Web 2a-Serie EM LGG-Prof Completo Final 08-03-2

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Secretaria da Educação

Currículo
em Ação
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

2
SEGUNDA SÉRIE
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR

VOLUME 1

1° BIMESTRE
Governo do Estado de São Paulo

Governador
João Doria

Vice-Governador
Rodrigo Garcia

Secretário da Educação
Rossieli Soares da Silva

Secretária Executiva
Renilda Peres de Lima

Chefe de Gabinete
Henrique Pimentel Cunha Filho

Coordenador da Coordenadoria Pedagógica


Caetano Pansani Siqueira

Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação


Nourival Pantano Junior
PREZADO(A) PROFESSOR(A)
As sugestões de trabalho, apresentadas neste material, refletem a constante busca da promo-
ção das competências indispensáveis ao enfrentamento dos desafios sociais, culturais e profissionais
do mundo contemporâneo.
O tempo todo os jovens têm que interagir, observar, analisar, comparar, criar, refletir e tomar de-
cisões. O objetivo deste material é trazer para o estudante a oportunidade de ampliar conhecimentos,
desenvolver conceitos e habilidades que os auxiliarão na elaboração dos seus Projetos de Vida e na
resolução de questões que envolvam posicionamento ético e cidadão.
Procuramos contemplar algumas das principais características da sociedade do conhecimento
e das pressões que a contemporaneidade exerce sobre os jovens cidadãos, a fim de que as escolas
possam preparar seus estudantes adequadamente.
Ao priorizar o trabalho no desenvolvimento de competências e habilidades, propõe-se uma es-
cola como espaço de cultura e de articulação, buscando enfatizar o trabalho entre as áreas e seus
respectivos componentes no compromisso de atuar de forma crítica e reflexiva na construção coletiva
de um amplo espaço de aprendizagens, tendo como destaque as práticas pedagógicas.
Contamos mais uma vez com o entusiasmo e a dedicação de todos os professores para que
consigamos, com sucesso, oferecer educação de qualidade a todos os jovens de nossa rede.

Bom trabalho a todos!

Coordenadoria Pedagógica – COPED


Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
SUMÁRIO
Integrando o Desenvolvimento Socioemocional ao Trabalho
Pedagógico......................................................................................9

Linguagens.....................................................................................13
Língua Portuguesa.........................................................................................17
Situação de Aprendizagem 1......................................................................17
Situação de Aprendizagem 2......................................................................33
Situação de Aprendizagem 3......................................................................51
Situação de Aprendizagem 4......................................................................67
Educação Física.............................................................................................85
Situação de Aprendizagem 1......................................................................85
Situação de Aprendizagem 2......................................................................89
Situação de Aprendizagem 3......................................................................95
Situação de Aprendizagem 4......................................................................99
INTEGRANDO O DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL AO TRABALHO PEDAGÓGICO 9

AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E O
DESENVOLVIMENTO PLENO DOS ESTUDANTES
As competências socioemocionais são definidas como as capacidades individuais que se mani-
festam de modo consistente em padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos. Ou seja,
elas se expressam no modo de sentir, pensar e agir de cada um para se relacionar consigo mesmo e
com os outros, para estabelecer objetivos e persistir em alcançá-los, para tomar decisões, para abra-
çar novas ideias ou enfrentar situações adversas. Elas são maleáveis e quando desenvolvidas de forma
intencional contribuem para a aprendizagem e o desenvolvimento pleno dos estudantes.
Além do impacto na aprendizagem, diversos estudos multidisciplinares1 têm demonstrado que as
pessoas com competências socioemocionais mais desenvolvidas apresentam experiências mais posi-
tivas e satisfatórias em diferentes aspectos da vida, tais como bem-estar e saúde, relacionamentos,
escolaridade e no mercado de trabalho.

QUAIS SÃO AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E COMO ELAS SE ORGANIZAM


Ao longo de 40 anos, foram identificadas e analisadas mais de 160 competências sociais e emo-
cionais. A partir de estudos estatísticos, chegou-se a um modelo organizativo chamado de Cinco
Grandes Fatores que agrupa as características pessoais conforme as semelhanças entre si, de forma
abrangente e parcimoniosa. A estrutura do modelo é composta por 5 macrocompetências e 17 com-
petências específicas. Estudos em diferentes países2 e culturas encontraram essa mesma estrutura,
indicando robustez e validade ao modelo.

MACRO
COMPETÊNCIA DEFINIÇÃO
COMPETÊNCIA
Curiosidade para Capacidade de cultivar o forte desejo de aprender e de adquirir
aprender conhecimentos, ter paixão pela aprendizagem.
Capacidade de gerar novas maneiras de pensar e agir por meio da
Imaginação experimentação, aprendendo com seus erros, ou a partir de uma
Abertura ao novo criativa visão de algo que não se sabia.
Capacidade de admirar e valorizar produções artísticas, de diferen-
Interesse artístico tes formatos como artes visuais, música ou literatura.

Capacidade de cultivar a força interior, isto é, a habilidade de se


Autoconfiança satisfazer consigo mesmo e sua vida, ter pensamentos positivos e
manter expectativas otimistas.
Resiliência Capacidade de gerenciar nossos sentimentos relacionados à an-
Tolerância ao
Emocional siedade e estresse frente a situações difíceis e desafiadoras, e de
estresse
resolver problemas com calma.
Tolerância à Capacidade de usar estratégias efetivas para regular as próprias emo-
frustração ções, como raiva e irritação, mantendo a tranquilidade e serenidade.

1 Para saber mais, acesse Teixeira e Brandão (2021). Benefícios das competências socioemocionais na vida. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/
content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-avaliacao-socioemocional.pdf. Acesso em: 16 nov. 2021.
2 Para conhecê-los, acesse: Primi et al (2016) Development of an Inventory Assessing Social and Emotional Skills in Brazilian Youth. Disponível em: https://biblio.ugent.be/
publication/7280734/file/7280735.pdf?_ga=2.186746408.1483762967.1636490055-1611021338.1633530040. Acesso em: 16 nov. 2021.
10 CADERNO DO PROFESSOR

MACRO
COMPETÊNCIA DEFINIÇÃO
COMPETÊNCIA
Capacidade de envolver-se ativamente com a vida e com outras
Entusiasmo pessoas de uma forma positiva, ou seja, ter empolgação e paixão
pelas atividades diárias e a vida.
Engajamento Capacidade de expressar, e defender, suas opiniões, necessidades
com os outros Assertividade e sentimentos, além de mobilizar as pessoas, de forma precisa.
Capacidade de abordar e se conectar com outras pessoas, sejam
Iniciativa Social
amigos ou pessoas desconhecidas, e facilidade na comunicação
Capacidade de gerenciar a si mesmo a fim de conseguir realizar
Responsabilidade suas tarefas, cumprir compromissos e promessas que fez, mesmo
quando é difícil.
Capacidade de organizar o tempo, as coisas e as atividades, bem
Organização
como planejar esses elementos para o futuro.
Capacidade de estabelecer objetivos, ter ambição e motivação para
Autogestão Determinação
trabalhar duro, e fazer mais do que apenas o mínimo esperado.
Capacidade de completar tarefas e terminar o que assumimos e/ou
Persistência começamos, ao invés de procrastinar ou desistir quando as coisas
ficam difíceis ou desconfortáveis.
Capacidade de focar — isto é, de selecionar uma tarefa ou atividade e
Foco
direcionar toda nossa atenção apenas à tarefa/atividade “selecionada”.
Capacidade de usar nossa compreensão da realidade para enten-
der as necessidades e sentimentos dos outros, agir com bondade e
Empatia
compaixão, além do investir em nossos relacionamentos prestando
apoio, assistência e sendo solidário.
Capacidade de tratar as pessoas com consideração, lealdade e
Amabilidade
Respeito tolerância, isto é, demonstrar o devido respeito aos sentimentos,
desejos, direitos, crenças ou tradições dos outros.
Capacidade de desenvolver perspectivas positivas sobre as pesso-
Confiança as, isto é, perceber que os outros geralmente têm boas intenções
e, de perdoar aqueles que cometem erros.

VOCÊ SABIA?

O componente Projeto de Vida desenvolve intencionalmente as 17 competências socioe-


mocionais ao longo dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Entre maio
e setembro 2019, foram realizadas oficinas e uma escuta com os profissionais da rede para
priorizar quais competências seriam foco de desenvolvimento em cada ano/série. A partir
dessa priorização, a proposta do componente foi desenhada, tendo como um dos pilares
a avaliação formativa com base em um instrumento de rubricas que acompanha um plano
de desenvolvimento pessoal de cada estudante.
INTEGRANDO O DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL AO TRABALHO PEDAGÓGICO 11

COMO INTEGRAR AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS AO TRABALHO PEDAGÓGICO


Um dos primeiros passos para integrar as competências socioemocionais ao trabalho com os
conteúdos do componente curricular é garantir a intencionalidade do desenvolvimento socioemocional
no processo. Evidências indicam que a melhor estratégia para o trabalho intencional das competências
socioemocionais se dá por meio de um planejamento de atividades que seja SAFE3 – sequencial, ativo,
focado e explícito:

SEQUENCIAL   ATIVO   FOCADO   EXPLÍCITO


Percurso com As competências É preciso trabalhar Para instaurar um
Situações de socioemocionais são intencionalmente uma vocabulário comum e
aprendizagem desenvolvidas por meio competência por um campo de sentido
desafiadoras, de de vivências concretas vez, durante algumas compartilhado com
complexidade e não a partir de aulas. Não é possível os estudantes, é
crescente e com tempo teorizações sobre elas. desenvolver todas preciso explicitar qual
de duração adequado. Para isso, o uso de as competências é competência foco de
metodologias ativas é socioemocionais desenvolvimento e o
importante. simultaneamente. seu significado.

Desenvolver intencionalmente as competências socioemocionais não se refere a “dar uma aula


sobre a competência”. Apesar de ser importante conhecer e apresentar aos estudantes quais são as
competências trabalhadas e discutir com eles como elas estão presentes no dia a dia, o desenvolvimen-
to de competências socioemocionais acontece de modo experiencial e reflexivo. Portanto, ao preparar a
estratégia das aulas, é importante considerar como oferecer mais oportunidades para que os estudantes
mobilizem a competência em foco e aprendam sobre eles mesmos ao longo do processo.
Conheça sugestões de competências socioemocionais para articular em cada Situação de Apren-
dizagem utilizando a estratégia SAFE - feitas a partir das temáticas e metodologias propostas.

Competência
Situação de Tema da Situação de
Componente Socioemocional em
Aprendizagem Aprendizagem
Foco
As vozes do feminino
Língua Portuguesa e
1 e suas representações Interesse Artístico
Educação Física
sociais
As vozes do feminino
Língua Portuguesa e
2 e suas representações Imaginação Criativa
Educação Física
sociais
As vozes do feminino
Língua Portuguesa e Curiosidade para
3 e suas representações
Educação Física Aprender
sociais
As vozes do feminino
Língua Portuguesa e
4 e suas representações Foco
Educação Física
sociais

3 Segundo estudo meta-analítico de Durlak e colaboradores (2011), o desenvolvimento socioemocional apresenta melhores resultados quando as situações
de aprendizagem são desenhadas de modo SAFE: sequencial, ativo, focado e explícito. DURLAK, J. A., WEISSBERG, R. P., DYMNICKI, A. B., TAYLOR, R. D., &
SCHELLINGER, K. (2011). The impact of enhancing students’ social and emotional learning: A meta-analysis of school-based universal
interventions. Child Development, 82, 405-432.
Língua Portuguesa
Educação Física
15

ENSINO MÉDIO - 2ª SÉRIE – 1º BIMESTRE


Prezado professor:
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo apresenta o Caderno do Professor, criado
pelos técnicos das Equipes Curriculares de Língua Portuguesa e Educação Física, como apoio à im-
plementação do currículo e às ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Este
Caderno tem como referência o trabalho organizado por área de conhecimento, conforme disposto no
Currículo Paulista para o Ensino Médio da área de Linguagens e suas Tecnologias.
O trabalho pedagógico por área possibilita pensar em uma organicidade, ao agrupar, em um
mesmo material e sob a mesma perspectiva, habilidades que serão propostas por todos os compo-
nentes, sendo algumas específicas de Língua Portuguesa, a serem exploradas juntamente com as da
área. Desta forma, busca-se privilegiar uma progressão possível, ao propor o encadeamento de pro-
cedimentos que contribuam para que os estudantes desenvolvam as habilidades previstas.
De acordo com o Currículo Paulista, a proposição da efetiva articulação entre os componentes
embasará as práticas pedagógicas para a área, a partir de habilidades a serem desenvolvidas de forma
integrada, respeitando as especificidades e apresentando um olhar múltiplo para a construção do co-
nhecimento, por meio de um tema gerador e de uma questão norteadora.
As vivências situadas nas práticas de linguagens envolvem conhecimentos e habilidades mais
contextualizados e complexos, o que também permite romper barreiras disciplinares e vislumbrar ou-
tras formas de organização curricular (como laboratórios de comunicação e de mídias, clubes de leitu-
ra e de teatro, núcleos de criação literária, oficinas culturais e desportivas, observatório da imprensa
etc.). Tais formas diversificadas de organização dos espaços e tempos escolares colaboram para a
flexibilização curricular; especialmente, no que concerne às aprendizagens definidas no Currículo, uma
vez que são oferecidas escolhas entre os diferentes campos de atuação (campo da vida pessoal, das
práticas de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático, de atuação na vida pública, artístico-literário).
Para tanto, indicamos o trabalho com as habilidades atreladas às competências da área de Lin-
guagens. Os pressupostos do Currículo Paulista para o Ensino Médio também nortearam a seleção
apresentada no material elaborado.
Retomamos a definição de competências, que engloba a mobilização de conhecimentos, habi-
lidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho.
As habilidades mencionadas dizem respeito às aprendizagens essenciais para a área. Iniciam-se
sempre por um verbo, que explicita o processo cognitivo envolvido, para o qual se deseja criar condi-
ções para que os estudantes sejam capazes de construir ou consolidar saberes.
Os objetos de conhecimento referem-se aos conteúdos, conceitos e processos abordados
nas habilidades, e podem ser identificados como complementos dos verbos relacionados ao processo
cognitivo em questão.
Para o primeiro bimestre, professor, o Caderno tem a proposição de apoiá-lo no planejamento de
suas aulas, para que seus estudantes desenvolvam as competências e habilidades necessárias, que
comportam a construção do saber e a apropriação dos objetos do conhecimento, por meio do tema
integrador dos componentes As vozes do feminino e suas representações sociais e da questão
norteadora Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
O tema será desenvolvido ao longo de quatro situações de aprendizagem, com as indicações de
habilidades e objetos de conhecimento específicos de cada componente, utilizando metodologias ati-
vas, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico e do pro-
cesso contínuo de avaliação.
16 CADERNO DO PROFESSOR

SAIBA MAIS:

Professor, algumas indicações sobre o trabalho com metodologias ativas e sobre a


estrutura das Situações de Aprendizagem podem ser obtidas acessando o QR Code
ao lado. Se preferir, pode acessar diretamente o endereço eletrônico a seguir.
Estrutura das Situações de Aprendizagem. Disponível em: https://cutt.ly/VEerTbL. Acesso em: 16 set. 2021.

AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO
Neste material, a avaliação e a recuperação propostas são frutos de um diagnóstico, que se inicia
com a ação do professor ao investigar o que os estudantes já sabem, ou precisam aprender, acerca
dos objetos de conhecimento que serão abordados. São, também, processuais, devendo ocorrer em
todos os momentos da prática pedagógica, o que requer a inclusão de diferentes maneiras de acom-
panhar, avaliar e recuperar as aprendizagens.
A avaliação dos estudantes deve concentrar-se nos aspectos qualitativos e quantitativos, visto
que esses últimos pressupõem os critérios de uma mensuração de sistema, enquanto aqueles validam
se os estudantes desenvolveram habilidades e capacidades de produzir reflexões e propor soluções.
Além disso, deve verificar se são capazes de posicionar-se de maneira crítica e criativa diante de fatos
da sociedade contemporânea; e, ainda, de situar-se de forma responsável e cidadã em relação a pos-
síveis desdobramentos mediante suas escolhas.
Nessa concepção de avaliação e recuperação, é importante adotar a postura de não estabelecer
critérios de comparação, mas de oferecer possibilidades para que os estudantes alcancem os objeti-
vos esperados, e estar atento às dificuldades expostas na realização das atividades e na proposta de
soluções, a fim de planejar e executar intervenções.
O uso diário de registro, em um portfólio, é uma ferramenta eficaz para acompanhar os avanços
e dificuldades no desenvolvimento de habilidades e apropriação dos conhecimentos; a observação
dos processos criativos, a relação com os colegas, a participação, o empenho, o respeito pela produ-
ção individual, coletiva e colaborativa, a autoconfiança, a valorização das diferentes expressões artísti-
cas, o reconhecimento de todos os obstáculos e desacertos que podem ser superados.
A recuperação deve ser tratada, continuamente, como um mecanismo organizado e disponível,
para superar eventuais dificuldades de aprendizagem, não solucionadas nas aulas regulares. Lembra-
mos que habilidades, conteúdos, e/ou atitudes não desenvolvidos podem prejudicar os processos
cognitivo e socioemocional dos estudantes.
Apontados os diversos instrumentos avaliativos que devem acompanhar os processos de ensino
e de aprendizagem, sugerimos revisitar a própria prática e, assim, elaborar instrumentos diversificados,
novas recomendações, com a finalidade de produzir, entre os estudantes, narrativas que garantam a
conexão entre o que é trabalhado em sala de aula e as experiências fora do ambiente escolar.

SAIBA MAIS:

Professor, algumas indicações sobre o trabalho com estudantes com deficiência


podem ser obtidas acessando o QR Code ao lado. Se preferir, pode acessar diretamente
o endereço eletrônico a seguir.
Educação Inclusiva – algumas dicas. Disponível em: https://cutt.ly/JEew6ig. Acesso em: 17 Jan. 2021.

Desejamos sucesso neste novo desafio!


Língua Portuguesa 17

LÍNGUA PORTUGUESA
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competências da área:
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos
de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimen-
to e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade, e para continuar aprendendo.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e cola-
boração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e soli-
dária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Habilidade de Linguagens:
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens
(artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir
sentidos em diferentes contextos.
Habilidade de Língua Portuguesa:
(EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a
apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do
mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política
e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
Campos de Atuação: Todos (área) e Artístico-Literário (LP).
Objetos de Conhecimento: Repertórios de leitura: textos artístico-literários de diferentes gêneros.
Gêneros artístico-literários: regularidades. Reconstrução das condições de produção, circulação e
recepção de textos artístico-literários.Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e políticos em
textos e produções artísticas e culturais etc.).Réplica (posicionamento responsável em relação a temas,
visões de mundo e ideologias veiculados por textos e atos de linguagem).Reconstrução da textualidade
e compreensão dos efeitos de sentido provocados pelo uso de recursos linguísticos e multissemióticos.
Professor, a escolha do tema “As vozes do feminino e suas representações sociais” surge
para levar ao espaço escolar as inúmeras visões de mundo que abarcam a figura feminina, me-
diante assuntos voltados para ressignificações do papel da mulher, como vem ocorrendo entre os
diversos campos sociais da nossa contemporaneidade.
A Situação de Aprendizagem 1 foi elaborada pensando em possíveis diálogos entre a Compe-
tência (3), as habilidades de Linguagens (EM13LGG301) e de Língua Portuguesa (EM13LP49), que,
por sua vez, conectam-se ao campo artístico-literário e aos objetos de conhecimento. Essa relação
acontece por meio das práticas de linguagem (oralidade, leitura, produção de texto e análise linguísti-
ca/semiótica) essenciais ao desenvolvimento dos multiletramentos. Presentes na vida e no cotidiano
dos estudantes, essas práticas possibilitam o trabalho com uma multiplicidade de semioses, de for-
ma que haja interação social na produção, configuração e disponibilização de novos gêneros.
18 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 1 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Estudante:
Reconhecer as representações da mulher ao longo dos séculos em diversos cenários, como o
literário, o artístico, entre outros, é compreender e reconsiderar o papel do feminino. Por muito tempo,
escritores e artistas, predominantemente homens, influenciaram espaços sociais de forma majoritária,
cabendo às mulheres um lugar secundário na sociedade. As que ousassem desenvolver alguma ativi-
dade intelectual, por exemplo, para não serem consideradas transgressoras, tinham que usar pseudô-
nimos masculinos em suas obras. Diversas pressões socioculturais acabavam disseminando na socie-
dade a ideia de que as mulheres deveriam se destinar unicamente a cuidar do lar.
A escolha sobre a abordagem da figura feminina em variadas visões de mundo, desta forma, des-
ponta com a finalidade de desvelar conflitos de interesse, ressignificar valores, quebrar preconceitos,
estereótipos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas esferas artística e literária, e em diferen-
tes mídias, ampliando, assim, possibilidades de compreensão, explicação, interpretação e intervenção
crítica da/na história e da/na realidade. É significativo destacar que o papel da mulher, nos últimos anos,
vem sendo repensado em diferentes âmbitos, mesmo assim, ainda há uma constante luta para ampliar
as representações do feminino estruturadas ao longo da história. E é diante do panorama político, histó-
rico e sociocultural sobre a voz do feminino e as suas representações, que lhe propomos embarcar nos
possíveis diálogos que se encontram presentes nas Situações de Aprendizagem do 1º bimestre.
Bom estudo!

Os textos I e II presentes no MOMENTO 1 surgem para ceder um lugar de fala para as vozes
femininas interrompidas historicamente, resgatar, amplificar discursos e representatividades das
escritoras negras durante os séculos e mostrar um panorama histórico do movimento de luta an-
tirracista e antipatriarcal, as quais dominaram todas as áreas culturais e esferas de conhecimento
no decorrer da história. (Professor, se desejar aprofundar mais sobre o assunto, acesse o tema no
canal Curta! Livros. O que é lugar de fala? Disponível em: https://cutt.ly/3InXjbK. Acesso em:
17 jan. 2022).
O fragmento do romance Úrsula1 (1859) do Texto I aborda, por intermédio da visão de uma es-
critora mulher e negra, Maria Firmina dos Reis, a luta dos negros escravos que foram traficados para o
Brasil no período colonial, e os ideais de liberdade. A obra é considerada uma denúncia realizada pela
autora, cujo objetivo foi expor as injustiças arraigadas há séculos na sociedade patriarcal brasileira.
O Texto II, “Eu, mulher Preta”, refere-se a um poema contemporâneo escrito (também) por
uma mulher negra, entretanto, nascida no século XX. Neste, o eu lírico se liberta dos padrões e
condições aos quais a mulher negra está associada, e reverte, segundo descrição dos versos,
as consequências causadas pelo racismo e discriminação, mostrando ser uma protagonista so-
cial. Será interessante, professor, de modo geral, disponibilizar aos estudantes discussões sobre
a vulnerabilidade das mulheres negras, oprimidas pelo racismo e machismo tão presentes ain-
da na sociedade, mostrar como essas escritoras defendiam, reivindicavam, enfim, demonstravam

1 Úrsula: obra de Maria Firmina dos Reis, escritora que desconstrói uma história literária etnocêntrica e masculina até mesmo em suas ramificações afrodes-
cendentes. Úrsula não seria apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, mas é também a primeira obra literária afro-brasileira, produção
de autoria afrodescendente, cuja perspectiva é recuperar e narrar a condição do ser negro no Brasil. REIS, Maria Firmina dos. Biografia. In: Wikipédia.
Disponível em: https://cutt.ly/GInX3Zg. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 19

(e demonstram cada vez mais), por meio das obras, que possuem o lugar de fala a partir de um
lugar social, declarando em versos, ou nas entrelinhas, a resistência, a autoestima e o poder da
negritude como transformação social, reafirmando um desejo de não ser mais parte das injustiças,
e sim o sujeito que luta contra desigualdades sociais.
Para o estudo, a análise e a compreensão mais aprofundados dos textos em todas as
Situações de Aprendizagem, sugerimos a leitura das obras na íntegra.
A fim de aprofundar alguns pontos a serem considerados nas diferentes etapas,
como Estratégias de Leitura, acesse o conteúdo pelo QR Code.
Práticas de Leitura e Escrita. Disponível em: https://cutt.ly/YInCk0g. Acesso
em: 17 jan. 2022.

1) Em grupos ou em pares, façam a leitura dos Textos I e II, a seguir.

A VOZ SILENCIADA
Durante o século XIX, período do Romantismo na Literatura Brasileira, a presença do negro nas
obras literárias produzidas foi muito reduzida. Nos romances de época, eram muitas vezes silenciados
ou representados como submissos e subjugados, sem voz ou resistência.
Em 1859, uma escritora maranhense, Maria Firmina dos Reis, publicou Úrsula, considerado o
primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil e o primeiro por uma mulher negra na América La-
tina. Nesta obra, a protagonista é uma mocinha branca clássica de romance, mas a autora dá voz às
personagens escravizadas, representando-as em toda a sua dimensão humana, com subjetividade e
desejos individuais, quebrando o padrão da escrita dos folhetins da época.
Maria Firmina dos Reis permaneceu esquecida dos estudos acadêmicos até a década de 70 do
século passado, quando sua obra começou a ser resgatada, e a devida importância ao que produziu,
vir à tona. Para conhecer o romance da autora, leia um fragmento de “Úrsula”. No trecho, pela primei-
ra vez na literatura brasileira, o escravizado tem sua voz respeitada e denuncia as condições bárbaras
dadas aos povos africanos. Essa é uma das muitas razões da importância histórica do romance.

Texto I

CAPÍTULO 9 – A PRETA SUZANA


[...]
Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
— Ah, pelo céu! — exclamou o jovem negro enternecido — sim, pelo céu, para que essas recordações?
— Não matam, meu filho. Se matassem, há muito que morrera, pois vivem comigo todas as horas.
Vou contar-te o meu cativeiro.
Tinha chegado o tempo da colheita, e o milho e o inhame e o amendoim eram em abundância
nas nossas roças. Era um destes dias em que a natureza parece entregar-se toda a brandos folgares,
era uma manhã risonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu tinha um peso enorme no
coração. Sim, eu estava triste, e não sabia a que atribuir minha tristeza. Era a primeira vez que me afli-
gia tão incompreensível pesar. Minha filha sorria-se para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência
semelhava um anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos braços de minha mãe, e fui-me à roça colher
milho. Ah, nunca mais devia eu vê-la.
Ainda não tinha vencido cem braças do caminho, quando um assobio, que repercutiu nas matas, me
veio orientar acerca do perigo eminente que aí me aguardava. E logo dois homens apareceram, e
20 CADERNO DO PROFESSOR

amarraram-me com cordas. Era uma prisioneira — era uma escrava! Foi embalde que supliquei em nome
de minha filha, que me restituíssem a liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas lágrimas, e olhavam-me
sem compaixão. Julguei enlouquecer, julguei morrer, mas não me foi possível. A sorte me reservava ainda
longos combates. Quando me arrancaram daqueles lugares, onde tudo me ficava — pátria, esposo, mãe e
filha, e liberdade! Meu Deus, o que se passou no fundo da minha alma, só vós o pudestes avaliar!
Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e
infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais
necessário à vida passamos nessa sepultura, até que abordamos às praias brasileiras. Para caber a
mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé, e, para que não houvesse receio de revolta,
acorrentados como os animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados
da Europa: davam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e ainda mais
porca; vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de água. É horrível
lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim, e que não lhes doa a consciência de
levá-los à sepultura asfixiados e famintos!
Muitos não deixavam chegar esse último extremo — davam-se à morte.
Nos dois últimos dias não houve mais alimento. Os mais insofridos entraram a vozear. Grande
Deus! Da escotilha lançaram sobre nós água e breu fervendo, que escaldou-nos e veio dar a morte aos
cabeças do motim.
A dor da perda da pátria, dos entes caros, da liberdade fora sufocada nessa viagem pelo horror
constante de tamanhas atrocidades.
Não sei ainda como resisti — é que Deus quis poupar-me para provar a paciência de sua serva
com novos tormentos que aqui me aguardavam. O comendador P. foi o senhor que me escolheu. Co-
ração de tigre é o seu! Gelei de horror ao aspecto de meus irmãos. os tratos, porque passaram, doe-
ram-me até o fundo do coração.
O comendador P. derramava sem se horrorizar o sangue dos desgraçados negros por uma leve
negligência, por uma obrigação mais tibiamente cumprida, por falta de inteligência! E eu sofri com re-
signação todos os tratos que se dava a meus irmãos, e tão rigorosos como os que eles sentiam. E eu
também os sofri, como eles, e muitas vezes com a mais cruel injustiça.
Pouco tempo depois casou-se a senhora Luíza B., e ainda a mesma sorte: seu marido era um
homem mau, e eu suportei em silêncio o peso do seu rigor. E ela chorava, porque doía-lhe na alma a
dureza de seu esposo para com os míseros escravos, mas ele via-os expirar debaixo dos açoites os
mais cruéis, das torturas do anjinho, do cepo e outros instrumentos de sua malvadeza, ou então nas
prisões onde os sepultavam vivos, onde carregados como ferros, como malévolos assassinos acaba-
vam a existência, amaldiçoando a escravidão, e quantas vezes os mesmos céus.
O senhor Paulo B. morreu, e sua esposa, e sua filha procuraram em sua extrema bondade fazer-
-nos esquecer nossas passadas desditas! Túlio, meu filho, eu as amo de todo o coração, e lhes agra-
deço: mas a dor que tenho no coração, só a morte poderá apagar! Meu marido, minha filha, minha
terra. Minha liberdade.
E depois ela calou-se, e as lágrimas, que lhe banhavam o rosto rugoso, gotejaram na terra.
Túlio ajoelhou-se respeitoso ante tão profundo sentir: tomou as mãos secas e enrugadas da afri-
cana, e nelas depositou um beijo.
A velha sentiu-o, e duas lágrimas de sincero enternecimento desceram-lhe pela face: ergueu en-
tão seus olhos vermelhos de pranto, e arrancou a mão com brandura. E, elevando-a sobre a cabeça
do jovem negro, disse-lhe tocada de gratidão:
— Vai, meu filho. Que o Senhor guie os teus passos, e te abençoe, como eu te abençoo.
[...]
REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Disponível em: https://cutt.ly/cUyqY4w. Acesso em: 17 jan. 2022.
A Voz Silenciada. Texto extraído e adaptado do Caderno SPFE, Língua Portuguesa, 2ª série EM, 2021.
Língua Portuguesa 21

Texto II

Eu, Mulher Preta

VIEIRA, Mari. Poema Eu, Mulher Preta. Mallarmargens, Revista de Poesia e Arte Contemporânea. Disponível em:
https://cutt.ly/4EKPj2y. Acesso em: 17 jan. 2022, e na rede social Instagramamarivieira/@marivieira.
22 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 2 - VISÕES DE MUNDO NOS TEXTOS


Para este MOMENTO 2, recomendamos:
• Estudos voltados à percepção da manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo,
levando à compreensão dos efeitos de sentido e o reconhecimento das características de
estilo próprias de gêneros do campo artístico-literário (rimas, sonoridades, jogos de palavras,
expressões e comparações). Essa ação subsidiará o MOMENTO 6 (produção final, elabo-
ração da poesia falada, o Slam). Indicamos que esses estudos, investigações e produções
(tema, estrutura composicional, rimas, sonoridade, jogos de palavras etc.), preferencialmente,
sejam voltados às práticas sociais, como, por exemplo: pesquisas de poemas virtuais nos
meios digitais e em redes sociais em que os estudantes sejam usuários e sigam páginas e
postagens de poemas, frases, citações, entre outros textos poéticos (para saber mais, aces-
se o link disponível em: https://cutt.ly/xInVtTy. Acesso em: 17 jan. 2022.). Além disso, pes-
quisas sobre as redes sociais usadas pelos poetas para divulgação de poemas, com o uso de
recursos como o "Stories", utilizado, aqui, pela escritora Mari Vieira, para postagens poéticas;
• Ampliar a investigação no campo da literatura brasileira, por meio do Texto II, como poesia
social, pois, diferentemente dos poetas da primeira geração romântica (tendência ao individu-
alismo e sentimentalismo), este questionava os ideais nacionalistas, caracterizados, segundo
os seus textos, na exploração da população brasileira indígena e negra. Indicamos, para isso,
o estudo literário do poeta Castro Alves (terceira geração romântica), considerado um poeta
abolicionista e defensor dos ideais liberais, cujo poema mais famoso é “O Navio Negreiro”.

