Feminismo

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Vertentes do Feminismo (e suas características)

O feminismo é um dos movimentos sociais que mais cresce no Brasil e no mundo. Seu maior
propósito é erradicar as ações e cultura machistas e garantir os direitos políticos e sociais das
mulheres.

Porém, assim como acontece em outros movimentos, o feminismo passou a se dividir em


inúmeras vertentes. Cada uma possui recortes e lutas especificas, com o mesmo propósito
maior.

Abaixo listamos as quatro principais vertentes do movimento feminista e suas características.

Movimento feminista radical

O feminismo radical é a ideologia do movimento feminista que enfatiza as raízes patriarcais da


desigualdade entre homens e mulheres, ou, mais especificamente, a dominação social das
mulheres pelos homens.

Essa vertente do movimento enxerga o patriarcado como um grande divisor de direitos,


privilégios e poder da sociedade.

A divisão, na justificativa do feminismo radical, ocorre principalmente nas linhas da ideologia


de gênero, que resultaria na opressão das mulheres e na manutenção de privilégios aos
homens.

O feminismo radical se opõe à organização política e social existente em geral porque está
inerentemente ligada ao patriarcado. Assim, as feministas radicais tendem a ser céticas em
relação à ação política dentro do sistema atual.

Elas se concentram na mudança cultural que funciona como a raiz do patriarcado e as


estruturas hierárquicas associadas a ele.

O nome dessa ideologia muitas vezes é confundido como radicalismo. Porém, o nome nasceu
mesmo da palavra raiz.

Por isso, as feministas radicais têm como causa "chegar à raiz" da problemática social da
desigualdade de gênero.

Uma feminista radical visa desfazer o modelo patriarcal sobre o qual a sociedade é organizada
em vez de fazer ajustes no sistema através de mudanças legais.

Outro ponto importante desta vertente é que a pornografia e a prostituição são vistas como
uma exploração do corpo feminino, por isso não são aceitas dentro do movimento.

Além disso, é comum que as feministas radicais problematizem as questões de maquiagem e


moda por acreditarem que esses elementos são imposições sociais para as mulheres.

Movimento feminista liberal

O feminismo liberal é a vertente que se concentra mais em questões como a igualdade no


local de trabalho, na educação e nos direitos políticos.

As feministas dessa vertente dizem ter encontrado o problema do machismo nas leis, por isso
procuram confrontar o sistema judiciário.
É a única vertente que não problematiza o capitalismo e acredita que a mulher deve ser
inserida no mercado de trabalho de forma justa e igualitária. Isso também demonstra a clara
ligação que essa linha feminista tem com o liberalismo, que inspirou o nome da mesma.

Além disso, aceita homens no movimento, fato que não ocorre no feminismo radical. Essa
vertente ficou muito conhecida através do movimento He For She (Ele por Ela), da atriz norte-
americana Emma Watson.

Os principais objetivos do feminismo liberal são:

 igualdade de gênero na esfera pública;

 igualdade de acesso à educação;

 igualdade salarial;

 fim da segregação sexual no trabalho;

 melhores condições no mercado de trabalho.

Todos esses objetivos são conquistados principalmente por meio de mudanças legais.

O feminismo liberal tende também a confiar no Estado e nos direitos políticos para obter
igualdade, para ver o Estado como o protetor dos direitos individuais.

Liberalismo

O que é o liberalismo:

O liberalismo é uma doutrina político-econômica e sistema doutrinário que se caracteriza pela


sua atitude de abertura e tolerância a vários níveis. De acordo com essa doutrina, o interesse
geral requer o respeito pela liberdade cívica, econômica e da consciência dos cidadãos.

O liberalismo surgiu na época do iluminismo contra a tendência absolutista e indica que a


razão humana e o direito inalienável à ação e realização própria, livre e sem limites, são o
melhor caminho para a satisfação dos desejos e necessidades da humanidade. Este otimismo
da razão exigia não só a liberdade de pensamento mas também a liberdade política e
econômica.

O liberalismo acreditava no progresso da humanidade a partir da livre concorrência das forças


sociais e era contrário às acusações das autoridades (religiosas ou estatais) sobre a conduta do
indivíduo, tanto no campo ideológico como no campo material, devido à sua desconfiança
básica sobre todo o tipo de obrigação (individual e coletiva).

Na sua origem, o liberalismo defendia não só as liberdades individuais mas também as dos
povos, e chegou mesmo a colaborar com os novos movimentos de libertação nacional surgidos
durante o século XIX, tanto na Europa como nos territórios ultramarinos (sobretudo na
América Latina).

No âmbito político, o liberalismo deu os seus primeiros passos com a revolução francesa e
americana; os direitos humanos constituíram, seguidamente o seu primeiro ato de fé político.

O liberalismo foi a ideologia política da burguesia (liberal), a qual, amparada por essa ideologia,
conseguiu conquistar uma posição predominante durante o século XIX e até a I Guerra
Mundial, altura em que se tornou a força política dominante em quase todo o mundo
ocidental.

