ARTIGO 2. Serviço Social e Poder Judiciário

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ARTIGO
http://dx.doi.org/10.1590/0101-6628.206

Serviço Social e Poder Judiciário:


aproximações com uma agenda de
educação permanente
Social Service and Judicial Power:
approaches to a permanent education agenda

Mariana Pires Borbaa


http://orcid.org/0000-0002-1151-7799

Rosa Maria Castilhos Fernandesb


http://orcid.org/0000-0001-5499-714X

Resumo: O texto socializa reflexões sobre o Abstract: The text shares reflections about
trabalho profissional junto as necessidades the professional work with the judicialized
sociais judicializadas que requerem dos social needs and that require the social
assistentes sociais no Poder Judiciário um workers in the Judiciary Power a set of
conjunto de conhecimentos e competências. knowledge and skills. Permanent Education
A Educação Permanente surge como propos‑ emerges as a pedagogical proposal for the
ta pedagógica de formação dos trabalhado‑ training of workers and has a mediating
res com função mediadora capaz de propor function capable of proposing competent
respostas competentes às exigências éticas e answers to the ethical and political demands
políticas da profissão. A construção coletiva of the profession. The collective construction
de uma agenda de educação permanente é of a permanent education agenda has
um desafio para os assistentes sociais. become a challenge for social workers.
Palavras-chave: Serviço Social. Poder Judi‑ Keywords: Social Service. Judicial power.
ciário. Educação permanente. Permanent education.

a
Poder Judiciário do Rio Grande do Sul/RS, Brasil.
b
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre/RS, Brasil.
Recebido: 24/6/2019    Aprovado: 9/10/2019

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Borba, M.P.; Fernandes, R.M.C.

Introdução

V
ivemos tempos de corrosão dos direitos sociais sob comando das
forças de mercado demarcadas pelos ditames neoliberais e que,
por meio das ações governamentais e políticas, vêm definindo
novos arranjos no âmbito das políticas sociais e, concomitantemente,
desprezando as desigualdades sociais estruturais que caracterizam a
sociedade brasileira. São processos que ameaçam também as estrutu‑
ras democráticas, a organização popular e que fomentam novas faces à
exclusão social, atingindo significativa parcela da população. Impactos
sociais, políticos, ambientais e culturais que acirram no cenário brasileiro
as disputas e a necessária busca pela justiça social, uma condição para
a sobrevivência da classe trabalhadora no seio da luta de classes.
Assim, entendendo o Serviço Social como partícipe das respostas que
o Estado e a sociedade têm que dar aos antagonismos de classe, como o
referenciado por Iamamoto (2015), iniciamos essas reflexões introdutórias
reconhecendo que o Serviço Social se inscreve na dinâmica contraditória
de interesses e projetos societários em disputa nos seus espaços ocupa‑
cionais, com suas particularidades, mas, fundamentalmente, trata-se de
uma profissão comprometida com um projeto ético-político. A essência
de tal projeto tem como princípio uma perspectiva crítica da realidade e
como propósito contribuir para a superação da ordem social vigente de
uma sociedade capitalista que mantém sua lógica de produção e repro‑
dução do capital atingindo as condições de vida da classe trabalhadora
(CFESS, 1993).
É no campo sociojurídico que o fenômeno da judicialização dos con‑
flitos e dos direitos sociais se manifesta e os desafios postos à profissão
nos mobilizam para a reflexão que propomos neste artigo. A natureza
jurídica da aplicação da lei, assim como a ética e a política do trabalho do
assistente social tem exigido a busca e a construção de conhecimentos
específicos capazes de atender às necessidades sociais que chegam ao
Judiciário, muitas vezes veladas nos processos judiciais.

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Serviço Social e Poder Judiciário

