1 projeta o Brasil em 2030
rejeitos. Nesse caso, não se trata de
como um país saudável e sustentável,
estabelecer um plano de metas, mas sim
apresentando elevada taxa de
de cumprir prazos legais.
crescimento econômico e de
As demais ações às quais a Lei não investimentos do setor público e
firmou prazos máximos para seu privado; expressiva melhoria dos
cumprimento são objeto de planos de indicadores sociais, com redução das
metas alternativos – “Intermediário” e desigualdades urbanas e regionais; e
“Desfavorável” – adequados a cada melhoria do meio ambiente. Nesse
situação apresentada. Cenário, o Estado brasileiro qualifica-se
A estrutura do PNRS constitui-se de em seu papel de provedor dos serviços
quatro capítulos. públicos, assumindo crescentemente a
prestação de serviços, e de condutor das
O Capítulo 1 apresenta o políticas públicas essenciais, como o
diagnóstico elaborado pelo Instituto de saneamento básico, com garantia de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) direitos sociais, e, na variável ambiental,
sobre a situação dos resíduos sólidos no um modelo de desenvolvimento com
Brasil – assunto já visto no Módulo 1 do consumo sustentável.
curso.
O Capítulo 3 apresenta as
O Capítulo 2 aborda a construção
Diretrizes e Estratégias mais importantes
de Cenários Macroeconômicos e
relacionadas aos resíduos sólidos,
Institucionais em consonância com o
visando a definição de metas.
Plano Nacional de Saneamento Básico

Pag. 51
As Diretrizes, neste capítulo, As metas foram projetadas tendo
referem-se às linhas norteadoras por por base os cenários Favorável,
grandes temas, enquanto que as Intermediário e Desfavorável, descritos
Estratégias se referem à forma ou aos no Capítulo 2. Como a definição das
meios pelos quais as devidas ações serão metas não depende apenas dos cenários
implementadas. econômicos, estando ela atrelada
também ao envolvimento e à atuação
As Diretrizes e suas respectivas
dos três níveis de governo, da sociedade
Estratégias relativas aos resíduos sólidos
e da iniciativa privada, optou-se por
urbanos buscam:
elaborar três Planos de Metas:
(i) atendimento aos prazos legais;
 proposta 1, com viés favorável;
(ii) fortalecimento de políticas públicas
conforme previsto na Lei  proposta 2, com viés intermediário;
12.305/2010, tais como e,
implantação da coleta seletiva e  proposta 3, com viés pessimista.
logística reversa; incremento dos
percentuais de destinação; O cumprimento do Plano de Metas
tratamento dos resíduos sólidos e Favorável, apenas no que se refere aos
disposição final ambientalmente resíduos sólidos urbanos, exige
adequada dos rejeitos; inserção disponibilidade de recursos com suporte
social dos catadores de materiais dos três níveis de governo e da iniciativa
reutilizáveis e recicláveis; privada. Entretanto, essa parte dos
(iii) melhoria da gestão e do recursos é apenas um dos
gerenciamento dos resíduos condicionantes para o alcance das
sólidos como um todo; metas, sendo necessário igualmente o
(iv) fortalecimento do setor de cumprimento de vários outros requisitos,
resíduos sólidos per si, e de suas como capacitação institucional,
interfaces com os demais setores capacidade institucional e de
da economia brasileira. endividamento.

O documento é finalizado, no Uma etapa preliminar


Capítulo 4, que apresenta as Metas de extremamente importante é a realização
curto, médio e longo prazo para resíduos de estudos de regionalização do
sólidos, o que se espera alcançar no território, fomentados pelo Ministério do
horizonte temporal do Plano Nacional de Meio Ambiente (MMA) desde 2007. Na
Resíduos Sólidos. proposta 1 das Metas, é imprescindível
que 100% das Unidades Federativas
A periodicidade das metas foi
(UFs) concluam os estudos de
definida em quatro anos, coincidindo regionalização em 2012, de modo a
com os prazos do Plano Plurianual (PPA) viabilizar a implantação dos consórcios
da União, quando estão previstas ou associações de municípios até 2013,
revisões deste último. considerando que a gestão associada dos
serviços de manejo dos resíduos sólidos

Pag. 52
urbanos é um dos princípios Na ênfase dada pela Lei 12.305 ao
fundamentais da Política Nacional de planejamento, em todos os níveis, o
Resíduos Sólidos. PNRS assume importância fundamental
por apontar, mediante suas diretrizes,
Para isso, a União vem induzindo o
estratégias e metas, ações que se farão
consorciamento dos municípios, visando
necessárias para consecução dos
ganhos de escala e redução de custos, o
objetivos nacionais, conformando os
que permitiria o alcance das metas
acordos setoriais, a logística reversa e as
propostas, em especial, as de
prioridades a serem adotadas. Nesse
encerramento de lixões e bota-foras;
sentido, ele pode exercer papel
implantação dos aterros sanitários e
norteador ao desenvolvimento dos
outros; implantação da coleta seletiva
outros planos de responsabilidade
para todos os tipos de resíduos; e
pública, inclusive influenciando os planos
impulso à participação e inclusão
de gerenciamento de resíduos sólidos
expressiva dos catadores de materiais
exigidos de alguns dos geradores.
recicláveis.