Discutam e respondam às questões, anotando as informações consideradas importantes no caderno.


1) Quais são os temas apresentados nos Textos I e II?
Texto I “Capítulo 9 – A preta Suzana”: A personagem Suzana narra a lembrança de seu povo
e conta a vida dela nos territórios africanos, onde vivia antes de ser escravizada. Texto II “Eu, mu-
lher Preta”, o eu lírico mostra a libertação diante do passado escravagista, da opressão do racis-
mo estrutural na sociedade, aceitação de sua cultura identitária e ancestralidade.

2) Os textos possuem conexões? Quais?

Aguarda-se que os estudantes identifiquem que sim, pois além das conexões entre os títulos
(Capítulo 9 – A preta Suzana e Eu, Mulher Preta) e temas, eles foram escritos por duas mulheres,
negras e escritoras.

3) Na opinião do grupo, o que essa conexão entre passado e presente propõe em relação à posição
da mulher negra (ou da cultura negra)?

Espera-se que compreendam que, apesar de terem passado séculos, a sociedade ainda car-
rega o racismo estrutural em ações cotidianas do presente, resultado de séculos de escravidão.
Atualmente, as escritoras negras reivindicam os seus direitos, lugares de fala, os papéis delas na
literatura brasileira e estão indo “de encontro” à cultura de privilégios simbólicos e materiais (ainda)
presentes na sociedade, dos quais elas tinham/têm sido sistematicamente excluídas.

4) Divulgado nos debates sociais e em coletivos há alguns anos, o conceito de lugar de fala é uti-
lizado por muitos ativistas de movimentos sociais. 
Língua Portuguesa 23

a) Busquem o significado do conceito “lugar de fala” e transcrevam-no no caderno.


b) Agora que já sabem o sentido dessa expressão, vocês acreditam que as escritoras, ao se
manifestarem por meio do romance e do poema conseguiram encontrar seus “lugares de
fala”? Discutam entre o grupo, anotando as principais informações no caderno.
Questões a e b: lugar de fala é um conceito sobre um lugar ocupado socialmente e que in-
fluencia a forma como lidamos com nossas experiências e perspectivas. Assim, ao abordarmos
temas específicos a um grupo, como racismo e feminicídio, pessoas negras e mulheres possuem,
concomitantemente, lugar de fala. Ou seja, conseguem oferecer uma visão que pessoas do sexo
masculino e brancas não possuem. Logo, valoriza-se especialmente quem vivencia tal realidade.

Sobre o Texto I

5) Pesquisem no Capítulo 9 – A preta Suzana, as palavras consideradas desconhecidas e transcre-


vam-nas no caderno, buscando os significados em dicionários impressos ou digitais.

Sugestões Significados

extenuada Causada, enfraquecida, cansada.


assoberbava Dominava, oprimia, estar superior a.
cativeiro Prisão, cárcere, clausura.
inhame Designação dada a várias plantas da família das aráceas, de raiz farinhenta.
brandos Que cede à pressão, suave, leve.
folgares Divertir-se, desapertar, alegrar-se.
infante Criança, infantil.
eminente Elevado, excelente.
infecto Infeccionado, nojento, imundo.
potentados Poder político, autoridade, poder soberano.
mesquinhez Miséria, escassez, avareza.
asfixiados Afogados, abafado, reprimido.
insofridos Turbulento, impaciente.
vozear Falar muito alto, gritar, bramar.
breu Artificial, escuro, sobra, turvo.
motim Rebelião, algazarra, balbúrdia.
atrocidades Desumanidades, crueldade.
tibiamente Com frouxidão, frouxamente.
resignação Conformidade, benevolência, mansidão.
açoites Castigos, flagelo, catástrofe.
24 CADERNO DO PROFESSOR

Sugestões Significados

cepo Pedaço de tronco cortado transversalmente.


anéis de ferro com parafusos, por vezes presos a uma tábua, para apertar
os polegares de criminosos e fazê-los confessar seus crimes. Eram primeiramen-
anjinhos
te utilizados na Europa medieval, e como instrumento de tortura no tempo da
escravidão.
desditas Contradizer, discordar.

enternecimento Ternura, sentimento de compaixão.

Dicionário Priberam de Língua Portuguesa. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/.


Acesso em: 17 jan. 2022.

6) Maria Firmina dos Reis, por meio da fala da Preta Suzana, denuncia a escravidão presente na socie-
dade da época, rememorando o seu povo. Investiguem no Texto I quais os trechos em que são nar-
radas essas memórias e discutam entre o grupo, anotando as informações relevantes no caderno.
Sendo a obra do período literário Romantismo, é importante lembrar que, na época, os escri-
tores enfatizavam o nacionalismo. A escritora, entretanto, contrariando essa tendência, utilizou-se
da estratégia de criar uma narrativa romântica, na qual o leitor consegue perceber as denúncias e
questões sociais, um pouco além das emoções e dos sentimentos presentes na obra. Professor,
além do trecho em estudo, é interessante levar ao conhecimento dos estudantes que os temas
“escravidão” e “condição da mulher” são apresentados nas entrelinhas da obra.

7) Analisem a seguinte afirmação: A personagem Suzana é consciente em relação à sua cul-


tura e seu passado africano. Vocês concordam ou discordam?

a) Debatam entre o grupo (ou em pares), justificando as respostas no caderno, e destaquem as


passagens do texto que permitem comprovar a afirmação.

É possível tecer comentários a partir do trecho: “Tinha chegado o tempo da colheita, e o milho
e o inhame e o amendoim eram em abundância nas nossas roças. [...] até o final dele “[...] Deixei-
-a nos braços de minha mãe, e fui-me à roça colher milho. Ah, nunca mais devia eu vê-la.” Neste,
evidencia-se a questão das relações humanas, a cultura dos povos africanos, suas contribuições
em todas as áreas, sua humanidade destituída pelo sistema de aprisionamento que o processo de
escravização tenta apagar, tornar invisível. Um ponto importante para se discutir pode ser o direito
à liberdade, intrínseco a todo ser humano. Sugerimos que essa discussão seja realizada em parceria
com os professores de outras disciplinas/áreas, como Sociologia, Filosofia, Geografia, entre outras.

8) Leiam o trecho a seguir, que inicia o romance Úrsula, para responder às próximas questões:

“MESQUINHO E HUMILDE LIVRO é este que vos apresento, leitor. Sei que passará
entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim o dou a
lume. Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor.
Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira,
de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que
aconselham, que discutem e que corrigem [...]”
Úrsula. Disponível em: https://cutt.ly/cUyqY4w. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 25

Este complemento pode subsidiar o capítulo em estudo: mulheres alfabetizadas e escritoras


eram raridades no período em que a autora publicou o seu livro. Considerando a sua origem, as
condições limitadas e o preconceito em relação às mulheres da época, isso torna esse feito ainda
mais notável. Há aqui uma menção a uma submissão historicamente construída da mulher em rela-
ção ao homem, presente até os dias de hoje. É uma questão ainda contemporânea e controversa,
que vale a pena ser discutida com os estudantes, contextualizando o tema de forma adequada.
Informe sobre esta dupla restrição: mulher negra, o que ocasionou, na primeira edição do romance,
a autora Maria Firmina dos Reis assinar com o pseudônimo de “Uma maranhense”.

Sobre o Texto II

9) O tema tratado no poema agradou ao grupo? Discutam e anotem no caderno, justificando as respostas.
Espera-se que haja uma sensibilização do tema, a fim de que percebam a visão crítica e o ato
de luta com que a autora aborda o tema literatura negra e resistência.

10) Mediante as descrições contidas no poema Eu, mulher Preta, quais práticas discriminatórias pre-
sentes no Texto II ainda existem no dia a dia da mulher (ou da população) afrodescendente?
Discutam entre o grupo e anotem as respostas no caderno.
Espera-se que identifiquem que as práticas descritas pelo eu lírico indicam as características
e padrões culturais, por intermédio de ações como “não usar avental” e “uniforme”, não morar
no quarto dos fundos, não cozinhar. E características físicas como “não alisar o cabelo, não odiar
meus lábios carnudos, não se achar feia”.

11) Ao descrever nos versos as diversas ações que deixou de realizar, o que o eu lírico deseja revelar?
Levantem hipóteses a respeito.
Deseja revelar, ao deixar de realizar as ações, que não mais está sendo afetada pelo racismo
e suas consequências, e sim está se libertando dos padrões e condições aos quais a mulher negra
está associada, revertendo, assim, as consequências causadas pelo racismo e discriminação em
protagonismo social. Dessa forma, também está promovendo e valorizando a sua afrodescendência.

12) Releiam a última estrofe do poema Eu, Mulher Preta, e respondam:

a) Somente para quem o eu lírico “se levanta”, e por quê?


b) Transcrevam, no caderno, os nomes de todas as mulheres citadas pela autora.
c) Pesquisem em sites, dicionários impressos e/ou digitais, transcrevendo quem foram elas, e
qual a contribuição que tiveram para a identidade negra feminina na história.

Quem? Contribuição na história e/ou significado

1913-2005, foi uma ativista negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos


Rosa Parks civis dos negros nos Estados Unidos.
Chamada também de Rainha Tereza, viveu no século XVIII. Foi uma mulher negra e líder
Tereza de quilombola do Quilombo do Piolho, no Estado do Mato Grosso. O quilombo, chefiado
Benguela por Rainha Tereza de 1750 a 1770, foi o maior do Estado, abrigando mais de 100 pes-
soas negras e indígenas.
26 CADERNO DO PROFESSOR

Quem? Contribuição na história e/ou significado


Mulher negra e guerreira, um dos principais nomes da luta negra no Brasil. Teve papel
fundamental na construção e comando do quilombo dos Palmares, um dos marcos da
Dandara
resistência contra o regime escravocrata brasileiro, que existiu e resistiu como quilom-
bo por mais de 100 anos.
(Talvez) nascida no início do  século XIX  , ex-escrava  de origem  africana, radicada
no Brasil, teria tomado parte na articulação dos levantes de escravos que sacudiram
Luísa Mahin a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. A história de Luíza Mahin é
controversa. Alguns pesquisadores acreditam que ela nunca existiu e seja um alter ego
de Luiz Gama. (Pode ser um interessante objetivo de pesquisa para os estudantes).
Árvore de grande porte que dá flores e frutos, sendo encontrada em regiões tropicais
Flor de Baobá áridas e semiáridas. Além de sua beleza, ela carrega um forte simbolismo, pois repre-
senta a luta e a religiosidade do povo negro no Brasil.
Wikipédia. Disponível em: https://cutt.ly/HInVFKZ. Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 3 – O POEMA VIRTUAL E A LÍNGUA NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS


Professor, a prática de linguagem enfatizada na análise linguística/semiótica articula-se e
contextualiza-se naturalmente com as demais, contemplando o funcionamento da língua e das
demais linguagens em diversas situações, o que inclui conteúdo digital e a presença de Tecnologias
Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC). O gênero poema intenciona representar as prá-
ticas sociais contemporâneas, presentes em múltiplas linguagens e multimodalidades (textos que
possuem imagens, ilustrações em movimento, áudios etc.), e apresentadas a partir de investigações,
análises e compreensão dos gêneros digitais e multissemióticos. Desta forma, abrimos um espaço
de estudo para essas linguagens e diferentes modalidades (oral/escrita) da mídia digital, a fim de
mostrar as ressignificações existentes nos inúmeros textos orais, verbais, não verbais (imagens
estáticas e em movimento), sonoros e corporais (gestuais, corporais, cênicos). NASCIMENTO, ROJO
(2014, p.282). 2
Proporcionamos, neste MOMENTO 3 - O POEMA VIRTUAL E A LÍNGUA NA CONSTRUÇÃO
DOS TEXTOS, uma abertura para a construção contextualizada da gramática por intermédio dos
textos, ou seja, cabem, nestas questões, enfatizar a compreensão das formas de uso, de acordo com
a situação, e não memorizar regras tão utilizadas nas construções. Professor, recomendamos a utili-
zação dos livros didáticos para o estudo com as figuras de linguagem3 e alguns elementos das clas-
ses de palavras, como substantivos e verbos, caso deseje, retome a investigação e prática desses
aspectos linguísticos.

Diariamente, temos uma infinidade de textos que circulam na web pelas redes sociais, dentre eles
os de jovens escritores e poetas que se utilizam de redes sociais para divulgarem seus anseios e sen-
timentos em formas de poemas curtos, diretos e ágeis. Os versos, geralmente, carregam temas como
amor, cotidiano, saudade, feminismo, violência etc., e são repostados e/ou compartilhados por segui-
dores que refletem, identificam-se e sentem-se representados. Vocês conhecem poemas virtuais?
Esse momento é a oportunidade de falarmos deles.

2 NASCIMENTO, Elvira Lopes; ROJO, Roxane Helena Rodrigues (org.). Gêneros de texto/discurso e os desafios da contemporaneidade.
Campinas, São Paulo: Pontes, 2014, 369p.
3 SAIBA MAIS SBROGIO, Patrícia Cordeiro, Figuras de Linguagem. UOL. Caderno Planos de Aula. Disponível em: https://cutt.ly/dInBwum.
Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 27

Discutam em grupos (ou em pares) e respondam:

1) Vocês costumam seguir perfis de páginas que contêm poemas, versos, citações filosóficas etc. em
forma de postagens nas redes sociais? Quais? Citem algumas páginas, transcrevendo-as no caderno.
2) Alguém do grupo (ou par) possui um perfil voltado a poemas ou versos nas redes sociais? Se sim,
comentem sobre a questão e, se desejarem, compartilhem com a turma o endereço da(s) página(s)
e/ou rede social em que o(s) conteúdo(s) se encontra(m)?
3) Para responder às questões a seguir, vocês precisarão consultar as redes sociais. Utilizem apa-
relhos celulares ou computadores com acesso à rede digital.

a) Escolham uma das redes sociais de sua preferência (ou outras plataformas), acessem-na(s) e
busquem informações sobre “poemas”, utilizando as hashtags, tais como: #poemas #poe-
masbrasileiros #poemasdeamor #poemasautorais, entre outras.
b) Após a pesquisa com as hashtags, selecionem alguns poemas que sejam da preferência do
grupo, transcrevam-nos no caderno, justificando as escolhas.

4) Na opinião do grupo (ou dos pares), há diferença(s) entre a estrutura composicional dos poemas
compartilhados nas redes virtuais e os poemas encontrados nos livros impressos e mais tradicio-
nais? Comentem no caderno.
Incentive os estudantes a partir da realidade deles no mundo virtual, mediante pesquisas em
redes sociais que eles já conheçam. Visto que a maioria possui perfis e as utilizam diariamente,
certamente já tiveram contato com poemas e versos postados na internet. Será interessante abrir
um espaço para investigarem sobre os formatos digitais em que estes poemas se encontram, e,
após, em meio à correção das questões, estimulá-los a lerem em voz alta os textos selecionados
para toda a turma, dialogando sobre temas escolhidos, comparando as estruturas composicionais
(clássicas, modernas etc.), poemas livres, curtos e diretos, encontrados na web. Indicamos, tam-
bém, explanar sobre os direitos autorais nas plataformas digitais, e o uso de obras alheias de forma
ilegal, como postagem de poemas de outros escritores, e deixar de referenciá-los, por exemplo.

5) As figuras de linguagem são amplamente utilizadas em poemas (virtuais ou não) para a criação
dos efeitos de sentido. Caracterizada pela repetição de um ou mais termos no início de versos,
orações ou períodos, a anáfora é utilizada em versos e composições musicais.

a) Retomem o Texto II, transcrevam no caderno as repetições que acharem nos versos, e expli-
quem que efeito de sentido ele provoca?
A anáfora encontra-se na repetição de todas as ações na primeira estrofe: “Já não aliso o
cabelo/Já não odeio meus lábios carnudos/Já não me acho feia/Já não me vejo com seu espelho
brancocêntrico [...]”. O efeito de sentido encontra-se no reforço da negativa, intensificando uma
quebra quanto aos atos insuportáveis das situações descritas, das repressões culturais (e de tra-
balho) pelas quais as mulheres negras e a poeta passaram. A anáfora realça a expressividade da
mensagem, enfatizando o sentido de termos repetidos continuamente.

6) Localizem os verbos no Texto II e respondam:


a) Que tempo e modo verbal são predominantes?
Presente do indicativo: “aliso”, “odeio”, “uso”, “acho”, “vejo” etc.
b) Que efeito(s) de sentido estes verbos causam nos versos?
O presente do indicativo nos versos denota a contemporaneidade do tema.
28 CADERNO DO PROFESSOR

7) No quinto verso, dentro das classes de palavras, qual a denominação do “brancocêntrico”, que
classifica o substantivo “espelho”, e que efeito de sentido ele provoca?
Adjetivo, o efeito de sentido causado é a caracterização do espelho, fazendo-o ter mais que
a função dele, a qual é o “reflexo”.

MOMENTO 4 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


O Texto III “Arte e feminismo: USP ganha grafite de Ju Violeta e Mag Magrela” dialoga
com o tema abordado nos textos anteriores, porém, conduz a análise semiótica de um grafite4 sob o
prisma de duas artistas grafiteiras. Será interessante, professor, analisar o mural criado pelas paulista-
nas Ju Violeta e Mag Magre la, mostrando a forma como as artistas conseguem se expressar nos
espaços artísticos (no caso o público, criando um mural grafitado). Deste modo, o grafite surge (diante
de inúmeros formatos artísticos urbano) para mostrar à população significados sociais, políticos e eco-
nômicos dessa arte, e, em especial, no Texto III, possui a finalidade de revelar-se como espaço de re-
sistência ao transmitir as vozes do feminino na perspectiva de artistas e mulheres, que lutam por seus
direitos na sociedade por meio da arte. Sugerimos que inicie a leitura da imagem com questões a
partir da realidade do estudante:

• Em sua cidade, ou por onde passa diariamente, há muro(s) grafitado(s)?


• Geralmente, quais imagens esses grafites possuem?
• Alguém de vocês já viu uma artista (ou grafiteira) pintando a sua arte em um mural?

Leiam o texto e observem atentamente a imagem a seguir.

Texto III
ARTE E FEMINISMO: USP GANHA GRAFITE DE JU VIOLETA E MAG MAGRELA
Ação foi realizada como parte da programação do Dia Internacional das Mulheres com Arte

Jornal USP. Ju Violeta e Mag Magrela durante processo de criação do painel – Foto: Marcos Santos/USP Imagens.
Disponível em: https://cutt.ly/LUyuY8q. Acesso em: 17 jan. 2022.

4 Grafite é um tipo de manifestação artística surgida em Nova York, nos Estados Unidos, na década de 1970. Consiste em um movimento organizado nas
artes plásticas, em que o artista cria uma linguagem intencional para interferir na cidade, aproveitando os espaços públicos da mesma para a crítica social.
Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/artes/grafite.htm. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 29

As paredes externas do Espaço das Artes, antiga sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC)
da USP, ganharam novas cores, vida e voz com um painel feito pelas grafiteiras paulistanas Ju Violeta
e Mag Magrela. [...] As artistas, que juntas somam quase duas décadas e meia grafitando, contam que
viram o convite para representar o grafite paulistano no Dia Internacional da Mulher com grande
responsabilidade. Mag explica que, apesar de suas criações refletirem a realidade da cidade e sua
resistência como ser humano dentro dela, por ser mulher, a questão feminina também acaba aparecendo
em suas obras. [...]
AFFONSO, Marcella. Arte e feminismo: USP ganha grafite de Ju Violeta e Mag Magrela. Jornal USP, 2017. Disponível em:
https://cutt.ly/LUyuY8q. Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 5 – VISÃO DO MUNDO NOS TEXTOS


1) Discutam entre o grupo (ou par) e justifiquem as respostas no caderno:

a) De acordo com o título “Arte e feminismo: USP ganha grafite de Ju Violeta e Mag Magrela” e
com o mural grafitado, qual é a ideia que as artistas desejam passar?
Espera-se que identifiquem que se trata de uma arte urbana, um grafite com tema voltado à
valorização da mulher na sociedade.
b) Identifiquem o(s) assunto(s) presentes nas imagens? Descrevam-no(s).
c) As figuras do Texto III estabelecem conexão(ões) com os Textos I e II?
d) Quem vocês acreditam que sejam as figuras presentes no mural?
e) Para vocês, os momentos retratados no grafite, representam alguma(s) situação(ões)? Qual(is)?

Questões b a e: respostas pessoais. Recomendamos (antes ou no momento da correção das


questões) abrir um espaço para que os estudantes consigam fazer uma leitura mais aprofundada
das imagens, solicitar pesquisas sobre o conceito e intencionalidade do grafite. Animar a turma
para relatarem o que estão vendo no mural: quem são essas figuras, o que representam? Por que
uma das imagens não possui fisionomia? Está inacabada ou é intencional? Que idades aparentam
ter? Quais os símbolos grafitados? (coração, lágrimas em direção à nuvem), quais cores as artistas
utilizam? As imagens estabelecem as conexões com os textos I e II por representarem mulheres,
independente da época e da profissão (escritoras ou artistas), e por colocarem propositalmente um
“olhar feminino”, voltado às questões sociais, de luta e resistência.

2) Acessem o link disponível em: https://cutt.ly/rIEGvN8. Acesso em: 17 jan. 2022. e leiam o texto,
a fim de identificar o que as pinturas representam para as artistas criadoras do mural.

Compreende-se que se trata de um mural grafitado nas paredes externas do Espaço das
Artes (antigo Museu de Arte Contemporânea - MAC) da USP pelas grafiteiras paulistanas Ju Violeta
e Mag Magrela. Segundo as artistas, quanto à representação: “do lado esquerdo do painel, há
um rosto indefinido, o qual significa “ser mulher é justamente isso, não é um rosto ou um corpo,
e sim seu sentir”, além disso, refletem, também, a relação com a natureza e a conexão com  o
feminino. Do lado direito, as figuras são representadas por duas mulheres abraçadas, simbolizando
o cuidado, a proteção e o respeito que uma mulher deve ter para com a outra.
30 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 6 – PRODUÇÃO FINAL: CAMPEONATO DE POESIA


FALADA, SLAM.
Professor, na SA1, para a produção final, sugerimos a elaboração do gênero Slam. Retome as
discussões e estudos dos temas abordados e investigados e do gênero poema, Texto II, “Eu, mulher
Preta”, a fim de subsidiar os estudantes na produção do Slam. Recomendamos, além de toda estrutu-
ra de pesquisa, interpretação textual e discussões realizadas, pesquisar vídeos de slammers existentes
no YouTube, com a finalidade de que a turma se familiarize com o estilo desse campeonato de poesia
falada. Fica a seu critério o formato que será o trabalho, porém, caso deseje utilizá-lo como uma ativi-
dade de prática literária/artística, será importante um planejamento em conjunto com toda a gestão
pedagógica, com o propósito de organizar um campeonato. Quanto à elaboração, recomendamos
que os estudantes planejem na íntegra, cabendo a você, professor, o direcionamento das ações. Acon-
selhamos a criação de classificações (versos, temas, originalidade, criatividade etc.), de forma que
efetivamente torne-se uma “batalha”, porém sem deixar de contemplar todos os slammers. Dessa
forma, o envolvimento de todos será mais efetivo. O MOMENTO 6 compreende: pesquisa, escolha
do tema, produção, divulgação e publicação (em formato digital, na ferramenta5 de criação de
quadros colaborativos). Por ser a primeira produção referente aos MOMENTOS FINAIS das Situações
de Aprendizagem do 1º bimestre, disponibilizamos um link com tutorial da ferramenta para elaboração
do mural digital, disponível em: https://cutt.ly/oIn0GgS. Acesso em: 17 jan. 2022. Para que a turma
possa publicar e compartilhar todos os trabalhos bimestrais que venham a surgir. É também uma forma
de estimulá-los mediante às novas práticas digitais, que cada vez mais fazem parte do nosso cotidiano.
Sugerimos, assim, dividir esse MOMENTO 6 em duas etapas:
Etapa 1: pesquisa, elaboração e apresentação do campeonato de Slam (vide passo a passo para
os estudantes);
Etapa 2: postagem, divulgação e publicação (postagem em redes sociais em formato de mural digital).
A seguir, um resumo sobre o campeonato de slam. Reiteramos a importância do envolvimento da
equipe gestora nessa atividade.

Para saber mais sobre aulas voltadas ao gênero SLAM, acesse:

Plano de Aula sobre SLAM. Disponível em: https://cutt.ly/4In2TzU. Acesso em: 17 jan. 2022.
Processo de curadoria, informações para o plano de aula. Disponível em: https://cutt.ly/oIn2FQG.
Acesso em: 17 jan. 2022..
A fim de subsidiar as produções, disponibilizamos links (com tutorial)
Criação de quadros colaborativos. Disponível em: https://cutt.ly/oIn0GgS. Acesso em:
17 jan. 2022.
Editor de mapas mentais. Disponível em: https://cutt.ly/WIn3WB1. Acesso em: 17 jan. 2022.

Indicamos, após o comando da questão, alertar, para quem ainda não teve chance de participar
de um campeonato desse gênero literário poético, que as apresentações sejam vistas como batalhas
de celebração e, como o público também faz parte, este pode participar do processo por meio de
aplausos e gritos.

5 A ferramenta permite criar quadros colaborativos com um visual atrativo e de fácil navegação. Para compor o mural, o aplicativo permite adicionar vídeos,
áudios, textos, desenhos e links, entre outras funcionalidades, além de anexar diferentes tipos de arquivos.
Língua Portuguesa 31

Avaliação: recomendamos, para todas as produções finais das SA deste 1º Bimestre, avaliações
processuais, ou seja, será importante privilegiar pesquisas, registros, debates e interações em
grupos e entre grupos. É importante observar o protagonismo dos estudantes: ao estabelecer
relações entre as informações coletadas, no olhar crítico e ético sobre os temas e observatórios
escolhidos e analisados, e na sistematização de todo o processo, respeitando suas individualidades.
Dessa forma, dê feedbacks aos estudantes sobre a evolução deles durante o processo, solicite
uma autoavaliação em relação aos papéis que desempenharam até aqui, uma reflexão sobre as
participações que tiveram nos grupos, sobre autonomia, colaboração, gestão do tempo etc.

