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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II


Prof. Marcos Ribeiro
Ref. 1º Semestre de 2010 – 1º Bimestre

Finanças: no nível macro, as finanças são o campo de estudo de instituições financeiras


e mercados financeiros, e como este funcionam dentro do sistema financeiro.
No nível micro, as finanças são o estudo do planejamento financeiro, da gestão de
ativos e da captação de fundos por empresas e instituições financeiras.

Administração Financeira: se preocupa com as tarefas do administrador financeiro de


uma empresa, sendo que este, gere efetivamente a área financeira de qualquer tipo de
organização, seja ela pública ou privada, grande ou pequena, com ou sem fins lucrativos.

Relação com a teoria econômica: O campo das finanças está intimamente ligado ao da
economia, sendo que muitas vezes são chamadas de economia financeira.
Os administradores financeiros precisam compreender o contexto econômico
dentro do qual atual para poderem reagir as mudanças de condições ou se anteciparem a
elas.
O princípio econômico fundamental usado pelos administradores financeiros é a
análise marginal segundo a qual uma decisão financeira deve ser tomada apenas quando
os benefícios adicionais superam os custos adicionais.

1 - RISCOS

Existem dois tipos de riscos, de maneira geral, associado a qualquer tipo de


negócio:

 Risco econômico ou operacional


 Risco financeiro
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O risco econômico relaciona-se à incerteza ou variabilidade dos resultados da
organização em seu ramo de atividade. Ele está associado às características das
operações da empresa (transforrnação e/ou distribuição), da natureza de seus
produtos (bens de consumo duráveis ou não duráveis, bens de produção) e de sua
produção (sazonalidade).

O risco financeiro, ou variabilidade de retorno para o acionista, é definido pelo uso


do capital de terceiros, ou seja, pelo uso de recursos que exigem remuneração fixa e
prioritária em face da remuneração do capital do acionista.

Em situações de risco econômico elevado, não é recomendável a existência de alto


grau de endividamento (proporção elevada de capitais de terceiros), já que a
insegurança quanto aos resultados das operações pode permitir uma situação em que
esses resultados não sejam suficientes para cobrir os compromissos (amortização do
principal e pagamento dos juros e encargos).

No entanto, em qualquer negócio existe a necessidade de captação de recursos


externos e as decisões a este respeito podem ser otimizadas através do cálculo do
grau de alavancagem financeira e o grau de alavancagem operacional.