DIRETRIZES: PLANO NACIONAL PARA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


Disposição final ambientalmente adequada de rejeitos.
Diretriz 1: Eliminação até 2014 de lixões e aterros controlados e disposição final
ambientalmente adequada de rejeitos.
Diretriz 2: Recuperação de lixões compreendendo as ações de queima pontual de gases;
coleta de chorume; drenagem pluvial; compactação da massa; e cobertura vegetal.

Redução da geração de resíduos sólidos urbanos.


Diretriz 1: Manter os atuais patamares de geração de resíduos sólidos urbanos, tomando-
se por referência o ano de 2008, com posterior redução.

Redução de resíduos sólidos urbanos secos dispostos em aterros sanitários, e inclusão


de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Diretriz 1: Redução de 70% dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários,
com base na caracterização nacional em 2012.
Diretriz 2: Inclusão e fortalecimento da organização de 600.000 catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis.

Redução de resíduos sólidos urbanos úmidos dispostos em aterros sanitários;


tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários.
Diretriz 1: Induzir a compostagem da parcela orgânica dos RSU, e a geração de energia
por meio do aproveitamento de gases provenientes da biodigestão de compostos
orgânicos e gases gerados em aterros sanitários (biogás).

Pag. 53
Qualificação da gestão de resíduos sólidos
Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos urbanos, por meio dos seguintes instrumentos: (a) planos estaduais,
intermunicipais e municipais; (b) estudos de regionalização e constituição de consórcios
públicos; (c) institucionalização de instrumento apropriado de cobrança específica para os
serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos (sem vinculação ao
IPTU).

Resíduos de serviços de saúde


Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos resíduos de serviços de saúde nos estabelecimentos.
Todas as metas e estratégias sugeridas nesse documento já são objeto de exigências
constantes nas Resoluções RDC Anvisa n. 306/2004 e Conama n. 358/2005.
Quanto ao Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), as
exigências referentes a este deram início com a Resolução Conama n. 05/1993.

Resíduos de portos, aeroportos e passagens de fronteira


Diretriz 1: Fortalecer a gestão dos resíduos sólidos nos portos, aeroportos e passagens de
fronteiras.

Resíduos industriais
Diretriz 1: A diretriz fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos para os
resíduos sólidos industriais é a eliminação completa dos resíduos industriais destinados
de maneira inadequada ao meio ambiente.

Resíduos de mineração
Diretriz 1: Compatibilidade entre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o Plano de
Mineração.

Resíduos agropastoris
Diretriz 1: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
agrosilvopastoris.
Diretriz 2: Destinação adequada a todos os resíduos da criação animal, por compostagem
e/ou biodigestores, ou ainda outras tecnologias.
Diretriz 3: Implementação da coleta seletiva de parte dos resíduos sólidos secos do meio
rural, e destinação adequada em consonância com as normas sobre destinação dos
resíduos urbanos.
Diretriz 4: Inventário de resíduos agrosilvopastoris, sendo que, a contar do próximo Censo
Agropecuário (2015), estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 5: Ampliação da logística reversa para todas as categorias de resíduos
agrosilvopastoris, e sua implementação até 2024.
Diretriz 6: Desenvolvimento e inovação de tecnologias para aproveitamento de resíduos
minerais na agricultura.

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Resíduos da construção civil (RCC)
Diretriz 1: Eliminação de áreas irregulares para disposição final de RCC – “bota-foras” –
em todo o território nacional.
Diretriz 2: Implantação de unidades de recebimento, triagem, transbordo e reserva
adequada de RCC (aterros Classe A).
Diretriz 3: Incremento das atividades de reutilização e reciclagem dos RCC em
empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 4: Fomento a medidas de redução da geração de rejeitos e resíduos da
construção civil em empreendimentos dentro do território nacional.
Diretriz 5: Inventário de resíduos da construção civil, sendo que, a contar do próximo
Censo do IBGE, estes deverão estar inventariados – os resíduos deverão estar
quantificados e especializados.
Diretriz 6: Criação de metas e indicadores de redução, coleta, destinação e disposição de
resíduos e rejeitos.

2. Planos estaduais, intermunicipais e municipais de gestão de resíduos


sólidos: o que são, qual sua importância e como realizar?

