Analise de Custo Volume Lucro
Analise de Custo Volume Lucro
Analise de Custo Volume Lucro
e Orçamentária
no Setor Público
Material Teórico
Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
Análise Custo – Volume – Lucro
e Alavancagem Operacional
• Conceitos
• Alavancagem operacional
• Riscos operacionais derivados da alavancagem operacional
Olá aluno(a)!
Nesta Unidade, estudaremos a Administração Financeira, especificamente: seu custo de
oportunidade, custo total de capital, avaliação do desempenho financeiro da empresa pelo
MVA, e outras estratégias financeiras.
Para que você obtenha uma melhor aprendizagem e compreensão do assunto
apresentado, leia com atenção o conteúdo desta unidade e os materiais complementares,
assista aos vídeos indicados e procure as referências bibliográficas. Também recomendamos
a pesquisa de mais fontes, que irão contribuir para seu melhor desempenho.
Bons estudos!
5
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Contextualização
Olá!
As empresas convivem com informações no dia a dia que não suprem suas necessidades
de decisões, inferindo em situações de riscos as quais, ao longo do tempo, podem aumentar
seu passivo oneroso e agravar o endividamento a curto, médio e longo prazos. Portanto, o
conteúdo desta unidade fundamenta o profissional a auxiliar as melhores tomadas de decisões,
dentro da literatura narrada.
Uma expectativa presente em toda decisão financeira tomada em uma empresa é que ela
contribua para elevar o seu resultado operacional e o resultado líquido de seus acionistas.
Bons estudos!
6
Conceitos
Atenção
É importante notar que essa classificação dos custos e despesas é feita a partir
da relação entre os custos e o volume de atividade de uma empresa em certa
unidade de tempo. A definição de fixo e variável é sempre determinada pela
relação entre o valor do custo, em certo período, e o volume de atividade.
Os custos e despesas fixos são aqueles que não dependem do volume de produção e
vendas no período. Por exemplo, o valor da depreciação de uma máquina em certo mês
existe independentemente de aumentos ou reduções naquele período do volume de atividade.
Outros exemplos de custos e despesas fixos são o aluguel da fábrica, depreciação de maquinas
e equipamentos, salários de pessoal administrativo, honorários da administração, encargos
financeiros decorrentes de empréstimos e financiamentos etc.
É importante destacar que o custo fixo pode ter valores diferentes em cada período
e continuar sendo classificado como fixo. Por exemplo, se o aluguel sofrer reajuste a cada
mês, ainda assim continuará a ser classificado como fixo, pois o seu valor não é função do
volume de atividade, ou seja, não se relaciona com o volume de produção.
Os custos e despesas variáveis são aqueles que dependem do volume de atividade, sempre
dentro de alguma unidade de tempo, mês, trimestre etc. Estes custos acompanham o volume
de produção, quanto maior a atividade da empresa, maiores se apresentam estes custos.
7
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Comissões sobre vendas, embalagens, impostos sobre vendas (Icms), embalagens, fretes,
consumo de matérias-primas, custos de mercadorias vendidas no caso de empresas comerciais,
entre outros, são classificados como custos e despesas variáveis.
Existem ainda os custos ou despesas semifixos e semivariáveis, que são aqueles que possuem
parte fixa e parte variável, como a remuneração de pessoal de venda que recebe salário fixo
mais uma parcela variável representada por comissões sobre as vendas. Nessa situação, deve-
se, para efeito de análise, fazer a separação da parte que é fixa da parte que é variável.
A partir da separação dos custos e despesas em fixos e variáveis, pode-se elaborar uma
demonstração de resultados mais gerencial, na qual são destacados o desempenho dos
produtos ou unidades de negócios, ou da própria empresa, e sua contribuição para a cobertura
dos gastos fixos e formação dos lucros. Quando uma empresa produz e vende certo volume de
seus produtos, pode elaborar o seguinte resultado:
Produto A Produto B
Volume de Vendas 2.600 unidades 5.000 unidades
Preço de Venda $ 170,00/un. $ 280,00/un.
Custos (despesas) variáveis $ 76,50/un. $ 196,00/un.
Margem de Contribuição $ 93,50/un. $ 84,00/un.
8
O produto de maior margem de contribuição unitária é A, porém B, pelo maior volume de
vendas, é o que produz a mais elevada margem total ($ 663.100,00).
O produto A contribui com $ 93,50/un. E o produto B com $ 84,00/un. para a formação
do lucro da empresa. A soma dessas margens unitárias, multiplicadas respectivamente pelas
quantidades vendidas, perfaz a margem de contribuição total da empresa no mês, igual a
$ 663.100,00. Desse montante, são deduzidos os custos e despesas fixos para se chegar
ao resultado operacional da empresa.
