Saúde Mental Conceitos Fundamentais
Saúde Mental Conceitos Fundamentais
Saúde Mental Conceitos Fundamentais
Conceitos
Fundamentais
1. Saúde Mental e Vulnerabilidade Social 4
Conceito de Saúde Mental 5
A Demanda de Saúde Mental 7
Conceito de Vulnerabilidade 9
2. Profissionais da Saúde 15
Saúde Mental no Brasil 18
4. Referências Bibliográficas 33
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1 Retirado em http://revistamito.com/
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nistério da Saúde foram identifica- sas duas lógicas fazem parte do coti-
das para a construção de um modelo diano dos serviços, sem considerar
de Atenção à Saúde Mental na Aten- as contradições desses métodos e as
ção Primária, ampliando a abran- consequências de sua utilização.
gência do acesso por usuários com
problemas menos graves e depen- Conceito de Saúde Mental
dência química. Embora o atendi-
mento ao paciente portador de De acordo com Passos, Costa e
transtornos graves tenha mudado, a Silva (2017), a Organização Mundial
lógica psiquiátrica clássica perma- de Saúde (OMS), define saúde como
nece no discurso da psiquiatria bio- “um estado de completo bem-estar
lógica. Ela se encontra presente no físico, mental e social, e não apenas
diagnóstico, através da construção e a ausência de doenças”. Mas esse
operacionalização de manuais de conceito, vem sendo alvo de inúme-
classificação psiquiátricos, na cons- ras críticas, pois essa definição faz
trução de instrumentos de pesquisa com que a saúde se torne algo ideal,
epidemiológica em pacientes porta- inatingível. Alguns autores insistem
doras de problemas mentais e na que essa definição favoreceu a medi-
forma como os processos médicos calização do ser humano e o abuso
sociais ocorrem. por parte do Estado na promoção de
Em concordância com o autor saúde. Além desse caráter utópico e
Amarante (2007), pode-se dizer que subjetivo, a definição da OMS per-
por um lado, existe um discurso que mite que o conceito seja utilizado
desconstrói os saberes psiquiátricos para legitimar estratégias de contro-
tradicionais, relativiza o conceito de le e exclusão de tudo o que é consi-
doença mental, amplia o olhar sobre derado diferente, indesejado ou pe-
o sofrimento psicológico, aposta na rigoso.
reabilitação psicossocial e toma Para Saraceno, Asioli e Tog-
ações humanitárias para evitar es- noni (2018), o conceito de saúde é
tigma e preconceito, e por outro la- frequentemente confundido com o
do, há um ponto de vista classifica- conceito de frequência. Existe uma
tório, normativo e biológico, que aproximação entre saúde e normali-
acredita que a doença mental é um dade, e através de instrumentos de
fator interno do sujeito, e aposta que avaliação que atribui parâmetros ci-
a eliminação dos sintomas por meio entíficos, é que esses intervalos se-
de drogas é o único tratamento. Es- rão definidos. A maioria dessas fer-
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importante utilizar uma visão que ordem global com racionalidade téc-
possa aproximar o sofrimento men- nica, tende a criar tensão com a or-
tal sem aprisioná-lo em categorias, dem local na comunidade, existe
de forma a ter maior flexibilidade e uma razão global e uma razão local
diversidade na compreensão e su- que se sobrepõem em cada lugar,
gestões de intervenção. A vulnerabi- num movimento dialético, algumas
lidade é multidimensional, o que vezes se associando, outras se con-
significa graduações e mudanças ao tradizendo. Principalmente nas
longo do tempo, que tem caráter re- grandes cidades do terceiro mundo,
lacional. As pessoas não são vulne- a instabilidade de uma parte impor-
ráveis, elas estão vulneráveis a uma tante da população faz com que os
determinada situação, em um ponto participantes sociais realizem diver-
específico no tempo e no espaço, sos tipos de ações no sentido de es-
portanto é importante destacar o ca- tabelecer modelos de adaptação ins-
ráter relacional de qualquer situação táveis, plásticos e criativos baseados
de vulnerabilidade. Para compreen- na solidariedade. Essa condição pro-
der a vulnerabilidade, é necessário porciona um espaço aberto para os
ampliar os horizontes, e passar do pobres viverem, o que facilitará es-
individual ao plano das suscetibili- paços aproximados e criativos. Em
dades socialmente configuradas. O alguns casos, há a necessidade de
pré-requisito para pensar a vulnera- novos debates sobre a realidade diá-
bilidade é manter uma postura aber- ria, novos usos e finalidades de obje-
ta às ações intersetoriais, e formar tos e técnicas, novos hábitos e novas
uma rede de atenção que integre o normas na vida social e afetiva.
campo da saúde com outros campos Em consonância com Passos,
relacionados à saúde dos sujeitos. Costa e Silva (2017), é correto afir-
Para Amarante (2007), outro mar que, é muito importante perce-
aspecto muito importante diz res- ber elementos que possibilitam re-
peito à interface entre os serviços de conhecer os territórios mais vulne-
saúde e a população/comunidade. ráveis com uma visão diferente, não
Existe uma tendência na relação en- apenas com emoções negativas, mas
tre os profissionais de saúde e a po- também com uma determinada
pulação de impor uma racionalidade força baseada em um tipo de exclu-
dita científica, sem uma reflexão são. Quando se sai da macro análise,
mais aprofundada sobre o fenômeno globalizada, para buscar entender a
enfrentado. O surgimento de uma dinâmica única de algumas pessoas,
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2. Profissionais da Saúde
2 Retirado em https://referenciaincor.com.br/
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1986. Na época, foi sugerido que a suas crises ou sintomas fossem con-
saúde deveria incluir fatores como tínuos.
