Do Partido Das Sombras Ao Governo Clandestino - David Horowitz

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Analisando os processos de evolução do poder

na sociedade ocidental, Bertrand de Jouvenel já


alertava para o fato de que a fusão do comando
político ao econômico resultaria num Imperium
absoluto, cuja autoridade seria exercida sobre
um povo ao mesmo tempo súdito, crente e
operário, que recebe do soberano, distante e
impessoal, suas instruções, sua fé e seu pão.
A obra que você tem em mãos desvela a
materialização – em plena América – do
pesadelo totalitário vaticinado por Jouvenel,
façanha obtida por George Soros e seus
asseclas com empenho tenaz, recursos
ilimitados e, acima de tudo, completa ausência
de escrúpulos. Da usurpação do Partido
Democrata á subversão do processo eleitoral,
do ativismo profissional à radicalização das
tensões sociais, da erradicação da dissidência à
tentativa de regulamentação do discurso
político, tudo converge para a obtenção do
poder absoluto. A própria estrutura do Estado é
colocada a serviço de uma agenda de
reengenharia social que, nas palavras dos
autores, “está em guerra com a economia de
livre mercado e o sistema político baseado na
liberdade e nos direitos individuais há mais de
duzentos anos”.
Se o projeto de “mudar radicalmente a
América” foi devastador num país de
instituições tão sólidas e com tamanha tradição
no culto das liberdades individuais, o que estará
reservado ao Brasil, alvo inerme da rapinagem
desses mesmos agentes? Eis a importância
deste livro: mais do que registro histórico, suas
lições são um verdadeiro clarão a dissipar as
sombras do despotismo que rondam a Nação.

DIEGO PESSI
Promotor de Justiça do estado do RS
Coordenador pedagógico do Burke
Instituto Conservador
Coautor de Bandidolatria e democídio
(Armada, 2017)
DO PARTIDO
DAS SOMBRAS
AO GOVERNO
 CLANDESTINO
DAVID HOROWITZ
& JOHN PERAZZO
DO PARTIDO
DAS SOMBRAS
AO GOVERNO
 CLANDESTINO
Copyright 2010 © David Horowitz & John Perazzo 
Copyright 2018 © Tradutores de Direita/Armada

TÍTULO ORIGINAL: From Shadow Party to Shadow Government: George Soros


and the Effort to Radically Change America.
EDITORES: André Assi Barreto e Márcio Scansani
EDITOR ASSISTENTE: Moacyr Francisco
CAPA: Sônia Butie/Spress
CRÉDITO DE IMAGENS: Rogério Salgado/Spress
TRADUÇÃO: Rodrigo Carmo
EDIÇÃO DE TEXTO: André Assi Barreto
REVISÕES: André Assi Barreto, Moacyr Francisco e Márcio Scansani 
DISTRIBUIÇÃO: CEDET Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico
PRODUÇÃO EPUB: ArmazémCultural

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 


Andreia de Almeida CRB-8/7889

Horowitz, David, 1939-


Do partido das sombras ao governo clandestino / David Horowitz
e John Perazzo; tradução de Rodrigo Carmo / Tradutores
de Direita. — Santo André, SP: Armada, 2018.
136 p.

ISBN: 978-85-54969-03-5
Título original: From shadow party to shadow government
George Soros and the Effort to Radically Change America.

1. Política internacional 2. Geopolítica 3. Globalização


I. Perazzo, John II. Tradutores de Direita III. Título

18-1363                                                                                   CDD-327.1

índices para catálogo sistemático:


1. Política internacional: Globalização

Este livro segue as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor


desde 1/1/2009.
Vedada a reprodução desta obra por qualquer meio e sob qualquer forma, sem a
autorização expressa e por escrito da editora.
2018
Todos os direitos desta edição reservados à 
Armada Oficina de Textos, Editora e Livraria Ltda.
Rua das Aroeiras, 73, Santo André – SP – 09090-000
Sumário
Apresentação dos editores
Apresentação dos "Tradutores de Direita"
Prefácio, por Flávio Gordon
George Soros e a tentativa de mudar radicalmente a
América
O Bilionário Filantropo
A Reforma do Financiamento de Campanha e a Criação do
Partido das Sombras
A Primeira Eleição: 2004
2º Round: A Aliança Democrata
Radicalizando a América, Um Partido e Um Estado por vez
Soros e Obama
O Partido das Sombras na Casa Branca
Estimulo
Meio Ambiente e Energia
Assistência Médica
Punindo Israel
Conclusão
APRESENTAÇÃO DOS
EDITORES

H
á aproximadamente dois anos, quando
iniciamos o projeto que viria a ser a Armada,
Márcia Xavier de Brito, uma das mais
conceituadas tradutoras do Brasil e eu, Márcio
Scansani, a concebemos para ser uma peça de
combate” na guerra cultural que já corria solta, mas ainda
um tanto discreta, com várias editoras já bem posicionadas,
todas competentes e publicando títulos urgentes e
necessários. A galera veneziana usada em nosso logotipo
não está ali apenas como enfeite. Evidentemente sabíamos
de nosso tamanho ínfimo e que nada seria fácil, mas a
concebemos para ser um tanto diferente dos players
tradicionais, inclusive por termos a predisposição no DNA a
dar voz a autores até então desconhecidos, mas com
enorme cultura e integridade intelectual, ignorados por
editoras maiores.
Em pouco tempo, a Armada passou a contar na área
editorial e na comunicação conceitual, respectivamente,
com o suporte luxuoso de jovens talentos, o André Assi
Barreto e a Anna Laura Scansani, e logo em seguida, com a
ajuda imprescindível de um culto, simpático e bem-
humorado advogado e comentarista cultural, o mineiro
Sileno Guimarães, e em seguida com a competência e
atenção do revisor Moacyr Francisco.
Muito bem, já tínhamos uma equipe! – apesar de a
Márcia ter sido obrigada a se afastar do que até então era
um projeto, seguimos sozinhos, revelando autores de peso
como Diego Pessi e Leonardo Giardin de Souza em
Bandidolatria e democídio e Rogério Silva Araujo em História
depredada, ou trazendo ao mercado editorial nomes já
conhecidos pela Internet como o comentarista político Paulo
de Oliveira Eneas, com Geopolítica contemporânea ou o
medievalista Ricardo da Costa com seu Impressões da Idade
Média, todos ao lado de autores já consagrados como Santo
Tomás de Aquino em tradução do mestre Carlos Nougué
para Do Reino e outros escritos e Adolpho Lindenberg com Uma
visão cristã da economia de mercado ou resgatados do limbo,
como Stefan Baciu com seu profético e subvalorizado Cortina
de ferro sobre Cuba. E vem mais por aí: no momento do
fechamento desse texto está sendo lançado em Salvador o
Nadando contra a corrente, de Bernardo Guimarães Ribeiro.
Esta apresentação pode parecer um tanto arrogante –
mas creiam, ela é apenas um resumo de o que somos e para
que servimos. Ainda que seja desnecessário dizer o quanto
nos honra ser a primeira editora a trazer aos leitores a
primeira obra política do gigante americano David Horowitz,
em parceria com John Perazzo, obra pequena e, no entanto,
de enorme objetividade, estendemos ao grupo Tradutores de
Direita, a quem nos associamos para esta publicação pela
sua já histórica competência em trazer autores
conservadores para o português, porque sabemos que
compartilham do nosso espírito combativo, e ainda, aos
demais autores de textos complementares, mas
principalmente a todos os leitores que puserem os olhos
nesta pequena obra-prima, nossos efusivos
agradecimentos.
Cabe ainda dizer que esta obra tem três espécies de
notas: do próprio autor, do tradutor e dos editores, bem
como informar que todos os acessos aos sites indicados
foram feitos entre 4 e 6 de julho de 2018.
E vamos para a luta. Boa leitura!

ANDRÉ ASSI BARRETO


MÁRCIO SCANSANI
EDITORES
Santo André, maio de 2018
APRESENTAÇÃO
"TRADUTORES DE DIREITA"

A
primeira coisa que se pode dizer a respeito
deste livro é que ele chega em um momento
propício. Hoje em dia, não é mais possível
negar o óbvio: os grandes veículos de mídia
estão entre os maiores estelionatários da
história. Qualquer pessoa com um mínimo de capacidade de
compreender a realidade sabe que o tal "jornalismo isento”
é apenas uma ilusão e que as ideologias pessoais sempre se
farão presentes, de um modo ou de outro. Porém, o que
antes era uma espécie de “zona cinza” tornou-se um buraco
negro e a elite jornalística alçou-se ao status de mensageira
inquestionável da verdade. Há anos, somos atacados com
edições tendenciosas e técnicas de manipulação
psicológica, sem a mínima possibilidade de discussão.
Diante deste cenário enlouquecedor surgiu o nosso
grupo “Tradutores de Direita”. De um pequeno grupo virtual
a uma comunidade internacional de colaboradores, este
grupo tem conquistado o seu público por um motivo
apenas: o esforço de trazer para o Brasil opiniões e
narrativas que são proibidas pelo cartel que domina os
grandes veículos de mídia, composto de diversas facções de
esquerda, grupos subservientes ao poder oficialmente
instituído e jornalistas de aluguel. Hoje, damos finalmente
um novo e muito desejado passo nesta nova jornada,
trazendo para o mercado editorial brasileiro o trabalho de
David Horowitz, que é um dos maiores nomes do ativismo
conservador nos Estados Unidos e que tem sido
rigorosamente ignorado em nosso país, apesar de termos
diversas coisas a aprender com a sua experiência e com o
impacto histórico de suas ações.
Neste livro, escrito após a primeira eleição de Obama,
Horowitz explica como o deep-state é a verdadeira estrutura
de poder permanente no governo dos Estados Unidos,
fazendo de tudo para impor a sua agenda à força. A mente,
e principalmente o bolso, por trás dessa organização é
revelada e com isso podemos aplicar para a nossa realidade
o que diz o famoso ditado, “conheça seu inimigo”. Tendo em
vista os possíveis cenários políticos no Brasil, no curto
prazo, e a crise política que temos vivido, esta obra assume
uma importância estratégica vital para a imunização do
público ante as estratégias nela descritas. Com isso, nós
esperamos atingir o objetivo que recompense o nosso
esforço em disponibilizar essa obra: armar o eleitor
brasileiro contra a manipulação de agentes externos. Que o
povo brasileiro possa se lembrar que já raiou a liberdade no
horizonte do Brasil e nenhum déspota estrangeiro há de
tomar do povo a esperança que lhe move à luta, que, antes
esquecida, agora ilumina o brasileiro a restaurar sua pátria.
É claro que não poderíamos deixar passar a
oportunidade que aqui se apresenta para agradecer àqueles
que nos ajudaram a realizar esse projeto, especialmente a
editora Armada por dedicar-se com incrível profissionalismo
para que obtivéssemos um livro da mais alta qualidade.
Agradecemos também aos nossos queridos amigos, Flávio
Gordon, que tomou parte na explicação da importância do
tema que aqui se discutirá e Alexandre Borges por arranjar
uma forma de contribuir por aqui também além dos anos de
apoio ao nosso trabalho, bem como a Diego Pessi, grande
admirador do próprio Horowitz. Por fim, nosso muito
obrigado a Olavo de Carvalho e aos demais membros da
comunidade de pensadores do Brasil cujas obras geram o
espaço intelectual onde serão discutidas as ideias deste
livro.