Receitas de Vendas: p x q
Alavancagem
= (-) Custos Fixos: CF
Operacional
(-) Custos Variáveis: CVu x q
(=) LAJIR: p x q – CF – Cvu x
Em que:
q = quantidade de vendas por unidade
p = preço de venda unitário
CVu= custo/despesa operacional variável por unidade
CF= custo/despesa operacional fixo no período
LAJIR= lucro antes dos juros e IR (lucro operacional antes do IR)
No ponto de equilíbrio, tem-se: LAJIR = 0. Simplificando a expressão e colocando o valor
da quantidade vendida de mercadorias q em evidência, tem-se:
q(p-CVu) – CF = 0
CF
q=
(p-CVu)
Essa quantidade de unidades a ser produzida e vendida pela empresa é o que se denomina
de Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO), ou seja, o volume mínimo de vendas necessário
para pagar todos os custos operacionais fixos e variáveis da empresa. Realizando vendas
acima desse ponto, a empresa atua na faixa de lucro, volume de vendas abaixo do ponto de
equilíbrio gera prejuízo.
9
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
CF
Ponto de Equilíbrio Contábil = q =
(p-CVu)
CF + Lucro Mínimo
Ponto de Equilíbrio Econômico =
(p-CVu)
Também ocorre de nem sempre os custos e despesas fixos serem desembolsáveis, ou seja,
exigirem comprometimento de caixa, como é o caso das depreciações. Assim, pode ocorrer
de, mesmo operando em seu ponto de equilíbrio contábil, não ser possível a empresa honrar
seus compromissos que exigem desembolsos de caixa. Pode ocorrer ainda de a empresa ter
empréstimos bancários cujos juros estão contidos nas despesas fixas por competência, porém
os pagamentos efetivos estão previstos para outros momentos.
Através desses exemplos, tem-se o ponto de equilíbrio financeiro, que calcula o volume
de vendas que iguala as entradas com as saídas de caixa. A grande contribuição do ponto de
equilíbrio financeiro é eliminar os eventuais conflitos entre os prazos de pagamento e
de recebimentos.
10
Alavancagem operacional
Se uma indústria possui custos e despesas fixos de $ 50 milhões por mês, custos e despesas
variáveis de $ 500 por unidade de produto vendido, e preço de venda unitário de $ 700, terá
seu ponto de equilíbrio definido ao nível de 250.000 unidades por mês. Suponha-se que seu
nível real de atividade esteja em produção e venda de 300.000 unidades por mês. Qual seu
lucro contábil?
Uma das formas mais utilizadas desse calculo é a seguinte: as primeiras 50.000 unidades
servem para cobrir os gastos fixos, nas 50.000 unidades adicionais tem-se uma margem
de contribuição unitária de $ 200, após cobertos os fixos, essa margem de contribuição
produz automaticamente lucro. Logo, o lucro contábil ao nível de 300.000 unidades/mês
é igual a:
LUCRO = 50.000 unid./mês x $ 200 = $ 10 milhões/mês
Uma questão que pode surgir desses resultados: em quanto se alterará o lucro da empresa
se o volume de atividade aumentar em 40%?
Se houver 120.000 unidades de acréscimo (40% x 300.000 unid.), passando a empresa
para 420.000 unid./mês, e mantendo-se os outros valores iguais, haverá lucro nas unidades
acima do ponto de equilíbrio em 170.000 unidades (420.000 unid. – 250.000 unid.). Com
isso, o resultado positivo nesse ponto será de $ 34 milhões/mês (170.000 unid. x $ 200).
Em outras palavras, um aumento de 40% no nível de atividade da empresa proporcionou
um incremento de 240% em seu lucro. Isto significa que o aumento no resultado foi muito
mais que proporcional ao efetivado no nível de atividade, e exatamente isso caracteriza a
alavancagem operacional, que é definida como o efeito desproporcional entre a força feita
numa ponta, a do volume de atividade, e a força resultante na outra, a do lucro.
O grau de alavancagem operacional (GAO), por sua vez, é a quantificação desse efeito:
O GAO de 6 indica que, estando a empresa com essa estrutura de custos, despesas e
preço atuando ao nível de 300.000 unid./mês, terá, a cada 1% de aumento no seu volume de
atividade, um incremento de 6% no seu lucro.
O grau de alavancagem operacional também atua em sentido descendente, isto é,
estando a empresa ao nível de 300.000 unid., se ocorrer um decréscimo de 10% no
seu volume de atividade tem-se, como consequência, uma perda de 60% no seu lucro.
11
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Por exemplo, se o nível de atividade passar das atuais 300.000 unidades para 270.000
unidades/mês, redução de 10%, será apurado um lucro relativo apenas a 20.000 unidades
acima do seu ponto de equilíbrio, ou seja, de $ 4 milhões. O lucro apurado ao nível de
300.000 unidades, igual a $ 10 milhões, sofrerá, então, uma redução de 60%. O GAO
funciona nos dois sentidos.
Logicamente, não se calcula o GAO a partir do próprio ponto de equilíbrio, já que nessa
situação o resultado é zero e não há como matematicamente se chegar à porcentagem de
incremento ou redução.
Para cada ponto que a empresa venha a atingir, é calculado um grau de alavancagem
diferente. Por exemplo, vendendo 270.000 unid./mês, apura-se um lucro de $ 4 milhões,
ao atingir 324.000 unid./mês, ou seja, havendo um acréscimo de 20% no seu volume de
atividade, o lucro eleva-se para $ 14,8 milhões (74.000 unid. x $ 200/unid.), refletindo
um aumento de 270%. Ou seja, ao nível de 270.000 unidades seu grau de alavancagem
operacional é de 13,5 (270%/20%).