Conforme preconiza a Politica I. Diagnóstico, incluída a


Nacional de Resíduos Sólidos, os Estados identificação dos mais importantes
terão de elaborar, até 2012, seus Planos fluxos de resíduos no Estado, e
Estaduais de Resíduos Sólidos para terem seus impactos socioeconômicos e
acesso aos recursos da União, ou, por ela ambientais;
controlados, e destinados a
II. Proposição de cenários;
empreendimentos e serviços
relacionados à gestão de resíduos III. Metas de redução, reutilização,
sólidos. reciclagem e aproveitamento
energético, entre outras, com
Terão prioridade ao acesso a recursos, os vistas a reduzir a quantidade de
Estados que criarem microrregiões no resíduos e rejeitos encaminhados
sentido de integrar organização, para disposição final
planejamento e execução de ações a ambientalmente adequada;
cargo de municípios limítrofes.
IV. Metas para aproveitamento
O Plano Estadual de Resíduos energético dos gases gerados nas
Sólidos será elaborado para implantação unidades de disposição final de
por prazo indeterminado, abrangendo resíduos sólidos;
todo o território do Estado, e tendo
V. Metas para eliminação e
como horizonte de vigência 20 anos,
recuperação de lixões, associadas à
bem como revisões a cada quatro anos.
inclusão social e à emancipação
É conteúdo mínimo do Plano
Estadual de Resíduos Sólidos:

Pag. 55
econômica de catadores de XII. Meios a serem utilizados, em
materiais reutilizáveis e recicláveis; âmbito estadual, para controle e
fiscalização de sua implantação e
VI. Programas, projetos e ações para
operacionalização, assegurado o
atendimento das metas previstas;
controle social.
VII. Normas e condicionantes técnicas
Além do Plano Estadual de
para acesso a recursos do Estado,
Resíduos Sólidos, os Estados poderão
para obtenção de seu aval, ou para
elaborar planos microrregionais de
acesso de recursos administrados,
resíduos sólidos, bem como planos
direta ou indiretamente, por
específicos direcionados às regiões
entidade estadual, quando
metropolitanas ou aglomerações
destinados a ações e programas de
urbanas.
interesse dos resíduos sólidos;
A elaboração e execução, pelos
VIII. Medidas para incentivar e viabilizar
Estados, de planos microrregionais de
a gestão consorciada ou
resíduos sólidos e/ou de regiões
compartilhada dos resíduos
metropolitanas ou aglomerações
sólidos;
urbanas deverão ser realizadas
IX. Diretrizes para planejamento e obrigatoriamente com a participação dos
demais atividades de gestão de Municípios envolvidos, sem excluir nem
resíduos sólidos de regiões substituir qualquer das prerrogativas a
metropolitanas, aglomerações cargo dos Municípios, previstas pela Lei.
urbanas e microrregiões;
O plano microrregional de resíduos
X. Normas e diretrizes para sólidos, respeitada a responsabilidade
disposição final de rejeitos, e, dos geradores, deve atender ao previsto
quando couber, de resíduos, para o plano estadual e estabelecer
respeitadas as disposições soluções integradas à coleta seletiva,
estabelecidas em nível nacional; recuperação e reciclagem, ao tratamento
XI. Conforme os demais instrumentos e à destinação final dos resíduos sólidos
de planejamento territorial, urbanos, e, consideradas as
especialmente o zoneamento peculiaridades microrregionais, outros
ecológico-econômico e o tipos de resíduos.
zoneamento costeiro, prever: a) as O forte incentivo à gestão
zonas favoráveis para localização associada de resíduos sólidos entre
de unidades de tratamento de municípios de uma mesma região do
resíduos sólidos, ou de disposição Estado promove uma economia de
final de rejeitos; b) as áreas escala já contemplada na Lei Federal de
degradadas em razão de disposição Saneamento Básico (11.445/2007), além
inadequada de resíduos sólidos ou de auxiliar no planejamento conjunto
rejeitos, a serem objeto de das ações, e na otimização dos recursos
recuperação ambiental; financeiros.

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A gestão associada potencializa os humanos, financeiros e de infraestrutura
meios para solução dos problemas existentes em cada um deles, de modo a
comuns, com o compartilhamento dos gerar uma economia de escala.
recursos físicos e gerenciais. As diretrizes Interessante observar que, quando
para planejamento e gestão dos resíduos comparada ao modelo atual – em que os
de regiões metropolitanas e municípios manejam seus resíduos
aglomerados urbanos têm caráter sólidos isoladamente –, a gestão
estratégico também nos planos associada possibilita reduzir custos. O
estaduais, e são alvo de normalização na ganho de escala no manejo de resíduos,
Política Nacional de Resíduos Sólidos. juntamente com a implantação de
Claro está o incentivo à agregação cobrança pela prestação de serviços
de municípios não somente na Política (recuperação de custos), garante a
Nacional de Resíduos Sólidos, mas sustentabilidade econômica dos
igualmente no conjunto de leis que consórcios, e a manutenção de pessoal
configuram o atual arcabouço legal para especializado na gestão de resíduos.
gestão de resíduos. A agregação é Os resultados dos convênios dos
condição essencial para que aconteça o Estados com o MMA são expressivos.
salto à gestão de resíduos, e para que se Vários deles já definiram o desenho de
concretizem os avanços necessários a sua regionalização: Alagoas, Bahia, Acre,
todas as regiões brasileiras. Sergipe, Minas Gerais, Rio Grande do
O Ministério do Meio Ambiente Norte e Rio de Janeiro, além de outras
(MMA) vem firmando convênios com os unidades que estão encerrando esse
Estados para elaboração dos planos de procedimento, ou que definiram sua
regionalização, visando apoiar a regionalização por motivação própria. O
definição de territórios à atuação de processo desenvolvido nos Estados
consórcios públicos, com escala permitirá a necessária aceleração dos
adequada para gestão da limpeza urbana resultados: o Estado da Bahia poderá
e do manejo de resíduos sólidos. Nesse auxiliar soluções de seus 417 municípios,
caso, os Estados poderão elaborar planos com concentração de esforços em 26
microrregionais de gestão, bem como Regiões de Desenvolvimento
para regiões metropolitanas e Sustentável; o Estado de Minas Gerais,
aglomerados urbanos, obrigatoriamente de maior número de municípios do país,
com a participação dos Municípios poderá apoiar suas 853 unidades,
envolvidos. concentrando as ações em 51 áreas
denominadas Âmbitos Territoriais
A regionalização e os
Ótimos. Trata-se de induzir a formação
consorciamentos intermunicipais
de consórcios públicos que congreguem
consistem na identificação de arranjos
diversos municípios, para planejar,
territoriais entre municípios, com o
regular, fiscalizar e prestar serviços de
objetivo de compartilhar serviços e/ou
acordo com tecnologias adequadas a
atividades de interesse comum, assim,
cada realidade; com um quadro
permitindo maximizar os recursos
permanente de técnicos capacitados,