Tradutores de Direita
Maio de 2018
PREFÁCIO

“Embora eu tenha feito fortuna no


mercado financeiro, hoje temo que
o fortalecimento irrestrito do
capitalismo laissez-faire e a difusão
dos valores do mercado para todas
as esferas da vida estejam
ameaçando a nossa sociedade
aberta e democrática. O principal
inimigo da sociedade aberta, creio,
já não é a ameaça comunista, mas
a capitalista”.
— George Soros, “A Ameaça
Capitalista”,
The Atlantic, fev. 1997
N
o meu livro A Corrupção da Inteligência, inspirei-me
em insight do escritor ex-comunista Louis Fischer
para cunhar a expressão momento-Kronstadt, que
descreve o instante dramático em que, por
razões variadas, muitos intelectuais de
esquerda acabaram rompendo com o comunismo soviético.
Localizada no golfo da Finlândia, Kronstadt é o nome da
fortaleza naval que, em 1921, foi palco de uma revolta de
marinheiros contra a ditadura bolchevique instaurada em
outubro de 1917. Por ordem direta de Lenin, e sob comando
de Trotsky, a revolta foi violentamente reprimida, tendo
como saldo final milhares de insurgentes mortos e outros
tantos feridos, estes logo enviados a Solovki, o primeiro
campo de concentração da URSS. O evento dividiu os
socialistas do mundo todo, levando muitos a uma
irremediável desilusão com o comunismo de matriz
soviética.
No artigo em que analisava o fenômeno – publicado no
livro O Deus que Falhou (1949), no qual seis importantes
intelectuais relatam seu doloroso processo de ruptura com o
bolchevismo -, Fischer propôs a ideia de "Kronstadt" como
uma metáfora para a revolução na consciência
experimentada pelos apóstatas do sonho soviético,
sinalizando a transição política de um ex-comunismo
hesitante e inercial para um anticomunismo autoconsciente
e decidido. Analisando a história intelectual do século XX,
podemos notar que, para uns, essa reviravolta interior foi
motivada pela repressão à revolta de Kronstadt
propriamente dita; para outros, pelo Pacto Nazi-Soviético de
1939, ou pelo famigerado Relatório Kruschev de 1956; para
outros ainda, pela leitura de Arquipélago Gulag, o clássico de
Soljenítsin publicado em 1973. Seja como for, todavia, uma
virada de chave tão radical no espírito não pode ser
inteiramente explicada por esses eventos concretos, pois
envolve também uma série de percepções íntimas e
pessoais que, no conjunto, dão forma e substância a um
processo digno do mistério das conversões religiosas. O
momento-Kronstadt é como que um desenfeitiçamento, como
quando se rasga o véu do templo, revelando uma realidade
que obriga aqueles que o experimentam a uma decisiva
reconfiguração existencial.
Após os de Whittaker Chambers (ex-espião soviético
que viria a se tornar um dos mais importantes agentes da
contra-inteligência americana no início da Guerra Fria),
James Burnham (ex-trotskista co-fundador da revista
National Review) e Bella Dodd (ex-comunista reconvertida ao
catolicismo), o momento-Kronstadt mais emblemático nos EUA
foi, sem dúvida, o de David Horowitz. No intervalo de pouco
mais de duas décadas, esse neto de judeus ucranianos (cujo
sobrenome original era provavelmente “Gurevitch") passou
de expoente da Nova Esquerda soixante-huitardista a
grande nome do pensamento conservador americano, uma
transformação que, com raras sensibilidade e honestidade
intelectual, ele conta em sua autobiografia O Filho Radical: A
Odisseia de uma Geração.
Os pais pertenciam à primeira geração de comunistas
da América, tendo ambos ingressado no Partido Comunista
dos EUA (CPUSA) ainda na década de 1920. Criado num
ambiente de radicalismo político e de certa clandestinidade,
David experimentou desde cedo uma sensação de
alheamento aos valores da nação hospedeira de seus
ascendentes, que haviam chegado à América fugindo dos
pogroms promovidos pelo regime czarista entre os anos de
1903 e 1906. Tanto pelo aspecto cultural judaico, quanto
pelo da cultura política marxista, sua família vivia uma
espécie de existência dupla: por um lado, assumindo uma
fachada de classe média americana típica, para não chamar
a atenção da vizinhança do subúrbio de Long Island em que
viviam; por outro, participando de reuniões às escuras na
célula local do CPUSA, uma comunidade paralela que lhes
fornecia codinomes e planos para a revolução. Nessa
comunidade David foi socializado, aprendendo a ver os EUA
como a sede de todo o mal, e a URSS, como um farol para a
humanidade.
Em fevereiro de 1956, a publicação do famoso discurso
secreto de Nikita Kruschev, no qual se desfiava o imenso
rosário dos crimes de Stalin, provocou um abalo nas
convicções e certezas da grande família comunista dos EUA,
bem como na do resto do mundo. Então com 17 anos, David
percebeu esse abalo dentro de casa, na fisionomia dos pais.
Quando meus pais e seus amigos abriram o Times
naquela manhã e leram o texto, o mundo desabou para
eles, assim como toda a sua vontade de lutar" – descreve
em sua autobiografia. "Se o documento fosse mesmo
verdadeiro, então tudo o que disseram e tudo em que
acreditavam era falso. E a tal missão secreta, que durante
anos foi a única razão de viver de muitos desses militantes,
parecia não ter mais sentido". Agravando uma desilusão
prévia com o autoritarismo da liderança partidária, o
Relatório Kruschev acabou sendo decisivo para que seus
pais resolvessem abandonar o CPUSA e, embora mantendo
intacta a crença na utopia socialista a ser resgatada dos
"erros” stalinistas, se afastassem da militância política.
De maneira algo freudiana, foi para honrar aquela
crença e renovar a pulsão militante da família que, nos anos
1960, David começou a participar ativamente do
movimento que viria a ser conhecido como Nova Esquerda,
e que buscava se distanciar da ortodoxia marxista-leninista,
posto que preservando o seu espírito revolucionário original.
“Será que era necessário abandonar de vez o socialismo?" –
pergunta David retoricamente, apenas para responder: “Eu
não estava preparado para uma hipótese como essa. A
visão socialista era minha única maneira de enxergar o
mundo e de distinguir o certo e o errado. Era a minha
esperança para um futuro melhor. O socialismo era o desejo
de justiça. Eu não via como abrir mão de tudo isso”.
Pretendendo-se filha de mãe imaculada, a Nova Esquerda
buscava desfrutar do prestígio associado ao ideal romântico
do comunismo, e sobretudo ao antifascismo, sem, contudo,
assumir qualquer responsabilidade pelos seus efeitos
trágicos. Era um corpo novo para uma alma velha. Como
observou agudamente Alain Besançon em seu A Infelicidade
do Século: “Cada experiência comunista é recomeçada na
inocência”.
Como se sabe, a agenda da Nova Esquerda já não
incluía coisas como ditadura do proletariado ou estatização
da economia. Suas bandeiras agora eram o
experimentalismo (“antes de tomar ácido, você não sabe o
que é o socialismo”, disse um amigo a David), o
antimilitarismo (com destaque para a campanha contra a
Guerra do Vietnã), o anti-imperialismo, o terceiro-
mundismo, o maoísmo, o apoio ao regime de Fidel Castro, a
adesão às correntes mais agressivas e anti pacifistas do
movimento negro americano, inspiradas mais em Malcom X
do que em Martin Luther King Jr. “Na imaginação dos filhos
de minha geração radical”, confessa David, “os negros
substituiriam o proletariado como o Povo Escolhido que nos
conduziria à Terra Prometida".
Foi imbuído desse espírito que ele tomou a decisão mais
radical de sua vida, aquela que, pelas consequências
trágicas que gerou, viria a pavimentar o caminho para o seu
momento-Kronstadt: a aproximação com os Panteras Negras,
cujos membros, àquela altura, já haviam praticado uma
série de crimes comuns e atos de terrorismo, inclusive uns
contra os outros, sempre aplicando a retórica marxista da
luta de classes à questão racial nos EUA. Em dada ocasião,
num encontro para discutir o projeto de uma escola dos
Panteras no qual estava pessoalmente empenhado, David
foi perguntado sobre um nome para gerir as finanças do
partido. Sugeriu o de Betty van Patter, contadora minuciosa
responsável pelas finanças da escola. Foi então que o manto
da tragédia começou a recair sobre o destino do nosso
autor.
Certo dia, depois de uma acalorada discussão com
Elaine Brown, a então líder dos Panteras, Betty
desapareceu. Em 17 de janeiro de 1975, um mês após o
sumiço, a polícia descobriu o seu corpo na baía de São
Francisco. Tinha um ferimento na cabeça, provocado por
objeto perfurante. Embora o caso nunca tenha sido
solucionado de maneira definitiva, todos os que o
acompanharam, e David mais que ninguém, sabiam que
Betty fora assassinada pelos Panteras Negras,
provavelmente por queima de arquivo, ou por ter desafiado
os interesses de Elaine, uma mulher radical e perigosa.
Dali em diante, atormentado dia e noite pelo ocorrido,
David resolveu confrontar o silêncio de seus pares
esquerdistas em face do crime, tendo a imediata noção do
risco que passara a correr ao fazê-lo. Na expressão de
Nelson Rodrigues, David tornara-se um ex-covarde. “Na
época, eu estava num estado de queda livre interior explica,
sinalizando o seu momento-Kronstadt. “Quando a polícia
localizou o cadáver e o futuro já não era mais tão incerto, vi-
me forçado a enfrentar a mim mesmo de uma maneira
totalmente inédita. Todas as minhas rotas de fuga estavam
bloqueadas. Eu não podia mais voltar atrás nas minhas
ações. Uma luz impiedosa e inexorável iluminava tudo o que
estava diante de mim”. David sentiu uma necessidade
contornável de entender sua participação no ocorrido – o
assassinato de uma pessoa inocente cometido por seus
companheiros políticos. Tudo aquilo no qual acreditara, tudo
aquilo pelo que lutara, todos os seus esforços de fazer o que
era certo e justo acabaram culminando no seu envolvimento
com os Panteras Negras e na proposta de trabalho feita a
Betty, que viria a ser a sua sentença de morte. Por tanto
tempo inebriado com as próprias virtudes, como todo bom
revolucionário, teve de aprender da maneira a mais
dolorosa que a matéria prima da violência política são
justamente as boas intenções, uma lição gravada no
mármore eremo dos versos do poeta:
And Caiaphas was in his own mind
A benefactor to mankind1
 
E foi com a autoridade intelectual e moral de quem
experimentou tão diretamente o mal causado pelas
ideologias revolucionárias que, em coautoria com John
Perazzo, David Horowitz se debruçou sobre a figura do
filantropo George Soros. Hoje o principal fomentador
daquele mesmo radicalismo de esquerda herdado dos anos
1960, e não só na América como no mundo todo. Neste Do
Partido das Sombras ao Governo Clandestino, que a editora
Armada, em parceria com os Tradutores de Direita, faz
chegar ao público brasileiro, os autores analisam como, por
meio da vasta rede de instituições e atores políticos
abrigados sob o guarda-chuva de sua Open Society
Foundations, Soros conseguiu assumir o controle do Partido
Democrata americano, inclinando-o para a extrema-
esquerda e, por intermédio de Barack Obama, seu
presidente-fantoche, transformando-o em mera plataforma
para a sua agenda ideológica pessoal, que tem como
objetivos centrais a diminuição da influência americana no
cenário internacional, o enfraquecimento da soberania do
país em favor de um governo mundial, o fim do livre
mercado e da liberdade de expressão.
Para o leitor brasileiro, é de particular interesse
conhecer o modus operandi desse senhor que se pretende
dono do mundo, pois que os seus tentáculos institucionais já
nos abraçam, pautando fortemente a nossa imprensa e, à
margem de nosso sistema representativo, via recrutamento
de ativistas e formadores de opinião engajados, impondo
pautas de esquerda alheias aos valores e interesses da
população, tais como a legalização do aborto e das drogas,
a desmilitarização da polícia, o racialismo e o feminismo
radical. Depois de travar contato com pesquisa minuciosa e
bem documentada de Horowitz e Perazzo, o leitor passará a
olhar com um misto de pena e vergonha alheia para
aqueles que se furtam à realidade mediante a catalogação
de tudo o que desconhecem como “teoria da conspiração”.
A quem quer que recuse essa covarde estratégia da
avestruz, demonstrando coragem para compreender os
nem sempre alvissareiros bastidores da política
internacional, este é o livro ideal. Soros, como um velho
antepassado seu, pode querer ser o dono deste mundo.
Mas, como sabemos há mais de dois mil anos, o verdadeiro
reino está no outro.