Importante!
Quanto mais distante a empresa estiver de seu ponto de equilíbrio, menor
será seu grau de alavancagem operacional, pois menor será o impacto
percentual sobre seu lucro, do acréscimo ou redução determinado pela
alteração no seu volume de atividade.
Há uma importante relação entre o grau de alavancagem operacional e o
risco econômico da empresa. Trabalhando acima do ponto de equilíbrio,
a empresa tende a apresentar menor GAO, mas também menor risco
de entrar em prejuízo. Trabalhando com alto GAO, tenderá a se situar
perto do seu ponto de equilíbrio e, consequentemente, com altos riscos de
melhorar significativamente seu resultado, ou de piorá-lo
12
Riscos operacionais derivados da alavancagem operacional
Ambas as empresas possuem o mesmo GAO, mas estão com lucros, em termos absolutos,
bem diferentes uma da outra. Se em ambas houver um aumento de 5% no volume de atividade,
também lhes ocorrerá 30% de acréscimo no lucro. Na empresa A isso significará um aumento
de $ 3 milhões, e em B de $ 4,5 milhões.
13
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Admita agora uma empresa C, com outra estrutura, mas com o mesmo preço de venda:
O GAO da empresa C é a metade do das outras duas, e seu risco, ao nível de 300.000
unid./mês, é bem menor. Uma alteração, para C, de 5% no seu volume de atividade significa
alteração de 15% no lucro. Esse percentual também resulta no valor de $ 4,5 milhões
(15% x $ 30 milhões), mas, como resultado anterior já era alto, seu impacto percentual é
menor. A empresa C apresenta assim um risco menor.
Uma forma de comprovar tal fato é verificar quanto cada uma das três empresas pode
perder um volume antes de entrar em prejuízo. Obviamente, a menos afetada é C, pois
suas vendas podem cair até 200.000 unid./mês, ou seja, pode sofrer queda de 100.000
unid., ou 33,3% do volume de 300.000 unid./mês, enquanto as outras duas empresas só
podem perder 50.000 unid., ou seja, 16,6%. Assim, se todas as empresas, por exemplo,
sofrerem 20% de redução em seus volumes de atividade, A e B entrarão em prejuízo e C
ainda estará com lucro.
60 milhões/mês
Novo Ponto de Equilíbrio = = 300.000 unid./mês
200/unid. de MCu
14
Para a empresa C, os custos e despesas fixos subirão para 72 milhões, com:
72 milhões/mês
Novo Ponto de Equilíbrio = = 240.000 unid./mês
300/unid. de MCu
Assim, se percentualmente o aumento nos gastos fixos for igual para todas, A e B correm
o risco de ficar fora do mercado mais rapidamente que C.
Para todas as empresas, o novo ponto de equilíbrio também é 20% maior do que o anterior.
Se, porém, o aumento nos custos e despesas fixos for de 30%, e não de 20%, tem-se uma
nova situação.
Para a empresa A, seus custos e despesas fixos irão para 65 milhões, com novo ponto de equilíbrio
definido em 325.000 unid. Ao nível de atividade de 300.000 unid., sofrerá prejuízo de 5 milhões.
A empresa B passará, então, a ter novo ponto de equilíbrio em 325.000 unidades também.
Mas ao nível de 300.000 unidades, seu prejuízo será de 7,5 milhões.
Observe como o risco está fazendo com que a empresa B tenha uma situação mais
periclitante do que A, em função de seu maior nível de custos e despesas fixos e maior
margem de contribuição unitária.
Com 30% de aumento nos custos e despesas fixos, a empresa C estará com novo ponto de
equilíbrio em 260.000 unid./mês, e ainda apresentará lucro ao nível de 300.000 unid./mês.
Ela possui a mesma margem de contribuição da empresa B, mas os seus custos e despesas
fixos são menores.
Assumindo 20% de aumento nos custos e despesas variáveis, $ 600, $ 480 e $ 480,
respectivamente, os pontos de equilíbrio novos serão:
• Empresa A: 500.000 unid./mês
• Empresa B: 340.909 unid./mês
• Empresa C: 272.727 unid./mês
15
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Agora a empresa A terá mais dificuldade em sair do prejuízo, tendo em vista que 20% de
aumento nos seus custos e despesas variáveis a afetaram bastante, já que eram maiores do
que nas outras.
16
Material Complementar
Sites:
Olá!
Para aprimorar seus conhecimentos sobre o conteúdo desta Unidade, sugiro a visita aos
seguintes sites:
• www.valor.com
• www.folha.uol.com.br
• www.bndes.gov.br
• www.economatica.com.br
• www.bcb.gov.br
• www.investopedia.com
Boa pesquisa!
17
Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional
Referências
ASSAF NETO, A.; LIMA, F.G. Curso de Administração Financeira. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
OLIVEIRA, L.M. Gestão Estratégica de Custos. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, D.P.R. Introdução à Administração: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2009.
18
Anotações
19