TCC Correto - Mastócitos
TCC Correto - Mastócitos
TCC Correto - Mastócitos
VALÉRIA TURMINA
Osório
2019
VALÉRIA TURMINA
Osório
2019
“O sucesso nasce do querer, da determinação e da persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis’’
José de Alencar
SUMÁRIO
1. ARTIGO COMPLETO............................................................................1
2. ANEXO: NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ANÁLISES CLÍNICAS............................................. 23
1
1. ARTIGO COMPLETO
Resumo
A origem dos mastócitos é uma incógnita que vem sendo questionada ao longo dos
anos, o número de pesquisas se elevam buscando desmembrar essa questão e
demostrar caminho para provável resposta. O modelo de hematopoiese clássica
demostra que os mastócitos são originados do mesmo percursor medular do
basófilo, por serem células com as mesmas características granulares. Mas apesar
de possuir características semelhantes aos basófilos, a origem dos mastócitos é
oriunda de uma célula-tronco hematopoiética distinta. O presente estudo constituiu
em uma revisão da literatura pesquisando os progenitores da linhagem celular,
propondo um modelo alternativo de diferenciação dos mastócitos. Além disso,
abordando aspectos como: sua origem, ação, classificação e suas principais funções
em: diversos processos imunológicos, fisiológicos e patológicos. Destacam-se ainda
o meio por qual ocorre à sua ativação, a degranulação e componentes presentes em
seus grânulos. Descrição da participação dos mastócitos em mecanismos do
organismo presentes em processos: alérgicos, inflamatórios e no recrutamento das
células durante procedimento de defesa. Em controvérsia seu excesso patológico e
ativação dos mastócitos nos órgãos e tecidos é característica de uma doença
denominada: mastocitose sistêmica, sendo uma neoplasia hematológica.
____________________________
¹ Graduando em Biomedicina, Centro Universitário – UNICNEC, Osório, Rio Grande do Sul, Brasil.
² Mestre, Biomédico, Docente, Centro Universitário – UNICNEC, Osório, Rio Grande do Sul, Brasil.
Abstract
The origin of the mast cells is an unknown question that has been questioned over
the years, the number of researches are raised seeking to dismember this issue and
demonstrate the path to probable response. The classical hematopoiesis model
demonstrates that mast cells originate from the same basal cell precursor of the
basophil because they are cells with the same granular characteristics. But despite
having characteristics similar to basophils, the origin of the mast cells originates from
a distinct hematopoietic stem cell. The present study constituted a review of the
literature investigating the progenitors of the cell line, proposing an alternative model
of differentiation of mast cells. In addition, addressing aspects such as: its origin,
action, classification and its main functions in: diverse immunological, physiological
and pathological processes. It is also worth noting the means by which it occurs to its
activation, the degranulation and components present in its granules. Description of
the participation of mast cells in mechanisms of the organism present in processes:
allergic, inflammatory and in the recruitment of cells during the defense procedure. In
controversy its pathological excess and activation of the mast cells in the organs and
tissues is characteristic of a disease denominated: systemic mastocytosis, being a
haematological neoplasia.
INTRODUÇÃO
(6)
, apresentando influência relevante na eficiência do mastócito em reconhecer e
responder aos diferentes estímulos por intermédio de mediadores biologicamente
ativos (23).
(9)
Estas células, atuantes apenas num sítio ou em diversos sítios anatômicos ,
(23,7)
possuem importante papel na imunidade inata e adaptativa , mastócitos
apresentam vasta gama de componentes como: citocinas, proteoglicanos,
proteases, mediadores lipídicos, que evidenciam a relevância do potencial da
(9)
contribuição dessa célula interessante nos variados processos biológicos .
(15)
Estudos feitos por Hallgren et al (2013) , estabeleceram diversos passos
(1,23)
intermediários no que é designado modelo clássico de hematopoese . Por
(23,3)
intermédio de pesquisas da medula óssea de camundongos , foi definido que a
(15)
evolução do mastócito provem ao longo da via mielóide .
Figura 1 – Ilustração esquemática da hierarquia hematopoiética na medula óssea. A medula óssea consiste em
célula-tronco, células pluripotentes capazes de auto-renovação, células progenitoras comprometidas (células
progenitoras mielóides e linfoides); e células em maturação. As células em maturação se desenvolvem a partir
de células chamadas unidades formadoras de colônias (UFCs). A célula-tronco mielóide dá origem a UFCs
responsáveis pela regeneração de hemácias (UFCs eritróides), plaquetas (UFCs de megacariócitos), basófilos
(UFCs de basófilos) e eosinófilos (UFCs de eosinófilos). Os monócitos e neutrófilos são derivados de uma célula
progenitora comum comprometida (UFCs granulócito-macrófago). A célula progenitora linfoide gera a progênie
(24)
de linfócitos B na medula óssea e a progênie de linfócitos T no timo . (Adaptado de Kierszenbaum AL. Histologia e biologia celular:
uma introdução à patologia St Louis, 2002 Mosby).