FLAVIO GORDON
Antropólogo, escritor, tradutor,
2
autor de A Corrupção da Inteligência
Rio de Janeiro, junho de 2018

NOTAS

1. William Blake, The Everlasting Gospel (1818).

2. A corrupção da inteligência – Intelectuais e poder no Brasil. Record: Rio de Janeiro,

2017.
GEORGE SOROS E A
TENTATIVA DE MUDAR
RADICALMENTE A
AMÉRICA

Por David Horowitz e John Perazzo


"Nós estamos a cinco dias de
transformar fundamentalmente os
Estados Unidos da América”.
1
— Barack Obama, 30 de outubro de 2008

NOTAS

1. www.columbiamissourian.com/stories/2008/10/30/obama-s-peakscrowd-
40000/
U
m momento decisivo no longo e furtivo esforço
de George Soros para obter o controle do
Partido Democrata e mudar o curso da política
americana ocorreu em agosto de 2008 na
festa da convenção de nomeação presidencial
em Denver, Colorado. Um dentre uma série de painéis de
discussão montados para os figurões da mídia e os
banqueiros, todos eufóricos com a crescente perspectiva da
vitória de Barack Obama nas eleições que se aproximavam,
apresentaram um homem chamado Rob Stein2. Um
assessor do Secretário de Comércio, Ron Brown, da época
da administração Clinton, Stein não era muito conhecido
pelo público, mas tinha prestígio entre os democratas
“progressistas” por ser um dos principais agentes da rede
de instituições idealizada por Soros em uma tentativa para
criar o que eles apenas em tom de brincadeira se referiam
como uma “grande conspiração de esquerda”.
O tema do painel de discussão preparado por Stein para
os militantes e cabeças do partido em 2008 foi “The
Colorado Miracle3 4. Todos na sala de exibição sabiam que a
frase se referia à impressionante evolução política gerada
basicamente do dia para a noite por uma cadeia de
organizações financiadas por Soros. A lista dos eleitos a
cargos públicos relatava a história. Em outubro de 2004, os
republicanos conseguiram duas cadeiras no senado, 5 de 7
cadeiras no Congresso, o Executivo, a secretaria do Estado
e ambas as casas do Legislativo. Quando as eleições de
2008, pouco menos de dois meses depois do discurso,
acabou, o exato oposto aconteceu, o Colorado passou de
base eleitoral republicana para democrata em um único e
curto ciclo eleitoral5.
Alguns comentaristas políticos poderiam interpretar
essa transformação como uma expressão da Independência
Ocidental e oposicionismo ou de mudanças demográficas, a
qual resultou de um crescimento da população hispânica no
estado. Esses e outros fatores tiveram suas contribuições.
Mas como Stein apontou em sua exposição sobre o
“Colorado Miracle”, na ocasião a momentos de sua apoteose,
o Colorado havia passado por uma reformulação política
primariamente como consequência de uma guerra política
implacável travada pela Colorado Democracy Alliance, uma
organização concebida por Stein e financiada por George
Soros6. A Colorado Democracy Alliance criou, em tempo
recorde, uma infraestrutura política progressista com
[apenas] um propósito: dominar a política de Colorado
desde os distritos até a Assembleia Legislativa. O propósito
7 8
foi alcançado por meio de um impiedoso blitzkrieg político.
E o melhor de tudo foi que Stein assegurou ao seu público
que o ocorrido no Colorado era um modelo replicável que
poderia ser feito em muitos outros estados do país. A
eleição de Barack Obama poderia ser seu objetivo de curto
prazo, concluiu Stein, mas o objetivo de longo prazo seria
tomar o controle do sistema político americano. “O motivo
de fazer o que fazemos..." ele disse, "e o modo como
obtemos mudanças progressivas é para controlar o
9
governo"
Rob Stein estava falando por seu patrão e por si mesmo.
Num período de 20 anos, George Soros foi capaz de exercer
uma influência inigualável por meio da rede de
organizações políticas de esquerda criadas por ele — uma
rede tão bem-sucedida que é um poder em si mesmo e
10 11
ganhou a alcunha: o partido das sombras. Se trata de uma
rede que atua numa penumbra política, embora exija
transparência de terceiros; que trabalha à margem do
sistema eleitoral, embora afetar seus resultados seja sua
razão de ser.
A agenda de George Soros está camuflada e seus
objetivos não são alardeados publicamente por serem
fundamentados numa visão extremista de transformação
social que muitos americanos não apenas rejeitam como
temem. Mas essa agenda envolvendo uma transformação
radical das instituições americanas subverteu e se apoderou
do Partido Democrata. A agenda de Soros, de fato, se tornou
a agenda de Obama.

NOTAS

2. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=2388

3. http://nrd.nationalreview.com/article/?q=ODImYWRlMDkxM-
zYxMzMiNTY3YmMwZDciMzZmMmYzMGU=

4. O milagre do Colorado (N. do T.).

5. http://nrd.nationalreview.com/article/?q=ODJmYWRlMDkxM-
zYxMzMiNTY3YmMwZDciMzZmMmYzMGU=

6. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7i5i
7. Guerra-relâmpago, termo originalmente designado para nomear a tática de
guerra nazista no início da 2ª Guerra Mundial. (N. do T.)

8. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1228145204.pdf

9.www.capitalresearch.org/news/news.html?id=677

10. www.discoverthenetworks.org/viewSubCategory.asp?id=842

11. Shadow Party, em inglês. Um partido não-oficial, clandestino. (N. do T.)


O Bilionário
Filantropo
N
ascido na Hungria em 1930 em uma família
judaica apóstata, George Soros sobreviveu à
Segunda Guerra Mundial trabalhando como
assistente de um funcionário do governo
fascista cujo trabalho era confiscar a
propriedade de judeus condenados à câmara de gás1. Após
a guerra, Soros mudou-se para a Inglaterra2, onde
frequentou a London School of Economics e foi influenciado
pelo globalismo e pela perspectiva de aperfeiçoar a
humanidade por meio da engenharia social. Mas nessa fase
de sua vida suas ideias estavam subordinadas ao desejo de
ganhar dinheiro. Depois de se formar em 1952, Soros se
3
juntou a uma corretora de Londres, Singer and Friedlander.
Quatro anos depois, ele se mudou para Nova York e
conseguiu um emprego de gerente de portfolio em um
banco de investimentos. Da Europa ele trouxe consigo
conceitos antiburgueses e antiamericanos e mais tarde
admitiu querer permanecer nos EUA apenas tempo
suficiente para fazer sua fortuna4. Mas os negócios eram
bons demais e ele se naturalizou americano.
Em 1973 Soros criou uma parceria privada chamada
Soros Fund,5 renomeada The Quantum Fund em 1979.6 Seu
valor cresceu para US$ 381 milhões em 1980,7 e em mais
de US$ 1 bilhão em 1985.8 Como ele disse mais tarde,
"Tendo conseguido isso, eu poderia então satisfazer minhas
9
preocupações sociais" . Os US$ 3 milhões investidos nessas
preocupações em 1987 cresceram para US$ 300 milhões
por ano em 1992.10 Durante esse período, Soros implantou
uma série de fundações na Ásia Central e na Europa
Oriental11, onde projetos por ele financiados aceleraram a
queda dos regimes comunistas e também, como ele próprio
admitiu, criaram novas oportunidades para que ele
ganhasse dinheiro com as indústrias estatais e suas
propriedades disponíveis a quem pegasse.
Em 1993, Soros estabeleceu o carro-chefe de sua rede
de fundações — o Open Society Institute (OSI), com sede em
Nova York — o qual apoiaria uma série de grupos
americanos e bandeiras extremistas na década seguinte —
desde a legalização de drogas, passando pelo incentivo da
abertura de fronteiras e indo até a criação de um judiciário
de esquerda — que apesar de carregarem sua
excentricidade característica, encontraram eco em um
12
crescente segmento do Partido Democrata .

NOTAS

1. SCHWEIZER, Peter. Do As I Say, Doubleday: New York, NY, 2005, p. 157;


http://tinyurl.com/4key5ek

2. www.georgesoros.com/faqs/entry/georgesorosofficialbiography.

3. www.telegraph.co.uk/finance/2773265/Billionaire-who-broke-theBank-of-
England.html

4. KAUFMAN, Michael T., Soros: The Life And Times Of A Messianic Billionaire,
Vintage Books: London, 2002, p. 83.

5. www.referenceforbusiness.com/history2/85/Soros-Fund-Management-Llc.html
6. www.fundinguniverse.com/company-histories/Soros-Fund-Management-LLC-
Company-History.html

7. www.referenceforbusiness.com/history2/85/Soros-Fund-Management-Llc.html

8. SCHWEIZER, Peter, Do As I Say, 2005, op. cit, p. 157.

9. www.guardian.co.uk/business/2002/mar/10/theobserver.observer-business10

10. SOROS, George, The Bubble of American Supremacy, PublicAf– fairs /


Perseus Books Group: New York, NY, 2004, p. 136.0 livro foi publicado no Brasil
sob 0 título A bolha da supremacia americana – Corrigindo o abuso de poder dos
Estados Unidos. Record: Rio de Janeiro, 2004.

11. www.soros.org/about/timeline.