Pag. 57
potencializando os investimentos adequada de rejeitos,
realizados e profissionalizando a gestão. observado o plano diretor de e
o zoneamento ambiental, se
A elaboração dos Planos
houver;
Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos é condição necessária III. Identificação das possibilidades
para o Distrito Federal e os Municípios de implantação de soluções
terem acesso aos recursos da União consorciadas ou compartilhadas
destinados à limpeza urbana e ao com outros Municípios,
manejo de resíduos sólidos. considerando nos critérios de
Coerentemente com as diretrizes da economia de escala a
legislação, com o incentivo aos Estados proximidade dos locais
para que promovam sua regionalização, estabelecidos, e as formas de
e aos Municípios para que se associem, prevenção dos riscos
terão prioridade quanto ao acesso a ambientais;
recursos da União Municípios que
IV. Identificação dos resíduos
optarem por soluções consorciadas sólidos e os geradores sujeitos
intermunicipais para gestão de resíduos ao plano de gerenciamento
sólidos. específico ou ao sistema de
Os Planos Municipais de Gestão logística reversa;
dos Resíduos Sólidos têm um escopo V. Procedimentos operacionais e
muito mais voltado à consecução de especificações mínimas a serem
objetivos (e não tanto ao planejamento e adotados nos serviços públicos
à integração), metas e diretrizes do de limpeza urbana e manejo de
Plano Nacional e dos planos estaduais, resíduos sólidos, incluída a
assim como à gestão e operação dos disposição final adequada dos
serviços de coleta, reciclagem e rejeitos;
destinação final de resíduos.
VI. Indicadores de desempenho
O Plano Municipal de Gestão operacional e ambiental dos
Integrada de Resíduos Sólidos tem, serviços públicos de limpeza
conforme a Lei 12.305, o seguinte urbana e manejo de resíduos
conteúdo mínimo: sólidos;
I. Diagnóstico da situação dos VII. Regras para transporte e outras
resíduos sólidos gerados no etapas do gerenciamento de
respectivo território, contendo resíduos sólidos, observadas as
origem, volume, caracterização
normas estabelecidas pelos
dos resíduos e formas de órgãos do Sisnama e do SNVS, e
destinação e disposição final demais disposições da legislação
adotadas; federal e estadual pertinente;
II. Identificação de áreas
VIII. Definição das responsabilidades
favoráveis para disposição final
quanto à implantação e

Pag. 58
operacionalização, incluídas as na logística reversa e de outras
etapas do plano de ações relativas à
gerenciamentoa cargo do Poder responsabilidade compartilhada
Público; pelo ciclo de vida dos produtos;
IX. Programas e ações de XVI. Meios a serem utilizados, em
capacitação técnica, voltados à âmbito local, para controle e
implementação e fiscalização da implantação e
operacionalização; operacionalização dos planos de
gerenciamento de resíduos
X. Programas e ações de educação
sólidos e dos sistemas de
ambiental que promovam a
logística reversa;
não-geração, redução,
reutilização e reciclagem de XVII. Ações preventivas e corretivas a
resíduos sólidos; serem praticadas, incluindo
programa de monitoramento;
XI. Programas e ações para
participação de grupos XVIII. Identificação dos passivos
interessados, em especial, se ambientais relacionados aos
houver, de cooperativas ou resíduos sólidos, incluindo áreas
outras formas de associação de contaminadas, e respectivas
catadores de materiais medidas saneadoras;
reutilizáveis e recicláveis, XIX. Periodicidade de sua revisão,
formadas por pessoas físicas de observado prioritariamente o
baixa renda; período de vigência do plano
XII. Mecanismos para a criação de plurianual municipal.
fontes de negócios, emprego e
O Plano Municipal de Gestão
renda, mediante a valorização Integrada de Resíduos Sólidos pode estar
dos resíduos sólidos; inserido no Plano de Saneamento Básico,
XIII. Sistema de cálculo dos custos da tal como previsto no Art. 19 da Lei n.
prestação dos serviços públicos 11.445, de 5 de janeiro de 2007,
de limpeza urbana e manejo de respeitado o conteúdo mínimo
resíduos sólidos, e forma de determinado no caput, e observado o
cobrança desses serviços; disposto no § 2º.
XIV. Metas de redução, reutilização, Municípios com menos de vinte mil
coleta seletiva e reciclagem, habitantes, o Plano de Gestão Integrada
entre outras, com vistas a de Resíduos Sólidos terá conteúdo
reduzir a quantidade de rejeitos simplificado,conforme disposto no Art.
encaminhados para disposição 51 do Decreto 7404/2010.
final;
Esta condição não se aplica a
XV. Descrição das formas e dos municípios:
limites de participação do Poder
Público local na coleta seletiva e