Além do reconhecimento sobre a complexidade da realidade institu‑


cional que caracteriza o trabalho dos assistentes sociais, outro aspecto
que requer uma reflexão crítica é a crescente transferência ao Poder
Judiciário da responsabilidade de promover o atendimento das expressões
da questão social na perspectiva da efetivação dos direitos humanos
(Aguinsky, 2006). A pauperização, a precarização das relações de trabalho,
o desemprego, o uso abusivo de álcool e outras substâncias psicoativas,
a violência doméstica, a exploração do trabalho infantojuvenil, o pre‑
conceito social e as condições de vida dos sujeitos egressos do sistema
penitenciário, assim como com os que se encontram em conflito com
a lei, e a ascendente negação dos direitos constitucionais são algumas
das situações vivenciadas pelos sujeitos atendidos pelo assistente social
no Poder Judiciário.1 São situações diversas que requerem um conjunto
de conhecimentos, habilidades e a presença da postura ética e política
dos profissionais.
Portanto, diante dessa realidade entendemos que o trabalho pode
se constituir num espaço privilegiado de construção de conhecimentos e
processos educativos capazes de contribuir para a superação da aparência
dos fenômenos com os quais os profissionais se deparam no cotidiano.
Para Borgianni (2013) trata-se de fenômenos sociais e coletivos que, na
maioria das vezes, surgem como individuais e atomizados, mascarando
de jurídica uma questão que em essência é política e social e que, nessa
esfera, também necessita ganhar resolutividade.
Os estudos que viemos realizando por meio de revisões teóricas e
investigações tendo como locus o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul,

No Brasil, o Poder Judiciário (que é um dos três poderes que compõem o modelo de Estado
1

moderno junto aos Poderes Legislativo e Executivo) está regulamentado nos artigos 92 a 126
da Constituição Federal de 1988, sendo composto pelo Supremo Tribunal Federal, o Conselho
Nacional de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais, os Tribu‑
nais do Trabalho, os Tribunais Eleitorais, os Tribunais Militares e os Tribunais dos Estados e
do Distrito Federal. Na esfera estadual, o Poder Judiciário é composto por: Tribunal de Justiça,
Tribunal Militar do Estado, juízes de direito, Tribunais do Júri, Conselhos da Justiça Militar,
juizados especiais, pretores e juízes de paz.

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apontam que as demandas judiciais que se colocam ao Serviço Social


requerem a construção e o desenvolvimento da educação permanente,
tendo a dimensão ética e política como princípio que permita a reflexão
crítica sobre os processos de trabalho, suas formas de organização e sobre
os conhecimentos e saberes acionados para o atendimento das demandas
judiciais. Neste texto, refletimos sobre o trabalho dos assistentes sociais
com demandas oriundas das Varas de Família, Infância e Juventude,
Violência Doméstica e Execução Criminal.
O volume crescente de processos judiciais, a complexidade da reali‑
dade social vivenciada pela população atendida, a redução das equipes
técnicas diante das aposentadorias e a não reposição dos cargos vagos
impõem a reinvenção do trabalho profissional. Além disto, não há como
negar os reflexos da reestruturação do papel do Estado no atual momento
sócio-histórico e as prioridades político-institucionais vigentes no campo
da justiça e, consequentemente, as exigências postas ao Serviço Social
na área.
É então, nesse contexto, que a educação permanente, enquanto
proposta pedagógica de formação dos trabalhadores, surge como estra‑
tégia profissional capaz de constituir-se como uma função mediadora
na proposição de respostas competentes às exigências éticas e políticas
da profissão. Assim, entendemos que o espaço de trabalho se constitui
num locus de aprendizagem em que os saberes são colocados à disposição
para o atendimento dos sujeitos que buscam o Judiciário.
Refletir acerca do trabalho do assistente social nesse campo e a
necessária disseminação de uma cultura de educação permanente entre
os assistentes sociais, considerando as expressões da questão social que
aparecem veladas nas demandas judiciais, é o que pretendemos neste
artigo. Para tanto, primeiro fundamentamos a reflexão acerca da questão
social e as demandas judiciais; segundo, nos aproximamos das particula‑
ridades do trabalho do assistente social frente às demandas judiciais, e
na sequência apresenta-se a construção de estratégias profissionais para
a educação permanente que podem incidir no atendimento da população
que busca o acesso à justiça. Por fim, as considerações finais.

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1. Demandas judiciais: a questão social velada nas


