Teresa - Godinho@esce - Ips.pt Susana - Silva@esce - Ips.pt Conceicao - Aleixo@esce - Ips.pt
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Resumo
na NCP 10, que apresenta diferenças relativamente à NCRF 18, nomeadamente ao nível do
além das exigidas pela NCRF 18. O resultado desta análise comparativa contribui para o
Mensuração.
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INTRODUÇÃO
económico-financeira.
Em Portugal, pelo facto de a contabilidade pública digráfica baseada na ótica do acréscimo ter
normativo com aquele que vem sendo aperfeiçoado desde 1977 no setor privado, é útil ao
financeiros associados.
dependem do Ministério das Finanças e apresentam como missão emitir normas e estabelecer
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mercado nacional e internacional. São considerados importantes pois estão diretamente
associados a outras duas áreas que constituem o ciclo operacional das empresas: compras e
vendas.
A este propósito Almeida (2014) refere que é uma área importante sujeita a uma grande
mobilidade, com um risco associado às alterações que podem ocorrer neste tido de ativos é
O controlo dos inventários é bastante importante pois estes ativos constituem uma rubrica
A elaboração deste estudo exploratório tem por objetivo a comparação entre a Norma de
Inventários. As especificidades do Setor Público estão patentes na NCP 10, que apresenta
reconhecimento tem, naturalmente, outras especificidades além das exigidas pela NCRF 18.
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O estudo, para além da introdução está estruturado nos seguintes pontos: (i) enquadramento
estrutural da contabilidade financeira no setor público; (ii) objetivos, âmbito e definições; (iii)
mensuração; (v) divulgação; (vi) considerações finais e, por último, são apresentadas as
referências bibliográficas.
natureza, exercidas pelas entidades públicas (Estado, associações e instituições públicas), quer
seus recursos das vendas e das prestações de serviços, o setor público administrativo procura a
natureza tributária.
decisões face a diferentes alternativas,”1 tem que servir de acordo com as necessidades
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Accounting Principle Board nº 4 – 1970
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Portanto, a contabilidade no setor público, deve enquadrar-se, primeiramente, no Esquema
Estrutural das Funções do Estado em Portugal, que engloba as funções legislativa, judicial, e
Uma vez que esta estrutura, por sua vez, obedece a um regime orçamental, que
Público tem também que se enquadrar nesta lógica orçamental, para poder veicular
que regista o orçamento das despesas e das receitas das entidades, permitindo o controle das
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porquanto esta regista todas as operações passíveis de modificar o património, qualitativa ou
quantitativamente.
muito gradual, conforme ilustra a Figura n.º 2. Em 1974 foi assumido o caminho da
normalização contabilística, mas só em 1990 foi publicada a Lei de Bases que previa a
1974
1989
Alteração
Constitucional
1990
Lei Bases
Contabilidade
Pública
1991
Reforma
Sistema
Execução
Orçamental 1992
Novo Regime 1997
Administração POCP 2015
Financeira do SNC
Estado AP
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Esta evolução só foi possível graças à intervenção dos organismos reguladores, CNC e
Antes da publicação do POCP, a contabilidade pública “era entendida mais no seu sentido
direito público através dos registos e esquema de contas que for de executar”. (Caiado e Pinto,
2002).
desde a respetiva previsão até ao pagamento ou cobrança, previa uma base de caixa e de
financeira, nem, por conseguinte, o apoio à elaboração das contas nacionais. Estando estas na
harmonização internacional.
Esta necessidade de conciliação ter-se-á tornado mais evidente nos últimos anos, face a dois
fatores:
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• a necessidade de informação financeira por parte de organizações internacionais para
nomeadamente a União Europeia (UE), tivessem um marco referencial nesta área, foram
reguladores da contabilidade.
dos Governos dos diversos Países, o IASB desenvolveu um debate para alcançar um quadro
comparabilidade.
Base de Caixa, em oposição à informação financeira elaborada pelo sector privado, reportada
na Base do Acréscimo, evidenciava ainda mais esta falta de comparabilidade. Esta disfunção
terá estado na origem da discussão levada a cabo pelo Public Sector Committee do
alterações especificas para tratamento de informação, bem como um quadro conceptual como
linha orientadora para a elaboração das Demonstrações Financeiras por parte do Sector
Público.
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O International Public Sector Accounting Standard Board (IPSASB), organismo
emite International Public Sector Accounting Standards (IPSAS), que visam proporcionar
normativo já publicado pelo IASB, uma vez que estas normas, específicas, emitidas por este
comité, se basearam nos requisitos das normas do IASB, com as necessárias adaptações.
O objetivo fixado com a produção destas normas foi o de que as mesmas pudessem constituir
um requisito aceite a nível internacional, para permitir obter um relato financeiro por parte
dos governos e entidades não empresariais do sector público, com uma qualidade e
consistência mínimas.