2. POLÍTICAS ECONÔMICAS

As políticas econômicas referem-se às ações do governo no sentido de controlar e


regular a atividade econômica. Mesmo os países com governos liberai interferem na
economia para fomentar o crescimento e a estabilidade econômica e garantir a
equitativilidade. São estabelecidos princípios político administrativos, com base na
ideologia dominante, e então especificadas as metas a serem atingidas.
São chamados instrumentos de política econômica o conjunto de ações e medidas
à disposição do governo, para a regulação da atividade econômica. Esses instrumentos
estão divididos em quatro tipos: política monetária, política fiscal, política cambial e
política de rendas.
Política monetária: as ações do governo, decididas pelo Conselho Monetário
Nacional são operacionalizadas pelo Banco Central, para controlar o volume de moeda
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em circulação e o montante de crédito disponível. Os instrumentos clássicos de política
monetária são:
 Operações de mercado aberto (open market) – emissão e recompra de títulos
públicos. Normalmente, títulos do Tesouro Nacional, título da carteira do Banco
Central e títulos de emissão própria, os Bônus e as Notas do Banco Central, essas
últimas emitidas em série. Quando o Banco Central vende esses papéis no
mercado, está recolhendo moeda, diminuindo a liquidez do sistema. Como
normalmente esses papéis são vendidos para o governo fazer caixa e saldar
dívidas, os recursos voltam ao sistema financeiro, devolvendo liquidez ao sistema.
Se os recursos são tomados emprestados por dois anos e o governo está saldando
dívidas de prazos menores, diz-se que o governo está alongando o perfil da dívida.
 Depósitos Compulsório: é o percentual dos depósitos à vista e a prazo,
efetuados por correntistas nos banco comerciais, que deve recolhido ao Banco
Central. Esse montante fica esterilizado junto ao Banco Central, não sendo
possível às instituições financeiras utilizá-lo para novos empréstimos. Quanto maior
a taxa de recolhimento compulsório, menor o volume de recursos disponível para
as instituições financeiras emprestarem e, por conseqüência, menor a liquidez do
sistema.
 Taxa de redesconto: é a taxa cobrada dos bancos comerciais para o Banco
Central descontar seus títulos. Quando ao final do dia determinada instituição
financeira está com dificuldades para “fechar” seu caixa, precisa solicitar
empréstimos a outras instituições financeiras, os chamados empréstimos
interbancários. Quando ainda faltam recursos, a instituição precisa “vender” ao
Banco Central parte dos seus títulos em carteira. A taxa que o BACEN cobra é a
taxa de redesconto. Quanto maior essa taxa, mais cara é para a instituição
refinanciar sua dívida e, portanto, ela se tornará mais seletiva na concessão de
novos créditos a clientes, diminuindo a liquidez do sistema.
Política fiscal: compreende as decisões dos governos federal, estadual e
municipal referentes à tributação. Os impostos, taxas e contribuições de melhoria
objetivam a manutenção das atividades de Estado e a prestação de serviços à
comunidade e, ainda, facilitar políticas de distribuição de rendas. Importam ao
administrador financeiro na medida em que os tributos incidem nas operações de abertura
da empresa, nas operações de compra e venda de produtos e serviços, na propriedade
de ativos, na contratação e desligamento de funcionários e no encerramento das
atividades da empresa. No Brasil o ICMS tem sido utilizado pelos governos dos estados
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federados para atrair empresas. Isso tem gerado uma “guerra fiscal”, porque os
governantes postergam a cobrança do imposto ou suspendem temporariamente, como
forma de reduzir os custos de produção para as empresas que optarem por se
estabelecer nos estados beneficiados.
Política cambial: refere-se às ações do governo para controle da taxa de câmbio e
das condições de ingresso e saída de capitais externos no país.
A importância do controle das taxas de câmbio está na manutenção de:
1. Paridade de compra da moeda nacional em relação à moeda estrangeira;
2. Competitividade em preço do produto nacional a ser exportado;
3. Controle de custos dos produtos importados;
4. Equilíbrio da balança comercial (exportações menos importações);
5. Equilíbrio do balanço de pagamentos (todos os recebimentos do exterior menos
todos os pagamentos ao exterior);
6. Controle das taxas de juros pagas aos investidores estrangeiros e aos credores
internacionais.

É importante que o administrador financeiro acompanhe o comportamento da


política cambial, para o curto prazo:
1. Avaliar o preço de suas exportações na moeda nacional;
2. Acompanhar o custo efetivo das suas importações
3. Controlar suas dívidas em moeda estrangeira.

Quando a moeda nacional está desvalorizada em relação à moeda estrangeira, no


Brasil, as exportações recebem maior quantia de reais pelo mesmo preço de venda
em dólares. Quando o real esta valorizado, as exportações são menos interessantes.
Raciocínio inverso pode ser aplicado às importações e as dívidas contraídas no
exterior.
No Brasil, a taxa de câmbio flutua de acordo com as ações do Banco Central e o
comportamento do mercado financeiro internacional, pois atualmente o país trabalha
com câmbio livre.