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(i) integrantes de áreas de especial resíduos sólidos, junto ao órgão
interesse turístico; competente do Sisnama.
(ii) inseridos em área de influência de
A inexistência de um Plano
empreendimentos ou atividades Municipal de Gestão Integrada de
com significativo impacto Resíduos Sólidos não pode ser utilizada
ambiental, no âmbito regional ou para impedir a instalação e/ou operação
nacional; de empreendimentos ou atividades
(iii) cujo território abranja, total ou devidamente licenciados pelos órgãos
parcialmente, unidades de competentes.
conservação.
O Município que optar por
A existência de um Plano Municipal soluções consorciadas intermunicipais
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para gestão de resíduos sólidos, quando
não exime o Município do licenciamento assegurado que o plano intermunicipal
ambiental de aterros sanitários e de
preencha os requisitos estabelecidos na
outras infraestruturas e instalações
Lei 12.305, pode este ser dispensado da
operacionais integrantes do serviço elaboração de Plano Municipal de
público de limpeza urbana e manejo de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos para grandes geradores:


setores envolvidos e estratégias de adequação

Os Planos de Gerenciamento de perigosos, por sua natureza,


Resíduos Sólidos são documentos composição ou volume, não sejam
preparados pelas pessoas jurídicas de equiparados aos resíduos
direito público ou privado que gerem os domiciliares pelo poder público
resíduos ou exercem as seguintes municipal;
atividades previstas no Artigo 13 da Lei III. Empresas de construção civil;
12.305:
IV. Terminais e outras instalações de
I. Geradores de resíduos: dos transporte, como portos,
serviços públicos de saneamento aeroportos, terminais
básico; de resíduos industriais; de alfandegários, rodoviários e
resíduos de serviços de saúde; e de ferroviários, e passagens de
resíduos de mineração; fronteira;
II. Estabelecimentos comerciais e de V. Atividades agrosilvopastoris, se
prestação de serviços que: exigido pelo órgão competente do
a) gerem resíduos perigosos; Sisnama, do SNVS, ou do Sistema
Único de Atenção à Sanidade
b) gerem resíduos que, mesmo
Agropecuária (Suasa).
caracterizados como não

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Conteúdo mínimo do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos:
I. Descrição do empreendimento ou V. Ações preventivas e corretivas a
da atividade; serem executadas em situações de
gerenciamento incorreto ou
II. Diagnóstico dos resíduos sólidos
acidentes;
gerados ou administrados,
contendo origem, volume e VI. Metas e procedimentos
caracterização dos resíduos, relacionados à minimização da
incluindo os passivos ambientais a geração de resíduos sólidos, e,
eles relacionados; observadas as normas
estabelecidas pelos órgãos do
III. Observadas as normas
Sisnama, do SNVS e do Suasa, à
estabelecidas pelos órgãos do
reutilização e reciclagem;
Sisnama, do SNVS e do Suasa, e, se
houver, o Plano Municipal de VII. Se couber, ações relativas à
Gestão Integrada de Resíduos responsabilidade compartilhada
Sólidos: pelo ciclo de vida dos produtos na
forma do Art. 31;
a) explicitação dos responsáveis de
cada etapa do gerenciamento de VIII. Medidas saneadoras dos passivos
resíduos sólidos; ambientais relacionados aos
resíduos sólidos;
b) definição dos procedimentos
operacionais relativos às etapas do IX. Periodicidade de sua revisão,
gerenciamento de resíduos sólidos observado, se couber, o prazo de
sob responsabilidade do gerador; vigência da respectiva licença de
operação a cargo dos órgãos do
IV. Identificação de soluções
Sisnama.
consorciadas ou compartilhadas
com outros geradores;

O Plano de Gerenciamento de Serão estabelecidos em


Resíduos Sólidos atenderá ao disposto regulamento: (i) normas sobre a
no Plano Municipal de Gestão Integrada exigibilidade e o conteúdo do plano de
de Resíduos Sólidos do município, sem gerenciamento de resíduos sólidos,
prejuízo das normas estabelecidas pelos relativo à atuação de cooperativas ou
órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa. outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e
A inexistência de um Plano Municipal de
recicláveis; (ii) critérios e procedimentos
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
simplificados para apresentação dos
não obsta a elaboração, a
planos de gerenciamento de resíduos
implementação ou a operacionalização
sólidos a microempresas e empresas de
do Plano de Gerenciamento de Resíduos
pequeno porte, desde que as atividades
Sólidos.