naturezas processuais

As discussões sobre as demandas judiciais são compreendidas aqui


como sendo formas de ocultamento da questão social — base fundante
do trabalho profissional dos assistentes sociais — e, ao mesmo tempo,
expressões que se manifestam e se materializam na vida das pessoas
atendidas pelo Poder Judiciário. O Serviço Social se depara com as exi‑
gências postas pelo processo de produção e reprodução do capital, com
as mazelas provocadas pelas desigualdades sociais, com as violações
de direitos de toda ordem, entre tantas situações que repercutem e de‑
mandam dessa instituição uma ação profissional. Neste sentido, pensar
sobre as demandas judiciais exige a permanente reflexão sobre a questão
social, apreendida aqui a partir da compreensão sócio-histórica de Castel
(2005), pois sua análise considera as transformações históricas da socie‑
dade capitalista, em especial a sociedade salarial, que se construiu com
base no trabalho e suas proteções e que, historicamente, são atacadas e
desmanteladas, como exemplo no Brasil.
Para Castel (2005), a questão social, assim nomeada pela primeira
vez em 1830, reflete a constatação do distanciamento existente entre
o crescimento econômico e o aumento da pobreza por um lado e uma
ordem jurídico-política por outro, que reconhecia o direito do cidadão,
e uma ordem econômica que os negava. É nessa época, nos primórdios
da industrialização, que se tomou consciência da existência de popu‑
lações que foram, “ao mesmo tempo, agentes e vítimas da Revolução
Industrial” (Castel, 2005, p. 30). Ao longo do século XIX assiste-se ao
amadurecimento da organização do movimento operário colocando
o Estado burguês numa posição mais vigilante às reivindicações dos
trabalhadores e em “estado de permanente ansiedade” (Martinelli,
2007, p. 93). A tomada de consciência operária não se refere somente
ao reconhecimento das condições desumanas de vida e de trabalho da
população da época, nem do pauperismo que ameaçava a ordem social e
política emergente do processo de industrialização “mas, também, pela

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tomada de consciência e reação dessa classe contra essas condições”


(Pereira, 2003, p. 112).
Para Castel (2005), o lugar do social deve ser visto entre a organi‑
zação política e o sistema econômico, deixando clara a necessidade de
construir sistemas de regulação não mercantil com o objetivo de tentar
preencher esse espaço. Nesse ponto, surge o papel do Estado. Para o autor,
a sociedade atual encontra-se numa bifurcação: aceitá-la inteiramente
submetida às exigências do mercado ou construir uma figura do Estado
social capaz de atender ao novo desafio. A primeira opção representaria
o desmoronamento da sociedade salarial, enquanto a segunda represen‑
taria uma redefinição do pacto social, como um pacto de solidariedade,
de trabalho, de cidadania; ou numa perspectiva marxista, considerando
a presença das lutas de classes no processo de superação da lógica da
sociabilidade burguesa.
Também é importante fazer referência a Netto (2001), quando afir‑
ma que a questão social é produzida compulsoriamente pelo capitalismo
em seus diferentes estágios de desenvolvimento, pois é o resultado da
contradição na relação capital e trabalho, da exploração da força de tra‑
balho. As formas de enfrentamento da questão social são distintas e se
configuram historicamente em consonância com o desenvolvimento do
capitalismo. Cada mudança no modo de produção gera novas formas de
manifestação da questão social, exigindo novas formas de enfrentamento.
A partir das crescentes contradições da sociedade contemporânea, que
vão desde o desemprego estrutural à obsessão da riqueza e acúmulo do
capital, adensam-se os conflitos que chegam à instância judicial, sendo
essa uma esfera de tentativa de resolução das mais variadas expressões
da questão social. É assim, “no adensamento dessas contradições, a per‑
sistente demanda que diz da legitimação do trabalho do Serviço Social
no campo jurídico” (Aguinsky, 2003, p. 85).
É importante sublinhar que o conceito de demanda é aqui entendido
em sua relação com o direito significando o processo e/ou a ação judicial
como demanda judicial. No sentido formal, no âmbito do Poder Judiciário,
toda ação é um direito subjetivo público e abstrato independente de haver

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realmente um direito a ser tutelado. Trata-se do direito de exigir do Estado


a prestação jurisdicional, a solução de uma lide ou conflito. Entretanto,
seu significado também compreende a noção de luta, de reivindicação,
ação de exigir, de contestar. No dicionário,2 demanda significa litígio,
requerimento, pedido. Contudo, o propósito aqui é relacionar a noção de
demanda judicial com necessidades sociais que são apreendidas como
necessidades humanas. Para Pereira (2011, p. 20), há a possibilidade de
as “classes econômicas e socialmente desfavorecidas transformarem suas
necessidades em questões e incluí-las na agenda política vigente, desde
que se transformem em atores sociais estrategicamente posicionados”.
Isto significa dizer que as

necessidades sociais só poderão se transformar em questões perturbadoras


da ordem estabelecida (e definidoras de direitos, que deverão ser concre‑
tizados por políticas), se forem “problematizadas” por classes, frações de
classes, organizações, grupos e, até, indivíduos, estrategicamente situados
e dotados de condições políticas para incorporar estas questões na pauta
das prioridades públicas. (Pereira, 2011, p. 20)

Porém, é importante que se diga que a emergência de uma questão


— advinda de necessidades problematizadas — não é garantia de sua
satisfação por meio de respostas públicas, pois as formas de reação se
apresentam em campos de disputa e colocam em movimento conflitos
de interesses no seio das políticas e espaços públicos.