alimentação, educação, trabalho, Em concordância com os auto-
condições de moradia, renda e aces- res Mendonça, Matta, Gondim e Gi-
so aos serviços de saúde. Com isso, ovanella (2018), pode-se dizer que,
considerando a universalidade, inte- na década de 1960, o psiquiatra ita-
gralidade e equidade do cuidado à liano Franco Basaglia propôs uma
saúde, as pessoas passaram a com- reformulação do conceito de lou-
preender o conceito de saúde brasi- cura, que mudou o foco da doença e
leiro de forma mais complexa (SA- ampliou o alcance da doença por
RACENO, ASIOLI e TOGNONI, meio questões de cidadania e inclu-
2018). são social. Essa ideia ganhou adep-
Os autores Sutter, Pedroso e tos e desencadeou um movimento
Bucher-Maluschke (2015), apontam que influenciou o conceito de saúde
que o termo bem-estar, utilizado na mental no Brasil e levou à Reforma
definição da OMS é um componente Psiquiátrica no Brasil. Diante do ex-
tanto do conceito de saúde, quanto posto, é compreensível que existam
parte integrante do conceito de sa- dois paradigmas principais utiliza-
úde mental, devendo ser entendido dos para discutir os conceitos de sa-
como uma estrutura subjetiva forte- úde e saúde mental, a saber, o para-
mente influenciada pela cultura. A digma biomédico e o paradigma de
Organização Mundial de Saúde de- produção social em saúde. No pri-
fine saúde mental como “um estado meiro, o foco é apenas sobre a do-
de bem-estar no qual um indivíduo ença e suas manifestações, a loucura
percebe suas próprias habilidades, é essencialmente o objeto de pesqui-
pode lidar com os estresses cotidia- sas psiquiátricas. No segundo, a sa-
nos, pode trabalhar produtivamente úde é mais complexa do que a do-
e é capaz de contribuir para sua co- ença, incluindo aspectos sociais,
munidade”. A definição de saúde econômicos, culturais e ambientais.
mental é objeto de diversos saberes, Nesse paradigma, a loucura não é
prevalece um discurso psiquiátrico apenas um diagnóstico psiquiátrico,
que a entende como oposta à lou- pois a pessoa com transtorno mental
cura, o que mostra que as pessoas pode desfrutar da qualidade de vida,
com doença mental não podem ter participar de atividades comunitá-
nenhum grau de saúde mental, bem- rias e desenvolver seus potenciais. O
estar ou qualidade de vida, como se Sistema Único de Saúde do Brasil
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Fonte: Globo3
3 Retirado em https://g1.globo.com/
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que o cuidado familiar, a busca por amplitude dos serviços ao local fí-
estratégias e alternativas de sobrevi- sico e seus profissionais, mas a todas
vência, a divisão do trabalho e o as oportunidades e lugares que favo-
cumprimento ou não das normas recem a recuperação dos pacientes.
impostas pela sociedade à família Na troca de serviços, uma das áreas
evidenciam a importância de sua privilegiadas é a comunidade, que
participação no processo de inclusão inclui famílias, associações, sindica-
social do portador de transtorno tos, igrejas e outros. Portanto, a co-
mental. Por outro lado, nos serviços munidade é uma fonte de recursos
de saúde o ato cuidador pode ser de- humanos e materiais, um lugar que
finido como um encontro interces- pode produzir sentido e promover
sor entre um trabalhador de saúde e trocas. As relações estratégicas man-
um usuário, no qual há um jogo de tidas entre o serviço e a comunidade
necessidades e direitos. Nessa rela- podem ser pautadas pela:
ção, o usuário se coloca como uma Negação - a comunidade não
pessoa em busca de uma interven- existe;
ção que lhe permita recuperar ou ge- Paranoia - a comunidade são
rar certo grau de autonomia em seu os inimigos que nos assediam;
próprio modo de vida, ele coloca Sedução e busca de consenso –
a comunidade é tudo aquilo e
neste processo o que tem de mais
somente aquilo que me aceita
importante, a sua vida, para ser tra- da forma como sou e me
balhada como um objeto carente de aprova;
saúde. Interação/integração - a co-
Conforme Passos, Costa e Sil- munidade é uma realidade
va (2017), a forma como os serviços complexa e exprime interesses
são organizados em resposta às ne- contrastantes.
cessidades dos usuários está direta-
Em concordância com o autor
mente relacionada à qualidade do
Saraceno (2018) pode-se dizer que,
serviço. Um serviço de alta quali-
como a família é parte integrante da
dade pode ser definido como o ato
comunidade, o serviço costuma usar
de cuidar de todos os pacientes que
com a família as mesmas estratégias
o encaminham e fornecer serviços
usadas com a comunidade. Dessa
de reabilitação para todos os pacien-
forma, a família pode não só se tor-
tes que podem se beneficiar dele.
nar protagonista das estratégias de
O autor Amarante (2007),
cuidado e reabilitação propostas pe-
aponta que não se deve reduzir a
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4. Referências Bibliográficas
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Profissional. Rio de Janeiro. SciELO - FI-
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ção Primária à Saúde no Brasil: Conceitos,
Práticas e Pesquisa. Rio de Janeiro. Sci-
ELO - FIOCRUZ , 2018.
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