12. www.discoverthenetworks.org/viewSubCategory.asp?id=589
A Reforma do
Financiamento de
Campanha e a
Criação do Partido
das Sombras
N
o início dos anos 90, Soros se aproximou de Bill
e Hillary Clinton. ("Eu tenho agora um canal de
acesso direto à administração [Clinton]", gabou-
se em 1995. "Não há dúvida sobre isso. Na
verdade, nós trabalhamos juntos, como uma
equipe"1. Uma área de estreita colaboração entre os Clinton
e Soros foi a de Serviços de Saúde. Soros tinha [em mente]
sua própria reforma, promovida pelo Open Society Institute,
que ele considerava compatível com as iniciativas
conhecidas por HillaryCare. Ele a chamou, com a franqueza
característica, de O Projeto da Morte na América2. Seu
raciocínio era humanitário: incorporar hospícios e cuidados
“paliativos” ao sistema de saúde americano. Mas seu
objetivo principal era mais pragmático: racionar assistência
médica para pacientes terminais e gravemente enfermos
para os quais a atenção médica resultavam em baixo custo-
benefício e que, portanto, era um fardo para o sistema. Esse
foi o predecessor dos "painéis da morte” do ObamaCare, os
quais receberam inúmeras críticas da direita política na
década seguinte.
Ao longo de um período de dez anos, o Open Society
Institute despejou US$ 45 milhões para O Projeto da Morte na
América.3 4
Mas Soros estava menos preocupado com o fato
de que sua iniciativa não foi recompensada imediatamente
do que pela forma com que tais reformas socialmente
progressistas foram derrotadas nos Estados Unidos devido a
uma liberdade de expressão desregrada. A derrocada do
HillaryCare gerou nele uma epifania de como o sistema
político deveria mudar para que as ideias progressistas
triunfassem5.
A proposta dos Clinton de nacionalizar o sistema de
saúde foi arruinada em grande parte por uma campanha
publicitária na televisão com “Harry e Louise”, atores
interpretando um típico casal americano expressando suas
preocupações em uma série de anúncios televisivos sobre
as implicações de uma estatização da medicina. A
campanha custou US$ 14 milhões, uma pequena quantia
comparada ao que conseguiu — arruinar a iniciativa mais
importante da nova administração6. A lição que Soros tirou
da experiência foi que ele estava colocando a carroça na
frente dos bois. Antes de injetar dinheiro em reformas, ele
deveria se livrar do discurso político não regulamentado que
sempre estaria no caminho dos tipos de soluções
progressistas (isto é, socialistas) para os problemas sociais
que ele considerava críticos para o futuro da América e do
mundo.
Havia uma solução em discussão: a reforma do
financiamento de campanha. Esta pairava na política
7
americana com urgência decrescente desde o Watergate ,
mas ainda era, com o passar dos anos, uma reforma sem
um eleitorado. Trabalhando com outros interessados nessa
questão, Soros usaria a rede institucional que começava a
construir para criar a ilusão de um movimento de massas
para que os membros do Congresso sentissem que em toda
parte que olhassem — instituições acadêmicas, comunidade
empresarial, grupos religiosos — haveria um clamor pela
reforma do financiamento de campanha8.
Nos anos subsequentes, Soros doaria US$ 12,6 milhões
para a causa da reforma do financiamento de campanhas
por meio do Open Society Institute e estimularia outras
instituições filantrópicas interessadas, entre as quais o Pew
Charitable Trusts teve um papel crucial, a acelerar seu
9
compromisso com essa cruzada . O rolo compressor que ele
ajudou a formar concederia grandes concessões a meios de
comunicação como o National Public Radio para dar
publicidade [positiva] à causa10, e a instituições como o
Brennan Center da Universidade de Nova York para fazer a
pesquisa jurídica, por mais inverídica que ela tenha se
provado mais tarde, que tentaria justificar a
11
regulamentação do discurso político .
Tudo isso foi recompensado em 2002 com a Lei McCain-
Feingold (Soros também financiou McCain), que propôs a
moralização da política por meio da regulamentação das
quantias e dos tipos de doações que os candidatos
poderiam receber. A legislação proibia a contribuição
"indireta” (contribuições individuais não regulamentadas) e
permitia apenas a contribuição "direta” limitada
12
(contribuições para comitês de ação política) . Soros viu
imediatamente que o principal efeito da nova lei seria
duplo: restringiria o uso do tipo de propaganda na TV que
havia aniquilado o HillaryCare; e, finalmente, limitaria a
influência dos dois partidos políticos, que dependiam de
contribuições indiretas como sua fonte principal de
financiamento. Isso daria a Soros a abertura para intervir
com sua rede abastada e assumir o controle das campanhas
políticas dos democratas. Isso seria feito canalizando
dinheiro para a política por meio das pretensas
"organizações 527", assim nomeadas por causa da seção do
código do IRS que permite que elas se registrem na
Comissão Eleitoral Federal. Soros poderia usar essas
organizações para desempenhar as funções — propaganda
política, operações de obtenção de votos13 — anteriormente
sob o controle do Partido Democrata, que agora não tinha
dinheiro para custeá-las14.
A lei McCain-Feingold secou definitivamente a fonte do
Partido Democrata (e do Partido Republicano também) e
permitiu a Soros se aproveitar da situação e criar um
partido clandestino composto por 527 entidades
financiadoras, organizações radicais de obtenção de votos
15
como a ACORN e sindicatos do setor público para
16
implementar a agenda política de Soros .
A reação nacional aos acontecimentos de 11 de
setembro de 2001 convenceu Soros de que ele precisava
pôr seu plano em prática imediatamente. Ele viu os ataques
terroristas como uma confirmação de que o que ele
chamava de “supremacia americana” era o problema
número um no mundo17. Soros detestava o que percebia
como a arrogância que o presidente demonstrava quando
publicamente classificava os inimigos dos EUA como
“malignos”; quando o presidente expressava, sem
cerimônias, sua fé no excepcionalismo americano; e quando
ele se recusou a considerar a possibilidade de que os
terroristas tivessem ressentimentos reais e que o
imperialismo norte-americano fosse o principal responsável
pelos ataques.
Soros insistiu que a resposta adequada de longo prazo
ao 11 de Setembro seria a de os Estados Unidos lançarem
uma guerra global contra a pobreza enviando enormes
quantidades de doações a regiões empobrecidas ao redor
do mundo onde o terrorismo florescia. O terrorismo,
segundo Soros, era o resultado de uma “crescente
desigualdade entre ricos e pobres, tanto internamente
quanto entre os países"18.
Antes do 11 de Setembro, Soros considerava a
filantropia uma forma de mudar gradualmente os serviços
de saúde, a condenação penal, as leis sobre drogas e outras
questões sociais que considerava importantes. A direção em
que ele queria conduzir os Estados Unidos estava clara nas
agendas extremistas dos grupos que financiava há quase
uma década por meio de seu Open Society Institute. Essas
agendas poderiam em essência ser resumidas em três
temas primordiais, a diminuição do poder americano, a
submissão da soberania americana em favor de um governo
mundial e a implementação de uma redistribuição socialista da
riqueza — tanto dentro dos EUA quanto mundo afora.
Mas agora Soros decidiu que o mundo estava em perigo
devido ao imperialismo americano e era essencial mudar o
país em seus alicerces, da noite para o dia e não ao longo
do tempo. Ele acreditava que as eleições de 2004
ofereceriam a melhor oportunidade para “baixar a bola dos
supremacistas americanos"19. Mas, para conseguir isso,
seria necessário um aparato político nunca antes visto nos
Estados Unidos; uma rede que além de adquirir uma
influência profunda e duradoura, agiria de maneira tão
dissimulada que os americanos mal saberiam o que estava
acontecendo.

NOTAS

1.Entrevista com George Soros, The Charlie Rose Show, PBS (30 de novembro de
1995).

2.www.capitairesearch.0rg/pubs/pdf/x3770435801.pdf

3.Do inglês "The project on death in America". (N. do T.)

4.www.soros.org/resources/articles_publications/publications/
report_2004H22/a_complete.pdf

5.HOROWITZ, David; POE, Richard, The Shadow Party, 2006, pp.131-136.

6.www.nytimes.c0m/2009/07/17/business/media/17adco.html

7.Escândalo de espionagem política ocorrido em 1972 no hotel de onde provém


seu nome e que culminou com a renúncia do então presidente Richard Nixon.
Mais informações em https://www.bbc.com/
portuguese/noticias/20i2/o6/i2o6i5_artigo_campbell_rp. (N. do E.)

8.www.richardpoe.com/2005/03/25/pewgate-the-battle-of-the-blogosphere/

9.Ryan Sager, "Buying 'Reform’: Media Missed Millionaires’ Scam," New York
Post, i7/mar/2005

10..Ibidem.

11.David Tell, "An Appearance of Corruption: The Bogus Research Undergirding


Campaign Finance Reform," The Weekly Standard, 26/mai/2003.

12.www.fec.gov/press/bkgnd/bcra_overview.shtml
13.“Get-out-the-vote” em inglês. Como o voto nos EUA não é obrigatório,
algumas organizações existem para convocar e convencer eleitores a
comparecerem no dia da eleição. (N. do T.)

14.www.discoverthenetworks.org/viewSubCategory.asp?id=8i3

15.ONG fundada e presidida por George Soros. Mais informações em


https://capitalresearch.org/article/the-george-soros-acornconnection/ e
https://www.redstate.com/diary/anitamoncrief/ 2on/oi/o3/the-sinister-soros-
acorn-connections-you-arent-su-pposed-to-notice/. (N. do E.)

16.www.discoverthenetworks.org/Articles/theshadowparty-poe2004.html

17.Soros (2004), p. 74; www.canadafreepress.com/index.php/arti-cle/19648

18.Op. cit., p. 94.

19.Op cit., p. 74.


A Primeira
Eleição: 2004
N
ão houve anúncio oficial quando o Partido das
Sombras foi lançado em 17 de julho de 2003 em
El Mirador — a propriedade de George Soros em
Southampton, Long Island. Mas esse foi o
evento mais significativo na política americana
em décadas. Nesta reunião de estrategistas políticos,
doadores abastados, sindicalistas de esquerda e ativistas
progressistas, Soros expôs seu plano para derrotar George
Bush na eleição presidencial de 2004. Estavam presentes
personalidades da gestão de Clinton, como a ex-secretária
de Estado Madeleine Albright e o ex-chefe de gabinete da
Casa Branca, John Podesta; ao lado deles estavam ativistas
“progressistas” como Ellen Malcolm, fundadora e presidente
da EMILY'S List; Carl Pope, diretor executivo do Sierra Club,
junto com grandes doadores como o herdeiro do Taco Bell,
Rob McKay; o presidente da RealNetworks, Rob Glaser e o
magnata da Progressive Insurance Peter B. Lewis1.
Os agentes políticos que Soros havia contratado para
assessorar a empreitada acreditavam que Bush poderia ser
derrotado em 2004 se houvesse uma participação maciça
de eleitores democratas nos Estados decisivos2 3. Soros
prometeu os US$ 10 milhões necessários para financiar uma
organização que se chamaria America Coming Together. Um
grupo de militância de base projetado para coordenar a
campanha maciça do Partido das Sombras, o America Coming
Together arrecadaria o dinheiro que permitiria o envio de
dezenas de milhares de voluntários para bater em portas e
fazer telemarketing eleitoral, apostar no trabalho de
sindicatos de esquerda, de ambientalistas e ativistas dos
direitos abortivos em uma ofensiva política sem
precedentes. Quando Soros assumiu seu compromisso, de
acordo com reportagens que vazaram do encontro de
Southampton, Peter Lewis investiu US$ 10 milhões, Rob
Glaser deu US$ 2 milhões e Rob McKay colocou US$ 1
milhão4.
Logo após esta reunião de cúpula, Soros também doou
US$ 3 milhões para o novo think tank5 de John Podesta, o
Center for American Progress, que funcionaria como o Estado-
Maior da rede de instituições que formariam o Partido das
Sombras.6 E finalmente, Soros convocou o desenvolvedor de
softwares da Califórnia, Wes Boyd, para uma reunião em seu
escritório em Nova York. Além de ter ganho uma fortuna no
Vale do Silício, Boyd também foi o criador do site de
extrema-esquerda MoveOn.org7 que ele fundou durante o
processo de impeachment de Clinton para fazer a nação
"seguir em frente" para "questões mais importantes" e
desde então criou uma vaquinha online para candidatos
democratas de esquerda. Soros ofereceu a Boyd um acordo.
Ele e Peter Lewis iriam desembolsar US$ 5 milhões para
qualquer fundo que Boyd levantasse para expandir o
alcance do MoveOn em 2004.8
Depois que todas essas negociações foram concluídas,
Soros concordou em ser entrevistado pelo Washington Post.
“Os EUA sob a administração Bush são um perigo para o
mundo", declarou ele. “Derrubar Bush é a prioridade
máxima de minha vida (...). E estou disposto a apostar meu
dinheiro nessa ideia”9.
Embora o investimento de Soros fosse expressivo, antes
de mais nada foi um catalisador que inspirou outros
doadores de esquerda a levar a nova rede a sério. Como
observou o jornalista Byron York, “depois que Soros assinou,
as contribuições começaram a aparecer"10. A America Coming
Together e o Media Fund , organização destinada a combater
a “guerra midiática" da televisão nas próximas eleições,
arrecadou cerca de US$ 200 milhões depois que Soros se
comprometeu com seus US$ 20 milhões. Esse tipo de
financiamento concentrado e ação intensa foi sem
11
precedentes na política americana .
No início de 2004, pouco menos de seis meses após a
reunião na propriedade de Soros, o Partido das Sombras tomou
forma. Sua infraestrutura era composta por sete
organizações sem fins lucrativos. Além da America Coming
Together, da MoveOn.org e do Center for American Progress de
Podesta, a rede incluía a America Votes12, o Media Fund13 a
14 15
Joint Victory Campaign 2004 e o Thunder Road Group.
Ostensivamente "independentes” umas das outras, essas
organizações trabalhariam em sincronia para derrotar Bush
e implantar uma agenda progressista no Partido Democrata.
O Partido das Sombras era um pacote completo. O Center
for American Progress [CAP], era um think tank para explorar as
causas prioritárias, em especial o poder crescente dos
conservadores, como percebido por Soros (O CAP
imediatamente lançou o Media Matters como um site de
ataque para difamar e desacreditar os membros da mídia
conservadora, especialmente aqueles em programas de
rádio e de TV a cabo16. A America Votes, referida por um de
seus funcionários como uma "coalizão monstruosa", foi
projetada para coordenar as ações de todos os grupos de
esquerda que faziam o trabalho de base para derrotar Bush
— da ACORN ao Planned Parenthood Action Fund e do Sierra Club
à American Federation of Teachers e ao Service Employees
International Union. Ela administraria a “guerra terrestre”
contra Bush, ajustando as particularidades até o nível dos
distritos.
A Joint Victory Campaign 2004, formada pelo antigo agente
de Clinton, Harold Ickes Jr.17, era a arrecadadora de fundos
para o Partido das Sombras. Chegaria a canalizar mais de US$
57 milhões para a rede do Partido das Sombras, US$ 19,4
milhões para a America Coming Together, que focava em
táticas de alta pressão para registrar eleitores e levá-los às
urnas, e outros US$ 38,4 milhões para o Media Fund ,
também criado por Ickes, que supervisionava a ofensiva de
18
anúncios televisivos contra Bush nos estados decisivos .
Consequentemente, 0 Media Fund iria gastar mais do que o
Comitê Nacional Democrata e moldar a mensagem política
da campanha presidencial de Kerry-Edwards.
O Thunder Road Group era o núcleo duro do Partido das
Sombras e seu quartel-general não oficial, coordenando
estratégias para o Media Fund, a America Coming Together, o
Trial Lawyers of America; o Defenders of Wildlife Action Fund; a
EMILY’s List; o Human Rights Campaign; a League of Conservation
Voters; a NAACP; o NARAL Pro-Choice America; a National
Education Association; o People for the American Way; a Planned
Parenthood; o Service Employees International Union; e o Sierra
Club19 e a America Votes por meio de planejamento
estratégico, boca de urna e dossiês da oposição.
Além de seus sete membros fundadores, o Partido das
Sombras também abrigou em sua penumbra pelo menos
outros 30 grupos ativistas de esquerda bem consolidados e
sindicatos de trabalhadores que participaram da America
Votes Coalition. Entre os mais conhecidos destes estavam a
ACORN, o AFL-CIO, a American Federation of Teachers, o então
governador da Association of New Mexico —, o democrata Bill
Richardson, observou que esses grupos eram “cruciais”
para o esforço anti-Bush. Por causa da lei de reforma do
financiamento de campanha incorporada no McCain-Fein-
gold, Richardson observou que as organizações do Partido
das Sombras haviam se tornado "o substituto do Partido
Democrata nacional”20. E nenhum doador investiu mais
nessas organizações — ou em derrotar o presidente Bush —
do que Soros, que contribuiu com US$ 27.080.105 de seus
21
fundos pessoais durante o ciclo eleitoral de 2004 . A
Reforma do Financiamento de Campanha levou à maior
infusão de dinheiro na política da história americana, e o
dinheiro foi gerenciado por Soros.
Em novembro de 2004, o Partido das Sombras chegou a
ficar poucos milhares de votos em Ohio aquém de obter
uma vitória nas eleições nacionais. Mas, mesmo na derrota,
sua alteração do panorama político americano foi profunda.
Ao pressionar pela reforma do financiamento de campanha,
Soros cortou o fornecimento de contribuição indireta dos
democratas. Ao formar o Partido das Sombras, ele forneceu
aos democratas uma fonte alternativa de financiamento —
uma que ele e as instituições que criou controlavam. Ele
estava em condições de definir a agenda do partido e
também de expurgar a pequena minoria de remanescentes
moderados que sobreviveram ao golpe de 1972 de
McGovern e planejar a próxima eleição para determinar o
futuro americano.