Políticas de rendas: são medidas tomadas pelo governo no sentido de prover


renda mínima aos trabalhadores e aposentados (salário mínimo), incentivar a produção e
consumo de determinados produtos (subsídios) e fortalecer determinado setor ou região
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(incentivos fiscais). Inclui ainda investimentos diretos do governo em atividades
específicas.
No Brasil é importante que o administrador financeiro esteja atento a essas
políticas para aproveitar, por exemplo, incentivos fiscais oferecidos por determinadas
cidades para a instalação de novas plantas industriais. A economia decorrente da
postergação ou isenção de impostos deve ser incluída no fluxo de caixa do projeto relativo
ao investimento em novas plantas industriais. Também é importante perceber as
oportunidades referentes às exportações, pois, no Brasil, é relativamente mais fácil e mais
barato financiar, no curto prazo, operações de exportação, do que operações no mercado
interno.
Por outro lado, o administrador financeiro de empresas dependentes de produtos
importados e/ou endividadas em dólar deve estar atento ao impacto nos custos de
produção e às desvalorizações cambiais. Conforme a magnitude dos pagamentos a
serem feitos ao exterior, é interessante se proteger da variação no preço da moeda
estrangeira por meio de hedge.

Hedge cambial = é o ato de proteger as operações financeiras das variações


cambiais
Você compra hoje no mercado financeiro um título que lhe possibilita comprar, em data
futura, determinada quantia de dólares a um preço preestabelecido. Quando chega a data
do vencimento do título, a qual é coincidente com a sua dívida na moeda estrangeira,
você consulta o preço o dólar no mercado. Se estiver acima do contratado no hedge,
você usa o seu direito de comprar a moeda estrangeira no preço previamente contratado.
Caso o dólar esteja no mercado com um preço abaixo do que esta contratado no título,
você não exerce o seu contrato, compra no mercado e perde apenas a quantia paga pela
contratação do hedge.

PERSPECTIVA PARA O MERCADO

Todos os empreendimentos precisam do mercado financeiro, principalmente para a


captação e aplicação de recursos. No Brasil, a obtenção de empréstimos, no curto prazo,
normalmente é feita nas instituições financeiras, ressaltando que empresas maiores
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podem recorrer à emissão de commercial papers. Para recursos de longo prazo, é
possível recorrer às linhas de financiamento do governo repassadas por alguns bancos
comerciais, ou às linhas de financiamento externo. A partir da década de 1990, com a
abertura dos mercados, a estabilização inflacionária, uma maior fiscalização do sistema
financeiro e a reforma da Lei das Sociedades Anônimas, o mercado de capitais se
fortaleceu e se tornou opção para a captação de recursos e aplicações de investimentos.
Outras fontes de financiamento para novos empreendimentos são as empresas de capital
de risco (venture capital), as quais investem em empresas novas, com projetos
inovadores, especialmente nas áreas de biotecnologia.
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II
Prof. Marcos Ribeiro
Ref. 1º Semestre de 2010 – 1º Bimestre

3. ALAVANCAGEM

Entre as operações gerenciais, a Alavancagem destaca-se por sua capacidade em


utilizar recursos já existentes para melhorar o desempenho da empresa.

Alavancagem – é o uso de ativos operacionais e/ou de recursos financeiros, com custos


e despesas fixas, visando aumentar o retorno dos acionistas.

A alavancagem é um instrumento de gestão financeira que pode trazer efeitos


positivos ou negativos. Em situações de crescimento das receitas e dos lucros, é
favorável a existência de custos fixos. Em situação de queda, é desfavorável. Existem três
tipos de alavancagem: a operacional, a financeira e a combinada.

ALAVANGEM OPERACIONAL: é o uso de ativos operacionais, com custos e


despesas fixas, com o objetivo de aumentar os lucros antes dos juros e do Imposto de
Renda.
Quando estamos tratando de alavancagem operacional, não incluímos os custos e
despesas financeiras advindos de sua estrutura de capital. Esses custos serão tratados
oportunamente na alavancagem financeira.
Exemplo: A PH Industrial tem uma receita operacional de R$ 1.000.000,00, custos
variáveis de R$ 400.000,00 e custos fixos de R$ 320.000,00. A empresa está projetando
crescimento de 20% para as receitas do próximo ano. O aumento do Lucro Antes dos
Juros e Imposto de Renda – LAJIR
Antes com aumento 20%

