Fundamentacao Teorica Abecedario e Silabario
Fundamentacao Teorica Abecedario e Silabario
Fundamentacao Teorica Abecedario e Silabario
Abecedário e Silabário
INTRODUÇÃO
Na sociedade atual a competência leitora é uma das mais importantes competências
cognitivas e comunicativas. A leitura é o “veículo” que permite o acesso a todos os outros
saberes. Ensinar as crianças a ler e a escrever, a expressar as suas ideias com clareza são das
mais importantes funções dos professores.
Porque o baixo nível de capacidade leitora afeta seriamente todas as áreas da vida, o
conhecimento das suas causas, dos processos cognitivos envolvidos na sua aquisição e a
elaboração de métodos de ensino mais eficientes, são uma necessidade e um desafio que se
colocam com urgência a pais e educadores.
Como resposta a esta necessidade e desafio, apoiada nos conhecimentos resultantes da
investigação científica e nos resultados da prática psico-pedagógica, como professora e
psicóloga educacional, ao longo de mais de quatro décadas, fui desenvolvendo e aperfeiçoando
diversos materiais, que fui partilhando com colegas e pais.
Assim foram nascendo e tomando forma os diversos materiais que deram origem ao
MÉTODO FONOMÍMICO Paula Teles , um método de ensino da Leitura e da Escrita, Fónico
®
e Multissensorial.
O meu propósito é que os professores e os pais das crianças com dislexia, ou outras
dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita, encontrem neste trabalho um recurso útil a
nível da atualização, reflexão e consolidação do conhecimento sobre este tema e possam dispor
de materiais e estratégias de intervenção que os apoiem no seu trabalho diário.
DISLEXIA
1. Que definição?
Desde que a dislexia mereceu a atenção da comunidade científica, a procura de uma
definição tem sido uma questão recorrente.
Em 2003, a Associação Internacional de Dislexia propôs a seguinte definição:
“Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É
caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa
competência leitora e ortográfica.
Estas dificuldades resultam de um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras
capacidades cognitivas e às condições educativas.
Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora e experiência de leitura
reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais.”
Esta definição veio clarificar algumas questões:
• A dislexia tem origem neurobiológica;
• A suas características distintivas são as dificuldades específicas a nível da leitura e da
ortografia;
• Estas dificuldades são causadas por um défice fonológico;
• Todas as outras competências cognitivas são independentes deste défice.
4. Quais os indicadores?
Sendo a dislexia uma perturbação causada por dificuldades a nível do processamento
fonológico, manifesta-se, por vezes, a nível da linguagem oral antes do início da aprendizagem
da leitura.
No jardim-de-infância e pré-escolar: atraso na aquisição da linguagem; palavras mal
pronunciadas; linguagem “bebé” persistente; dificuldade em memorizar (lengalengas, rimas,
nomes das cores, noções temporais…); em aprender os nomes das letras e em escrever o seu
nome.
No 1.º ano de escolaridade: dificuldades fonológicas (identificação, substituição e deleção
de sílabas e fonemas); em aprender as correspondências grafema-fonema; em aprender o
princípio alfabético; em fazer a fusão fonémica e as fusões silábicas sequenciais; em segmentar
as palavras em sílabas e fonemas; em automatizar a leitura; queixas em relação à dificuldade de
leitura; recusa ou adiamento sistemático das tarefas de leitura; história familiar de dificuldades
leitoras e ortográficas.
A partir do 2.º ano de escolaridade: progresso muito lento na aprendizagem da leitura;
leitura oral sincopada, trabalhosa, apoiada no contexto; erros de substituição, omissão e
adição de fonemas; dificuldades em ler palavras desconhecidas, multissilábicas e funcionais;
falta de gosto pela leitura recreativa; os trabalhos de casa parecem não ter fim; ortografia
desastrosa; escrita irregular, por vezes ilegível…
Estes mitos deram origem a intervenções terapêuticas sem qualquer validação científica:
2. A quem se destina?
Às crianças, sem quaisquer dificuldades, que estão a iniciar a aprendizagem da leitura e da
escrita, estimulando e otimizando estas aprendizagens.
Às crianças e jovens que revelam dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita e que
necessitam de uma intervenção especializada.
Podem ser usados na sala de aula e nas sessões de apoio educativo, independentemente do
método de ensino e do livro de Língua Portuguesa adotado.
Podem ser usados em casa, como apoio e reforço das aprendizagens escolares.
São materiais apelativos que facilitam uma reeducação multissensorial, sistemática e
cumulativa que proporcionam um progresso significativo e quantificável das competências de
leitura e de escrita.