#DESAFIO1
#MÃONAMASSA
#TRABALHOEMGRUPO

Imagem: Jornal USP. Disponível em: https://cutt.ly/XUya04Q. Acesso em: 17 jan. 2022.

Vocês conhecem ou já ouviram falar de SLAM? Já participaram ou foram a algum campeonato?


O Slam (também conhecido como Poetry Slam) é uma “batalha” em um espaço livre, na qual o(a)
slammer possui liberdade de expressar suas reflexões sobre questões sociais, políticas e econômicas
(como discriminação, racismo, supressão dos direitos humanos, violência contra a mulher, desempre-
go, entre outros), ou seja, é um gênero literário poético que mistura poesia e crítica social.

01) Em grupo, pesquisem e escolham um tema que caracterize o Slam.


O desafio para a elaboração da batalha ou competição de poesia falada passará pelas
seguintes etapas:
Apresentação e escolha do nome do slam: Os grupos, juntamente com o professor, escolherão o nome
do slam, e se este será apresentado mediante uma batalha de poesia falada, um campeonato (como é usual do
gênero); ou se será feito entre grupos de uma mesma turma, ou ainda, entre as turmas da mesma série.
As escolhas deverão acontecer a critério do professor e dos estudantes, de acordo com a viabi-
lidade das aulas e da escola.
Pesquisa: retomem o estudo já coletado sobre o gênero.
Escolha do tema: discutam com o grupo o tema que será desenvolvido no poema. Aprofundem
também o estudo do assunto a ser poetizado, a fim de enriquecerem o trabalho.
Produção/Elaboração do slam:
Etapa 1 - É o momento de escreverem. Coloquem a ideia no papel. Façam uma primeira versão do
poema, pensando no tempo (estipulado em comum acordo) para a apresentação, cuidando para não se
perderem no tema.
32 CADERNO DO PROFESSOR

Etapa 2 - Correção: façam a revisão e corrijam o que for necessário nos versos elaborados.
Etapa 3 - Ensaio. Verifiquem como será a apresentação e sigam para os ensaios.
Apresentação: chegou a hora da apresentação. Lembrem-se: memorizem os versos, treinem
com o seu grupo, para que a apresentação da mensagem que desejam passar seja um sucesso.
Dicas: a linguagem coloquial é a escolhida para a narrativa do poema, que acontece em 1ª
pessoa, escrita sempre pelo slammer (poeta), que descreve e narra em versos as suas experiências,
respeitando o tema selecionado. Geralmente, ele memoriza os versos antes do evento ou apresentação,
diferentemente dos conhecidos MC´s e repentistas, que usam do improviso em suas declamações.
Importante: a poesia será falada, recitada, logo, é relevante compreender que a performance será
feita apenas com o corpo e voz do slammer, dessa forma, será significativo cuidar das rimas, usar
criatividade na elaboração dos versos e ensaiar a desenvoltura para a apresentação.
Canais de divulgação e ferramentas úteis para a apresentação do slam:

• Em quais locais serão divulgadas as apresentações (ou campeonato)?


• mural digital ou físico (da sala de aula, espaço específico da escola), em páginas das redes
sociais, em apresentações por meio de podcasts, blogs, vlogs), será gravada e postada em
páginas do Blog da turma?
• O trabalho será feito pensando em quais tipos de apresentações?
• Utilizarão cartazes ou aplicativos de celular para a divulgação?
• Utilizarão recursos como fotografias para registro da apresentação?
• Utilizarão filmadoras ou câmera do celular para filmar e/ou fotografar?
• Como serão editadas as filmagens? Haverá mais de uma pessoa responsável pelos registros
da apresentação? (Definir responsáveis, testar equipamentos, como câmera de celular, baterias,
testagem de áudio e vídeo do aparelho de filmagem etc.).

Regras do Slam:

• Poesias: devem ser autorais e exclusivas.


• Duração de cada apresentação: 3 minutos.
• Performance: pode ser apenas por meio da voz e/ou do corpo do poeta para manifestação
da poesia.
• Júri: composto na hora pelo público, com as pessoas que estão assistindo.
• Notas: são dadas imediatamente após a apresentação, sem debates.
• Assistente: uma pessoa será responsável por cronometrar o tempo da poesia e calcular a
média obtida por cada poeta.
• A ordem da apresentação é feita por sorteio entre os inscritos.
• Atenção: para obter a média e a pontuação final, deve-se descartar a maior e a menor nota.
• Prêmio: geralmente o vencedor do campeonato ganha um livro (em caso de apresentações de
grupos, rever forma de premiação, enfatizando as participações).

O que vai contra as regras:

• Interromper slammers quando ultrapassam o tempo. Os pontos serão descontados na


somatória final.
• Usar adereços cênicos ou batidas musicais. O slammer deve cativar a plateia, aplicando apenas
a palavra, sua performance e seu corpo.

Boa sorte neste desafio!


Língua Portuguesa 33

LÍNGUA PORTUGUESA
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competência da área 3: Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer,
com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica,
criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Habilidade de Linguagens: (EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e
colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e
seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
Habilidade de Língua Portuguesa: (EM13LP51) Selecionar obras do repertório artístico-literário
contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a constituir um acervo pessoal e
dele se apropriar para se inserir e intervir com autonomia e criticidade no meio cultural.
Campo de Atuação: Todos (área) e Artístico-Literário (LP).
Objetos de Conhecimento: Língua Portuguesa. Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos
e políticos em textos e produções artísticas e culturais etc.). Réplica (posicionamento responsável em
relação a temas, visões de mundo e ideologias veiculados por textos e atos de linguagem). Curadoria
de repertório artístico-literário.
Professor, continuamos com o tema “As vozes do feminino e suas representações sociais”
nesta Situação de Aprendizagem 2, para levar ao espaço escolar alguns subtemas referentes a
essas múltiplas visões de mundo que abarcam a figura feminina. Ao longo de todas as SA, criare-
mos oportunidades para possíveis diálogos voltados à ressignificação do papel da mulher (em
contextos histórico, social, científico, literário, artístico, entre outros), como vem ocorrendo diante
das diversas esferas sociais contemporâneas. Para isso, selecionamos algumas mulheres espe-
ciais (dentre inúmeras), as quais serviram (e servem) de modelo para outras ao longo dos séculos,
e que nos mostram que, mesmo diante de tantas adversidades e barreiras existentes, estão cada
vez mais deixando de ser coadjuvantes para serem protagonistas, ao defenderem os direitos de
todos na construção de uma sociedade justa e igualitária.
Distintamente da SA1 (que apresentou textos escritos, mediante o olhar de escritoras negras
do século passado e da atualidade, de artistas grafiteiras do século XXI, as quais reivindicaram e
registraram, independentemente da época em que viviam, expressões de injustiças e luta contra
a desigualdade social), esta SA2 vem mostrar como as personagens femininas (suas ações e lin-
guagens) foram produzidas e descritas nas obras literárias na visão de José de Alencar, escritor do
século XIX, em que as mulheres apresentaram, por meio das histórias contidas em seus escritos,
seus pontos de vista da vivência social feminina e as adversidades pelas quais passavam diante
daquele contexto histórico social.
A Situação de Aprendizagem 2 foi elaborada pensando em possíveis diálogos entre a Com-
petência (3), habilidades de Linguagens (EM13LGG301) e de Língua Portuguesa (EM13LP51),
que, por sua vez, direcionam-se aos objetos de conhecimento e às práticas sociais de linguagem
(oralidade, leitura, produção de texto e análise linguística/semiótica e multiletramentos) presentes
no campo artístico-literário e no cotidiano do estudante.
34 CADERNO DO PROFESSOR

TEMA: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.


Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?

MOMENTO 1 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


Estudante:
Na Situação de Aprendizagem 1, você teve a oportunidade de analisar o papel da mulher ao lon-
go da história, quais mudanças emergiram nos últimos anos, rompendo as antigas ideias que com-
põem a representação do feminino estruturada na sociedade, e entendendo o panorama político, his-
tórico e sociocultural da mulher na contemporaneidade. Dando sequência a essa análise, vamos
estudar as representações das personagens femininas no Romantismo, em como são retratadas por
escritores homens, considerando as mudanças pelas quais elas vêm passando durante anos, em meio
a sofrimentos, lutas e algumas conquistas, estabelecendo um paralelo entre o retrato das personagens
femininas na atualidade, e mostrando, assim, a importância da mulher no mundo artístico-literário ao
longo da história. Para tanto, iniciaremos estudando duas obras de José de Alencar:
O Texto I, “Senhora”, tem como protagonista Aurélia Camargo, que irrompe subitamente na alta
sociedade da corte carioca, cativando olhares de desejo e admiração por sua altivez, mas principal-
mente por sua beleza e riqueza.
Já o Texto II apresenta o segundo capítulo do romance “Iracema”, no qual a narrativa retro-
cede no tempo até o nascimento da protagonista, e a personagem é, então, apresentada ao leitor,
descrita como uma linda e excelente guerreira tabajara, “mais rápida que a ema selvagem”.
Este também é o momento em que Iracema encontra Martim, aquele que será o dono do seu amor
e causador de seu fim.
Vamos entender melhor quem são essas mulheres?
Bom estudo!

Neste MOMENTO 1, recomendamos, professor, suscitar nos estudantes algumas reflexões


sobre os trechos dos romances de José de Alencar “Senhora” (1875) e “Iracema” (1865), visto que
o autor, ao criar as personagens Iracema e Aurélia, elabora-as por meio de uma visão arrojada e
proativa, diferindo dos demais escritores românticos da época, ao exaltar atitudes, iniciativas e sen-
satez da mulher, comportamentos considerados atípicos para os padrões morais e intelectuais da-
quele tempo, que tinham a passividade e a inércia como características típicas das personagens
femininas “idealizadas” do Romantismo.
No Texto I, “Senhora” (1875), José de Alencar situa o leitor sobre o jogo de interesses da socie-
dade da época, por meio de sua protagonista, que antes era uma moça pobre em via de ficar órfã,
tendo até um casamento rejeitado por conta de sua classe social, mas que, após o recebimento de
uma herança, passa a ser “admirada” e receber galanteios com frequência. A obra Senhora, de José
de Alencar, divide-se em quatro partes. A primeira inicia-se com este capítulo: “O preço”. A segunda
parte, chamada de “Quitação” narra a história de Aurélia. A terceira parte tem como título “Posse”, e
descreve a rotina de Aurélia e Fernando enquanto casal. Na quarta (e última parte), “Resgate”, temos
os principais acontecimentos da trama.
Considerado um romance urbano, o autor retrata o casamento por interesse em uma sociedade
de aparências do século XIX. A personagem Aurélia, enquanto desprovida de capital, possui como
características a fragilidade e a meiguice, é compreensiva e sonhadora. Após a decepção que teve
com Fernando, ao ser abandonada em troca de um casamento por interesse, passa a ser fria, calcu-
lista e temperamental. Demonstra inteligência e planejamento de suas ações, para que tudo saia con-
forme seus planos. Faz questão de, por vaidade, mostrar à sociedade que é rica e dona de Fernando.
Língua Portuguesa 35

O Texto II apresenta um trecho de “Iracema” (“Ira”: mel, “ceme”: lábios ou semu, saída. Anagra-
ma de América), romance de 1865, que narra a história de amor entre Martim e Iracema, representan-
do o encontro entre o branco colonizador e o índio, ou seja, entre a cultura europeia considerada civi-
lizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons.
José de Alencar discorre sobre uma narrativa de fundação, cujo principal objetivo é mostrar a
criação de uma identidade cultural, representando como se originou a nacionalidade brasileira. Irace-
ma faz parte de uma trilogia indianista do autor (O Guarani, Iracema, Ubirajara) e representa a lenda do
Ceará6, contemplando, na obra, tanto elementos da natureza, quanto mitos indígenas. É descrita na 3ª
pessoa por um narrador observador, o qual enfatiza o contato do indígena com a civilização (portugue-
sa), denotando, assim, o nacionalismo, mostrado entre o romance de Iracema com Martim. Há uma
análise interessante da obra Iracema de José de Alencar, segundo análise do professor Eduardo Vieira
Martins, professor da FFLCH-USP, (canal USP, Livros da Fuvest) que poderá contemplar estas discus-
sões literárias, bem como compreendê-la no contexto literário histórico e social da época.
Acesse o repositório de Literatura no link a seguir, ou o conteúdo pelo QR Code:
Análise da Obra Iracema, José de Alencar. Disponível em: https://cutt.ly/vImoYxX.
Acesso em: 17 jan. 2022.
Antes da leitura dos textos, incentive os estudantes a apresentarem o que já conhe-
ciam sobre o escritor e/ou as obras:

• Observando o título das obras da qual cada trecho foi retirado, Senhora e Iracema,
respectivamente, é possível deduzir qual assunto ou tema será retratado? Como você sabe?
• Tendo em vista que os títulos dos romances se referem às protagonistas, como você acredita
que sejam essas personagens? São mulheres fortes e corajosas? Ou são frágeis e apaixonadas?

Se possível, anote em local visível para que os elementos possam ser confrontados durante a
realização da atividade. Ademais, sugerimos a leitura das obras na íntegra, visto que será importante
para análise e compreensão mais aprofundadas dos textos, além de promover a construção de reper-
tório sobre o autor e o gênero ao qual elas pertencem.
Para aprofundar alguns pontos a serem considerados nas diferentes etapas, como Estratégias de
Leitura, acesse o conteúdo pelo QR Code.
Práticas de Leitura e Escrita. Disponível em:https://cutt.ly/dImoPhf. Acesso em:
17 jan. 2022.

1) Em grupos ou em pares, leiam os textos a seguir, analisando-os atentamente e fazen-


do as anotações necessárias.

A obra “Senhora”, neste trecho, inicia a narrativa descrevendo a linda e jovem personagem Auré-
lia Camargo, que “surge como uma nova estrela, que raiou no céu fluminense”, em um dos bailes da
alta sociedade que frequenta. Admirada por muitos homens ao seu redor e herdeira de uma grande
fortuna, trata-os de forma desprezível e os avalia, listando os pretendentes que querem contrair com
ela “uma empresa nupcial”, de acordo com o valor da reputação que cada um deles possui.

6 Iracema traz como subtítulo Lenda do Ceará, o que caracteriza a obra como uma referência direta à colonização desse estado, tendo como contexto histórico
a própria colonização do Brasil. Disponível em: https://cutt.ly/UImo0Xh. Acesso em: 17 jan. 2022.
36 CADERNO DO PROFESSOR

Texto I

SENHORA
José de Alencar

Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.


Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se re-
fletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhan-
te meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os
comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade. [...]
ALENCAR, José de. Senhora. Domínio Público. Disponível em: https://cutt.ly/aUyrZER. Acesso em: 17 jan. 2022.

Texto II

IRACEMA
José de Alencar

Capítulo 2

[...] Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e
mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu há-
lito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas
a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da
oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os
úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em
manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta
com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore
e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus
perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que ma-
tiza o algodão.
Língua Portuguesa 37

Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não des-
lumbra; sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau
espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das
águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue
borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro apren-
deu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco
e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Ira-
cema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
O guerreiro falou:
— Quebras comigo a flecha da paz?
— Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas,
que nunca viram outro guerreiro como tu?
— Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje
têm os meus.
— Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de
Araquém, pai de Iracema. [...]
ALENCAR, José de. Iracema. Domínio Público. Disponível em: https://cutt.ly/BUyr8Qp. Acesso em:17 jan. 2022.

SAIBA MAIS

Sobre as obras:

Senhora é um romance urbano e uma crônica de costumes, por retratar o meio da alta sociedade.
Traz críticas sociais, atribuindo aspectos realistas e naturalistas à obra. Acesse o romance na
íntegra, clicando no link a seguir:
ALENCAR, José de. Senhora. Domínio Público. Disponível em: https://cutt.ly/aUyrZER. Acesso em: 17 jan. 2022.

Iracema, romance indianista romântico, está entre as principais obras brasileiras. José de Alencar
teve como projeto artístico a consolidação de uma cultura nacional. Traz uma narrativa de fundação,
ou seja, seu eixo temático principal versa sobre a criação de uma identidade cultural, um texto que
se orienta para representar a origem da nacionalidade brasileira. Acesse o romance na íntegra
clicando no link a seguir:
ALENCAR, José de. Iracema. Domínio Público. Disponível em: https://cutt.ly/BUyr8Qp. Acesso em: 17 jan. 2022.

Sobre o autor:

José de Alencar foi jornalista, dramaturgo, advogado, político e escritor brasileiro. Representou,
com maestria, o romantismo brasileiro, produzindo romances indianistas, regionalistas e urbanos.
É considerado o fundador do romance brasileiro com temática nacionalista.
38 CADERNO DO PROFESSOR

Sobre o Romantismo:

O Romantismo iniciou-se em 1836, logo após a independência política do Brasil, sendo influenciado
pelos ideais da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos, contrapondo-se ao
colonialismo português e buscando uma identidade nacional. Esse movimento literário foi dividido
em três diferentes gerações, sendo a primeira conhecida como Nacionalista/Indianista (1836 a
1852), a segunda como Ultrarromântica (1853 a 1869) e a terceira, Condoreira (1870 a 1880).
Texto extraído e adaptado do Caderno SPFE, Língua Portuguesa, 2ª série EM, 2021.

Romance de José de Alencar apresenta a mulher como sujeito e protagonista da história.


Disponível em: https://cutt.ly/3UyylVj. Acesso em: 17 jan. 2022.

Romantismo no Brasil. Disponível em: https://cutt.ly/OUyymT7. Acesso em: 17 jan. 2022.

Destacamos alguns resumos a seguir, no entanto sugerimos a leitura na íntegra, pois assim
você compreenderá mais profundamente as obras, além de construir repertórios sobre o autor e a
escola literária em que elas se caracterizam.

Senhora (Resumo). Disponível em: https://cutt.ly/KUyyK2x. Acesso em: 17 jan. 2022.

Iracema (Resumo). Disponível em: https://cutt.ly/mUyyMh8. Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 2 - VISÕES DE MUNDO NOS TEXTOS


Para o MOMENTO 2, durante a socialização das pesquisas e correções das questões, elabore,
com os estudantes, um quadro para sintetizar e organizar as informações a respeito dos contextos
histórico e literário, bem como sobre as características das três gerações românticas. Ao elaborar tal
quadro, eles poderão expor o que sabem sobre o tema, além de localizar informações explícitas,
identificar palavras-chave, sintetizar parágrafos, resumir textos etc. É fundamental que, sempre, ao iniciar
estudos literários, a contextualização seja trabalhada, como também a articulação com a época atual.

Discutam e respondam às seguintes questões, anotando as principais informações em seus cadernos.

1) Qual a relação entre os textos de José de Alencar, Senhora e Iracema?


Espera-se que os estudantes mencionem que são textos de um mesmo autor e identifiquem
que ambos trazem personagens femininas, descritas como belas, e que demonstram posturas um
pouco diferente em relação às heroínas românticas da época (Iracema é uma guerreira, Aurélia é
uma mulher que assume o controle das suas vontades), protagonizando as histórias.

2) Os fragmentos pertencem a qual gênero textual?


Os textos pertencem ao gênero textual romance, o qual é escrito em prosa e possui uma
narrativa longa. Explane, nesta questão, as características do gênero romance, em especial, sobre
a introdução na literatura brasileira dos quatro tipos de romances: indianista, histórico, urbano e
regional presentes nas obras alencarianas. Além de que as semelhanças existentes nos romances
e contos escritos no século XIX podem ser muito atuais em relação à sua temática, sendo possível
fazer paralelos muito interessantes com assuntos presentes no século XXI.
Língua Portuguesa 39

3) A produção literária da 1ª e 2ª gerações românticas, do século XIX, destacou a mulher como figu-
ra idealizada. Nos trechos retirados das obras Senhora e Iracema, as características apresenta-
das comprovam essa afirmação? Comentem sobre os perfis das personagens.
Nessa apresentação, Aurélia é retratada como uma mulher idealizada, perfeita, que encanta
a todos e é inalcançável, característica da segunda fase romântica; já Iracema representa o ide-
al da primeira fase romântica, pois apresenta o índio como o herói nacional. No entanto, como
já apresentado, as personagens alencarianas já apresentam características realistas/naturalistas,
pois ambas são descritas como mulheres fortes e independentes em várias passagens dos textos.

Sobre o Texto I

4) Pesquisem, no romance “Senhora”, as palavras consideradas desconhecidas e transcrevam-nas,


buscando os significados em dicionários impressos ou digitais.

Vocábulos Significados

Ascensão Ato ou efeito de ascender, de subir; estado do que está a subir ou a elevar-se.

Variedade de gipsita branca, translúcida, pouco dura e suscetível de um belo polido;


Alabastro Qualidade do que é branco. = Alvura, brancura.

Avidez Desejo ardente e insaciável; voracidade.

Cetro Bastão curto que é uma das insígnias do poder soberano.

Esplendores Fulgor, brilho intenso; deslumbramento; lustre, fama, glória.

Firmamento Ato ou efeito de firmar; O que serve de fundamento. = Alicerce, sustentáculo.

Fulgor Brilho instantâneo, mas intenso; expressão, energia.


Que mostra malevolência, má vontade ou hostilidade; que mostra maldade ou predis-
Malévolos posição para fazer mal.

Opulências Abundância de riqueza; magnificência; diz-se das produções muito abundantes.

Prisma Cristal que decompõe a luz; modo especial de ver ou considerar as coisas.

Dicionário Priberam de Língua Portuguesa. Disponível em: https://cutt.ly/MImvqpT. Acesso em: 17 jan. 2022.

SAIBA MAIS

A personagem Aurélia de José de Alencar e o papel da mulher na sociedade do Século XIX.


Lúcia e Aurélia: Personagens transgressoras de José de Alencar.
Disponível em: https://cutt.ly/DEKCN9y. Acesso em: 17 jan. 2022.

5) De que maneira Aurélia é apresentada ao leitor?


A protagonista é apresentada como uma mulher rica e da alta sociedade, que frequenta bailes
e eventos burgueses, acompanhada de sua parente, D. Firmina.
40 CADERNO DO PROFESSOR

6) Como o autor descreve as características da protagonista? Qual aparência ela tem? Transcrevam
trechos dos textos para justificarem a resposta.
O autor faz uso de formas de expressão (figuras de linguagens) como comparações e metáfo-
ras para exaltar a beleza da protagonista. Exemplo: “Duas opulências, que se realçam como a flor
em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.”

7) Façam uma breve pesquisa sobre a obra “Senhora” e respondam às questões a seguir:

a) O que acontece na vida de Aurélia para que, de repente, ela se torne uma mulher admirada e
cheia de pretendentes?
Aurélia era filha de uma costureira pobre, torna-se órfã e recebe uma enorme herança de seu
avô, o que passa a atrair os olhares e galanteios de vários rapazes.

b) Considerando que a questão central proposta por José de Alencar nesse romance é o casa-
mento, qual crítica social o autor faz por meio dessa temática?
O autor faz uma crítica ao casamento por interesse/conveniência e à forma como o dinheiro
condicionava a vida das pessoas.

8) Toda a narrativa de “Senhora” se dá porque Aurélia “compra” o marido, conforme o trecho, a


seguir, demonstra:
“(...) Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que
é, eu uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.
- Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d’alma.
- Vendido sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de
um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado;
comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o do-
bro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.”
ALENCAR, José de. Senhora. Disponível em: https://cutt.ly/aUyrZER. Acesso em: 17 jan. 2022.

a) Que características de Aurélia podemos identificar no trecho anterior? Elas coincidem com
aquelas esperadas em uma personagem do Romantismo?
Professor, neste momento, suscite a discussão de que, embora José de Alencar faça parte do
Romantismo, suas personagens já apresentam características realistas/naturalistas, pois Aurélia nos é
apresentada, aqui e em outras passagens da obra, como uma mulher forte e independente, à frente de
seu tempo, que dirige sua vida e seus negócios. Neste trecho, ela se mostra, inclusive, cruel e vingativa.
b) Aurélia é trocada por outra moça com um dote de trinta contos de réis e, por causa desse fato,
decide se vingar de Seixas. Procurem em dicionários (impressos ou digitais) o significado do
termo “dote”, anotem a seguir, expondo a opinião do grupo sobre a atitude da protagonista no
trecho em destaque.
Um costume antigo, mas ainda em vigor em algumas regiões do mundo, que é estabelecer
quantidades de bens e dinheiro oferecidas a um noivo pela família da noiva, para acertar o casa-
mento entre os dois. Espera-se que os estudantes compreendam que é uma prática ultrapassada
e desrespeitosa para a mulher, de acordo com os atuais costumes de nosso país.
EDUCALINGO Dicionário. Disponível em: https://cutt.ly/gImgplO. Acesso em: 17 jan. 2022.

c) A partir do contexto sociocultural em que a obra está inserida, expliquem porque Aurélia afirma
que o marido é “um traste indispensável às mulheres honestas”.
Na sociedade em questão, principalmente na alta sociedade, uma mulher solteira não era
bem-conceituada e não poderia ter uma vida social ativa. Um exemplo disso é que, no primeiro
Língua Portuguesa 41

trecho do texto aqui apresentado, somos informados que Aurélia tinha uma “velha parenta, viúva,
que a acompanhava na sociedade”.

d) No decorrer da narrativa, percebe-se que o casamento é mais um contrato financeiro do que


amoroso. Contudo, o final da obra mantém-se fiel às características do Romantismo. Descre-
vam o final da história e de que maneira este fato é constatado?
Aurélia confessa seu amor por Fernando e afirma que eles podem ficar juntos, esquecendo o
passado. Fernando beija sua esposa, porém fica com receio do dinheiro da amada continuar a pre-
judicar seu relacionamento, ao passo que ela apresenta seu testamento, deixando toda sua riqueza
para o marido, assim, permitindo que eles vivessem o “amor conjugal”. Ou seja, os protagonistas
redimem-se, recuperando a dignidade e pureza comuns aos heróis do Romantismo.

Sobre o Texto II

9) Em grupo, façam uma pesquisa para responder às questões a seguir.

a) Qual é o tipo de narrador da obra?


O narrador é onisciente. Recomendamos, para esta discussão, a retomada com os estudan-
tes dos elementos da narrativa. Disponível em: https://cutt.ly/qImgUGj. Acesso em: 17 jan. 2022.

b) O narrador apresentado se identifica mais com o olhar de uma das personagens do texto. Que
personagem é essa? Justifiquem sua resposta.
A personagem é Iracema. Ele se identifica mais com seu olhar na medida em que se utiliza de
seu vocabulário para construir a narrativa e expõe os fatos a partir do ponto de vista dela.

10) No capítulo estudado, temos a apresentação da protagonista descrita por ações que aparentam
ser cotidianas, fazendo parte de sua rotina. Levando isso em consideração, escrevam como era
o modo de vida de Iracema.
Compreende-se que Iracema, relacionando-se com animais e com o ambiente, era muito
próxima à natureza.

11) Por se tratar de um romance indianista, a obra é repleta de vocábulos originados do idioma Gua-
rani 7, começando por Iracema que significa “saída de mel, saída de abelhas, enxame” (ira, mel,
abelha + semu, saída). Procurem, no texto, as palavras que aparentam ser dessa origem, e trans-
crevam-nas no caderno, buscando os significados em dicionários impressos ou digitais.

Vocábulos Significados
Grande papagaio da América do Sul, de longa cauda e bela plumagem; arara; “Ará” se
Ará
originou do termo tupi a’rá, e significa aves de muitas cores.

Araquém É de origem Tupi e significa pássaro - qualquer ave da ordem dos pásseres. / Pequena ave.

Palavra indígena que define uma planta, o mesmo que: ¨caraguatá¨; Crauatá, do tupi
Crautá
karauatá.

7 O guarani é um idioma, originalmente uma língua indígena do sul da América do Sul, falado pelos povos da etnia tupi-guarani na Argentina, na Bolívia,
no Brasil e no Paraguai (onde é a segunda língua oficial). Disponível em: https://cutt.ly/nUiVEOn. Acesso em:17 jan. 2022.
42 CADERNO DO PROFESSOR

Vocábulos Significados
Ave conhecida por sua plumagem vermelha e bico longo, com o qual busca alimento
Gará em rios e manguezais; guará. Alguns autores afirmam que “guará” viria de um ter-
mo tupi (awa’rá), cujo significado seria “vermelho”.
Graúna Do tupi gwara’una, ave preta.
Espécie de jalapa; terreno úmido, adjacente às montanhas, por onde corre a água que
Ipu
delas deriva.
Jati Espécie de abelha, no Brasil.
Do tupi yi’sara; palmeira (Euterpe edulis) com caule anelado, nativa do Brasil, Argentina
Juçara
e Paraguai, que produz palmito de qualidade; O mesmo que açaí.
Fruto da mangabeira, pequena árvore da América do Sul, encontrada no Brasil mais
Mangaba
frequentemente na região Nordeste. Origem indígena: significa “coisa boa de comer”.
Do tupi sawi’a; nome comum dado aos pássaros da família dos muscicapídeos, cos-
Sabiá mopolitas, de coloração simples, normalmente marrom, preta ou cinza, conhecidos
pelo canto bem melodioso.
Nativo dos tabajaras; indígena que pertence aos tabajaras, povo indígena que habitou
Tabajara
algumas regiões litorâneas do Brasil, especialmente em alguns estados nordestinos.
É uma palavra indígena que define uma aljava; carcás; uiraçaba em tupi-guarani signi-
Uiraçaba
fica literalmente: ¨lugar de flecha¨ - uira (flecha) + s’aba (lugar de).
Cesto de palha de carnaúba ou fibra de piaçaba, com alça; uru em tupi-guarani pode
significar literalmente:
Uru -¨continente¨ (uru=tiru).
-¨abelha mestra¨(uru=eirub).
-¨ave grande¨(uru=guirá)
ARAQUÉM. Disponível em: https://www.significadodonome.com/araquem/. Acesso em: 17 jan. 2022.
ARARA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arara. Acesso em: 17 jan. 2022.
GUARÁ. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guar%C3%A1. Acesso em: 17 jan. 2022.
MANGABA. Disponível em: https://cutt.ly/IIUARpe. Acesso em: 17 jan. 2022.
Os demais verbetes encontram-se em: Dicionário informal.  Disponível em: https://cutt.ly/QImcZ4q. Acesso em: 17 jan. 2022.