Receita Operacional 1.000.000,00 1.200.000,00


(-) Custos e Desp Operac 400.000,00 480.000,00
Variáveis
(-) Custos e Despe Oper Fixas 320.000,00 320.000,00
= Lucro Antes Juros e IR 280.000,00 400.000,00
(400.000 / 280.000)-1 = 42,9%
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GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL – GAO

É a medida do impacto da alavancagem operacional nos lucros operacionais da


empresa.
Variação percentual no LAJIR 42,9%
GAO = ___________________________ = _______ = 2,15
Variação percentual nas receitas 20%

Uma variação de 20% nas receitas da empresa trará impacto igual a 2,15(vezes)
no LAJIR, ou seja, 20% * 2,15 = 42,9%

ALAVANCAGEM FINANCEIRA: é o resultado da existência de encargos


financeiros fixos, para aumentar os efeitos de variações nos Lucros Antes dos Juros e
Imposto de Renda (LAJIR) sobre os Lucros por Ações (LPA).
A alavancagem financeira ocorre quando a empresa utiliza em sua estrutura de
capital fontes de financiamento como, por exemplo, debêntures, empréstimos do BNDES,
adiantamentos de contratos de câmbio. Quando isso ocorre, a empresa poderá se
beneficiar de um crescimento mais proporcional no LPA, dando um crescimento do LAJIR.
A alavancagem financeira ocorre nos dois sentidos (crescimento ou queda do LAJIR), e
seu efeito é o mesmo, porém em sentido oposto.
Exemplo: A Alimentos Campinas S.A espera LAJIR de R$ 1.000.000,00 no ano, tem um
custo de dívida de longo prazo de R$ 400.000,00. Seu imposto de Renda é de 25%, e tem
2.400 ações ordinárias. Vamos avaliar o impacto sobre os lucros da empresa, caso
ocorra:
1) uma queda de 20% no LAJIR
2) um aumento de 20% no LAJIR

DESCRIÇÃO -20% Antes 20%


LAJIR 800.000,00 1.000.000,00 1.200.000,00
(400.000,00 (400.000,00 (400.000,00
(-) juros ) ) )
LAJIR 400.000,00 600.000,00 800.000,00
(100.000,00 (150.000,00 (200.000,00
(-) Imposto Renda ) ) )
LLDIR 300.000,00 450.000,00 600.000,00

LPA (2.400 ações) -33% 33%


(300.000 / 450.000)-1 (600.000 / 450.000)-1
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O efeito da alavancagem financeira fez com que uma variação de 20% no LAJIR
provoque uma variação no LPA de 33,33%, para mais ou para menos.

GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA – GAF

É a medida do impacto da alavancagem financeira da empresa nos Lucro por


Ações LPA.
Variação percentual no LPA 33,33%
GAF = ___________________________ = _______ = 1,67
Variação percentual no LAJIR 20%

Uma variação de 20% no LAJIR da empresa trará impacto igual a 1,67(vezes) no


LPA, ou seja, 20% * 1,67 = 33,33%

ALAVANCAGEM TOTAL OU COMBINADA: potencial de custos fixos,


operacionais e financeiros, para aumentar o efeito das variações nas vendas sobre o
Lucro por Ação.

Variação percentual no LPA


GAT = ___________________________
Variação percentual nas vendas

Dos exemplos apresentados podemos deduzir que quanto maior a alavancagem da


empresa, maior é o seu risco.
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Modelo de Alavancagem Total

Receita de Vendas
Alavancagem (-) Custo das Mercadorias Vendidas
Operacional = Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
= Lucro Antes dos Juros e IR - LAJIR

Alavancagem
(-) Juros Total
Alavancagem = Lucro Líquido Antes do IR
Financeira (-) Imposto de Renda
= Lucro Líquido depois do IR
= Lucro disponível para Acionistas
Lucro por Ações - LAP
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EXEMPLO 1: Como calcular e analisar o GAO, GAF e o GAT
Vamos considerar que uma empresa apresente a seguinte relação custo-volume-
resultado:
a) os custos e despesas variáveis alcançam R$ 16,00 por unidade;
b) os custos e despesas fixos no período são de R$ 33.420,00;
c) o preço de venda é de R$ 48,00 por unidade;
d) o nível de produção da empresa é de 2.000 unidades no período;
e) as despesas financeiras somam R$ 1.020,00;
f) a depreciação do período foi de R$ 1.250,00

A partir das informações apresentadas, iremos calcular o GAO, GAF e GAT, assumindo
que será fabricado somente um produto.