O princípio da liberdade na vida econômica, proclamado pelo liberalismo, se desenvolveu


primeiramente em condições de grandes desigualdades sociais (como consequência da falhada
libertação do campesinato na Europa, guerras napoleônicas e do rápido crescimento
demográfico), e posteriormente teve uma forte reação através das doutrinas socialistas e
comunistas, cujos movimentos se tornaram opositores do liberalismo bem mais fortes do que
as correntes conservadoras e tradicionais.

O fracasso do liberalismo face aos grandes problemas políticos e sociais que, depois da I
Guerra Mundial, surgiram na Europa central teve como consequência que a Alemanha, Itália e
outros países mergulhassem em crises profundas e prolongadas, que contribuiu para o
florescimento de sistemas totalitários (fascismo, nacional-socialismo, falangismo, etc.).

Posteriormente à II Guerra Mundial e face a outros movimentos de tendência democrata-


cristã ou social-democrata, o liberalismo ressurgiu, pretendendo constituir de novo uma opção
no campo político e econômico.

Ver também: Laissez-faire.

Liberalismo econômico

Do ponto de vista econômico, o liberalismo vem dos fisiocratas, de A. Smith e da teoria do livre
cambismo (comércio livre, desenvolvida por eles). O liberalismo esteve intimamente
relacionado com o capitalismo e foi a base do desenvolvimento econômico industrial do século
XIX, especialmente da expansão econômica da Inglaterra em todo o mundo.

Saiba mais sobre o Liberalismo econômico.

Liberalismo político

O liberalismo político implicava a restrição do poder estatal, não permitindo que o Estado
interfira em alguns direitos fundamentais como o direito à vida, à felicidade e à liberdade.

Liberalismo social

O propósito do liberalismo social é defender os direitos humanos e as liberdades civis dos


cidadãos contra possíveis atos de opressão do Estado. No entanto, o liberalismo social vai além
disso, mas indica que o Estado deve proporcionar aos cidadãos oportunidades no contexto
econômico, da saúde, da educação, etc.

Movimento feminista interseccional

A palavra interseccional foi usada pela primeira vez pela estudiosa e defensora dos direitos
civis Kimberlé Crenshaw em 1989.

Enquanto ainda estudava para ser advogada, ela via que gênero e raça eram vistos como
questões completamente separadas.

Para Crenshaw, estudá-los isoladamente não fazia sentido. Ela viu que as mulheres negras, por
exemplo, são duplamente discriminadas, particularmente na lei.
Kimberlé Crenshaw.

Apesar de cunhar o termo, Crenshaw sempre admitiu que não é a primeira a expressar seu
verdadeiro significado.

Citou que mulheres, como uma das grandes ativistas do século XIX, Anna Cooper e até Angela
Davis, uma proeminente ativista política do movimento, falaram da importância interseccional
dentro dessa corrente feminista.

Hoje a interseccionalidade abrange mais do que apenas as interseções de raça e gênero.

Agora o termo é amplamente usado para ilustrar a interação entre qualquer tipo de
discriminação, seja ela:

 sexo;

 raça;

 idade;

 classe;

 status socioeconômico;

 capacidade física ou mental;

 gênero ou identidade sexual;

 religião ou etnia.

O propósito do feminismo interseccional é ouvir diferentes tipos de feministas, alertando para


o fato de que as experiências de vida se baseiam no modo como as suas múltiplas identidades
se misturam.

A interseccionalidade é a maneira complexa em que os efeitos de diferentes formas de


discriminação se combinam, se sobrepõem ou até mesmo se cruzam.
Isso significa que a discriminação não existe em uma bolha social, diferentes tipos de
preconceito podem ser amplificados de diferentes maneiras quando ocorrem juntos.

Movimento feminista negro

O movimento feminista negro nasceu para atender a necessidade de representatividade de


mulheres negras dentro do feminismo.

Sua principal sustentação é que a experiência das mulheres negras dá origem a uma
compreensão particular de sua posição em relação ao sexismo, à opressão de classe e ao
racismo.

Um dos maiores focos do movimento é desenvolver teorias que poderiam abordar


adequadamente a maneira como raça, gênero e classe são interligados nas vidas das
mulheres.

Assim, medidas contra a discriminação racista, sexista e classista podem ser tomadas dentro
de um único movimento.

Na primeira onda feminista, o movimento era representado basicamente por mulheres


brancas e de classes econômicas altas e que reivindicavam os mesmos direitos civis dos
homens.

A questão é que, ao longo da luta hegemônica do feminismo, as mulheres negras perceberam


que não tinham representatividade do recorte racial dentro do movimento.

Esse foi um dos grandes propulsores para a origem da corrente do feminismo negro, já que o
espaço social da mulher negra era diferente devido à luta contra o também estruturado
racismo.

Foi então que a partir da segunda onda feminista, em 1960, o feminismo negro começou a
crescer, mostrando a importância do recorte racial dentro do movimento.

Hoje é uma das linhas feministas mais proeminentes, contando com ativistas importantes
como Angela Davis, Chimamanda Ngozi Adiche e a brasileira Djamila Ribeiro.

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