NOTAS

1. www.richardp0e.c0m/2005/10/06/part-1-the-shadow-party/

2. Ibidem.

3. "Swing State": estados sem um candidato com maioria clara nas eleições. Por
isso são alvos de intensa campanha por todos os candidatos e acabam
decidindo o resultado (N. do T.).

4. www.richardpoe.com/2005/10/06/part-1-the-shadow-party/

5. Laura Blumenfeld, “Soros's Deep Pockets vs. Bush”, The Washington Post,
ii/nov/2003.

6. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6709

7. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=620i

8. www.richardpoe.c0m/2005/10/06/part-1-the-shadow-party/

9. Laura Blumenfeld, "Soros's Deep Pockets vs. Bush”, The Washington Post,
n/nov/2003.

10. YORK, Byron, The Vast Left-Wing Conspirac Penguin Random House Canada-.
Toronto, ON, 2005, p. 86-87.

11. Ibid.
12. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6527

13. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=67i2

14. www.discoverthenetworks.org/funderprofileasp?fndid=5342&-category=79

15. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=67i3

16. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7i50

17. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7i50

18. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid= 1624

19. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6527

20. Jeffrey H. Bimbaum, "The New Soft Money," Fortune, 27 de outubto de 2003.

21. YORK, Byron, The Vast Left-Wing Conspiracy, op. cit, 2003, p. 8.
2º Round:
A Aliança Democrata
E
nquanto Soros se perguntava qual deveria ser
seu próximo passo depois da reeleição de Bush,
a resposta veio — um tanto inesperadamente —
do agente político democrata Rob Stein, que
desempenharia um papel central no '‘Colorado
Miracle", um dos maiores triunfos do Partido das Sombras e
um exemplo para seu plano nacional.
Nos dois anos anteriores, Stein trabalhava em um
universo paralelo ao que Soros havia criado para a eleição
de 2004. Lamentando sentir-se como se estivesse “em um
país de partido único” depois que os republicanos
conseguiram oito assentos na Câmara e dois assentos no
Senado nas eleições de 2002, Stein estudou o movimento
conservador para determinar o porquê de estarem
vencendo a batalha política1.
Depois de um ano de análise, ele concluiu que algumas
influentes fundações de famílias abastadas à direita —
especialmente Scaife, Bradley, Olin e Coors — criaram think
tanks como Heritage Foundation e American Enterprise Institute e
subsidiaram o trabalho de certos intelectuais (como Charles
Murray, cujos escritos haviam desencadeado o movimento
para acabar com o assistencialismo social), e conseguiram
moldar o debate público de uma forma que era
desproporcional ao seu investimento relativamente modesto
(e descoordenado).
Stein mostrou sua análise em uma apresentação
detalhada em PowerPoint intitulada “A matriz de dinheiro da
máquina de mensagens conservadora”, que mapeou, em
detalhes minuciosos, embora exagerados, as estratégias de
rede e as fontes de financiamento do movimento
conservador2. Ele mostrou essa apresentação — sobretudo
em reuniões privadas — para líderes políticos, ativistas e
possíveis doadores de esquerda. Ele esperava inspirá-los a
se unirem à sua cruzada para construir uma nova
organização que atuasse como uma central de angariação
de fundos dedicada a compensar os esforços de
financiadores conservadores e injetar nova vida no
movimento progressista.
Stein acertou em cheio quando mostrou sua
apresentação para Soros no início de 2005. Depois de ver a
apresentação e conversar com Stein, o bilionário preparou
outra reunião de cúpula em abril. O local foi em Phoenix,
Arizona, mas, tirando este detalhe, lembrava a reunião de
elite um ano e meio antes, na propriedade de Soros em
Southampton. Desta vez, Soros reuniu 70 ativistas ricos,
escolhidos a dedo e com uma visão de mundo idêntica à
sua, que concordaram que a política conservadora
representava “uma ameaça fundamental ao modo de vida
3
americano" e estavam prontos para fazer algo a respeito .
Assim nasceu a Democracy Alliance (DA).
Esta seria a mais exclusiva de todas as instituições do
Partido das Sombras. Os “Parceiros” da Aliança, recrutados
apenas por convite, pagariam uma taxa inicial de US$
25.000 e, posteriormente, US$ 30.000 em contribuições
anuais. Eles também foram obrigados a doar pelo menos
US$ 200.000 por ano para grupos endossados pela Aliança.
Os doadores deveriam “despejar" essas doações
obrigatórias em uma ou mais das quatro categorias do DA
das quais Rob Stein se referia como: ideias, mídia,
treinamento de liderança e engajamento cívico. O dinheiro
deveria então ser distribuído para grupos de esquerda
4
aprovados em cada uma dessas categorias .
Quase patologicamente reservada a respeito de seus
5
membros, acredita-se que a Democracy Alliance consiste em
pelo menos 100 parceiros doadores. O Capital Research Center
conseguiu compilar os nomes de alguns dos atuais e ex-
parceiros mais importantes da DA, a maioria com laços com
Soros que se estendem além da participação na Democracy
Alliance.6 Entre eles estão Peter Lewis, Rob Glaser e Rob
McKay, os primeiros financiadores da America Coming
Together; Tim Gill, um grande financiador de grupos de
direitos dos homossexuais, como a Gay; Lesbian, and Straight
Education Network, também financiada por Soros; o produtor
de televisão Norman Lear, fundador da People for the American
Way; o fundador e CEO da Tides Foundation, Drummond Pike.
Nenhuma doação foi prometida no encontro da
Democracy Alliance em abril de 2005 em Phoenix, mas em
uma reunião de Atlanta três meses depois, os parceiros da
DA prometeram US$ 39 milhões — cerca de um terço da
quantia vieram de George Soros e Peter Lewis7. Como a DA
se absteve, em grande parte, de fornecer informações sobre
sua arrecadação ou doação, apenas uma pequena
porcentagem de seus beneficiários é conhecida do público.
Assim, é impossível determinar com precisão quanto
dinheiro a DA desembolsou desde a sua fundação. A maioria
das estimativas, no entanto, coloca a quantia em mais de
US$ 100 milhões (o “Parceiro” Simon Rosenberg, fundador
da New Democrat Network, afirmou em agosto de 2008 que a
DA já havia “arrecadado centenas de milhões de dólares
8
para organizações progressistas") . Os beneficiários incluem
organizações como ACORN e Air America, um esforço
condenado ao fracasso de se criar uma versão de esquerda
de talk radio, junto com organizações do Partido das Sombras,
como o Center for American Progress, America Votes, e Media
Matters.
Nos três anos seguintes à sua fundação, a Democracy
Alliance implantaria filiais em muitos outros estados, mas
sua aposta mais bem-sucedida foi no Colorado, onde a
Colorado Democracy Alliance financiou empreendimentos tão
variados quanto think tanks de esquerda, grupos de
“fiscalização" da mídia, grupos de ética que deram origem
ao tal litígio de interesse público, grupos de mobilização de
eleitores, meios de comunicação que atacam conservadores
9
e centros de treinamento de liderança progressista . O
resultado foi o 'Colorado Miracle", que alcançou o equivalente
político de uma operação de mudança de sexo ao
transformar um estado tipicamente republicano em
democrata.

NOTAS

1. www.humanevents.com/article.php?print=yes&id=8738

2. www.humanevents.com/article.php?print=yes&id=8738

3. www.washingtontimes.com/news/2009/mar/15/fundraiser-seekscash-for-his-
own-war-chest/print/ ; www.capitalresearch.org/news/news.html?id=55i%20
4. www.democracyalliance.org/membership%20; www.capitalre-
search.org/news/news.html?id=55i%20

5. Organização cuja finalidade é disseminar o "progressismo” pelos EUA (N. do


E.).

6. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1228145204.pdf; www.capi-
talresearch.org/news/news.html?id=55i%20

7. www.capitalresearch.org/news/news.html?id=55i%20

8. www.capitalresearch.org/news/news.html?id=55i%20;
http://www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1228145204.pdf

9. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1228145204.pdf
Radicalizando a
América, Um Partido
e Um Estado por vez
A
penas dois meses após o Partido Democrata ter
conquistado o controle de ambas as casas do
Congresso nas eleições de novembro de 2006,
George Soros e o então presidente da SEIU
(Service Employees International Union,1 Andrew
Stern, criaram o Working for Us (WFU), um PAC (comitê de
ação política) pró-democrata. Este grupo não parece
favorável aos democratas moderados. Em vez disso, visa
“eleger legisladores que apoiam uma agenda política
progressista” — código para a esquerda política2. A WFU
publica os nomes do que chama de “Maiores Traidores”
entre os congressistas democratas que fracassam em
apoiar as prioridades esquerdistas como a lei de “salário
digno” (um programa socialista para elevar o salário mínimo
a níveis potencialmente ilimitados), a proliferação de
sindicatos trabalhistas do setor público e um sistema único
de saúde que aumentaria o controle governamental sobre a
saúde de todos os americanos. Mirando os democratas do
Congresso cujos registros de votação “são mais
conservadores que seus distritos”, a WFU adverte que
3
“nenhum voto ruim será ignorado ou impune” .
Em um esforço para promover a redistribuição de renda
em grande escala por meio de aumentos de impostos para
os que ganham mais, a WFU defende políticas que
reduziriam o abismo econômico entre ricos e pobres. O
diretor executivo do grupo é Steven Rosenthal, um veterano
ativista democrata com vínculos profundos com o governo
Clinton e co-fundador da America Corning Together, de Soros.
Segundo Rosenthal, a WFU “incentivará os democratas a
agirem como democratas — e se não o fizerem, é melhor
que saiam do caminho"4
Para o Partido das Sombras o que aconteceu no Colorado
foi como um experimento de laboratório, fornecendo o
modelo para que ardis semelhantes fossem replicados em
outros estados decisivos que experimentaram mudanças
demográficas e “revoluções culturais” parecidas.
Já em agosto de 2005, quando a Democracy Alliance
estava apenas engatinhando, o Open Society Institute de Soros
elaborou um projeto chamado Progressive Legislative Action
Network, ou PLAN, cujo objetivo era fornecer aos
parlamentares estaduais um “modelo” de lei pré escrito que
refletisse a agenda esquerdista5. Um ano depois, três
membros da Democracy Alliance deram o próximo passo na
tentativa do Partido das Sombras de tomar as rédeas do poder
em nível nacional, lançando uma nova iniciativa da maior
importância chamada Secretary of State Project (SoSP), que foi
criada como uma “organização 527” independente,
dedicada a ajudar os democratas a vencer as eleições para
Secretário de Estado em estados "decisivos” cruciais, onde
a margem de vitória nas eleições presidenciais de 2004 foi
6
de 120.000 votos ou menos .
Por que o foco no secretário de Estado, tradicionalmente
considerado um dos trabalhos menos importantes no
governo do estado? Porque quem preenche esta posição
serve como diretor executivo eleitoral que certifica não
apenas candidatos como também os resultados da eleição
7
em seu estado . O detentor deste cargo, então, pode
potencialmente desempenhar um papel decisivo na
determinação do vencedor de uma eleição apertada.
A ideia do Secretary of State Project surgiu logo após a
eleição de 2004, quando o Partido das Sombras culpou o então
secretário de estado de Ohio, Kenneth Blackwell, um
republicano, pela derrota de John Kerry. Blackwell havia
decidido que Ohio, que proporcionou a vitória eleitoral de
George W. Bush (por uma margem de votos relativamente
pequena de 118.599 votos), não contaria as cédulas
provisórias8 — mesmo aquelas submetidas por eleitores
devidamente registrados — se tivessem sido apresentadas
no recinto errado. Embora a Corte de Apelações para o 6º
Circuito tenha apoiado a decisão de Blackwell no final, os
membros fundadores do Secretary of State Project receberam a
decisão com a mesma amargura que sentiam pela
recontagem da Flórida em que o vice-presidente Al Gore
perdeu para George Bush nas eleições de 2000, e que foi
apurada pela secretária de Estado republicana Katherine
Harris. Resumindo suas ações, o analista político Matthew
Vadum escreveu que tanto os líderes e militantes do
Secretary of State Project também “acreditam piamente que as
secretárias de Estado de direita ajudaram o Partido
Republicano a roubar as eleições presidenciais na Flórida
em 2000 (...) e em Ohio em 2004”9.
Para estabelecer uma “proteção eleitoral” contra
resultados semelhantes em disputas eleitorais
subsequentes, o Secretary of State Project concentrou seus
esforços de financiamento em 2006 nas eleições para
secretário de Estado em sete estados decisivos — Iowa,
Minnesota, Nevada, Novo México, Ohio, Colorado e
10
Michigan . O USA Today viu o resultado, mesmo que não
tenha compreendido o maquinário sombrio que o havia
produzido: "A batalha política pelo controle do governo
federal abriu uma nova frente: os escritórios estatais
obscuros, mas vitais, que determinam quem vota e como
esses votos são contados"11.
 
Devido à natureza relativamente banal da maioria das
funções do secretário de Estado, os candidatos a esse cargo
tendem a atrair menos e menores doações do que a maioria
das campanhas estaduais. Consequentemente, mesmo uma
modesta injeção de dinheiro de apenas um punhado de
doadores experientes e comprometidos podem pender a
12
balança . Em 2006, a SoSP arrecadou um total de US$
500.000 para os candidatos a secretário de Estado que
apoiou — uma pequena quantia pelos padrões tradicionais
de arrecadação eleitoral, mas uma quantia significativa em
comparação com as somas que os candidatos em média
arrecadaram no passado. Os democratas saíram vitoriosos
em cinco dessas sete disputas escolhidas — fracassando
apenas em Michigan e Colorado (onde ganharam dois anos
depois como parte do “Colorado Miracle"). O Politico.com viu o
significado do Secretary of State Project, quando o descreveu
como “um firewall administrativo” projetado, "na expectativa
de uma eleição presidencial com tira-teima", para proteger
os interesses eleitorais dos democratas nos (...) mais
13
importantes estados decisivos" .
Uma beneficiária do financiamento do Projeto Secretário
de Estado em 2006 foi a democrata Jennifer Brunner, de
Ohio, que derrotou o desafeto do Partido das Sombras, o
republicano Ken Blackwell. Brunner fez sua influência ser
sentida de várias maneiras durante a corrida eleitoral de
2008. Ela decidiu, por exemplo, que os residentes de Ohio
deveriam, durante o período designado de votação
antecipada, que se estenderia do final de setembro ao início
de outubro, ser permitidos a se registrarem e votarem no
mesmo dia14. Brunner também procurou efetivamente
invalidar muitos dos cerca de um milhão de solicitações de
voto antecipado15 por correio que a campanha do candidato
presidencial republicano John McCain emitiu. Cada uma
dessas solicitações foi impressa com um campo de seleção
ao lado de uma declaração afirmando que o votante era um
eleitor registrado. Em um esforço destinado a suprimir os
votos à distância de eleitores republicanos, Brunner afirmou
que, se um remetente não preenchesse os campos —
mesmo que tenha assinado o formulário — o pedido poderia
ser rejeitado (a Suprema Corte de Ohio subsequentemente
revogou a diretiva de Brunner, alegando que ela não servia
16
“a nenhum propósito vital ou interesse público”) .
Outro beneficiário crucial no apoio do Secretary of State
Project em 2006 foi o democrata Mark Ritchie, que derrotou
um republicano eleito por dois mandatos em Minnesota.
Ritchie reconheceu sua dívida com o SoSP quando disse:
“Quero agradecer ao Secretary of State Project e seus milhares
de doadores de base por ajudar a alavancar minha
campanha para o topo"17. Um ex-coordenador de campo,
com vínculos profundos com a ACORN e com o extinto New
Party18 Ritchie, como Jennifer Brunner, teve um papel
fundamental em 2008.
Quando o senador republicano, Norm Coleman,
terminou com 725 votos à frente do rival democrata Al
Franken, a pequena margem de vitória desencadeou uma
recontagem automática. Com Ritchie no comando, a
liderança de Coleman gradualmente diminuiu nas semanas
seguintes como resultado do que o jornalista Matthew
Vadum descreve como uma longa série de “irregularidades
terríveis” que invariavelmente beneficiaram Franken. Por
exemplo, durante o processo de recontagem, várias cédulas
foram subitamente “descobertas” no carro de um juiz
eleitoral; um condado de Minnesota igualmente “descobriu”
100 novos votos para Franken e alegou que um erro
administrativo era responsável pelo fato de que eles não
haviam sido contados anteriormente; outro município
registrou 177 votos a mais do que havia registrado no dia
da eleição; no entanto, outro condado relatou 133 votos a
menos do que suas máquinas de votação originalmente
haviam tabulado. “Quase toda vez que novas cédulas se
materializavam, ou as contas eram atualizadas ou
corrigidas, Franken era beneficiado”, escreve Vadum19.
Além disso, pelo menos 393 criminosos condenados
votaram ilegalmente em dois condados de Minnesota20.
Quando a recontagem (e uma contestação judicial de
Coleman) terminou em abril de 2009, Franken tinha uma
liderança de 312 votos e em junho foi declarado
21
oficialmente o vencedor .

NOTAS
1. Um influente sindicato Americano conhecido pelo forte apoio ao Partido
Democrata (N. do T.).

2. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7342

3. Ibidem.

4. www.democraticunderground.com/discuss/duboard.php?az=-
view_all&address=364X3176510

5. Louis Jacobson, "New Organization to Push Liberal Measures”, Roll Call, 23 de


junho de 2005.

6. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1228145204.pdf;
www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7487

7. www.azsos.gov/info/duties.htm

8. Nos EUA há a possibilidade de adiantar o voto caso não for possível


comparecer às urnas no dia da eleição (N. do T).

9. http://spectator.org/archives/2008/11/07/sos-in-minnesota

10. http://spectator.org/archives/2008/11/07/sos-in-minnesota

11. www.usatoday.com/news/washington/2006-08-16-secretary-s-
tatedemocrats_x.htm

12. http://spectator.org/archives/2008/11/07/sos-in-minnesota

13. www.poiitico.com/news/stories/1008/15105.html

14. www.cbsnews.com/stories/2008/09/28/politics/main4483617.shtml?
source=RSSattr=U.S._4483617

15. De acordo com as leis dos Estados Unidos da América, o eleitor pode
antecipar seu voto via correios, caso não possa comparecer a um posto eleitoral
no último dia das eleições (N. do T.).
16. www.dispatch.com/live/content/local_news/stories/2008/09/i2/payday13.html

17. www.startribune.com/politics/34306799html?elr=KArks:D-
CiUHc3E7_V_nDaycUiD3aPc:_Yyc:aULPQL7PQLanch07DiU

18. http://spectator.org/archives/2008/11/07/sos-in-minnesota;
http://newzeal.blogspot.com/2010/11/mark-ritchie-file-2-min-nesota-sos.html

19. http://spectator.0rg/archives/2009/04/14/fighting-frankenstein/print

20. www.usnews.com/opinion/blogs/peter-roff/2010/07/20/Al-Franken-May-Have-
Won-His-Senate-Seat-Through-Voter-Fraud

21. http://tinyurl.com/6zelz9m
Soros e Obama
C
om organizações como a Democracy Alliance e
inovações eleitorais como o Secretary of State
Project em andamento, o Partido das Sombras
abordou a eleição presidencial de 2008 como
uma organização focada e integrada nunca
antes vista nos anais da política americana. Ele foi capaz de
usar a Internet para colocar as pessoas na rua; haviam think
tanks, organizações de mídia e vários órgãos de captação de
recursos construídos para funcionar sem problemas na nova
realidade criada pela reforma do financiamento de
campanha; tinha o programa de registro eleitoral mais
sofisticado (e, para o outro lado, supressão de votos), já
visto.
Era esperado por todos que Soros usaria o sistema
sofisticado que ele criara para tomar o poder nos bastidores
da candidatura de Hillary Clinton. Os dois tiveram um
relacionamento de cerca de 15 anos, afinal, envolvendo
uma visão em comum sobre a importância da socialização
da medicina como forma de expandir o poder do governo e
regular a vida social. Hillary começou as primárias,
inclusive, como a favorita consensual na luta pela indicação
do Partido Democrata. Mas em dezembro de 2006, Soros
convocou Barack Obama, eleito para o Senado dos Estados
Unidos apenas dois anos antes, para uma reunião em seu
escritório em Nova York. Apenas algumas semanas depois —
em 16 de janeiro de 2007, quando Obama anunciou que
formaria um comitê presidencial experimental — Soros
imediatamente enviou ao senador uma contribuição de US$
2.100, a quantia máxima permitida pelas novas leis de
financiamento de campanha que ele tanto havia se
empenhado em criar. Logo depois disso, Soros anunciou que
apoiaria Obama e não Clinton para a indicação presidencial
do Partido Democrata1.
Alguns membros do establishment ficaram surpresos pela
atitude de Soros com uma velha amiga. Mas a escolha de
Soros sempre foi ideológica, nunca pessoal. Obama não só
compartilhava todos os valores de Soros, incluindo seu
antagonismo com a Guerra do Iraque, mas também ganhou
proeminência no universo de organizações de redes de
esquerda que o Partido das Sombras havia criado. Comparado
a Hillary Clinton, ele era a melhor escolha, um político que
falava a língua de Soros e podia contar com a promoção das
pautas extremistas que lhe eram tão queridas. A campanha
de Obama foi logo montada, financiada e promovida pelo
pessoal das forças que Soros havia inserido na infantaria do
Partido das Sombras: os sindicatos de funcionários públicos de
esquerda, os bilionários progressistas e os radicais da
ACORN.
Algumas das pessoas que venderam Obama à América
se mudaram para o mundo provinciano do ativismo de
esquerda e de organização de base, surgindo de
organizações como a Midwest Academy,2 um importante
centro de treinamento de militantes fundado pelos fanáticos
3
veteranos dos anos 60, Heather e Paul Booth , ex-membros
do Students for a Democratic Society, que continuaram a luta
nas ruas quando seus companheiros Billy Ayers e sua
esposa Bernardine Dohrn, entraram na clandestinidade para
lançar a campanha de terror Weatherman4. Os Booth
escolheram uma forma mais gradual de revolução — cujas
diretrizes foram estabelecidas nas teorias extremistas de
Saul Alinsky5. A Midwest Academy, beneficiária de uma bolsa
do Open Society Institute de Soros, foi uma das organizações
em que Obama participou quando voltou para casa depois
6
de se formar na Harvard Law .
O futuro presidente também percorreu algumas das
organizações mais conhecidas, abrigadas sob o guarda-
chuva político do Partido das Sombras. A mais famosa — para
se tornar a mais notória no primeiro ano da presidência de
7
Obama — foi a ACORN , apoiada durante anos pelo Open
Society Institute de Soros e outros grupos do Partido das
Sombras".8 Sua agenda, nas palavras de um crítico, era
“redistributivismo anticapitalista", e um dos primeiros
empregos de Obama foi fazer o registro de eleitores para o
Project Vote, uma afiliada da ACORN9.
Na época, o presidente da SEIU, Andrew Stern, o Center
for American Progress de John Podesta, e outras figuras
importantes da rede de Soros sentavam-se no Conselho
10
Consultivo da ACORN . De sua parte, Obama, astutamente
ascendendo aos píncaros do universo político da esquerda
de Chicago, era o advogado dos principais casos de
legislação eleitoral da ACORN antes de ingressar no
11
legislativo de Illinois . Em 1995, atuando como advogado
da ACORN, Obama moveu uma ação para garantir a
12
implementação de uma lei de autodefesa em Illinois .
Quando a ACORN oficialmente apoiou a candidatura
presidencial de Obama em fevereiro de 2008, a campanha
do candidato deu a um dos grupos da ACORN US$ 800.000
para financiar uma campanha de registro de eleitores em
13
nome do senador . Em outubro, a ACORN estaria sob
investigação por fraude de registro eleitoral em 13
estados14. Na campanha de 2008, seguindo a estratégia do
Partido das Sombras para explorar o poder das instituições
dentro de sua rede, a campanha presidencial de Obama
forneceu ao Project Vote uma lista de doadores que já haviam
dado à campanha a quantia máxima permitida por lei. Por
sua vez, os representantes do Project Vote contataram os
doadores e pediram-lhes que dessem contribuições para o
Project Vote, que poderiam então usar para apoiar a
candidatura de Obama, enquanto cumprem tecnicamente
15
os limites da lei eleitoral sobre doações de campanha .
Nesse mesmo ano, o Open Society Institute deu ao Project Vote
US$ 400.00016.
Outro impulso para Obama veio da MoveOn. Essa
poderosa organização afiliada a Soros despachou
aproximadamente um milhão de voluntários para trabalhar
na campanha de Obama em todo o país — 600.000 em
estados decisivos e 400.000 nos estados restantes. Além
disso, a MoveOn registrou mais de meio milhão de jovens
apoiadores de Obama para votar nos estados decisivos,
acrescentando um milhão de jovens a suas listas de filiados
durante o verão de 2008. Ao todo, a MoveOn e seus
membros contribuíram com mais de US$ 58 milhões
diretamente para a campanha de Obama, ao mesmo tempo
em que arrecadava e gastava pelo menos mais US$ 30
milhões em medidas eleitorais independentes em nome de
outros democratas nos Estados Unidos17.