SAIBA MAIS

Livros da FUVEST - Iracema (José de Alencar). Disponível em: https://cutt.ly/rImg5qo.


Acesso em: 17 jan. 2022.. Aprecie uma análise sobre a obra Iracema, suas representações e
simbologias. Acesso em: 17 jan. 2022.

12) Leiam o trecho e respondam às questões a seguir:


“[...]
- O que espreme as lágrimas do coração de Iracema?
- Chora o cajueiro quando fica tronco seco e triste. Iracema perdeu sua felicidade,
depois que te separaste dela.
- Não estou eu junto de ti?
- Teu corpo está aqui; mas tua alma voa à terra de teus pais e busca a virgem branca,
que te espera.
Martim doeu-se. Os grandes olhos negros que a indiana pousara nele o tinham ferido
no íntimo.
- O guerreiro branco é teu esposo; ele te pertence.
Língua Portuguesa 43

(...)
- Quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá, como o abati depois que deu
seu fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira.
- Tua voz queima, filha de Araquém, como o sopro que vem dos sertões do Icó, no
tempo dos grandes calores. Queres tu abandonar teu esposo?
- Não vêem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés
ainda está a seca raiz da murta frondosa, que todos os invernos se cobria de rama e
bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se ela não morresse, o jacarandá não
teria sol para crescer tão alto. Iracema é a folha escura que faz sombra em tua alma;
deve cair, para que a alegria alumie teu seio.
O cristão cingiu o talhe da formosa índia e a estreitou ao peito. Seu lábio pousou ao
lábio da esposa um beijo, mas áspero e morno [...]”
ALENCAR, José de. Iracema. Domínio Público. Disponível em: https://cutt.ly/BUyr8Qp.
Acesso em: 17 jan. 2022.

a) Como se desenvolve a história de amor entre Iracema e Martim? O final é o esperado? Ele
dialoga com os ideais do Romantismo?
Após entregar-se a Martim, e ambos fugirem para uma praia deserta, Martim torna-se melan-
cólico e nostálgico pela distância de sua pátria, assim como Iracema, que se aparta de sua tribo e
padece de uma profunda tristeza. O final da narrativa dialoga com os ideais do Romantismo, pois
Iracema tem o final trágico das protagonistas românticas.

b) A protagonista nos é apresentada, no início da narrativa, como uma guerreira, e totalmente inte-
grada ao ambiente em que vive. Ao longo de sua trajetória, essas características se mantêm?
Observem o trecho abaixo, escrito por Luis Filipe Ribeiro, sobre a obra:

“Será, assim, uma mera coincidência que a personagem central escreva seu nome
com as mesmas letras que compõem o do continente a que, originariamente, pertence
e de que é, desde sempre, a civilizadora original? De um continente, cujo destino
equipara-se ao da personagem: de ser vítima de um processo brutal de colonização,
que lhe sequestrou a própria identidade?”
RIBEIRO, Luis Filipe. Mulheres de Papel: Um estudo do imaginário em José de Alencar
e Machado de Assis. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

c) Que analogia podemos fazer da obra com o momento do Descobrimento do Brasil? Se precisarem,
busquem subsídios em plataformas ou sites literários, transcrevendo as respostas no caderno.
Martim simboliza o continente europeu que descobre o novo mundo, a América (anagrama
de Iracema), e juntos dão origem a um novo povo, o brasileiro, representado por Moacir, o primeiro
cearense. Iracema representa a terra colonizada e explorada pelo colonizador europeu, que anula
a identidade da terra/protagonista, impondo seus costumes e cultura. Professor, é importante tam-
bém destacar a analogia que podemos fazer sobre o estudo até aqui desenvolvido sobre o papel
da mulher na sociedade.

SAIBA MAIS

“Iracema” apresenta a origem mítica do povo brasileiro. Disponível em: https://cutt.ly/


pIEVpMu. Acesso em: 17 jan. 2022.
Mulheres de Papel: Um estudo do imaginário em José de Alencar e Machado de Assis.
Disponível em: https://cutt.ly/5IEC4IU. Acesso em: 17 jan. 2022.
44 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 3 – A LÍNGUA NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS


Neste MOMENTO 3 (e, também, no MOMENTO 4) será importante lembrar da articulação e do
trabalho de reflexão sobre a língua em relação à análise linguística (AL), e entre os diversos textos e
outras práticas. A perspectiva é buscar a compreensão dos sentidos e investigar os fatos de forma
contextualizada, ou seja, na articulação discursiva/textual. Desse modo, mostre aos estudantes que
a ocorrência dessa articulação se dá quando “o sujeito usa a língua por meio de textos orais, escritos
e multimodais, explorando-os em vários ângulos e perspectivas e discutindo os fenômenos relacio-
nados ao sistema da língua, à composição discursivo-textual e aos elementos não-linguísticos”
(GOMES e SOUZA, 2017). Quanto aos efeitos de sentido, a presença das figuras de linguagem em
algumas questões surge para mostrar que esses recursos expressivos da língua propiciam inúmeras
construções de significados.
GOMES, A. R.; SOUZA, S. O ensino de gramática e as articulações teórico-metodológicas da prática de análise
linguística. In: Work. Pap. Linguíst., 18(2): 50-68, Florianópolis, ago./dez. 2017.

13) Quais são as figuras de linguagem utilizadas pelo autor nos trechos da obra Senhora? Transcre-
vam-nas no caderno.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. (metáfora)
Era rica e formosa. - Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois
esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. (Comparação e Ironia).
Professor, indicamos comentar que as características descritas à personagem, ironicamente pos-
suem esta referida ordem “rica, formosa”, pois Aurélia somente se “torna” formosa, depois de rica.
Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-
-se de repente…(comparação)

14) A obra Iracema é considerada por muitos como sendo “um poema em prosa”, devido às carac-
terísticas típicas de textos poéticos presentes nela. Citem dois exemplos que comprovem essa
afirmação.
Espera-se que os estudantes transcrevam trechos do texto, ou expliquem utilizando exem-
plos pontuais, tais como: “Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul
triste das águas profundas”, o qual apresenta sugestão de imagens com metáforas. Ao longo do
texto, notamos o uso da perífrase8 para substituir vocábulos, como “Iracema” por “virgem dos lá-
bios de mel”, trazendo a poeticidade para a obra.

15) No excerto: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que
a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce
como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado”.
Quais figuras de linguagem aparecem nesse trecho?

(A) Pleonasmo e antítese.


(B) Eufemismo e hipérbole.
(C) Metonímia e antítese.
(D) Metáfora e comparação.
(E) Catacrese e metonímia.

8 Perífrase: figura de linguagem utilizada para exprimir o uso de um vocábulo ou frase correspondendo de maneira indireta a determinada palavra. Disponível
em: https://www.significados.com.br/perifrase/. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 45

16) No Texto II, Iracema, identifiquem as figuras de linguagem responsáveis em causar efeitos de
sentido no romance e discutam quais seriam as intenções do autor ao inseri-las no texto. Se de-
sejarem, retomem as figuras de linguagem no livro didático ou plataforma digital. Transcrevam as
informações no caderno.

“[...] Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a bauni-
lha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena
virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabaja-
ra. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras
águas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a som-
bra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores
sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. [...]”
Expectativa de resposta: espera-se que identifiquem a anáfora (repetição): mais; comparação:
como; personificação: “Banhava-lhe o corpo” e “ameigavam o canto”, conforme resposta a seguir:
“[...] Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha
recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.
O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras
águas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a som-
bra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores
sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto [...].”
Todas as figuras de linguagem descritas referem-se a uma mulher indígena. E todas as figuras
de linguagem (metáfora e anáfora) e personificação possuem a mesma intenção, que é poetizar, ide-
alizar Iracema, comparando-a à natureza e atribuindo, dessa forma, características de superioridade.

17) O autor utiliza, ao longo do texto, o aposto (termo que exemplifica ou especifica melhor outro de
valor substantivo ou pronominal, já mencionado anteriormente na oração) para reforçar alguma
característica de uma personagem ou de um lugar:

a) Transcrevam duas ocorrências desse recurso.


Podem ser usados trechos como “Iracema, a virgem dos lábios de mel” e “A graciosa ará, sua
companheira e amiga”.

b) Expliquem o efeito de sentido causado pelo uso desse recurso nos trechos utilizados como
resposta na questão anterior.
O aposto está servindo para enfatizar a beleza de Iracema e ressaltar a ligação entre ela e seu
pássaro, respectivamente.

SAIBA MAIS

Aposto. Disponível em: https://cutt.ly/EImjVqD. Acesso em: 17 jan. 2022.


Figuras de Linguagem. Disponível em: https://cutt.ly/xImjTrR. Acesso em: 17 jan. 2022.
46 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 4 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


Para o trabalho com o Texto III, recomendamos uma análise semiótica para um estudo mais
aprofundado dos signos. Ao desenvolver as comparações (semelhanças e diferenças) entre as
ilustrações, será interessante analisar as imagens presentes na capa da revista. Um exemplo é
pedir pesquisas sobre a data da obra de arte “Diana, a Caçadora”, do pintor Giullaume Seignac
(1870-1924, FRANCE) e a data de criação da Mulher-Maravilha, inventada por William Moulton
Marston em 1941, e que se tornou simbologia de um novo modelo de mulher (independente) em
um universo até então dominado por heróis masculinos.

Leiam o texto a seguir.

Texto III

Arte/elaboração: Mary Jacomine.


Imagens: Mulher-Maravilha. Pixabay. Disponível em: https://cutt.ly/6ENMjV3. Acesso em: 17 jan. 2022. DIANA, A
Caçadora, por Giullaume Seignac (1870-1924, FRANCE). Erch2014. Disponível em: https://cutt.ly/hENMxFg. Acesso
em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 47

MOMENTO 5 – VISÃO DO MUNDO NOS TEXTOS


A resolução das questões, a seguir, pode ser feita utilizando a estratégia Rotação por Estações,
considerando que cada grupo poderia responder a um rol de perguntas, depois apresentar suas respos-
tas aos demais, e discutir coletivamente os aspectos dos dois textos. Também é importante que você
auxilie os estudantes a perceberem claramente a progressão e complexidade das questões.
Para saber mais sobre Rotação por Estações e aulas com metodologias ativas,
acesse o QR Code ou o link:
Metodologias Ativas. Disponível em: https://cutt.ly/7ImlER8. Acesso em: 17 jan. 2022.

Além disso, para o trabalho mais minucioso com a semiose, acesse o link disponível em:
Como analisar obras de arte. Falando de Artes. Disponíveis em: https://cutt.ly/sIUXVrx. Acesso em:
17 jan. 2022, e em: https://cutt.ly/EIUX0fK. Acesso em: 17 jan. 2022.

Discutam em grupos e respondam:


1) Vocês conseguem identificar em que gênero e suporte poderiam encontrar essas imagens?
Sugestões: E-zines, revistas digitais ou impressas, histórias em quadrinhos, games, em literários
(histórias com temas mitológicos), bem como em esculturas e obras de arte, seriados, entre outros.

2) Qual ideia o autor quis transmitir? Ele teve o objetivo de levar ao leitor que tipo de conscientização
sobre o tema?
O autor quis fazer um comparativo entre a super-heroína da DC Comics9 Mulher-Maravilha e
a deusa Diana, da mitologia greco-romana10. Teve o objetivo de conscientizar o leitor de como os
elementos da mitologia constituíram a formação da personagem do mundo pop. Professor, este
é um momento para uma rica análise semiótica das imagens. Mostre aos estudantes a origem da
personagem de HQ, e como ela foi se transformando ao longo dos tempos.

3) Observem as imagens.
a) Vocês já viram algumas dessas ilustrações nos meios de comunicação? Comentem.
b) Para quem foram destinadas essas imagens? Descrevam quais são os potenciais leitores
(públicos) da revista?
Expectativa de resposta para questões a e b. Professor, incentive os estudantes a observa-
rem as imagens, levantando reflexões sobre elas. Importante levar a turma a descrever os locais
e quem são as figuras presentes, para identificarem do que se trata. A revista pode ter como pú-
blico-alvo pessoas que sejam interessadas em pesquisar, conhecer e absorver informações sobre
histórias em quadrinhos, cinema, séries de TV, videogames e computadores, além de apreciadores
de mitologia e cultura popular. Espera-se que a maioria conheça a personagem Mulher-Maravilha
das histórias em quadrinho, games e/ou cinema. A outra imagem refere-se à obra de arte DIANA,
A Caçadora, por Giullaume Seignac (1870-1924, FRANCE). Este pode ser um momento propício para
solicitar uma investigação sobre as obras de arte, sobre pinturas mitológicas. Pinturas Mitológicas
Disponível em: https://cutt.ly/uImlB6K. Acesso em: 17 jan. 2022.

9 DC Comics: uma das maiores e mais importantes editoras responsáveis pela publicação de quadrinhos de super-heróis.
10 A mitologia greco-romana originou-se da junção das religiões grega e romana. As duas se fundiram por apresentarem aspectos semelhantes às suas
tradições, por exemplo. Com isso, deu origem a uma vasta série de entidades lendárias e mitológicas, nas quais se encontram os deuses. Disponível em:
https://cutt.ly/yImztg8. Acesso em: 17 jan. 2022.
48 CADERNO DO PROFESSOR

c) Pesquisem sobre as duas figuras, transcrevendo as informações necessárias no caderno.


Mulher-Maravilha: heroína guerreira, de origem greco-romana, filha de Hipólita, e abençoada
por deuses do Olimpo, nascida em Temiscira, ilha grega oculta, onde só viviam mulheres amazonas
(as mesmas da mitologia). Adota uma identidade secreta ao brigar com a mãe e sair da ilha.

Professor, é interessante levar à turma algumas informações a seguir:


Mulher-Maravilha é uma personagem famosa da DC Comics e foi criada em 1941, até o seu nome
é intencional, pois ela representa as mulheres que entraram no mercado de trabalho durante a
Segunda Guerra Mundial. O contexto nacionalista somado à emancipação política (1941) leva o
criador a desenvolver uma heroína forte, poderosa e bonita, cujos trajes (intencionalmente)
compõem-se de uma vestimenta com cores da bandeira dos EUA, símbolo do país que a iguala ao
herói Capitão América. Houve muitas alterações, do uniforme ao cabelo, do poder à estrutura
corpórea, as quais refletiam as tendências culturais, estéticas e intelectuais ocorridas até hoje.
Mulher-Maravilha uma biografia não autorizada. Disponível em: https://cutt.ly/sImzWKc. Acesso em: 17 jan. 2022.

Diana, a caçadora: há alguns significados na mitologia greco-romana, na mitologia grega é


chamada de Ártemis, deusa da caça, arisca e selvagem, constantemente seguida de perto por fe-
ras selvagens, especialmente por cães ou leões. Em suas mãos, carrega sempre um arco dourado,
nos ombros, um coldre de setas, e seu traje é uma túnica de tamanho curto. Diana, na mitologia
romana, era a deusa da lua e da caça, poderosa e forte. Conhecida como deusa pura, filha de
Júpiter e de Latona, irmã gêmea de Febo. Em sua aventura mais famosa, transforma em um cervo
o caçador Acteão. Carrega um arco e flecha (ou uma lança).

d) Observem as imagens e as personagens do Texto III, associem-nas e tracem um paralelo entre


as duas, explicitando semelhanças e diferenças.
Semelhanças: vieram da mitologia, Monte Olimpo (origem), possuem o mesmo nome (ori-
ginalmente, a heroína Mulher-Maravilha é uma princesa chamada Diana, da mesma forma que a
deusa mitológica. Características: mulheres, fortes, combatentes, destemidas e possuem armas,
de expressões atentas (movimentos corporais). Diferenças: ocorrem por serem um desenho de
HQ da atualidade e a outra uma pintura criada entre 1870-1924, as duas ilustrações foram criadas
em séculos diferentes, para públicos e contextos distintos.

4) Sobre a personagem Mulher-Maravilha:


As ficções mostram diversas visões de mundo por meio de suas personagens e histórias, presen-
tes não somente em histórias em quadrinhos, mas também no cinema. Mulher-Maravilha perpas-
sa uma evolução histórica, trilhando uma trajetória cinematográfica também mediante os trajes
que usou desde a sua criação, em 1940.

a) Investiguem, em sites ou plataformas digitais, a evolução dos trajes da personagem e comen-


tem sobre o que mais lhe chamou a atenção.
b) Busquem os significados destes adereços: tiara, braceletes, corda e cinto, transcrevendo-os
no caderno.
Língua Portuguesa 49

SAIBA MAIS

Conheça os Trajes usados pela Mulher-Maravilha. Disponível em: https://cutt.ly/WEXpmaN.


Acesso em: 17 Jan. 2022.
Mulher-Maravilha faz 75 anos; relembre as principais versões da personagem. Disponível
em: https://cutt.ly/tEXpvv5. Acesso em:17 Jan 2022.
Significado dos símbolos nas roupas da Mulher-Maravilha. Disponível em:
https://cutt.ly/lEXpWJY. Acesso em: 17 Jan. 2022.

Respostas a e b: a intencionalidade é mostrar os significados presentes nas criações das


personagens e de levar à compreensão de que os trajes da Mulher-Maravilha (cor da roupa, brace-
letes, tiara etc.), como os de todos os heróis dentro do universo ficcional, passam por mudanças
de acordo com as preocupações sociais dentro de cada tempo, de acordo com os contextos e
expressão que cada personagem possui. SAIBA MAIS: Mulher-Maravilha: Uma jornada por
suas re(a)presentações. Disponível em: https://cutt.ly/NECD5nO. Acesso em: 17 Jan 2022.

MOMENTO 6 – PRODUÇÃO FINAL


#DESAFIO1
#MÃONAMASSA
#TRABALHOEMGRUPO

1) PRODUÇÃO: CHAMADA PARA CAPA DE REVISTA

Vocês já tiveram sua curiosidade despertada diante de uma imagem? E diante de


uma frase impactante? E quando ambas aparecem juntas?
Esse é o efeito proposto pela capa de revista, que tem como objetivo central dar
ênfase à matéria principal de sua edição e despertar o interesse do leitor, convencendo-o
à leitura da edição. A capa de uma revista é, de certo modo, a sua embalagem.
Para a realização desta atividade, lembrem-se dos estudos e diálogos presentes nes-
ta Situação de Aprendizagem 2, voltados à discussão do redimensionamento da representatividade
feminina ao longo da história, e:
a) Em grupos, ou pares, criem capas de revistas com Chamadas (ou Títulos) remetendo aos te-
mas estudados, como no exemplo:

Senhora e Iracema: dois perfis femininos da literatura

Não se esqueçam de elaborarem um título bem criativo para a revista, que dialogue com os te-
mas abordados e o público leitor almejado.
Para auxiliar:
• Usarão outros recursos como criação de imagem? Fotografia? Ou será realizado à mão livre?
Quais cores usarão, tipos de letras etc.?
• O layout, as imagens, cores, tipos e tamanhos de letras também devem ser discutidos.
Pesquisem mais sobre a diagramação, busquem as informações em sites e plataformas destas
ferramentas de edição:
Crie uma Capa de Revista de destaque. Disponível em: https://cutt.ly/eUyhEXe. Acesso em: 17 jan. 2022.
Criador de Capas de Revista. Disponível em: https://cutt.ly/7UyhGmy. Acesso em: 17 jan. 2022.
50 CADERNO DO PROFESSOR

#DESAFIO2
#MÃONAMASSA
#TRABALHOEMGRUPO

2) PRODUÇÃO: ARTIGO DE OPINIÃO


Agora que vocês já realizaram o Desafio 1, é hora de expressar a opinião do grupo de
forma mais aprofundada por meio da escrita.

a) A seguir, vocês verão algumas publicações que refletem sobre a condição feminina ao
longo do momento pandêmico da COVID-19.

Violência contra a mulher é preocupante durante a pandemia - Disponível em: https://cutt.


ly/xUyh5Zl. Acesso em:17 Jan 2022.
Sem parar: O trabalho e a vida das mulheres na pandemia - Disponível em:
https://cutt.ly/uUyjuTq. Acesso em: 17 jan.2022.
Participação das mulheres no mercado de trabalho é a menor em 30 anos – e a pandemia
é parte do problema - Disponível em: https://cutt.ly/IUyjl5l. Acesso em: 17 jan.2022.
Pandemia impacta mais a vida das mulheres - Disponível em: https://cutt.ly/bUyjYpP.
Acesso em: 17 jan.2022.
Mulheres e a Pandemia - Sala de Convidados - Disponível em: https://cutt.ly/vUyjSdr.
Acesso em: 17 jan.2022.

b) Voltem à atividade anterior, escolham o tema que mais lhes chamaram a atenção e produzam
um artigo de opinião, utilizando Critérios para Elaboração de Artigos de Opinião, dispo-
nível em https://cutt.ly/xImxaZL Acesso em: 17 jan. 2022.

c) Após a produção, lembrem-se dos momentos de revisão e correção.


Professor, você pode relembrar aos estudantes a estrutura do artigo de opinião, a partir dos
links sugeridos. Durante a produção, oriente-os para já ir analisando atentamente a coerência tex-
tual, na estrutura da produção, nos elementos coesivos e seus possíveis interlocutores. Com os
textos pré-finalizados, peça aos estudantes que troquem suas produções entre si, solicitando aos
colegas que apontem os trechos menos claros, problemas com estrutura, elementos coesivos e/
ou gramaticais nos artigos dos colegas.
Recolha os textos e, após a sua revisão, devolva-os aos estudantes, para as adequações neces-
sárias. Depois de recebê-los totalmente finalizados, abra um diálogo com a turma, pegando trechos de
produções variadas (com autorização dos estudantes e sem a necessidade de identificá-los), elencan-
do-os e propondo, colaborativamente, soluções para uma melhor redação. Proponha uma última leitura
para correções pontuais e sugira a inserção dos textos em algum canal dos estudantes e/ou da escola.

Para este desafio, utilizem as suas anotações e retomem as informações presentes no link sobre
o gênero artigo de opinião, o qual tem como objetivo apresentar e defender um ponto de vista por meio
de um assunto relevante.
Acesse o link a seguir, ou o QR Code, para orientar-se sobre como planejar e escre-
ver um artigo de opinião estruturado.
Artigos de Opinião – Esquema para Elaboração de Produção Textual. Disponível em:
https://cutt.ly/WUyjHYV. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 51

LÍNGUA PORTUGUESA
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?

Competências da área:

1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais


e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes
campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social,
o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade, e para con-
tinuar aprendendo.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e cola-
boração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e soli-
dária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.

Habilidade de Linguagens: (EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e


colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e
seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
Habilidade de Língua Portuguesa: (EM13LP04) Estabelecer relações de interdiscursividade e
intertextualidade para explicitar, sustentar e conferir consistência a posicionamentos e para construir e
corroborar explicações e relatos, fazendo uso de citações e paráfrases devidamente marcadas.
Campos de Atuação: Todos (área) e Práticas de Estudo e Pesquisa (LP).

Objetos de Conhecimento:
Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção de textos. Dialogia e relações entre
textos: intertextualidade e interdiscursividade. Procedimentos de produção de citações e paráfrases.

Professor, a fim de ampliar discussões voltadas ao tema “As vozes do feminino e suas representações
sociais” e à questão norteadora “Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da histó-
ria?”, nesta Situação de Aprendizagem 3, visitaremos contextos especialmente voltados à mulher e ao
universo da saúde e da ciência. Esta seleção tem a expectativa de levar aos espaços escolares, às realida-
des e práticas sociais dos estudantes, as inúmeras perspectivas de mundo que abarcam a figura feminina,
desvendando-a e ressignificando-a em esferas sociais, bem como nos campos e contextos sócio-históri-
cos. É importante ressaltar que esses assuntos, voltados às ressignificações do papel da mulher na socie-
dade, têm sido uma constante entre os diversos campos sociais da nossa contemporaneidade. Em vista
disso, é relevante a abertura de possíveis diálogos ao longo do processo de ensino-aprendizagem.
Nesta SA3, a Competência (1), as habilidades de Linguagens (EM13LGG301 - contempla todos
os campos de atuação) e de Língua Portuguesa (EM13LP04 - contempla o campo Práticas de Estudo
e Pesquisa) articulam-se entre as práticas de estudos e pesquisas, a fim de promover, não somen-
te o acesso à informação, seleção, organização, divulgação etc., mas também em como acessar,
selecionar, organizar, redistribuir, remixar etc. essas informações, associar e compreender os inúmeros
52 CADERNO DO PROFESSOR

resultados identificados. Segundo Barbosa (2013), a escola deve propor questões de pesquisa, a
fim de que os estudantes tenham de partir de uma problematização contextualizada e espe-
cifiquem levantar dados, articulando diferentes fontes (livros, sites, vídeos, entrevistas com
especialistas) e não considerar respostas precisamente em um único texto. Desse modo, de acordo
com a autora, deve-se pensar a pesquisa escolar como uma metodologia mais próxima da
investigação científica, ou melhor, formar um estudante que saiba pesquisar e não um pes-
quisador. (BARBOSA, 2013).
Para tanto, os temas em estudo levantam problematizações direcionadas aos desafios enfrenta-
dos pela mulher na ciência, com o intuito de mostrar que, embora haja cada vez mais participação/
colaboração feminina em alguns países (com citações e publicações na ciência), há, ainda, uma irrisó-
ria porcentagem de publicações científicas realizadas por mulheres, indicando, assim, a desigualdade
de direitos. Com relação à forma de trabalho feminina na área da saúde, elas constituem hoje a maioria
absoluta, entretanto, é sabido que não se encontram em melhores condições de trabalho e possuem
salários bem inferiores que a minoria masculina existente no setor. Quanto aos objetos de conhecimen-
to, todos os textos e questões perpassam por relações de intertextualidade e interdiscursividade, den-
tre eles, com o objetivo de ampliar e unir temas ligados à ciência & saúde, a obra homenageando
Mônica Calazans, a primeira brasileira imunizada com a vacina contra a Covid-19 no país.

MOMENTO 1 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Estudante:
A Situação de Aprendizagem 3, ainda em continuidade ao tema “As vozes do feminino e suas
representações sociais” e à questão norteadora “Como a representatividade feminina foi redimensiona-
da ao longo da história?”, retrata a visibilidade feminina dentro dos campos da ciência e da saúde, por
meio do universo investigativo científico dos livros, jornais, sites, vlogs, gráficos, podcasts, reportagem,
entre outras fontes, a fim de refletirmos sobre as desigualdades de direitos presentes em profissões de
cuidado na área de saúde, bem como compreendermos que o envolvimento das mulheres na constru-
ção do pensamento científico é tão antigo quanto o nascimento da ciência. Bom estudo!