DESCRIÇÃO VALOR
2.0
Qtde total (un) 00
48,
Preço Unitário 00
96.000,0
Receita Operacional 0
32.000,0
(-) Custos e Despesas Variáveis 0
64.000,0
= Margem de Contribuição 0
33.240,0
(-) Custo e Despesas Fixas 0
1.250,0
(-) Depreciação 0
29.510,0
= LAJIR 0
1.020,0
(-) Despesas Financeiras 0
28.490,0
= LAIR 0

64.000,0
GA Margem de Contribuição 0 2,1
O 29.510,0 7
LAJIR 0

29.510,0
GA LAJIR 0 1,0
F 28.490,0 4
LAJIR - Desp. Financeira 0

GA 2,2
T GAO * GAF 2,17 * 1,04 5
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Com isto concluímos pelo cálculo do GAO que variação do volume vendido vai
gerar uma Margem de Contribuição 2,17 maior que o lucro operacional, o que deverá ser
suficiente para cobrir os custos e despesas fixas, assim como a depreciação.

Já o GAF apresentou um giro de 1,04, o que significa ser suficiente para cobrir as
despesas financeiras da operação. Caso este número venha a aumentar
demasiadamente isto significa que o financiamento para sustentar a operação está
fazendo com que a empresa fique cada vez mais endividada, sendo um fator de
preocupação de continuidade da empresa.

O conjunto dos cálculos da Alavancagem Operacional e Financeira determina o


grau de alavancagem total, gerados por gastos operacionais fixos e também pelas
despesas financeiras. Este valor, é interessante analisar sempre em conjunto com os
demais concorrentes para verificar o grau de alavancagem total e determinar se o negócio
está sendo bem administrado ou não.
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA II
Prof. Marcos Ribeiro
Ref. 2º Semestre de 2009 – 1º Bimestre

4 – O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO EM FINANÇAS

Os administradores financeiros e os investidores sempre defrontam com


oportunidades de obtenção de taxas de retorno positivas em suas aplicações de fundos,
seja em projetos de investimentos atraentes, seja em título ou depósitos com renda fixa.
Portanto, a distribuição de entradas e saídas de caixa no tempo apresenta conseqüências
econômicas importantes, que os administradores reconhecem explicitamente no valor do
dinheiro no tempo. Esse valor baseia-se na crença de que um dólar hoje vale mais que
um dólar a ser recebido em alguma data futura. Começaremos nosso estudo do valor do
tempo em finanças considerando duas visões desse valor, valor futuro e valor presente,
as ferramentas de cálculo usadas para simplificar a determinação do valor no tempo e os
tipos básicos de séries de fluxos de caixa.

VALOR FUTURO versus VALOR PRESENTE

Os valores e as decisões financeiras podem ser aferidos por meio de técnicas tanto
de valor futuro como de valor presente. Embora resultem exatamente na mesma decisão,
essas técnicas encaram-se de maneira diferentes. As técnicas de valor futuro medem os
fluxos de caixa no final da vida de um projeto e as de valor presente, no início (data zero).
O valor futuro é a quantia que você receberá em certa data futura, e o valor presente é o
mesmo que dinheiro na mão agora.
Pode-se usar uma linha de tempo para representar os fluxos de caixa associados a
um investimento. Trata-se de uma linha horizontal na qual se marca o zero na
extremidade esquerda e os períodos futuros, da esquerda para a direita. Uma linha
abrangendo cinco períodos (neste caso, anos) é representado da seguinte forma:

-10.000 3.000 5.000 4.000 3.000 2.000

0 1 2 3 4 5
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O fluxo de caixa que ocorre na data zero e no final de cada ano é apresentado
cima da linha; os valores negativos representam saídas de caixa e os valores positivos,
entradas de caixa.
Como o dinheiro possui valor diferenciado com o passar do tempo, todos os fluxos
de caixa associados a um investimento, devem ser medidos na mesma data, que costuma
ser a do final ou a do início do prazo do investimento. A técnica do valor futuro emprega o
processo de composição para determinar o valor futuro de cada fluxo de caixa no final do
prazo do investimento e, em seguida, adiciona esses valores para determinar o valor
futuro do investimento.

FORMAS DE CAPITALIZAÇÃO

Como se calculam os juros? Os juros são calculados como percentuais do valor


emprestado. A forma como esse montante de juros é somado ao valor emprestado
chama-se capitalização.
Em uma situação simples, o cálculo dos juros é direto: toma o recurso emprestado
e, no vencimento, paga o principal mais os juros. Esse é o princípio da capitalização
simples:

CAPITALIZAÇÃO SIMPLES

Na capitalização simples, o montante de juros a ser pago é calculado sempre sobre


o principal emprestado.
Imagine o exemplo:
Uma empresa toma R$ 1.000,00 emprestado, para pagar dali a um mês, com juros
de 5% ao mês,

VP = R$ 1.000,00 i = 0,05 ou 5% VF = ?

J = VP x i = 1.000 x 0,05 = 50
VF = VP + J = 1.000 + 50 = 1.050
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O tomador do empréstimo vai pagar, no vencimento, R$ 1.050,00

A capitalização simples caracteriza-se por calcular os juros sobre o montante inicial


emprestado. Quando o problema tem mais de um período de tempo, o juro devido a cada
período não é somado ao valor principal. Vejamos um exemplo:

Uma empresa toma R$ 1.000,00 emprestado, paga pagar dali e 2 meses, com juros de
5% ao mês.

VP = R$ 1.000,00 i = 0,05 ou 5% VF = ?

J = VP x i = 1.000,00 * 0,05 = 50,00 por mês


VF = VP + J1 + J2 = 1.000,00 + 50,00 + 50,00 = 1.100,00

O tomador do empréstimo vai pagar, no vencimento R$ 1.100,00


Imagine que esse empréstimo seja feito por 10 meses. É possível calcular os juros
mês a mês e ir somando no final, mas não é uma alternativa muito prática.
Vejamos então:

* para 1 período:
VF = VP + J
VF = VP + VP x i
VF = VP (1+i)

* para vários períodos:


VF = VP + J1 + J2 + ..... Jn-1 + Jn
VF = VP + VP x i + Vpi +..... VPi + VP x 1
VF = VP (1+i x n)
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Exemplos:
1 - Você emprestou R$ 800,00 a um amigo, para ele devolver em 4 meses, pagando juros
simples de 4% ao mês. Quanto ela vai devolver no final do período?
VF = VP (1+.i x n)
VF = 800,00 (1+0,04 x 4)
VF = 80000 x 1,16 = 928,00

2 – Quanto se deve aplicar, em uma aplicação que paga juros simples de 1,5% ao
trimestre, para receber R$ 537,52 daqui a cinco trimestres?
VF = VP (1+i x n)
537,50 = VP (1+0,015 x 5)
537,50 = VP (1,075) = 500,00

3 – Você foi promovido à função de tesoureiro de uma pequena empresa comercial.