As IPSAS procuram proporcionar meios de avaliação das entidades públicas que permitam,
por um lado ir ao encontro das necessidades dos utilizadores internos, divulgando informação
de suporte às tomadas de decisões, e por outro satisfazer as necessidades de uma vasta gama
O processo de harmonização formal de adoção das normas do IASB, iniciado em 2005 na UE,
SNC-AP. As profundas alterações conjunturais que ocorrem tanto a nível nacional como
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internacional, obrigam a uma atitude simultaneamente de mudança e aproximação entre as
entidades.
junho aprovou um conjunto de normas contabilísticas e de relato financeiro do SNC, uma das
quais a Norma Contabilística e de Relato Financeiro 18 – Inventários (NCRF 18) que versa
sobre a temática dos Inventários. Esta norma é uma transposição da International Accounting
o facto de a contabilidade pública prever uma maior abrangência deve ser compreendido e
administrativa, em Portugal. Isto porque, no quadro dos vários tipos de autonomia possíveis, a
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determinam o posicionamento das entidades contabilísticas na estrutura do Setor público
administrativo.
relação das mesmas com o Orçamento do Estado, tanto na tipologia de receitas e despesas
Concretizando, uma entidade com autonomia patrimonial pode ter património próprio e tomar
decisões relativas ao património público no âmbito da lei, enquanto que uma entidade que
tenha, também autonomia de tesouraria, pode executar o seu próprio orçamento (o que é raro
em Portugal). Já uma entidade que tenha autonomia creditícia tem o poder de contrair dívidas,
de crédito, razão pela qual é geralmente concedida, apenas, a entidades que possuam,
A autonomia orçamental configura o maior grau de autonomia que pode ser concedido e
envolve o poder de ter orçamento próprio, gerindo despesas e receitas. Resulta daqui que, na
ótica da contabilidade financeira do setor público, um bem pode, à luz dos PCGA e do SNC,
autonomia, que, por sua vez, determina a abrangência do objeto da atividade da entidade.
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2. ESTUDO COMPARATIVO DOS INVENTÁRIOS: NCFR 18 VERSUS NCP 10
conta a quantia do custo a ser reconhecida com um ativo até que os réditos respetivos sejam
reconhecimento como gasto, incluindo qualquer redução para o valor realizável líquido.
biológicos no ponto de colheita. Adicionalmente a NCP 10 refere ainda a não aplicação desta
norma aos trabalhos em curso de serviços a prestar sem retribuição direta dos destinatários, ou
Quadro n.º 1.
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Quadro n.º 1 - Conceito de Inventário
Inventários Inventários
(§ 6, NCRF 18) (§ 7, NCP 10)
revenda e os produtos acabados ou trabalhos em curso que estejam a ser produzidos pela
revenda, produtos acabados ou trabalhos em curso que estejam a ser produzidos pela entidade,
produzidos para distribuir a terceiros gratuitamente ou por um valor simbólico. Além disso, a
NCP 10 refere que os inventários, no setor público, relacionam-se com a prestação de serviços
e não com bens comprados e detidos para revenda ou bens produzidos para revenda. Neste
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âmbito, a NCP 10 inclui como inventários artigos consumíveis, materiais de manutenção,
peças de reserva para equipamentos, munições, reservas estratégicas e de moeda não colocada
2.2 Mensuração
NCRF 18 Custo ou valor realizável líquido (VRL), dos dois o mais baixo (§ 2, NCRF
18)
contraprestação (§ 14);
Custo ou valor realizável líquido (VRL), dos dois o mais baixo (§ 13, NCP
NCP 10 10)
Custo ou custo de reposição corrente, dos dois o mais baixo, nas seguintes
situações (§ 15):
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O valor realizável líquido ”é o preço de venda estimado no decurso ordinário da atividade
efetuar a venda.” (§ 6, NCRF 18). Refere-se à quantia líquida que uma entidade espera
realizar com a venda do inventário no decurso normal da sua atividade. (§ 7, NCRF 18; § 8,
NCP 10).
De acordo com o § 32 da NCRF 18: “Os materiais e outros consumíveis detidos para o uso na
produção de inventários não serão reduzidos abaixo do custo se for previsível que os produtos
acabados em que eles serão incorporados sejam vendidos pelo custo ou acima do custo.
Porém, quando uma diminuição no preço dos materiais constitua uma indicação de que o
custo dos produtos acabados excederá o valor realizável líquido, os materiais são reduzidos
(written down) para o valor realizável líquido. Em tais circunstâncias, o custo de reposição
dos materiais pode ser a melhor mensuração disponível do seu valor realizável líquido.”
NCRF 18 – O custo dos deve incluir: “os custos de compra, os custos de conversão e
outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e na sua condição
NCP 10 – O custo dos inventários deve incluir: “os custos de compra, os custos de
O Quadro n.º 3 apresenta a composição dos vários custos que integram os custos de compra
em ambas as normas.