Os textos I e II surgem para subsidiar as discussões sobre as mulheres nas áreas científica e da
saúde em meio ao campo de atuação das Práticas de Estudo e Pesquisa. Recomendamos, para as
aulas desta SA3, o acesso à internet e a computadores (ou o uso de smartphones), para realização de
pesquisas e investigação, visto que esse campo de atuação enfatiza metodologias voltadas à curado-
ria e processos, mediante práticas sociais de linguagem, as quais se direcionam tanto para os letra-
mentos usuais (como livros didáticos) quanto para os novos e multiletramentos.
De acordo com a BNCC,

Não podemos esquecer que aprender a pesquisar também envolve diferentes práticas
de linguagem, que precisam ser desenvolvidas como conteúdo de ensino. É então que
se instaura o objetivo principal da orientação de estudo, que precisa ser definido a
partir de sua característica de assegurar momentos específicos em que aprender a
estudar ganhe centralidade nas práticas de ensino das diferentes disciplinas. Por con-
seguinte, é necessário ter clareza dos objetivos dessa atividade e planejar quais pro-
cedimentos de estudo serão trabalhados em cada bimestre do ano letivo.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Língua Portuguesa 53

Dessa forma, indicamos perpassar, ao longo do processo de ensino-aprendizagem, por diferen-


tes fontes de pesquisa, tais como: documentário, infográfico, cartografia animada, vlogs, podcasts,
e outros gêneros multissemióticos (BARBOSA, 2018; BRASIL, 2018). Neste caso, os textos que se-
rão estudados são reportagens, e encontram-se no campo jornalístico-midiático. Fica a seu critério,
professor, o aprofundamento com o campo Jornalístico-Midiático e estrutura composicional do gênero
jornalístico, porém, enfatizamos o campo Práticas de Estudo e Pesquisa indicado na habilidade
(EM13LP04) do componente nesta SA3.
O Texto I “Participação da mulher na ciência ainda não é a ideal” (escrito e narrado em podcast)
trata-se de uma reportagem sobre a atuação feminina na área científica, que retrata a falta de reconhe-
cimento e valorização das cientistas brasileiras na atualidade, mesmo estas sendo consideradas refe-
rências no mundo acadêmico. Com o intuito de levar as práticas sociais aos estudantes, recomenda-
mos o acesso à reportagem na íntegra por meio do suporte podcast.
O Texto II é uma reportagem, cujo título refere-se ao mesmo nome da exposição “A Trajetória de
Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie Curie 1867-1934”, ocorrida no Instituto de Ci-
ências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, na capital paulista, que narra todas as fases
da trajetória da cientista Marie Curie, símbolo da determinação e da competência da mulher na ciência.
Esse texto também é composto por uma reportagem mais aprofundada. Para acessá-la na íntegra,
disponibilizamos o link localizado após o texto.
1) Em grupos (ou em pares), acessem os links para a leitura das reportagens dos Textos I, “Partici-
pação da mulher na ciência ainda não é a ideal”, e II, “A trajetória de Marie Curie é reverenciada
em exposição na USP”, a seguir.
Texto I

Ouçam o podcast, clicando no link a seguir:


Participação da mulher na ciência ainda não é a ideal. Jornal da USP. Disponível em: https://cutt.ly/FUyenYJ. Acesso
em: 17 jan. 2022
Para a leitura na íntegra da reportagem, acessem o link após os textos.
54 CADERNO DO PROFESSOR

JR, Ferraz. Participação da mulher na ciência ainda não é a ideal. Jornal da USP. São Paulo, 13 mar. 2020. Seção Cultura.
Disponível em: https://cutt.ly/hUyrkLQ. Acesso em: 17 jan. 2022.

Texto II
Para a leitura na íntegra da reportagem, acessem o link após o texto.
Língua Portuguesa 55

KIYOMURA, Leila. A trajetória de Marie Curie é reverenciada em exposição na USP. Jornal da USP. São Paulo, 13 mar. 2020.
Seção Cultura. Disponível em: https://cutt.ly/cUyrP9g. Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 2 - VISÕES DE MUNDO NOS TEXTOS


Neste MOMENTO 2, professor, a curadoria e o planejamento para as aulas serão fundamentais.
Para direcionar as pesquisas e estudos de forma clara, precisa e dinâmica, direcione o acesso aos sites
deste tema, indicando páginas já pesquisadas anteriormente para a investigação.
Recomendamos a metodologia Rotação por Estações para otimizar o tempo e aprofundamen-
to dos temas.

1) Planejamento:
a) Selecione estes dois textos e complemente com mais três ou quatro textos pertencentes aos
temas “Mulheres e a Ciência” e “Mulheres e a área da Saúde”. Exemplos de gêneros discursivos
para a atividade: uma charge, um podcast noticioso, um meme, um vlog, um canal de vídeos on-
line, notícia em jornal (digital ou impresso), uma reportagem etc.
b) Peça para elegerem um redator e um orador, que ficarão fixos nas estações.

2) Separação dos grupos: a) Divida os grupos pela mesma quantidade de estações. Exemplo:
cinco grupos, cinco estações. b) Agrupe os estudantes. c) Distribua os materiais de gêneros
diversos, oriente-os para que os analisem a partir de algumas perguntas norteadoras (o orador
deverá ler as perguntas e suscitar as discussões).

3) Duração das paradas: estipule um tempo específico para cada atividade. Algumas estações
precisarão de mais tempo, outras um tempo menor. Geralmente, as atividades duram de uma a
duas aulas de 45 min. cada. Ficará a seu critério cronometrar de acordo com a turma e tempo
disponível. Você poderá utilizar uma aula ou várias, dependendo da quantidade de questões
elaboradas e do tipo de apresentação que fará com a turma.
Importante: o redator e o orador permanecem nas estações e atualizam os novos componentes
56 CADERNO DO PROFESSOR

sobre o que foi discutido até o momento, de acordo com as anotações feitas; todos os grupos
devem passar por todas as estações; as tarefas possuem diferentes formas de aprendizagem em
cada estação, e devem ser elaboradas de acordo com os objetivos que se desejam alcançar.
Observação: ao menos uma das estações precisa ter uma atividade com acesso à internet.

Discutam e respondam às questões, anotando as informações consideradas importantes no caderno.

1) Quais são os temas apresentados nos Textos I e II?


O Texto I “Participação da mulher na ciência ainda não é a ideal” (escrito e narrado em pod-
cast) refere-se a uma reportagem sobre a atuação feminina na área científica, e mostra que, mes-
mo as cientistas brasileiras sendo consideradas, atualmente, referências no mundo acadêmico,
ainda não há reconhecimento ideal nesse campo. O Texto II é uma reportagem, cujo título refere-se
ao mesmo nome da exposição “A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie
Curie 1867-1934”, ocorrida no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Pau-
lo, na capital paulista, que narra todas as fases da trajetória da cientista Marie Curie, símbolo da
determinação e da competência da mulher na ciência.

2) Os textos possuem conexões? Quais?


Sim, possuem conexões, tais como: a valorização das profissionais mulheres nas áreas da
ciência e saúde; o nome da cientista Marie Curie, símbolo da ciência é mencionado nos dois textos,
e o relato das diversas premiações pelos feitos nas áreas citadas.

Sobre o Texto I

3) Pesquisem em dicionários e/ou livros (impressos ou digitais), sites (ou plataformas temáticas) os
nomes dos cientistas que constam na reportagem e suas contribuições para a ciência e à socie-
dade e transcrevam-nos no caderno, buscando as informações consideradas importantes.

Cientistas Contribuições Insira a(s) fonte(s) /referência(s)

Prêmio Nobel de Química pelas investi-


gações sobre as propriedades do rádio e
as características dos seus compostos. Disponível em: https://cutt.ly/wImyj49.
Marie Curie Antes, em 1903, ela e o marido, Pierre Acesso em: 17 jan. 2022.
Curie, dividiram o Nobel de Física pelas
pesquisas no ainda novo campo da ra-
dioatividade.

Pierre Curie, cientis- Cientista que dividiu o prêmio Nobel de Disponível em: https://cutt.ly/wImyj49.
ta e marido de Marie Física pelas pesquisas no campo da Acesso em: 17 jan. 2022.
Curie. radioatividade.

Elaine Del Bel, pro- A professora foi a primeira mulher brasi-


fessora da Faculda- leira a ganhar o prêmio Bernice Grafstein,
de de Odontologia da Sociedade para Neurociência, uma das Disponível em: https://cutt.ly/wImyj49.
de Ribeirão Preto maiores organizações mundiais de cientistas Acesso em: 17 jan. 2022.
(Forp) da USP. e profissionais da saúde que se dedicam a
entender o sistema nervoso central.
Língua Portuguesa 57

Cientistas Contribuições Insira a(s) fonte(s) /referência(s)

Thaís é uma das inspiradoras, em Ribei-


rão Preto, do evento Ciência por Elas, or-
Thaís Suelen Viana, ganizado pelo Instituto de Estudos Avan-
mestranda em To- çados Polo Ribeirão Preto, em parceria
xicologia da Facul- com a FCFRP. O Ciência por Elas mostra Disponível em: https://cutt.ly/wImyj49.
dade de Ciências pesquisas desenvolvidas na Universi- Acesso em: 17 jan. 2022.
Farmacêuticas de Ri- dade, como é a carreira de cientista, e
beirão Preto (FCFRP) desenvolve atividades práticas voltadas
da USP. para alunas do sexto ao nono ano do en-
sino fundamental das escolas públicas e
particulares da cidade.

Professor, algumas dicas que poderão subsidiá-los no processo: aproveite a curadoria em


relação às pesquisas em sites e plataformas da área e aprofunde sobre temas voltados ao Campo
Práticas de Estudo e Pesquisa. Mostre aos estudantes a importância em referenciar fontes e cita-
ções, explique o conceito de “fontes”, a importância de elas serem referenciadas em projetos de
pesquisas ou trabalhos científicos e acadêmicos. Questione se utilizam (ou conhecem) referên-
cias bibliográficas, as normas da ABNT, se consultam e anotam as referências de pesquisa etc.
Oriente a turma que, se houver quantidade limitada de fontes, as pesquisas poderão ter caráteres
insuficientes, e que as referências ruins e questionáveis, por outro lado, enfraquecem a qualidade
acadêmica dos trabalhos e podem custar retificações no trabalho realizado, ou, até mesmo, uma
nota insuficiente na graduação. Importante, também, é solicitar pesquisas sobre plágios, explicar
que material “copiado” sem indicação de fontes é considerado plágio e é crime, e que com refe-
rências dos conceitos e informações inexatas ou inverídicas, os projetos, monografia, TCC etc.
sairão prejudicados.

4) Quem foi a cientista que quebrou paradigmas, e por quê? Comentem sobre ela.

Marie Curie foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel, tendo sido também a primeira pes-
soa e única mulher a ser laureada duas vezes, além de ser a única pessoa premiada em dois campos
científicos diferentes. Foi a primeira mulher a ganhar o Nobel de Física, a primeira a ganhar o de
Química e, também, a primeira mulher professora a ensinar na Universidade de Sorbonne, em Paris,
ministrando um curso sobre o elemento rádio na instituição. Comente com os estudantes, professor,
que a quebra de paradigmas (por ter conquistado mais nobéis que os homens) se dá por motivos de
que, naquela época, o papel feminino na ciência e na sociedade ainda era negligenciado.

5) Acessem o link da reportagem e busquem a seguinte informação:

a) Os anos de 1903 e 1911 foram muito importantes para a cientista Marie Curie. Por quais motivos?
Em 1903, o casal foi homenageado com o Prêmio Nobel de Física na área da radioatividade;
Em 1911, ela ganhou o seu segundo Nobel, em Química, pelas suas pesquisas e descobertas
sobre as propriedades do rádio e seus compostos.

6) “A evolução feminina nas pesquisas está crescendo, mas não como deveria ser.”

a) Quem fez essa afirmação?


58 CADERNO DO PROFESSOR

b) A que tipo de pesquisa ela se refere?


c) Vocês concordam? Comentem sobre o assunto.
Expectativa de resposta das questões a a c: a afirmação é da professora Elaine Del Bel, da
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP, referindo-se às pesquisas científi-
cas no Brasil. Professor, estimule os estudantes à participação nas discussões sobre o assunto,
fazendo-os argumentarem e defenderem a resposta acordada entre o grupo, enquanto você faz a
mediação das apresentações.

7) A Neurociência é uma área científica em ascensão. Esse campo estuda o quê exatamente? Bus-
quem em dicionários impressos ou digitais, e transcrevam as informações no caderno.
Neurociência é o campo científico que estuda o aparelho do sistema nervoso, formado pelo
cérebro, medula espinhal e nervos periféricos. Estes são analisados como objetos de pesquisa
dos neurocientistas.

8) Segundo a mestranda em Toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Pre-


to (FCFRP) da USP, Thaís Suelen Viana, “o estereótipo que a população tem do cientista ser um
homem com cara de maluco precisa mudar”.

a) Qual o significado do termo “estereótipo”? Investiguem a denominação, transcrevendo-a no caderno.


Estereótipo “são opiniões e ideias generalizadas, utilizadas pelas pessoas para pré-definir
alguém ou algo quanto ao seu comportamento, gênero, aparência, religião, cultura, condição social
etc.” Em muitos casos, alguns estereótipos também podem se tornar formas de preconceito. Es-
tereótipo. Disponível em: https://cutt.ly/eImyUeD. Acesso em: 17 jan.2022.

b) Vocês concordam com a afirmação de Thaís Suelen Viana? O que poderia ser feito para aca-
bar com esse estigma? Discutam entre os colegas do grupo e transcrevam as informações
pertinentes no caderno.
Expectativa de resposta: pessoal. É importante que haja uma abertura para os grupos opina-
rem sobre a afirmação. Solicite pesquisas sobre estereótipos de carreiras e profissões. Informe-os
que, mesmo com indicativos de maior colaboração das mulheres em diversas áreas profissionais,
no senso comum social, ainda associam as mulheres como trabalhadoras de apoio e não as pro-
tagonistas, repetindo, dessa forma, velhos rótulos associados aos cargos das mulheres e dos ho-
mens no mundo do trabalho. Pergunte, por exemplo, se imaginam qual é o curso na faculdade em
que há mais mulheres estudando? Ou, no curso de Gamificação, há mais homens ou mulheres? Na
faculdade de Pedagogia, existem mais homens ou mulheres? Quanto às profissões: há mais técni-
cos ou técnicas de futebol? A intenção é de que compreendam que a visão estereotipada intervém
no valor salarial entre homens e mulheres, depreciando profissões e carreiras ligadas à qualidade
de vida e saúde (ao cuidado).

Sobre o Texto II

9) Retomem a reportagem, sintetizando-a no caderno; e, após, discutam e comentem a diferença


entre notícia e reportagem.
A reportagem informa sobre a exposição “A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix
Nobel: Marie Curie 1867-1934”, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São
Paulo, capital paulista, a qual narra todas as fases da trajetória da cientista Marie Curie, símbolo da
determinação e da competência da mulher na ciência.
Língua Portuguesa 59

Uma notícia tem como função principal divulgar um acontecimento real no meio jornalístico.
O conteúdo dela, em geral, retrata fatos políticos, sociais, econômicos, culturais, entre outros assuntos
significativos para a sociedade. Além disso, a organização de uma notícia requer não só informações
sobre o fato, como também, onde e quando ocorreu (lugar e tempo), e quem participou dele. O fato
é, geralmente, relatado com tempos verbais do pretérito (processo verbal do passado), mas o presente
também pode ser usado. Todo acontecimento que, de alguma forma, tem relevância e repercussão
é potencialmente objeto de investigação jornalística. A notícia raramente vem assinada.
Reportagem possui, também, um caráter investigativo, entretanto, trata-se de relatos organizados
mais detalhadamente, com o objetivo de evidenciar causas e efeitos do que ocorreu, contextualizando
um fato. Esta possui mais amplitude e menos rigidez em sua estrutura textual que a notícia. Os
textos encontram-se em 1ª e 3ª pessoa; o foco, geralmente, são os temas sociais, políticos,
econômicos etc. Possui uma linguagem objetiva, formal, com discurso direto e indireto e sempre
vem com a assinatura do (autor) repórter. Em uma reportagem, podemos encontrar depoimentos,
entrevistas, análises de dados e pesquisa, dados estatísticos etc. Os dois gêneros (notícia e
reportagem) encontram-se em diversos suportes (local em que é divulgado), tais como jornais
(impresso e/ou digital), revistas (impressa e/ou digital), programas televisivos, entre outros.
Currículo em Ação - 1ª Série / 3º bimestre. Situação de Aprendizagem 1 de Língua Portuguesa, 2021.

10) Para que público foi elaborado o Texto II?


Para grupos de pessoas que habitualmente acessam a internet e as plataformas universitárias,
tais como estudantes, pesquisadores, professores e/ou pessoas interessadas pelo mundo acadêmico.

11) Qual é o nome da mostra, e por que ela foi escolhida para ser exposta?
A mostra chama-se A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie Curie
1867-1934 e foi selecionada para reverenciar o Dia Internacional da Mulher, visto que o trabalho de
Marie Curie é referência mundial sobre a importância do papel da mulher na sociedade.

12) Retomem o trecho: “O professor conta que a apresentação da história de Marie Curie na USP surgiu
do contato constante do ICB com o consulado francês, a fim de instalar a plataforma científica Pasteur
USP, que reúne trabalhos conjuntos sobre temas relacionados à saúde humana. [...]” e respondam:

a) O que é a plataforma científica Pasteur da Universidade de São Paulo, citada pelo diretor do
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB)?
A “Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU) foi inaugurada em julho de 2019, com apoio da FA-
PESP, reunindo equipes do Instituto Pasteur de Paris, da Universidade de São Paulo e da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz). A SPPU reúne 17 laboratórios de pesquisa e se dedicará ao estudo de doenças
emergentes e negligenciadas, principalmente as que levam ao comprometimento do sistema nervoso
central, como zika, dengue, febre amarela, influenza e doença do sono animal.”, segundo o site da FA-
PESP. Disponível em: https://cutt.ly/2ImyS5X. Acesso em: 17 jan. 2022.

13) Acessem o link disponível em: https://cutt.ly/eUyyp3z. Acesso em: 17 jan. 2022, e busquem
informações sobre a plataforma, transcrevendo-as no caderno:
Expectativa de resposta: Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês), de-
senvolve investigações focadas em doenças infecciosas emergentes e negligenciadas, transmiti-
das por patógenos que causam respostas imunes complexas e que produzam distúrbios no siste-
ma nervoso, com impactos na saúde pública humana e animal.
A plataforma é uma ferramenta de emergência, cujo objetivo é conter epidemias dessas doen-
ças, com o desenvolvimento de métodos preventivos, de diagnóstico/prognóstico e terapêuticos.
60 CADERNO DO PROFESSOR

MOMENTO 3 – A LÍNGUA NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS


Neste MOMENTO 3, professor, é cabível o trabalho contextualizado com os objetos de conheci-
mento solicitados nesta SA3 juntamente com a apresentação de textos que tenham relações de inter-
discursividade e intertextualidade. Se desejar, pré-selecione alguns textos com os temas que estão em
pauta para serem discutidos e peça para apresentarem posicionamentos, produzindo, corroborando
explicações e relatos que forem surgindo nas discussões em grupo, sugira as formas de uso das cita-
ções e das paráfrases adequadamente marcadas.

SAIBA MAIS

Intertextualidade: Paráfrase, Alusão e Tradução - Canal Brasil Escola. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=wZOY0l2Y46s. Acesso em: 17 jan. 2022.

14) No Texto II, “A Trajetória de Marie Curie ou La femme aux deux prix Nobel: Marie Curie 1867-
1934”, a jornalista Leila Kiyomura inicia a reportagem descrevendo detalhes físicos da cientista
Marie Curie.

a) Busquem essas descrições, transcrevam e sublinhem-nas no caderno.


“Uma mulher bonita, cabelos presos, rosto redondo, olhar firme de quem está preparada para
enfrentar os desafios da ciência e da vida.”

b) Na opinião do grupo, qual foi a intenção da jornalista ao retratar essas qualidades?


Intencionalmente inicia a reportagem a partir da descrição de Marie Curie (que consta no
cartaz de abertura da mostra). A jornalista deseja revelar a cientista em várias fases da vida. As
características quanto à beleza, os traços faciais, o olhar “firme” sugerem uma mulher decidida,
com autonomia, capacidade e superação.

c) Dentro das classes de palavras, a qual categoria pertence as características presentes no tre-
cho e qual o efeito de sentido provocado por elas?
Expectativa de resposta: ao utilizar os adjetivos bonita, presos, redondo e firme, a jornalista subs-
titui a imagem de mulher comum e a torna em Marie Curie, mulher singular, com ar “jovial e tranquilo”.

15) Retomem o Texto II, identifiquem quais são as citações presentes na reportagem e expliquem
como conseguiram identificá-las?
→ “Como pode ser visto na exposição, Marie Curie é um símbolo da determinação e da com-
petência da mulher na ciência”, explica Luis Carlos de Souza Ferreira, diretor do ICB.
→ “Sem paralelo na história, ela foi a única mulher a receber dois prêmios Nobel em áreas di-
ferentes pelas descobertas científicas na área de radioatividade e suas aplicações no trata-
mento de diferentes tipos de câncer. Em uma época em que o papel da mulher na ciência e
na sociedade ainda era negligenciado, ela trouxe um exemplo que inspira e motiva a todos.”
→ “Esta exposição estava no Liceu Pasteur. Achei interessante para os pesquisadores e estu-
dantes, então solicitei ao consulado para ser apresentada também na USP.”
A identificação pode se dar devido à pontuação no uso das aspas, segundo o trecho Guia
Prático de Português, do site www.tjsc.jus.br/:
Língua Portuguesa 61

“Se a citação inicia e encerra a frase, o ponto final é colocado antes das aspas. Ex.:
“Navegar é preciso, viver não é preciso.” Quando a citação não inicia, mas encerra a frase,
o ponto final fica depois das aspas. Ex.: Segundo Fernando Pessoa, “viver não é necessário,
o necessário é criar”. Disponível em: https://cutt.ly/VEuzH1Z. Acesso em: 17 jan. 2022.

16) Quais são os objetivos das citações na reportagem?


Contextualizar o leitor dentro do assunto presente na reportagem. Ao citar (referenciar sinte-
ticamente) alguém, o jornalista dá sustentação à sua reportagem e ilustra de forma clara o tema
noticiado, ou seja, as citações servem para esclarecer, sustentar ou ilustrar o assunto.

17) Pesquisem sobre o conceito e os tipos de citações utilizadas em trabalhos acadêmicos.


Professor, recomendamos sugerir aos estudantes alguns sites confiáveis em que os conceitos
estejam corretos sobre Citações. Exemplo disponível em: https://cutt.ly/CImp9GX. Acesso em:
17 jan. 2022.

MOMENTO 4 – NA MIRA DO OLHAR


O Texto III “EXPO PAULISTA “FEMININO PLURAL” 2021- Obra Mônica Calazans”, da artista
multimídia Claudia Liz, dialoga com todas as SA deste 1º bimestre, sobretudo com a valorização das
mulheres nas áreas da ciência e saúde. A obra retrata Mônica Calazans, a primeira brasileira imunizada
contra a COVID-19 no país, com perfil de alto risco para complicações provocadas pelo coronavírus,
mas que não deixou de atuar nos hospitais (da capital paulista) para ajudar a salvar vidas. Neste MO-
MENTO 4, pode-se abrir discussões voltadas às profissões de cuidado, como as enfermeiras, propon-
do debates sobre a ascensão profissional da mulher negra (dialogar, se necessário, com os temas
discutidos na SA1: luta das mulheres para conseguirem “lugares de fala” na sociedade), a desvaloriza-
ção salarial da profissão etc. Ainda, pode-se abordar a valorização da área da saúde perante as pres-
sões causadas pela pandemia em todo o mundo, o destaque que essa área teve devido à excelente
atuação dos profissionais da saúde na pandemia. Em suma, indicamos discussões voltadas à impor-
tância da representatividade feminina na área da saúde, em especial da enfermagem.
Segundo site do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde do país (CONASEMS), é
fato que há “protagonismo feminino no setor e a participação efetiva das mulheres nas experiências
exitosas do SUS. Nas últimas três “Mostras Brasil, aqui tem SUS”, que reúnem profissionais de todo
país, dos 78 premiados como melhores trabalhos de cada estado, mais de 50 tiveram autoria de pro-
fissionais mulheres. Além de estarem promovendo ações exitosas abordando diversas temáticas, as
mulheres atuantes no SUS se dedicam também a projetos específicos sobre saúde da mulher, relacio-
nados desde saúde sexual e reprodutiva à violência.

SAIBA MAIS

Protagonismo feminino na saúde: mulheres são a maioria nos serviços e na gestão do SUS.
CONASEMS. Disponível em: https://www.conasems.org.br/o-protagonismo-feminino-na-
saude-mulheres-sao-a-maioria-nos-servicos-e-na-gestao-do-sus/. Acesso em: 17 jan. 2022.
Professor, se for apresentar o vídeo às turmas, sugerimos assisti-lo antecipadamente, a fim de
verificar o seu conteúdo. Há alguns relatos de violência contra a mulher os quais possuem cenas
que podem ser consideradas fortes pelos estudantes, dessa forma, seria interessante orientação
antecipada, ou a supressão de alguns trechos.
62 CADERNO DO PROFESSOR

Sensibilização para leitura da obra: espera-se, de forma geral, que os estudantes identifiquem
que se trata de uma pintura, uma obra de arte contemporânea da artista Claudia Liz, cuja figura repre-
senta uma homenagem a Mônica Calazans, mulher negra e a primeira enfermeira a ser vacinada contra
a COVID-19. A proposta desse texto é fazer os estudantes interpretarem a obra em seu todo. Dessa
forma, sugerimos anotar, em um local visível para todos, as respostas das seguintes questões para
introduzir a leitura da obra juntamente ao tema em estudo: “Observem atentamente esta imagem e me
respondam: o que vocês enxergam nesta figura? O que acham que ela está fazendo? Quem seria essa
figura retratada? Conseguem identificar alguma profissão na imagem?”
Professor, a seguir, sugestões de links para aprofundamento sobre análises de obras de arte.

Como analisar obras de arte. Falando de Artes. Disponíveis em: https://cutt.ly/CImapze. Acesso
em: 17 jan. 2022 e em:https://cutt.ly/PImagVr. Acesso em: 17 jan 2022.

1) Em grupo, analisem atentamente a obra.

Texto III

O texto refere-se à obra da artista multimídia Claudia Liz e faz parte do Projeto “Femini-
no Plural”.

EXPO PAULISTA “FEMININO PLURAL” 2021


Obra Mônica Calazans

Obra: Mônica Calazans, da artista multimídia Claudia Liz. Projeto “Feminino Plural”. Disponível em: http://www.claudializ.com.br/.
Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 63

2) Leiam as questões e discutam entre o grupo (ou par), justificando as respostas no caderno:

a) Que tema o Texto III parece abordar? Justifiquem a resposta.


Recomendamos realizar uma leitura completa da figura principal e dos elementos que se
encontram na obra. As questões devem levar os estudantes a identificarem que a figura é uma
profissional da saúde, uma enfermeira (mediante elementos como a injeção em seu braço e o
uniforme branco).
b) Qual o título da obra?
Mônica Calazans.
c) Façam uma busca com o nome da obra em sites de pesquisa e, de acordo com as informações
pesquisadas, respondam: Qual foi a intenção da artista ao criar a obra?
d) O que mais chamou a atenção do grupo na obra analisada? Por quê?
e) Pesquisem sobre a vida e obra da autora, acessando o site identificado na referência da
imagem acima ou em outras páginas da internet e plataformas de buscas. Descrevam no
caderno as informações consideradas pertinentes.
Expectativas de respostas das questões b a e: espera-se que a maioria dos estudantes con-
sigam identificar que a artista está homenageando tanto a área da saúde como a profissão de
enfermagem, em especial a própria Mônica Calazans, enfermeira, 54 anos, primeira brasileira imu-
nizada contra a COVID-19 no país. Recomendamos, ao discutir a questão, levar ao conhecimento
da turma a representatividade das enfermeiras mulheres, da ascensão profissional da mulher negra
(conectar, se necessário às discussões da SA1 sobre a luta das mulheres negras na sociedade)
com perfil de alto risco para complicações provocadas pelo Coronavírus, mas que não deixou de
atuar nos hospitais (da capital paulista) para ajudar a salvar vidas. Ainda, o tema pode abordar a
valorização da área da saúde perante as pressões causadas pela pandemia em todo o mundo, e o
destaque que tiveram devido à excelente atuação dos profissionais da saúde na pandemia. Sobre
a autora, será interessante mostrar as diversas áreas em que ela atua, a qual reflete a visão da mu-
lher (e artista) do mundo contemporâneo, do século XXI, tema abordado na SA4. Professor, auxilie
o estudante na sua curadoria em relação às buscas em sites confiáveis.

Claudia Liz nasceu em 1969 em São Luiz de Montes Belos, Goiás. Modelo ícone do final da
década de 1980 até a primeira metade da década de 1990 como top model, atriz de novelas e
longas-metragens, apresentadora de programas, ganhadora de diversas premiações. Atualmente,
artista multimídia, ilustradora da Folha e colunista de site da moda e escritora, tendo suas obras
expostas a céu aberto na Avenida Paulista, com a Exposição “Feminino Plural”, incluindo a pintura
em estudo.

f) Analisem os elementos que se encontram na imagem. O que eles representam?


g) A imagem de Mônica Calazans estabelece uma relação com os textos já estudados, em espe-
cial, o Texto I. Vocês conseguem reconhecer quais são essas conexões?
Expectativas de respostas das questões f e g: reiterando, as questões devem levar os es-
tudantes a identificarem que a figura é uma profissional da saúde, uma enfermeira (mediante ele-
mentos como a injeção em seu braço e o uniforme branco). Indicamos levantar questões acerca
das cores presentes na ilustração, tais como: a cor do uniforme, a cor da pele, os cabelos, o que
consta no plano de fundo (a cor das bolinhas verdes que representam o vírus causador da doença
respiratória, COVID-19, e a cor azul, que, segundo a artista, surge para dar leveza à obra).

3) Acessem em sites as informações sobre o projeto “Feminino Plural” e/ou a plataforma da Expo
Paulista, disponível no link https://cutt.ly/LUu26Bb. Acesso em: 17 jan. 2022. Selecionem e
64 CADERNO DO PROFESSOR

pesquisem sobre outras mulheres presentes nas obras que contemplam o projeto. Justifiquem as
escolhas, anotando as informações no caderno.