Desconfiado de que o cheque especial da empresa está custando muito caro, você vai
fazer os cálculos de quanto se está pagando de juros por essa fonte de financiamento de
curto prazo.
Recentemente, a conta ficou devedora em R$ 1.350,00, nos últimos sete dias do
mês. No oitavo dia, coincidentemente o último dia do mês, um cliente depositou R$
2.000,00 e o saldo ficou positivo em R$ 621,65. Calcule a taxa de juros cobrada por dia.
VF = VP (1+i x n)
R$ 2.000,00 – R$ 621,65 = R$ 1.350,00 (1 + i x 7)
2.000,00 – 621,65 = 1.378,35
1.378,35 = 1.350 (1 + i x 7)
1.378,35 / 1.350,00 = (1 + i x 7)
1,021 – 1 = i x 7
0,021 = i x 7
i = 0,021 / 7 = 0,003 ou 0,03% ao dia

Para saber qual a taxa de juros mensal cobrada, em capitalização simples, basta
multiplicar a taxa de juro diária pelo número de dias do mês:
0,003 x 30 – 0,09 ou 9% a.m.
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CONCEITO DE VALOR FUTURO

Usamos o termo juros compostos para indicar o montante de juros obtidos sobre
um depósito que tenha se transformado em parte do principal no final do período
especificado. O termo principal refere-se ao volume de dinheiro que rende juros. A
composição anual é a mais comum.
O valor futuro de uma quantia corrente é encontrado aplicando-se juros compostos
por um período especificado. As instituições que oferecem instrumentos de poupança
anunciam rendimentos compostos a uma taxa de x%, ou juros de x%, compostos
anualmente, semi-anualmente, trimestralmente, mensalmente, diariamente ou mesmo
continuamente. O conceito de valor futuro com composição anual pode ser ilustrado de
maneira bastante simples.
Imagine que, com 25 anos, você comece a fazer aplicações anuais de R$ 2.000,00
num investimento que rende uma taxa garantida de 5% ao ano. No final de quarenta
anos, com 65 anos, você terá aplicado um total de R$ 80.000,00 (40 x R$ 2.000,00).
Supondo que todo o dinheiro aplicado permaneça investido, quanto você terá acumulado
no final do quadragésimo ano? R$ 100.000,00?, R$ 150.000,00?, R$ 200.000,00? Não,
seus R$ 80.000,00 terão se transformado em R$ 242.000,00! Por que? Porque o valro do
dinheiro no tempo permite que seus investimentos gerem retornos que se acumulam uns
sobre os outros ao longo do prazo de quarenta anos.

Exemplo 1:
Se Fred Moreno aplicar R$ 100,00 em uma caderneta de poupança rendendo juros
de 8% compostos anualmente, no final de uma ano terá um saldo de R$ 108 – o principal
inicial de R$ 100,00 mais 8% (R$ 8,00) de juros. O valor futuro, no final do primeiro ano, é
calculado usando se a equação

Valor futuro no final do ano 1 = R$ 100,00 * (1+0,08) = R$ 108,00

VFn = valor futuro no final do período n


VP = principal inicial, ou valor presente
i = taxa anual de juros
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n = número de períodos pelos quais o dinheiro é aplicado

A equação geral para o valor futuro no final do período n é:


VF = VP x (1+i)n

Exemplos:
1 - Você tomou R$ 1.200,00 emprestados em um banco, para pagar dali a 6 meses, com
juros compostos de 3,4% ao mês. Quanto irá pagar no final?
VF = VP (1+i)n
VF = 1.200,00 (1 + 0,034)6
VF = 1.200,00 x 1,222146 = 1.466,58
Ao final de 6 meses, pagará R$ 1.466,58

2 – Quanto deverá ser aplicado, em uma aplicação financeira que paga juros líquidos de
1% ao dia, para se poder resgatar R$ 2.109,13 daqui a 75 dias?
VF = VP (1+i)n
2.109,13 = VP (1+0,01)75
2.109,13 = VP x 2,1091
VP = 2.109,13 / 2.1091 = 1.000,00
Deverão ser aplicados R$ 1.000,00 para se resgatar R$ 2.109,13 daqui a 75 dias.