2. As demandas judiciais que se apresentam ao


Serviço Social

Considerando o que vimos até aqui, podemos dizer que as deman‑


das que se apresentam ao Serviço Social no Judiciário se manifestam de

Bueno, Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: FTD, 2007.
2

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diferentes maneiras, dependendo dos encaminhamentos institucionais


realizados pelos operadores do sistema de justice (juízes, promotores,
advogados e/ou outros profissionais). A partir dos estudos de Borba (2019)
é possível observar que das demandas judiciais que chegam ao trabalho
profissional no Judiciário do Rio Grande do Sul emergem três categorias,
a saber: demandas de natureza processual (oriundas, na sua maioria,
das varas da infância e da juventude, das varas de família e das varas
criminais); demandas consolidadas e demandas emergentes.
As demandas de natureza processual se relacionam com a diversida‑
de da vida social materializada nos processos judiciais e que caracterizam
algum tipo de conflito ou negação de um direito passível de resolução
legal. É comum, em comarcas no interior do Estado, juízes de diferentes
varas requisitarem de um(a) mesmo(a) profissional uma intervenção
técnica. Isto expressa a heterogeneidade das demandas judiciais por
natureza processual que chegam a esses profissionais, tais como: na área
da infância, a destituição do poder familiar, acolhimento institucional,
adoção, entre outros; na área da família, guarda, tutela, interdição e ou-
tras; e na área criminal, medida protetiva de violência doméstica contra
a mulher e execução de penas e medidas alternativas.
A perícia social é, historicamente, considerada uma demanda já
consolidada à profissão no processo judicial e traduz a expectativa que
a instituição tem do trabalho das assistentes sociais. Contudo, existem
requisições “inusitadas”, como, por exemplo, a perícia social em processos
de curatela. Nessas situações, podem ocorrer dificuldades profissionais
em identificar o objetivo da avaliação social determinada, visto que
pode haver indícios de um caráter “fiscalizatório” nessa intervenção.
Ao contrário, essas avaliações devem ter a preocupação com a proteção
daqueles que estão sob curatela, em que a finalidade da intervenção
técnica é dada pelo profissional (Borba, 2019).
Outro aspecto marcante refere-se à violência, que é a expressão
mais visível da questão social contida nos processos judiciais em todas
as áreas de atuação do Serviço Social no Poder Judiciário. Observa-se que

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a violência e a opressão que fazem parte da sociedade brasileira não se


restringem a ambientes específicos, mas se manifestam e se realizam
no convívio social, repercutindo na organização social e familiar. Mioto
(2009) destaca a violência econômica, que para Marx trata-se da vio‑
lência originária, indispensável ao capital. Entretanto, a autora refere
que nem sempre ela é percebida no momento em que é produzida, mas
tem efeitos e se explicita nas relações, como por exemplo: na violência
doméstica e contra a mulher, no feminicídio que assombra a realidade
brasileira atual, nas situações de violência contra os idosos, assim como
contra crianças, adolescentes e juventudes que justificam a quantidade
de processos judiciais existentes.
O resultado da perícia social é o laudo social, que se sobressai como
demanda institucional consolidada para o Serviço Social. Para Araújo
(2000, p. 31), laudo social é o documento

elaborado pelo perito assistente social, sendo o resultado visível de sua


intervenção técnica. Nele deverão estar identificadas as principais pessoas
ou partes envolvidas no processo judicial, relatados os dados mais impor‑
tantes coletados junto a estas partes, as impressões do profissional, sua
análise e as indicações para a resolução do conflito judicial. Além de um
documento profissional, ele também é um documento de prova judicial, e
como tal deverá ter uma estrutura formal, delineando-se partes lógicas
de categorias de dados informativos. A fim de cumprir o que pretende,
deverá ser claro, objetivo e imparcial, indicando alternativas que visem
subsidiar a sentença judicial.

