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(notícias, livros e acadêmico) (Setembro de 2019)
Epicuro
Filosofia helenística
Busto de Epicuro, fim do século III. Cópia romana do original grego no Museu
Britânico
Nome completo Ἐπίκουρος
Escola/Tradição: Epicurismo
Data de nascimento: 341 a.C.
Local: Samos
Morte 270 a.C. (71 anos)
Local: Atenas
Principais interesses: Hedonismo, Atomismo
Ideias notáveis aponia, ataraxia, clinâmen
Trabalhos notáveis Fundador do Epicurismo
Influências: Demócrito, Pirro
Influenciados: Hermarco, Lucrécio, Thomas Hobbes, Jeremy Bentham, John Stuart
Mill, Thomas Jefferson, Friedrich Nietzsche, Karl Marx, Michel Onfray, Adriano,
Metrodoro de Lâmpsaco (o jovem), Filodemo, Amafinio, Cátio
Epicuro de Samos (em grego clássico: Ἐπίκουρος, Epikouros, "aliado, camarada"; 341
a.C., Samos — 271 ou 270 a.C., Atenas) foi um filósofo grego do período
helenístico. Seu pensamento foi muito difundido em numerosos centros epicuristas
que se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde
Lucrécio foi seu maior divulgador.
Vida
Epicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu para
Teos, na costa da Ásia Menor.[1] Quando criança estudou com o platonista Pânfilo
por quatro anos e era considerado um dos melhores alunos. Certa vez, ao ouvir a
frase de Hesíodo, "todas as coisas vieram do caos", ele perguntou: "E o caos veio
de quê?". Retornou para a terra natal em 323 a.C. Sofria de cálculo renal, o que
contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor.
Epicuro ouviu o filósofo acadêmico Pânfilo em Samos, que não lhe foi de muito
agrado. Por isso foi mandado para Téos pelo seu pai. Com Nausífanes de Téos,
discípulo de Demócrito de Abdera, Epicuro teria entrado em contato com a teoria
atomista — da qual reformulou alguns pontos. Epicuro ensinou filosofia em Lâmpsaco,
Mitilene e Cólofon até que em 306 a.C. fundou sua própria escola filosófica,
chamada O Jardim, onde residia com alguns amigos, na cidade de Atenas. Lecionou em
sua escola até a morte, em 270 a.C., cercado de amigos e discípulos e tendo sua
vida marcada pelo ascetismo, serenidade e doçura.
Filosofia e obra
O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade,[2] estado
caracterizado pela aponia, a ausência de dor (física) e ataraxia ou
imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu
pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se
do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou
ruim. Utilizou-se da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de
tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de
diferentes naturezas. Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades
infinitas e sujeitos a infinitas combinações.
A morte física seria o fim do corpo (e do indivíduo), que era entendido como
somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem.
Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estariam livres para constituir
outros corpos. Essa teoria, exaustivamente trabalhada, tinha a finalidade de
explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou ainda não e principalmente
extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses
Naqueles tempos, Epicuro percebeu que as pessoas eram muito supersticiosas e haviam
se afastado da verdadeira função das religiões e dos deuses. Os deuses, segundo
ele, viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança (felicidade)
divina. Não seria preocupação divina atormentar o homem de qualquer forma. Os
deuses deveriam ser tomados como foram em tempos remotos, modelos de bem-
aventurança que servem como modelo para os homens e não seres instáveis, com
paixões humanas, que devem ser temidos.
Desta forma, procurou tranquilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros ou após
a morte. Não há por que temer os deuses nem em vida e nem após a vida. E, além
disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será
impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte.
A certeza
Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi
recebido passivamente na sensação pura e, por consequência, nas ideias gerais que
se formam no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade
sensitiva).
O atomismo
Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranquilidade do espírito. O
atomismo, acreditava o filósofo, poderia garantir ambas as coisas desde que
modificado. A representação vulgar do mundo com seus deuses, o medo dos quais fez
com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas as doutrinas
filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições, segundo Epicuro.
Relacionado com o atomismo, segundo o astrofísico suíço Michel Mayor, Epicuro, numa
carta muito famosa, admite a existência de uma infinidade de mundos no cosmos, em
que alguns devem ser habitados e outros não, mas sublinhando que não haverá vida em
todo o lado. Para aquele astrofísico, é interessante poder imaginar há dois mil
anos um filósofo sentado em cima de um calhau à beira-mar a discutir este tipo de
questões, o da existência de vida no cosmos.[4]
O prazer
A doutrina de Epicuro entende que o bem reside no prazer, e, por isso, foi uma
doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo.[5] O prazer de que fala Epicuro é
o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e,
portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa medida e não dos excessos. É a
própria Natureza que nos informa que o prazer é um bem. Este prazer, no entanto,
apenas satisfaz uma necessidade (sexo) ou aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a
uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do
espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais alto prazer reside no que
chamamos de saúde. Entre os prazeres, Epicuro elege a amizade. Por isso, o convívio
entre os estudiosos de sua doutrina era tão importante a ponto de viverem em uma
comunidade, o "Jardim". Ali, os amigos poderiam se dedicar à filosofia, cuja função
principal é libertar o homem para uma vida melhor.[6]
O desejo
Classificação dos desejos segundo Epicuro
Desejos naturais Desejos Inúteis
Necessários Simplesmente naturais Artificiais Irrealizáveis
Para a felicidade (eudaimonia) Para a tranquilidade do corpo (protecção) Para a
vida (nutrição, sono) Variações de prazeres, busca do agradável Exemplo: riqueza,
glória Exemplo: imortalidade
Traduções
Há, em português, tradução de uma d