4) Discutam entre o grupo:


a) Um outro título que pode contemplar a obra. Fundamentem a escolha.
b) Criem um parágrafo sobre o tema: Área da saúde & mulher.
Respostas a e b. Expectativas de resposta: após as discussões e análises, sugerimos estimular a
turma à criatividade para a criação de um título para a obra contemporânea. Ao corrigir a questão, uma
dica é anotar todas as alternativas em local visível e compartilhar as ideias que forem surgindo. Quanto
ao desenvolvimento do parágrafo sobre o tema “A importância da mulher na área da saúde”, além da
curadoria em sites e plataformas desse tema, solicite entrevistas com enfermeiras, pesquisas em vlogs
da área da saúde, bem como depoimentos de mulheres que atuaram na pandemia em hospitais, entre
outras atividades extras.

MOMENTO 5 – PRODUÇÃO FINAL: CRIAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE


INFOGRÁFICO
Professor, nesta SA3, para a produção final, a elaboração do infográfico surge para
contemplar, além da competência, habilidades de Linguagens e de Língua Portuguesa e o
campo Práticas de Estudo e Pesquisa, a compreensão de um gênero preponderantemen-
te imagético. Será importante auxiliar na curadoria em relação às pesquisas e elaboração
do infográfico. A fim de subsidiá-lo e aos estudantes na produção final, recomendamos o
acesso aos links no box explicativo seguinte.

#DESAFIO1
#MÃONAMASSA
#TRABALHOEMGRUPO

Infográfico:

O infográfico é caracterizado por ilustrações explicativas sobre determinado tema. Ele é um misto
de diversas linguagens, dependendo do tipo, função e intencionalidade do produtor. Podem
diversificar linguagens verbal (escrita), visual (imagens, esquemas, setas, faixas, ícones) e, se for do
tipo animado, além dessas misturam-se diversas mídias para apresentar e movimentar/deslocar os
elementos gráficos e textuais. O objetivo é que o leitor consiga ler as informações por conta própria,
“passeando” pelas informações, por meio de um percurso. Na internet, há ferramentas gratuitas
para a produção de infográficos. Com elas, produz-se diversos estilos para apresentarem os
resultados obtidos na pesquisa de levantamento de dados. Nas salas de aula, os infográficos
auxiliam, com sucesso, nos processos de leitura, reflexão crítica e produção de textos.
Elaborado especialmente para este material.
Língua Portuguesa 65

SAIBA MAIS

PACHECO, Mariana do Carmo. "Gênero textual infográfico"; Brasil Escola. Disponível em:
https://cutt.ly/hUu4EHR. Acesso em: 17 jan. 2022.

A produção final será a elaboração de um infográfico, com o objetivo de que os estudantes divul-
guem os temas estudados e problematizados nesta SA3. Mostre à turma alguns infográficos, para que
eles se familiarizem e notem que ele é usado nos mais diversos meios comunicativos, como jornais di-
gitais e/ou impressos, em noticiários, plataformas, redes sociais, posts, entre outros. É importante levar
ao conhecimento dos estudantes que os infográficos têm o intuito de explicar, comparar, apresentar
fluxogramas, narrativas, tutoriais e pesquisas de diversas áreas, como as eleitorais. As informações
mais complexas, por meio desse gênero, poderão ficar mais claras, lúdicas e de fácil entendimento,
facilitando a compreensão do leitor daquilo que ele talvez tivesse maior dificuldade em aprender. Pro-
fessor, indicamos a leitura dos links a seguir, pois estes contêm informações estruturais do infográfico,
bem como plano de aula voltado ao estudo desse gênero.

SAIBA MAIS

COSTA, A. A da; ANDRADE, G. T. dos S. Conhecendo a estrutura do infográfico. Revista Farol,


Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 54-62, 2021. Disponível em: https://farol.ufc.br/pt/atual/. Acesso em:
17 jan. 2022.
IMPRENSA, Observatório da. Quem Entende os Infográficos. Disponível em: https://cutt.ly/qIE2Qg2.
Acesso em: 17 jan. 2022

1) Após lerem no box inicial o conceito de Infográficos, em grupo, acessem os links disponíveis no box
explicativo seguinte. Além disso, pesquisem sobre os infográficos, quais os tipos e funções existentes.
Professor, auxilie fazendo a curadoria das pesquisas solicitadas, juntamente com a leitura e
interpretação dos infográficos. Além dos temas abordados, acompanhe-os na interpretação da es-
trutura composicional do gênero. Recomendamos conhecerem antecipadamente o aplicativo Canva
(ou outro que seja gratuito e de fácil uso para os estudantes) para que todos se familiarizem e prati-
quem as várias opções que a ferramenta oferece para produzir o infográfico. Acompanhe a turma na
interpretação dos textos, mostrando como eles criam e aplicam as funções de explicar, comparar,
narrar, apresentar processos e fluxos conceituais etc. Todos os links selecionados são temas que
dialogam com os textos da SA3.

SAIBA MAIS

Retratos das Desigualdades. Disponível em: https://cutt.ly/2Uu4Klo. Acesso em: 17 jan. 2022.
Compreender o impacto da COVID-19 para as mulheres (infografias). Disponível em:
https://cutt.ly/1EuvMtY. Acesso em: 17 jan. 2022.
Migrante. Disponível em: https://cutt.ly/mUu4497. Acesso em: 17 jan. 2022.
Pesquisadoras revelam os desafios das mulheres para fazer ciência. Disponível em:
https://cutt.ly/FEubebm. Acesso em: 17 jan. 2022.
10 Grandes Mulheres da Ciência. Disponível em: https://cutt.ly/vUu7ppm. Acesso em: 17 jan. 2022.
Participação da mulher na ciência ainda não é ideal. Disponível em: https://cutt.ly/vUu7IYQ.
Acesso em: 17 jan. 2022.
66 CADERNO DO PROFESSOR

Mulheres cientistas na História. Disponível em: https://cutt.ly/BUu7VeF. Acesso em: 17 jan. 2022.
Mulheres e Meninas na Ciência. Disponível em: https://cutt.ly/KUu79tS. Acesso em: 17 jan. 2022.

2) Agora, a partir das pesquisas realizadas sobre o gênero infográfico, escolham um dos temas a
seguir e elaborem um infográfico com base nas discussões desenvolvidas ao longo desta
Situação de Aprendizagem 3:

Sugestões de temas para a produção final:

• Participação da mulher na ciência ainda não é a ideal.


• Mulheres na ciência: conheça as cientistas que entraram para a história.
• A importância da mulher na área da saúde.
• Mulheres são maioria e avançam na área da saúde.

3) Organizem entre os grupos as apresentações dos infográficos e dos conteúdos trabalhados nes-
ta SA3. O seu professor lhes auxiliará com a curadoria das produções e planejamento final.
Língua Portuguesa 67

LÍNGUA PORTUGUESA
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?

Competências da área:

4. Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, hetero-
gêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como
formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de
preconceitos de qualquer natureza.
6. Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas carac-
terísticas locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas
para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonis-
mo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes identidades e culturas.

Habilidade de Linguagens: (EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da


vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas.

Habilidades de Língua Portuguesa:

(EM13LP09) Comparar o tratamento dado pela gramática tradicional e pelas gramáticas de uso
contemporâneas em relação a diferentes tópicos gramaticais, de forma a perceber as diferenças de
abordagem e o fenômeno da variação linguística e analisar motivações que levam ao predomínio do
ensino da norma-padrão na escola.
(EM13LP47) Participar de eventos (saraus, competições orais, audições, mostras, festivais, feiras
culturais e literárias, rodas e clubes de leitura, cooperativas culturais, jograis, repentes, slams etc.),
inclusive para socializar obras da própria autoria (poemas, contos e suas variedades, roteiros e
microrroteiros, videominutos, playlists comentadas de música etc.) e/ou interpretar obras de outros,
inserindo-se nas diferentes práticas culturais de seu tempo.
Campos de Atuação: Todos (área) e Artístico-Literário.
Objetos de Conhecimento: Estratégias de leitura. Abordagens da variação linguística e análise dos
usos da norma-padrão.Apreciação (avaliação de aspectos éticos, estéticos e políticos em textos e
produções artísticas e culturais etc.). Réplica (posicionamento responsável em relação a temas, visões
de mundo e ideologias veiculados por textos e atos de linguagem). Planejamento, produção e edição
de textos orais, escritos e multissemióticos. Organização e participação em eventos culturais.
Professor, nesta Situação de Aprendizagem 4 finalizaremos o estudo do 1º bimestre sobre
o tema “As vozes do feminino e suas representações sociais” e a questão norteadora “Como
a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?”. A proposta é a de que
os estudantes apreendam e apreciem os aspectos éticos, estéticos e políticos sobre a temática,
trabalhados no decurso dos estudos, concretizando-os, mediante a articulação com pesquisas
e discussões (em sala de aula, como, por exemplo, o sistemático esquecimento de mulheres na
68 CADERNO DO PROFESSOR

memória da literatura favorecem o desenvolvimento da argumentação e da inferência), apreciação,


réplica e produções de textos, as impressões sobre as ressignificações do papel da mulher e como
este vem sendo repensado entre os diversos campos sociais em nossa contemporaneidade. Para
tanto, a sua curadoria e o planejamento com todo o grupo será muito significativo até a finalização
das apresentações dos eventos culturais. Analisaremos, além disso, obras escritas por autoras de
séculos diferentes, em contextos históricos e sociais distintos, e que mostram as múltiplas aborda-
gens da língua (análise sobre as motivações que levam ao predomínio da norma-padrão na escola).
Ademais, esta SA4, em conformidade com as anteriores, foi elaborada considerando os diálogos
entre a Competência (1), as habilidades de Linguagens (EM13LGG604), de Língua Portuguesa
(EM13LP47), todos os campos de atuação, e em especial, o Artístico-Literário, o qual se solidifica
na culminância da apresentação do produto final (mostras, eventos culturais).

MOMENTO 1 – DIÁLOGOS POSSÍVEIS


Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?

Estudante:
A Situação de Aprendizagem 1 (SA1) nos levou a diálogos voltados “Às vozes do feminino e suas
representações sociais” no campo artístico-literário. Conhecemos romances e poemas em que as es-
critoras negras reivindicavam (e ainda reivindicam) lugares sociais ocupados de forma desigual em di-
versas épocas na sociedade.
Na SA2, discutimos as concepções das personagens femininas no Romantismo, estabelecendo
um paralelo entre o retrato dessas personagens na atualidade, a maneira como eram retratadas pelos
escritores homens, em especial, nas obras de José de Alencar. Já na SA3, perpassamos pelas áreas
da ciência e saúde, ressaltando a (des)valorização profissional das mulheres cientistas, e analisamos
uma obra de arte contemporânea perante a visão de uma artista multimidiática, o que nos proporcio-
nou a discussão sobre as desigualdades de salários, a estereotipização de profissões etc. Nesta SA4,
finalizaremos o 1º bimestre transcorrendo em narrativas produzidas por escritoras de séculos distintos
(XX e XXI), em cenários como o literário, o científico, o artístico, entre outros contextos históricos e so-
ciais. Dessa forma, esperamos ter provocado reflexões diante do Tema “AS VOZES DO FEMININO E
SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS” e da questão norteadora “Como a representatividade feminina
foi redimensionada ao longo da história?”, a fim de ampliar a compreensão sobre as múltiplas perspec-
tivas da vida humana e social, além da autonomia em defender pontos de vista que respeitem o outro
e promovam os Direitos Humanos (vide EM13LGG301_SA1). O processo histórico de construção do
papel feminino até o presente momento leva-nos às ressignificações e questionamentos sobre uma
sociedade igualitária em que todos precisam ter seus direitos preservados, o que inclui, obviamente, a
mulher, contribuinte, ao longo dos anos, para a organização da sociedade e futuro da humanidade.
Bom estudo!
Neste MOMENTO 1, retornamos aos textos literário e jornalístico, cujos temas propostos, in-
dependentemente de ser um jornal de época ou uma crônica contemporânea, mostram como a
busca, o resgate, de um lugar de fala pelas vozes femininas (interrompidas historicamente ou reivin-
dicando nos dias atuais), o movimento de luta antirracista, antipatriarcal, da hegemonia masculina
e branca vêm se conduzindo diante do tempo, dominando todas as áreas culturais e esferas de
conhecimento no decorrer da história até os dias atuais. O Texto I, é uma crônica de Narcisa Amália
de Campos, considerada a primeira jornalista brasileira e fundadora, em 1884, do jornal quinzenal
Gazetinha. A sua ascensão profissional deu-se em 1872, com poemas voltados à escola literária Ro-
Língua Portuguesa 69

mantismo (única obra chamada “Nebulosas”), e que teve muita repercussão no campo da Literatura.
Seus artigos jornalísticos, no final do século XIX e início do XX, com temas voltados à defesa das
mulheres e do fim da escravatura, também ecoaram de forma significativa na sociedade da época.
Professor, indicamos levar aos estudantes que, no mesmo cenário citado na SA1 (sobre as
dificuldades das escritoras negras obterem o espaço delas de direito), o universo literário prepon-
derantemente masculino e o mecanismo de exclusão de escritoras brasileiras recusaram o reco-
nhecimento de mulheres de qualquer etnia na Literatura e as excluíam por meio de críticas literá-
rias. Selecionamos nesta SA4, para o Texto I, uma crônica denominada “A Mulher do Século XX”,
de Narcisa Amália (1852-1924), importante intelectual brasileira, tradutora do francês, poeta ro-
mântica, republicana, abolicionista, considerada a primeira jornalista brasileira e com uma única
obra publicada, intitulada “Nebulosas” (1872), aos vinte anos de idade. Esse artigo (diante de al-
guns outros com temas semelhantes) chamou a atenção do meio literário, fazendo-a destacar-se
pelos seus textos críticos sobre os costumes típicos da conjuntura feminina do século XIX, discor-
ridos mediante intencionalidades linguísticas presentes nas produções. Professor, sugira aos es-
tudantes a leitura de uma breve história de Narcisa Amália, no link disponível em:
https://cutt.ly/1ImsALb. Acesso em: 17 jan. 2022.
O Texto II refere-se a uma crônica contemporânea, escrita por uma mulher nascida no final
do século XX e que vive este início do século XXI. A narrativa mostra um saudosismo refletido em
diversos momentos, nos quais a narradora-personagem compara a vida dela na infância (consi-
derada quase um conto de fadas) com a atual (já mulher adulta). A intencionalidade, mais do que
abordar o estudo dos elementos da narrativa e a composição do gênero, é criar um diálogo com o
tema, de forma que os estudantes consigam observar, durante essa cronologia, as diversas contri-
buições da mulher em todos os tempos, até chegar nessa personagem do século XXI, é contribuir
para o entendimento sobre os desafios ainda enfrentados e considerados muito grandes. Em “Épo-
ca Mágica”, o cotidiano que a personagem enfrenta reflete claramente a sobrecarga que a mulher
possui na sociedade, tais como a luta para conseguir ascensão profissional perante a opressão, a
desigualdade no mercado de trabalho, a questão da objetificação do corpo feminino, a exigência
de padrões pré-estabelecidos pela mídia.

A fim de aprofundar alguns pontos a serem considerados nas diferentes etapas, como
Estratégias de Leitura, acesse o conteúdo pelo QR Code.
Práticas de Leitura e Escrita. Disponível em: https://bityli.com/QvDlV. Acesso
em: 17 jan. 2022.

1) Em grupos ou em pares, façam a leitura dos Textos I e II, a seguir.

Texto I

“A MULHER DO SÉCULO XX”


Narcisa Amália de Campos

II
A educação da mulher! Mas tem a mulher por acaso necessidade de ser educada? Para quê?
Cautela! A mulher representa o gênio do mal sob uma forma mais ou menos graciosa e cultivar a sua
inteligência seria fornecer-lhe novas armas para o mal. Procuremos antes torná-la inofensiva por
meio da ignorância. Guerra, pois, à inteligência feminil! Eis a palavra do século passado. O que
diria a idade de ouro da selvageria, quando o homem tinha o direito de vida e de morte sobre a sua
70 CADERNO DO PROFESSOR

companheira? Quando a mulher carregava-lhe a bagagem na emigração, a antílope morta – na caçada


e roía os ossos em comum com os cães? Desprezada, embrutecida, castigada e vendida, a mísera
arrastava o longo suplício de sua existência até que a morte viesse libertá-la e a pá de terra levantasse
entre ela e o seu opressor uma eterna barreira. Nada há que justifique essa tenaz perseguição da mu-
lher; e entretanto foi perpetuada de século a século! Na Ásia, de rosto sempre velado, ignorante e
submissa como um cão, trabalhava, comia e chorava à vontade do senhor, sem que uma palavra de
simpatia jamais lhe dilatasse o coração; na Índia, levavam-na mais longe: atiravam-na à fogueira no dia
em que lhe expirava o marido! Em Babilônia era vendida em praça pública; em Esparta, escolhida ao
acaso; em Atenas, circunscrita nos gineceus. Batida, aviltada e corrompida pelo homem, a mulher ro-
mana, por sua vez, bate, avilta e corrompe o homem no filho.
III
Na Idade Média o horizonte torna-se mais tempestuoso; porém a mulher começa a ganhar terre-
no. [...] Abre-se o salão: a mulher aprende a falar, a raciocinar, a conversar, a despeito do riso sarcásti-
co de Molière; o salão, porém, já não a satisfaz; a sua ambição desperta, aspira mais: cria a correspon-
dência. De posse desta última conquista, e devorada ainda pela sede do desconhecido, procura na
página algébrica do céu um novo argumento contra a revelação; arma em silêncio o seu espírito para,
na hora da revolução, legar à história o nome de Mme Roland, e, finalmente, no século dezenove fala,
pensa, escreve e trabalha como o homem!
IV
Foi a América do Norte, essa nação tão nova e tão grande já, que dominada pela febre da inovação
e do progresso, ergueu primeiro o lábaro da revolta em prol da mulher. [...] da mulher americana, a Fran-
ça e a Bélgica das academias de Direito e de Medicina; e elas provam, por sua vez, exuberantemente
perfeita aptidão para todas as ciências! A mulher no século dezenove acha-se, portanto, emancipada,
isto é, entra na posse de si mesma, conquista o direito divino de sua alma, em uma ser feliz– À que está
emancipada, pouco; mas à que está por emancipar-se, tudo. E neste caso está a mulher brasileira.
V
Entre nós a instrução, mesmo a mais elementar, tem até aqui constituído monopólio do homem.
Ora, à medida que o homem sobe, a mulher desce, naturalmente, e essa diferença cria entre ambos
uma profunda separação intelectual e moral que arrasta consigo todas as desordens do lar. Educada
para agradar, de posse de algumas prendas, mais ou menos polida pela frequência dos saraus dan-
çantes ou musicais, conhecendo os dramas do coração pelo romance ou pelo teatro, sem uma ideia
séria, sem um plano determinado de vida, a menina brasileira transpõe sorrindo o limiar do casamento,
com sua fronte sonhadora aureolada pelo véu da pureza e penetra sem consciência no que há de mais
sério, de mais grave, de mais solene na terra; – a vida da família! Quando, porém, passado o primeiro
período do enlevo mútuo o marido compreende que não pode dar à sua esposa mais que a confidên-
cia do coração; quando reconhece que ela não pode absolutamente corresponder às expansões do
seu espírito e que deve sufocar no íntimo o que sente de mais superior em si, o divórcio moral se esta-
belece entre os esposos, o encanto da intimidade morre inevitavelmente para ambos. Ele vai procurar
no exterior o que não pode encontrar no lar; ela chora, lamenta-se, e transvia-se se é fraca, ou volta-se
para a religião e resigna-se, se foi educada por uma mãe piedosa. O casamento, neste caso, é a calú-
nia do casamento. O que podem ser os filhos de semelhante união, educados por esta mãe ignota,
desenvolvidos neste lar em perpétua e desoladora desordem?! (CAMPOS, 1882, p.2-35).

RAMALHO, Cristina. Retratos do Cotidiano: a crônica em três vozes. Revista Leitura, Universidade Federal de Sergipe,
Campus Itabaiana. P. 135-156, 06 ago. 2012. Disponível em: https://cutt.ly/zUiwrML. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 71

Texto II

ÉPOCA MÁGICA
Elisangela Vicente

Minha infância foi mágica. Eu acreditava que realmente a luz acabava, por isso tinha que dormir mais
cedo. Que se eu não fosse uma boa filha, Papai do Céu ia me castigar. Que se eu não comesse alface, jiló,
beterraba, entre tantas outras coisas saudáveis, eu ficaria magrinha igual a cachorrinha da vizinha. Que se
eu mentisse meu nariz cresceria igual ao Pinóquio. Que eu ia me casar com um príncipe igual a Cinderela.
Hoje, tudo isso perdeu a graça, desejo todo dia dormir mais cedo, mas o trabalho nunca me
permite. Ser 100% boa e prestativa, só faz com que meu chefe me sobrecarregue de trabalho extra.
Ainda continuo comendo alface, jiló, beterraba, mas agora com uma vontade imensa de ser magrinha
igual a “cachorra” da minha vizinha. A mentira se tornou comum no dia a dia, ou para garantir mais um
dia no emprego, ou para garantir outro encontro com o pretendente nem tão perfeito assim.
Naquela época tudo era tão inocente, mesmo com a inflação compramos nossa casa, com um
quintal imenso, conhecíamos todos os vizinhos e até a família deles, a mesa era farta. Os familiares nos
visitavam e ficavam até tarde conversando, enquanto meus primos (que não eram poucos) e eu, ficá-
vamos brincando.
Agora, dizem que a economia está estável, mas mal pago minhas contas, quem dirá comprar um
“apertamento” de míseros 50m². Vizinhos? Mal sei quem mora ao meu lado, só escuto as brigas quan-
do chegam à noite de mais um dia estressante de trabalho. Mesa farta, só naquela época mesmo,
porque a cesta básica não pode se dizer que sustenta uma família durante um mês sequer. E meus
primos, quanta saudade dos nossos encontros. Alguns saíram do Brasil procurando melhores chances
de trabalho, outros fizeram sua família, pequena com um filho, e preferem não sair muito.
Antes de ter telefone e televisão em casa, falávamos mais com as pessoas, tomávamos um chá
da tarde com direito a bolo de laranja, sentávamos na sala e conversávamos por horas sobre a vida,
sem pressa de a visita ir embora. Aprendi a jogar dominó com meu avô, fazer tricô com a minha vó.
Ficava deslumbrada com a massa de pão enrolada no cobertor pra crescer. O cheirinho de pão assan-
do tomava a casa toda. Após a aula, brincava de escolinha com minha mãe e meu irmão. Fazia a lição
de casa como forma de brincadeira e aprendia muito mais. Com a televisão em casa, as famílias mal
conversam com a visita. Bolo de laranja, café? Não, senão a visita vem toda hora. Temos telefone, mas
não temos tempo de ligar pra ninguém pra saber notícias. Mandamos e-mail. Videogame meu vô não
acharia graça, é muito botão pra entender. E não tem que montar estratégia, só ir passando as fases.
O tricô que minha avó fazia eu compro na loja por preços exorbitantes. E a lição de casa ficou a cargo
do professor particular.
Que saudades da minha infância. Que saudades do cheirinho de bolo no forno. Do café da tarde
com ou sem visita. Bom, isso me abriu o apetite, vou até a padaria pegar o pão, sem o carinho das
mãos da mamãe.
Texto cedido pela autora para uso deste material.

MOMENTO 2 - VISÕES DE MUNDO NOS TEXTOS


Recomendamos, em momento oportuno, discutir os rompimentos de padrões dos séculos pas-
sados, mediante condutas consideradas “atípicas” e excêntricas para as mulheres na sociedade. Peça
investigações sobre os diferentes papéis da mulher na história. Por exemplo, diferenças dos séculos
XIX (surgimento da revolução industrial, gradual substituição de trabalho doméstico para o de produ-
ção em fábricas, as características da mulher ainda cabiam dentro dos moldes tradicionais, como de
72 CADERNO DO PROFESSOR

pessoa frágil) e XX (o papel feminino começa a mudar: conquistas como o direito do voto, direito ao
divórcio, a representatividade da mulher aumenta em diversos setores, como nos cargos políticos.) até
chegar aos desafios11 das mulheres do século XXI, fazendo com que percebam que, mesmo diante de
muitas conquistas já realizadas na atualidade, ainda há questões (renda familiar mínima, jornada dupla,
salário inferior ao dos homens etc.) para serem discutidas. Mostre aos estudantes o quão importante
são essas discussões sobre a igualdade de direitos sociais e a representatividade feminina ao longo da
história nos diversos contextos sociais.
Professor, ao longo da atividade, apresente e aborde as autoras, as épocas e os distintos locais
que viveram: “quem são as autoras? Para quem elas escreveram? Em que veículos foram publicadas
as crônicas (jornal, revista, internet, livro)? Se desejar, mostre outras crônicas, de épocas diversas, de
escritores como Machado de Assis, João do Rio, Lima Barreto (há crônicas destes dois últimos nas SA,
1ª Série), Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Vinícius de Moraes etc., fazendo associações sobre
as contradições temporais ( época, cidade e país em que viveram) e culturais. Desse modo, irá os au-
xiliar na compreensão da intencionalidade da crônica de Narcisa Amália, e da importância de uma he-
rança cultural de cronistas brasileiros. Para estudo, análise e compreensão mais aprofundada das
crônicas, sugerimos acessar os links a seguir, pois há diversos textos na íntegra que podem subsidiar
os estudantes no estudo desse gênero:
Crônicas. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas. Acesso em: 17 jan. 2022.
A imensidão que é a crônica. Disponível em: https://cutt.ly/yImdh1k. Acesso em: 17 jan. 2022.

Discutam e respondam às questões, anotando as informações consideradas importantes no caderno.

1) Quais são os temas apresentados nos Textos I e II? Eles possuem conexão? Se sim, qual? Comentem.

O Texto I, “A Mulher do Século XX”, é de Narcisa Amália de Campos. A jornalista faz uma
cronologia do papel que a mulher teve na sociedade, ao longo da história, em diversas épocas e
locais. O Texto II, “Época Mágica”, é narrado por uma mulher, e retrata o seu papel na atual so-
ciedade. Relata a sua infância, “época mágica”, momentos de inocência, que acreditava em todas
as estórias que lhe contavam, até chegar à vida adulta, quando aparenta ter perdido o encanto
dos momentos, pois mostra-se sobrecarregada de tarefas e nota uma realidade mais árdua do
que quando criança. Encontram-se conectados no sentido de serem do mesmo gênero (crônica) e
terem sido escritos por mulheres.

Sobre o Texto I

2) Analisem entre o grupo e destaque da crônica o que faz a personagem ser caracterizada como
uma mulher do século XXI? Transcrevam as passagens do texto, justificando a resposta.
Essas particularidades podem ser encontradas no segundo parágrafo: “meu chefe me sobre-
carregue de trabalho extra”, “continuo comendo alface, jiló, beterraba, mas agora com uma vontade
imensa de ser magrinha”, e no quarto parágrafo: “mal pago minhas contas, quem dirá comprar um
“apertamento” de míseros 50m².” “Vizinhos? Mal sei quem mora ao meu lado, só escuto as brigas
quando chegam a noite de mais um dia estressante de trabalho”, “Mesa farta, só naquela época
mesmo, porque a cesta básica não pode se dizer que sustenta uma família durante um mês sequer”.
“E meus primos, quanta saudade dos nossos encontros. Alguns saíram do Brasil procurando melho-
res chances de trabalho, outros fizeram sua família, pequena com 1 filho, e preferem não sair muito.”

11 ODS, Estratégias. Os Desafios das Mulheres na Atualidade. Disponível em: https://cutt.ly/NImdO1D. Acesso em: 17 jan. 2021.
Língua Portuguesa 73

A personagem, mulher do século XXI, além dos desafios que carrega em relação aos seus direitos,
vivencia as questões sociais e urbanas atuais, tais como emprego, economia, superlotação das
cidades etc.

3) A autora fez uma cronologia sobre o papel da mulher em diversos lugares e épocas ao longo da
história. Pesquisem, na crônica, quais eram essas épocas e locais, transcrevendo-os e sintetizan-
do-os de acordo com os contextos sociais e históricos, na tabela, a seguir:

Épocas e Locais Contextos históricos e sociais, segundo a jornalista Narcisa Amália de Campos.

A idade de ouro da selvageria: o homem tinha o direito de vida e de morte sobre a sua
companheira. A mulher carregava-lhe a bagagem na emigração, na caçada roía os
Idade de ouro
ossos em comum com os cães. Desprezada, embrutecida, castigada e vendida, arras-
tava sua existência até que a morte viesse libertá-la.

Rosto velado, ignorante e submissa, trabalhava, comia e chorava à vontade do senhor,


Ásia
sem que uma palavra de simpatia jamais lhe dilatasse o coração.

Índia Levavam a mulher mais longe: atiravam-na à fogueira no dia em que lhe expirava o marido.

Babilônia A mulher era vendida em praça pública.

Esparta A mulher era escolhida ao acaso.

Circunscrita nos gineceus12. Batida, aviltada e corrompida pelo homem, a mulher ro-
Atenas
mana, por sua vez, bate, avilta e corrompe o homem no filho.

O horizonte torna-se mais tempestuoso; a mulher começa a ganhar terreno: aprende


Idade Média a falar, raciocinar, conversar, a ambição desperta, aspira mais: cria a correspondência.
No século dezenove fala, pensa, escreve e trabalha como o homem!