3. Quais os critérios de elaboração?
O Abecedário e Silabário foi elaborado tendo em consideração os seguintes critérios:
Nas correspondências grafia → fonia são apresentadas:
- As letras vogais com duas correspondências fonémicas “i” e “u” seguidas das letras vogais
com mais do que duas correspondências fonémicas “a” “e” “o”;
- As letras consoantes com apenas uma correspondência fonémica seguidas das letras
consoantes com mais do que uma correspondência fonémica, os dígrafos e as regras
contextuais;
- São apresentadas as consoantes “g” e “q” nos dígrafos “gue - gui” e “que - qui” em que a
vogal “u” não se pronuncia;
- A referir que existem situações nas sílabas “gue - gui” e “que - qui” em que a vogal “u” é
pronunciada (aguentei, antiguidade, cinquenta, tranquilo…).
- As letras vogais são representadas por cinco amigos, a Inês, o Ulisses, a Olga, a Aida e o
Egas. Cada personagem é apresentada com uma imagem associada a uma “história-cantilena”
e a um gesto;
- As letras consoantes são representadas por “animais-fonema”. Cada animal é apresentado
com uma imagem associada a uma “história-cantilena” e a um gesto;
- Os ditongos orais e nasais são apresentados com imagens associadas a lengalengas;
- As fusões fonémicas são precedidas das imagens dos respetivos “animais-fonema”;
- As fusões fonémicas são apresentadas na forma de sílabas consoante-vogal CV, sílabas
consoante-ditongo CVV, sílabas vogal-consoante VC, sílabas com regras contextuais, sílabas
com dígrafos, sílabas consoante-vogal-consoante CVC e sílabas CCV (com a consoante l),
sílabas CVC e CCV (com a consoante r), sílabas CVCC e CVCC, consoante-consoante-vogal-
consoante CCVC e as sílabas consoante-consoante-vogal-consoante-consoante CCVCC;
- Os ditongos, sílabas e dígrafos utilizados foram retirados do Portulex: uma base de dados lexical
do vocabulário escrito do 1.º ao 4.º ano do Ensino Básico (Teixeira, C. e Castro, S. L., 2006). Nas
sequências silábicas foram também incluídas sílabas não existentes em palavras, a fim de treinar
a automatização;
- Foram utilizadas letras com serifas (pequenos traços) porque fornecem mais informação;
- Com o objetivo de facilitar a leitura, foram utilizados diversos Sinais Diacríticos:
• Cores diferentes: letras vogais → cor vermelha; letras consoantes → cor azul (azul escuro
e azul claro para diferenciar as que têm valores fonémicos diferentes); letras sem
correspondência fonológica → cor amarela; consoante “h” nos dígrafos ch, lh, nh →
cor-de-laranja;
• As vogais “e” e “i” são mágicas, quando estão depois das consoantes “c” e “g” fazem a
magia de lhes mudar o som e a cor “c=s” e “g=j”;
• As letras vogais “ ” e “ ” às vezes são mentirosas, cresce-lhes um nariz, como o do
Pinóquio, quando assumem os sons das letras “i” e “u” respetivamente.
• As letras vogais, quando têm sons nasais, são escritas “ä”, “ë”, “ ”, “ö”, “ü” para assinalar
a saída do ar pelas duas narinas.
4. Como utilizar?
- Apresentar o Cartão Fonomímico correspondente a cada fonema → grafema, cantar a
história-cantilena e fazer o respetivo gesto;
- No Abecedário Ilustrado identificar cada letra do alfabeto, dizer o nome e o som;
- Consultar o quadro das Correspondências Grafia → Fonia sempre que for sentida a
necessidade de clarificar e refletir sobre as diferentes correspondências fonémicas de
determinada letra;
- Identificar a personagem de cada vogal, cantar a história-cantilena e fazer o respetivo gesto.
Treinar até realizar esta tarefa automaticamente;
- Ler a sequência das vogais no sentido esquerda → direita: a → e → i → o → u e no sentido
inverso u → o → i → e → a. Para facilitar a memorização e a automatização poderá ser
utilizado o xilofone. Colocar um autocolante, com as letras vogais escritas, sobre as teclas “dó
– ré – mi – fá – sol” e tocar, nos dois sentidos, enquanto lê as sequências vocálicas;
- Ler sílabas em sequência, realizar fusões silábicas sequenciais de modo a formar palavras de
dificuldade crescente:
pa + to → pato; mo + ta → mota; tu + li + pa → tulipa…