NOTAS

1. www.businessweek.com/magazine/content/07_43/b4055047.htm

2. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6725

3. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.aspPin-did=i64i;
www.discoverthenetworks.org/individualProfile. asp?indid=2501

4. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.aspPin-did=21ó9

5. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.aspPin-did=2314

6. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6725

7. www.nationaireview.com/corner/171642/obama-acom-cover/stanley-kurtz

8. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1225222922.pdf

9. www.nationalreview.com/articles/print/249390

10. http://newsbusters.org/blogs/tom-blumer/2009/09/21/acorn-
independentadvisory-council-member-stern-lets-loose-acorns-critic

11. www.nytimes.com/2008/10/11/us/politics/11acorn.html

12. www.nationaireview.com/artides/print/224610

13. http://tinyuri.com/4knn5r6

14. www.nationaireview.com/artides/225978/identification-requi-redderoy-
murdock

15. http://tinyurl.com/6ymmba4
16.
http://dynamodata.fdncenter.0rg//990pf_pdf_archive/137/137029285/137029285
_200812_990PF.pdf

17. http://techdailydose.nationaljournal.com/2008/11/obama-be-nefits-
frommoveons-88.php
O Partido das
Sombras na Casa
Branca
O
Partido das Sombras conseguiu realizar o sonho
de Soros de colocar seu homem na Casa
Branca. Com a posse de Obama, membros da
coalizão de Soros começaram a assumir cargos
de alto escalão na nova administração. Um
que logo atraiu atenção indesejada foi um autoproclamado
“comunista” chamado Van Jones, que passou seis meses
como o “czar dos eco-empregos” do novo presidente, em
2009, antes de as revelações sobre seu histórico o
obrigarem a renunciar e retornar à sua posição como
membro do Center for American Progress de John Podesta1.
Antes de se juntar a Obama, Jones chefiava o Ella Baker
Center for Human Rights, que recebeu mais de US$ 1 milhão
do Open Society Institute para defender que o sistema de
justiça criminal norte-americano era racista e promover
“alternativas à violência e ao encarceramento”2. Ao longo
dos anos, Jones foi membro do conselho de várias
organizações sem fins lucrativos financiadas pelo Partido das
Sombras, incluindo o grupo ambientalista de extrema
esquerda Apollo Alliance, que foi lançado pela Tides
Foundation, ligada a Soros, e pelo Center for American Progress
3
de Podesta . Jones entendeu o recado do Partido das Sombras,
pois muitas vezes incitou seus colegas de esquerda “a
renunciar à satisfação barata da pose de comunista radical
pela satisfação profunda de fins extremistas”4.
Uma figura chave no Partido das Sombras que entrava na
Casa Branca de Obama pela porta da frente era o
onipresente Andrew Stern, um veterano da Nova Esquerda
que comandava a SEIU, a segunda maior organização
trabalhista dos Estados Unidos. Treinado nas táticas de
ativismo radical na Midwest Academy, Stern havia trabalhado
com Soros para formar a America Votes para comandar a
guerra eleitoral pelo ingresso de Kerry-Edwards em 2004.
Em 2008, o SEIU da Stern contribuiu com US$ 60,7 milhões
para ajudar a eleger Barack Obama para a Casa Branca —
empregando 100.000 voluntários durante a campanha5. Em
30 de outubro de 2009, pouco mais de oito meses após a
posse de Obama, o chefe do sindicato havia visitado a Casa
Branca 22 vezes — mais do que qualquer outro indivíduo6.
Quase em todos os lugares em que se olhasse para a
nova administração, os membros do círculo interno de Soros
proliferaram. O principal estrategista e conselheiro
presidencial, David Axelrod, que mais do que qualquer um
era responsável pelas eleições de Obama, primeiro ao
Senado e depois à presidência, recebeu mais de US$ 200
mil para sua consultoria política durante as eleições de
7
2004 pelo Media Fund do Partido das Sombras.
Carol Browner, nomeada por Obama como sua “czar do
meio ambiente”, era membro do conselho da Alliance for
Climate Protection, do Center for American Progress e da League of
8 9
Conservation Voters — todos financiados por Soros . Anna
Burger, do SEIU, chamada de “a mulher mais poderosa do
movimento trabalhista" pela revista Fortune e vice-
presidente da Democracy Alliance, foi nomeada para o
Conselho Consultivo para Recuperação Econômica de
Obama121. Kevin Jennings, que estabeleceu a Gay, Lesbian
and Straight Education Network (GLSEN), uma organização da
área de Boston financiada pelo Open Society Institute, foi
10
nomeada de “czar da educação” .
Com membros do Partido das Sombras desempenhando
papéis centrais, a Casa Branca de Obama começou a
implementar uma agenda ideológica logo após a posse, que
envolveu muitas das pautas com a cara de George Soros.

NOTAS

1. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=2406.

2. www.ellabakercenter.org/page php?pageid=i9&contentid=151.

3. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=2406.

4. www.nationalreview.com/articles/228741/alinsky-does-afgha-nistan/andrew-c-
mccarthy.

5. http://artides.iatimes.com/2009/iun/28/nation/na-stern28

6. www.capitalresearch.org/pubs/pdf/v1259611404.pdf

7.
www.americanthinker.com/biog/2010/09/the_sorosaxeirod_axis_of_astro.html;ww
w.politico.com/blogs/bensmith/0910/Axelrod_and_the_outside_groups.html

8. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=2364

9. www.seiu.org/a/ourunion/anna-burger.php; www.discoverthe-
networks.org/individualProfile.asp?indid=2445

10. www.huffingtonpost.com/kevin-jennings; www.discoverthene-


tworks.org/individualProfile.asp?indid=2426
Estimulo
P
oucos dias após a eleição de Obama; Soros
declarou:
Acho que precisamos de um grande pacote
de subsídios que forneça fundos para os
governos estaduais e municipais manterem seus
orçamentos — porque eles não têm a permissão da
Constituição para incorrer em déficit. Para um programa
como esse ser bem-sucedido, o governo federal precisaria
fornecer centenas de bilhões de dólares. Além disso, outro
programa de infraestrutura se faz necessário. No total, o
custo seria de 300 a 600 bilhões de dólares (...)1.
Logo depois, como um dos primeiros atos de sua
presidência, Obama pressionou o Congresso a aprovar uma
monumental lei de estímulo econômico de US$ 787 bilhões
com um texto de 1.071 páginas que poucos legisladores, ou
nenhum, leram antes de votar. Foi baseado no preceito da
extrema esquerda de usar a crise social para criar
mudanças radicais, que os grupos alinsqueanos do passado
de Obama transformaram em um teorema e que o chefe de
gabinete, Rahm Emanuel, transformou em um aforismo:
“Você nunca quer que uma crise grave seja desperdiçada”2.
Foi, antes de tudo, uma recompensa para os principais
elementos do Partido das Sombras, em particular os sindicatos
do setor público, para permitir que permanecessem fortes
para futuras eleições durante a crise financeira. Também
estava lotado com projetos orçamentários que os
democratas seriam incapazes de financiar por anos a fio. O
estímulo foi uma tentativa inicial de transformar
radicalmente o capitalismo americano, canalizando a ira
popular em Wall Street para apoiar uma visão expansionista
do estado de bem-estar baseada na “justiça social” —
código da esquerda para uma redistribuição socialista da
riqueza.
Obama enfatizou que era urgente aprovar a lei de
estímulo o mais rápido possível, mesmo sem deliberação
integral, a fim de impedir qualquer dano à economia dos
EUA. Por causa da atmosfera quase histérica que cercava a
volátil economia, passou despercebido que o projeto de lei
também revogou numerosos elementos essenciais do
projeto de lei"welfare reform " de 1996, ao qual George Soros
se opôs tão fortemente3. De acordo com um relatório da
Heritage Foundation, 32% do novo pacote de estímulo — ou
uma média de US$ 6.700 em “uma nova avaliação de
gastos assistenciais" para cada pessoa pobre nos EUA — foi
destinado a programas de assistência social4. Tais níveis
sem precedentes de gastos não incomodaram a Soros, que
o justificou com a desacreditada doutrina keynesiana: “Em
tempos de recessão, é altamente desejável administrar um
5
déficit orçamentário” .

NOTAS

1. www.spiegel.de/international/business/0,1518,592268,00.html

2. www.youtube.com/watch?v=iyeA_kHHLow

3. http://articies.mcal1.com/1996-10-01/news/3126013_1_iegal-immi-grants-
welfare-reform-law-rosalind-gold
4. http://tinyurl.com/4tno77e

5. www.spiegel.de/internationalbusiness/0,1518,592268,00. html
Meio Ambiente e
Energia
C
ap-and-trade,1 a proposta econômica de Obama
para reduzir o consumo de combustíveis fósseis
dos americanos, foi uma estratégia que havia
sido discutida e aperfeiçoada nas organizações
sem fins lucrativos associadas ao Partido das
Sombras. Sob os regulamentos de cap-and-trade, as empresas
estariam sujeitas a impostos ou taxas se excedessem o
limite imposto pelo governo para as emissões de CO2.
Alguns economistas previram que tal legislação, se
promulgada, imporia custos colossais aos negócios — custos
que seriam repassados aos consumidores, que por sua vez
pagariam de centenas a milhares de dólares extras a cada
3
ano em custos de energia . Mas para Soros, o dinheiro dos
contribuintes seria bem gasto em tal política. “Lidar com o
aquecimento global exigirá muito investimento”, enfatizou
ele, e assim “será doloroso”, mas “pelo menos' permitirá à
humanidade 'sobreviver e não cozinhar"4. Quando
perguntado em 2008 se ele estava propondo políticas
energéticas que “criariam um novo paradigma para o
modelo econômico do país, e no mundo”, Soros respondeu:
“Sim”5.
Durante sua campanha presidencial de 2008, Obama
teve um momento comparável de franqueza:
 
Em meu plano de um sistema de cap-and-trade,
as taxas de eletricidade necessariamente
subiriam vertiginosamente. Mesmo
independentemente do que eu diga sobre se o
carvão é bom ou ruim. Porque eu estou
limitando gases de efeito estufa, usinas de
carvão, você sabe, gás natural, e por aí vai,
quaisquer que fossem as plantas, qualquer que
fosse a indústria, elas teriam que melhorar suas
atividades6.
 
