Aula 1 (FeminismosnoBrasil)
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Houve uma questão acima que coloca a definição de mulher do artigo como "bastante
excludente e problemático". O apagamento do feminismo lésbico e/ou negro, por
outro lado, nunca causou tanta preocupação dentro do feminismo quanto a questão
transativista. Por favor, gostariam que ambas as professoras comentassem.
Resposta: Não tenho certeza se a questão trans tem causado realmente mais
preocupação do que as questões do feminismo lésbico e negro. Historicamente, as
discussões internas entre os feminismos sempre tiveram o feminismo lésbico e o
feminismo negro como protagonistas, pelo menos desde a década de 1970. As
discussões sobre “o separatismo” proposto pelas feministas radicais lésbicas foram
muito fortes (ex: só poderemos ser realmente livres se nos separarmos dos homens e
se aprendermos a viver entre mulheres e amar mulheres). Assim como as questões de
classe e raça, constantemente na pauta de feministas negras seguem em
“polvorosa”. A questão trans é mais recente e, possivelmente por isso, tem estado no
centro das discussões em alguns grupos (mas não em todos, inclusive). Além disso,
não podemos esquecer que a mídia faz parte do jogo. Ela quer atrair o público e
“chocar" ou “causar polêmica” é o mesmo que “atrair audiência”. Vivemos na época
de Pablo Vittar e Tammy Miranda, duas pessoas super exploradas pela mídia com essa
finalidade. Os grupos feministas são afetados por essas questões que envolvem “o
que é o feminino”, o “que é ser mulher” e "quem o feminismo representa”. Talvez o
feminismo lésbico e o feminismo negro, justamente por já estarem em cena a mais
tempo, tenham mais interfaces com os demais feminismos enquanto que o
transativismo ainda encontra-se na disputa para ter essas interfaces ou “ter um lugar
para si”.