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Quadro n.º 3 - Custos de Compra
Custos de Compra
Preço de compra
Direitos de importação e outros impostos (que não sejam os
subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais pela entidade)
+
NCRF 18 (§ 11)
Custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis à aquisição de bens, de materiais e de serviços
-
Os descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes
Preço de compra
Direitos de importação e outros impostos (que não sejam os
subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais pela entidade)
+
NCP 10 (§ 17) Custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis à aquisição de produtos acabados, de materiais e de
consumíveis
-
Os descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes
Relativamente aos custos de transformação e aos outros custos, constata-se que ambos os
diretamente relacionados com as unidades de produção (como por exemplo matérias primas e
mão de obra direta) mais a imputação sistemática de gastos gerais de produção fixos e
variáveis que sejam incorridos ao converter matérias em produtos acabados. Na NCP 10 (§ 18)
produção (como por exemplo mão de obra direta) mais a imputação sistemática de gastos
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gerais de produção fixos e variáveis que sejam incorridos ao converter matérias em produtos
acabados.
Quanto aos outros custos, quer a NCRF 18 (§15) quer a NCP 10 (§ 22) referem que os mesmos
são custos gerais e administrativos que sejam incorridos para colocar os inventários no seu
local e condição atuais. Alguns custos excluem-se do custo dos inventários e são reconhecidos
como gasto do período a que respeitam, nomeadamente (§ 16, NCRF 18; § 23, NCP 10):
como gasto, nomeadamente nas situações apresentadas na Figura n.º 3 (§ 41, NCP 10):
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A NCRF 18 reconhece os inventários como gastos nas mesmas situações que a NCP 10, com
execção dos inventários trocados ou disttribuídos sem contraprestação, pois esta situação é
Nos casos em que as entidades prestadoras de serviços tenham inventários, estes devem ser
mensurados pelos custos da respetiva produção. Essse custos são essencialmente (§ 19, NCRF
custos de mão-de-obra
Método do custo padrão que toma em consideração os níveis normais dos materiais e
inventários de grande quantidade de itens que mudam rapidamente, que têm margens
semelhantes e para os quais não é praticável usar outros métodos de custeio. É muitas
Relativamente às técnicas para a mensuração do custo, a NCP 10 refere que pode ser usado o
custo. Caso exista uma transferência de inventários para a entidade através de uma transação
sem contraprestação, o custo do inventário deverá ser o justo valor à data em que é feita a
18
No que respeita às fórmulas de custeio as normas NCRF 18 e NCP 10 apresentam algumas
NCRF 18
NCP 10
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Quadro n.º 4 - Fórmulas de Custeio
NCRF 18
inventário.
intermutáveis.
Custo Médio
§ 27 “(…) o custo de cada item é determinado a partir da média
Ponderado
ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um
(§§ 25 e 27, NCRF 18)
período e do custo de itens semelhantes comprados ou
intermutáveis.
produzidos.”
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NCP 10
Importa ainda salientar que ambas as normas referem que deve ser usada a mesma fórmula de
custeio para todos os inventários que tenham uma natureza e um uso semelhantes para a
2.3. Divulgação
A NCRF 18 não apresenta nenhuma orientação quanto ao que deve ser divulgado ao nível dos
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Anexo 6. Ao nível da NCP 10, os requisitos de divulgação dos Inventários estão patentes na
Ao nível da divulgação, ambos os normativos são semelhantes sendo exigida a divulgação das
as quantias totais escrituradas dos inventários bem como divulgação sobre as quantias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise comparativa entre as normas NCRF 18 e NCP 10 verificámos as exceções são
na NCP 10. Em muitas entidades do setor público, os inventários podem ser adquiridos numa
resultados. Esta diferença, está patente na NCP 10, nomeadamente no que respeita aos
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inventários adquiridos ou produzidos por uma entidade cujo objetivo é distribuir gratuita ou
simbolicamente.
Ao nível da mensuração ambas as normas são idênticas definindo que os inventários devem
ser mensurados pelo custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. No entanto,
transação sem contraprestação devem ser mensurados pelo justo valor à data de aquisição e os
inventários detidos para distribuição ou para consumo no processo de produção de bens para
subsequente distribuição sem ou com contrapartida simbólica, devem ser mensurados pela
É ainda de realçar que, quando uma entidade pública distribui certos bens gratuitamente ou
por um valor simbólico, deve refletir, para efeitos de relato financeiro, os benefícios
económicos futuros pela quantia que seria necessária despender caso a aquisição desses bens
fosse necessária para a entidade. Caso não exista mercado para esses bens deve ser feita uma
estimativa do custo reposição (NCP 10, § 40). Deste modo, a aplicação da NCP 10 quanto ao
do relato financeiro das entidades públicas, no que concerne à afetação destes recursos ao bem
comum.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Caiado, A. P. e Pinto, A. C. (2002). “Manual do Plano Oficial de Contabilidade Pública”.
SNC-AP, 2ª versão.
Decreto-Lei n.º 158/2009, Diário da Diário da República, 1.ª série — N.º 133, de 13 de
julho.
Franco, A. S. (1992a). “Finanças Públicas e Direito Financeiro, Volume I”. 4ª ed. Coimbra:
Almedina.
Coimbra: Almedina
Godinho, M. Teresa (2010): A Divulgação dos Impostos Diferidos após a adoção das NIC
(SNC)”.
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