O principal motivo subjacente às políticas de comércio
de capital apoiadas por Obama e Soros foi articulado pelo
“czar da regulamentação" de Obama, Cass Sunstein7,
professor de direito esquerdista e defensor de longa data da
“justiça distributiva"; segundo ele os Estados Unidos
transfeririam grande parte de sua riqueza para nações mais
pobres como compensação pelo suposto dano que as
transgressões ambientais dos EUA causaram nesses países.
Em uma linguagem que ecoa os próprios pronunciamentos
de Soros, Sunstein especula que a “redistribuição desejável"
pode ser “realizada de maneira muito mais eficaz por meio
de políticas climáticas do que por meio de assistência
8
estrangeira direta” .

NOTAS

1. "Limite e comercialização”, diz respeito ao limite imposto para emissão de


gases e a possibilidade de comercializar licenças para novas emissões (N. do T.).

2. www.discoverthenetworks.org/viewSubCategory.asp?id=826

3. www.heritage.0rg/Research/Rep0rts/2007/12/Beware-0f-Capand-Trade-
Climate-Bills
4. http://keywiki.org/index.php/George_Soros_-_Political/Financial_Stances

5. Ibidem.

6. https://gop.com/obamas-dream-energy-plan-electricity-rates-would-
necessarily-skyrocket/?

7. www.discoverthenetworks.org/individualProfile.aspFin-did=2422

8. www.wnd.com/index.php?fa=PAGEview&pageId=112243
Assistência
Médica
A
assistência médica socializada continuou a
ocupar lugar de destaque na agenda de Soros
nos anos seguintes à derrota do  Mil-laryCare e à
incapacidade de seu Project on Death ganhar
força. Os serviços de saúde também estavam
no topo da agenda de Obama, tão no topo que ele se
concentrou nisso em vez da economia em recessão, de uma
forma que intrigou os observadores políticos que não
conseguiram avaliar a natureza ideológica do novo governo.
Durante o debate político sobre ObamaCare em 2009 e 2010,
uma das mais influentes coalizões pró-reforma apoiando o
presidente foi a Health Care for America Now (HCAN) criada
por Soros, uma vasta rede de organizações que apoiam um
modelo no qual o governo federal estaria encarregado de
financiar e administrar todo o sistema de saúde dos EUA1.
A estratégia do HCAN tornou-se a estratégia do governo
Obama: tentar implementar tal sistema, que acabaria por
culminar no controle do governo como o “único ordenante”,
gradualmente — em outras palavras, um sistema socialista
completo. O caminho para essa “solução” seria
pavimentado por uma “opção pública” — uma agência de
seguros do governo para “competir” com as seguradoras
existentes, de modo que os americanos "deixariam de estar
à mercê da indústria de planos de saúde privados”2. Como
tal agência não precisaria lucrar para permanecer no
mercado, e porque poderia taxar e regular seus
concorrentes privados da maneira que quisesse, essa
“opção pública” inevitavelmente forçaria as seguradoras
privadas a sair da indústria e deixaria o governo como a
única alternativa. Foi uma implementação perfeita da
estratégia gradualista do mentor de extrema esquerda de
Obama, Saul Alinsky, que aconselhava uma espécie de
abordagem no estilo “homeopático” que ocultava a intenção
[da esquerda] radical, ao mesmo tempo em que avançava
ao máximo as políticas viáveis na ocasião (a opção pública
foi retirada da regulamentação final porque colocava em
risco a aprovação do projeto no Senado dos EUA; mas
permaneceu como o que os estrategistas do ObamaCare
chamaram de “próximo passo futuro" na federalização dos
serviços de saúde).
Em agosto de 2009, com o ObamaCare criando uma
resistência popular generalizada, Soros deu outros US$ 5
milhões para o HCAN promover a campanha do governo e
ajudar a aprovar a regulamentação cada vez mais
impopular3.

NOTAS

1. http://tinyuri.com/4h9rd6w

2. http://healthcareforamericanow.org/site/content/about_us/

3. http://tinyurl.com/66xml6f
Punindo Israel
S
e ObamaCare é a regulamentação doméstica que
é a cara de George Soros, a crescente linha dura
do governo em relação a Israel é o avanço da
política externa que mais reflete a visão de
mundo de Soros além de Washington. As
próprias atitudes ambivalentes de Soros em relação a ter
sido um judeu à beira do Holocausto, quando ele era
criança, logo se transformaram numa hostilidade total ao
Estado judeu. Assim como ele entendeu que as políticas
americanas haviam provocado a jihad antiamericana e os
ataques de 11 de setembro, ele via Israel como a principal
fonte de antissemitismo. Ele se referiu ao conflito de Israel
com os palestinos como um caso das “vítimas que estão se
tornando agressores”1. Ignorando o apelo terrorista do
Hamas para matar os judeus e varrer Israel da face da terra,
Soros argumentou que a chave para uma paz no Oriente
Médio é trazer o Hamas “para o processo de paz”2.
As opiniões de Soros sobre o Oriente Médio ecoam em
um grupo de ativismo do Oriente Médio que ele idealizou e
3
financiou em 2008, chamado J Street. Como outros grupos
de Soros, a J  Street pretende combater o que ele considera
uma organização "conservadora” maligna, neste caso o
Comitê de Assuntos Públicos dos EUA (AIPAC), no qual cerca
de 80% dos membros são democratas, mas não o tipo de
democrata que Soros prefere.
A J Street pediu “uma nova diretriz para a política
americana no Oriente Médio" e advertiu Israel a ser pouco
combativo contra o Hamas, alegando que este “tem sido o
governo, a lei e a ordem, e o provedor de serviços [em
Gaza] desde que ganhou as eleições em janeiro de 2006 e
especialmente desde junho de 2007, quando obteve o
controle total”4. O Hamas também lançou mais de 8.000
ataques de foguetes não provocados em cidades
israelenses e pátios de escolas no mesmo período de
tempo5. De acordo com a J Street, o conflito no Oriente Médio
é perpetuado principalmente por Israel: "Os assentamentos
de Israel nos territórios ocupados foram, por mais de
6
quarenta anos, um obstáculo para a paz” .
Esses posicionamentos marcam uma ruptura com 60
anos de política americana em relação a Israel e são
amplamente indistinguíveis dos da Casa Branca de Obama.
Obama sinalizou sua conformidade com as agendas da J
Street quando enviou seu então conselheiro de segurança
nacional, James Jones, para proferir o discurso principal na
conferência anual da organização em outubro de 20097.
Sabendo que seus comentários sobre Israel o tornaram
controverso na comunidade judaica, Soros inicialmente
tentou esconder do público seu apoio à J Street por temer
que isso pudesse alienar outros possíveis patrocinadores da
organização. Mas em setembro de 2010, o The Washington
Times penetrou o véu, revelando que entre 2008 e 2010,
Soros e seus dois filhos — Jonathan e Andrea — doaram US$
750 mil para a J  Street e que o Conselho Consultivo da
organização inclui um número de pessoas muito próximas a
ele8.
Quando as manifestações do Cairo9 eclodiram em
fevereiro de 2011 e Obama vacilou quando Mubarak tentou
se manter no poder, Soros prontificou-se a dar ao
presidente um sinal para minar o desagradável aliado da
América por 40 anos e abrir a porta à Irmandade
Muçulmana, um culto jihadista que gerou 12 organizações
terroristas, incluindo a al-Qaeda e o Hamas10.
Em um editorial do Washington Post escrito durante os
estágios iniciais dos protestos, Soros escreveu: “O
presidente Obama e os Estados Unidos como país têm
muito a ganhar ao se intrometer (...) abriria o caminho para
o progresso pacífico na região. A cooperação da Irmandade
Muçulmana com Mohamed El Baradei, o Prêmio Nobel que
busca concorrer à presidência, é um sinal esperançoso de
que pretende desempenhar um papel construtivo em um
sistema político democrático (...). O principal obstáculo é
Israel (...). Felizmente, Obama não está em dívida com a
direita religiosa, que realizou uma autêntica vendetta contra
ele. [E] o American Israel Public Affairs Committee não é mais o
11
único representante da Comunidade judaica" (...) .

NOTAS

1. A referência a esta nota se encontra inelegível no original.

2. KOENEN, Krisztina; SOROS, George; WIEN, Byron, Soros on Soros: Staying Ahead of

the Curve, John Wiley and Sons: New Jersey, NJ, 1995, p. 241.

3. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=7458

4. http://tinyuri.com/4mehpus
5. http://idfspokesperson.com/2009/01/03/rocket-statistics-3-jan-2009/

6. www.jstreet.org/page/settlements

7. http://frontpagemag.com/2009/12/30/blaming-israel-first-by-p-davidhornik/

8. www.washingtontimes.com/news/2010/sep/24/soros-funder-liberal-jewish-
american-lobby/; http://jstreet.org/supporters/advisory_council/

9. Um breve resumo dos acontecimentos no Cairo no que se refere apenas às


manifestações citadas pelo autor pode ser encontrado aqui:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/02/110202_egito_qa_rp (N. do
E.).

10. www.discoverthenetworks.org/groupProfile.asp?grpid=6386

11. www.georgesoros.com/artides-
essays/entry/why_obama_has_to_get_egypt_right
Conclusão
S
e George Soros fosse um bilionário solitário, ou
se o Partido das Sombras consistisse em alguns
bilionários descontentes, esses fatos e
conquistas não seriam tão sinistros. Mas o
Partido das Sombras é muito mais do que um
reflexo dos preconceitos de um interesse especial ou de
uma geração passageira. O Partido das Sombras uniu as forças
da extrema esquerda e "progressista” ao expulsar os
moderados da coalizão do Partido Democrata. O Partido das
Sombras é a atual encarnação de um movimento socialista
que está em guerra com a economia de livre mercado e o
sistema político baseado na liberdade e nos direitos
individuais há mais de duzentos anos
É um movimento que aprendeu a esconder seu objetivo
final, que é um Estado totalitário, na sedutora retórica do
“progressivismo” e da “justiça social”. Mas sua
determinação em equalizar resultados, seu zelo pelo poder
estatal e pelo controle governamental como solução para os
problemas sociais e seu antagonismo com os EUA como
defensores da liberdade são os sinais de um movimento
radical cuja agenda é mudar fundamentalmente e
inalteravelmente a maneira como os americanos viveram.
 
Os autores gostariam de agradecer a Adam
Schrager e Rob Witwer, autores do livro The
Blueprint: How the Democrats Won Colorado, por
seus esclarecimentos preciosos acerca do
“milagre do Colorado”.
Non nobis,

Domine

ESTA OBRA FOI COMPOSTA PELA SPRESS EM THEANTIQUA E IMPRESSA SOBRE


PAPEL AVENA PELA DAIKO GRÁFICA PARA A EDITORA ARMADA EM JULHO DE
2018
David Horowitz nasceu em 1939. Foi fundador
da “Nova Esquerda" durante sua juventudens
década de 60, mas rompeu com o esquerdismo
quando uma amiga foi vítima do radicalismo do
movimento, fato relatado em sua autobigrafia
The Radical Son. Desde então é um dos
principais agentes do movimento conservador
americano, responsável pelo think tank David
Horowitz Freedom Center, de fomento aos
valores de liberdade e independência
acadêmica. Também é estrategista político
(TheArt of Political War) e autor de dezenas de
livros, um dos mais recentes, uma enciplopédia
da esquerda americana, o The Black Book of
American Left.
John Perazzo é articulista da Frontpage Mag,
editor do site DiscoverTheNetworks.org e
coautor de outros quatro livros em parceria com
David Howoritz.

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