América do Norte Ergue o lábaro da revolta em prol da mulher.

Atuam nas academias de Direito e de Medicina e provam perfeita aptidão para todas
França e Bélgica
as ciências.

Brasil Emancipa-se no século XIX, tem posse de si mesma, conquista direitos.

4) Retomem o trecho: “A mulher representa o gênio do mal sob uma forma mais ou menos graciosa
e cultivar a sua inteligência seria fornecer-lhe novas armas para o mal. Procuremos antes torná-la
inofensiva por meio da ignorância. Guerra, pois, à inteligência feminil!” e respondam no caderno
às seguintes questões:

a) Por que a mulher é descrita como representante do “gênio do mal”? Qual o sentido dessa
expressão, segundo o Texto I?

b) De acordo com Narcisa Amália, ao cultivar “inteligência” à mulher, dar-lhe-iam “armas para o mal”.
Que sentido a palavra "mal" possui na crônica? Discutam e justifiquem a resposta no caderno.

12 Circunscrita no gineceu: limitada ao aposento na Grécia antiga.


74 CADERNO DO PROFESSOR

c) A quem a autora referia-se como representante desta afirmação: “Procuremos antes torná-la
inofensiva por meio da ignorância. Guerra, pois, à inteligência feminil!”? Comentem.
Expectativas de respostas das questões 4 a a c: ao utilizar-se da característica “gênio do mal”
a autora critica a separação de valores e intelectual presentes entre os escritores e a sociedade
do final século XIX e início do século XX, inserindo vozes na crônica que remetem aos homens da
época, cujo sistema imperado era autoritário e patriarcal.

5) No trecho do capítulo IV, há uma conexão com temas abordados na SA3. Identifiquem quais são,
transcrevendo-os no caderno, e argumentando a resposta.
Espera-se que identifiquem no trecho “a França e a Bélgica das academias de Direito e de
Medicina; e elas provam, por sua vez, exuberantemente perfeita aptidão para todas as ciências!” o
diálogo com as áreas científica e saúde, abordadas na Situação de Aprendizagem 3.

6) Na literatura brasileira, há uma escola literária em que os romances abordavam temas comuns do
cotidiano, a relação entre amor e sofrimento é expressada e as personagens frequentavam pas-
seios, bailes, saraus, campos etc. Essas características estão ligadas à qual escola? Comentem.
Romantismo. Professor, este é o momento em que você pode retomar com os estudantes o
conceito de escola literária e aprofundar os estudos sobre o Romantismo e suas características.
Retome as personagens “Senhora” e “Iracema”, estudadas na SA2, de José de Alencar, e/ou am-
plie o estudo de forma que também investiguem sobre romances históricos, indianistas e urbanos,
ou além, as personagens das 1ª, 2ª e 3ª gerações.

7) Identifiquem na crônica qual capítulo poderia dialogar com as passagens cotidianas tão presentes
em característica do romance urbano do Romantismo? (Se desejarem, busquem as característi-
cas nos livros didáticos, e/ou em plataformas voltadas à Literatura).
Expectativa de resposta: “Educada para agradar, de posse de algumas prendas, mais ou menos
polida pela frequência dos saraus dançantes ou musicais, conhecendo os dramas do coração pelo ro-
mance ou pelo teatro, sem uma ideia séria, sem um plano determinado de vida, a menina brasileira trans-
põe sorrindo o limiar do casamento, com sua fronte sonhadora aureolada pelo véu da pureza e penetra
sem consciência no que há de mais sério, de mais grave, de mais solene na terra; – a vida da família!”.
Este pode ser um momento oportuno para abrir um diálogo sobre o Romantismo, ou retomar e
solicitar buscas sobre os diversos perfis que a mulher é descrita nas três gerações românticas, visto
que a personagem feminina percorre fases que vão da inocência à mulher que sacia os seus desejos
físicos, mostrando, assim, uma Literatura que contextualiza fatos históricos em meio às obras e perso-
nagens ficcionais.
Autora Narcisa Amália de Campos e a Literatura: além de escritora, jornalista, é considerada
uma poeta “esquecida” pela sua época, contribuiu para a literatura com diversos textos como ane-
dotas, chistes, biografias, estudos críticos, charadas, passatempos, poemas. Neste último gênero,
encontram-se dentre muitos, o poema “A Resende”, que engrandece a cidade em que viveu,
glorificando-a como pátria amada e distante, contrapondo-se a Portugal e valorizando o Brasil,
como acontece em “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, ambos poemas característicos do
Romantismo, pois dialogam entre si ao se lembrarem saudosamente da infância, enaltecerem a
natureza e amarem a pátria.

SAIBA MAIS

NARCISA AMÁLIA E AS INTEMPÉRIES DA PRODUÇÃO LITERÁRIA FEMININA. Disponível


em: https://cutt.ly/kImd0Es. Acesso em: 17 jan. 2022.
Língua Portuguesa 75

Sobre o Texto II
8) No primeiro parágrafo, no trecho inicial da crônica, nota-se que há uma narradora dos fatos.
Observem os termos (verbos e pronomes) e respondam:
a) Em que pessoas estão empregadas as formas verbais e os pronomes?
b) Transcrevam no caderno os verbos e os pronomes que comprovam a resposta.
c) Qual é o foco narrativo da história? Localizem, retirando do texto elementos que comprovem
a resposta.
Expectativa de resposta questão 8 a a c: no trecho a seguir, as palavras sublinhadas referem-
-se aos verbos, e os pronomes encontram-se em destaques: “Minha infância foi mágica. Eu acredi-
tava que realmente a luz acabava, por isso tinha que dormir mais cedo. Que se eu não fosse uma boa
filha, Papai do Céu ia me castigar. Que se eu não comesse alface, jiló, beterraba, entre tantas outras
coisas saudáveis, eu ficaria magrinha igual a cachorrinha da vizinha. Que se eu mentisse meu nariz
cresceria igual ao Pinóquio. Que eu ia me casar com um príncipe igual a Cinderela.[...]”.
Dessa forma, os verbos e pronomes (pessoais e oblíquos) apresentam-se na primeira pessoa,
ou seja, o foco narrativo é narrador-personagem, pois está presente na crônica como personagem
e narra os fatos em primeira pessoa, participa da ação e mostra conhecimento limitado sobre
aquilo que vê e em relação às demais personagens.
9) Enquanto o foco narrativo indica os caminhos, o narrador é quem conta a história. Em grupo (ou
em pares):
a) Pesquisem os tipos de narradores que participam das histórias e descrevam quais características
eles possuem.
b) Reescrevam o trecho, a seguir, transformando o narrador-personagem em narrador-observador.
“[…] Naquela época tudo era tão inocente, mesmo com a inflação compramos nossa casa,
com um quintal imenso, conhecíamos todos os vizinhos e até a família deles, a mesa era farta.
Os familiares nos visitavam e ficavam até tarde conversando enquanto meus primos, que não
eram poucos, e eu ficávamos brincando. [...] ” .
Respostas das questões a e b:
a) Narrador-observador: narra a história em terceira pessoa e apenas o que vê, o que observa,
ou seja, não participa da narrativa e nem tem conhecimento completo dos fatos e personagens.
Narrador-personagem: narra a história em primeira pessoa, é uma personagem da história. Desse
modo, não só relata os fatos, mas também participa dos fatos narrados. Narrador onisciente: narra
em terceira pessoa e tem total conhecimento dos acontecimentos e das personagens. Desse modo,
ele sabe o passado, o presente e o futuro, além dos pensamentos e sentimentos das personagens.

CABRAL, Marina. Tipos de narrador. Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/CImfYvb. Acesso em: 17 jan. 2022.

b) “[…] Naquela época tudo era tão inocente, mesmo com a inflação compraram a casa, com
um quintal imenso, conheciam todos os vizinhos e até a família deles, a mesa era farta. Os familiares
os visitavam e ficavam até tarde conversando, enquanto os primos dela, que não eram poucos, e ela
ficavam brincando. [...] ” .
76 CADERNO DO PROFESSOR

10) Discutam entre o grupo e analisem a intenção de cada parágrafo e os tempos verbais utilizados.
Completem as informações dos demais parágrafos, como foi desenvolvido no modelo do primeiro.
Parágrafo Finalidade Tempo e função verbais

Apresentar a infância a partir do que a Passado – referir-se a uma ação, pos-


narradora acreditava existir e de des- sibilidade no passado.
crições mentais remetidas por uma Inicia-se o esclarecimento do título
1
menina, uma criança. “Época Mágica”, no qual os pronomes
“que” e “se” preposto ou posposto
aos verbos exprimem desejos, possi-
bilidades, dúvidas.
Mostrar o tempo presente, relacionar
ações com as rotinas cotidianas que a vida Presente – descrever fluxo de pensamen-
2
adulta exige: dormir cedo, sobrecarga de to que está acontecendo, continuidade de
trabalho, controle de peso ideal etc. ações ocorrendo.
Retornar à saudade de seu passado de Passado – referir-se a ações no passado
3 convívio com a família e vizinhos, as brin- para comparar com o presente e demons-
cadeiras infantis. trar a união familiar, convivência, família.
Relacionar o tempo presente em que se
Presente – refletir e criticar sobre as ques-
encontra: uma mulher adulta, vivendo as
4 tões sociais que uma mulher adulta tem
problemáticas de seu dia a dia: trabalho,
que passar na atual conjuntura.
compra de imóvel, finanças etc.

Retornar às ações passadas de forma sau-


dosa de tudo que fazia, sentia e vivia em
convívio dos avós e família, costumes que Passado – expressar opinião de momen-
remetiam a momentos de felicidade infantil; tos anteriores vividos;
5
Relatar os objetos tecnológicos que pos- Presente – expressar opinião atual e com-
suem comparando com as ações passa- parar algumas situações com o passado.
das, as quais eram boas mesmo quando
eles não existiam.

Acionar os sentidos da memória, após des- Passado - expressar passado recente.


6 crições finais sobre momentos da infância, Presente - expressar ação presente.
até o instante de uma ação presente.

11) Discutam entre o grupo, e/ou investiguem sobre as seguintes questões:

a) Como era a mulher do século XIX?


b) E quanto à mulher do século XX, quais as diferenças? Descrevam quais características as
particularizam uma da outra.
c) E quanto à mulher atual, do século XXI? Quais contrastes as distinguem das anteriores?
Língua Portuguesa 77

12) Há situações em relação às conquistas dos direitos da mulher que ainda consideram obsoletas
hoje, no século XXI? Reflitam e comentem, justificando as respostas no caderno.
Expectativas de respostas: questões 11 (a a c) e 12: professor, as respostas destas questões
requererão pesquisa e curadoria. Utilize um local em que todos tenham acesso à internet e com-
putador ou smartphones. Solicite buscas sobre as características femininas ao longo dos séculos.
É interessante, durante a correção, traçar um paralelo desses tópicos e mostrar as conquistas já
realizadas, quais precisam ser alcançadas, entre outras questões. Outra dica é recomendar pes-
quisas de mulheres que se destacaram em várias áreas ao longo dos séculos até a atualidade,
levantando questões sobre os feitos que as fizeram se destacar.

13) Desde 1988, a Constituição Federal, como cláusula pétrea, promulgou que “todos são iguais
perante a lei” em direitos e obrigações.
a) Na opinião do grupo, hoje em dia, vocês consideram que há igualdade em direitos e obrigações?
Esta questão possui o intuito de levar à discussão e conclusão de que a igualdade não preva-
lece, conforme previsto em nossa Constituição, como vimos neste material ao levarmos problemá-
ticas como desvalorização profissional, falta de oportunidade profissional e desigualdade salarial. E
que, apesar dos avanços e conquistas em âmbitos como direito da família, aumento de mulheres em
setores antes restritos etc., os avanços ainda são lentos e há muitos desafios a serem superados.

MOMENTO 3 – A LÍNGUA NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS


Professor, neste MOMENTO 3, apresentamos a habilidade (EM13LP09), mediante retomada
de aspectos linguísticos já discutidos na 1ª série, e com o intuito de que os estudantes compreen-
dam as abordagens e o fenômeno da variação linguística presentes nos textos, analisando, dessa
forma, as motivações que levam ao predomínio do ensino da norma-padrão na escola.
14) Retomem o Texto I e destaquem as palavras consideradas desconhecidas. Transcrevam-nas no
caderno, pesquisando os significados em dicionários impressos ou digitais.

Sugestões Significados

antílope Várias espécies de mamíferos ruminantes cavicórneos da família dos bovídeos.

velado Oculto, vigiado.


gineceus Aposentos destinados às mulheres, na Grécia antiga.
aviltada Tornar-se desprezível, desonrada, humilhada.
Dramaturgo francês, além de ator e encenador, considerado um dos mestres da comédia
Molière satírica. Destacou-se na dramaturgia francesa com a temática da mitologia grega.
Parte da matemática que generaliza a aritmética representando números, fórmulas
algébrica e símbolos.
lábaro Bandeira, estandarte.
polida Educar, civilizar, envernizar.

ignota Ignorado, obscuro.


Dicionário Priberam. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/. Acesso em: 17 jan. 2022.
78 CADERNO DO PROFESSOR

15) Qual dos textos possui uma linguagem informal e qual encontra-se na linguagem formal,
norma-padrão? Retirem os trechos que justifiquem as respostas.
Expectativa de resposta: o Texto I possui uma linguagem mais formal do que o Texto II, que
apresenta uma linguagem mais informal. Sobre o Texto I, Narcisa Amália articulava e divulgava dis-
cursos transformadores em suas crônicas jornalísticas (mistura fatos cotidianos com reflexões sobre
temas destinados a determinados grupos sociais) dentro do padrão de escrita da época. Solicite
uma pesquisa sobre os tipos de linguagens para identificarem as variações e compreenderem suas
adequações em diversos contextos da língua. Quanto à linguagem formal, esta obedece às normas
gramaticais, e geralmente é utilizada em textos veiculados na imprensa, debates, discursos políticos,
entrevistas de empregos, palestras, documentos oficiais etc. A crônica, atualmente, é considerada
um texto contemporâneo, cuja narrativa, na maioria das vezes, possui linguagem informal e cotidia-
na, conforme o Texto II. É interessante analisar os termos (abreviações “pra”, entre outros considera-
dos coloquiais) utilizados pela autora, para que percebam o quanto a informalidade aproxima o leitor.

MOMENTO 4 – PRODUÇÃO FINAL: REPRODUZIR CRÔNICA E PRODUTO


FINAL DO 1º BIMESTRE
Professor, há duas atividades para serem produzidas no MOMENTO 4. Uma representa a síntese
do que foi estudado na SA4, a produção de uma crônica, e a outra, que requer um planejamento maior,
é a elaboração do produto final de todas as Situações de Aprendizagem do 1º bimestre. Para a produ-
ção da crônica sobre “A Mulher do Século XXI”, será interessante indicar aos estudantes que a narra-
tiva seja pautada nas investigações sobre o papel feminino nos séculos XIX, XX até o XXI, que tenha
relação com o que os estudantes desejam mostrar sobre “A Mulher no Século XXI”, qual o papel real
dela na contemporaneidade? Outra sugestão é que consigam destacar e enfatizar ao longo da história,
a representatividade feminina, as conquistas alcançadas, por meio da narração dos fatos diários. Esses
apontamentos poderão constar nas ações, nas entrelinhas comportamentais da personagem etc.
Após finalizar essa produção, a turma poderá usar a crônica e transformá-la em outro gênero discursi-
vo (vide box ETAPA 2 produto final), utilizando-a para o produto final, se desejar.
Deste modo, os estudantes poderão ressignificar os próprios textos, aproveitar a amplitude do
tema, responderem à questão norteadora, recapitular o que foi estudado ao longo do 1º bimestre e,
ainda, produzir uma apresentação com qualidade. Solicite um levantamento dos subtemas abordados
no bimestre, a partir das questões norteadoras trabalhadas em cada SA. Será o ponto inicial para a
elaboração e definição do MOMENTO FINAL, o qual culminará em apresentações diversas escolhidas
em conjunto (por você e pelos estudantes), e que serão exibidas em uma mostra cultural ou eventos
(saraus, competições orais, audições, exposições, festivais, feiras culturais e literárias, rodas e clubes
de leitura, cooperativas culturais, jograis, repentes, slams), entre outros exemplos contemplados na
(EM13LP47) desta SA4.
Língua Portuguesa 79

#DESAFIO1
#MÃONAMASSA
#TRABALHOEMGRUPO

1) E
 m grupo, organizem-se e elaborem uma crônica sobre o tema “As visões do feminino
do século XXI”.

Para este desafio, uma sugestão é aplicar na narrativa (que deve ter de 25 a 30 linhas)
as investigações realizadas sobre o papel feminino nos séculos XIX, XX e XXI, relacionando-as
com o papel da mulher na contemporaneidade.

2) Apresentem a crônica, por meio da metodologia Storytelling (narrem a crônica, utili-


zando ferramentas que contenham elementos visuais e sonoros).

Para o desafio do Storytelling, acesse o link MF Max Franco. Storytelling como metodologia
ativa na educação. Disponível em: https://cutt.ly/kUidq4f. Acesso em: 17 jan. 2022.

3) Em grupo, leiam as instruções, para a elaboração e definição do PRODUTO FINAL, o qual


culminará em apresentações diversas, que serão exibidas em uma mostra cultural, ou eventos
(saraus, competições orais, audições, mostras, festivais, feiras culturais e literárias, rodas e clubes
de leitura, cooperativas culturais, jograis, repentes, slams etc.), entre outros exemplos contempla-
dos na habilidade EM13LP47. desta SA4.

SAIBA MAIS

Informações Complementares para o MOMENTO FINAL. Disponível em:


https://cutt.ly/4UidMEB. Acesso em: 17 jan. 2022

Professor, utilize o link a seguir para planejamento com os estudantes sobre o Produto Final.

PORTUGUESA, Equipe de Língua. Informações Complementares para o MOMENTO FINAL.


COPED/CEFAF/CEM. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Disponível em:
https://cutt.ly/7ImfZ0T. Acesso em: 17 jan. 2022.
80 CADERNO DO PROFESSOR

ANOTAÇÕES
Língua Portuguesa 81
82 CADERNO DO PROFESSOR
Língua Portuguesa 83
84 CADERNO DO PROFESSOR
EDUCAÇÃO FÍSICA 85

EDUCAÇÃO FÍSICA
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competência da Área 3: Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer,
com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica,
criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Habilidade: (EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em
diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus
funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
Unidade Temática: Esportes

Objetos de Conhecimento: Esporte de Marca – Atletismo

Orientações Gerais: Caro professor, neste bimestre, é proposto o estudo da Unidade Temática:
Esportes a partir do objeto de conhecimento: Esporte de marca – Atletismo, para desenvolver a
habilidade: participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens
(artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir
sentidos em diferentes contextos.
Durante o bimestre, serão propostas quatro situações de Aprendizagem, cada uma delas com dois
momentos, e caberá a você, professor, a organização do número de aulas para o desenvolvimento
dessa situação de aprendizagem. Durante o percurso vivenciado pelos estudantes ao longo das etapas
anteriores, houve contato com diversas experiências relacionadas às práticas corporais, algumas delas,
inclusive, semelhantes às que serão apresentadas neste caderno. Em vista disso, espera-se que as
vivências aqui apresentadas sejam diversificadas e aprofundadas, garantindo, assim, o desenvolvimento
das habilidades previstas.
No decorrer desta Situação de Aprendizagem, foi proposta a unidade temática acima descrita, porém,
como a habilidade trata de participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes
linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para
produzir sentidos em diferentes contextos, é possível desenvolver qualquer uma das sete unidades
temáticas (Brincadeiras e Jogos, Ginástica, Esportes, Lutas, Danças, Corpo, Movimento e Saúde,
Práticas Corporais de Aventura).
Bom trabalho!

MOMENTO 1 – PARTICIPAÇÃO FEMININA NOS ESPORTES


Professor, para iniciarmos essa Situação de Aprendizagem, vamos propor aos estudantes uma
reflexão sobre a participação feminina nos esportes e nas aulas de Educação Física.
86 CADERNO DO PROFESSOR

Assista ao vídeo antecipadamente, para se apropriar do conteúdo. O vídeo Invisible Players (Jo-
gadoras Invisíveis) é uma campanha publicitária de um canal esportivo de TV por assinatura. Em espe-
cial, a campanha se refere ao lançamento de um canal com foco no público feminino, inclusive sendo
esse lançado no dia 08/03/2016 (Dia Internacional da Mulher).
A proposta é que o vídeo seja apresentado aos estudantes, sendo de suma importância que eles
se envolvam durante sua apresentação e possam descobrir, por meio de anotações, ou até mesmo pau-
sas durante sua transmissão, quais atletas aparecem na imagem praticando um determinado esporte.
No vídeo em questão, são apresentados lances de esportes como: Futebol (Marta, 6 vezes melhor joga-
dora do mundo), Basquete (Maya Moore, 3 vezes campeã da WNBA), Surfe (Maya Gabeira, 5 vezes
campeã de Ondas Gigantes e detentora do recorde de maior onda surfada por uma mulher, 22,4 metros).

ESPNW Brasil - Invisible Players. [S.l.:s.n.], 2016. 1 vídeo (2min), publicado pelo
canal ESPN Brasil. Disponível em: https://youtu.be/XoZrZ7qPqio - Acesso em:
17 jan. 2022.

Após assistir ao vídeo, promova uma roda de conversa com a turma, seguindo algumas suges-
tões de questões norteadoras para este momento:

• Você ficou surpreso em saber que eram atletas mulheres?


• Você lembrou o nome de alguma?
• Será que as mulheres são invisíveis no esporte?
• A que fatores você atribui essa possível invisibilidade?
• E os homens, valorizam a participação feminina?
• Nas aulas de Educação Física, como está a participação feminina da turma?

Professor, outra temática que pode ser colocada em discussão é sobre práticas corporais nos mo-
mentos de lazer. Quais práticas corporais meninos e meninas realizam fora do ambiente escolar?

A participação de mulheres e homens nas aulas de educação física é constantemente apontada


como um problema, principalmente no Ensino Médio, em que se percebe o afastamento das meninas
e, consequentemente, a baixa participação efetiva nas aulas. Muitos fatores podem ser atribuídos a
esse afastamento. Cabe a nós, professores, incentivarmos a participação, oferecendo práticas e refle-
xão sobre o papel da mulher na sociedade e, consequentemente, nas aulas de Educação Física, para
que os estudantes entendam as práticas corporais como um direito de todos, espaços de aprendiza-
gem, e não fator de comparação de desempenho e valorização dos mais hábeis, ou de comparação
entre os sexos. Na Educação Física, o importante é participar.

Para saber mais:

Altmann, H.; Ayobi, E. e Amaral, S. C. F. Gênero na prática docente em educação


física: “meninas não gostam de suar, meninos são habilidosos ao jogar?” Revista
estudos feministas. v. 19, n. 2, p. 491 – 501, 2011. Disponível em:
https://cutt.ly/UIbVXjv. Acesso em 17 jan. 2022.
EDUCAÇÃO FÍSICA 87

UNIVESP. D-19: Didática da Educação Física - Gênero. [S.l.:s.n.], 2012. 1 Vídeo


(7min21seg) publicado pelo canal UNIVESP. Disponível em: https://cutt.ly/OIbNugY.
Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 2 - ATLETISMO PARA TODOS? SERÁ?


Professor, ao longo dos anos finais do ensino fundamental, os estudantes vivenciaram inúmeras prá-
ticas que abordaram o atletismo e suas provas como: provas de pista (corridas), provas de campo (saltos,
arremessos e lançamentos), provas combinadas (decatlo e heptatlo - que reúnem tanto provas de pista,
como de campo), pedestrianismo (corridas de rua, exemplo: maratona), marcha atlética entre outras.

O ATLETISMO se enquadra na definição de Esporte de Marca: conjunto de modalidades que se


caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos (patinação de
velocidade, todas as provas do atletismo, remo, ciclismo, levantamento de peso etc.). BRASIL (2018).

Para este momento, vamos propor uma prática. É hora de levar os estudantes para a quadra,
pista, ou outro espaço no entorno da escola que possibilite as práticas de corridas.
Essa aula pode ser dividida em 4 etapas, como segue:

Aquecimento - Conduza um aquecimento com uma corrida leve pela quadra. Logo após a
corrida, realize alguns exercícios de coordenação do atletismo, como o Skipping alto (trote
bem devagar, elevando os joelhos até a altura do quadril). Skipping baixo (faça um movimento
parecido com o do skipping alto, mas erga menos os joelhos). Hopserlauf (dê um salto curto
Etapa 1
para a frente, elevando um dos joelhos até a altura do quadril. Repita, alternando as pernas).
Anfersen (coloque as mãos atrás dos glúteos e corra batendo os calcanhares nelas). Kick
out (ou soldadinho) (corra devagar, sem dobrar os joelhos, e jogue os pés para a frente). Na
seção para saber mais, tem um vídeo demonstrando esses educativos.
Corrida de Revezamento excludente - Na quadra, pátio ou espaço externo da escola,
determinar algumas “raias” onde acontecerá a corrida de revezamento, determinar também os
espaços para a passagem do bastão. Logo após, dividir as equipes - é muito importante que
Etapa 2
as equipes sejam mistas. Para essa corrida, as meninas serão limitadas em apenas realizar
a passagem de bastão, enquanto os meninos serão os responsáveis por correr. Caso não haja
“raias” para todos, realize “baterias” para tomada de tempo de todas as equipes.
Estafeta da injustiça - meninos x meninas: Divida a turma em duas equipes (meninos x
meninas), equilibre o número de participantes, sem excluí-los. Caso haja mais meninas do
que meninos, solicite que alguns meninos façam o percurso duas vezes. Na quadra, pátio
Etapa 3
ou espaço externo da escola, crie um percurso com alguns obstáculos (cones, bambolês,
cordas etc.). Porém, certifique-se de deixar o percurso das meninas mais difícil, e com
mais obstáculos.
Arremesso de peso: Divida a turma entre meninos e meninas novamente. Para o arremesso,
podem ser utilizadas bolas de iniciação esportiva, ou, até mesmo, o implemento oficial. Utilize
Etapa 4
o mesmo peso tanto para os meninos quanto para as meninas, e promova uma competição
entre eles.

A ideia dessa atividade é potencializar a discussão iniciada no momento anterior. Para isso, reúna
a turma após a prática e conduza uma roda de conversa. Tente realizar discussões que tematizem o
papel da mulher historicamente construído. Após a discussão, inverta os papéis na atividade.
88 CADERNO DO PROFESSOR

Questões norteadoras:

• As regras foram justas?


• Os papéis de meninos e meninas na atividade promoviam igualdade?
• As oportunidades de sucesso na atividade eram iguais?
• Será que é possível traçar um paralelo entre a atividade e a luta feminina por espaços na
sociedade, por salários iguais, oportunidades no mercado de trabalho, divisão das
responsabilidades domésticas, submissão à figura masculina etc.

Para saber mais:

Educativos de corrida para melhorar sua performance. [S.l.:s.n.], 2020. 1 Vídeo


(2min37seg) Publicado pelo canal Personal da Família. Disponível em:
https://cutt.ly/JIb1Arg. Acesso em: 17 jan. 2022.
Corrida de Revezamento 4x400 Misto no Atletismo: História, Regras e
Recordes. [S.l.:s.n.], 2021. 1 Video (5min25seg) Publicado pelo canal Dicas em
Educação Física. Disponível em: https://youtu.be/ALWqR3N3t-c. Acesso em:
17 jan. 2022.
Novo revezamento 4x100m misto se prepara para intrigar Tóquio. Disponível
em: https://cutt.ly/xIb0cM9. Acesso em: 17 jan. 2022.
EDUCAÇÃO FÍSICA 89

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2

Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS


Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competência da Área 3: Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer,
com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica,
criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
Habilidade: (EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em
diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus
funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
Unidade Temática: Esportes
Objetos de Conhecimento: Esporte de Marca - Atletismo
Orientações Gerais: Caro professor, para a Situação de Aprendizagem 2, daremos continuidade a
Unidade Temática: Esportes e objeto de conhecimento: Esporte de marca – Atletismo. O objetivo
é que os estudantes continuem a discussão relacionada ao tema: As vozes do feminino e suas
representações sociais. Para o desenvolvimento desta Situação de Aprendizagem serão propostos
dois momentos, e caberá a você, professor, a organização do número de aulas para o desenvolvimento
dessa situação de aprendizagem.
Bom trabalho!

