Fluxo Da Escuta Protegida Sidney

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

LEI DA ESCUTA PROTEGIDA

Implantação da Lei 13.431/2017

Fluxo da Escuta Protegida

PACTO NACIONAL PELA PRIMEIRA INFÂNCIA

SEMINÁRIO REGIÃO CENTRO-OESTE

BRASÍLIA/DF – 25 DE JUNHO DE 2019


TIPOS DE VIOLÊNCIA
Art. 4º da Lei 13.431/17

Violência Física (ex: lesão corporal, tentativa de


homicídio)
Violência Psicológica (ex: bullying, alienação parental
etc)
Violência Sexual (Abuso, exploração, tráfico de pessoas)
Violência institucional (revitimização)
ESCUTA ESPECIALIZADA

Lei 13.431/17. Art. 7º Escuta especializada é o


procedimento de entrevista sobre situação de violência
com criança ou adolescente perante órgão da rede de
proteção, limitado o relato estritamente ao necessário
para o cumprimento de sua finalidade.
A Lei, portanto, não disse onde essa escuta será
realizada.
ESCUTA ESPECIALIZADA
Decreto 9.603/18: Art. 19. A escuta especializada é o procedimento
realizado pelos órgãos da rede de proteção nos campos da educação,
da saúde, da assistência social, da segurança pública e dos direitos
humanos, com o objetivo de assegurar o acompanhamento da vítima
ou da testemunha de violência, para a superação das consequências
da violação sofrida, limitado ao estritamente necessário para o
cumprimento da finalidade de proteção social e de provimento de
cuidados.
Art. 19, § 4º A escuta especializada não tem o escopo de
produzir prova para o processo de investigação e de
responsabilização, e fica limitada estritamente ao necessário
para o cumprimento de sua finalidade de proteção social e de
provimento de cuidados.
ESCUTA ESPECIALIZADA

●Art. 10 do Decreto 9.603/18 trata da atenção à saúde


das crianças e dos adolescentes em situação de
violência (atendida pelo SUS), acolhimento,
atendimento, tratamento especializado, notificação e o
seguimento da rede.
●Art. 11 trata da hipótese de o profissional da educação
identificar ou a criança ou adolescente revelar atos de
violência, inclusive no ambiente escolar.
ESCUTA ESPECIALIZADA

●Art. 12 trata da intervenção do SUAS, que deve dispor


de serviços, programas, projetos e benefícios para
prevenção das situações de vulnerabilidades, riscos e
violações de direitos de crianças e de adolescentes e de
suas famílias no âmbito da proteção social básica e
especial.
●Ou seja, nem a Lei 13.431, nem o Decreto
especificaram de maneira direta onde a vítima deverá
ser levada para fins de “escuta especializada”, apenas
exigindo que esta seja efetuada por meio de
profissional capacitado, em local adequado e
ESCUTA ESPECIALIZADA

Embora, como visto, a Lei nº 13.431/2017 e o


Decreto nº 9.603/2018 não explicitem o local onde
a escuta especializada deve ser realizada, a Lei
Federal nº 12.845/2013 preconiza que os hospitais
devem oferecer às vítimas de violência sexual
atendimento emergencial, integral e
multidisciplinar, visando ao controle e ao
tratamento dos agravos físicos e psíquicos
ESCUTA ESPECIALIZADA

Ademais, o atendimento imediato, obrigatório


em todos os hospitais integrantes da rede do SUS,
compreende os seguintes serviços: I – diagnóstico
e tratamento das lesões físicas no aparelho genital
e nas demais áreas afetadas; II – amparo médico,
psicológico e social imediatos; III – facilitação do
registro da ocorrência e encaminhamento ao
órgão de medicina legal e às delegacias
ESCUTA ESPECIALIZADA

Mesmo em municípios que não dispõem de


hospitais, o setor de saúde deverá se organizar para
prestar um atendimento equivalente, ainda que, a
depender do caso, este tiver de ser efetuado fora do
domicílio (nos moldes da Portaria nº 55/1999 da
Secretaria de Atenção à Saúde, do Min. da Saúde).

