As Principais Concepções de Direitos Humanos em Disputa Na Sociedade Contemporânea
As Principais Concepções de Direitos Humanos em Disputa Na Sociedade Contemporânea
As Principais Concepções de Direitos Humanos em Disputa Na Sociedade Contemporânea
Esta concepção tem duas matrizes, a base teológica e a laica, da ordem da defesa
do direito natural como algo próprio da esfera da razão. Ambas vão no sentido do
direito inerente ao homem, que todos nascem iguais perante a lei, e que haveria os
direitos naturais; tese essa apropriada pelos liberais, sendo consensual no debate sobre
os direitos humanos a preponderância destinada a direitos civis e políticos,
especialmente o que denominam direito à propriedade privada. Quando pensamos
direitos humanos, logo nos remetemos as reivindicações liberais, latente principalmente
na revolução francesa, e a força desta concepção sobrevive até os dias de hoje como o
cerne deste conceito, que foi alimentado por uma crítica da burguesia para o então
sistema vigente, o feudal, e “não se tratava de críticas morais: as formas como se
organizavam a vida, como transitavam mercadorias e dinheiro, como
determinados sujeito tinha acesso a privilégios não concedidos aos demais, como
era limitado o ir e vir das pessoas pelos territórios então já conhecidos, como se
mantinham o poder político nas mãos de algumas partes minoritárias da
sociedade, dentre outros fenômenos, eram o que dava substância a tal crítica.”
(posição no e book: 3936)
Outro autor apresentado que contribui com o debate posto até aqui, é Trindade
(2002) que apresenta críticas aos documentos de 1789 e 1791, citando José Afonso da
Silva (1985, apud Trindade, ibid, p.55, apud, RUIZ, 2015) diz que o individuo da
Declaração de 1789 era abstraído, e alheio aos grupos sociais, às relações familiares e à
vida econômica, e desvinculado da realidade; e que a pretensão dos redatores de
reconhecer a igualdade como “de direito” e não como “de recurso”, abriu um debate
sobre a noção de igualdade, posteriormente levada no sentido socialista, radical, pelo
movimento operário. Trindade também cita os silêncios da Declaração, como o sufrágio
universal, a igualdade entre os sexos (o homem da declaração era realmente só o gênero
masculino), a não crítica ao colonialismo francês e europeu, a escravidão foi vituperada,
os direitos trabalhistas foram esquecidos, podendo dizer nas palavras do autor que “tão
importante quanto as ideias que a Declaração contém são as ideias que ela não contém”.
E o autor demonstra que para quem vê a história em retrospectiva (termo
constantemente usado por Eric Hobsbawn), não era de se esperar que os legisladores
burgueses, mesmo bebendo de fontes filosóficas iluministas, não iriam pavimentar uma
estrada jurídica que apontasse para uma futura, e real igualdade social, sendo ela a moda
da democracia ateniense, não visando responder as demandas de toda a população
francesa. Outro teórico que apresenta considerações sobre a Declaração de 1789 é
Noberto Bobbio (2004), onde ele diz que a Declaração conserva um eco do porque que
os homens, de fato, não nascem nem livres e nem iguais, só o eram em sua natureza,
porem essas ideias não são um dado de fato, mas sim uma utopia; não são uma
existência, mas um valor; não são um ser, mas um dever ser.
Foi nesta onda teórica que a revolução mexicana e a russa de 1917, previram em
suas constituições conceitos de seguridade social; e em 1966 o bloco dos países
socialista, em um evento em Nova York , defenderam que não deveria haver distinções
entre a qualidade, a quantidade, a previsão, a garantia e a implementação de direitos,
mesmo que não fosse possível no contexto um pacto internacional, mas a força do bloco
desses países e seus aliados não passou em branco, como por exemplo, o Pacto
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, nos artigos 6° e 7°,
reconhece como campo dos Direitos Humanos as condições de trabalhos e salários mais
justos, fruto das lutas de trabalhadores que viam seus direito reconhecidos como
Direitos Humanos, mesmo que alguns não existam na realidade, porem esses
reconhecimentos alimentam, incentiva e legitimam as lutas dos trabalhadores em busca
de melhore condições e vida digna.