MOMENTO 1 – VALORIZANDO A PARTICIPAÇÃO


Professor, para esta Situação de Aprendizagem, vamos prosseguir com o Atletismo e as discus-
sões sobre a participação feminina nos esportes e nas aulas de Educação Física.
Retomando a Situação de Aprendizagem 1, o vídeo invisible players nos traz, de forma implícita,
aspectos históricos, culturais e midiáticos, com os quais podemos estabelecer uma relação do espor-
te entendido como um universo masculino. Analisando o vídeo atentamente, somente atletas masculi-
nos foram citados.
Felizmente, observamos, mesmo que tardiamente, uma ascensão das mulheres no meio esporti-
vo, nos Jogos Olímpicos Tokyo 2020, realizados em 2021, o número de mulheres foi quase o mesmo
que o dos homens. Além disso, vemos na TV comentaristas, repórteres e até narradoras conquistando
seu espaço.
Na Educação Física Escolar não devemos negar os fatores culturais, midiáticos e históricos, mas
utilizá-los como ponto de partida para uma discussão do papel da mulher na sociedade, inclusive nos
esportes e nas aulas.
Adotar a valorização da participação nesse componente curricular é fundamental, uma vez que o
caráter competitivo está implícito e, sem perceber, meninos acabam por inibir ou impedir a participação das
meninas, em um gesto claro de reprodução de comportamentos que marcam uma sociedade machista.
Por isso é tão importante promover, nas aulas, espaços de discussões e mudanças de atitudes.
Tendo em vista o cenário apresentado, a proposta é que se utilize da Metodologia Ativa - apren-
dizagem baseada em problemas.
90 CADERNO DO PROFESSOR

Situação-Problema: A Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem-based Learning


ou PBL) deve provocar uma discussão produtiva entre os estudantes, de forma que os
conhecimentos prévios e adquiridos por estudos e pesquisas promovam a resolução de um
problema. No contexto desse material, a situação-problema (questão norteadora) já está proposta,
e é ela que deverá promover a aprendizagem por área.
Página 16 - Currículo em Ação - Caderno do Professor–Ensino Médio - 1ª série – Linguagens.

Assim, a proposta é que os estudantes possam pesquisar e propor uma vivência que responda
satisfatoriamente à questão norteadora desta Situação de Aprendizagem: como a representatividade
feminina foi redimensionada ao longo da história?
Como gerador de problema para a investigação dos estudantes, traremos outra questão:

Como organizar uma prática de atletismo que valorize e incentive a participação de todos?

Para isso, organize os estudantes em grupos, e solicite que se organizem com o objetivo de pes-
quisar e criar uma prova de atletismo para que os outros grupos experimentem. Relembrando, o atle-
tismo contempla provas de: pista (corridas), campo (saltos, arremessos e lançamentos), combinadas
(decatlo e heptatlo - que reúnem tanto provas de pista como de campo), pedestrianismo (corridas de
rua, exemplo: maratona), marcha atlética entre outras.
Professor, você pode distribuir as fichas para cada grupo e determinar um tempo para que os
estudantes discutam suas ideias e façam a proposta prática. Nesse momento, os estudantes podem
realizar pesquisas nas fontes contidas na ficha, ou em outras que encontrarem. Você poderá agendar
a sala de informática, ou, ainda, permitir que os estudantes pesquisem em seus aparelhos celulares.
Todos os grupos devem criar uma atividade prática de atletismo para os demais grupos vivencia-
rem, e que tenham critérios de classificação, que podem ser: menor tempo (individual, ou seja, de um
dos integrantes do grupo), menor tempo acumulado (soma-se os tempos de todos os integrantes),
maior distância, enfim, cada grupo está livre para criar seus critérios.
Cabe ressaltar que o grupo que propõe a atividade ficará responsável por arbitrar a prova propos-
ta e explicar os critérios de avaliação. Reforce com os grupos o problema que deve ser resolvido:
Como organizar uma prática de atletismo que valorize e incentive a participação de todos?
EDUCAÇÃO FÍSICA 91

FICHAS DE INSTRUÇÕES PARA OS GRUPOS


GRUPO 1 - Prova de Pista: Corrida

O objetivo do grupo é criar uma corrida, respeitando os espaços disponíveis. O desafio é que essa
corrida seja experimentada por todos os grupos em formato de competição. O grupo poderá sugerir:

a) uma corrida individual, em que vence o menor tempo;


b) uma corrida em pares (meninos e meninas);
c) uma corrida “estilosa”, em que, além do tempo, pode ser avaliado o estilo do corredor.

Fiquem à vontade para usar a criatividade, mas lembrem: a proposta deve ser exequível para que
todos participem.
Além disso, é preciso estabelecer uma regra para definir a classificação final.
Para auxiliar, seguem algumas fontes de pesquisa sobre corridas, mas nada impede que o grupo
busque outras fontes, lembre-se de que o grupo precisa propor uma prova de pista: corrida.

PROVAS de pista no atletismo. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (7min35seg)


Publicado pelo canal Dicas de Educação Física. Disponível em:
https://youtu.be/ZIfZBjbfD6Q. Acesso em: 17 jan. 2022.

ATLETISMO na escola #39. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (2min47seg) Publicado


pelo canal NR2 Professor Nilton. Disponível em: https://youtu.be/H8J-
9KbdeUE. Acesso em: 17 jan. 2022
92 CADERNO DO PROFESSOR

GRUPO 2 - Prova de campo: Arremesso ou Lançamento

O objetivo do grupo é criar uma alternativa para a prova de arremesso de peso, em que participem
todos na mesma prova, meninos e meninas, respeitando os espaços disponíveis na escola. O
desafio é que essa proposta seja experimentada por todos os grupos em formato de competição.
O grupo poderá sugerir:

a) um arremesso com o peso tradicional (caso disponível na escola);


b) um arremesso com objeto alternativo (bola) ou algo construído.

Fiquem à vontade para usar a criatividade, mas lembrem-se de que a proposta deve ser exequível
para que todos participem.
Além disso, é preciso estabelecer uma regra para definir a classificação final.
Para auxiliar, seguem algumas fontes de pesquisa sobre arremesso de peso, mas nada impede que
o grupo busque outras fontes, lembre-se de que o grupo precisa propor uma prova de campo:
arremesso de peso.

PROVAS de Campo no Atletismo. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (5min32seg) Publicado


pelo canal Dicas de Educação Física. Disponível em: https://youtu.be/fp0f37fj-60.
Acesso em: 17 jan. 2022.

ATLETISMO na escola #39. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (2min47seg) Publicado pelo


canal NR2 Professor Nilton. Disponível em: https://youtu.be/H8J-9KbdeUE.
Acesso em: 17 jan. 2022.
EDUCAÇÃO FÍSICA 93

GRUPO 3 - Prova de Pista: Revezamento

O objetivo do grupo é criar uma corrida de revezamento, respeitando os espaços disponíveis. O


desafio é que essa proposta seja experimentada por todos os grupos em formato de competição. O
grupo poderá sugerir:

a) um revezamento tradicional, em que é passado o bastão;


b) um revezamento em que, ao invés de bastão, seja passado um código;
c) um percurso com curvas, desafios etc.

Fiquem à vontade para usar a criatividade, mas lembrem-se de que a proposta deve ser exequível
para que todos participem.
Além disso, é preciso estabelecer uma regra para definir a classificação final.
Para auxiliar, seguem algumas fontes de pesquisa sobre corridas de revezamento, mas nada impede
que o grupo busque outras fontes, lembre-se de que o grupo precisa propor uma prova de pista:
corrida de revezamento.

PROVAS de revezamento no atletismo. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (7min05seg)


Publicado pelo canal Dicas de Educação Física. Disponível em:
https://youtu.be/CmaNQ13eIrw. Acesso em: 17 jan. 2022.

ATLETISMO na escola #39. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (2min47seg)


Publicado pelo canal NR2 Professor Nilton. Disponível em:
https://youtu.be/H8J-9KbdeUE. Acesso em: 17 jan. 2022.
94 CADERNO DO PROFESSOR

GRUPO 4 - Prova de campo: Saltos

O objetivo do grupo é criar uma prova de campo, podendo ser um dos saltos: distância, triplo, altura
e com vara, respeitando os espaços disponíveis. O desafio é que essa proposta seja experimentada
por todos os grupos em formato de competição. O grupo pode sugerir:

a) uma prova de salto em distância tradicional, marcando-se a maior distância;


b) uma prova de salto sem utilizar a corrida.

Fiquem à vontade para usar a criatividade, mas lembrem-se de que a proposta deve ser exequível
para que todos participem.
Além disso, é preciso estabelecer uma regra para definir a classificação final.
Para auxiliar, seguem algumas fontes de pesquisa sobre corridas, mas nada impede que o grupo
busque outras fontes, lembre-se de que o grupo precisa propor uma prova de campo: Saltos.

PROVAS de Campo no Atletismo. [S.l:s.n], 2021. 1 vídeo (5min32seg)


Publicado pelo canal Dicas de Educação Física. Disponível em:
https://youtu.be/fp0f37fj-60. Acesso em: 17 jan. 2022.

ATLETISMO na escola #39. [S.l:s.n], 2018. 1 vídeo (2min47seg)


Publicado pelo canal NR2 Professor Nilton. Disponível em:
https://youtu.be/H8J-9KbdeUE. Acesso em: 17 jan. 2022.

Aqui são propostos 4 grupos, mas é possível a divisão em mais grupos, contemplando, assim,
mais provas do atletismo, como corridas longas, corridas com barreiras e obstáculos etc.

MOMENTO 2 - HORA DA PRÁTICA


Professor, nesse momento, é hora de cada grupo apresentar e colocar em prática sua proposta
para os demais grupos vivenciarem. Organize a dinâmica para que o grupo que propõe a atividade fi-
que responsável por arbitrar a prova e explicar os critérios de avaliação e classificação.
Ao final da vivência, proponha aos estudantes uma autoavaliação sobre como foi sua participação
nos diferentes momentos:

a) Na criação do grupo: Colaborou com as discussões e proposições? Engajou-se na pesquisa?


Como se deu a participação das meninas: participaram ativamente? As meninas foram ouvidas?
b) No momento da prática proposta pelos outros grupos: Participou? O que achou das
atividades propostas? Como se deu a participação das meninas: Participaram ativamente?
Foram incluídas, ou deixadas de lado?

Promova também um momento em que cada grupo opine sobre a proposta do outro, contribuin-
do para melhoria e aperfeiçoamento das atividades.
EDUCAÇÃO FÍSICA 95

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competência da Área 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais,
considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as
linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas,
exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes,
identidades e culturas.
Habilidade: (EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social,
cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas.
Unidade Temática: Ginástica
Objetos de Conhecimento: Ginástica para Todos - Práticas Circenses
Orientações Gerais: Caro professor, para as Situações de Aprendizagem 3 e 4, é proposto o estudo
da Unidade Temática: Ginástica a partir do objeto de conhecimento: Ginástica para Todos -
Práticas Circenses, para desenvolver a habilidade: relacionar as práticas artísticas às diferentes
dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica
dessas práticas.
Durante o bimestre, serão propostas quatro situações de aprendizagem, cada uma delas com dois
momentos, e caberá a você, professor, a organização do número de aulas para o desenvolvimento
dessa situação de aprendizagem. Durante o percurso vivenciado pelos estudantes ao longo das etapas
anteriores, houve contato com diversas experiências relacionadas às práticas corporais. Algumas
delas, inclusive, semelhantes às que serão apresentadas neste caderno. Em vista disso, espera-se que
as vivências aqui apresentadas sejam diversificadas e aprofundadas, garantindo, assim, o
desenvolvimento das habilidades previstas.
No decorrer desta Situação de Aprendizagem foi proposta a unidade temática acima descrita, porém,
como a habilidade trata de relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social,
cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas, é possível
desenvolver qualquer uma das sete unidades temáticas (Brincadeiras e Jogos, Ginástica, Esportes,
Lutas, Danças, Corpo, Movimento e Saúde, Práticas Corporais de Aventura).
Bom trabalho!

MOMENTO 1 - AS MULHERES NO CIRCO


Professor, nas situações de aprendizagem anteriores, o atletismo foi utilizado como promotor de
discussões e práticas que visavam à participação de todos, meninos e meninas, como protagonistas
nas discussões, proposições e vivências. Neste momento, as práticas circenses serão utilizadas para
prosseguirmos nessa discussão.

• Quando pensamos no Circo, qual a primeira coisa que te vem à cabeça?


• Há espaço para a mulher no circo?
96 CADERNO DO PROFESSOR

• De que forma as mulheres podem atuar?


• Apenas como assistente de palco ou em papéis secundários?
• A mulher pode ser protagonista também no circo?

Essas questões deverão nortear as situações de aprendizagem 3 e 4, e, para isso, é importante


levá-las aos estudantes, podendo ser uma breve roda de conversa. Após ouvir o posicionamento dos
estudantes a respeito dessas questões, apresente a eles os vídeos e leia a matéria sugerida a seguir.
No fim deste material, no item para saber mais, também há outras sugestões.

Mulheres no circo | Enredo Cultural. [S.l.:s.n.], 2020. 1 Video (2min51seg)


Publicado pelo canal TV UFG. Disponível em: https://youtu.be/vy-023gT0DQ.
Acesso em: 17 jan. 2022.

Mulheres no circo | Enredo Cultural. [S.l.:s.n.], 2021. 1 Video (9min44seg)


Publicado pelo canal Sesc Pinheiros. Disponível em: https://youtu.be/thMeepwv7vE.
Acesso em: 17 jan. 2022.

Papéis invertidos: o espaço da mulher no circo contemporâneo, Publicado por


Circos Sesc. Disponível em: https://cutt.ly/rIb7PJC . Acesso em: 17 jan. 2022.

MOMENTO 2 - NOSSA TURMA É UM CIRCO


No circo, temos vários artistas de diferentes especialidades, como: palhaços, malabaristas, acro-
batas, equilibristas, contorcionistas, mágicos, entre outros. O circo é uma manifestação da Cultura
Corporal de Movimento, e pode ampliar o repertório de nossos estudantes, promovendo o protagonis-
mo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. Além
disso, essa prática proporciona o contato com manifestações diversas e promove consciência sobre a
importância do trabalho em equipe e da convivência com as diferenças.
Neste momento, a ideia principal é que os estudantes sejam imersos no mundo do circo, uma
imersão prática.
Para iniciar a atividade, será necessário preparar a quadra ou um outro espaço que julgar adequa-
do. A metodologia de rotação por estações será utilizada para que os estudantes vivenciem as prá-
ticas circenses.
Saiba mais sobre a rotação por estações:

Para uma aula diferente, aposte na Rotação por Estações de Aprendizagem.


Disponível em: https://cutt.ly/tIntvLA. Acesso em: 17 jan. 2022.
EDUCAÇÃO FÍSICA 97

Rotação por estações. Planejando uma aula inovadora. [S.l.:s.n.], 2018. 1


Vídeo (1min44seg) Publicado pelo canal Instituto Crescer. Disponível em:
https://cutt.ly/JInylFU. Acesso em: 17 jan. 2022.

Para este momento prático, a sugestão é utilizar 6 estações, dispostas em local amplo, e sepa-
radas com espaço suficiente para a execução dos movimentos propostos. Cada estação será monta-
da para permitir a vivência de uma atividade circense. A seguir, algumas ideias de atividades e materiais
de apoio para auxiliá-lo na montagem das estações.
Assista ao vídeo a seguir para se inspirar e levar o circo para sua aula.

Respeitável público: um circo na escola. [S.l.:s.n.], 2011. 1 Vídeo (3min01seg).


Publicado pelo canal Nova Escola. Disponível em: https://cutt.ly/VInugbC.
Acesso em: 17 jan. 2022.

ESTAÇÃO 1 e 2 - Malabaristas

Para essas duas primeiras estações, a proposta é utilizar o malabarismo, que é caracterizado pela
manipulação de objetos. O malabarista se utiliza de um ou vários objetos ao mesmo tempo, jogando-
-os e retomando-os sem deixar cair. Geralmente, utiliza-se bolas, aros, claves, prato chinês, swing poi,
dentre outras formas criativas para realizar essa arte.
Especificamente nessas estações, poderão ser utilizados bolas de meia ou jornais, fita crepe,
lenços, tecidos e bambolês. Alguns desses materiais podem ser produzidos na própria escola. Assista
alguns exemplos a seguir:

Materiais para as aulas de circo: aros de malabares. [S.l.:s.n.], 2012. 1 Vídeo


(1min56seg). Publicado pelo canal Nova Escola. Disponível em:
https://cutt.ly/EIniqlP. Acesso em: 17 jan. 2022.

Atente-se para montar duas estações referentes ao malabarismo.

ESTAÇÃO 3 e 4 - Acrobatas

Para as estações 3 e 4, a proposta é utilizar acrobacias de solo, caracterizada por exercícios de


agilidade, força, flexibilidade e equilíbrio, além de movimentos parecidos com o das ginásticas compe-
titivas. Alguns exemplos de acrobacias de solo são: rolamento, cambalhota, estrelinha, parada de mão,
ponte, saltos, mortais, carrinho de mão, dentre outras formas criativas de se compor vários destes
movimentos acrobáticos.
98 CADERNO DO PROFESSOR

Acrobacia de Solo: dica incrível para fazer na escola. [S.l.:s.n.], 2019. 1 Vídeo
(5min30seg). Publicado pelo Canal Da Educação Física. Disponível em:
https://cutt.ly/eIniB73. Acesso em: 17 jan. 2022.

Atente-se para montar duas estações referentes a acrobacia de solo. Utilize colchonetes ou col-
chões, caso haja disponibilidade, ou utilize local com grama, por exemplo.

ESTAÇÃO 5 e 6 - Equilibristas

Para as estações 5 e 6, a proposta é utilizar atividades de equilíbrio, como andar no tambor, pé


de lata, perna de pau, rolo americano (rola-rola), slackline, corda bamba, até mesmo pular corda de
variadas formas, ou equilibrar-se sobre uma trave de equilíbrio ou banco.

Trabalhar equilíbrio através do CIRCO: Projeto de circo na escola. [S.l.:s.n.],


2020. 1 Vídeo (6min00seg). Publicado pelo Canal Da Educação Física. Disponível
em: https://youtu.be/CJKaAuAXntk. Acesso em 17 jan. 2022.

Uma outra possibilidade é criar uma estação de expressão corporal, em que os estudantes
podem, por exemplo, utilizar-se de músicas, danças ou mímicas. Para facilitar a vivência dos estudan-
tes em cada estação, pode-se disponibilizar um QR Code, indicando um vídeo demonstrativo.
A vivência das estações é fundamental para o desenvolvimento da Situação de Aprendizagem
4, em que os estudantes precisarão criar um Espetáculo Circense baseado nesse momento que expe-
rimentaram as práticas, inclusive recordando algumas já vividas em outros momentos na escola e em
suas vidas.

Para saber mais:

Apresentações resgatam a trajetória de mulheres no circo. Disponível em:


https://mariavaiefaz.com.br/projeto-mulheres-circo/. Acesso em: 17 jan. 2022.
CIRCO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Circo&oldid=61876719. Acesso em: 17 jan. 2022.
‘Circo di SóLadies’: palhaças feministas levam igualdade ao palco. Disponível em:
https://lunetas.com.br/circo-di-soladies/. Acesso em: 17 jan. 2022.
Flower Stick: malabarismo na escola. [S.l.:s.n.], 2018. 1 Vídeo (6min45seg). Publicado pelo
Canal Da Educação Física. Disponível em: https://youtu.be/0pZ91kkeVNg. Acesso em: 17
jan. 2022.
História do circo. [S.l.:s.n.], 2020. 1 Vídeo (4min11seg). Publicado pelo Canal Da Educação
Física. Disponível em: https://youtu.be/_Tltvfzu2ms. Acesso em 17 jan. 2022.
Materiais para aulas de circo: claves de malabares. [S.l.:s.n.], 2012. 1 Video (2min00seg)
Publicado pelo Canal Nova Escola. Disponível em: https://youtu.be/XfwAyGyf4y0 . Acesso em:
17 jan. 2022.
EDUCAÇÃO FÍSICA 99

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4

Tema: AS VOZES DO FEMININO E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS


Questão norteadora: Como a representatividade feminina foi redimensionada ao longo da história?
Competência da Área 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais,
considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as
linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas,
exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes,
identidades e culturas.
Habilidade: (EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social,
cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas.
Unidade Temática: Ginástica
Objetos de Conhecimento: Ginástica para Todos - Práticas Circenses
Orientações Gerais: Caro Professor, para a Situações de Aprendizagem 4, daremos continuidade a
Unidade Temática: Ginástica a partir do objeto de conhecimento: Ginástica Circense Ginástica
para Todos - Práticas Circenses, e o objetivo é que os estudantes continuem a discussão relacionada
ao tema: as vozes do feminino e suas representações sociais. Para o desenvolvimento desta Situação
de Aprendizagem, serão propostos dois momentos, e caberá a você, professor, a organização do
número de aulas para o desenvolvimento dessa situação de aprendizagem.
Bom trabalho!

MOMENTO 1 - O CIRCO CHEGOU!


Professor, após a vivência das estações na situação de aprendizagem anterior, é hora dos estu-
dantes, organizados em grupos (8 a 10 integrantes), reunirem-se para criarem uma apresentação que
contemple movimentos de equilíbrios, acrobacias e malabarismos, além, é claro, de encenações, um(a)
apresentador(a), e até, quem sabe, um(a) mágico(a), ou um(a) palhaço(a). Essa apresentação terá um
limite de tempo de 10 minutos. O que vale é a criatividade dos grupos, então, fomente ideias. Nesse
momento, o protagonismo e a liderança estarão em cena, dê um tempo para a criação e pesquisas.
Reforce que todos do grupo precisam estar em pelo menos uma das apresentações, e que a ela-
boração de um roteiro é importante para organizar o espetáculo e auxiliar o apresentador durante o show.
Após a criação, organize a turma para que cada grupo faça sua apresentação no tempo estipu-
lado (10 minutos), e ofereça condições para essas apresentações, como: espaço, equipamento de
som e microfone.
No momento seguinte, os estudantes serão convidados a juntarem suas apresentações em um
único espetáculo, por isso é fundamental que todos assistam atentamente as apresentações dos co-
legas de turma.

MOMENTO 2 - NÃO PERCAM! UMA APRESENTAÇÃO ÚNICA…


Após as apresentações dos grupos, é hora de os estudantes da turma criarem um espetáculo
único. Neste momento, professor, é importante eleger alguns líderes que serão responsáveis por con-
duzir o processo de juntar as apresentações dos grupos em um único espetáculo. Os estudan-
tes deverão exercer o protagonismo, a corresponsabilidade e o comprometimento com o processo,
100 CADERNO DO PROFESSOR

para que a turma alcance o objetivo, que é, de forma organizada, montar um espetáculo circense. In-
clusive, a avaliação pode ser pautada no engajamento da turma, elaboração de propostas, proativida-
de, foco na solução de problemas, parceria e espírito de equipe.
Para isso, disponibilize uma aula para que os estudantes possam se organizar e dividir as tarefas
e equipes, a sugestão é que sejam criadas subtarefas/equipes. A seguir, temos uma possível divisão
de tarefas, mas fique à vontade para nomear ou defini-las da forma que achar mais adequada.

1. Diretores do espetáculo;
2. Equipe de malabaristas;
3. Equipe de acrobatas;
4. Equipe de equilibristas;
5. Equipe de divulgação;
6. Equipe de cenário, som e iluminação.

Deixe claro aos estudantes que, nesse momento, eles terão que criar uma vinheta e um cartaz
de divulgação.

Não poupe a criatividade, vale até criar um anúncio em formato de áudio, ou um cartaz,
convidando a comunidade para o espetáculo, assim como vemos nos anúncios de que o
circo chegou!

A seguir, alguns exemplos de anúncio e de como criar um cartaz:

Estreia américa circo no palmares. [S.l.:s.n.], 2014. 1 Vídeo (1min02seg).


Publicado pelo canal Rose Costa. Disponível em: https://youtu.be/uNfzIJS0SGc.
Acesso em: 17 jan. 2022.

[TUTORIAL CANVA] - Como usar o Canva? A ferramenta GRATUITA mais


completa! [S.l.:s.n.], 2020. 1 Vídeo (11min55seg). Publicado pelo canal Eu
aprendi na Internet. Disponível em: https://youtu.be/kCrREV3WsW4. Acesso
em: 17 jan. 2022.

Quando a turma já estiver com a organização em andamento, ou com a apresentação quase


pronta, você, professor, deverá introduzir alguns fatos novos ao que já estava preparado. Por exemplo:

“Surgiu uma urgência, na plateia haverá um grupo que luta pelos direitos femininos,
e eles ouviram dizer que essa apresentação tem participação ativa das mulheres em
todas as funções, é um marco na história, acho que a imprensa virá fazer a cobertura
e algumas entrevistas. Podemos garantir que isso acontecerá? Nossa apresentação
garante uma efetiva participação feminina? Se recordam de tudo o que discutimos?
Mãos à obra, precisamos de uma apresentação que evidencie essas discussões.
Atitudes falam mais do que palavras”.

Com esse fato novo, espera-se que a turma discuta se a apresentação contempla ou não uma
participação efetiva das meninas. Mais importante que o espetáculo final, será essa discussão. Garan-
ta voz a todos os estudantes, questionando-os e instigando-os a argumentar.
EDUCAÇÃO FÍSICA 101

Retome as discussões promovidas neste bimestre, em que, por meio da Educação Física, foi
possível uma discussão sobre a participação feminina nos esportes e na Cultura Corporal de Movimen-
to, valorizando a participação de todos e o respeito às diferenças. Extrapolando essas questões, du-
rante as aulas de Educação Física, a proposta foi ampliar a discussão para os espaços que a mulher
ocupa na sociedade e temas que merecem atenção, como a violência contra a mulher, as diferenças
salariais, inserção feminina na política, assédio e preconceito contra a mulher.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 15 de ago. de 2021.
Site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Disponível em https://www.cbat.org.br/novo/. Acesso em:
15 de ago. de 2021.
Altmann, H.; Ayobi, E. e Amaral, S. C. F. Gênero na prática docente em educação física: “meninas não gostam de suar, meni-
nos são habilidosos ao jogar?” Revista estudos feministas. v. 19, n. 2, p. 491 – 501, 2011. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/33738. Acesso em: 14 de ago. de 2021.
UNIVESP. D-19: Didática da Educação Física - Gênero. [S.l.:s.n.], 2012. 1 Vídeo (7min21seg). Publicado pelo canal UNIVESP.
Disponível em: https://youtu.be/QM6B0ZobRbg. Acesso em: 14 de ago. de 2021.
Caderno-do-Professor – Ensino-Médio - 1ª-série - Linguagens, pág. 16 - Situação-Problema: A Aprendizagem Base-
ada em Problemas (Problem-based Learning ou PBL).
Papéis invertidos: o espaço da mulher no circo contemporâneo. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/
online/artigo/13347_PAPEIS+INVERTIDOS+O+ESPACO+DA+MULHR+NO+CIRCO+CON
TEMPORANEO. Acesso em: 30 de ago. de 2021.
Para uma aula diferente, aposte na Rotação por Estações de Aprendizagem. Disponível em: https://novaesco-
la.org.br/conteudo/3352/blog-aula-diferente-rotacao-estacoes-de-aprendizagem.
Acesso em: 30 de ago. de 2021.
Apresentações resgatam a trajetória de mulheres no circo. Disponível em: https://mariavaiefaz.com.br/
projeto-mulheres-circo/. Acesso em: 30 de ago. de 2021.
CIRCO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.
org/w/index.php?title=Circo&oldid=61876719. Acesso em: 30 de ago. de 2021.
‘Circo di SóLadies’: palhaças feministas levam igualdade ao palco. Disponível em: https://lunetas.com.br/
circo-di-soladies/. Acesso em: 30 de ago. de 2021.
102 CADERNO DO PROFESSOR

ANOTAÇÕES
EDUCAÇÃO FÍSICA 103
104 CADERNO DO PROFESSOR
EDUCAÇÃO FÍSICA 105
106 CADERNO DO PROFESSOR
EDUCAÇÃO FÍSICA 107
108 CADERNO DO PROFESSOR
EDUCAÇÃO FÍSICA 109
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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Coordenação de área: Marcos Rodrigues Ferreira – Equipe Curricular de Língua Portuguesa – COPED.
Organização e redação: Luiz Fernando Vagliengo - Equipe Curricular de Educação Física– COPED; Mirna Léia Violin
Brandt - Equipe Curricular de Educação Física – COPED; Henrique José Fumis - PCNP da D.E. Andradina; Marcelo
Ortega Amorim - Equipe Curricular de Educação Física – COPED; Lígia Estronioli de Castro - PCNP da D.E. Bauru;
Leandro Henrique Mendes – Equipe Curricular de Língua Portuguesa – COPED; Mary Jacomine da Silva – Equipe
Curricular de Língua Portuguesa – COPED; Michel Grellet Vieira – Equipe Curricular de Língua Portuguesa – COPED.

Leitura crítica: Ana Joaquina Simões Sallares de Mattos Carvalho.


Revisor Conceitual: Analice Fonseca Bonatto.

Revisão textual: Weber Lopes Góes, Pollyanna Marques de Aguilar e Alan Nicoliche da Silva.

Projeto Gráfico: IMESP


Diagramação: Tikinet.

O material Currículo em Ação é resultado do trabalho conjunto entre técnicos curriculares da


Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, PCNP atuantes em Núcleos Pedagógicos
e professores da rede estadual de São Paulo.
Amparado pelo Currículo Paulista, este caderno apresenta uma pluralidade de concepções
pedagógicas, teóricas e metodológicas, de modo a contemplar diversas perspectivas
educacionais baseadas em evidências, obtidas a partir do acúmulo de conhecimentos legítimos
compartilhados pelos educadores que integram a rede paulista.
Embora o aperfeiçoamento dos nossos cadernos seja permanente,
há de se considerar que em toda relação pedagógica erros
podem ocorrer. Portanto, correções e sugestões são bem-vindas
e podem ser encaminhadas através do formulário https://forms.
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