16, TNF-α (fator de necrose tumoral alfa), VEGF (fator de crescimento do endotelial
vascular), dentre outros (13).
(9,4)
molecular e presente nos grânulos (histamina, heparina, proteoglicanos,
proteases neutras, β-hexosaminidase e algumas citonas), participam da
hematopoiese, remodelamento de tecidos, imunidade e atuantes em ações
biológicas estes fatores pré-formados são representados pelas interleucinas (IL-6 E
IL-8), TNF-α (fator de necrose tumoral alfa), VEGF (fator de crescimento endotelial
vascular), b-FGF (fator de crescimento de fibroblasto), entre outros e o característico
SCF (fator de célula-tronco) que é eliminado sem danificar a finalidade biológica
(425,9,4)
sobre os mastócitos . Fatores neo-formados: são substãncias elaboradas a
partir do metabolismo do ácido araquidônico como, leucotrienos (LTC 4 e LTB4),
(4,9)
PGD2 (prostaglandina D2), PAF (fator de ativação de plaquetas) e tromboxanos .
E o seu terceiro grupo, fatores neo-sintetizados: a síntese acontece entre 8-12horas
em seguida da degranulação, o fator estimulante de colônias de
granulócito/macrófago (GM-CSF) e as interleucinas ( IL-3, IL-4, IL-5 e IL-6) (4).
Para auxiliar na diferenciação dos mastócitos com as demais células que são
(23,13)
granulares, são empregadas técnicas como: imuno-histoquímica e citoquímica .
E a técnica mais empregada nesses últimos dez anos é a citometria de fluxo, pois
possibilita realizar a contagem numérica, identificação e determinação das
(29,23,13)
características dos mastócitos por intermédio da imunofenotipagem . Outra
técnica empregada é a observação dos grânulos metacromáticos dos mastócitos
(23)
analisados através das colorações azul de toluidina e May-Grunwald-Giemsa .
No entanto um ponto negativo que ocorre na técnica de coloração, é que com o
processamento dos tecidos a presença dos grânulos do citoplasma dos mastócitos
pode reduzir, que é caracteristicamente menos relevante nos mastócitos neoplásicos
(12,26,25)
anormais . Mediante essas oposições, pesquisas com imunofenotipagem
(23)
tornam-se a opção mais apropriada no diagnóstico de mastocitose .
(27)
são observados na circulação sanguínea . Entretanto os progenitores dessas
células transmigram para os tecidos e se distinguem em mastócitos sob a ação de
(1,7,2)
diversas citocinas e do SCF . Dahlin et al (2015) propuseram uma nova linha de
maturação e desenvolvimento dos mastócitos. Neste modelo proposto os mastócitos
são originários da medula óssea onde se desenvolvem a partir das células-tronco
hematopoiéticas (HSC) através de progenitores multipotentes (MPP), progenitores
mielóides comuns (CMPs) e progenitores de granulócitos / monócitos (GMPs). Os
progenitores que originam os mastócitos e os basófilos foram isolados da medula
óssea dentro da fração GMP. A maioria desses progenitores é encontrada entre os
GMPs (FcɛRI+). No entanto, progenitores que dão origem a mastócitos e basófilos
também são encontrados no GMPs.(FcɛRI-) Os progenitores de basófilos /
mastócitos bipotentes (BMCPs) no baço são amplamente negativos para a
expressão de FcɛRI em camundongos C57BL, consistente com o GMPs (FcɛRI -) na
medula óssea. O MCp comprometido pode ou não expressar FcɛRI na medula
óssea. Portanto, eles provavelmente se desenvolvem tanto de FcɛRI - quanto de
FcɛRI + GMPs. Os MCp saem da medula óssea como células FcɛRI - e FcɛRI + que
podem ser encontradas no sangue de camundongos BALB/c (linhagem de
camundongos albinos) e C57BL como MCp comprometidos. Nos tecidos periféricos,
o MCp expressa FcɛRI em baixos níveis em camundongos C57BL. Os estágios de
cada progenitor são demostrados na Figura 2 para descrever os marcadores de
superfície usados para definir o estágio progenitor particular (3).
Figura 2: Modelo de desenvolvimento mastocitário de via bidirecional proposto por Dahlin et al (2015)
17
CONCLUSÃO
Para concluir, apesar das informações sucessivas nesse campo, ainda existe
vasto espaço para realização de pesquisas aprofundadas nas etapas do modelo de
hematopoiese clássico, aprofundando pesquisas voltadas para concretizar etapas da
maturação da linhagem dos mastócitos.
20
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