A importância do laudo social como parte da construção legal de


decisões judiciais traz ao profissional a responsabilidade de indicar al‑
ternativas de resolução da demanda judicial (Araújo, 2000). Afinal, para
Aguinsky, o laudo social (2003, p. 99) “carrega emblematicamente o poder
do discurso do assistente social para dentro do terreno da luta simbólica
do campo jurídico entre profissionais que, dotados de competências téc‑
nicas e sociais distintas, visões de mundo diferentes, vão procurar incidir

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na decisão judicial”. Na busca por revelar as necessidades sociais ocultas


nas demandas judiciais, o Serviço Social se coloca no caminho inverso
do caminho jurídico, uma vez que nem sempre essas demandas são com‑
preendidas no âmbito judiciário como necessidades sociais dos sujeitos.
Assim sendo, o trabalho do assistente social é o de “superar a dis‑
tância em relação ao cotidiano dos sujeitos envolvidos no conflito para
nele apreender significados, subjetividades, objetividades” (Aguinsky,
2003, p. 100). Nesse sentido, refletir acerca dos conhecimentos que fun‑
damentam a instrumentalidade do trabalho profissional no Judiciário é
fundamental. Até a linguagem técnica utilizada pelos assistentes sociais,
tanto oralmente quanto na escrita, esta última identificada nos parece‑
res e laudos técnicos, sem dúvida é uma habilidade a ser desenvolvida
pelos profissionais.
Já as demandas emergentes no trabalho do assistente social se
apresentam relacionadas às novas práticas institucionais. Dentre elas
destacam-se: o depoimento especial, que trata da escuta de crianças
e adolescentes vítimas de violência sexual em audiência judicial nos
processos criminais; a justiça restaurativa, que se apresenta como
política de justiça para o enfrentamento de conflitos e as práticas de
mediação, constelação familiar e os encontros de preparação para ado-
ção (Borba, 2019).
Nesse contexto, o trabalho com as varas de violência doméstica
e familiar contra a mulher revela-se também como uma demanda
emergente, visto que a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) prevê
a criação de equipe técnica judicial para assessorar o juiz. Entretanto,
existem situações em que esse trabalho é realizado somente por uma
assistente social, o que pode dificultar e/ou evidenciar a inexistência do
trabalho interdisciplinar incidindo nas condições reais de atendimento
dessa população. Sobre as práticas de justiça restaurativa, mediação3 e

No Brasil, a mediação é vista como meio distinto de solução de conflitos. O Código de Processo
3

Civil (Lei n. 13.105/2015) reafirma que na mediação o mediador facilita o diálogo entre as

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constelações familiares,4 vimos que essas requisições traduzem as contra‑


dições que se apresentam no espaço institucional e que o “atropelamento”
cotidiano que impede a apropriação dos conhecimentos necessários para
o desenvolvimento dessas intervenções é recorrente. A discussão sobre
essas demandas não é nova para o Serviço Social e requer atenção no
seu uso e intencionalidades, assim como uma reflexão crítica, tendo
como base os fundamentos em Serviço Social. Para alguns, trata-se de
práticas terapêuticas também conhecidas como “Serviço Social clínico”. O
conjunto CFESS/Cress (2008), em manifestação sobre o tema, apresenta
informações a respeito do objeto, os objetivos e metodologias utilizadas,
assim como aborda a questão em relação ao projeto profissional.5
No espectro das demandas emergentes, o trabalho em rede desponta
como importante estratégia profissional de interlocução com as diferen‑
tes políticas sociais públicas. Por isso a importância do reconhecimento
dessa articulação a ser realizada pelos assistentes sociais do Poder
Judiciário com as políticas sociais, embora essa seja uma prerrogativa
de todos os operadores de direito. O Serviço Social tem como um de seus
principais espaços sócio-ocupacionais o âmbito das políticas sociais (seja
na educação, na assistência social, na saúde, na previdência social, na
habitação, entre outras) e, mesmo não sendo uma atribuição privativa,
é preciso atenção às competências do trabalho profissional que muitas

pessoas para que elas mesmas proponham soluções (art. 165, § 3º). A outra diferenciação está
pautada no tipo de conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe
relacionamento duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação; para conflitos
subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento
perdure, indica-se a mediação. Muitas vezes, somente durante o procedimento é identificado
o meio mais adequado. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao‑
-e-mediacao-portal-da-conciliacao/perguntas-frequentes/85619-qual-a-diferenca-entre‑
-conciliacao-e-mediacao. Acesso em: 10 set. 2018.
Trata-se de uma técnica psicoterapêutica criada pelo alemão Bert Hellinger, usada no Poder
4

Judiciário, pelas varas de família, de pelo menos dezesseis estados, que se mostra eficaz
quando o assunto é disputa de guarda de crianças, alienação parental, inventários e pensão
alimentícia. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/86659-constelacao-pacifica‑
-conflitos-de-familia-no-judiciario. Acesso em: 10 mar. 2018.
Ver CFESS, 2008.
5