Pag. 61
por elas desenvolvidas não gerem licenciador do Sisnama e a outras
resíduos perigosos. autoridades, informações completas
sobre a implantação e operacionalização
Será designado um responsável
do plano sob sua responsabilidade.
técnico devidamente habilitado para
elaboração, implantação, O Plano de Gerenciamento de
operacionalização e monitoramento de Resíduos Sólidos é parte integrante do
todas as etapas do Plano de processo de licenciamento ambiental
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, deum empreendimento ou uma
nestas incluído o controle da disposição atividade, junto ao órgão competente do
final ambientalmente adequada de Sisnama. Nos empreendimentos e nas
rejeitos, e, quando couber, de resíduos. atividades não sujeitos a licenciamento
ambiental, a aprovação do plano de
Os responsáveis pelo plano de
gerenciamento de resíduos sólidos cabe
gerenciamento de resíduos sólidos
à autoridade municipal competente.
manterão atualizadas e disponíveis, ao
órgão municipal competente, ao órgão

4. Termos de referência: contratação de serviços para elaboração dos


planos de gerenciamento de resíduos sólidos
1. Consultoria especializada Nesse sentido, a contratação dos
serviços deve ser feita recorrendo ao
A elaboração, a operacionalização
acervo técnico do profissional e/ou da
e o monitoramento de todas as etapas
empresa concorrente à licitação ou
do Plano de Gestão Integrada ou de
contratação do serviço, verificando os
Planos de Gerenciamento de Resíduos
serviços executados pelo profissional ou
Sólidos, incluindo o controle da
pela empresa.
disposição final ambientalmente
adequada de rejeitos, devem ser O serviço de consultoria técnica,
realizados por consultoria técnica ou nas diversas áreas da engenharia, ocorre
profissional habilitado, apresentando por meio de diagnósticos e processos, e
Anotação de Responsabilidade Técnica tem o propósito de levantar as
(ART), ou Certificado de necessidades do cliente, identificar
Responsabilidade Técnica, ou ainda soluções e recomendar ações. De posse
documento similar quando couber, dessas informações, o consultor
conforme estabelece o Art. 22 da Lei desenvolve, implanta e viabiliza os
12.305. projetos de acordo com a necessidade
específica de cada cliente.
O trabalho de consultoria técnica
corresponde ao fornecimento de Assim, são elaborados os estudos
determinada prestação de serviço, em de viabilidade técnica e econômica;
geral, por profissional ou equipe gerenciamento da implantação de
qualificada e conhecedora do tema. projetos de infraestrutura nos setores

Pag. 62
público e privado; implantação de resultado do trabalho alcance a
projetos e desenvolvimento de qualidade esperada.
processos.
Termo de referência corresponde ao
No setor ambiental, o trabalho de instrumento orientador à contratação de
consultoria ocorre da mesma forma, serviços técnicos de pessoa jurídica pela
identificando primeiramente o impacto gestão pública.
ambiental, social e econômico de uma
Nessa perspectiva, seu objetivo é
determinada atividade, para, em
estabelecer diretrizes orientadoras,
seguida, com base em conhecimentos
conteúdo e abrangência do projeto em
técnicos, desenvolver as melhores
etapa antecedente à implantação das
alternativas a mitigar ou solucionar tais
atividades. No caso, deverão ser
impactos, no caso, visando tornar a
elaborados os termos de referência para
atividade sustentável.
consultoria técnica visando o
Diante do novo cenário de busca desenvolvimento e à implementação do
por atividades sustentáveis, e com base Plano Municipal de Gestão Integrada de
nas legislações vigentes, cabe aos Resíduos Sólidos.
administradores públicos a contratação
Por outro lado, sua montagem
de empresa especializada na prestação
deve conter, inicialmente, uma descrição
de serviços, adequando seu município às
básica dos antecedentes gerais e
exigências legais, e contribuindo com a
específicos referentes ao modelo de
redução dos impactos ambientais.
gestão e gerenciamento de resíduos
Além da necessidade de sólidos urbanos, de forma a
contratação de profissionais habilitados contextualizar a problemática envolvida,
para a elaboração de um Plano de e a amplitude espacial do município, ou
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, o municípios a serem relacionados para o
contratante do serviço deve acompanhar serviço.
e monitorar constantemente o
Na sequência, define-se o objetivo
andamento do trabalho, garantindo o
do termo de referência, apresentando as
cumprimento de prazos e indicações
condições e os critérios para contratação
expressas no termo de referência de
de pessoa jurídica a prestar consultoria
prestação do serviço.
técnica especializada na gestão de
2. Como montar um termo de projetos ambientais, para elaboração do
referência Plano de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos. Ainda, são indicados as metas e
Em caso de contratação de
o alcance de abrangência do serviço,
consultoria técnica visando ao
apontando os municípios envolvidos,
desenvolvimento do Plano de Gestão
bem como a metodologia de trabalho.
Integrada de Resíduos Sólidos, um termo
de referência bem montado representa Quanto ao escopo do trabalho, o
um dos passos fundamentais para que o termo de referência tem caráter
indicativo no que diz respeito às

