Erik Erkson
Erik Erkson
Erik Erkson
Universidade Save
Departamento de Ciências da Educação e Psicologia
PSICOLOGIA GERAL
Cresceu como Erik Homburger, um judeu com aparência de escandinavo. Nos meios
judaicos era tratado nórdico e na escola como judeu. Com dificuldades de integração
passou a formar de si mesmo a imagem de marginal, de autsider. Na fase da
adolescência, ficou a saber que o seu pai biológico não era um judeu alemão mas sim um
dinamarquês, o que mais perturbou o sentido da sua identidade.
A partir dos 20 anos viajou pela Europa, depois de ser formado em Belas-Artes. Foi para
Florença com a intenção de se tornar professor de arte. Tornou-se pintor de retratos.
Insatisfeito, não conseguindo encontrar uma ocupação estável e cada vez mais confuso
quanto à sua identidade, Erikson decidiu ir para Viena. Aí começou a trabalhar como
professor numa escola destinada aos filhos dos pacientes e dos amigos de Freud. Foi a
oportunidade, que não desperdiçou de entrar em contacto com a psicanálise.
Conheceu vários psicanalistas e sobretudo Freud e a sua filha Anna. Foi esta que o
orientou e treinou, dando-lhe a conhecer os segredos da terapia psicanalítica.
Em 1933, Erik Homburger, fixou residência nos Estados Unidos. Htler acabara de
ascender ao poder na Alemanha. Na América (Chicago) tornou-se o primeiro psicanalista
de crianças. Tornou-se famoso com a obra Infância e Sociedade onde realçava a
importância da cultura e da sociedade na formação da identidade de cada indivíduo.
Leccionou nas famosas universidades de Berkeley, Yale e Harvard. Em 1939 decidiu
naturalizar-se e adoptar o apelido Erikson. A escolha deste nome representava
simbolicamente que tinha encontrado a sua identidade.
Erikson construiu a sua teoria a partir de algumas ideias básicas de Freud, tais como a
importância da infância no desenvolvimento pessoal, a existência de 3 estruturas
psíquicas fundamentais (Ego, Id e Superego) e de impulsos e motivações inconscientes.
Sustentou que a tarefa fundamental da existência é a construção da identidade pessoal.
Segundo Erikson, a identidade pode ser concebida como a imagem mental relativamente
estável da relação entre o “eu” e o mundo social nos vários contextos e momentos do
processo de socialização. Ao contrário de Freud, a formação da identidade pessoal é um
processo que, percorrendo diversos estádios, dura toda a vida.
Cada estádio reconfigura e reelabora o estádio anterior a partir do qual emerge. Ao longo
da sua existência cada indivíduo interroga-se “quem sou eu?” e em cada estádio,
eventualmente, alcança uma resposta diferente. Cada estádio distingue-se por uma tarefa
específica que o indivíduo deve cumprir de modo a transitar para o estádio seguinte.
Para Erikson essas tarefas têm o nome de crises porque são fontes de conflitos no interior
do indivíduo que as vive. A identidade pessoal de cada indivíduo forma-se segundo o
modo como resolve tais crises (período de grande vulnerabilidade mas também de
potencial crescimento).
Erikson acreditava que as crises são estimulantes, dão ao indivíduo uma “sucessão de
potencialidades,” novas formas de experienciar e de interagir com o mundo. A
personalidade modifica-se em virtude do contacto com um conjunto cada vez mais amplo
de agentes sociais (pais, avós, colegas, professore, empregadores, etc) e de práticas
culturais.
Cada conflito oferece dois pólos: um positivo e outro negativo. É importante que o ego
em desenvolvimento incorpore, em certo grau, ambos os pólos do conflito. Possuir
em demasia a qualidade psicológica desejada pode criar problemas. Mais a balança
deve tender mais para o valor positivo do que para o negativo, de modo que surja uma
orientação positiva para o futuro confronto com a realidade. Assim, por exemplo, no
conflito “confiança versus desconfiança” em relação ao mundo é bom possuir uma certa
dose de desconfiança, para lidar efectivamente com o mundo, dado que este muitas
vezes não parece seguro e de confiança.
Por outro lado, a crise básica que forma o núcleo de cada estádio não se manifesta
somente durante esse estádio. Cada crise é mais saliente durante um estádio específico
mas tem as suas raízes em estádios prévios e consequências em estádios posteriores.