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vezes diz respeito ao coletivo que atua nas diferentes instâncias, e não
somente a um profissional.
O trabalho em rede realizado com a participação do assistente social
judiciário pode incidir no processo de judicialização da questão social e
no fortalecimento das políticas públicas e, fundamentalmente, no aten‑
dimento das necessidades humanas dos sujeitos de direitos. No âmbito
das estratégias profissionais, a reflexão sobre a intersetorialidade se
justifica quando se observa a configuração fragmentada e desarticulada
das políticas públicas no Brasil, a qual obstaculiza o atendimento das
necessidades da população em sua integralidade. Assim, a intersetoria‑
lidade é um pilar estruturante do princípio da integralidade das ações de
algumas políticas públicas, colocando-se como um dos maiores desafios
aos trabalhadores da área (Nogueira e Mioto, 2006).
O lugar estratégico do Serviço Social no Judiciário requer dos as‑
sistentes sociais uma intervenção técnica-operativa que articule com
as políticas sociais, principalmente com aqueles profissionais que tra‑
balham no atendimento da população que enfrenta cotidianamente a
desarticulação dos serviços. A precarização e o desmonte das políticas
públicas, principalmente no âmbito da Seguridade Social, impactam
direto no aumento das demandas judiciais, diante da negação do acesso
aos direitos sociais, principalmente na área da infância e da juventude,
com a instauração crescente de processos judiciais.

3. Apontamentos para uma agenda de educação


permanente

Antes de avançarmos na discussão das temáticas que podem compor


uma agenda de educação permanente para o trabalho dos assistentes
sociais no Poder Judiciário, é preciso situar os subsídios que fundamentam
a compreensão sobre a importância dos processos educativos vivenciados
no trabalho. Temos como ponto de partida que o trabalho é um espaço
privilegiado de aprendizagem e construção de conhecimentos. O Serviço

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Serviço Social e Poder Judiciário

Social ocupa um lugar estratégico no atendimento das necessidades so‑


ciais que chegam ao Poder Judiciário e, por isso, a educação permanente
desponta como uma dimensão formativa para os assistentes sociais,
assim como para os demais profissionais (Fernandes, 2016).
A educação entendida em sentido amplo, não se restringindo aos
níveis de ensino ou sistemas escolares, mas à educação como processo
social vital da existência dos sujeitos. Ou seja, aquilo que caracteriza a
sua especificidade de ser social, a saber, a capacidade de conhecer, de
ter ciência do real e de, portanto, transformá-lo de forma consciente
(Mészáros, 2008). Para Mészáros (2008), a automudança consciente é
a maneira pela qual os indivíduos poderão, numa nova ordem social,
tomar decisões conscientes sobre a forma de gestão de sua própria vida,
incluindo aquela vivida no trabalho como estratégia de sobrevivência
nos processos de exploração do capital.
Esse controle consciente dos processos sociais, segundo Mészáros
(2008), converte-se na superação da forma alienada de mediação dos
homens entre si, tornando-se uma mediação consciente, uma efetiva
automediação. Busca-se uma vida determinada pelas necessidades hu‑
manas efetivas, e não pelas necessidades fetichizadas e artificiais criadas
no âmbito do capital. Assim, a educação deixa de ser um momento espe‑
cífico da vida, com fins utilitários determinados, para ser a própria vida
de todos os sujeitos. Mészáros (2008) afirma que isso é uma necessidade
urgente, pois envolve a sobrevivência da humanidade, considerando o
atual nível de desenvolvimento da sociedade do capital.
No Poder Judiciário não são poucas as situações que requerem dos
profissionais um conjunto de conhecimentos para o atendimento das
necessidades postas pelos sujeitos de direitos. Isso significa considerar
as situações de trabalho e as necessidades, que emergem nesse contex‑
to como indicadores dos saberes necessários a serem apreendidos para
o atendimento e/ou a efetivação dos direitos sociais. A organização do
trabalho nesse campo segue ritos rígidos e hierárquicos, onde o juiz cen‑
traliza o poder de decisão diante dos conflitos com base em pressupostos
formais do Estado de direito.