Pag. 63
informações e aos conteúdos mínimos a de resíduos sólidos em cada um dos
serem oferecidos. Nesse sentido, o municípios integrantes do projeto.
termo de referência deve apresentar
A sistematização de informações
obrigatoriedade quanto à realização de coletadas em levantamentos de campo e
um diagnóstico situacional da Gestão questionários deve culminar com um
Integrada de Resíduos Sólidos no banco de dados sobre volume de
município ou nos municípios resíduos gerados, forma de disposição,
consorciados, onde se realizam os sistema de administração da gestão,
serviços. taxas de cobrança, caracterização de
O diagnóstico a ser elaborado deve resíduos, além da totalidade de
englobar a situação da coleta, a informações para todos os municípios
administração e disposição final dos integrantes do projeto.
resíduos sólidos da região, com Conteúdo da sistematização de
informações detalhadas sobre volume e
informações:
composição, por município.
 Volume, caracterização, coleta,
Além disso, no diagnóstico, pode transporte, periodicidade da
ser exigida ainda a aplicação de coleta, custo de tratamento e
questionário, seguido de um forma de disposição final de
levantamento fotográfico dos dados
resíduos sólidos – domésticos, de
relacionados à quantificação, saúde, perigosos, de construção
caracterização, forma de coleta, civil;
periodicidade da coleta, e disposição
final de resíduos sólidos de cada  Caracterização e localização de
município integrante do projeto; áreas para disposição final de
resíduos sólidos em cada
Após o levantamento de dados, município, com plotagem em
deve-se exigir uma sistematização das mapas e localização de áreas de
informações, análise dos dados influência direta e indireta.
coletados, e elaboração do relatório com Distâncias de centros urbanos.
diagnóstico situacional. Outros usos do local (despejo de
O relatório do diagnóstico deve ser limpa fossas, animais mortos etc.);
diagramado e impresso na quantidade  Quantidade de usinas de
de vias suficientes para que todos os processamento de resíduos
envolvidos no projeto tenham acesso às sólidos, com georreferenciamento;
informações. No relatório, deve constar
a descrição detalhada dos levantamentos  Cooperativa de catadores de lixo,
de campo, e a sistematização dos dados ou catadores não cooperados.
levantados mediante questionários, na Serviço terceirizado pelas
forma de um Sistema de Informações, os prefeituras. Tipo de gerenciamento
quais mostrarão o diagnóstico adotado. Planilhas de custo e
situacional de tratamento e destinação faturamento. Periodicidade de
vendas. Destino dos recicláveis;

Pag. 64
 Uso de Equipamentos de Proteção informações, os resultados devem ser
Individual (EPI´s) pelos funcionários apresentados em forma de seminários.
da coleta, sendo importante
Na sequência, inicia-se a
detalhar fornecimento, elaboração do Plano de Gerenciamento
gerenciamento, descarte e Integrado de Resíduos Sólidos,
periodicidade. Exposição a resíduos compreendendo a concepção de
perigosos (metais, pilhas, baterias, funcionamento do sistema integrado de
pesticidas, óleos etc.), e manejo dos resíduos sólidos, otimização
contaminantes (fezes, sangue, e melhoria dos sistemas locais, e de que
materiais putrefatos etc.); modo poderão os municípios integrantes
 Caracterização da população agir articuladamente na gestão dos
presente nas áreas de disposição resíduos sólidos, minimizando os efeitos
final de resíduos sólidos: se negativos dos rejeitos sobre o meio
residem ou não no local, se há ambiente.
presença de menores de idade, de
A composição do sistema, como
animais domésticos e de criação na um todo, abrange:
área;
 Elaboração da proposta do Sistema
 Forma de disposição final de Integrado de Resíduos Sólidos,
resíduos específicos, tais como
considerando em particular o
pneus, pilhas, baterias – eco relatório dos levantamentos
pontos; galpões; aterros sanitários; realizados anteriormente no
lixões; projeto, e apresentados,
 Locais para depósito de sucata. destacando aspectos relacionados
Caracterização dos materiais e das a:
quantidades, tipos de (i) levantamento das demandas
armazenamento e periodicidade de ambientais locais e regionais;
comércio;
(ii) levantamento da geração de
 Programas de educação ambiental resíduos/fontes;
nos municípios, relacionados a
tratamento e disposição final de (iii) levantamento do sistema de
resíduos sólidos, contendo tratamento/disposição final;
informações sobre o público (iv) levantamento do perfil
envolvido; estratégias de ação de institucional/administração dos
continuidade, com periodicidades; resíduos;
 Forma de coleta, caracterização, (v) levantamento do sistema
tipificação e volume de resíduos tarifário/cobrança.
industriais em cada município.
 Elaboração de proposta que facilite
Depois de concluídas as fases de o gerenciamento de resíduos
diagnóstico e sistematização das sólidos em nível local e regional, e
que gere o menor impacto