3 – Uma empresa contraiu um empréstimo de R$ 12.000,00 no mês de fevereiro. Paga


integralmente sua dívida, no mês de outubro, quitando o valor de R$ 18.000,00. Qual foi a
taxa de juros mensal cobrada na operação?
VF = VP (1+i)n
18.000,00 = 12.000,00 (1+i)8
18.000,00 / 12.000,00 = (1 + )8
1,5 = (1+i)8
8√ 1,5 = (1+i)
1,05199 = (1+i)
i = 1,05199 – 1
i = 0,05199 = 5,2% ao mês.
19
NOTAÇÕES DE VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO
Quadro 1

É o montante emprestado no início do


Valor Presente VP, P, Co, M período, o valor presente do empréstimo ou
da aplicação
É a remuneração a ser paga pelos recursos
Taxa de Juros i, k, r
emprestados
É o montante a ser devolvido ou resgatado ao
Valor Futuro VF, F, Cn final do prazo do empréstimo ou período de
aplicação
Prestação PMT, Pr, Ct Prestação ou pagamentos intermediários

Tempo t Período de tempo da aplicação

Períodos n Número de períodos da aplicação

Juros J Montante de juros pagos

TAXAS EQUIVALENTES EM CAPITALIZAÇÃO SIMPLES

É necessário encontrar a equivalência de taxas quando o período de capitalização


informado não corresponde ao período em que a taxa esta expressa. Por exemplo:
 a taxa esta expressa em dias e você quer saber qual é a taxa mensal.
 O banco informa a taxa mensal cobrada e a empresa quer saber a taxa diária.
 A remuneração é informada ao trimestre e você quer saber qual é a remuneração
mensal.
 A corretora de valores sugere uma aplicação para 60 dias, informa a taxa para o
período e você quer saber quanto receberá por mês.
 A financeira afirma cobrar juros mensais e você quer saber quanto irá pagar de
juros anuais.

Em capitalização simples, os cálculos são fáceis: basta multiplicar ou dividir a taxa


informada pelo número de períodos da taxa procurada.
20

Taxas equivalentes em capitalização simples

Taxa Informada Taxa Procurada Cálculo


Dia Mês Multiplicar a taxa diária por 30
Mês Ano Multiplicar a taxa mensal por 12
Semana Mês Multiplicar a taxa semanal por 4,5
Trimestre Ano Multiplicar a taxa trimestral por 4

Mês Dia Dividir a taxa mensal por 30


Ano Mês Dividir a taxa anual por 12
Semana Dia Dividiar a taxa semanal por 7
Quadrimestre Mês Dividir a taxa quadrimestral por 4

Exemplos:

a) O banco informa que a taxa mensal cobrada é 12%, e a empresa quer saber a taxa
diária.
Maior para menor: quantos dias têm um mês? 30
Fator de divisão: 30
0,12 / 30 = 0,004 = 0,4% ao dia

b) A financeira afirma cobrar juros mensais de 3,5%, e você quer saber quanto irá pagar
de juros anuais.
Menor para maior: quantos meses têm um ano? 12
Fator de multiplicação: 12
0,035 x 12 = 0,42 = 42% ao ano

TAXAS EQUIVALENTES EM CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

Se você quiser saber qual é a taxa de juros paga ao longo dos meses da operação
financeira, será necessário calcular a taxa equivalente no período. Na capitalização
composta, isso é feito por meio de operações de exponenciação e radiciação.
Exemplo:
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1) O banco informa que a taxa mensal cobrada é de 12%, e a empresa quer saber a taxa
diária, com juros compostos.
Maior para menor: quantos dias têm um mês? 30
Fator de radiciação: 30
30
√12% = x
12% = (12 / 100) + 1
12% = 0,12 + 1
12% = 1,12
30
√1,12 = 1,00378
1,00378 = 0,378% ao dia

2) A financeira afirma cobrar juros mensais de 3,5%, e você quer saber quanto irá pagar
de juros anuais.
Menor para maior: quantos meses têm um ano? 12
Fator de exponenciação: 12
3,5% / 100 + 1
(1,035)12 = ?
(1,035)12 = 1,5111
1,5111 – 1 = 0,5111
0,5111 * 100 = 51,11 ao ano

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