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A aparência do direito (e do Poder Judiciário) como algo acima dos


interesses das classes sociais, supostamente capaz de captar as necessida‑
des sociais como um todo, cumpre um papel fundamental na construção
de um véu que encobre as relações de desigualdade social que não podem
aparecer enquanto tal. A fim de superar uma visão simplista e ilusória
do real, o assistente social comprometido com o seu projeto ético-político
profissional é impelido a construir saberes, competências e habilidades
no e para o exercício profissional.
Frente aos limites e desafios postos no cotidiano, alguns dispositivos
são importantes para o desenvolvimento da cultura da educação perma‑
nente no trabalho. Para além da existência de diretrizes políticas para a
institucionalização de processos de educação permanente no âmbito das
políticas públicas, como exemplo na Saúde (Brasil, 2009) e na Assistência
Social (Brasil, 2013), Fernandes (2016) reconhece que o desejo do profis‑
sional em envolver-se em processos formativos a partir das demandas
que surgem no trabalho é imprescindível. O que se constitui numa escolha
individual, mas também coletiva, visto que compromete e responsabi‑
liza os envolvidos com os resultados da ação. Por isso a importância da
iniciativa dos trabalhadores advinda desse desejo por meio da qual se
poderia dar mais sentido às experiências vivenciadas no trabalho, aos
saberes já existentes e “a um serviço prestado que foi planejado, que tem
uma intencionalidade e que só se constrói por meio da problematização
de uma demanda ou situação posta” (Fernandes, 2016, p. 79).
Com base nos fundamentos trazidos é que temos a convicção da
importância e da possibilidade de construção coletiva de uma agenda de
educação permanente para o trabalho dos assistentes sociais no Poder
Judiciário, principalmente em tempos de manifestações conservadoras e
descoladas dos fundamentos da profissão cujas bases teórico-metodoló‑
gica, técnico-operativa e ético-política preconizadas pelo Serviço Social
devem ser acionadas e protegidas com zelo pela categoria. Isso posto, é
no âmbito sociojurídico que constatamos a necessidade de construção
de “parâmetros técnicos mínimos para o trabalho dos assistentes sociais
no Poder Judiciário nas áreas da infância e juventude, família e crime”.

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Serviço Social e Poder Judiciário

emergindo como importante estratégia para a formação desses traba‑


lhadores (Borba, 2019).
Quando tratamos de processos de educação permanente é preciso
reconhecer que a predisposição ética e política para buscar conheci‑
mentos e utilizá-los no trabalho, assim como a clareza das mediações
necessárias são condições para essas experiências formativas. Embora
seja importante a existência e a construção na gestão do trabalho — no
Poder Judiciário — das prerrogativas institucionais para o fomento das
aprendizagens considerando as demandas postas, é preciso que os tra‑
balhadores reconheçam os conhecimentos que devem acionar a partir
das situações trazidas pelos sujeitos que atendem. Borba (2019) aponta
que entre os conhecimentos acionados e/ou necessários para o trabalho
dos assistentes sociais no Poder Judiciário estão as legislações vigentes
nas áreas da infância e da juventude, da família e do crime, assim como
sobre os marcos regulatórios das políticas sociais.6 Em um cenário de
desmonte das legislações vigentes, o Serviço Social no Judiciário, como
classe trabalhadora, se coloca numa posição ética e política de resistên‑
cia em fazer valer esses conhecimentos na perspectiva da efetivação e
ampliação dos direitos sociais.
A ideia da construção de parâmetros mínimos de atuação nas áreas
da infância e juventude, família e crime versa sobre temas específicos
que consideram as realidades dos espaços ocupacionais, as condições de
vida da população, entre outros aspectos que são definidos pelo conjunto
de demandas postas e, ainda, pelas condições de trabalho e pelas neces‑
sidades de os trabalhadores vivenciarem aprendizagens significativas.

Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/1990) e Lei n. 12.010/2009. Código de


6

Processo Civil (Lei n. 13.105/2015); Lei da Alienação Parental (Lei n. 12.318/2010); Estatuto
do Idoso (Lei n. 10.741/2003); Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/1984); Lei Violência Domés‑
tica e Familiar contra a Mulher (Lei n. 11.340/2006); Lei n. 9.099/1995, que regulamenta os
juizados especiais criminais; Lei n. 11.343/2006, que regulamenta a política antidrogas; Lei
n. 10.826/2003, que regulamenta o uso de arma; Constituição Federal de 1988 (art. 5º, entre
outros); marcos regulatórios: Sistema Único de Saúde (Lei n. 8.080/1990), Sistema Único de
Assistência Social (Lei n. 12.435/2011).

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Borba, M.P.; Fernandes, R.M.C.