Por exemplo, o conflito “identidade versus difusão da identidade.” É a crise que define a
adolescência mas a formação da identidade começa durante os 4 primeiros e anteriores
estádios; e a identidade que se forma (e o modo como se forma) durante a adolescência
influencia e está presente nos 3 estádios finais de um desenvolvimento que se faz
segundo o ritmo de cada indivíduo.
A superação bem-sucedida do grande desafio que cada estádio coloca não significa que
não tenhamos de voltar a enfrentá-lo (sinal de que nunca é absolutamente resolvido).
Mesmo quando adultos, por exemplo, podemos ter de nos confrontar com o medo da
solidão, do abandono e da insegurança, revivendo assim em outro contexto crises
características de estádios infantis do desenvolvimento.
A nossa odisseia ao longo do ciclo vital significa enfrentar novos desafios e, em certa
medida, revisitar antigos conflitos.
Para Erikson, a interacção do bebé com a mãe é decisiva na forma como se resolve o
conflito ou a tensão entre confiança e desconfiança. O desenvolvimento de um
sentimento de desconfiança demasiado acentuado tornará a criança tímida, retraída,
insegura quanto às suas capacidades e pouco à vontade no confronto com os obstáculos
do meio.
O modo como a criança responde à questão básica “será o meu mundo social previsível
e protector?” terá reflexos no seu comportamento futuro.
A grande questão que a criança enfrenta é esta: “serei bom ou mau?” enquanto no
estádio anterior a grande preocupação se centrava naquilo que era capaz de fazer, agora a
criança, em idade pré-escolar, preocupa-se com a moralidade ou aceitabilidade dos seus
comportamentos.
A aptidão para realizar e dominar as tarefas próprias desta idade da vida depende em boa
parte das experiências vividas em estádios anteriores. Se a criança desenvolver em
estádios precedentes qualidades como a confiança, a autonomia e a iniciativa, estará em
boas condições para enfrentar o trabalho produtivo que a escola exige.
É nesta fase que as crianças começam a imaginar ocupações e papeis sociais futuros
(médicos, professores, artistas, etc).
A par dos pais é extremamente importante o papel dos professores que de forma suave
mas firme devem estimular a aventura no domínio do conhecimento e da aprendizagem
de tarefas.
Moratória psicossocial
Outro dos conceitos importantes eriksoniano foi de moratória psicossocial. Está
moratória é “um compasso de espera nos compromissos adultos”. É um período de
procura de alternativas e de experimentação dos papéis que vai permitir uma escolha
racional.
Para que isso efectivamente aconteça o indivíduo deve ter resolvido cabalmente as crises
psicossociais anteriores e sentir-se seguro acerca de quem é e do que quer da vida,
sabendo conciliar a vertente profissional com a dimensão afectiva. Em geral, a
incapacidade de entrega e de fidelidade a uma relação (de partilhar afectos) pode
conduzir ao isolamento, à solidão, à sensação de que algo falta para se ser completo
(contudo, optar por viver sozinho não é necessariamente sinónimo de fracasso afectivo,
de falta de abertura e de dedicação aos outros).
A capacidade de amar é a virtude ou força do ego neste estádio. O jovem adulto neste
período é capaz de transformar o amor recebido enquanto criança e adolescente em
devoção e entrega.
Assim, o adulto jovem, que emerge da busca e persistência numa identidade, anseia e
dispõe-se a fundir a sua identidade com a de outros. Está preparado para a intimidade,
isto é, a capacidade de se confiar a filiações e associações concretas e de desenvolver a
força ética necessária para ser fiel a essas ligações, mesmo que elas imponham sacrifícios
e compromissos significativos.
Referencia:
RODRIGUES, L. Psicologia 12º ano. 4ª edição, 2003, 1º volume, Plátano Editora,
Lisboa;
Questionário
1- Explique os mecanismos de desenvolvimento humano segundo Erikson.
2- Descreva cada uma das fases do desenvolvimento humano segundo este autor.
3- Quais implicações educacionais desta teoria.
4- Compare a teoria de Erikson e de Freud.
5- Elabore um resumo de duas páginas no máximo sobre esta teoria.