Pag. 65
ambiental sobre os recursos centralização de resíduos
naturais. Essas informações devem segregados, em local estratégico
ser executadas e sistematizadas para sua transformação e/ou
com base no banco de dados. A comercialização;
proposição deve compreender a  O plano deve conter as diretrizes
viabilidade técnica e financeira dos básicas para concepção de aterro
sistemas locais e regionais, de sanitário consorciado,
forma a facilitar a implantação de compreendendo orientações
medidas conjuntas no âmbito de básicas de dimensionamento,
tratamento e disposição final de simulação da vida útil, medidas de
resíduos; o estímulo à organização contenção, drenagem dos líquidos
de associações e/ou cooperativas percolados, impermeabilização de
de catadores que auxiliem no fundo, tratamento de efluentes,
gerenciamento do sistema, ou, proteção contra geração de odores
mesmo que o setor privado venha e vetores de doenças, medidas de
a operacionalizar total ou controle e monitoramento
parcialmente o sistema. A proposta ambiental, forma de operação
deve contemplar também medidas envolvendo custos de
que facilitem a transformação de operacionalização e transbordo de
resíduos segregados (reciclagem), e materiais. Ainda, deverão ser
a sua comercialização mediante a propostos todos os procedimentos
agregação de valores; ambientais que facilitem aos
 Para fomentar a aplicação do municípios integrantes
Sistema Integrado de Resíduos implantarem aterro sanitário
Sólidos, diretrizes e metas devem adequado à sua realidade, e que
ser elaboradas, para implantação auxiliem o gerenciamento e o
de projeto de coleta seletiva. As licenciamento ambiental da
diretrizes do projeto de coleta atividade junto ao órgão de
seletiva devem ser concebidas de controle ambiental;
modo a estimular os demais  Diretrizes devem ser elaboradas
municípios e a comunidade a quanto a segregação na origem,
adotarem a referida prática, e coleta, transporte, tratamento e
devem ter caráter demonstrativo e destinação final de resíduos sólidos
multiplicador; de serviços de saúde, levando-se
 Devem, ainda, ser fornecidas as em conta a realidade local e
diretrizes para unidade de regional, de acordo com os
recepção de resíduos sólidos levantamentos realizados nos
segregados, tendo em conta o municípios;
funcionamento do sistema de  Deve-se definir a modelagem de
gerenciamento integrado. As gestão consorciada partindo de
diretrizes a serem apresentadas critérios técnicos, ambientais,
devem considerar a necessidade de

Pag. 66
econômicos, locais e legais, a ser em audiência pública para avaliação e
sugerida para gestão integrada e aprovação. Feita a avaliação, as
regionalizada de resíduos sólidos; sugestões são incorporadas, e a versão
final do Plano de Gestão Integrada de
Após a elaboração do Sistema
Resíduos Sólidos é formulada.
Integrado de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos, este deve ser exposto

Pag. 67
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Publica e Resíduos

ANVISA– Agência Nacional de Vigilância Sanitária


ART- Anotação de Responsabilidade Técnica

BME – Banco Multidimensional Estatístico

CNUMAD – Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CENEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear


CTF- Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidora ou Utilizadores dos
Recursos Ambientas
EPI- Equipamento de Proteção Individual
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal


IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis


MMA – Ministério de Meio Ambiente
MME – Ministério de Minas e Energias
MS – Ministério da Saúde
PGIRS – Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PEV’s – Pontos de Entrega Voluntaria


PLANASA – Plano Nacional de Saneamento

PLANSAB– Plano Nacional de Saneamento Básico

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente


PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

PNRS – Plano Nacional de Resíduos Sólidos


PPA – Plano Plurianual da União

PROSAB – Programa de Pesquisas em Saneamento Básico

PROSANEAR- Programa de Saneamento para Populações de Baixa Renda


RDC- Resolução da Diretoria Colegiada

RCC- Resíduos da Construção Civil

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos


SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

SNUC- Sistema Nacional de Unidades de Conservação


SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SINIMA- Sistema Nacional de Informação Sobre Meio Ambiente


SINISA - Sistema Nacional de Informação em Saneamento
SUASA –Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

SUS- Sistema Único de Saúde

SINIR- Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos


SINMETRO- Sistema Nacional de Metrologia , Normalização e Qualidade Industrial
UF – Unidade Federativa
BIBLIOGRAFIA

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de Janeiro, 2004.

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outubro de 1988.

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derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

BRASIL. Lei 9795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
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BRASIL. Lei 14.445 de 5 janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666,
de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio
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