Na infância e juventude o tema da adoção tem sido considerado


uma prioridade institucional demandada ao trabalho das assistentes
sociais, pois a adoção tardia, os encontros com adotantes e as devoluções
de adotados são assuntos a serem aprofundados (Borba, 2019). A devo‑
lução de crianças e adolescentes adotados também é uma preocupação
profissional, visto a incidência desses casos. A aproximação de adotantes
e crianças e adolescentes aptos para adoção também requer reflexão
sobre o planejamento dessa ação, envolvendo a definição de objetivos e
finalidades para essa prática. Na área da família, o desafio é o de des-
velar as expressões da questão social presentes nos processos judiciais,
visto a dificuldade de identificação do objeto da avaliação social, assim
como da própria finalidade do trabalho do assistente social na área
da família. Na área criminal, especificamente na execução de penas e
medidas alternativas, percebe-se a necessidade de aprofundamento e
socialização da legislação existente que regulamenta as alternativas pe‑
nais no país, assim como as práticas existentes nas diferentes comarcas
de cada estado.
Por fim, não podemos deixar de destacar a importância da visita do‑
miciliar como recurso utilizado e constantemente solicitado ao assistente
social judiciário. Isto nos faz refletir sobre a histórica preocupação da
profissão e a exigência social na área com esse instrumento de trabalho,
em detrimento de outros, como o planejamento e a pesquisa. É preciso
compreender a visita domiciliar no trabalho profissional como sendo uma
forma de conhecer os modos e condições de vida dos sujeitos de direitos
nas suas moradias, nos seus territórios, nos seus cotidianos, tendo o
diálogo, o respeito e a construção de vínculos, princípios para superação
do caráter fiscalizatório que pode carregar esse instrumental. Trata-se
de ter clareza sobre a finalidade e a situação a ser medida no trabalho
profissional. Para Closs e Sherer (2016, p. 3), esse instrumento é balizado
por “uma dimensão investigativa que possibilita apreender os processos
sociais singulares em conexão com a dinâmica societária, juntamente
com uma postura ético-política comprometida com o atendimento das
necessidades sociais e com o respeito da liberdade e da autonomia”.

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Serviço Social e Poder Judiciário

Os conhecimentos e instrumentais utilizados pelos assistentes


sociais e a reflexão acerca dos preceitos éticos e políticos que envolvem
esse trabalho também são temas a compor os parâmetros mínimos de
atuação profissional não como algo fechado, mas como um guia orien‑
tador de conteúdos que contribuam com as aprendizagens significativas
tão necessárias para o trabalho do Serviço Social no Poder Judiciário nas
diferentes áreas de atuação (infância, família e crime).

Considerações finais
O Serviço Social brasileiro vem se consolidando como uma profissão
marcada por uma direção social crítica e democrática, modificando-se
no contexto das relações sócio-históricas da sociedade, as quais são
permeadas pela disputa de projetos societários e das classes sociais nas
respostas às múltiplas expressões da questão social. Pensar o Serviço
Social no Poder Judiciário — em um cenário de rearticulação de forças
conservadoras que buscam instaurar uma agenda neoliberal no campo
econômico e social, com graves consequências no campo dos direitos e
políticas sociais conquistados historicamente — implica a reafirmação de
compromissos. A postura ético-política e o aprofundamento dos funda‑
mentos para o trabalho profissional são necessários para a compreensão
do movimento contraditório da realidade e para a construção de estraté‑
gias de resistência, de ampliação da participação da população usuária
e afirmação da cidadania é um caminho.
A crescente judicialização da questão social na busca pela garantia
da efetivação de direitos sociais é um desafio para a construção de estra‑
tégias coletivas de ação que envolve, dialeticamente e de maneira tênue,
transitar da perspectiva do controle para a da emancipação. A construção
de mediações e acúmulos no que tange à dimensão técnico-operativa,
especialmente a partir de uma perspectiva dialético-crítica, pode superar
concepções praticistas e aproximar a dimensão teleológica do trabalho
na articulação do instrumental, trazendo os fundamentos do Serviço
Social como base para a formação profissional no âmbito do trabalho.

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Borba, M.P.; Fernandes, R.M.C.

Contudo, a institucionalização de uma cultura de educação per‑


manente no e do trabalho dos assistentes sociais no Poder Judiciário se
constitui um desafio. Para tanto, o envolvimento dos trabalhadores é
uma alternativa para a construção coletiva de uma agenda de educação
permanente para o trabalho profissional no ambiente sociojurídico que
nos mobilizou para esta escrita.

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Sobre as autoras
Mariana Pires Borba – Assistente social, mestre em Política Social e Serviço
Social.
E-mail: [email protected]

Rosa Maria Castilhos Fernandes – Doutora em Serviço Social e professora


de Serviço Social.
E-mail: [email protected]

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