Síntese do Projeto inicial: Escuta ser realizada


ESCUTA ESPECIALIZADA
Para implementar a escuta especializada no Tocantins, fizemos as seguintes
articulações, tendo como premissa, a escuta especializada no âmbito da saúde,
em atenção à Lei Federal 12.845/13:
1- Reunião com os 18 diretores dos Hospitais de Referência do Estado, a convite
do Sec. Saúde.
2- Por terem compreendido o Projeto, o SESAU enviou Memo Circ. nº 044/2016
para os 18 Hosp. Referência do Estado solicitando a indicação dos médicos para
o curso de coleta de material biológico.
3- Publicação da Portaria Intersecretarial nº 06 de 22 de Novembro de 2016,
entre SESAU e SSP.
ESCUTA ESPECIALIZADA
4- Reunião com SSP para ajustes no planejamento do Curso de Cadeia de
Custódia;

5- Reunião para retomada das discussões sobre a cadeia de custódia e definição


das competências de cada secretaria de estado;

6- Apresentação da Minuta do Plano de Ação e discussão da ementa da


capacitação dos médicos;

7- Reunião com Diretoria de Atenção Especializada sobre a estrutura física,


insumos e equipamentos necessários para o atendimento às pessoas em situação
de violência para municípios.

8- Capacitação para médicos em coleta de material biológico na atenção às


pessoas em situação de violência sexual. Curso de Cadeia de Custódia, para
assinatura de laudos como peritos AD HOC
ESCUTA ESPECIALIZADA
9- Qualificar aproximadamente 50 médicos dos 18 Hospitais Estaduais em um Curso de
Coleta de Vestígios de Vítimas de Violência Sexual, ocorrido no 2º semestre de 2017.

10- Capacitação e identificação de enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, técnicos


de enfermagem, dentre outros, para compor uma equipe multiprofissional para a
“escuta”.

CRISE COM OS PROFISSIONAIS assistentes sociais e psicólogos

* Resistência do CFESS E CFP – Resoluções CFP nº 010/10 e CFESS nº 554/2009


(declaradas ilegais pela JF).

* Reunião da COPEIJ/CNPG com essas categorias (09/2018)

* Reunião mediada pela Dra. Sandra Aparecida Silvestre de Frias Torres, na sede do
CNJ, com o Min. Saúde (12/11/18)
ESCUTA ESPECIALIZADA

●Resumo: Min. Saúde entende que não possui essa


obrigação legal de realizar a escuta, pois não tem esse
protocolo definido (equipe esteve em Maio/19 no
CRAI-Porto Alegre).
●Mesmo nos casos em que a Saúde faz a escuta dos
pacientes, esse atendimento é acobertado pelo sigilo
profissional.
●Por causa do sigilo, impossível o envio de relatórios
da Escuta.
ESCUTA ESPECIALIZADA
Art. 18 do Código de Ética do Assistente Social dispõe: “A quebra do sigilo só é admissível
quando se tratarem de situações cuja gravidade possa, envolvendo ou não fato delituoso, trazer prejuízo
aos interesses do/a usuário/a, de terceiros/as e da coletividade. Parágrafo único A revelação será feita
dentro do estritamente necessário, quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas
que dele devam tomar conhecimento”.

Artigos 10 e 11 do Código de Ética do Psicólogo, in verbis: “Art. 10 – Nas situações em que se


configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios
fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela
quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo. Parágrafo único – Em caso de quebra
do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações
estritamente necessárias.

Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações,


considerando o previsto neste Código”.
ESCUTA ESPECIALIZADA

Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas
e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de
tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de
educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações:
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde,


educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente
para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas
ESCUTA ESPECIALIZADA

ECA, Art. 70-A, VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a


articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas
famílias em situação de violência, com participação de profissionais de saúde,
de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010,
de 2014)

Necessidade de articulação/integração operacional entre a Justiça da Infância e


da Juventude e os órgãos da rede de proteção à criança e ao adolescente = art.
6º, inciso I, do Provimento nº 36/2014, da Corregedoria Nacional de Justiça, do
Conselho Nacional de Justiça – CNJ.
ESCUTA ESPECIALIZADA

Art. 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe: “Deixar o


médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de
ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade
competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena - multa de
três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência”.

Cód. Penal. Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

Art. 13, § 2º, CP - A omissão é penalmente relevante quando o


omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem:
ESCUTA ESPECIALIZADA

● Resultado dessa crise interinstitucional:


●Projeto previa 1 escuta especializada na saúde, com
saída de relatório para o IP. Delegado deveria
representar imediatamente pela ação cautelar de
antecipação de provas, via depoimento especial (art. 11
Lei 13.431/17).
●Diante do impasse, modificamos o Projeto, e passamos
a tentar implantar um “Centro Integrado”, com as
seguintes premissas:
ESCUTA ESPECIALIZADA
A lei possibilita, em tese, a realização de até 3 “escutas”:
1º escuta – Escuta especializada, em que a criança ou adol. relata a
ocorrência da situação de violência para a rede de proteção.
2º escuta – Depoimento especial realizado em sede policial,
preferencialmente em DP especializada de criança e adolescente ou
em Centro Integrado (Saúde/Polícia Civil/IML).
3ª escuta – Depoimento especial realizado em Juízo, em sede de
cautelar de produção antecipada de provas = contraditório e ampla
defesa = devendo ser realizado, sempre que possível, uma única vez.
ESCUTA ESPECIALIZADA
Panorama Nacional – Em 24/05/18, foi criado pelo CNMP o GT de
Acompanhamento do SGD da Criança e Adolescente Vítima ou Testemunha de
Violência (Escuta Protegida), junto à CIJ-CNMP, com a duração de 01 ano,
sendo integrado por 07 Promotores de Justiça (Portaria CNMP-Presi n. 61, de
24 de maio de 2018).
Panorama no Estado do Tocantins – Instaurado Inquérito Civil em
10/10/2018, junto à 3ª Promotoria de Justiça Criminal, em conjunto com as
Promotorias de Saúde e Infância, visando à implementação da Lei 13.431/17.
Expedida Recomendação Adm. em Março de 2019 ao Governador e
Secretários, além do Presidente do TJTO (TO não tem nenhuma sala do Jud),
alertando para o descumprimento da Lei 13.431/17.
Continuação das premissas do Centro Integrado...
ESCUTA ESPECIALIZADA
● Diferença entre Revelação e Escuta

A “revelação espontânea da violência” pela vítima


ou testemunha poderá ocorrer em qualquer local:
na família, entre amigos, na escola, durante um
atendimento de saúde, geralmente no ambiente
onde a criança ou o adolescente se sinta seguro
para relatar a violação de direito.

Como regra, as pessoas às quais a situação de


ESCUTA ESPECIALIZADA

A escuta especializada (com protocolos) deve ser


realizada em local adequado e acolhedor, sem
identificação ostensiva de sua finalidade, de modo
a preservar a intimidade/privacidade da vítima,
sendo recomendado que ocorra em um Centro
Integrado, onde poderá receber todos os
atendimentos necessários (art. 16, p. ún. Lei
13.431/17).
CENTRO DE ATENDIMENTO
INTEGRADO

Diante das citadas premissas, articulamos o PROJETO


CENTRO INTEGRADO “18 de Maio” em Palmas/TO.


●Palmas possui SAVI/SAVIS (escuta pela Saúde) - não
gera relatório
●Desafio permanente de evitar múltiplas escutas
perante a rede (PM, PC, Escola, Saúde, IML, CT etc)
●1ª reunião se deu com SSP para integrar a equipe multi
do IML na DPCA. Antes dessa integração, a vítima era
ouvida 2 vezes no âmbito policial.
● Espaço físico era adequado, mas não acolhedor
CENTRO DE ATENDIMENTO
INTEGRADO

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA nº


012/2019 QUE ENTRE SI CELEBRAM O
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DO TOCANTINS, O ESTADO DO
TOCANTINS, VIA SECRETARIA DA
SEGURANÇA PÚBLICA E O
MUNICÍPIO DE PALMAS, POR
INTERMÉDIO DA SECRETARIA DE
CENTRO DE ATENDIMENTO
INTEGRADO

●Por meio desse Termo de Cooperação foi possível


fazer a doação de diversos bens móveis e equipamentos
de informática do MPTO;
Conselho Tutelar e Assistência Social integradas no

Centro de Atendimento;
●IC ainda em andamento: com 2 focos claros – exigir
equipe específica para a Escuta em todo o Estado (sem
objetivo de produção de provas) e salas para
Depoimento Especial pelo Poder Jud. nas 42
Comarcas.
CENTRO INTEGRADO 18 de Maio

Equipamento instalado por força de Termo de Cooperação Técnica, tendo como objetivo realizar atendimento
às crianças e adolescentes vítimas de violência. No local é realizado o atendimento pela equipe
multidisciplinar do IML, que alimenta o IP da autoridade policial. Termo de cooperação recentemente
assinado.
CENTRO INTEGRADO de
Palmas/TO
● Espaços para reuniões, atendimento, depoimento
CENTRO INTEGRADO de
Palmas/TO
● Espaço lúdico
AVANÇOS/DESAFIOS

●Ofício nº 4.129/2019 Presid. TJTO – 03 de junho de


2019:
●Informa que as equipes técnicas do P. Jud. receberam
capacitação para o depoimento especial no mês de
maio de 2019.
●CGJUS já elaborou ato normativo regulamentando a
utilização das salas.
30/06/19: entrega definitiva da sala de depoimento no

Fórum de Palmas.

Você também pode gostar